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Edifícios para a saúde

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Edificações de atenção à 
saúde
UNA/2020
Fernanda Pulier
Eneida Lopes Ferreira Ricardo (Organizadora)
Apresentação
Eneida Ricardo
❖Graduada em Arquitetura e Urbanismo pela Escola de Arquitetura da 
UFMG em 1984.
❖Especialização em Revitalização Urbana e Arquitetônica pela Escola de 
Arquitetura da UFMG em 2000.
❖Mestrado em Arquitetura e Urbanismo pela Escola de Arquitetura da 
UFMG em 2008.
❖Arquiteta da Prefeitura Municipal de Itaúna (1985-1986)
❖Arquiteta do Banco do Estado de Minas Gerais (1988-1999)
❖Arquiteta da ELF Arquitetura desde 2000 
❖Professora do INAP (2000-2004)
❖Professora Substituta da Escola de Arquitetura da UFMG(2006-2008)
❖Arquiteta terceirizada da UFMG/FM desde 2009
❖Professora do Curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário 
UNA desde 2009
Apresentação
Fernanda Pulier
❖Graduada em Arquitetura e Urbanismo pela Escola de 
Arquitetura da UFMG em 2013.
❖Especialização em Gestão de Empreendimentos em 
Arquitetura e Construção Civil pela PUC MG em 2015.
❖Mestranda em Gestão da Construção Civil pela Escola de 
Engenharia da UFMG.
❖Arquiteta sócia da Doppio Arquitetura em Belo Horizonte. 
❖Educadora do Curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro 
Universitário UNA desde 2019.
Arquitetura e os espaços
• Três atributos da arquitetura :
• Solidez - firmitas
• Utilidade - utilitas
• Beleza - venustas
Vitrúvio :arquiteto e engenheiro romano que viveu no século I a.C
“A espacialidade é parte integrante do ser. O ser é espacial. O espaço
é, portanto, constitutivo da existência humana, pertence à essência do
ser. Ele não é apenas funcional, racional ou simbólico. Sendo
existencial, ele é tudo isso, uma vez que incorpora as necessidades,
expectativas e desejos que fazem parte da essência humana.”
Malard.2006
A história da medicina tem suas origens em época bem mais
remota que a dos hospitais. O homem preocupado, a
princípio, apenas com o bem estar de sua família, foi
obrigado, com o correr dos tempos e para sua própria defesa,
a se interessar pela saúde dos seus semelhantes quando o
aumento da população e a intensificação do tráfego
demonstraram a necessidade de proteção coletiva.
As doenças infecciosas já existiam no Neolítico, na
consolidação das primeiras cidades.
A tuberculose foi encontrada na coluna vertebral de homem
do quarto milênio a.C.(Liguria/Itália)
Medicina e seus lugares
Com o progresso da civilização e o desenvolvimento das
religiões, principalmente a cristã, esse movimento foi
tomando corpo até atingir, em curva de ascensão rápida, a
culminância dos tempos atuais em que se multiplicam, sob as
mais variadas formas, os serviços de assistência social, pública
e privada.
Medicina e seus lugares
.
Os "médicos" da Antiguidade eram sacerdotes ou magos,
cujas "curas" foram tematizadas em termos religiosos: a
"medicina" não era mais do que a religião aplicada.
Os hospitais pagãos, como por exemplo o templo grego de
Asclépio (Esculápio), eram instituições religiosas que
resistiram à poderosa influência da medicina antiga, de base
racional como a de Hipócrates, pelo menos até o tempo de
Galeno.
Representação de um templo dedicado a Asclépius
Fonte: http://reginaldobatistasartes.blogspot.com.br/
A salubridade enquanto fator que interferia na cura das
enfermidades é algo que preocupava no momento da
locação e construção destes primeiros templos e seus
anexos, pois eram edificados em pontos altos do relevo e
nas bases das montanhas, protegidos das correntes de
vento nocivas à saúde e próximos às áreas verdes com boa
água para abastecê-los, sendo os tratamentos cercados de
muitos ritos. (VITRÚVIO apud CAMPOS, E.S., 1965, p. 26).
• Na Grécia Antiga, a influência de Hipócrates e de seus tratados 
ajudou a libertar a medicina do seu primitivo pendor filosófico e 
mágico.
• Galeno de Pérgamo concorreu para imprimir um novo rumo à
medicina no Império Romano. Salientou a necessidade dos médicos
observarem de forma conveniente os doentes e lançou a ideia da
experimentação .
460 a.C. em Cós; † 
370 a.C. em 
Tessália
(129-d.C. Pérgamo, na Ásia Menor (hoje 
Turquia), 210 d.C Itália)
https://www.infoescola.com/wp-content/uploads/2016/07/hip%C3%B3crates_242815789.jpg
Medicina se afasta da religião
Novas 
espacialidades
A Formação Médica
Como não havia estabelecimentos públicos para a formação
de médicos, a transmissão do saber era feita, num primeiro
momento, no interior das próprias famílias.
O conhecimento médico tradicional era transmitido a uma
linhagem masculina familiar.
Hipócrates é um bom exemplo do modo como, nessa época,
a medicina foi ensinada: foi formado pelo pai, Heraclides, e
o avô, Hipócrates I, ambos médicos da Ilha de Cós, e
posteriormente ele mesmo reuniu um bom número de
aprendizes, entre eles, seus filhos .
A Formação Médica
Com o tempo, discípulos sem vínculo consanguíneo
puderam usufruir desse tipo de formação especializada.
No entanto, cabe lembrar que, no final do século V e
primórdios do século IV a.C., uma escola nada mais era do
que um centro localizado numa cidade ou um mestre que
fornecia ensinamentos aos seus filhos e discípulos. É nesse
sentido que se pode falar da escola de Cós, onde
Hipócrates se formou.
HOSPITAL: significado
O nome Hospital vem do latim “hospes”, que significa
“convidado”. Originalmente, o termo hospital significava
um lugar onde estrangeiros ou visitantes eram recebidos
Daí deriva “hospitalis” (hospitaleiro) e “hospitium”, uma
casa de hóspedes ou quarto de hóspedes.
• A palavra hospício foi consagrada especialmente para
indicar os estabelecimentos ocupados de forma
permanente por enfermos pobres, incuráveis e insanos.
• Sob o nome de hospital ficaram designadas as casas
reservadas para tratamento temporário dos enfermos
até os dias de hoje.
Não é fácil precisar com rigor o momento associado ao
aparecimento de hospitais.
Ao longo dos tempos, foram surgindo instituições para
tratamento de doentes que exerciam, por vezes, funções de
albergues de passagem e de hospícios ou asilos. Acolhiam
órfãos, inválidos, cegos e incuráveis, principalmente leprosos .
HOSPITAL: origens
O grande precursor do hospital ocidental foi impulsionado pela
civilização romana, tendo nascido no século I.
Trata-se de um edifício militar de campanha, denominado
Valetudinariun (valetudinário), que era construído, em madeira
ou pedra, ao longo das estradas e junto às fronteiras do Império,
com a intenção de acolher e assegurar a prestação de cuidados
a soldados, escravos e gladiadores feridos.
A planta, em forma de quadrilátero, contemplava enfermarias
para três leitos que comunicavam com um pátio central através
de corredores.
HOSPITAL: origens
Com a implantação da doutrina cristã, assistimos ao aumento do 
número de conventos dotados de estalagem para peregrinos e de 
hospital. 
A instituição hospitalar estava associada ao domínio da caridade cristã, 
daí o protagonismo exercido pela Igreja . 
Os primeiros hospitais cristãos apareceram na Europa, no século IV 
servindo tanto como refúgio para viajantes como para abrigar doentes.
Posteriormente uma regra imposta pela Igreja Católica , obrigava as 
paróquias a abrigarem os doentes. Cabe registar que os clérigos 
acumulavam conhecimentos teológicos, filosóficos, médicos e 
científicos notáveis .
Os hospitais cristãos mantiveram-se em funcionamento a partir do 
século IV até o século XII e XIII, quando se inicia o seu declínio e 
começam a se tornar instituições públicas geridas por leigos.
Abadia beneditina 
de Cluny, fundada 
em 910,(França) 
tornou-se um 
exemplo que foi 
amplamente 
imitado por toda a 
França e Alemanha. 
Além de sua 
enfermaria para os 
religiosos, cada 
mosteiro tinha um 
hospital que 
atendia ás pessoas 
externas a ele.
Mosteiro típico
Mosteiro de St
Gallen – Suíça 
(614d.C.)
Os Hospitais : antiguidade
O advento do cristianismo não alterou substancialmente
o culto das artes curativas, mas impulsionou e desvendou
novos horizontes aos serviços de assistência lançando três
fundamentos do hospitalmoderno:
❖ a noção de serviço e de bem-estar,
❖o alargamento da assistência a todas as pessoas
necessitadas,
❖a instituição de custódia.
Os Hospitais : antiguidade
Para o cristianismo, a doença e o sofrimento, sejam ou não de
causa natural, estavam sujeitos à vontade de Deus.
Daí que a assistência aos doentes e aos necessitados tenha
sido considerada como virtude e como manifestação
da misericórdia de Deus.
Os motivos que levavam as pessoas a prestar ajuda aos
doentes e aos necessitados não eram a devolução da saúde e
o prolongamento da vida mas salvar as suas próprias almas.
❖Ao término da Idade Média muitas congregações cristãs fecharam
suas casas de assistência transferindo para os laicos a
responsabilidade de prestar os serviços de assistência social,
hospitalidade, ensino e atenção a enfermidades que vinham
prestando até aquele momento.
❖Mas isso não significa que a Igreja e suas congregações tenham
abandonado os hospitais: se mantiveram principalmente nas
atividades administrativa e de enfermagem.
Primeiros hospitais na Europa
❖Os grandes hospitais da Europa surgem no século XIII, como
o Espírito Santo em Roma; o Hôtel-Dieu em Paris; São Tomás
e São Bartolomeu em Londres.
❖Os leprosários surgiram no século XI como forma de
isolamento dos doentes por ser uma doença contagiosa e
de aspecto desagradável. Na maioria das vezes eram
instituições administradas por ordens religiosas.
❖O desenvolvimento de áreas e edifícios especialmente
destinados à saúde parece estar intimamente relacionado à
evolução da prática médica.
❖Entretanto, as características destas construções estão
relacionadas ao desenvolvimento das técnicas de
engenharia e arquitetura, bem como às modificações
estéticas dos diversos períodos históricos.(Miquelin, 2001).
Hospital do Espírito Santo – Roma 
Saint John’s Hospital
Bruges – Bélgica datado 
do sec. XII. Funcionou 
como hospital até o sec. 
XIX.
O ponto de partida da reforma hospitalar foi, não o
hospital civil, mas o hospital militar.
Se os hospitais militares e marítimos tornaram−se o
modelo, o ponto de partida da reorganização hospitalar, é
porque as regulamentações econômicas tornaram−se mais
rigorosas no mercantilismo, como também porque o preço
dos homens tornou−se cada vez mais elevado. Quando se
forma um soldado não se pode deixá−lo morrer.
É nesta época que a formação do indivíduo, sua
capacidade, suas aptidões passam a ter um preço para a
sociedade .
Hospital Terapêutico – séc.XVIII
No sec. XVIII foi colocada maior ênfase na necessidade de se
instituir tratamento de massas, pelo que foram sendo
projetados e criados hospitais por toda a Europa.
Segundo FOUCAULT (2001), há o “nascimento” do hospital
terapêutico, ou seja, o hospital deixa de ser simplesmente
assistencialista para tentar efetivamente promover a cura, isto
dá o caráter contemporâneo aos hospitais.
Iniciam-se as pesquisas para troca de saberes entre as
instituições existentes. Surgiram trabalhos teóricos notáveis
sobre esta matéria.
Entre as principais publicações inglesas, encontramos o tratado
de John Howard , inglês, percorreu hospitais e prisões da
Europa no período de 1775/1780, no intuito de verificar êxitos e
fracassos.
Hospital Terapêutico – séc.XVIII
1772 – Incêndio destrói o Hôtel Dieu- Paris
Tenon, médico francês , realiza uma série de viagens visando
elaborar um novo programa de reforma e construção para o
hospital. Ele publicou, em 1788, cinco relatórios reunidos em
uma obra de nome “Memoires sur les hôpitaux de Paris”.
Após suas pesquisas, Tenon define a organização pavilhonar,
horizontal, do espaço hospitalar, como a mais benéfica.
Com a adoção desta forma, que permitia a ventilação cruzada e
uma excelente iluminação natural, Tenon acreditava ter
resolvido o que era considerado o maior produtor da
insalubridade nos hospitais: a estagnação do ar e a umidade.
Planejamento
A partir do momento em que o hospital é concebido como um
instrumento de cura e a distribuição do espaço torna-se
instrumento terapêutico, o médico passa a ser o principal
responsável pela organização hospitalar.
Ao médico se pergunta como o hospital deve ser construído e
organizado. A primeira característica do hospital médico no
final do século XVIII diz respeito ao espaço: a localização do
hospital no espaço urbano e a distribuição interna do seu
espaço.
A localização do hospital deve ajustar-se à infraestrutura
sanitária da cidade, de modo a evitar que ele seja uma região
sombria e obscura onde se difundem perigosamente miasmas,
ar poluído ou água suja.
Planejamento e projeto
Além disso, a distribuição interna do seu espaço deve ser feita
em função de critérios rigorosos que garantam o sucesso da cura
pela ação eficaz sobre o meio, tais como:
❖constituir em torno de cada doente um pequeno meio de
espaço individualizado, específico e modificável segundo o
doente, a doença e a sua evolução;
❖realizar uma autonomia funcional do espaço de sobrevivência
do doente, suprimindo o leito comum onde se amontoam
diversas pessoas e dando uma cama a cada doente
❖construir em torno do doente um meio manipulável que
permita individualizar o seu espaço de respiração em salas
coletivas
O edifício hospitalar foi sendo organizado como instrumento de
ação médica, que devia obedecer a uma série de requisitos:
• permitir observar bem os doentes, de modo a incrementar a
qualidade dos cuidados facultados;
• adotar uma configuração que admitisse uma criteriosa
separação dos enfermos, evitando riscos de contágio;
• assegurar uma ventilação adequada afastando vapores
nocivos que pudessem estagnar junto à cama do paciente e
agravar o seu estado de saúde.
Assim, o hospital que surgiu na segunda metade do século XVIII,
e para o qual se fizeram tantos projetos após o segundo
incêndio do Hôtel-Dieu, não é mais um simples espaço onde
coabitam a miséria e morte mas antes um operador terapêutico.
Em anotações feitas durante a guerra da Criméia (1853 –1856) Florence Nightingale
sugere que os grandes defeitos dos hospitais da época eram a falta de iluminação e
ventilação naturais, área mínima por leito e a própria superlotação. Com isso ela faz
algumas sugestões de dimensionamento.
A enfermaria “Nightingale” é basicamente um salão longo e estreito com leitos
dispostos nas laterais, com pé-direito generoso com janelas altas entre os leitos em
ambas as paredes do salão, proporcionando boa ventilação cruzada. O posto de
enfermagem é localizado no centro da enfermaria.
Espaço enquanto agente
• O século XIX seria pautado não só pela multiplicação de
edifícios hospitalares, mas também pelo seu aperfeiçoamento
• Os elementos de importância tecnológica na consolidação
deste perfil, no século XIX, foram o desenvolvimento da
anestesia, as práticas de assepsia e a disseminação da
profissão de enfermeira, laica, neste caso.
• Durante todo o século XIX surgiu, também, a preocupação
com a ventilação e a iluminação naturais nos projetos dos
edifícios de saúde, a partir da chamada “teoria dos miasmas”,
onde a propagação de doenças era atribuída à emanação de
eflúvios originários de matéria em decomposição
• A descoberta da transmissão de germes, em 1860, revoluciona
a concepção dos projetos hospitalares, isolando as patologias
e os doentes em pavilhões específicos
Edifícios de Saúde -
Contemporaneidade 
Ao longo da história, o desenho hospitalar registrou uma
evolução significativa tendo alcançado um elevado nível de
especialização.
O aperfeiçoamento dos projetos, requerido pela complexidade
crescente dos múltiplos tratamentos ou grupos de pacientes, foi
particularmente incitado pelos progressos verificados no âmbito
dos conhecimentos médicos e dos métodos construtivos.
O programa hospitalar e dos demais edifícios de assistência à
saúde refletem, de modo indelével, o estado da ciência médica
e os espaços devem proporcionar respostas ás rápidas
mudanças tecnológicas e de processos.
Edifícios de Saúde -
Contemporaneidade 
A partir daí, até o século XX, as instituições hospitalares
sofreramgrande incorporação de tecnologia em seus espaços,
exigindo no seu planejamento uma acuidade cada vez maior,
com instalações, infraestrutura predial sofisticada e, a sempre
crescente preocupação em setorizar espaços, separar pacientes
com diversas patologias e estabelecer um rígido controle de
fluxos e circulações para o desenvolvimento das atividades
médicas.
A tendência da verticalização de prédios aparece, já a partir da
segunda metade do século XIX.
Edifícios de Saúde -
Contemporaneidade 
O aprimoramento de tecnologias da construção civil, como o
emprego das estruturas metálicas, é a base para o
estabelecimento da nova tipologia na construção de hospitais. O
uso de elevadores, circulações otimizadas, o emprego de
sistemas de ventilação mecânica e facilidades na implantação de
infraestrutura predial determinam o desenvolvimento da
verticalidade das construções.
Surge o hospital monobloco que, mais tarde, se transforma em
estruturas de múltiplos blocos verticais, configurando a tipologia
marcante do século XX
Hospital Beujon, Clichy-Paris. 
França - 1935
Edifícios de Saúde -
Contemporaneidade 
A complexidade característica de Estabelecimentos de Saúde é
devido principalmente a dois fatores: primeiro o número de
funções que estes edifícios realizam hoje, e segundo a rapidez
pela qual tendem a necessitar de adaptações e expansões.
Da função original de hospedaria nas cruzadas aos centros de
pesquisas modernos, estabelecimentos de saúde vem se
transformando, ampliando suas funções e introduzindo novas
tecnologias.
Hoje, hospitais têm como função maior o conjunto de diferentes
funções (dependendo do nível em que se encontra dentro do
sistema de saúde) entre elas: socorrer, diagnosticar, tratar,
exercer medicina preventiva, pesquisar e educar. Portanto várias
são as atribuições e atividades realizadas por edifícios
hospitalares.
Hospital-
Paraná
Espanha
Chicago
Florida WatermanHospital - Tavares, Florida.
No Brasil
Ao pensar sobre assistência médica no Brasil, a imagem que sobrevém
quase que instantaneamente é a do Hospital da Santa Casa da
Misericórdia.
Tal associação explica-se porque as ações de irmandades e ordens
terceiras são inerentes à tradição portuguesa de assistência, desde o
período medieval, e o império português reproduziu, em suas
colônias, a assistência tanto médica quanto social (a órfãos,
prisioneiros, doentes, loucos etc.), as quais baseavam-se, sobretudo,
nos trabalhos da Santa Casa da Misericórdia.
O mais antigo hospital no Brasil é a Santa Casa de Santos, fundada por
Braz Cubas, em 1543.
Como no século 16 não havia médicos dispostos a vir para o
Brasil, os jesuítas se encarregavam de todo o atendimento,
trabalhando como médicos, farmacêuticos e enfermeiros.
Os hospitais militares surgiram no país a partir do século XVIII,
ocupando os edifícios dos jesuítas recém expulsos do país e
oferecendo assistência somente aos componentes das tropas.
A atuação do Estado na oferta de assistência médica a
população, principalmente a hospitalar, até a década de 1920
era quase inexistente. A exceção foram os estabelecimentos de
assistência aos doentes mentais, que do total de 32 existentes
no país em 1912, 16 eram mantidos pelo governo federal,
estadual ou municipal.
O Departamento Nacional de Saúde Pública, criado em 1920,
representou um momento de ampliação da iniciativa pública
sobre os problemas sanitários e de saúde.
No Brasil
E é a partir dos anos de 1930 que se pode falar de uma
laicização da saúde no país, pois mesmo que o processo de
medicalização do hospital estivesse bem adiantado, a presença
das freiras no Hospital das Misericórdias e o papel por elas
desempenhado reafirmava a tensão entre a caridade e a
medicalização.
HOSPITAIS DO BRASIL
MUNICIPAIS 21%
ESTADUAIS 8%
FEDERAIS 1%
PRIVADOS 70%
TOTAL : 6.778
FONTE: CNES - JUN/17
SERVIÇOS DE SAÚDE NO BRASIL
CADASTRADOS NO MS
TOTAL GERAL: 301.647
FONTE: CNES - JUN/17
Assistência á Saúde 
Três níveis de atenção à saúde: 
❖nível primário : UBS – Unidades Básicas de Saúde - onde se
desenvolvem atividades de prevenção, saneamento e diagnóstico
simplificado, com ações de promoção, proteção e recuperação da
atenção básica
❖nível secundário: Unidades Mistas, os Ambulatórios de Hospitais
Gerais, de Hospitais Locais e Regionais. Esses Ambulatórios
desenvolvem, além de ações do nível primário, consultas nas
quatro especialidades básicas: clínica médica, gineco-obstetrícia,
pediatria e cirurgia, além de atendimento odontológico.
❖nível terciário : Ambulatórios de Especialidades isolados,
Hospitais de Base e Hospitais Especializados.
Atribuições de Estabelecimentos Assistenciais
RDC 050 -ANVISA
Edifícios de Saúde 
❖Hospitais
❖Clínicas
❖UBS – Unidades Básicas de Saúde
❖Consultórios Médicos , Odontológicos, de Psicologia, de 
Nutrição, de Fonoaudiologia, de Terapia Ocupacional, de 
Fisioterapia , dentre outros
❖Laboratórios de Análises 
❖Serviços de Apoio ao Diagnóstico
Nos projetos arquitetônicos de unidades de saúde, o
agrupamento de atividades relacionadas deve ser buscado a
todo custo, pois a não observância deste aspecto poderá
ocasionar sérios problemas de funcionamento e o aumento
permanente de custos de operação.
O fluxo de pacientes de uma unidade de atendimento a saúde
deve ser idealizado de forma que os mesmos não interfiram nas
atividades da equipe de saúde e também em áreas reservadas a
pacientes internos, médicos e funcionários.
Zoneamento/Fluxos
UBS –Unidades Básicas de 
Saúde
O objetivo desses postos é atender até 80% dos problemas de saúde da
população, sem que haja a necessidade de encaminhamento para
hospitais.
São locais onde o munícipe receberá, de forma gratuita, os principais
serviços básicos como consulta médica, inalações, injeções, curativos,
vacinas, coleta de exames laboratoriais, tratamento odontológico,
encaminhamentos para especialidades e fornecimento de medicação
básica.
UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE DO PARQUE DO RIACHO- BRASÍLIA
NASF - Núcleo Ampliado de Saúde 
da Família e Atenção Básica.
• O NASF atua na promoção da prevenção de doenças com
grupos de moradores de cada território, por meio profissionais,
como assistentes sociais, nutricionistas, fisioterapeutas, psicólogos,
psiquiatras, farmacêuticos que têm a missão de atuar em conjunto
com médicos e enfermeiros, auxiliando quem está na ponta a
resolver melhor os problemas de saúde da população.
• Juntas, ambas as unidades ,resolvem grande parte dos
problemas de saúde da população do zoneamento que está
sob sua responsabilidade.
• O atual governo retirou a obrigatoriedade da existência do
NASF nas UBS.
Poderão compor os NASF : ( de acordo com definição do gestor) 
médico acupunturista; 
• assistente social;
• profissional/professor de educação física; 
• farmacêutico; 
• fisioterapeuta;
• fonoaudiólogo;
• médico ginecologista/obstetra; 
• médico homeopata;
• nutricionista; 
• pediatra; 
• psicólogo; 
• psiquiatra; 
• Terapeuta ocupacional; 
• geriatra; 
• médico do trabalho; 
• veterinário;
• profissional com formação em arte e educação (arte educador).
De acordo com a Portaria n°340 de 4 de Março de 2013, que 
redefine o componente construção do programa de 
requalificação das UBS, o ART. 4°, ficam definidos 4 (quatro) 
portes de UBS a serem financiadas por meio do componente
de construção:
Tabela- mostrar
Equipes de Atenção Básica
Constitui uma equipe de Saúde da Família, no mínimo:
• médico generalista ou especialista em Saúde da Família ou médico
de Família e Comunidade,
• enfermeiro generalista ou especialista em Saúde da Família,
• auxiliar ou técnico de enfermagem
• agentes comunitários de saúde, podendo acrescentar a esta
composição, como parte da equipe multiprofissional, os
profissionais de saúde bucal:
• cirurgião-dentista generalista ou especialista em Saúde da Família,
• auxiliar e/ ou técnico em saúde bucal;
• Cada equipe de Saúde da Família deve ser responsável por, no
máximo, 4.000 pessoas, sendo a média recomendada de 3.000,
respeitando critériosde equidade para essa definição.
Instalações
De acordo com a RDC n°50/2002 (ANVISA, 2004):
• A maioria dos ambientes deve possuir pontos de água fria 
para instalação de lavatórios.
• A Sala de Inalação deve contar com, além do ponto de água 
fria,pontos para ar comprimido medicinal, oxigênio e vácuo. 
• Ao Consultório Odontológico devem ser acrescidos pontos 
para ar comprimido medicinal e vácuo clínico. 
• Os Quartos de Observação, utilizados no caso de hospital-dia, 
devem ter pontos de ar comprimido medicinal, oxigênio, 
instalação elétrica diferenciada e de emergência.
Instalações
• As salas de Reidratação intravenosa e o Posto de Enfermagem
devem possuir instalações elétricas de emergência. A
iluminação das salas de exames e consultórios deve ter
características que não alterem a cor do paciente, como
acontece com alguns tipos de lâmpadas fluorescentes.
• Os quartos de observação, no caso de hospital-dia, devem
possuir: iluminação que não incomode o paciente deitado,
iluminação de cabeceira na parede, iluminação de exame no
leito com lâmpada fluorescente no teto e/ou arandela,
iluminação de vigília nas paredes (a 50cm do piso) (ABNT,
1992).
Gases Medicinais
• São medicamentos na forma de gás, gás liquefeito ou líquido
criogênico isolados ou associados entre si e administrados em
humanos para fins de diagnóstico médico, tratamento ou
prevenção de doenças e para restauração, correção ou
modificação de funções fisiológicas.
• Réguas medicinais
Gases Medicinais
NBR 12188 - Gases Medicinais : Sistemas centralizados de suprimento de gases 
medicinais, de gases para dispositivos médicos e de vácuo para uso em serviços 
de saúde (04/08/2012)
Materiais de Acabamento
• A Unidade Básica de Saúde pode ser classificada, quanto ao
risco de transmissão de infecções, em área semicrítica, de
acordo com a RDC n°50/2002 (ANVISA, 2004).
• Para essas áreas são recomendados, em revestimentos de
pisos, paredes e tetos, materiais resistentes à lavagem e ao
uso de desinfetantes. As superfícies devem ser lisas e
monolíticas .
• Em tetos, podem ser utilizados forros removíveis, desde que
sejam resistentes aos processos de limpeza, descontaminação
e desinfecção.
• Em paredes, podem ser utilizadas pinturas ou divisórias
removíveis, desde que sejam laváveis.
• Os pisos devem conter o menor número possível de juntas e
frestas.
Fonte:http://suasaude.h9j.com.br
Salas de Espera
As Áreas de espera são ambientes extremamente importantes o
acolhimento dos pacientes e de seus acompanhantes.
Nessas áreas devem ser instalados aparelhos de TV, utilizados tanto
para distrair como para fornecer informações importantes sobre o
funcionamento da unidade, cuidados com a saúde e para fazer a
chamada dos pacientes.
A arquitetura dos interiores dessas áreas é extremamente
importante, na medida em que o conforto térmico e acústico, a
disposição do mobiliário, as cores, os materiais de revestimento, a
presença de plantas ornamentais etc., podem contribuir tanto para
a diminuição do stress dos que aguardam atendimento, como para
organizá-los. .
Salas de Espera
A recepção infantil deve ser separada da de adultos e projetada
com ambientação compatível com essa faixa etária, tendo em vista
não só uma maior qualidade do ambiente hospitalar, como a
agilização do processo de triagem e encaminhamento dos
pacientes.
Como os pacientes e acompanhantes podem permanecer um longo
período na sala de espera, é conveniente que as cadeiras sejam
confortáveis, resistentes, comportem pessoas obesas, tenham
alturas de assentos compatíveis e braços para permitir que
pacientes possam levantar-se com facilidade.
Acessos, Área de desembarque de 
ambulâncias e Estacionamentos
O dimensionamento, a sinalização e a localização dessas áreas,
externas à edificação, devem ser cuidadosamente estudados
devido à necessidade de garantir aos usuários (que, em geral,
não estão familiarizados com o Estabelecimento Assistencial de
Saúde) um rápido acesso ao hall de entrada, fundamental nos
casos que, por sua gravidade, exijam um atendimento imediato.
A área de manobra das ambulâncias deve ser dimensionada ,
preferencialmente, de modo a possibilitar que estas encostem
de ré, facilitando os procedimentos de desembarque dos
pacientes.
Ambientes:
• Sala de Higienização: dotada de lavatório, chuveiro, chuveiro 
manual, maca especial para banho e cuba de despejo
• Sala de Triagem e de Consulta de Enfermagem
• Sala de Serviço Social ou Sala de Entrevistas
• Consultórios Indiferenciados e Diferenciados: 
❖ Indiferenciados : diversas especialidades, tais como clínica 
médica, pediátrica, cirúrgica, cardiológica etc., que não exigem 
instalações especiais. 
❖Diferenciados, funcionam especialidades que necessitam de 
equipamentos especiais ou que demandam sanitários anexos 
e outros ambientes de apoio, tais como nos consultórios de 
ginecologia, obstetrícia, proctologia, ortopedia, oftalmologia, 
otorrinolaringologia, odontologiaetc. 
Consultório
Indeferenciado
Consultório
Ginecológico:
deve possuir 
banheiro próprio
Ambientes:
• Sala de Suturas e Sala de Curativos : lavabo cirúrgico, 
iluminação reforçada por focos de .As macas devem ser 
dispostas deforma a permitir a circulação por ambos os lados 
das mesmas e , se possível ,pela própria cabeceira.
• Salas de Reidratação 
• Salas de Inalação : dotado de pontos de ar comprimido 
medicinal ou de oxigênio (um ponto por cadeira), lavatório, 
bancada com pia para lavagem do material após o uso, cadeiras 
ou bancos, dispostos de tal forma que permitam, caso seja 
necessário, a presença de um acompanhante durante o 
procedimento. A sala de inalação infantil, sempre que possível, 
deve ser separada da de adultos
Ambientes:
• Sala de Aplicação de Medicamentos: dotada de lavatório e
bancada com cuba, são aplicadas injeções e ministrados
medicamentos.
• Salas de Observação: em ambientes coletivos de observação,
devem ser previstas três salas: duas para pacientes adultos
sendo uma para o sexo masculino e outra para o feminino e
uma para crianças . Na observação pediátrica deve-se prever
espaço para os acompanhantes, disponibilizando uma poltrona
ao lado de cada uma das macas de observação.
Além do sanitário, deve ser prevista área para higienização das
crianças menores.
Sala de 
Observação
Salas de Observação
Legislação
São diversas as normas - e de várias instâncias - que disciplinam
as construções hospitalares hoje e é de vital importância o seu
conhecimento , pois irão condicionar ações e projetos relativos
aos estabelecimentos de assistência á saúde.
• RDC 050 – ANVISA (Define os dados relativos às áreas mínimas 
e as instalações necessárias a cada um dos ambientes que 
compõem as unidades de assistência à saúde)
- NBR 12235 – RESÍDUOS QUÍMICOS
- NBR 9050 – ACESSIBILIDADE
- NBR 9077 – SAÍDAS DE EMERGÊNCIA
- NBR 7256 - TRATAMENTO DE AR EM ESTABELECIMENTOS 
ASSISTENCIAIS DE SAÚDE (EAS) NORMAS MUNICIPAIS 
- NORMAS DE ÓRGÃOS ESPECÍFICOS, COMO CNEN.
Aprovação dos projetos de EAS:
- Prefeitura Municipal
- Licenciamento Ambiental
- Vigilância Sanitária
- SLU – Gestão de resíduos
- Corpo de Bombeiros
- Órgãos específicos como CNEN
- Órgãos de acreditação
Hospital Sarah-Rio
Arquiteto João Filgueiras de Lima – Lelé 
Hospital Sarah-Rio
Arquiteto João Filgueiras de Lima – Lelé 
Referências
Programação arquitetônica de unidades funcionais de saúde.Volume 1-
Atendimento Ambulatorial e Atendimento Imediato.Ministério da Saúde.
Agência Nacional de Vigilância Sanitária Resolução – RDC nº 50, de 21 de 
fevereiro de 2012
História e Evolução dos Hospitais – Ministério da Saúde RJ -1965
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Assistência à Saúde
Série Saúde & Tecnologia - Textos de Apoio à Programação Física dos
Estabelecimentos Assistenciais de Saúde - Sistemas Construtivos na
Programação Arquitetônica de Edifícios de Saúde - Brasília - 1995.53 p.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria-Executiva. Departamento de Economia
da Saúde e Desenvolvimento.Programação Arquitetônica de Unidades
Funcionais de Saúde / Ministério da Saúde, Secretaria Executiva,
Departamento de Economia da Saúde e Desenvolvimento. –
Brasília : Ministério da Saúde, 2011.145 p. : il. – (Série C. Projetos, Programas e
Relatórios) V. 1.
Referências
COSTEIRA ,Elza Maria Alves. Arquitetura Hospitalar: História, Evolução E Novas Visões
FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. 24ªed. Organização, introdução e Revisão Técnica 
de Roberto Machado - Rio de Janeiro: Edições Graal, 1979.O Nascimento do Hospital. 
LUKIANTCHUKI,Marieli Azoia; RAMOS, Katiuca Megda . Edifícios Hospitalares – A Contribuição 
da Arquitetura na Cura.2015
MARINELLI, Alexandra. Evolução da Assistência à Saúde.2006
MIQUELIN, L. C. Anatomia dos edifícios hospitalares. São Paulo: Cedas,1992.
MARGARETE FARIAS DE MORAES: “Algumas Considerações sobre a História dos Hospitais Privados no 
Rio de Janeiro: o caso Clínica São Vicente”. (Dissertação apresentada ao curso de Pós-Graduação em 
História das Ciências da Saúde da Fundação Oswaldo Cruz,
REBOLLO, Regina Andrés.O legado hipocrático e sua fortuna no período greco-romano: de Cós 
a Galeno. http://www.scielo.br/pdf/ss/v4n1/v4n1a02.pdf
RIBEIRO Jr., W.A. Aspectos reais e lendários da biografia de Hipócrates, o "pai da medicina". 
Jornal Brasileiro de História da Medicina, v. 6, n. 1, p. 8-10, 2003
SOUSA, J Francisco Saraiva de. Esboço da Evolução do Hospital Moderno, disponível em 
http://cyberdemocracia.blogspot.com.br/2011/12/esboco-da-evolucao-do-hospital-
moderno.html
http://www.ancient-origins.es/noticias-general-lugares-antiguos-%C3%A1frica/el-milenario-
desconocido-arte-rupestre-egipcio-003558?nopaging=1
https://franciscanismomedieval.wordpress.com
https://parisinimages.wordpress.com/tag/hotel-dieu/
https://br.pinterest.com/pin/505318020673661147/
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