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Organização e planejamento hospitalar

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ORGANIZAÇÃO E 
PLANEJAMENTO 
HOSPITALAR
Programa de Pós-Graduação EAD
UNIASSELVI-PÓS
Autoria: Romero Fenili
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Reitor: Prof. Hermínio Kloch
Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol
Coordenador da Pós-Graduação EAD: Prof.ª Cláudia Regina Pinto Michelli
Equipe Multidisciplinar 
da Pós-Graduação EAD: Prof.ª Bárbara Pricila Franz
 Prof.ª Cláudia Regina Pinto Michelli
 Prof.ª Kelly Luana Molinari Corrêa
 Prof. Ivan Tesck
Revisão de Conteúdo: Ana Paula Poerschke
Revisão Gramatical: Iara de Oliveira
Revisão Pedagógica: Ivan Tesck
Diagramação e Capa: Centro Universitário Leonardo da Vinci
Copyright © UNIASSELVI 2016
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri – UNIASSELVI – Indaial.
362.11068
F333o Fenilli, Romero 
 Organização e planejamento hospitalar/ Romero Fenilli.
 Indaial : UNIASSELVI, 2016.
 111 p. : il.
 
 ISBN 978-85-69910-18-3
 
 1. Administração de Hospital.
 I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. 
Romero Fenili
Possui graduação em Medicina, pela 
Universidade Federal de Santa Catarina 
(1990), e graduação em Administração Pública, 
pela Universidade Federal de Santa Catarina 
(2015). Especialização em Cirurgia Torácica, pela 
Universitat Autónoma de Barcelona (Espanha-1997), 
especialização em Liderança e Gestão Universitária, 
pela Universidade do Vale do Paraíba (2008), 
doutorado em Medicina e Cirurgia Torácica, pela 
Universitat Autónoma de Barcelona (Espanha - 1996). 
Professor do curso de Graduação em Medicina na 
Universidade Regional de Blumenau e Pesquisador 
Colaborador do Programa de Pós-graduação 
em Administração da Universidade Regional de 
Blumenau, além de professor de Pós-graduação 
do Centro Universitário Leonardo da Vinci. Na EAD, 
publicou material didático para a Uniasselvi. Atuou 
como Vice-reitor da Universidade Regional de 
Blumenau e como Diretor de Assistência de 
Saúde da Secretaria de Saúde do Município de 
Blumenau.
Sumário
APRESENTAÇÃO ......................................................................7
CAPÍTuLo 1
SiSTemAS de SAúde no BrASiL ........................................................9
CAPÍTuLo 2
SiSTemA HoSPiTALAr ....................................................................33
CAPÍTuLo 3
TiPoS de GeSTão doS ServiçoS de SAúde ....................................57
CAPÍTuLo 4
PráTiCAS de AdminiSTrAção e PLAnejAmenTo HoSPiTALAr ...............83
APRESENTAÇÃO
Caro(a) pós-graduando(a), seja bem-vindo(a) à disciplina de Organização e 
Planejamento Hospitalar!
Toda instituição necessita, para seu desenvolvimento, ter um planejamento e 
estar organizada, procurando obter os melhores resultados com os recursos que 
possui. O planejamento tem sido uma das ferramentas fundamentais no processo 
de gestão e desenvolvimento das organizações. A diversidade de sistemas 
de saúde existente traz constantes desafios aos gestores, em virtude de sua 
complexidade. O mercado de saúde passa por uma grande transformação e os 
gestores devem estar preparados para tais modificações. Os complexos de saúde, 
devido a sua grande diversidade interna, são um grande desafio para os gestores. 
Além disso, a transformação do ambiente externo, como já foi dito, implica a 
necessidade de conhecimento amplo para a tomada de decisão adequada.
Dessa forma, esta disciplina, inicialmente, visa apresentar a influência da 
organização e do planejamento na concretização efetiva de resultados. 
Em primeiro lugar, abordaremos os sistemas de saúde existentes no Brasil, 
levando a você o conhecimento necessário para compreender a complexa 
interligação entre o público e o privado, além dos diversos níveis de atenção à 
saúde existentes.
Posteriormente, por meio da estruturação do sistema hospitalar, você poderá 
observar como os hospitais são organizados e como essa organização influencia 
nos cuidados em saúde. 
Em seguida, explicitaremos as ferramentas de gestão, buscando conhecer 
mais profundamente quais se adequam à realidade da saúde. Para isso, serão 
abordados os modelos de gestão de hospitais e, também, as competências 
necessárias para um bom gestor.
Por fim, estudaremos as formas de planejamento existentes, sabedores de 
que há grande diversidade, tentando demonstrar qual tem maior afinidade com o 
sistema de saúde.
Esperamos que você aproveite ao máximo os estudos desta disciplina 
e que estes possam contribuir para o aprimoramento de suas habilidades e 
aprofundamento dos conhecimentos necessários para um gestor hospitalar. 
Prof. Dr. Romero Fenili.
CAPÍTULO 1
SiSTemAS de SAúde no BrASiL
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 Compreender os sistemas de saúde vigentes no Brasil.
 Entender o funcionamento dos sistemas hospitalares existentes no país.
 Conhecer as formas de estruturação e organização do serviço hospitalar.
 Compreender o processo de gestão hospitalar.
 Identificar as formas de planejamento hospitalar.
10
 Organização e Planejamento Hospitalar
SiStemaS de Saúde no BraSil Capítulo 1 
11
O ator é alguém 
que representa, 
que encarna um 
papel dentro de um 
enredo, de uma 
trama de relações. 
ConTexTuALizAção
Os atores envolvidos na atenção e organização dos sistemas de saúde no 
Brasil são múltiplos e desempenham diversos papéis dentro deste ecossistema 
complexo, que é a estrutura de saúde de nosso país. Nesse sentido, compreender 
quais são os atores envolvidos e quais os papéis que desempenham, é um 
conhecimento importante para o gestor hospitalar.
Muitos desses atores são, às vezes, negligenciados, mas possuem um 
importante papel. Isso é o que veremos no desenrolar deste tópico.
ConCeiTo
Segundo Souza (1991), o ator é alguém que representa, que 
encarna um papel dentro de um enredo, de uma trama de relações. 
Um determinado indivíduo é um ator social quando representa algo 
para a sociedade (para o grupo, a classe, o país), encarna uma ideia, 
uma reivindicação, um projeto, uma promessa, uma denúncia.
Na terminologia do desenvolvimento local, os atores são 
os agentes sociais e econômicos, indivíduos e instituições, que realizam ou 
desempenham atividades, ou, então, mantêm relações num determinado território. 
(SABOURIN, 2002).
Diante desses conceitos, podemos observar que os atores 
envolvidos em um processo complexo, como a organização do sistema 
de saúde brasileiro, tendem a ser múltiplos, diante das necessidades 
existentes para que tal sistema funcione a contento.
Assim, temos diversos atores envolvidos no processo, a saber: 
os atores sociais, os atores financeiros, os atores que trabalham no 
sistema, os atores que prestam serviço, os atores dedicados à ciência 
e à tecnologia, os atores provedores de insumos, os atores do Estado.
AToreS envoLvidoS no ProCeSSo de 
SAúde BrASiLeiro
Caro(a) pós-graduando(a), como já comentamos, são diversos os atores 
envolvidos. Neste item, salientaremos quais são os atores envolvidos em cada 
categoria anteriormente apontada e quais os papéis que exercem no processo de 
construção.
Temos diversos 
atores envolvidos 
no processo, os 
atores sociais, os 
atores financeiros, 
os atores que 
trabalham no siste-
ma, os atores que 
prestam serviço, 
os atores dedica-
dos à ciência e 
à tecnologia, os 
atores provedores 
de insumos, os 
atores do Estado.
12
 Organização e Planejamento Hospitalar
ATORES SOCIAIS 
Entre os atores sociais, temos os indivíduos e suas famílias, 
os trabalhadores, os sindicatos e as federações, as empresas e 
suas entidades, as organizações religiosas, os partidos políticos, as 
entidades de defesa do consumidor, as fundaçõese ONGs, nacionais 
e internacionais.
Esses atores são os que sofrem as consequências das ações 
realizadas no setor de saúde. Além disso, possuem um papel 
fundamental na fiscalização do processo, por meio de assentos 
adquiridos em representações do controle social, nas instâncias 
consultivas e deliberativas das esferas da saúde.
ATORES FINANCEIROS
Entre os atores financeiros, temos os consumidores de produtos 
e serviços de saúde, os contribuintes fiscais: indivíduos e empresas; 
as operadoras de planos de saúde e seguros; os empregadores e 
doadores; bem como ONGs, nacionais e internacionais; os governos 
de outros países; os bancos internacionais de desenvolvimento; as 
organizações de cooperação internacional.
Nesse grupo, temos toda a relação da cadeia financeira que está 
envolvida no processo de saúde.
ATORES TRABALHANDO
Na categoria, estão todos os servidores que, direta ou 
indiretamente, atuam na cadeia produtiva da área da saúde. Os 
profissionais de nível básico, técnico e superior, as cooperativas de 
trabalho, os empregadores e gestores, as entidades de formação 
técnica, graduada, especializada e pós-graduada, as associações, 
os sindicatos e as federações, os conselhos regionais e nacionais, as 
entidades internacionais.
ATORES PRESTADORES DE SERVIÇO 
Na categoria de atores prestadores de serviço, incluímos as 
unidades e redes públicas ou privadas, as clínicas, os ambulatórios e os hospitais-
dia, os hospitais e casas de saúde, os laboratórios de patologia clínica, os serviços 
de radiologia, os serviços de tratamento especializado, os serviços de informática 
e telemedicina, os abrigos de idosos e deficientes, os serviços gerenciais, as 
associações, os sindicatos e as federações de prestadores de serviço, nacionais 
e internacionais.
Entre os atores 
sociais, temos 
os indivíduos e 
suas famílias, os 
trabalhadores, 
os sindicatos e 
as federações, 
as empresas e 
suas entidades, 
as organizações 
religiosas, os par-
tidos políticos, as 
entidades de defe-
sa do consumidor, 
as fundações e 
ONGs, nacionais e 
internacionais.
Entre os atores 
financeiros, temos 
os consumidores 
de produtos e 
serviços de saúde, 
os contribuintes 
fiscais: indivíduos 
e empresas; as 
operadoras de 
planos de saúde 
e seguros; os em-
pregadores e doa-
dores; bem como 
ONGs, nacionais e 
internacionais; os 
governos de outros 
países; os bancos 
internacionais de 
desenvolvimento; 
as organizações 
de cooperação 
internacional.
SiStemaS de Saúde no BraSil Capítulo 1 
13
Esses atores são os que mais frequentemente associamos à 
cadeia de saúde no sistema vigente hoje, pois são as estruturas com 
as quais temos o contato direto quando necessitamos de alguma 
prestação de saúde.
ATORES DEDICADOS À CIÊNCIA E À TECNOLOGIA
No grupo atores dedicados à ciência e à tecnologia, encontramos 
os laboratórios; os centros e os institutos de pesquisa, públicos e 
privados, tanto nacionais quanto internacionais; as sociedades e as 
associações científicas nacionais e internacionais; as revistas e as 
páginas eletrônicas científicas; as entidades de fomento à pesquisa, 
públicas e privadas, nacionais e internacionais; os eventos e 
congressos científicos, nacionais e internacionais.
Esta categoria embora seja, muitas vezes, esquecida ou relegada 
a um segundo plano pela maioria de nós, quando falamos em saúde, 
possui um papel fundamental. Em geral, as grandes transformações e 
impulsos que a área da saúde tem são realizados por este setor.
ATORES PROVENDO INSUMOS
No grupo atores promovendo insumos, estão: a produção 
e a distribuição nacional e estrangeira de medicamentos e imunobiológicos; 
de equipamentos ambulatoriais e hospitalares; de material permanente e de 
consumo; de equipamento e material de informática e veículos para serviços de 
saúde e de produção de outros produtos para o setor saúde, além das associações 
e sindicados destas indústrias nacionais e internacionais.
Da mesma forma que no item anterior, é uma parte da cadeia produtiva que 
nem sempre tem seu reconhecimento adequado. Sem este setor estaríamos em 
um restaurante onde a comida não chegou, ou seja, sem funcionar.
ATORES DO ESTADO ENVOLVIDOS 
Por fim, os atores do Estado envolvidos neste processo são: o Poder 
Executivo, o Ministério da Saúde, as Fundações e as Agências Reguladoras, as 
Secretarias Estaduais de Saúde e as Fundações, as Secretarias Municipais de 
Saúde, o MPF, as Procuradorias e as Promotorias, o Poder Legislativo, o Senado, 
a Câmara dos Deputados, a Frente Parlamentar, as Assembleias Legislativas, as 
Câmaras Municipais, os Tribunais de conta da União, o Estado e o Município, o 
Poder Judiciário em todas as suas esferas (STF, STJ, TST, TRFs e TRTs, TJ e 
Varas Estaduais e Municipais), os órgãos públicos prestando serviços de saúde a 
seus servidores.
Na categoria de 
atores prestadores 
de serviço, incluí-
mos as unidades e 
redes públicas ou 
privadas, as clíni-
cas, os ambulató-
rios e os hospitais-
-dia, os hospitais 
e casas de saúde, 
os laboratórios de 
patologia clínica, os 
serviços de radiolo-
gia, os serviços de 
tratamento especia-
lizado, os serviços 
de informática e 
telemedicina, os 
abrigos de idosos 
e deficientes, os 
serviços gerenciais, 
as associações, 
os sindicatos e 
as federações de 
prestadores de 
serviço, nacionais e 
internacionais.
14
 Organização e Planejamento Hospitalar
Por último, mas de forma alguma menos importante, o Estado em toda a 
sua complexidade é o grande ator no sistema de saúde atual. Ele é o provedor 
de saúde. Tendo, aqui, o entendimento de que saúde inicia na prevenção, com 
redes de saneamento, orientação, campanhas de vacinação, etc. Além disso, a 
maior rede de atendimento, seja no nível primário, seja no nível secundário, seja 
no terciário (conceitos que desbravaremos a seguir), é do Estado, entendendo 
a união das três esferas, nesse caso. Como se não bastasse, toda a política, 
regulação e fiscalização também cabe ao Estado. 
Assim, podemos ver o papel fundamental e imenso que esse ator exerce.
Atividade de Estudos:
 1) Leia o texto a seguir:
DEMOCRACIA E CONTROLE SOCIAL
 Dentro do regime democrático de Governo a divisão de poderes 
(executivo, legislativo e judiciário) pode, de certa maneira, 
ser entendida como uma forma de Controle que um Poder 
deve exercer sobre o outro. Assim, por exemplo, podemos 
entender que uma das funções do Poder Legislativo (Câmaras, 
Assembleias, Congresso Nacional) é o de fiscalizar e exercer um 
certo “controle” sobre as ações do executivo.
 Hoje em dia esse tipo de controle, que nós podemos chamar de 
Institucional, é exercido não apenas pelo Poder Legislativo, mas 
pelos Tribunais de Contas e Controladorias. As Controladorias 
(da União, dos Estados e Municípios) são órgãos de controle 
interno, porque as mesmas fazem parte do Poder Executivo. 
Os Tribunais de Contas (da União, Estados e Municípios) assim 
como o Poder Legislativo são órgãos de controle externo, pois 
não fazem parte do Poder Executivo. Estes órgãos têm todos 
eles e cada um dentro da sua esfera de competência, a função 
de fiscalizar o gasto dos recursos públicos (federais, estaduais, 
municipais) e podem ser acionados por meio de denúncias, por 
qualquer cidadão.
 Além dessa forma de Controle Institucional, que um Poder ou 
Órgão exerce sobre o outro, hoje em dia tem-se falado muito 
SiStemaS de Saúde no BraSil Capítulo 1 
15
em Controle Social, que pode ser entendido como uma forma de 
fiscalização e controle por parte da própria sociedade sobre as 
ações do Estado. Por permitir que os próprios cidadãos participem 
de alguma forma da gestão da coisa pública, o Controle Social 
propicia a vivência da própria Democracia, pois, ao praticar 
esse controle, os cidadãos podem interferir no planejamento, na 
realização e na avaliação das atividades do governo.
 O controle social pode ser entendido como a participação do 
cidadão na gestão pública: fiscalização,monitoramento e controle 
das ações da Administração Pública. É um importante mecanismo 
de fortalecimento da cidadania, que contribui para aproximar a 
sociedade do Estado, abrindo a oportunidade de os cidadãos 
acompanharem as ações dos governos e cobrarem uma boa 
gestão pública.
Fonte: Disponível em: <http://goo.gl/wmKJfP>. Acesso em: 09 jun. 2016.
 Após realizar a leitura do texto indicado, baseado nele e no que 
vimos até o momento sobre os atores, faça uma reflexão escrita 
sobre o papel do controle social e a base da participação da 
sociedade no processo regulatório estatal, como um dos atores 
sociais no processo saúde. Busque outros textos para enriquecer 
sua reflexão.
 _________________________________________________ ___
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16
 Organização e Planejamento Hospitalar
Figura 1 – Corrupção no setor saúde
Fonte: Vieira (2009).
Caro(a) pós-graduando(a), estudaremos, a seguir, os níveis de atenção à 
saúde. Para sua organização, levam-se em conta principalmente três elementos: 
a) Tecnologia material disponível (máquinas e equipamentos de diagnóstico 
e terapêutica);
b) Capacitação de pessoal (por exemplo, tempo de formação de cada curso 
de graduação, gasto do poder público para formar estas pessoas);
c) Perfil de morbidade da população-alvo do sistema (as doenças mais 
frequentes nesta população).
A seguir, descreveremos os três níveis de atenção à saúde, conforme o 
modelo tradicional utilizado. Mais adiante, veremos uma nova conformação 
organizacional que vem sendo aplicada no modelo sanitário brasileiro.
O nível primário é aquele onde estão os equipamentos com menor grau de 
SiStemaS de Saúde no BraSil Capítulo 1 
17
incorporação tecnológica do sistema (os equipamentos de geração tecnológica 
mais antiga, tais como: aparelhos básicos de raios X, sonar e, eventualmente, 
ultrassom). A capacitação de pessoal para esse nível apresenta necessidades 
de uma formação geral e abrangente para atender os eventos mais prevalentes 
na população (os problemas de saúde mais frequentes). No que diz respeito aos 
médicos, temos os médicos de família e os clínicos gerais.
Estima-se que entre 85% e 90% dos casos demandados à atenção primária 
são passíveis de serem resolvidos neste nível da atenção.
Ao nível secundário cabem os equipamentos com grau intermediário de 
inovação tecnológica (tais como: aparelhos de Raio X com alguma sofisticação, 
ecocardiógrafo, ultrassom de geração mais nova, aparelhos para endoscopia). 
A capacitação de pessoal e, em particular, a dos médicos, situa-se em áreas 
especializadas originárias (clínica médica, cirurgia geral, ginecologia e obstetrícia, 
pediatria) e outras, tais como: oftalmologia e psiquiatria. Essas especializações, 
no caso dos médicos, requerem de dois a três anos além da graduação, atingindo 
sua formação completa, que se realiza por meio da residência médica. Os serviços 
de atenção secundária devem estar aparelhados com pessoal e equipamentos 
para atender às situações que foram encaminhadas pelo nível primário.
O nível terciário concentra os equipamentos com alta incorporação 
tecnológica, aqueles de última geração e, portanto, mais caros (tais como: 
ressonância magnética e PET Scan). O pessoal que trabalha nele necessita 
de formação especializada mais intensiva, no caso dos médicos, até em áreas 
superespecializadas (neurocirurgia, cirurgia de mão, nefrologia pediátrica, 
cancerologia, dentre outras), que demandam de três a cinco anos de residência 
médica para obter a capacitação. O nível terciário deve estar aparelhado para 
atender a situações que o nível secundário não conseguiu resolver e eventos 
mais raros ou aqueles que demandam assistência deste nível do sistema.
ATenção PrimáriA em SAúde (APS)
O conceito de Atenção Primária em Saúde (APS) foi primeiramente definido 
na conferência de Alma-Ata em 1978.
18
 Organização e Planejamento Hospitalar
Atenção primária à saúde define-se como:
Os cuidados essenciais baseados em métodos de trabalho 
e tecnologias de natureza prática, cientificamente críveis 
e socialmente aceitáveis, universalmente acessíveis na 
comunidade aos indivíduos e às famílias, com a sua total 
participação e a um custo suportável para as comunidades 
e para os países, à medida que se desenvolvem num 
espírito de autonomia e autodeterminação. (OMS/UNICEF, 
1978, p. 14).
Caro(a) pós-graduando(a), como você pode ver, essa definição 
traz alguns conceitos básicos, que são importantes para entendermos 
quão ampla é a atenção primária.
Nesta definição temos inserida a educação em saúde, conceito 
inicialmente no inconsciente coletivo não tido como sendo saúde. 
Entretanto, ressaltamos a importância deste item, pois o SUS passa 
a ter um papel fundamental na formação do seu próprio plantel futuro, 
garantindo, assim, a qualidade da assistência futura no país.
Outro conceito importante é o do saneamento básico. Inúmeras 
doenças são evitadas com esta ação, garantindo a qualidade de vida 
da população, evitando doenças simples e economizando milhões em 
recursos que podem ser aplicados em outras ações.
A crise em torno do zika vírus se deve a décadas de políticas 
falhas de controle de mosquitos e à falta de acesso a serviços de 
planejamento familiar, informou nesta segunda-feira a Organização 
Mundial de Saúde (OMS). “A propagação do zika (…) é resultado da 
desastrosa política que levou ao abandono do controle de mosquitos 
nos anos 1970”, declarou Margaret Chan, diretora-geral da OMS, no 
início da assembleia anual de saúde da organização em Genebra.
Essas falhas permitiram que o vírus se espalhasse rápido e 
criasse “uma ameaça significante para a saúde global”, disse Chan à 
cerca de 3.000 delegados dos 194 países-membros da OMS. 
Outro conceito 
importante é o 
do saneamento 
básico. Inúmeras 
doenças são 
evitadas com esta 
ação, garantindo 
a qualidade de 
vida da população, 
evitando doenças 
simples e economi-
zando milhões em 
recursos que po-
dem ser aplicados 
em outras ações.
SiStemaS de Saúde no BraSil Capítulo 1 
19
Especialistas afirmam que o zika vírus está por trás do surto de 
microcefalia – doença que se caracteriza por um perímetro craniano 
menor que o normal – na América Latina, em bebês nascidos de 
mulheres que contraíram o vírus durante a gravidez.
O zika, que também causa distúrbios neurológicos como a 
síndrome de Guillain-Barré, na qual o sistema imunológico ataca o 
sistema nervoso, é transmitida principalmente pelo Aedes aegypti, 
mas também por contato sexual.
Nas décadas de 1950 e 1960, foram realizados programas de 
controle de mosquitos para evitar a propagação da dengue e da 
febre amarela, e o Aedes aegypti quase foi erradicado na América do 
Sul e Central. Quando os programas foram interrompidos na década 
de 1970, porém, o mosquito voltou.
Fonte: Disponível em: <http://goo.gl/tJC0MF>. Acesso em: 22 jun. 2016.
Seguindo, temos o programa materno-infantil, incluindo imunização e 
planejamento familiar. Como sabemos as taxas de mortalidade materna e infantil 
têm sido reduzidas graças a esses programas, porém ainda estamos longe do 
ideal, reforçando essa necessidade.
 Outro ponto fundamental, a prevenção de endemias. Conforme descrito no 
texto acima, temos hoje, no país, uma falha grave neste contexto. Vivemos toda 
uma realidade de doenças graves como dengue, zika vírus, chikungunya, sem 
falar em outras que ficam esquecidas diante da gravidade destas, como febre 
amarela no norte do país. A atuação para evitar essas doenças é mais uma 
ação que deve ser realizada pela atenção primária, reforçando, ainda mais, a 
importância desse nível de atenção.
O tratamento apropriado das doenças e danos mais comuns reflete o quecomumente conhecemos por ação primária. Como dito anteriormente, de 85% a 
90% dos agravos mais comuns podem e devem ser tratados na atenção primária.
A provisão de medicamentos essenciais, a promoção de alimentação 
saudável e de micronutrientes e a valorização das práticas complementares são 
outras das responsabilidades que a atenção primária possui dentro de seu escopo 
de atuação. 
Nesse sentido, o nível primário passa a “ocupar o banco do motorista”, sendo 
20
 Organização e Planejamento Hospitalar
o responsável pela organização e funcionamento da porta de entrada do sistema. 
Ela deve ser resolutiva para a maior parte dos agravos à saúde, conforme já 
mencionado, além de descentralizar e facilitar o funcionamento do sistema de 
forma a criar economicidade nas ações de saúde governamentais. 
Hoje, no Brasil, a APS está centralizada nas ações da Estratégia de Saúde 
da Família (ESF), mas, como podemos observar nas metas a serem atingidas 
pela APS, os ESFs, muitas vezes, ficam aquém, necessitando compartilhar 
responsabilidades com a vigilância epidemiológica, as instituições de ensino e 
outras, para realizar todas as atividades demandadas.
Assim, quando concentramos no ESF boa parte das ações pretendidas pela 
APS, temos, conforme descrito no compendio do CONASS, a Atenção Primária e 
as Redes de Atenção à Saúde. (BRASIL, 2015).
[...] operacionalmente, uma conceituação de APS implica 
o exercício de sete atributos e de três papéis, e só haverá 
uma APS idealizados, em sua totalidade. Os primeiros 
quatro (primeiro contato, longitudinalidade, integralidade e 
coordenação) são os atributos essenciais e os três últimos 
(focalização na família, orientação comunitária e competência 
cultural) os atributos derivados.
O primeiro contato implica a acessibilidade e o uso de serviços 
para cada novo problema ou novo episódio de um problema 
para os quais se procura atenção à saúde. 
A longitudinalidade constitui a existência do aporte regular de 
cuidados pela equipe de saúde e seu uso consistente ao longo 
do tempo, em um ambiente de relação mútua de confiança e 
humanizada entre equipe de saúde, indivíduos e famílias.
A integralidade significa a prestação, pela equipe de saúde, 
de um conjunto de serviços que atendam às necessidades da 
população adscrita nos campos da promoção, da prevenção, 
da cura, do cuidado, da reabilitação e da paliação, a 
responsabilização pela oferta de serviços em outros pontos de 
atenção à saúde e o reconhecimento adequado dos problemas 
biológicos, psicológicos e sociais que causam as doenças. 
A coordenação conota a capacidade de garantir a 
continuidade da atenção, por meio da equipe de saúde, com 
o reconhecimento dos problemas que requerem seguimento 
constante e se articula com a função de centro de comunicação 
das RAS.
A focalização na família impõe considerar a família da mesma 
forma, uma APS como estratégia só existirá se ela cumprir 
seus três papéis essenciais: a resolutividade, a coordenação 
e a responsabilização.
O papel da resolutividade, inerente ao nível de cuidados 
primários, significa que eles devem ser resolutivos, 
capacitados, portanto, cognitiva e tecnologicamente, para 
atender a 90% da demanda da APS.
O papel de coordenação expressa o exercício, pela APS, de 
SiStemaS de Saúde no BraSil Capítulo 1 
21
centro de comunicação das RAS, o que significa ter condições 
ordenar os fluxos e contrafluxos das pessoas, dos produtos e 
das informações entre os diferentes componentes das redes.
A função de responsabilização implica o conhecimento e 
o relacionamento íntimo, nos microterritórios sanitários, 
da população adscrita, o exercício da gestão de base 
populacional e a responsabilização econômica e sanitária em 
relação a essa população adscrita. (MENDES, 2002).
Na Estratégia de Saúde da Família, temos, hoje, vários modelos de cuidados: 
no tradicional, os médicos e enfermeiros generalistas atendem à população 
com ênfase em consultas médicas e de enfermagem. Outro modelo, baseado 
na experiência russa, prevê a atenção realizada por uma tríade de médicos 
especialistas: clínico, gineco-obstetra e pediatra. Além deste, há o modelo em que 
o médico realiza especialização em medicina de família e comunidade, calcado 
nos modelos europeus e canadenses, nos quais a centralidade do cuidado se 
faz por meio de consultas médicas, propiciadas por especialistas em medicina de 
família e comunidade. 
No Brasil, hoje, predomina o modelo de Estratégia de Saúde da Família 
em que o cuidado primário está centrado em uma equipe multiprofissional, 
trabalhando de forma interdisciplinar e por meio de um conjunto ampliado de 
encontros clínicos, que envolvem consultas individuais e atividades em grupo.
Historicamente, a ideia de atenção primária foi utilizada como 
forma de organização dos sistemas de saúde pela primeira vez no 
chamado Relatório Dawnson, em 1920. Esse documento do governo 
inglês procurou, de um lado, contrapor-se ao modelo flexineriano 
americano de cunho curativo, fundado no reducionismo biológico 
e na atenção individual, e por outro, constituir-se numa referência 
para a organização do modelo de atenção inglês, que começava a 
preocupar as autoridades daquele país, devido ao elevado custo, à 
crescente complexidade da atenção médica e à baixa resolutividade. 
(BRASIL, 2015).
Esse conjunto de ações proposto ficou conhecido como o projeto “Saúde 
para Todos no Ano 2000”, ratificado por 134 países na Declaração de Alma-Ata, a 
qual defendia que:
Os cuidados primários de saúde são cuidados essenciais 
de saúde baseados em métodos e tecnologias práticas, 
22
 Organização e Planejamento Hospitalar
cientificamente bem fundamentadas e socialmente aceitáveis, 
colocadas ao alcance universal de indivíduos e famílias da 
comunidade, mediante sua plena participação e a um custo 
que a comunidade e o país possam manter em cada fase 
de seu desenvolvimento, no espírito de autoconfiança e 
autodeterminação. Fazem parte integrante tanto do sistema 
de saúde do país, do qual constituem a função central e o 
foco principal, quanto do desenvolvimento social e econômico 
global da comunidade. Representam o primeiro nível de 
contato dos indivíduos, da família e da comunidade com o 
sistema nacional de saúde, pelo qual os cuidados de saúde 
são levados o mais proximamente possível aos lugares onde 
pessoas vivem e trabalham, e constituem o primeiro elemento 
de um continuado processo de assistência à saúde. (OMS/
UNICEF, 1978).
Você sabia que Marc Lalonde, Ministro da Saúde do Canadá, 
na década de 1970, ao investigar o impacto dos investimentos e 
gastos em saúde na melhoria dos indicadores, constatou que 80% 
das causas das doenças estavam relacionadas a estilos de vida e 
ambiente? Esse foi um disparador para o questionamento sobre a 
capacidade das ações sanitárias setoriais para resolver os problemas 
de saúde.
rede SeCundáriA
A rede secundária caracteriza-se pela prestação de serviços por 
meio de unidades especializadas – sejam ambulatórios, hospitais, 
centros odontológicos –, que garantam o acesso da população. Está 
baseada na organização dos serviços de forma que consiga solucionar 
problemas e realizar exames que necessitam de maior complexidade na 
sua prática, porém sem necessitar de estruturas de alta complexidade, 
o que já seria a função da atenção terciária, como veremos a seguir.
A organização da atenção secundária se dá por meio de cada 
uma das microrregiões do Estado, nas quais há hospitais de nível 
secundário, que prestam assistência nas especialidades básicas 
(pediatria, clínica médica e obstetrícia), além dos serviços de urgência e 
emergência, ambulatório eletivo para referências e assistência a pacientes 
internados, treinamento, avaliação e acompanhamento da Equipe de Saúde da 
Família (ESF). (BRASIL, 2015). 
A rede secundária 
caracteriza-se 
pela prestação de 
serviços por meio 
de unidades espe-
cializadas – sejam 
ambulatórios, 
hospitais, centros 
odontológicos–, 
que garantam o 
acesso da popu-
lação. 
SiStemaS de Saúde no BraSil Capítulo 1 
23
Na rede de saúde, a atenção secundária é formada, como dito anteriormente, 
pelos serviços especializados em nível ambulatorial e hospitalar, que possuam 
uma densidade tecnológica intermediária entre a atenção primária e a terciária, 
chamada, genericamente, de serviços ou procedimentos de média complexidade.
Nesse nível de atendimento, temos os serviços médicos especializados, 
o apoio diagnóstico e terapêutico, bem como o atendimento de urgência e 
emergência. (ERDMANN et al., 2013).
Conforme podemos ver no texto abaixo, extraído da página da Secretaria 
Municipal de Saúde de Fortaleza, a atenção secundária ou de média complexidade 
envolve tanto ambulatórios especializados quanto hospitais de médio porte, além 
de centros de diagnóstico especializados.
ATENÇÃO SECUNDÁRIA
A atenção secundária ou média complexidade em saúde é 
exercida na rede municipal de Fortaleza por oito hospitais gerais e 
dois especializados, dois centros de especialidades odontológicas e 
um centro de especialidades médicas, além de algumas unidades de 
atenção primária que oferecem consultas especializadas.
As unidades de saúde de nível secundário reúnem os serviços 
especializados e de apoio diagnóstico e terapêutico. Para ter acesso 
à atenção secundária, o usuário geralmente é encaminhado de um 
serviço de atenção primária, o posto de saúde ou Centro de Saúde 
da Família. Em Fortaleza, existem 92 unidades de atenção básica 
que intermediam o atendimento dos pacientes que precisem da 
atenção em média complexidade.
Os serviços de atenção secundária devem estar aparelhados 
com pessoal e equipamentos para atender às necessidades dos 
usuários encaminhadas pelas unidades de nível primário; materiais 
com grau intermediário de inovação tecnológica, mais sofisticados 
do que os aparelhos encontrados nos serviços de atenção básica. 
Além de equipamentos, como aparelhos de raios x, endoscopia, 
ecocardiógrafo e ultrassom, de maior capacidade e precisão, os 
serviços devem contar com profissionais especializados em áreas 
como cirurgia geral, ginecologia e obstetrícia, pediatria, oftalmologia 
e psiquiatria.
24
 Organização e Planejamento Hospitalar
Os equipamentos de saúde essencialmente de nível secundário 
são os hospitais e os centros de especialidades médicas ou 
odontológicas. Em Fortaleza, esse nível de atenção é prestado 
pelos hospitais gerais (Hospital Distrital Evandro Ayres de Moura-
Frotinha de Antonio Bezerra, Hospital Distrital Maria José Barroso de 
Oliveira-Frotinha de Parangaba, Hospital Distrital Edmilson Barros de 
Oliveira-Frotinha de Messejana, Hospital Distrital Gonzaga Mota da 
Barra do Ceará-Gonzaguinha da Barra, Hospital Distrital Gonzaga 
Mota do José Walter-Gonzaguinha do José Walter, Hospital Distrital 
Gonzaga Mota de Messejana-Gonzaguinha de Messejana e Hospital 
Nossa Senhora da Conceição); hospital especializado infantil (Centro 
de Assistência à Criança Lúcia de Fátima Rodrigues Guimarães 
Sá), hospital especializado no atendimento à população feminina 
(Hospital da Mulher de Fortaleza) e hospital geral Instituto José 
Frota (IJF). O Hospital da Mulher e o IJF são de nível terciário, mas 
também oferecem atenção secundária.
Além dos hospitais, a atenção secundária na rede municipal 
de saúde é encontrada em dois Centros de Especialidades 
Odontológicas (CEO Floresta, no bairro Álvaro Weyne, e CEO 
Messejana, no bairro homônimo) e no Centro de Especialidades 
Médicas José de Alencar, que funciona no centro da cidade.
Os serviços públicos que também contam com atenção 
secundária em Fortaleza são as unidades mantidas pelo governo 
estadual (Hospital de Saúde Mental de Messejana, Hospital São 
José de Doenças Infecciosas, Hospital Geral César Cals de Oliveira, 
Hospital Geral de Fortaleza, Hospital de Messejana Carlos Alberto 
Studart Gomes, Hospital Geral Waldemar Alcântara e Hospital Infantil 
Albert Sabin) e pelo governo federal (Hospital Universitário Walter 
Cantídio e Maternidade Escola Assis Chateaubriand).
Quando a rede própria de saúde pública não dispõe de vagas, 
serviços ou equipamentos necessários para assegurar o acesso à 
atenção secundária, os pacientes também podem ser encaminhados 
para a rede contratada, formada por serviços privados, geralmente 
hospitalares, que mantêm convênio com o Sistema Único de Saúde.
Fonte: Disponível em: <http://goo.gl/YpcFn2>. Acesso em: 23 jul. 2016.
SiStemaS de Saúde no BraSil Capítulo 1 
25
Atividade de Estudos:
1) O que você passou a entender por atenção secundária ou de 
média complexidade?
 __________________________________________________
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 __________________________________________________
rede TerCiáriA
Na atenção terciária, temos os serviços superespecializados e 
de alta complexidade, como, por exemplo, os serviços de transplante, 
cirurgia cardíaca, dentre outros. A atenção terciária é organizada, 
geralmente, em polos macrorregionais, ao contrário da de média 
complexidade, que era microrregional, e tem seu atendimento 
organizado por meio do sistema de referência. O modelo vigente de 
atenção à saúde privilegia o hospital como ambiente para a prática de 
cuidados e isso acaba fazendo com que as pessoas acabem tendo a 
atenção terciária como sendo a de maior importância. 
É certo que, em geral, é este setor que incorpora as tecnologias mais atuais 
e mais complexas, passando para a população a falsa ideia de maior eficiência.
A seguir, do mesmo modo que para a média complexidade, transcrevemos o 
texto da prefeitura de Fortaleza, que descreve este nível de complexidade de seu 
sistema.
ATENÇÃO TERCIÁRIA
Na rede pública municipal de saúde de Fortaleza, a atenção 
terciária é realizada no Instituto José Frota - IJF, o maior hospital de 
urgência e emergência do Ceará, com atendimento 24 horas para 
pacientes de alta complexidade e referência para o tratamento de 
queimaduras, intoxicações e traumatologia.
Na atenção terciária, 
temos os serviços 
superespecializados 
e de alta comple-
xidade, como, por 
exemplo, os serviços 
de transplante, cirur-
gia cardíaca, dentre 
outros. 
26
 Organização e Planejamento Hospitalar
A atenção à saúde de nível terciário é integrada pelos serviços 
ambulatoriais e hospitalares especializados. Ela é constituída por 
grandes hospitais gerais e especializados, que concentram tecnologia 
de maior complexidade e devem oferecer à população atendimento 
de excelência, servindo de referência para outros serviços, sistemas 
e programas em saúde.
As áreas hospitalares que compõem o atendimento de grande 
complexidade no Sistema Único de Saúde (SUS) estão organizadas 
para a realização de procedimentos que envolvem alta tecnologia e/
ou alto custo, como oncologia, cardiologia, oftalmologia, transplantes, 
parto de alto risco, traumato-ortopedia, neurocirurgia, diálise (para 
pacientes com doença renal crônica), otologia (para o tratamento de 
doenças no aparelho auditivo). A atenção terciária envolve também 
a assistência em cirurgia reparadora (de mutilações, traumas ou 
queimaduras graves), cirurgia bariátrica (para os casos de obesidade 
mórbida), cirurgia reprodutiva, reprodução assistida, genética clínica, 
terapia nutricional, distrofia muscular progressiva, osteogênese 
imperfeita (doença genética que provoca a fragilidade dos ossos) 
e fibrose cística (doença genética que acomete vários órgãos do 
corpo causando deficiências progressivas). Entre os procedimentos 
ambulatoriais de alta complexidade estão a quimioterapia, a 
radioterapia, a hemoterapia, a ressonância magnética e a medicina 
nuclear, além do fornecimento de medicamentos excepcionais.
Fonte: Disponível em: <http://goo.gl/wTnpWI>. Acesso em 23 jun. 2016.
Atividade de Estudos:
1) Quais as diferençasque você observa entre os níveis de média e 
alta complexidade em saúde?
 __________________________________________________
 __________________________________________________
 __________________________________________________
 __________________________________________________
 __________________________________________________
SiStemaS de Saúde no BraSil Capítulo 1 
27
Caro(a) pós-graduando(a), como você viu são diversos os atores que 
cooperam para que o sistema de saúde possa atender à população e, 
historicamente, a organização em níveis de complexidade vem sendo utilizada 
para efetivar o atendimento, de forma escalonada do ponto de vista de 
complexidade, tentando, dessa forma, garantir o atendimento em sua plenitude 
total.
Entretanto, o próximo passo que vem sendo dado na estrutura de atendimento 
à saúde passa pela modificação dessa realidade, buscando atuar na forma de 
redes de atenção à saúde (RAS). O objetivo é conseguir uma maior interação 
entre os diversos níveis e entre os diversos atores.
No Brasil, o governo federal já tem implantadas algumas redes de atenção, 
como, por exemplo, a Rede Cegonha, responsável pelo atendimento das 
gestantes, a Rede Urgências, englobando desde o atendimento pré-hospitalar 
(Serviço Médico de Urgência - SAMU) até hospitais de referência e a Rede de 
Atendimento Oncológico.
Observe o texto abaixo para que possa ter um primeiro vislumbre do que 
parece ser o futuro do sistema de atenção.
MODELOS ASSISTENCIAIS: SISTEMAS, MODELOS 
E REDES DE ATENÇÃO À SAÚDE
Os Sistemas de Atenção à Saúde:
Os sistemas de atenção à saúde são definidos pela Organização 
Mundial da Saúde como o conjunto de atividades cujo propósito 
primeiro é promover, restaurar e manter a saúde de uma população. 
Então, os sistemas de atenção à saúde são respostas sociais, 
organizadas deliberadamente, para responder às necessidades, 
demandas e representações das populações, em determinada 
sociedade e em certo tempo.
Os sistemas de atenção à saúde apresentam os seguintes 
objetivos: O alcance de um nível ótimo de saúde, distribuído de forma 
equitativa; A garantia de uma proteção adequada dos riscos para 
todos os cidadãos; O acolhimento humanizado de todos os cidadãos; 
A garantia da prestação de serviços efetivos e de qualidade; A 
garantia da prestação de serviços com eficiência. (MENDES, 2002). 
28
 Organização e Planejamento Hospitalar
Os sistemas de serviços de saúde podem apresentar-se, 
na prática social, por meio de diferentes formas organizacionais. 
Na experiência internacional contemporânea, as tipologias mais 
encontradas são de sistemas fragmentados e redes de atenção à 
saúde.
Os sistemas fragmentados de atenção à saúde, fortemente 
hegemônicos, são aqueles que se (des) organizam através de um 
conjunto de pontos de atenção à saúde isolados e incomunicados 
uns dos outros e que, por consequência, são incapazes de prestar 
uma atenção contínua à população. Em geral, não há uma população 
descrita de responsabilização. Neles, a atenção primária à saúde não 
se comunica fluidamente com a atenção secundária à saúde e, esses 
dois níveis, também não se comunicam com a atenção terciária à 
saúde. Diferentemente, os sistemas integrados de atenção à saúde 
são aqueles organizados através de uma rede integrada de pontos 
de atenção à saúde que presta uma assistência contínua e integral a 
uma população definida, com comunicação fluida entre os diferentes 
níveis de atenção à saúde.
Nos modelos fragmentados de atenção à saúde, predomina 
uma visão de uma estrutura hierárquica, definida por níveis de 
“complexidades” crescentes, e com relações de ordem e graus de 
importância entre os diferentes níveis. 
Esta concepção de sistema hierarquizado, organizado por 
níveis de atenção segundo uma complexidade crescente, tem sérios 
problemas. Ela fundamenta-se num conceito de complexidade 
equivocado, ao estabelecer que a atenção primária à saúde 
é menos complexa do que a atenção nos níveis secundário e 
terciário. Tal visão distorcida de complexidade leva, consciente ou 
inconscientemente, a uma banalização da atenção primária à saúde 
e a uma sobrevalorização, seja material, seja simbólica, das práticas 
que exigem maior densidade tecnológica e que são exercitadas 
nos níveis secundário e terciário de atenção à saúde. Nas redes de 
atenção à saúde, essa concepção de hierarquia é substituída pela 
de poliarquia e o sistema organiza-se sob a forma de uma rede 
horizontal de atenção à saúde. Assim, nas redes de atenção à saúde 
não há uma hierarquia entre os diferentes pontos de atenção à saúde, 
mas a conformação de uma rede horizontal de pontos de atenção 
à saúde de distintas densidades tecnológicas, sem ordem e sem 
grau de importância entre eles. Todos os pontos de atenção à saúde 
SiStemaS de Saúde no BraSil Capítulo 1 
29
são igualmente importantes para que se cumpram os objetivos das 
redes de atenção à saúde. Apenas se diferenciam pelas diferentes 
densidades tecnológicas que caracterizam os diversos pontos de 
atenção à saúde.
A figura que segue procura ilustrar essa mudança de um sistema 
hierárquico, nos níveis de atenção primária, secundária e terciária à 
saúde, para uma rede horizontal integrada, organizada a partir de 
um centro de comunicação, o ponto da atenção primária à saúde, 
representado pelo círculo central.
A figura anterior aponta para mudança radical da organização 
dos sistemas de atenção à saúde que não pode se limitar a uma 
inversão destes sistemas, como é proposto frequentemente. Porque 
não se trata, apenas, de inverter a forma piramidal, mas de subvertê-
la, substituindo-a por outra forma organizacional, de qualidade 
inteiramente distinta, a rede poliárquica de atenção à saúde.
Fonte: Disponível em: <https://goo.gl/pt2XPe>. Acesso em: 07 jun. 2016.
30
 Organização e Planejamento Hospitalar
ALGumAS ConSiderAçõeS
Neste capítulo, estudamos os atores envolvidos no sistema de saúde 
brasileiro e pudemos observar a alta complexidade existente, ocorrendo uma 
interação entre atores internos e externos, fazendo com que o sistema de saúde 
funcione.
Vimos, também, os diversos níveis de atenção à saúde, conhecendo o 
funcionamento e o que significa a atenção primária, secundária e terciária.
Por fim, tivemos um vislumbre do que pode ser o futuro desse sistema, algo 
que já ocorre em setores específicos, que é o funcionamento do sistema por meio 
de redes de atenção especializadas, citando os exemplos da rede de atenção a 
urgências e emergências e a rede cegonha.
Esperamos que tenha captado os postulados descritos, lembrando que há 
muito mais e o aprofundamento demandará leitura de novos textos.
referênCiAS
BRASIL. Conselho Nacional de Secretários de Saúde. A atenção primária e 
as redes de atenção à saúde/Conselho Nacional de Secretários de Saúde. 
Brasília: CONASS, 2015.
ERDMANN A. L. et al. A atenção secundária em saúde: melhores práticas na 
rede de serviços. Revista Latino-Americana de Enfermagem. jan./fev. 2013. 
Disponível em: <http://goo.gl/dYgdHO>. Acesso em: 23 jun. 2016.
MENDES, E. V. A atenção primária à saúde no SUS. Fortaleza: Escola de 
Saúde Pública do Ceará, 2002.
OMS/UNICEF. Relatório da conferência internacional sobre cuidados de 
saúde Alma-Ata. URSS, 6-12 de setembro de 1978. 
SABOURIN, E. Desenvolvimento territorial e abordagem territorial: conceitos, 
estratégias e atores. In: SABOURIN, E.; TEIXEIRA, O. A. (Ed.). Planejamento 
e desenvolvimento dos territórios rurais – conceitos, controvérsias, 
experiências. Brasília: Embrapa Informação Tecnológica, 2002.
SiStemaS de Saúde no BraSil Capítulo 1 
31
SOUZA, H. J. Como se faz análise de conjuntura. 11. ed. Petrópolis: Vozes, 
1991.
VIEIRA, C. O papel dos principais atores da saúde e sua interação. In: 
SEMINÁRIO ESTADUAL SOBRE A QUESTÃO DA SAÚDE. Belo Horizonte, 
2009. Anais... Belo Horizonte: FUNDAMIG; AHMG; Unimed-BH; BI Social 
Quaresma; InstitutoMário Penna, 2009.
32
 Organização e Planejamento Hospitalar
CAPÍTULO 2
SiSTemA HoSPiTALAr
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 Conhecer a evolução dos hospitais no mundo e o sistema hospitalar brasileiro.
 Descrever a função dos hospitais e suas complexidades.
34
 Organização e Planejamento Hospitalar
35
SiStema HoSpitalar Capítulo 2 
ConTexTuALizAção
O sistema hospitalar surgiu, de forma insipiente há muitos anos, tendo uma 
evolução constante que foi sendo aprimorada.
Egípcios, gregos, mesopotâmios, chineses e outros povos, tiveram um papel 
importante na evolução do sistema hospitalar, culminando na idade média em que 
surgiu o primórdio do que hoje conhecemos como um hospital.
Conhecer esta história e reconhecer dentro de sua evolução quais os 
hospitais existentes, é de suma importância para compreender e entender o 
sistema hospitalar atual.
evoLução doS HoSPiTAiS
A palavra hospital é originária do latim hospitalis, adjetivo derivado 
de hospes (hospedeiro, estrangeiro, visitante) porque nesses locais 
eram recebidas pessoas pobres e peregrinas. (GÓES, 2004).
O termo hospital tem hoje a mesma acepção de nosocomium, 
de fonte grega, cuja significação é – tratar os doentes. Assim, como 
nosodochium quer dizer – receber os doentes. (LISBOA, 2002).
Para compreendermos a acepção de hospital utilizada atualmente, 
necessitamos ir um pouco antes, ao princípio dos tempos. Na antiguidade, os 
conceitos de saúde e doença eram tratados como frutos de magia e influência 
dos deuses e deusas. Não havia conceitos biológicos, como os utilizados na 
atualidade. Os pacientes eram tratados como se os problemas de saúde fossem 
por ira dos deuses, por pecados da pessoa ou da população, quando das grandes 
epidemias. Isso pode ser observado em diversas civilizações, como a Egípcia, a 
Grega (Asclépio, Higéia e Panaceia). Esse conceito chegou muito próximo de nós 
no tempo das civilizações, em que a peste, responsável por dizimar grande parte 
da população europeia na Idade Média, foi tratada como um castigo de Deus. 
Nessa época, o conceito de hospital ainda não existia como o conhecemos, 
nem tampouco como abrigo, conceito que foi criado um pouco mais adiante.
A palavra hospital é 
originária do latim 
hospitalis.
36
 Organização e Planejamento Hospitalar
Figura 2 - A peste
Fonte: Disponível em: <http://www.jmrezende.com.br/
pinturas.html>. Acesso em: 10 jul. 2016.
Embora o conceito de hospital, como o conhecemos, ou mesmo como casa 
de abrigo, que foi sua vocação inicial, como veremos adiante, ainda não existisse, 
a prática da medicina remonta a milhares de anos. Na Babilônia, a prática da 
medicina era realizada nos mercados públicos, conforme relato de Heródoto, o 
grande historiador de Halicarnassus:
 
Os doentes eram conduzidos ao mercado, porque não existiam 
médicos. Os que passavam pelo doente interpelavam-no com 
o intuito de verificar se eles próprios tinham sofrido o mesmo 
mal ou sabiam de outros que tivessem tido. Podiam assim 
propor o tratamento que lhes fora eficaz ou eficaz na cura de 
pessoas de suas relações. E não era permitido passar pelo 
doente em silêncio. Todos deviam indagar a causa da sua 
moléstia. (BRASIL, 1965, p. 8).
O conceito da ação do médico se encontrava bem estabelecido já na 
época, tendo uma parte do famoso Código Hammurabi (2.250 A.C.) descrito os 
honorários, responsabilidades e punições para o profissional que exercesse a 
Figura 3 – Código de Hammurabi
37
SiStema HoSpitalar Capítulo 2 
Figura 3 – Código de Hammurabi
Fonte: Disponível em: <http://goo.gl/Rli3Zg>. Acesso em: 12 jul. 2016.
CÓDIGO DE HAMMURABI
XIII - MÉDICOS E VETERINÁRIOS; ARQUITETOS E 
BATELEIROS
(SALÁRIOS, HONORÁRIOS E RESPONSABILIDADE)
215º - Se um médico trata alguém de uma grave ferida com a 
lanceta de bronze e o cura ou se ele abre a alguém uma incisão com 
a lanceta de bronze e o olho é salvo, deverá receber dez siclos.
216º - Se é um liberto, ele receberá cinco siclos.
217º - Se é o escravo de alguém, o seu proprietário deverá dar 
ao médico dois siclos.
218º - Se um médico trata alguém de uma grave ferida com a 
lanceta de bronze e o mata ou lhe abre uma incisão com a lanceta de 
bronze e o olho fica perdido, se lhe deverão cortar as mãos.
38
 Organização e Planejamento Hospitalar
219º - Se o médico trata o escravo de um liberto de uma ferida 
grave com a lanceta de bronze e o mata, deverá dar escravo por 
escravo.
220º - Se ele abriu a sua incisão com a lanceta de bronze o olho 
fica perdido, deverá pagar metade de seu preço.
221º - Se um médico restabelece o osso quebrado de alguém 
ou as partes moles doentes, o doente deverá dar ao médico cinco 
siclos.
222º - Se é um liberto, deverá dar três siclos.
223º - Se é um escravo, o dono deverá dar ao médico dois 
siclos.
Fonte: Disponível em: <http://goo.gl/UAdl1R>. Acesso em: 13 jul. 2016.
Os assírios começaram a tomar corpo nos estudos médicos. Estudaram 
diversos preparos, porém, ainda assim, o “encantamento” era tido em grande 
conta. Dessa forma, os médicos assírio-babilonescos exerceram sua atividade até 
no Egito. 
Textos médicos ou paramédicos dos tempos assírio-babilonescos, os mais 
remotos da história da medicina, oferecem documentos sobre a atividade médica 
na Mesopotâmia, desde três mil anos antes da era cristã (BRASIL, 1965). A maior 
parte dos textos ainda existentes são oriundos da biblioteca do palácio de NINIVE 
e foi reunida pelo rei ASSUBANIPAL (668-625 A.C.). Receitas simples ou mais 
complexas estavam descritas e, em muitas delas, a purificação por meios físicos 
e o encantamento, utilizando-se de artifícios como o sacrifício de animais.
Como pudemos observar, a história da medicina tem suas origens em época 
bem mais remota do que a dos hospitais. Inclusive no Egito, a medicina ganhou 
proporções. Havia, na época, especialistas, como podemos observar nas palavras 
de Heródoto:
A medicina no Egito está subdividida de modo que cada 
médico cura apenas uma enfermidade; o país está repleto 
de médicos dos quais uns são médicos dos olhos, outros 
da cabeça, outros dos dentes, outros do abdome e outros 
também para as moléstias invisíveis. (BRASIL, 1965, p. 10). 
39
SiStema HoSpitalar Capítulo 2 
A partir da estruturação da medicina, mas, principalmente, da necessidade de 
ter um local de acolhida para os enfermos e, também, para os pobres e viajantes, 
é que se iniciou o conceito de hospital como dito anteriormente. O homem 
preocupado, a princípio, apenas com o bem-estar de sua família, foi obrigado, 
com o correr dos tempos e para sua própria defesa, a se interessar pela saúde 
dos seus semelhantes, quando o aumento da população e a intensificação do 
tráfego demonstraram a necessidade de proteção coletiva. 
O desenvolvimento das religiões, principalmente a cristã, fez com que o 
movimento crescesse, atingindo proporções e fazendo surgir centros de acolhida.
Cabe ressaltar, entretanto, que, em civilizações mais antigas, encontramos os 
primórdios das instituições hospitalares: no Egito, temos o templo de Saturno. No 
tempo da fundação de Alexandria, existiram os templos de Serapis, IsisSerapieia 
e Isieria, segundo o modelo das Asclepieia gregas, locais onde os enfermos eram 
acolhidos, recebidos por sacerdotes e, então, agraciados por meio de rituais de 
cura com sua melhora. (LISBOA, 2002).
No princípio dos registros existentes de civilização, o conceito de hospital 
e, inclusive, de tratamento dos enfermos eram muito distantes do atualmente 
utilizado. 
Você encontrará ainda na literatura outros termos para definição de hospital, 
tais como os descritos no quadro que segue:
Quadro 1 – Diversas definições da palavra hospital
Fonte: Adaptado de Lisboa (2002).
Palavras Significado
Gynetrophyum Hospital para mulheres
Ptochodochium, potochotrophium Asilo para pobres
PoedotrophiumAsilo para crianças
Gerontokomium Asilo para velhos
Xenodochium, xenotrophium Asilo e refúgio para viajantes e estrangeiros
Arginaria Asilo para os incuráveis
Orphanotrophium Orfanato
Hospitium Lugar onde hóspedes eram recebidos
Asylum Abrigo ou algum tipo de assistência aos loucos
40
 Organização e Planejamento Hospitalar
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 
seu informe técnico 122 de 1957, em uma reunião na cidade de 
Genebra, hospital foi definido como:
Parte integrante de um sistema coordenado de saúde 
cuja função é dispensar a comunidade completa 
assistência à saúde, tanto curativa quanto preventiva, 
incluindo serviços extensivos a família, em seu 
domicílio, e ainda um centro de formação para os 
que trabalham no campo da saúde e para pesquisas 
biossociais. (OMS, 1957, p. 4).
Como dito anteriormente, é com a religião também que se inicia a “construção” 
dos hospitais, que, como vimos acima, eram mais casas de repouso. A história do 
hospital no mundo teve início com o imperador Constantino, em 335 d.C., que, 
pela fé cristã, fez destruir os templos de Esculápio e, no lugar, construir o hospital 
de Constantinopla para atender estrangeiros e peregrinos.
Toledo (2006) relata que, na Idade Média, a assistência aos enfermos era 
realizada nas praças e mercados, em caráter não oficial para os pobres, e, 
em caráter oficial, no interior dos mosteiros ou em edificações anexas a estes, 
tendo como finalidade dar conforto e assistência, porém procedimentos médicos 
raramente eram realizados. Assim, eles tinham como função separar e excluir os 
pobres e enfermos do restante da população.
Este conceito foi abordado por Foucault (1979, p. 59), em sua obra “A 
microfísica do poder”. Veja:
O Hospital que funcionava na Europa desde a Idade Média: 
não era de modo algum, um meio de cura, não era um 
concebido para curar... Antes do século XVIII o hospital era 
essencialmente uma instituição de assistência aos pobres. 
Instituição de assistência como também, de separação e 
exclusão. O pobre como pobre tem necessidade de assistência 
e, como doente, portador de doença e de possível contágio é 
perigoso.
Assim, vemos como no princípio a finalidade do “hospital” parece não ter sido 
tão nobre.
41
SiStema HoSpitalar Capítulo 2 
FOUCAULT, M. Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Graal, 1979. 
Microfísica do poder é uma coletânea de artigos, cursos, 
entrevistas e debates em que Foucault analisa questões relacionadas 
à medicina, à psiquiatria, à geografia, à economia, mas também ao 
hospital, à prisão, à justiça, ao Estado, ao papel do intelectual, à 
sexualidade, etc.
O novo conceito de hospital ganhou a nomenclatura de Hospital 
Geral, ou seja, começou-se a misturar doentes com enfermidades 
variadas junto a loucos, devassos, prostitutas, etc.
Nas palavras de Foucault (1979, p. 102):
[...] o hospital geral, lugar de internamento onde 
se justapõem e se misturam doentes, loucos, 
devassos, prostitutas, etc., é ainda, em meados 
do século XVII, uma espécie de instrumento 
misto de exclusão, assistência e transformação 
espiritual, em que a função médica não aparece.
Na Europa, surgem os grandes hospitais no século XIII: O Espírito 
Santo em Roma; o Hotel Dieu em Paris; São Tomás e São Bartolomeu 
em Londres. Os hospitais medievais funcionavam conforme o Livro 
da Regra do Espírito Santo. Nele, falava-se das práticas de higiene 
preconizadas nestes locais, na Idade Média. Devido ao fato de 
práticas de higiene serem incomuns nas cidades medievais, às vezes, 
sua adoção era suficiente para curar alguns doentes. (MARINELLI, 
2006).
Temos que lembrar da complexidade existente nessa época, quando a 
história nos conta, por exemplo, que o Hotel Dieu, em Paris, poucos anos após 
sua fundação, em 1651, abrigava cerca de 6.000 pessoas, cerca de 1% da 
população de Paris da época. Isso é algo impensável para os conceitos atuais. 
(CARVALHO, 2014).
Seguindo a lógica do isolamento, os leprosários (casas de tratamento da 
lepra), surgiram no século XI como forma de isolamento dos doentes por ser 
uma doença contagiosa e de aspecto desagradável. Na maioria das vezes, eram 
instituições administradas por ordens religiosas.
O novo conceito de 
hospital ganhou a 
nomenclatura de 
Hospital Geral, ou 
seja, começou-se 
a misturar doentes 
com enfermidades 
variadas junto a 
loucos, devassos, 
prostitutas, etc.
Na Europa, surgem 
os grandes hospitais 
no século XIII: O 
Espírito Santo em 
Roma; o Hotel 
Dieu em Paris; 
São Tomás e São 
Bartolomeu em 
Londres.
42
 Organização e Planejamento Hospitalar
Nessa época, o personagem central do hospital, até o século XVIII, não era 
o doente que precisava se curar, mas o pobre que estava morrendo. O hospital 
dessa época era um morredouro, um lugar onde morrer. Quem lá trabalhava, na 
maioria dos casos, fazia-o para buscar sua própria salvação, por meio de um ato 
de caridade para com o próximo.
A transformação desse depositário de pobres e esquecidos em hospital 
médico e terapêutico surgiu somente no século XVIII. Segundo Calvo (2002, p. 
39):
Essa transformação ocorreu por motivos econômicos e 
políticos. Por um lado, os hospitais militares eram locais 
escolhidos para empreendimento de fugas, deserções ou 
contrabandos. Muitos soldados fingiam estar doentes para, 
uma vez internados nos hospitais, fugirem ao duro regime 
de treinamento e trabalho militar; outros aproveitavam uma 
internação na chegada do mar para não passar na alfândega. 
Por outro lado, as doenças armazenadas nos hospitais 
estavam se espalhando na população, fazendo muitos outros 
novos doentes. Surgiu, assim, a necessidade de controlar o 
hospital para evitar que as doenças se espalhassem e que 
pacientes fugissem.
A transformação do sistema hospitalar em um sistema de cura, então de 
repositório, passa pela evolução do saber médico, tornando-se o médico um 
elemento-chave deste desenvolvimento. Nas palavras de Foucault (1979, p. 63): 
“A partir do momento em que o hospital é concebido como um instrumento de 
cura, e a distribuição do espaço torna-se um instrumento terapêutico, o médico 
passa a ser o principal responsável pela organização hospitalar”.
Na América, o primeiro hospital foi construído no México 
em meados de 1524. A instituição recebeu o nome de Hospital da 
Puríssima Conceição, e posteriormente de Jesus Nazareno. Anos 
seguintes foi fundado o Hospital de São Lázaro com acomodações 
para 400 pacientes e o Hospital Real, também na cidade do México. 
(MARINELLI, 2006).
Outros hospitais foram sendo erguidos em outros países das Américas. 
Assim, temos no Canadá, o Hôtel-Dieu, fundado pela Duquesa de Aiguillon, em 
1639, em Sillery, e mais tarde transferido para Quebec, onde ainda está sob 
responsabilidade dos Hospitalières de la Miséricorde de Jesus.
43
SiStema HoSpitalar Capítulo 2 
Figura 4 – Hôtel-Dieu (Paris)
Fonte: Disponível em: <https://goo.gl/Hx9ff2>. Acesso: 15 jul. 2016.
Nos Estados Unidos, o primeiro hospital foi erguido na ilha de Manhattan, 
por volta de 1663, “[...] a pedido do cirurgião Hendricksen Varrevanger, para a 
recepção dos soldados doentes que haviam sido previamente alojados em casas 
de famílias privadas, e para os negros da Companhia das Índias Ocidentais.”. 
(MARINELLI, 2006). 
O mais antigo hospital na cidade de New York é o New York Hospital, 
fundado em 1770 por contribuições particulares e doações vindas de Londres. 
(MARINELLI, 2006).
Caro(a) pós-graduando(a), para aprofundar seus conhecimentos 
sobre o surgimento dos hospitais, sugerimos a leitura do seguinte 
texto: 
BRASIL. Ministério da Saúde. História e evolução dos hospitais. 
Rio de Janeiro, 1965. Disponível em: <http://goo.gl/GBNwvs>. 
Acesso em: 05 jul. 2016.
o SiSTemA HoSPiTALAr BrASiLeiro
No Brasil, o primeiro hospital criado foi a Santa Casa de Misericórdia de 
Santos, por Brás Cubas, em 1543, 43 anos após a descoberta do Brasil. D. João 
44
 Organizaçãoe Planejamento Hospitalar
III concedeu-lhe o alvará real de privilégios em 2 de abril de 1551. Alguns anos 
após a fundação deste, Olinda, em Pernambuco, construiu seu hospital e, antes 
do fim do século XVI, São Paulo criou a sua Santa Casa. (GÓES, 2004).
SANTA CASA DE MISERICÓRDIA - EVOLUÇÃO
A construção do segundo prédio da Santa Casa de Misericórdia 
foi concluída em 1665, no Campo da Misericórdia, atual Praça 
Visconde de Mauá. O terceiro, inaugurado pelo Dr. Claudio Luiz da 
Costa em 1836 junto ao morro de São Jerônimo, atual Monte Serrat, 
foi parcialmente destruído por um deslizamento de terra em 1928. O 
conjunto atual, único remanescente, foi inaugurado pelo Presidente 
Getúlio D. Vargas em 1945, com 1.400 leitos.
Fonte: Disponível em: <http://goo.gl/K4AzvO>. Acesso em: 14 jul. 2016.
Assim, na época do Brasil Colônia, os hospitais que surgiram 
tiveram como modelo as Santas Casas de Portugal, cujo objetivo era 
de prestar caridade e abrigar pobres e desabrigados, principalmente 
quando doentes ou por morrer, seguindo a lógica das casas de 
acolhimento europeias, modelo que vimos anteriormente.
Na década de 1930, o sistema de saúde avançou e foram 
construídos mais hospitais e também postos de saúde para o atendimento da 
população, como o caso do Hospital das Clínicas, da Faculdade de Medicina de 
São Paulo, cuja construção se iniciou em 1938, porém só foi inaugurado em 1944, 
e hoje se consolida como um dos maiores complexos hospitalares do Brasil.
O Hospital das Clínicas foi inaugurado em 19 de abril de 1944, 
pelo interventor federal Fernando Corrêa da Costa, dentro das 
solenidades comemorativas do aniversário natalício do presidente 
Getúlio Vargas. O edifício seguiu a mais moderna arquitetura da 
época. Construído em cimento armado tinha a forma de “H” geminado 
com uma área física de 4.600 metros quadrados, distribuídos em 
11 andares, com capacidade para 1.200 leitos, 207 enfermarias, 
17 salas cirúrgicas, 106 quartos de um a dois leitos, 125 conjuntos 
sanitários e 600 outras dependências.
Na época do Brasil 
Colônia, os hospitais 
que surgiram 
tiveram como 
modelo as Santas 
Casas de Portugal.
45
SiStema HoSpitalar Capítulo 2 
Com o passar dos anos, diante da necessidade de 
aprofundamento da pesquisa e da falta de espaço físico para os 
atendimentos dos doentes, foram criados o Instituto de Ortopedia e 
Traumatologia; Instituto de Psiquiatria; Instituto do Coração; Instituto 
da Criança e o Instituto de Radiologia.
Fonte: Disponível em: <http://goo.gl/0lqi5D>. Acesso em: 15 jul. 2016.
Figura 5 - Complexo Hospitalar do Hospital das Clínicas-SP
Fonte: Disponível em: <http://goo.gl/FRcsMU>. Acesso em: 15 jul. 2016.
No século XX, surgiram os primeiros hospitais particulares no Brasil com 
objetivos lucrativos, inicialmente de propriedade de médicos. A partir de 1960, 
começaram a surgir os hospitais próprios da medicina de grupos, envolvendo 
tanto os grupos médicos quanto as cooperativas médicas, e, atualmente, grupos 
estrangeiros de investidores, que viram na saúde um novo filão lucrativo.
O fato gerador e potencializador da evolução da medicina 
privada no Brasil, por mais contraditório que possa parecer 
foi a garantia de acesso universal à saúde. Com este fato, 
os problemas já existentes no sistema hospitalar público 
brasileiro da época ficaram expostos e exacerbados diante da 
enorme demanda criada. A saída que o governo concebeu, ao 
perceber que não teria como absorver toda esta demanda, foi 
estimular a rede privada a crescer, abrindo um espaço cada 
vez maior para o crescimento do setor privado de saúde. 
(TOLEDO, 2006, p. 11).
Assim, hoje, no Brasil, o sistema hospitalar atua de forma mista, sendo 
permitida a atuação tanto de estruturas públicas quanto privadas, de forma a 
46
 Organização e Planejamento Hospitalar
suprir as necessidades da população. O Brasil possui aproximadamente 6.657 
hospitais e destes 70% são privados. Os outros trinta por cento dividem-se sob a 
responsabilidade das três esferas do poder público: municipal 21%, estadual 8% e 
federal 1%. (BRASIL, 2016).
O sistema hospitalar privado brasileiro se encontra em franca expansão, 
principalmente, devido ao espaço que o setor público acaba por deixar. Entretanto, 
apesar da forte expansão, com a entrada de investidores estrangeiros, esse 
processo é ainda muito recente. Observamos isso ao constatar que a entidade 
representativa dos hospitais privados de excelência ANAHP tem apenas 15 anos 
de existência.
INSTITUCIONAL ANAHP
Há pouco mais de dez anos, o sistema privado de saúde 
passava por um momento crítico em nosso país. O risco de 
desequilíbrio de poder entre as operadoras de planos de saúde e 
os prestadores de serviços médico-hospitalares era visível. As 
operadoras não possuíam um padrão de atuação, e cada empresa 
definia seu próprio modelo de relacionamento com o mercado. Com 
o passar dos anos, percebemos que aquele cenário não retratava 
necessariamente uma crise, mas uma desorganização do setor. A 
partir desse panorama e premido por essa realidade, um grupo de 
hospitais privados, que enfrentava desafios similares, reuniu-se em 
maio de 2001 para compartilhar experiências e buscar soluções. 
Após várias discussões, os 23 hospitais presentes chegaram a 
uma conclusão: Instituir um órgão para defender os interesses e 
necessidades do setor e expandir as melhorias alcançadas pelas 
instituições privadas para além das fronteiras da saúde suplementar, 
favorecendo a todos os brasileiros. O sonho e o desejo desses 
hospitais tornaram-se realidade com a constituição da Anahp por 
meio da Carta de Brasília, que reúne as diretrizes e objetivos da 
associação. A Anahp é uma entidade civil, sem fins lucrativos, e de 
âmbito nacional, representativa dos principais hospitais privados de 
excelência do país. A associação foi criada em 11 de maio de 2001, 
durante o 1º Fórum Top Hospital, em Brasília e fundada em setembro 
do mesmo ano. Desde sua fundação, a Anahp tem a vocação 
do debate construtivo, com fundamentação técnica e interesse 
voltados para a melhoria da qualidade da assistência médico-
hospitalar brasileira. Por essas contribuições, tornou-se parceira 
importante da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) pela 
capacidade de aprofundar as discussões sobre regulamentação e 
47
SiStema HoSpitalar Capítulo 2 
de estabelecer padrões de qualidade para as redes assistenciais, 
principalmente durante o longo processo de contratualização entre 
as operadoras e sua rede hospitalar. Atualmente, a entidade ocupa 
uma função estratégica no desdobramento de temas fundamentais 
à sustentabilidade do sistema. Representante de hospitais 
reconhecidos pela certificação de qualidade e segurança no 
atendimento hospitalar, além de promover ações que transcendem 
os interesses dos Hospitais Membros, a Anahp está preparada para 
fortalecer o relacionamento setorial e contribuir para a reflexão sobre 
o papel da saúde privada no país.
Fonte: Disponível em: <http://goo.gl/JhZyIg>. Acesso em: 15 jul. 2016.
Resumidamente, a realidade hospitalar brasileira está composta por um 
número cada vez maior de hospitais privados, graças a um espaço existente e 
não ocupado pelo sistema público.
Figura 6 – Hospitais no Brasil de acordo com Federação Brasileira de Hospitais
Fonte: Disponível em: <http://goo.gl/lHZHJz>. Acesso em: 15 jul. 2016.
48
 Organização e Planejamento Hospitalar
Como vimos anteriormente, a maioria dos hospitais são privados, mas cerca 
de 60% tem menos do que 50 leitos. Assim, apesar de a rede privada ter a maioria 
dos hospitais, não possui a maioria dos leitos, sendo, do total de 491.589 leitos 
hospitalares existentes no país, 337.828 do SUS e 153.761 privados. (BRASIL, 
2016).
Figura 7 – Leitos Hospitalares no Brasil
Fonte: Disponível em: <http://goo.gl/vvdFSj>. Acesso em: 15 jul. 2016.
Entretanto, é importante recordar que o SUS “compra” leitos da rede privada, 
os chamados leitosconveniados, o que faz com que os leitos SUS acabem sendo 
a maioria no país.
nÍveiS de ComPLexidAde HoSPiTALAr
Os hospitais podem ser classificados de acordo com o nível de complexidade 
de atendimento que oferecem.
Os níveis de atendimento na saúde são distribuídos em baixa, média e alta 
complexidade.
A baixa complexidade é representada dentro do sistema pelos serviços 
da atenção primária ou básica, aqui envolvidos os serviços de ESF (Estratégia 
Saúde da Família), agentes comunitários e algumas ações exercidas dentro dos 
49
SiStema HoSpitalar Capítulo 2 
ambulatórios. No sistema hospitalar, normalmente, este tipo de atenção não é 
realizado.
Nas palavras do Ministério da Saúde (BRASIL, 2007, p. 16):
A atenção básica caracteriza-se por um conjunto de ações 
de saúde, no âmbito individual e coletivo, que abrangem a 
promoção e a proteção da saúde, a prevenção de agravos, 
o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação e a manutenção 
da saúde. É desenvolvida por meio do exercício de práticas 
gerenciais e sanitárias, democráticas e participativas, sob 
forma de trabalho em equipe, e dirigidas a populações 
de territórios bem delimitados, pelas quais assume a 
responsabilidade sanitária, considerando a dinamicidade 
existente no território em que vivem essas populações. 
Utiliza tecnologias de elevada complexidade e baixa 
densidade, que devem resolver os problemas de saúde de 
maior frequência e relevância em seu território. É o contato 
preferencial dos usuários com os sistemas de saúde. Orienta-
se pelos princípios da universalidade, da acessibilidade e 
da coordenação do cuidado, do vínculo e da continuidade, 
da integralidade, da responsabilização, da humanização, da 
equidade e da participação social.
Figura 8 – Unidade básica de saúde
Fonte: Disponível em: <http://goo.gl/la13BS>. Acesso em: 15 jul. 2016.
A média complexidade, por sua vez, é descrita como sendo: 
A média complexidade ambulatorial é composta por ações e 
serviços que visam atender aos principais problemas e agravos 
de saúde da população, cuja complexidade da assistência 
na prática clínica demande a disponibilidade de profissionais 
especializados e a utilização de recursos tecnológicos para o 
apoio diagnóstico e tratamento. (BRASIL, 2007, p. 16). 
Observe que, na descrição, indica-se a média complexidade como sendo 
50
 Organização e Planejamento Hospitalar
de procedimentos que, muitas vezes, podem ser realizados ambulatorialmente, 
porém muitos procedimentos, como cirurgias pequenas, por exemplo, a 
colecistectomia, necessitam o suporte hospitalar para sua realização, sendo aqui 
necessários os hospitais de média complexidade.
O Ministério da Saúde, por meio do Departamento de Atenção 
Básica (DAB), informa a relação que compõe os procedimentos de 
média complexidade do Sistema de Informações Ambulatoriais (SIA). 
Veja:
• Cirurgias ambulatoriais especializadas; 
• Procedimentos tráumato-ortopédico; 
• Ações especializadas em odontologia;
• Patologia clínica; 
• Anatomopatologia e citopatologia; 
• Radiodiagnóstico;
• Exames ultrassonográficos; 
• Diagnose;
• Fisioterapia;
• Terapias especializadas;
• Próteses e órteses;
• Anestesia.
Fonte: Disponível em: <http://goo.gl/LuAuaa>. Acesso em: 15 jul. 2016.
Como citamos anteriormente, podemos observar que muitos dos 
procedimentos descritos necessitam de um ambiente hospitalar para sua 
efetivação.
A atenção de alta complexidade necessita de hospitais com maior porte 
cuja atuação esteja respaldada por um nível tecnológico maior e mais complexo, 
possibilitando a realização de procedimentos de maior complexidade.
Conjunto de procedimentos que, no contexto do SUS, envolve 
alta tecnologia e alto custo, objetivando propiciar à população 
acesso a serviços qualificados, integrando-os aos demais 
níveis de atenção à saúde (atenção básica e de média 
complexidade). 
Principais áreas que compõem a alta complexidade do SUS, 
organizadas em redes são:
• assistência ao paciente portador de doença renal crônica (por 
meio dos procedimentos de diálise);
51
SiStema HoSpitalar Capítulo 2 
• assistência ao paciente oncológico;
• cirurgia cardiovascular; cirurgia vascular; cirurgia 
cardiovascular pediátrica;
• procedimentos da cardiologia intervencionista;
• procedimentos endovasculares extracardíacos;
• laboratório de eletrofisiologia;
• assistência em tráumato-ortopedia;
• procedimentos de neurocirurgia;
• assistência em otologia;
• cirurgia de implante coclear;
• cirurgia das vias aéreas superiores e da região cervical;
• cirurgia da calota craniana, da face e do sistema 
estomatognático;
• procedimentos em fissuras labiopalatais;
• reabilitação protética e funcional das doenças da calota 
craniana, da face e do sistema estomatognático; 
• procedimentos para a avaliação e o tratamento dos transtornos 
respiratórios do sono; 
• assistência aos pacientes portadores de queimaduras;
• assistência aos pacientes portadores de obesidade (cirurgia 
bariátrica);
• cirurgia reprodutiva; 
• genética clínica;
• terapia nutricional;
• distrofia muscular progressiva;
• osteogênese imperfecta;
• fibrose cística e reprodução assistida. (BRASIL, 2007, p. 18-
19).
Podemos observar que os procedimentos acima descritos implicam uma 
necessidade de alta tecnologia e um ambiente de alta complexidade para sua 
execução.
Quadro 2 – Quantificação e classificação dos hospitais 
brasileiros por região e complexidade
Fonte: Adaptado de <http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.
exe?cnes/cnv/atencbr.def>.Acesso em: 15 jul. 2016.
Região Hosp - Média complex estadual
Hosp - Média com-
plex municipal
Hosp - Alta com-
plex estadual
Hosp - Alta com-
plex municipal
Total 2.427 5.229 512 1.392
Região norte 295 366 67 52
Região nordeste 767 1.849 123 257
Região sudeste 544 1.846 168 731
Região sul 681 471 97 213
Região centro-
-oeste
140 697 57 139
52
 Organização e Planejamento Hospitalar
Observe que as regiões nordeste e sudeste concentram a maior parte dos 
estabelecimentos hospitalares no país, em grande parte, de média complexidade.
Prezado(a) pós-graduando(a), vimos, nesta seção, que o sistema 
hospitalar, como o conhecemos, é muito recente na história da humanidade e, se 
considerarmos a organização em níveis de complexidade, então, sim, teremos 
uma breve história, que tende a evoluir muito nos próximos anos e, certamente, 
com diferentes abordagens.
COMO É UM HOSPITAL DE ALTA COMPLEXIDADE? 
O termo alta complexidade hospitalar é muito conhecido entre 
os profissionais de saúde, mas, e a população em geral, sabe 
exatamente do que se trata? No post dessa semana vamos explicar 
um pouco melhor o que isso significa e como um hospital com esse 
perfil pode fazer a diferença no atendimento.
Normalmente quando pensamos em alta complexidade vem 
à mente uma situação de emergência e a necessidade de correr 
para o hospital. No entanto, uma informação é fundamental para 
entendermos o termo: a alta complexidade não está diretamente 
relacionada com uma emergência médica. Uma apendicite, por 
exemplo, é uma emergência, pois precisa de atendimento rápido, 
mas não se enquadra como atendimento altamente complexo.
Já uma cirurgia de coluna pré-agendada não é uma emergência, 
mas é um procedimento complexo. Se houver alguma complicação 
durante ou após a cirurgia, o paciente precisa contar com o apoio 
de uma equipe multiprofissional (cardiologistas, nefrologistas, etc.), 
banco de sangue (caso haja hemorragia) e alta tecnologia de apoio à 
resolução do problema, como exames de imagem de última geração, 
unidade de terapia intensiva, entre outros.
Um hospital focado em alta complexidade pode tanto resolver 
uma apendicite, como as complicações de uma cirurgia eletiva 
(agendada) de coluna, ou mesmo identificar um aneurisma cerebral 
antes do rompimento em uma pessoa que só foi ao pronto-socorro 
por estar com uma forte dor de cabeça.
Esse paciente, por exemplo, pode ser tratado no mesmo 
local com

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