Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Projeto de Máquinas Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Me. Marcelo L. Teruel Revisão Textual: Prof. Esp. Claudio Pereira do Nascimento Fadiga, Eixos, Rolamento • Fadiga – Conceitos; • Eixos – Dimensionamento Quanto à Fadiga; • Rolamentos – Conceitos, Dimensionamento e Seleção. • Compreender a consolidação dos conceitos relativos à fadiga, ao dimensionamento de eixos e ao dimensionamento e seleção de rolamentos; • Abordar os dimensionamentos e os cálculos necessários em um projeto de uma máquina. OBJETIVOS DE APRENDIZADO Fadiga, Eixos, Rolamento Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como seu “momento do estudo”; Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo; No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam- bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados; Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus- são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e de se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Fadiga, Eixos, Rolamento Fadiga – Conceitos Até algum tempo, os engenheiros consideravam, por exemplo, um carregamen- to oscilante ou repetido da mesma forma que um carregamento estático e utiliza- vam altos fatores de segurança. A palavra “fadiga” foi introduzida por Poncelet da França em 1839 (em seu livro). Atualmente, porém, o termo fratura progressiva é provavelmente o mais apropriado a ser utilizado. A fratura por “fadiga” inicia-se por uma minúscula (microscópica) trinca, onde atua uma alta tensão local em uma área crítica, ocorrendo uma concentração de tensões. Além disso, a falha minúscula do material ou as trincas preexistentes es- tão, quase sempre, correlacionadas. Fazendo-se uma inspeção da superfície onde ocorreu a fratura (como mostra- do na figura a seguir) veremos que o local onde a trinca começa, gradualmente vai aumentando a partir de uma “marca”, passando pela próxima, até que a seção se torne suficientemente enfraquecida e dê origem a uma fratura plena ao final da aplicação da carga. Quando isso acontece, podemos afirmar que a tensão excedeu o limite de resistência, com a fratura ocorrendo como no ensaio estático de tração. Figura 1 – Falha por fadiga Fonte: Getty Images Figura 2 a e b – Falha por fadiga Fonte: Adaptado de Getty Images 8 9 Figura 2c – Falha por fadiga Fonte: Wikimedia Commons Uma ampla pesquisa, realizada ao longo do século passado, forneceu uma com- preensão parcial dos mecanismos básicos associados às falhas por fadiga. O trabalho de Fuchs e Stephens (2000) contém alguns dos conceitos básicos elementares úteis à compreensão dos padrões observados de comportamento por fadiga, como segue: • Uma falha por fadiga é consequência de deformações plásticas repetidas. Como exemplo, podemos citar o rompimento de um arame causado por flexões repetidas. Sem um escoamento plástico repetido, as falhas por fadiga não podem ocorrer; • Diferentemente de um arame que pode ser rompido após alguns poucos ci- clos de escoamento plástico, as falhas por fadiga ocorrem, geralmente, após milhares ou até milhões de ciclos de minúsculos escoamentos que, à priori, só podem ser observados por um microscópico. E sabemos que, nestas condi- ções, uma falha por fadiga ocorre com níveis de tensões bem abaixo do ponto de escoamento ou do limite elástico convencionais; • O engenheiro deve prestar atenção em todos os locais potencialmente vulnerá- veis, tais como furos, cantos vivos, roscas, rasgos de chaveta, superfícies arranha- das, pois são nesses locais que ocorreram o escoamento plástico, dando início a uma falha por fadiga. Locais como esses são mostrados na raiz de um entalhe, na figura a seguir. Aumentar a resistência desses locais vulneráveis, em geral, é tão eficaz quanto fabricar todo o componente de um material mais resistente; Figura 3 – Vista ampliada de uma região com fadiga Fonte: Wikimedia Commons 9 UNIDADE Fadiga, Eixos, Rolamento • Porém, se o escoamento for suficientemente minúsculo, o material pode, em contrapartida, aumentar sua resistência, fazendo com que o processo progres- sivo de escoamento seja interrompido. Neste caso, o componente terá, na rea- lidade, se beneficiado dessa leve sobrecarga. Entretanto, quando o escoamento localizado for de um nível significativo, o esforço repetido (cíclico) irá causar uma perda de ductilidade localizada, até que a deformação cíclica imposta à região vulnerável em questão não possa mais ser suportada sem fraturar. A trinca inicial por fadiga geralmente tem como consequência um aumento de concentração de tensões. À medida que a trinca progride, o material na sua raiz fica sujeito a um escoamento reverso, localizado e destrutivo. Quando a trinca fica mais profunda, reduzindo a seção e causando o aumento das tensões, a taxa de propagação da trinca aumenta até que a seção remanescente não seja capaz de suportar a carga aplicada, ocorrendo a fratura final. A prática atual da engenharia baseia-se muito na abundância dos resultados provenientes de ensaios empíricos de fadiga, realizados em diversos materiais, em várias formas, e sujeitos a diversos tipos de cargas e esforços. Os ensaios padronizados por R. R. Moore (1927) são utilizados na determinação da resistência à fadiga de materiais sob um conjunto de condições padronizadas e específicas. A padronização dos resultados obtidos a partir desses ensaios ca- pacitam o engenheiro a estimar o comportamento por fadiga para combinações de materiais, geometria e carregamento. Essa estimativa do comportamento por fadiga caracteriza uma etapa extremamente importante na engenharia moderna. O projeto preliminar de componentes críticos normalmente passa por esse pro- cedimento. Assim, protótipos do projeto preliminar são construídos e testados con- tra fadiga. Os resultados fornecem uma base para o refinamento do projeto prelimi- nar com o objetivo de se chegar a um projeto definitivo e disponível para produção. A figura abaixo representa uma máquina para o teste padronizado de fadiga de uma viga submetida a uma rotação e um esforço, concebido por R. R. Moore. Pode-se verificar que o carregamento imposto pelos quatro mancais localizados simetricamente gera uma área central do corpo-de-prova sujeita a uma flexão pura (isto é, cisalhamento transversal nulo), e que a tensão em qualquer ponto se desen- volve de forma cíclica entre tração, compressão e, novamente, tração para cada rotação do eixo. O nível mais alto da tensão refere-se ao centro do eixo, onde o diâmetro é padro- nizado em 0,300 in. O grande raio de curvatura evita uma concentraçãodas tensões. 10 11 Diversos pesos são escolhidos para propiciar os níveis de tensão desejados. A velocidade do motor é, geralmente, de 1750 rpm. Figura 4 – Máquina de teste de fadiga de um corpo de prova sob rotação (de R. R. Moore) Fonte: Wikimedia Commons Figura 4a – Máquina de teste de fadiga de um corpo de prova sob rotação (de R. R. Moore) Fonte: Adaptado de CALLISTER, 2016 Quando o corpo-de-prova falha, o peso cai, rompendo o contato em C e pa- rando o motor. A quantidade de ciclos até falhar é mostrado em um contador de rotações. Uma grande variedade de ensaios realizados com diversos esforços e uti- lizando corpos-de-prova fabricados cuidadosamente, para se tornarem tão idênticos quanto possível, fornecem resultados que são indicados em um gráfico S (Tensão) x N (número de ciclos). Veja um exemplo na figura a seguir. 11 UNIDADE Fadiga, Eixos, Rolamento Figura 5 – Curva S – N generalizada Fonte: Wikimedia Commons A intensidade da tensão alternada que causa a falha do material, após um de- terminado número de ciclos, é chamada de resistência à fadiga, correspondente àquele número de ciclos de carregamentos. Os variados ensaios realizados em materiais ferrosos mostraram que eles pos- suem um limite de resistência à fadiga, que nada mais é do que o maior nível de tensão alternante que pode ser suportado pelo material indefinidamente, sem que ocorra uma falha. O símbolo usual para esse limite de resistência é Sn. Eixos – Dimensionamento Quanto à Fadiga Definição Eixos são elementos de construção mecânica que se destinam a suportar outros elementos de construção (polias, engrenagens, rolamentos, rodas de atrito etc.) com a finalidade de transmitir movimento. São classificados em dois tipos: • Eixos: (trabalham fixos). Exemplo: o eixo dianteiro de um veículo com tração traseira; • Eixos-árvore: (trabalham em movimento). Exemplo: eixos que compõem a caixa de mudanças de um veículo. Fabricação / materiais / tensões Os eixos-árvore com diâmetro < 150 mm são torneados ou trefilados. Os mate- riais mais indicados são: 12 13 Tabela 1 – Composição dos Aços-Carbono DIN COMPOSIÇÃO (Teores médios %) ABNT st 42,11 C 0,25 Si 0,2 Mn 0,6 1025 st 50,11 C 0,35 Si 0,2 Mn 0,7 1035 st 60,11 C 0,45 Si 0,2 Mn 0,8 1045 st 70,11 C 0,50 Mn 0,8 1060 Fonte: MELCONIAN, 2004, p.243 Tabela 2 – Composição dos Aços-Liga DIN COMPOSIÇÃO (Teores médios %) ABNT 20 Mn Cr4 C 0,2 Mo 0,5 Cr 0,4 4120 25 Mo Cr4 C 0,3 Mo 0,5 4130 50 Cr V4 C 0,5 Si 0,3 Mn 0,9 Cr V0,2 6150 Fonte: MELCONIAN, 2004, p.243 Tabela 3 – Tensões dos Aços-Carbono Designação Tensão de ruptura σ (N/mm2) Tensão de escoamento σe (N/mm 2) Dureza Brinell HB (N/mm2) st 42,11 500 230 1200/1400 st 50,11 600 270 1400/1700 st 60,11 700 300 1700/1950 st 70,11 850 350 1950/2400 Fonte: MELCONIAN, 2004, p.244 Tabela 4 – Tensões dos Aços-Liga Designação Tensão de ruptura σ (N/mm2) Tensão de escoamento σe (N/mm 2) Dureza Brinell HB (N/mm2) 20 Mo Cr4 100 600 207 25 Mo Cr4 1200 700 217 50 Cr V4 1200 700 220 Fonte: MELCONIAN, 2004, p.244 Dimensionamento do diâmetro mínimo de eixos Na literatura, encontram-se vários autores com diferentes nuances para o dimen- sionamento do diâmetro mínimo de eixos; apresentaremos então 03 critérios gerais mais utilizados para este propósito. Critério 1: Para solicitações constantes / cargas estáticas: d ≥ [(32 · fs/π · τe) · (Mf 2 + Mt2)1/2]1/3 13 UNIDADE Fadiga, Eixos, Rolamento Critério 2: Para solicitações alternantes / cargas dinâmicas: d ≥ 2,168 · [(Mf · fs)/Sn)]1/3 Critério 3: Para solicitações e cargas combinadas (solicitações constantes + al- ternantes) / (cargas estáticas + dinâmicas) – (teoria da máxima tensão cisalhante de Soderberg): d ≥ {(32 · fs/π) · [(Mt/τe) 2 + (Mf/Sn)2]1/2}1/3 Onde: • d: Diâmetro mínimo do eixo; • τe: Tensão de Escoamento; • Sn: Tensão limite de resistência à fadiga - flexão; • Mf: Momento Fletor máx.; • Mt: Momento Torçor (Torque) máx.; • fs: Fator de serviço ou de segurança: Para exigências elevadas: 1,5 ≤ fs ≤ 2,5 Para exigências normais: 1,0 ≤ fs ≤ 1,5 Para exigências reduzidas: 0,7 ≤ fs ≤ 1,0 Cálculo da Tensão Limite de Resistência à Fadiga (Sn) Verificamos acima que alguns critérios para o dimensionamento do diâmetro mí- nimo de eixos utilizam a Tensão Limite de Resistência à Fadiga (Sn). Para o cálculo desta tensão limite (Sn) são considerados vários fatores, a saber: Sn = ka · kb · kc · kd · Ke · Kf · kg · Sf Sendo: • ka = fator de correção que se refere ao acabamento superficial do elemento (normalmente é utilizado o valor 0,8 para superfícies usinadas): 14 15 Figura 6 – Fatores de superfície para diversos tipos de acabamento superfi cial para aços Fonte: Adaptado de NORTON, R. L., 2007, p.332 OU: Fator de correção do acabamento Ka (Csup ), pela equação: ka = A · (Sut ) b Onde: A e b na tabela abaixo; e Sut = Resistência à tração. Tabela 5 – Coefi cientes para a equação do fator da superfi cie MPa kpsi Acabamento superfi cial A b A b Retificado 1,58 –0,085 1,34 –0,085 Usina ou estirado a frio 4,51 –0,265 2,7 –0,265 Laminado a quente 57,7 –0,718 14,4 –0,718 Forjado 272 –0,995 39,9 –0,995 kb = fator de correção do tamanho da peça, de acordo com Dieter: 15 UNIDADE Fadiga, Eixos, Rolamento Diâmetro (mm) Kb D ≤ 10 1,0 10 ≤ D ≤ 50 0,9 50 ≤ D ≤ 228 D 0,031 15 ´ - 10 50 100 100 80 60 40 120 % 150 200 250 300 ou: d ≤ 8,0 mm 8,0 ≤ d ≤ 250 mm 0,3 in ≤ d ≤ 10 in d ≥ 250mm Ctamanho = 1 Ctamanho = 1,189 · d –0,097 Ctamanho = 0,869 · d –0,097 Ctamanho = 0,6 kc = fator de confiabilidade (geralmente 0,897 → confiabilidade de 90%): Tabela 6 – Fator de confiabilidade Confiabilidade, % Valor de Ke 50 1,000 90 0,897 95 0,868 99 0,814 99,9 0,753 99,99 0,702 99,999 0,659 99,9999 0,620 Fonte: SHIGLEY, 1984, p.179 kd = fator de correção relativo à temperatura → Kd = 1,0 para temperaturas entre –56ºC a 204ºC. Alguns autores consideram: Fatores de correção para temperatura t ≤ 450ºC 450ºC < t ≤ 550ºC Ctemp = 1 Ctemp = 1 – 0,0058 · (t – 450) ke = fator devido aos serviços pesados Ke = 1,0 para o caso de tensões cíclicas que não excedem o limite de resistência à fadiga teórico. kf = correção da tensão devido à concentradores de tensões. (vide abaixo). Tabela 7 Aço – Condição Sem chaveta Perfil chaveta normal Rasgo de chaveta com saída suave arredondada Recozidos – Dureza ≤ 200 Brinell 1,0 0,63 0,77 Temperados e trefilados – Dureza > 200 Brinell 1,0 0,50 0,63 kg = correção da tensão devido às incertezas (geralmente adota-se 1,0); Sf = limite de resistência à fadiga. Sf = 50% da tensão limite de resistência à tração. 16 17 Rolamentos – Conceitos, Dimensionamento e Seleção Introdução Uma primeira utilidade de um “rolamento” que surge em nosso pensamento é o uso como um elemento auxiliar no transporte (até por causa dos carrinhos de “rolimã” da infância). E nisso os “rolamentos” são bem antigos. Alguns registros afirmam o início do seu uso por volta do ano 4.000 a.C., onde os escandina- vos utilizavam algo parecido com um rolamento para deslizar com seus trenós. Outros registros apontam o seu início por volta de 3.500 a.C., onde os sumé- rios usam um cubo de roda feito de madeira montado sobre um eixo também de madeira. Outros apontamentos registram que os egípcios apresentam provas do seu uso cerca de 1.800 a.C., mostrando um egípcio na ponta da pedra entornando um lubrificante no chão. Nas civilizações clássicas, Grécia e Roma, temos grandes aplicações de “elemen- tos rolantes”. Porém, é na civilização Romana que encontramos os mais relevantes desenvolvimentos. É na revolução industrial, porém, que houve um grande avanço sobre o desenvolvimento dos rolamentos. O que são os rolamentos? São elementos metálicos sob forma cilíndrica compostos por diversos sub ele- mentos. São vazados na sua parte central visando o acoplamento de um eixo. Sua principal função é a sustentação (apoio) de um sistema de transmissão de tor- que ou potência,sujeitando-se a esforços simples ou combinados. Figura 7 – Rolamentos Fonte: Getty Images Figura 8 – Exemplo de aplicação de rolamento: eixo de um motor Fonte: Getty Images Constituição Os rolamentos, também chamados de mancais de rolamento, são geralmente constituídos pelos subelementos a seguir: 17 UNIDADE Fadiga, Eixos, Rolamento • Anéis; » Interno; » Externo. • Corpos rolantes; • Gaiola ou separador. Figura 9 – Componentes de um rolamento Fonte: Getty Images Figura 10 – Rolamento de esferas desmontado Fonte: Getty Images Figura 11 Fonte: Acervo do conteudista Classificação Estes elementos são classificados principalmente segundo a direção da carga a ser suportada em relação ao eixo: Figura 12 – Direções das cargas nos rolamentos Fonte: Acervo do conteudista 18 19 • Fa = Força ou esforço Axial (Paralelo ao eixo); • Fr = Força ou esforço Radial (Transversal ao eixo). Figura 13 – Magnitude das cargas (Esferas x Rolos) Figura 14 – Rolamentos Radiais Figura 15 – Rolamentos Axiais � � � Figura 16 – Rolamentos Axiais e Radiais (Cargas Combinadas) 19 UNIDADE Fadiga, Eixos, Rolamento Figura 17a – Classificação Genérica dos Rolamentos Fonte: Adaptado de NSK 20 21 Figura 17b – Classifi cação Genérica dos Rolamentos Fonte: Adaptado de NSK 21 UNIDADE Fadiga, Eixos, Rolamento Utilização • Rolamentos de esferas de carreira simples. Aplicações: alternadores, ven- tiladores, compressores, secadoras, bombas, frigoríficos, fotocopiadoras, má- quinas têxteis, compressores, motores elétricos e aparelhos eletrodomésticos; • Rolamentos de rolos cônicos. Geralmente utilizados em cargas combinadas (axiais + radiais). Aplicações: transmissões, redutores, compressores, bombas, entre outras; • Rolamentos de esferas com carreira dupla de esferas, com contato ra- dial e de contato angular. Em substituição aos rolamentos com carreira sim- ples, visam suportar cargas radiais e cargas axiais maiores nos dois sentidos. Aplicações: Motores elétricos, aparelhos eletrodomésticos, máquinas para ma- deira, redutores, materiais agrícolas; • Rolamentos de uma carreira de esferas com contato angular (oblíquo). Tipo de rolamento em que as pistas dos seus anéis internos e externos de contato radial são desniveladas um em relação a outra. Utilizados onde se combinam cargas radiais e axiais. Aplicações: Caixa de redutores, eixos de máquinas-ferramenta; • Rolamentos axiais composto de esferas, rolos cônicos ou cilíndricos. Fa- bricados para suportar cargas axiais bastante elevadas, sendo pouco sensíveis aos choques. Porém, as cargas radiais devem ser moderadas. Aplicações: Eixos verticais pesados, turbo alternadores, pivôs de gruas, fusos de injeção, contra pontos, bombas axiais; • Rolamentos de rolos cilíndricos. Fabricados para suportar cargas radiais ele- vadas onde as velocidades de rotação são altas. Porém, as cargas axiais devem permanecer a níveis baixos. Aplicações: Motores elétricos pesados, caixas de eixos de vagões, vagonetas de pressão, cilindros de laminadores; • Rolamentos autocompensadores de rolos cilíndricos. Fabricados para su- portar cargas radiais muito elevadas e cargas axiais moderadas. Aplicações: Laminadores, peneiras, moedores, trituradores, redutores de altas cargas, ven- tiladores industriais, máquinas de pedreiras, cilindros de máquinas impressoras; • Rolamentos autocompensadores de rolos cônicos. Concebidos para supor- tar cargas radiais e axiais muito elevadas. Aplicações: equipamentos pesados; • Rolamentos autocompensadores de esferas. Compostos por duas fileiras de esferas e uma pista esférica sobre o anel externo. Aplicações: Eixos lon- gos e flexíveis, várias aplicações Industriais padronizadas, indústrias químicas, máquinas agrícolas; • Rolamentos combinados. Compostos por dois tipos de elementos giran- tes (rolos e esferas). Concebidos para suportar elevadas cargas radiais e axiais simultâneas. 22 23 Identificação do Produto Para a substituição ou aquisição do elemento, deve-se atentar para as caracterís- ticas específicas de cada fabricante: Folga Radial C3 2 4 0 /1000 M K30 E4 C3 Anel Ext. com Ranhura e Furos de Lubri�cação Furo Cônico (Conic. 1:30) Gaiola Usinada de Latão Diâmetro do Furo 1000mm Série de Diâmetro 0 Série de Largura 4 Rol. Autocomp. de Rolos Figura 18 – Exemplo de Identifi cação de um rolamento do fabricante NSK Fonte: Adaptado de NSK Figura 19 – Exemplo de Identifi cação de um rolamento da SKF Fonte: Adaptado de NSK 23 UNIDADE Fadiga, Eixos, Rolamento Dimensionamento Para dimensionar e consequentemente selecionar um rolamento, primeiramente é importante definir qual o tipo de solicitação que se estará submetido. Pode-se verificar duas situações distintas: carregamento (carga) estático ou dinâmico. Na condição de carregamento estático, o rolamento encontra-se parado ou oscila lentamente, numa rotação menor do que 10 rpm (n < 10 rpm). Já no carregamento dinâmico, o rolamento se movimenta com n > 10 rpm. Carga Estática Na condição em que o rolamento estiver parado ou atuando em baixas oscila- ções (n < 10 rpm), o dimensionamento deve ser realizado, utilizando-se a capacida- de de carga estática (Co). Capacidade de Carga Estática (Co). É a carga que atua na pista e nos elemen- tos rolantes. C0 = fs · P0 Onde: • Co = Capacidade de carga estática (KN); • fs = Fator de esforços estáticos (Adimensional); • Po = Carga estática equivalente (KN). Carga Estática Equivalente (Po). É uma carga resultante, obtida pelas cargas axial e radial que atuam no rolamento de forma simultânea. Se o rolamento é sujeitado por uma carga radial ou por uma carga axial isoladamente, esta mesma será a carga equivalente. Com a presença de cargas axial e radial simultâneas, a carga equivalente é ob- tida pela equação: Po = Xo · Fr + Yo · Fa Onde: • Po = Carga estática equivalente (KN); • Xo = Fator radial (Adimensional); • Yo = Fator axial (Adimensional); • Fr = Carga radial (KN); • Fa = Carga axial (KN). Ex.: (Rol. de esferas): X0 = 0,6 Y0 = 0,5 Fa/Fr≥0,8 24 25 Fator de Esforço Estático (fs). Trata-se de um coeficiente de segurança que tem como objetivo básico evitar a ocorrência de deformações plásticas excessivas nos pontos de contato entre a pista e os corpos rolantes. Normalmente, são utilizados os valores: • 1,5 ≤ fs ≤ 2,5 para exigências elevadas; • 1,0 ≤ fs ≤ 1,5 para exigências normais; • 0,7 ≤ fs ≤ 1,0 para exigências reduzidas. Carga Dinâmica Na condição em que o rolamento for trabalhar com rotações superiores a 10 rotações por minuto (n ≥ 10 rpm), este deve ser dimensionado pela capacidade de carga dinâmica (C). Capacidade de Carga Dinâmica (C) é obtida utilizando-se a seguinte relação: feC P fn = × Onde: • C = Capacidade dinâmica equivalente (KN); • fe = Fator de esforços dinâmicos (Adimensional); • fn = Fator de rotação (Adimensional); • P = Carga dinâmica equivalente (KN). » Fator de esforços dinâmicos (fe): é um coeficiente associado ao tipo de aplica- ção do equipamento e também às condições usuais de carregamento. Na litera- tura, podemos obter diversos valores e tabelas, sendo um exemplo abaixo: Máquinas leves Máquinas médias Máquinas pesadas fe = 1 a 2 fe = 2 a 3,5 fe = 3,5 a 6 » Fator de rotação (fn): é um coeficiente que está relacionado à velocidade do rolamento, bem como ao tipo de elemento rolante. Exemplos: Esferas Rolos N = 50 – fn = 0,874 N = 50 – fn = 0,885 N = 500 – fn = 0,405 N = 500 – fn = 0,444 N = 1600 – fn = 0,275 N = 1600 – fn = 0,313 » Capacidade de Carga Dinâmica (C): essa capacidade é encontrada nas diversas tabelas que compõem os catálogos de fabricantes de rolamentos; » Carga Dinâmica Equivalente (P): é a carga resultante da atuação simultâ- nea de cargas radial e axial no rolamento, sendo definida por: P = X · Fr + Y · Fa 25 UNIDADE Fadiga, Eixos, Rolamento Onde: • P = Carga dinâmica equivalente (KN); • Fr = Carga radial (KN); • Fa = Carga axial (KN); • X = Fator radial (Adimensional);• Y = Fator axial (Adimensional). Ex.: (Rol. de esferas) x = 0,4 y = 0,8 Fa/Fr ≥ 0,8 • Rolamentos expostos a altas temperaturas: quando um rolamento trabalha exposto à temperatura elevadas, é necessário considerar um coeficiente (fator) de temperatura (ft). Desta forma, a capacidade de carga dinâmica é determinada por: feC P fn ft = × × Onde: • C = Capacidade dinâmica equivalente (KN); • fe = Fator de esforços dinâmicos (Adimensional); • fn = Fator de rotação (Adimensional); • ft = Fator de temperatura (Adimensional); • P = Carga dinâmica equivalente (KN). Fator de Temperatura (Ft): Temp. Máx. de Serviço (ºC) Fator de temperatura (Ft) 150 1,0 200 0,73 250 0,42 300 0,22 Figura 20 – Exemplo de informações sobre rolamentos (fabricante SKF) Fonte: Adaptado de SFK 26 27 Vida Útil do Rolamento Entende-se como vida útil de um rolamento o período em que ele desempenha corretamente (sem falhas) a sua função. A vida útil chega ao seu final quando há a ocorrência de um desgaste, geralmente causado pela fadiga do material. A vida útil (Lna) é obtida por: Lna = a1 · a2 · a3 · Lh Onde: • Lna = Duração até a fadiga (h); • a1 = Fator de probabilidade (Adimensional); • a2 = Fator de matéria prima (Adimensional); • a3 = Fator das condições de serviço (Adimensional); • Lh = Vida nominal do rolamento (h) – Entre 10000 a 100000 horas. a1 = Fator de probabilidade: é um coeficiente que tem como objetivo prever a probabilidade de falhas no material provocadas pela fadiga. É um fator obtido estatisticamente: Prob. de Falha (%) Fator a1 1 1,0 2 0,62 3 0,53 4 0,44 5 0,33 10 0,21 a2 = Fator de matéria prima: coeficiente relacionado às características da ma- téria prima e ao respectivo tratamento térmico. Para aços de qualidade: a2 = 1,0 Este fator é alterado quando temos materiais tratados termicamente: a2 = 1,2 a3 = Fator das condições de serviço: sabe-se que as condições de serviço in- fluenciam diretamente a vida útil de um rolamento. A vida é prolongada quando o ambiente de trabalho é limpo, a lubrificação é adequada e a carga que atua no elemento não é excessiva. O final da vida útil de um rolamento ocorre quando temos a presença de “pittings” (erosão por cavitação), que se originam na super- fície das pistas. Para condições ideais de serviço: a3 = 1 Para condições drásticas de serviço: a3 = 0,6 27 UNIDADE Fadiga, Eixos, Rolamento Principais Fabricantes Figura 21 – Principais fabricantes de rolamentos Fonte: Acervo do conteudista Exercício de Fixação Selecione o rolamento que se adapta melhor às condições seguintes: Figura 22 – rolamento montado no eixo Fonte: Acervo do conteudista Dados do Fabricante (catálogo): Tabela 8 Designação C(KN) C0(KN) De . (mm) MU214 80 90 125 UM2214 116 146 125 MI314 160 170 125 MU2314 220 260 125 UM414 250 280 125 28 29 Considerando equipamento de médio porte: fator de esforços dinâmicos fe = 3,0 Em função da rotação: fn=0,405 Capacidade de carga dinâmica (C): P=F=30KN Capacidade de carga dinâmica do rolamento: C = P.(Fe/Fn) C=30.(3/0,405) C=222KN → Rolamento UM414 Vida útil do rolamento: considerar uma vida nominal de 30.000 horas, pro- babilidade de falha de 5%, elemento construído com aço temperado e condições excelentes de serviço. Lna = a1 · a2 · a3 · Lh = 0,33 · 1,2 · 1 · 30.000 = 11.880. 29 UNIDADE Fadiga, Eixos, Rolamento Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Livros Elementos de máquinas de Shigley BUDYNAS, R.; NISBETT, J. K.; Elementos de máquinas de Shigley, 4. ed. Porto Alegre, Grupo GEN, 2006. (e-book) Elementos de máquinas CHAGAS, G. M. P. Elementos de máquinas – Apostila - 3. ed. IFSC (Instituto Federal de Santa Catarina) – Jaraguá do Sul, 2009 Metal Fatigue in Engineering FUCHS, H. 0.; STEPHENS, R. I. Metal Fatigue in Engineering. 2. ed. Wiley, New York, 2000. Elementos de máquinas 1 e 2 GORDO, N; FERREIRA, J. Apostila do SENAI – Elementos de máquinas 1 e 2 – Módulos Especiais Mecânica – Telecurso, 2000. Projeto de componentes de máquinas JUVINALL, R. C.; MARSHEK, K. M. Projeto de componentes de máquinas. 4. ed. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2007. (e-book) Elementos de Máquinas MELCONIAN, S. Elementos de Máquinas. São Paulo. 9. ed. São Paulo: Editora Érica, 2004. Mecânica técnica e resistência dos materiais MELCONIAN, S. Mecânica técnica e resistência dos materiais. São Paulo: editora Saraiva, 2012. (e-book) Elementos de máquina em projetos mecânicos MOTT, R.L. Elementos de máquina em projetos mecânicos. 5. ed. São Paulo: Pearson, 2015. (e-book) Desenho técnico moderno SILVA, A.; RIBEIRO, C. T.; DIAS, J.; SOUSA, L. Desenho técnico moderno. 4. ed. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2006. (e-book) 30 31 Referências COLLINS, A.; BUSBY, J.; HENRY, R.; STAAB, G. H. Projeto mecânico de elementos de máquinas. São Paulo: LTC, 2006. JUVINALL, R. C.; MARSHEK, R. Projeto de componentes de máquinas, 4. Ed. São Paulo: LTC, 2007. MELCONIAN, S. Elementos de máquinas. 10. ed. São Paulo: Editora Érica. 2005. NORTON, R. L. Projeto de Máquinas: uma abordagem integrada. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2007. 31
Compartilhar