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INSTITUTOS SUPERIORES DE ENSINO DO CENSA INSTITUTO TECNOLÓGICO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS E DA SAÚDE CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA PROJETO DE UMA MÁQUINA PARA CURVAR TUBOS PARA UTILIZAÇÃO NO PROJETO ISEBAJA Por Marcus Vinícius da Silva Pinto Vieira Campos dos Goytacazes - RJ Junho / 2019 1 INSTITUTOS SUPERIORES DE ENSINO DO CENSA INSTITUTO TECNOLÓGICO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS E DA SAÚDE CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA PROJETO DE UMA MÁQUINA PARA CURVAR TUBOS UTILIZAÇÃO NO PROJETO ISEBAJA Por Marcus Vinícius da Silva Pinto Vieira Trabalho de fim de curso apresentado em cumprimento às exigências para obtenção do grau no Curso de Graduação em Engenharia Mecânica nos Institutos Superiores de Ensino do CENSA. Orientador: Silas das Dores de Alvarenga, Esp. Campos dos Goytacazes - RJ Junho / 2019 2 PROJETO DE UMA MÁQUINA PARA CURVAR TUBOS UTILIZAÇÃO NO PROJETO ISEBAJA Por Marcus Vinícius da Silva Pinto Vieira Trabalho de Fim de Curso apresentado em cumprimento às exigências para a obtenção do grau no Curso de Graduação em Engenharia Mecânica nos Institutos Superiores de Ensino do CENSA Aprovado em ___ de __________________ de _______ BANCA EXAMINADORA ______________________________________________ Silas das Dores de Alvarenga, Esp. – ISECENSA ______________________________________________ Cláudia Márcia Ribeiro Machado Albernaz, MSc - ISECENSA ______________________________________________ Lucas Nunes Nogueira, Esp. - ISECENSA 3 DEDICATÓRIA Dedico esse trabalho à minha mãe, que até hoje, não duvida do quão longe eu posso chegar. 4 AGRADECIMENTOS Agradeço a minha mãe Kátia Aparecida e a minha noiva Larissa, por ter me apoiado e incentivado nos momentos mais importantes. A esta universidade, todos os professores que contribuíram direta e indiretamente com o meu crescimento acadêmico, à coordenação e à direção. Em especial ao professor e orientador Silas das Dores de Alvarenga, pelo apoio, confiança e pela inspiração ao tema, possibilitando a elaboração deste trabalho. A todos os colegas e amigos que conviveram e estudaram comigo durante a minha trajetória acadêmica no ISECENSA. Aos meus colegas de serviço, que também me ajudaram na elaboração deste trabalho, em especial ao Hugo Machado e Luis Antonio Rangel. E principalmente, a Deus, por que sem Ele nada disso teria sido possível. 5 “Ninguém é tão sábio que não tenha algo para aprender e nem tão tolo que não tenha algo para ensinar.” (Blaise Pascal) 6 LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS A.C. – Antes de Cristo ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas AISI – American Iron and Steel Institute ASTM – American Society for Testing and Materials C – Carbono CAD – Computer-aided design CBCA – Centro Brasileiro da Construção em Aço CNC – Comando numérico computadorizado HB – Hardness Brinell ISECENSA – Institutos Superiores de Ensino do CENSA ISO – International Organization for Standardization LPM – Litro por minuto N – Nitrogênio N.F.P.A. – National Fluid Power Association NBR – Normas Brasileiras O – Oxigênio PC – Policarbonato PE – Polietileno PS – Poliestireno PVC – Cloreto de Polivinila RPM – Rotação por minuto SAE – Society of Automotive Engineers Si – Silício TCC – Trabalho de Conclusão de Curso 7 LISTA DE FIGURAS Figura 1: Processo de Laminação ............................................................................. 22 Figura 2: Processos de Extrusão: (a) Direta; (b) Inversa .......................................... 23 Figura 3: Processo de Trefilação ............................................................................... 24 Figura 4: Processos de Estampagem: (a) Profunda; (b) Conformação Geral ........... 26 Figura 5: Processos de Forjamento: (a) Matriz Aberta; (b) Matriz Fechada .............. 27 Figura 6: Dobramento por Tração ............................................................................. 29 Figura 7: Dobramento por Compressão .................................................................... 29 Figura 8: Dobramento por Estiramento ..................................................................... 30 Figura 9: Calandragem com: (a) Três Cilindros; (b) Quatro Cilindros ....................... 31 Figura 10: Matrizes internas para Dobramentos de Tubo ......................................... 32 Figura 11: Diagrama tensão-deformação específica de materiais elastoplásticos .... 33 Figura 12: Diagrama de tensão em material elastoplástico onde M<Me ................... 33 Figura 13: Diagrama de tensão em material elastoplástico onde M=Me ................... 34 Figura 14: Diagrama de tensão em material elastoplástico onde M>Me ................... 35 Figura 15: Diagrama de tensão em material elastoplástico onde M=Mp ................... 36 Figura 16: Gráfico Tensão x Deformação com retorno elástico ................................ 38 Figura 17: Raio e Ângulo após Recuperação Elástica .............................................. 39 Figura 18: Objetos comuns feitos a partir de materiais: (a) Metálicos; (b) Cerâmicos; (c) Poliméricos........................................................................................ 41 Figura 19: Tensão Normal ......................................................................................... 46 Figura 20: Carregamento Uniaxial de Tração e Compressão ................................... 46 Figura 21: Tensão Cisalhante ................................................................................... 47 Figura 22: Distribuição da Tensão Cisalhante ........................................................... 47 Figura 23: Corpo sob Flexão ..................................................................................... 48 Figura 24: Corpo sob Torção ..................................................................................... 49 8 Figura 25: Deformação por Cisalhamento em um Plano ........................................... 50 Figura 26: Comparação entre critérios de Tresca e von Mises ................................. 56 Figura 27: Contato real entre duas superfícies.......................................................... 56 Figura 28: Valores para coeficiente de desgaste por adesão em função do tipo de material e estado de lubrificação ............................................................................... 58 Figura 29: Terminologia de roscas ............................................................................ 60 Figura 30: Conjunto de eixo-casquilho ...................................................................... 61 Figura 31: Mancais de: (a) Esferas; (b) Rolos; (c) Agulhas ....................................... 62 Figura 32: Bucha acoplada à peça e ao eixo ............................................................ 62 Figura 33: Guia de porta corrediça ............................................................................ 63 Figura 34: Visão lateral evidenciando o eixo ............................................................. 63 Figura 35: Dispositivo Hidráulico usado para aumentar força ................................... 65 Figura 36: Atuadores Hidráulicos: (a) Cilindro; (b) Motor; (c) Oscilador .................... 67 Figura 37: Principais componentes da máquina de dobramento por prensa hidráulica ...................................................................................................................69 Figura 38: Desenho da Máquina ............................................................................... 74 Figura 39: Fluxograma .............................................................................................. 75 Figura 40: Representação da força sendo aplicada no tubo ..................................... 76 Figura 41: Representação da altura de deslocamento para 90º ............................... 77 Figura 42: Válcula 4/3 vias normalmente fechada e sua simbologia ......................... 80 Figura 43: Válvula Controladora de Fluxo e sua simbologia ..................................... 80 Figura 44: Manômetro e sua simbologia ................................................................... 81 Figura 45: Estrutura ................................................................................................... 81 Figura 46: Rolete ....................................................................................................... 82 Figura 47: Dimensões Básicas do Perfil .................................................................... 82 Figura 48: Pino Rosqueado ....................................................................................... 83 Figura 49: Vista Isométrica das Matrizes .................................................................. 83 9 Figura 50: Esquema do Sistema Hidráulico .............................................................. 87 Figura 51: Estrutura dividida em três partes .............................................................. 89 Figura 52: Base da Estrutura sob Flexão .................................................................. 89 Figura 53: Parte Superior da Estrutura sob Flexão ................................................... 90 Figura 54: Concentrador de Tensão de Flexão para Placa com Furo ....................... 90 10 LISTA DE QUADROS Quadro 1: Elementos que constituem os aços-carbono ............................................ 43 Quadro 2: Categorias do aço-carbono de acordo com o teor de carbono ................. 43 Quadro 3: Propriedades de Alguns Materiais ............................................................ 54 Quadro 4: Coeficiente de desgaste k por abrasão .................................................... 59 Quadro 5: Tubos Comerciais ..................................................................................... 75 Quadro 6: Classificação dos Sistemas segundo N.F.P.A. ......................................... 76 Quadro 7: Dimensões Básicas de Roscas ................................................................ 83 11 LISTA DE EQUAÇÕES Equação 1: Tensão Máxima de Flexão ..................................................................... 34 Equação 2: Momento Fletor máximo antes do escoamento...................................... 35 Equação 3: Momento Fletor máximo antes do escoamento para barra retangular ... 35 Equação 4: Tensão em determinada região da barra ............................................... 36 Equação 5: Momento Plástico ................................................................................... 37 Equação 6: Momento Fletor para seção cilíndrica .................................................... 37 Equação 7: Coeficiente de resistência do Material .................................................... 39 Equação 8: Relação de Ângulo e Raio de Dobramento ............................................ 40 Equação 9: Tensão Normal Axial .............................................................................. 46 Equação 10: Tensão de Cisalhamento média ........................................................... 47 Equação 11: Tensão de Cisalhamento ..................................................................... 47 Equação 12: Tensão de Flexão ................................................................................. 48 Equação 13: Tensão de Torção ................................................................................ 49 Equação 14: Deformação .......................................................................................... 49 Equação 15: Lei de Hooke ........................................................................................ 51 Equação 16: Deformação no eixo X .......................................................................... 51 Equação 17: Relação entre Tensão Cisalhante com Distorção e módulo de Elasticidade ............................................................................................................... 51 Equação 18: Coeficiente de Poisson ......................................................................... 52 Equação 19: Módulo de Elasticidade Transversal ..................................................... 52 Equação 20: Tensão Normal Equivalente ................................................................. 54 Equação 21: Tensão Equivalente de von Mises ........................................................ 55 Equação 22: Profundidade de desgaste ................................................................... 57 Equação 23: Potência instantânea ............................................................................ 64 Equação 24: Pressão ................................................................................................ 65 12 Equação 25: Massa Específica ................................................................................. 65 Equação 26: Vazão relacionado ao Volume e Tempo .............................................. 66 Equação 27: Vazão relacionado à Área e Velocidade ............................................. 66 Equação 28: Força Central no Tubo ......................................................................... 76 Equação 29: Pressão de Trabalho ............................................................................ 76 Equação 30: Diâmetro do Pistão ............................................................................... 77 Equação 31: Pressão de Trabalho corrigida ............................................................. 77 Equação 32: Diâmetro da Haste ............................................................................... 77 Equação 33: Velocidade de Avanço .......................................................................... 78 Equação 34: Velocidade de Retorno ......................................................................... 78 Equação 35: Área do Pistão ...................................................................................... 78 Equação 36: Área da Coroa ...................................................................................... 78 Equação 37: Relação entre a Área do Pistão e a Área da Coroa ............................. 78 Equação 38: Vazão Induzida no Avanço ................................................................... 79 Equação 39: Vazão Induzida no Retorno .................................................................. 79 Equação 40: Pressão Induzida no Avanço ................................................................ 79 Equação 41: Pressão da Bomba ............................................................................... 79 Equação 42: Deslocamento (Cilindrada) ................................................................... 79 Equação 43: Torque Absorvido ................................................................................. 80 Equação 44: Potência Absorvida .............................................................................. 80 Equação 45: Altura do Filete da Rosca ..................................................................... 82 Equação 46: Força de Tração no Parafuso ............................................................... 84 Equação 47: Carga de Prova .................................................................................... 84 Equação48: Torque no Parafuso .............................................................................. 84 Equação 49: Critério de Segurança .......................................................................... 89 Equação 50: Tensão Máxima com concentração de Tensão .................................... 91 Equação 51: Tensão de Contato do Pino com a Chapa ........................................... 91 13 Equação 52: Momento de Inércia .............................................................................. 92 14 SUMÁRIO DEDICATÓRIA ............................................................................................................ 3 AGRADECIMENTOS .................................................................................................. 4 LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS ...................................................................... 6 LISTA DE FIGURAS ................................................................................................... 7 LISTA DE QUADROS ............................................................................................... 10 LISTA DE EQUAÇÕES ............................................................................................. 11 CAPÍTULO I: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................ 18 1. PROCESSOS DE FABRICAÇÃO ......................................................................... 19 1.1 Laminação ........................................................................................................... 22 1.2 Extrusão .............................................................................................................. 23 1.3 Trefilação ............................................................................................................. 24 1.4 Estampagem ....................................................................................................... 25 1.5 Forjamento .......................................................................................................... 27 2. DOBRAMENTO ..................................................................................................... 28 2.1 Mecanismos de Dobramento ............................................................................... 28 2.2 Momento Necessário para Realização de Dobramento ...................................... 33 2.3 Recuperação Elástica ......................................................................................... 37 3. MATERIAIS ........................................................................................................... 40 3.1 Tipos de Materiais ............................................................................................... 40 3.2 Aplicações do Aço ............................................................................................... 44 3.3 Tensões e Tipos de Solicitações ......................................................................... 45 3.4 Deformação ......................................................................................................... 49 3.5 Propriedades dos Materiais ................................................................................. 50 3.6 Solicitações Combinadas e Critérios de Falha .................................................... 54 3.7 Desgaste ............................................................................................................. 56 4. ELEMENTOS DE MÁQUINAS .............................................................................. 59 15 4.1 Elementos de Fixação ........................................................................................ 60 4.2 Elementos de Apoio de Fixação .......................................................................... 61 4.3 Eixo ..................................................................................................................... 63 5. HIDRÁULICA ......................................................................................................... 64 5.1 Pressão ............................................................................................................... 64 5.2 Massa Específica ................................................................................................ 65 5.3 Vazão .................................................................................................................. 66 5.4 Componentes de Sistemas Hidráulicos ............................................................... 66 5.4.1 Atuadores Hidráulicos ...................................................................................... 66 5.4.2 Válvulas ............................................................................................................ 67 5.4.3 Manômetro ....................................................................................................... 67 5.4.4 Bombas ............................................................................................................ 68 5.4.5 Filtros ................................................................................................................ 68 6. MÁQUINAS DE DOBRAMENTO DE TUBOS ....................................................... 68 6.1 Dobramento por Rotação .................................................................................... 69 6.2 Dobramento por Prensas Hidráulicas .................................................................. 69 6.3 Dobramento por Rolagem de Tubos ................................................................... 70 CAPÍTULO II: ARTIGO CIÊNTIFICO ........................................................................ 71 1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 73 1.1 Objetivos Gerais .................................................................................................. 73 1.2 Objeticos Específicos .......................................................................................... 73 1.3 Justificativa e Relevâncias .................................................................................. 73 2. METODOLOGIA .................................................................................................... 74 2.1 Síntese do Projeto ............................................................................................... 74 2.2 O Tubo que será conformado .............................................................................. 75 2.3 Sistema Hidráulico .............................................................................................. 76 2.3.1 Atuador Hidráulico ............................................................................................ 76 16 2.3.2 Bomba Hidráulica ............................................................................................. 79 2.3.3 Válvula de Acionamento e Parada ................................................................... 80 2.3.4 Válvula Controladora de Fluxo ......................................................................... 80 2.3.5 Manômetro ....................................................................................................... 81 2.3.6 Filtro ................................................................................................................. 81 2.4 Sistema Mecânico ............................................................................................... 81 2.4.1 Estrutura ........................................................................................................... 81 2.4.2 Roletes ............................................................................................................. 82 2.4.3 Pinos ................................................................................................................82 2.4.4 Matriz ................................................................................................................ 83 2.4.5 Parafusos de Fixação ....................................................................................... 84 3. RESULTADOS E DISCUSSÕES .......................................................................... 84 3.1 O Tubo que será conformado .............................................................................. 84 3.2 Sistema Hidráulico .............................................................................................. 85 3.2.1 Atuador Hidráulico ............................................................................................ 85 3.2.2 Bomba Hidráulica ............................................................................................. 86 3.2.3 Representação do Sistema Hidráulico ............................................................. 87 3.3 Sistema Mecânico ............................................................................................... 88 3.3.1 Estrutura ........................................................................................................... 89 3.3.2 Roletes ............................................................................................................. 91 3.3.3 Pinos ................................................................................................................ 91 3.3.4 Matriz ................................................................................................................ 92 3.3.5 Parafusos de Fixação ...................................................................................... 93 4. CONCLUSÕES ..................................................................................................... 93 4.1 Sugestões para Trabalhos Futuros ..................................................................... 94 CAPÍTULO III: REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................. 95 ANEXOS – TABELAS ............................................................................................. 102 17 Tabela 1: Cilindros Comerciais ................................................................................ 102 Tabela 2: Cargas de Euler ...................................................................................... 103 Tabela 3: Bombas de Engrenagem do tipo G2 ....................................................... 104 Tabela 4: Categorias Métricas de Propriedades Mecânicas para Parafusos .......... 105 APÊNDICES – DESENHOS TÉCNICOS ................................................................ 106 18 CAPÍTULO I: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 19 1. PROCESSOS DE CONFORMAÇÃO MECÂNICA Segundo Schaeffer (2004), a conformação começou a ser empregada desde a descoberta dos mais simples metais extraídos do solo terrestre. Desde 4000 anos A.C. o ser humano manipulava o ouro, prata e cobre, e na era do bronze (2500 A.C.) no Egito e na Mesopotamia, já se trabalhavam formando as primeiras ligas metálicas com zinco e cobre. A partir da conformação mecânica, são geradas várias peças empregadas em equipamentos e maquinários, como tanques de combustíveis de foguetes espaciais, paralama de automóveis, virabrequim, e até mesmo próteses de fêmur. Conforme Bresciane Filho et al (2011), a conformação mecânica é um processo de modificação da forma de um corpo para outra definida, sem que haja a perda de massa. É importante que haja o estudo dos processos de conformação plástica dos metais, uma vez que a maioria dos produtos metálicos fabricados é submetida ao processo. De acordo com o esforço predominante, os processos de conformação plástica são classificados em: a) Processos de conformação por compressão direta; b) Processos de conformação por compressão indireta; c) Processos de conformação por tração; d) Processos de conformação por cisalhamento; e) Processos de conformação por flexão. Na conformação por compressão direta, é predominante a solicitação externa por compressão sobre a peça a qual está sendo trabalhada. Estão presentes nesse processo o forjamento (livre e em matriz) e laminação (plana e de perfis) (BRESCIANE FILHO et al, 2011). Na conformação por compressão indireta, ambas as forças externas podem ser tanto de tração quanto de compressão, porém, as que efetivamente realizam a conformação plástica do metal são as de compressão indireta 20 desenvolvida pela reação da matriz sobre a peça. Estão incluídos nesse processo a trefilação, extrusão e estampagem profunda (ROCHA, 2012). No processo de conformação por tração, tem-se como principal exemplo o estiramento de chapas, onde a peça toma a forma da matriz, por meio de aplicações de forças de tração em suas extremidades (BRESCIANE FILHO et al, 2011). No processo de cisalhamento, forças cisalhantes são aplicadas para romper o metal no seu plano de cisalhamento. Têm-se como exemplos desse tipo de aplicação os processos de torção de barras e corte de chapas (ROCHA, 2012). Na conformação por flexão, as modificações da forma são realizadas graças à aplicação de um momento fletor. Este processo é utilizado para o dobramento de chapas, barras e outros produtos (BRESCIANE FILHO et al, 2011). Os processos de conformação também são classificados quanto a temperatura de trabalho, sendo eles processos com trabalho mecânico a frio e com trabalho mecânico a quente (BRESCIANE FILHO et al, 2011). Quando a temperatura de trabalho é inferior à temperatura que ocorre a recristalização do metal, o processo é considerado como trabalho a frio, o qual provoca encruamento do metal (aumento da densidade de discordâncias) onde sua dureza ou resistência mecânica é aumentada. Os aços de baixo teor de carbono (entre 0,03% a 0,30%) não conseguem ter sua dureza aumentada por tratamento térmico, pois tem pouco carbono para ser submetido a um endurecimento maciço. Neste caso uma alternativa para o aumento da resistência mecânica é a aplicação da conformação a frio (ROCHA, 2012; CALLISTER; RETHWISCH, 2012; NORTON, 2013). Quando a temperatura de trabalho é superior à temperatura que ocorre a recristalização do metal, o processo é considerado como trabalho a quente. No 21 processo a quente, a deformação plástica é feita em uma faixa de temperatura, e em um determinado tempo onde o encruamento é eliminado pela recristalização do metal. No trabalho mecânico a quente, os grãos que são deformados plasticamente têm energia para sua reestruturação, e assim, retornarem a forma inicial. Com isso, a peça final manterá as propriedades mecânicas iniciais (ROCHA, 2012; CALLISTER; RETHWISCH, 2012). Rocha (2012) lista vantagens e desvantagens para o processo de conformação a quente. Vantagens: a) Menos energia requerida para deformação do metal, uma vez que a tensão de escoamento diminui com a elevação da temperatura; b) Elevação da capacidade do material para escoar sem o rompimento (ductilidade); c) Homogeneização química de estruturas brutas de fusão (ex.: eliminação de segregações) devido a veloz difusão atômica interna; d) Extinção de bolhas e poros por caldeamento; e) Extinção e refino da granulação rústica e colunar do material o qual foi fundido, disponibilizando grãos menores, recristalizados e equiaxiais; f) Elevação da tenacidade e ductilidade do metal trabalhado em relação ao material bruto de fusão. Desvantagens: a) Requerido equipamentos especiais para o aquecimento das peças (fornos, manipuladores, etc.) e consequentemente, gasto de energia para realização do trabalho; b) Reações da atmosfera do forno com o metal, tendo perdas de material por oxidação e outros tipo de problemas relacionados.No caso dos aços, também ocorrerá descarbonetação superficial; metais do tipo reativos, como o titânio, ficam rigorosamente fragilizados pelo oxigênio e há a necessidade de serem trabalhados em atmosfera inerte ou protegidos do ar por uma barreira específica; 22 c) Possibilidade de o acabamento superficial ser prejudicado, por conta da formação de óxidos; d) Desgaste maior das ferramentas, além da lubrificação dificultada; e) Requerimento de grandes tolerâncias dimensionais, por conta da expansão e contração térmicas; f) Características estruturais e propriedades do produto resultam menos uniformes comparados ao trabalho a frio com recozimento, uma vez que a deformação sempre superior nas camadas superficiais produz nela granulação recristalizada mais fina, enquanto nas camadas centrais, onde a deformação é menor e sujeita a um resfriamento mais lento, apresentam crescimento de grãos. 1.1 Laminação Schaeffer (2004) define laminação como uma operação de conformação mecânica que tem como finalidade a redução de secção de blocos ou barras, o aumento do comprimento e a melhoria das propriedades dos materiais (ductilidade, resistência mecânica e estrutura superficial). A Figura 1 ilustra o processo de laminação. Figura 1: Processo de Laminação Fonte: Adaptado de Bresciane Filho et al (2011) O processo consiste na passagem de um corpo sólido entre dois cilindros, que giram na mesma velocidade periférica, porém em sentidos opostos. O corpo da peça inicial tem dimensão maior do que a distância entre as superfícies laterais dos cilindros, e com isso, a peça sofrerá uma deformação plástica na passagem entre os cilindros, resultando na redução da secção transversal e aumento do comprimento e largura. A obtenção de determinadas dimensões do corpo consiste 23 em submeter a peça em sucessivos passes através dos cilindros, com distâncias entre si decrescentes (BRESCIANE FILHO et al, 2011). 1.2 Extrusão Consoante Helman e Cetlin (2005), o processo de extrusão é relativamente novo, comparado à maioria dos outros processos de conformação mecânica. A operação de extrusão consiste na passagem forçada de um bloco através do orifício de uma matriz, mediante a aplicação de pressões elevadas, podendo ser mecânicas ou hidráulicas. A extrusão é classificada em extrusão direta e extrusão inversa, conforme é ilustrado na Figura 2. Figura 2: Processos de Extrusão: (a) Direta; (b) Inversa Fonte: Adaptado de Bresciane Filho et al (2011) Na extrusão direta, a peça a ser conformada é colocada em um cilindro e empurrada contra a matriz, através de um pistão acionado por uma haste (HELMAN; CETLIN, 2005). Na extrusão inversa, é empregada uma haste oca, a qual empurra a matriz contra a peça a ser extrudada, a qual sai da matriz em um sentido contrário ao movimento da haste. A outra extremidade do cilindro encontra-se fechada por uma placa. Como não existe movimento relativo entre a peça e o cilindro, as forças de atrito são significativamente menores que na extrusão direta, necessitando de menores potências de operações (HELMAN; CETLIN, 2005). De acordo com Bresciane Filho et al (2011), a operação de extrusão tem como produtos finais perfis, tubos, e particularmente, barras de secção circular. 24 Para metais não-ferrosos comuns, a operação de extrusão pode ser mais usual comparada ao processo de laminação, pois é possível a obtenção de perfis de forma variada, apesar da limitação do comprimento do produto obtido. A extrusão permite ainda a obtenção de um produto mais homogêneo, isso porque resulta da manutenção da temperatura de trabalho em níveis mais constantes. Além disso, a extrusão proporciona produtos menos atacados por oxidação superficialmente, por causa do pequeno contato do tarugo, ou lingote, com o meio ambiente durante a operação. O processo de extrusão apresenta como desvantagens: custo elevado para aquisição do equipamento, limitação de comprimento do perfil, velocidade de trabalho menor e maior desuniformidade de deformação ao final da operação (BRESCIANE FILHO et al, 2011). 1.3 Trefilação A trefilação consiste em conduzir forçadamente um fio (ou barra ou tubo), através de uma fieira mediante a aplicação de força de tração à saída desta fieira. A Figura 3 ilustra a operação de trefilação (HELMAN; CETLIN, 2005). Figura 3: Processo de Trefilação Fonte: Adaptado de Bresciane Filho et al (2011) A fieira contém um furo em seu centro, por onde é passado o fio. Esse furo possui o diâmetro decrescente, e apresenta um perfil em forma de funil curvo ou cônico. A condução do fio pela fieira causa a diminuição de sua secção e, como o processo é geralmente realizado a frio, ocasiona o encruamento com 25 modificação das propriedades mecânicas do material do fio. Esta modificação gera redução da ductilidade e aumento da resistência mecânica (ROCHA, 2012). A operação de trefilação, portanto, é um trabalho de deformação mecânica realizada a frio, ou seja, abaixo da temperatura de recristalização e tem como produto final fios (ou barras ou tubos) de diâmetros menores e com propriedades mecânicas controladas. Durante as várias etapas da trefilação (quando há passagens por sucessivas fieiras de diâmetros finais decrescentes), pode ter a necessidade da realização de um tratamento térmico de recozimento, com a finalidade de conferir a ductilidade necessária ao prosseguimento do processo ou para conferir a ductilidade requerida para o atendimento das propriedades mecânicas específicas ao produto final (BRESCIANE FILHO et al, 2011). A matéria-prima utilizada na operação de trefilação é um produto na forma de arame (ou barra ou tubo) gerado pela operação de extrusão (para metais não- ferrosos) ou pela operação de laminação (para metais ferrosos e não-ferrosos) (BRESCIANE FILHO et al, 2011). 1.4 Estampagem Os processos de estampagem são caracterizados por trabalhar com matéria prima de espessura fina, tais como chapas, perfis ou tubos de paredes finas. A estampagem consiste na conformação da peça feita a partir de um pedaço de chapa cortada, que é denominada de disco ou esboço (forma qualquer) (SCHAEFFER, 2004; ROCHA, 2012). Rocha (2012) classifica o processo em dois grandes grupos: estampagem profunda (ou embutimento) e conformação geral, ambos sendo ilustrados na Figura 4. 26 Figura 4: Processos de Estampagem: (a) Profunda; (b) Conformação Geral Fonte: Adaptado de da Rocha (2012) Bresciane Filho et al (2011) afirma que o grupo de estapagem profunda é composto pelos processos de: a) Conformação por estampagem, reestampagem e reestampagem reversa de copos; b) Conformação por estampagem e reestampagem de caixas; c) Conformação rasa com estampagem e reestampagem de painéis; d) Conformação profunda com estampagem de painéis. Ao contrário do processo de estampagem profunda, cujos processos utilizam ferramentas acionadas por prensas, os processos de conformação em geral podem ser realizados em prensas viradeiras, rolos conformadores e outros tipos mais específicos de equipamentos e ferramentas de conformação. As principais operações pertencentes a esse grupo são: dobramento, flangeamento, rebordamento, nervuramento, enrolamento parcial ou total, estaqueamento, abaulamento, pregueamento, gravação, corrugamento, conformação de tubos, dentre outros processos específicos (BRESCIANE FILHO et al, 2011). 27 Os esforços que ocorrem nas operações de conformação são complexos e variam com o decorrer do processo. Normalmente, as operações de conformação de chapas são realizadas a frio, tendo como matéria-prima laminados delgados de aço, ligas de alumínio, ligas de cobre, dentre outros materiais (BRESCIANE FILHO et al, 2011). 1.5 Forjamento Possivelmente, é a mais antiga operação de conformaçãomecânica, onde era realizada por ferreiros com martelos e bigornas. O Forjamento consiste em deformar a peça por martelamento ou prensagem. Normalmente, a operação é realizada a quente, porém, recentemente também tem sido executada a frio. A operação é classificada em forjamento em matrizes abertas e em matrizes fechadas, conforme é ilustrado na Figura 5 (HELMAN; CETLIN, 2005). Figura 5: Processos de Forjamento: (a) Matriz Aberta; (b) Matriz Fechada Fonte: Adaptado de Bresciane Filho et al (2011) No processo em matriz aberta, a restrição ao movimento lateral da peça sendo comprimida é pequena, e as matrizes possuem geometria simples. A operação consiste em deformar a peça por compressão direta, e o material escoa no sentido perpendicular à direção de aplicação da força (caminho de menor atrito). A operação é usualmente aplicada para grandes peças, ou quando a demanda é pequena, não compensando a produção de matrizes caras. Normalmente, o forjamento em matriz aberta é usado para pré-conformar a peça para o forjamento em matriz fechada (HELMAN; CETLIN, 2005; BRESCIANE FILHO et al, 2011). 28 No processo em matriz fechada, a peça deverá adotar uma forma esculpida previamente nas duas matrizes, possuindo fortes restrições ao livre espalhamento do material. O processo não é realizado de uma vez só, usinam-se diversas cavidades em matrizes, e a peça vai sendo forjada, sucessivamente, nessas cavidades, chegando gradualmente até seu formato final. Deve haver grande demanda da peça para justificar o elevado custo das matrizes (HELMAN; CETLIN, 2005; BRESCIANE FILHO et al, 2011). 2. DOBRAMENTO O Processo de dobrar tubos possui grandes aplicações na indústria automotiva, aeronáutica e de eletrodomésticos. Além dessas, é encontrado aplicações na fabricação de elementos estruturais para construção civil e para componentes de sistemas de vácuo, hidráulicos, pneumáticos e de energia elétrica (RUSSO JUNIOR, 1997). Dobramento é um tipo de conformação mecânica onde são realizadas dobras e curvaturas em chapas ou tubos metálicos (GROOVER, 2007). Segundo Basso (2014), além da temperatura de trabalho, a operação de dobramento é classificada de acordo com o mecanismo de dobra. 2.1 Mecanismos de Dobramentos A American Society for Metals Handbook (1988) lista os métodos mais comuns para dobramentos de tubos, que são: a) Dobramento por tração (draw bending); b) Dobramento por compressão (compression bending); c) Dobramento por estiramento (stretch bending); d) Calandragem (roll bending). 29 Segundo González (2000), o dobramento por tração é constituído em fixar um dos lados do tubo à matriz circunferencial, de um raio específico, e apoia o mesmo com a matriz de carga (Figura 6). Figura 6: Dobramento por Tração Fonte: González (2000) O método de dobramento por tração rotativa é o mais utilizado na indústria, devido ao seu baixo custo e flexibilidade. Na operação de dobramento por tração o tubo é dobrado, graças ao movimento rotativo da matriz circunferencial em torno de seu eixo. A abrasão gerada pelo atrito entre o tubo e a superfície da matriz de carga deve ser levada em consideração quando for projetada a máquina de dobramento, uma vez que o mesmo deverá suportar a abrasão anteriormente dita (AGARWAL, 2004; GONZÁLEZ, 2000). González (2000) diz que no caso do dobramento por compressão, o tubo é preso em uma matriz fixa com o raio requerido (Figura 7). Figura 7: Dobramento por Compressão. Fonte: González (2000) 30 O mecanismo de dobramento de tubos por compressão é similar ao de dobramento por tração. Na operação do dobramento por compressão, o dobramento ocorre pela aplicação da força na sapata móvel, que desloca o tubo contra a matriz fixa até a forma final. A única diferença entre o processo de dobramento por compressão e tração, é que a matriz no mecanismo de compressão é fixa, enquanto no de tração, a matriz é móvel. Não é permitido nesse método um controle de fluxo do material tão bom comparado com o dobramento por tração, porém, ainda assim é amplamente utilizado em máquinas de dobramento por prensas hidráulicas e máquinas de dobramento por rotação (AGARWAL, 2004; GONZÁLEZ, 2000). Conforme González (2000), o dobramento por estiramento consiste em fixar as extremidades do tubo e estirá-lo contra a matriz fixa (Figura 8). Figura 8: Dobramento por Estiramento Fonte: González (2000) Comparado aos outros métodos, o dobramento por estiramento é o mais novo, utilizado na área industrial. Nesta operação, tanto as fibras internas, quanto externas do tubo estão em sob tensão. Os componentes deste equipamento consistem em mandril, fixadores nas extremidades e atuador hidráulico. A operação consiste em estirar axialmente o tubo, selecionando um valor de tensão. A pressão é aumentada para o nível desejado, enquanto a tensão é mantida constante. O dobramento por estiramento é utilizado quando se deseja uma curva irregular ou larga (grande perímetro) (AGARWAL, 2004; GONZÁLEZ, 2000). 31 González (2000) cita sobre a calandragem, operação demonstrada na Figura 9, onde geralmente são utilizados três cilindros com movimentos rotatórios, dois inferiores e um superior (entre os inferiores) para realizar o trabalho de curvatura. A calandragem também pode ser feita com quatro ou mais cilindros. Figura 9: Calandragem com: (a) Três Cilindros; (b) Quatro Cilindros Fonte: Adaptado de González (2000) Esta operação de dobramento é geralmente empregada para tubos de grande raio e com seções de diferentes diâmetros. Na operação de calandragem, com três cilindros, o superior realiza o dobramento, executando uma força perpendicular ao tubo, enquanto este tem movimentos oscilatórios. O método é executado quando é requerido arcos de qualquer comprimento, com raio mínimo de seis vezes o diâmetro do tubo (AGARWAL, 2004; GONZÁLEZ, 2000). Russo Junior (1997) cita em sua dissertação que a utilização de um mandril interno, em alguns casos, é recomendada, pois o mesmo evita o surgimento de deformações indesejáveis (como rugas) e achatamentos. Em três tipos são divididos: mandril rígido (tampão, forma ou perfil), mandril flexível (laminas) e mandril articulado (bola, bola com cabo de aço e bolas articuladas). A Figura 10 ilustra os principais mandris utilizados no processo de dobramento. 32 Figura 10: Matrizes internas para Dobramentos de Tubo Fonte: González (2000) Segundo González (2000), os mandris rígidos apoiam o tubo apenas até o início do dobramento, por conta de sua geometria. Se for posicionado muito a frente do ponto de início do dobramento, poderá ocorrer abaulamentos, rugas e achatamento. Dentre esse tipo, pode ser citado o mandril de tampão e o de forma ou perfil. Os mandris flexíveis são construídos por lâminas justapostas e geralmente são utilizados para tubos de secção retangular, com poucas dobras. Este mandril tem como desvantagem a dificuldade no procedimento de inserir e remover o tubo, devido à pequena folga (GONZÁLEZ, 2000). Mandris de bola, de bolas com cabo de aço e de bolas articuladas são mandris articulados. Este é o tipo mais usado, pois fixam grande parte da curvatura do tubo. Outra solução bastante utilizada na indústria é a inserção de areia sena no interior do tubo (GONZÁLEZ, 2000). No dobramento de tubos com parede fina e com a relação maior que trinta vezes entre diâmetro externo e espessura de parede, são utilizadas mandris do tipo multibolas. Estes são aplicados por conta de sua precisão, pois nesse tipo de operação, as folgas não podem ser superiores a 10% da espessura da parede. Estes requisitos são necessários principalmente para aplicação de tubos na tecnologia do vácuo, onde não são toleradas rugas, pois ocasionam em perda de carga (RUSSO JUNIOR, 1997).33 2.2 Momento Necessário para Realização do Dobramento Em sua bibliografia, Poll (2008), considera para o estudo do momento fletor um material elastoplástico1 ideal, podendo ser representado na Figura 11 por meio do diagrama de tensão-deformação ideal. Figura 11: Diagrama tensão-deformação específica de materiais elastoplásticos Fonte: Beer et al (2011) Sendo: E: Módulo de Elasticidade ε: Deformação Na Figura 12 pode-se observar o diagrama de tensão em materiais elastopláticos, onde a tensão normal máxima de flexão é maior que a tensão de escoamento (POLL 2008). Figura 12: Diagrama de tensão em material elastoplástico onde M<Me Fonte: Adaptado de Beer et al (2011) Sendo: M: Momento Fletor Me: Momento Fletor Máximo, antes do escoamento 1 O material é classificado como elastoplástico quando o mesmo apresenta duas parcelas de deformação, uma elástica independente do tempo e a outra plástica (ALVES, 2003 apud PASCON, 2012 p. 47). 34 Segundo Poll (2008) enquando a tensão normal σx não for maior que à tensão de escoamento, a lei de Hooke poderá ser aplicada sendo a distribuição de tensões linear ao longo da seção (Equação 1). σm = M.c I (1) Onde: σm: Tensão normal máxima M: Momento fletor c: Metade da altura da seção transversal da barra retangular I: Momento de inércia Na Figura 13 é ilustrado o diagrama de tensão em materiais elastopláticos, onde a tensão normal máxima de flexão é igual a tensão de escoamento. (POLL 2008). Figura 13: Diagrama de tensão em material elastoplástico onde M=Me Fonte: Adaptado de Beer et al (2011) Onde: M: Momento Fletor Me: Momento Fletor Máximo, antes do escoamento Ao aumentar o valor do momento fletor de forma a σm atingir a tensão de escoamento σe, terá então o máximo momento elástico, ou seja, o valor maior de momento onde as deformações se manterão totalmente elásticas, onde é possível ser calculado por meio da Equação 2 (POLL, 2008). 35 Me = I c . σe (2) Onde: Me: momento fletor máximo, antes do escoamento I: Momento de inércia c: Metade da altura da seção transversal da barra retangular Para o caso de uma barra com seção transversal retangular de largura b e altura 2c, a Equação 2 se transformará na Equação 3 (POLL, 2008). Me = b.(2.c) 3 12.c . σe = 2 3 . b.c2.σe (3) Onde: Me: momento fletor máximo, antes do escoamento b: largura da barra retangular c: metade da altura da seção transversal da barra retangular σe: tensão de escoamento Poll (2008) diz que se aumentar ainda mais o valor do momento fletor, apareceram zonas plastificadas na barra, as quais apresentam tensões uniformes e igual a na parte superior e na parte inferior da barra, como pode ser visto na Figura 14. Figura 14: Diagrama de tensão em material elastoplástico onde M>Me Fonte: Adaptado de Beer et al (2011) 36 Onde: M: Momento Fletor Me: Momento Fletor Máximo, antes do escoamento Entre as duas regiões plásticas, permanecerá um núcleo de material em seu estado ainda elástico, com a tensão variando linearmente juntamente com a distância y à linha neutra (centro). Desta forma, tem-se a Equação 4 (POLL, 2008). σx = - σe y e .y (4) Onde: σx: tensão em determinada região da barra σe: tensão de escoamento y e : metade da espessura do núcleo elástico y: distância de uma determinada região da barra à linha neutra Poll (2008) diz que se houver mais um aumento no momento, a região plastificada irá se expandir, ocorrendo, no limite, deformações totalmente plastificadas (Figura 15). Figura 15: Diagrama de tensão em material elastoplástico onde M=Mp Fonte: Adaptado de Beer et al (2011) Onde: M: Momento Fletor Mp: Momento Plástico 37 Poll (2008) afirma que o momento fletor correspondente a uma seção completamente plástica é denominado de momento plástico da barra estudada. Assim origina a Equação 5. Mp = 3 2 . Me (5) Onde: Mp: momento plástico Me: momento fletor máximo, antes do escoamento Poll (2008) destaca a Equação 6, em específico, para o cálculo do momento necessário para o dobramento de um tubo de seção cilíndrica. M = 1,5. π.(R4-r4) 4R .σe (6) Onde: M: momento fletor σe: tensão de escoamento R: Raio externo r: Raio interno 2.3 Recuperação Elástica Para Poll (2008), a recuperação elástica, ou efeito mola, é uma das dificuldades na conformação de materiais metálicos. Dieter (1981) define efeito mola como a variação dimensional sofrida pela peça conformada após a liberação da ferramenta de conformação. Este fenômeno ocorre em todos os processos de conformação, mas no caso de dobramento, é perceptível de forma mais fácil, e também, melhor estudado. 38 Callister e Rethwisch (2012) conceituam que o processo de descarregamento é dado por uma curva paralela à curva elástica, representada no diagrama Tensão x Deformação, partindo do ponto D (instante onde a carga é retirada) (Figura 16). Figura 16: Gráfico Tensão x Deformação com retorno elástico Fonte: Callister e Rethwisch (2012) Segundo Ilkiu (2000), a recuperação elástica ocorre no processo de dobramento, pois o material deformado na região elastoplástica recupera parte de sua deformação elástica provocado pelo dobramento. É permanecido armazenado no material o restante da deformação elástica, e por a região elástica ficar entre as duas regiões plásticas, estas impossibilitam a recuperação total das deformações elásticas do material. Apesar de não ser a forma mais precisa, a forma mais usual para compensar o efeito mola é dobrar a peça até um raio de curvatura menor do que o esperado. Quando a carga for liberada, o retorno elástico ocorrerá, e com isso, a peça terá o raio de curvatura adequado (DIETER, 1981). Poll (2008) diz que a recuperação elástica é proporcional tanto ao limite de escoamento, quanto ao módulo elástico e a deformação plástica. E além disso, será tanto maior quanto: 39 a) Maior limite de escoamento; b) Menor módulo elástico; c) Maior a deformação plástica. Baseado na definição do efeito de mola, Poll (2008) apresenta a Equação 7. K = αf α0 (7) Onde: K: coeficiente de resistência do material; αf: ângulo de curvatura antes da liberação da carga; α0: ângulo de curvatura depois da liberação da carga. Poll (2008) demonstra em seu trabalho a relação entre o raio e o ângulo de dobramento após a recuperação elástica (Figura 17). Figura 17: Raio e ângulo após Recuperação Elástica Fonte: Adaptado de Poll (2008) Para Malavolta et al (2007), a previsão do ângulo final é feita a partir da hipótese de que o comprimento do arco AB, ao ser submetido ao momento fletor M, permaneça constante após a recuperação elástica. A partir dessa afirmação, tem-se a Equação 8. 40 ρ 0 .Ф = ρ f . β (8) Onde: Ф: ângulo de dobramento; β: ângulo de dobramento após a recuperação elástica; ρ 0 : raio inicial de dobramento do tubo; ρ f : raio final de dobramento do tubo. 3. MATERIAIS Budynas e Nisbett (2011) dizem, “A seleção de um material para uma peça de máquina ou membro estrutural é uma das decisões mais importantes que o desenhador deve tomar. Normalmente, a decisão é tomada antes de as dimensões da peça serem estabelecidas. Após escolher o processo de criação da geometria desejada, bem como o material a ser empregado (os dois não podem estar divorciados), o desenhador pode dar proporções ao componente de modo que impeça perda de função ou que a chance de perda de função possa ser mantida em um nível de risco aceitável.” 3.1 Tipos de Materiais Callister e Rethwisch (2012) agrupam os materiais sólidos em três categorias: metais, cerâmicos e polímeros. Esse esquematem como parâmetros a composição química e a estrutura atômica. Em adicional, existem os compósitos, que são combinações de dois ou mais materiais diferentes, a fim de imprimir novas propriedades. Além desses, existe outra categoria, que são os materiais avançados, que são aplicados na alta tecnologia, como por exemplo, semicondutores, biomateriais, materiais inteligentes e os materiais da nanoengenharia. A Figura 18 ilustra alguns objetos que são feitos a partir de materiais metálicos, cerâmicos e poliméricos. 41 Figura 18: Objetos comuns feitos a partir de materiais: (a) Metálicos; (b) Cerâmicos; (c) Poliméricos Fonte: Adaptado de Callister e Rethwisch (2012) Os metais são compostos por um ou mais elementos metálicos (como ferro, alumínio, cobre, titânio, ouro e níquel), e regularmente também por elementos não metálicos (carbono, nitrogênio e oxigênio) em quantidades relativamente menores. Os átomos nos metais e em suas ligas estão arranjados de forma muito ordenada, e comparado aos materiais cerâmicos e poliméricos, são relativamente densos. Em relação às características mecânicas, os metais são relativamente rígidos, resistentes, dúcteis e resistentes à fratura, o que torna amplo o uso de metais em aplicações estruturais. Os materiais metálicos possuem elevado número de elétrons não localizados (elétrons livres), e por isso, são ótimos condutores de eletricidade e de calor. Sua superfície é brilhosa, e não transparente (CALLISTER e RETHWISCH, 2012). A cerâmica é dividida em cerâmica tradicional (louça, porcelana, tijolos, telhas, azulejos), e cerâmica avançada (cimentos, abrasivos, refratários, vidros). Possuem estrutura cristalina, mais complexa que a dos materiais metálicos. São bons isolantes elétricos, pois o número de elétrons livres é pequeno, dificultando a condutividade elétrica. Possuem ligações atômicas variáveis, podendo ser iônicas até totalmente covalentes. O ponto de fusão é elevado, dispondo de boa estabilidade em altas temperaturas. Sua dureza é elevada e resistente a ataques químicos. São compostos por elementos metálicos e não metálicos, como por exemplo, alumínio, silício, magnésio, berílio, titânio e boro. Juntamente com o oxigênio, carbono e nitrogênio alguns formam óxidos (alumina), nitretos e carnonetos (ZOLIN, 2010). 42 Os polímeros são moléculas de cadeia longa composta por vários monômeros juntos. Exemplos familiares de polímeros são os materiais plásticos e borrachas. Muitos desses são compostos orgânicos que possuem sua química baseada no carbono, no hidrogênio e em outros elementos metálicos (por exemplo O, N e Si). Possuem estruturas moleculares muitos grandes, com elevada frequência na forma de cadeias, que geralmente possuem uma estrutura composta por átomos de carbono. Alguns dos polímeros comuns são os polietilenos (PE), náilon, cloreto de polivinila (PVC), policarbonato (PC), poliestireno (PS) e a borracha silicone. Os polímeros possuem, em sua maioria, baixa massa específica. Muitos materiais poliméricos são extremamente dúcteis e flexíveis, permitindo conformar os mesmos em formatos complexos. Quimicamente, em sua maioria, são relativamente inertes, não reagindo em um grande número de ambientes. Tem como uma grande desvantagem a sua tendência em amolecer e/ou decompor em temperatura não tão alta, o que limita sua aplicação. Os polímeros possuem baixa condutividade elétrica e não são magnéticos (SHACKELFORD, 2008; CALLISTER e RETHWISCH, 2012). Para Shackelford (2008) nenhum material está mais associado à engenharia do que o metal, tal como o aço estrutural. A maioria das ligas ferrosas é de aços carbono e aços de baixa liga, e o motivo é por conta de seu preço moderado, devido à ausência de elevadas quantidades de elementos de liga, e são relativamente dúcteis para serem conformados. O produto final é durável e forte. Estes são aplicados desde esferas de rolamentos até chapas de metal conformadas na fuselagem de automóveis. Pinheiro (2005) diz que a fabricação dos aços estruturais dá-se conforme as propriedades químicas e/ou mecânicas requeridas no produto final. Tais propriedades se relacionam com o conceito de metal, podendo ser citados como exemplo, o brilho do metal, boa condutibilidade térmica e elétrica, opacidade, ductilidade, entre outras. É possível obter uma vasta gama de propriedades mecânicas alterando a composição dos aços e aplicando tratamentos mecânicos e térmicos. Na seleção 43 da composição dos aços é indispensável que todos os aços analisados apresentem módulo de elasticidade igual (JUVINALL; MARSHEK, 2013). Pinheiro (2005) diz que tanto nos aços-carbonos, quanto nos aços de baixa liga, é possível à realização de tratamentos térmicos, onde terão suas propriedades mecânicas modificadas. Para Pfeil, W. e Pfeil, M. (2009), os tipos de aços mais utilizados são os aços-carbono, onde a elevação da resistência mecânica, quando relacionado ao ferro puro, é produzido pelo carbono e manganês. Outros elementos adicionais também constituem os aços, as porcentagens máximas desses elementos podem ser representadas no Quadro 1. Quadro 1: Elementos que constituem os aços-carbono. Elemento Percentual Carbono 20% Silício 0,60% Manganês 1,65% Cobre 0,35% Fonte: Pfeil W. e Pfeil M., 2009 Pfeil, W. e Pfeil, M. (2009), ainda classificam o aço-carbono de acordo com o teor de carbono, representada no Quadro 2. Quadro 2: Categorias do aço-carbono de acordo com o teor de carbono Categoria Teor de Carbono Baixo Carbono C < 0,29% Médio Carbono 0,30% < C < 0,59% Alto Carbono 0,60% < C < 2,0% Fonte: Pfeil W. e Pfeil M., 2009 Para Juvinall e Marshek (2013), quando as características da função e aplicação de um componente a ser fabricado são conhecidas, a seleção do material é baseada em alguns fatores, e caso não sejam utilizados, a função do 44 material, sua vida operacional e o custo de seus componentes podem ser comprometidos. Tais fatores são: a) Disponibilidade do material, com formas e tipos requeridos; b) Custo total, incluindo os iniciais e futuros, levando em consideração a necessidade de redução de custos; c) Propriedades necessárias para atender aos requisitos que se almejam alcançar, além dos limites das mesmas; d) Processos realizados no material com a finalidade de produzir o acabamento final; e) Questões de saúde e legais. 3.2 Aplicações do Aço O Centro Brasileiro da Construção em Aço, CBCA (2017) alega que existem mais de 3500 tipos de diferentes aços, sendo que cerca de 75% deles foram desenvolvidos nos últimos 20 anos. Isso é decorrente do amplo desenvolvimento que o setor tem experimentado. A fabricante AÇOBRIL (2013) afirma que existem diversas aplicações para o aço, algumas delas são: a) Construção Naval e Plataformas Marítimas: Os aços desta classe são destinados à fabricação de cascos de navios em embarcações em geral, como também aos variados tipos de estruturas oceânicas, nas quais a exigência de garantia de propriedades mecânicas na soldagem é desejada; b) Resistente à Corrosão Atmosférica: São aços patináveis, de excelente resistência à corrosão atmosférica, com aplicações diversas, tais como pontes, implementos agrícolas, edifícios, mineração, vagões, entre outros. Possui como característica a boa soldabilidade e excelente aderência na aplicação da pintura; c) Caldeiras e Vasos de Pressão: Estes são destinados à fabricação de vasos de pressão e caldeiras, se enquadram conforma as condições de temperatura, pressão de trabalho e a faixa de resistência mecânica. Possui como principais 45 características a versatilidade de desempenho quanto a temperatura e boa soldabilidade. A redução dos valores de limite de escoamento em função da temperatura na operação deve ser levada em consideração na seleção do aço;d) Estruturais: Tem como aplicação a fabricação de componentes estruturais de pontes, edifícios, galpões, torres eólicas, máquinas agrícolas e implementos rodoviários. Estão disponíveis nas classes de média e alta resistência mecânica, disponibilizando características elevadas de conformação, tenacidade, e boa soldabilidade. e) Implementos Rodoviários, Agrícolas e Tratores: Possuem bom desempenho em conformabilidade, resistência à fadiga e soldabilidade. São aços de média e alta resistência, aplicados especialmente em travessas, chassis, eixos de máquinas agrícolas, tratores, longarinas e implementos rodoviários. f) Resistentes ao Desgaste: Estes apresentam boa soldabilidade, são atribuídos a serviços de alto desgaste mecânico, possuindo como principal característica a dureza elevada. São aplicados em tratores, retroescavadeiras, caçambas de caminhões fora de estrada, tremonhas, revestimentos de calhas, transportadores de minério, peças de altos-fornos e ventiladores industriais. 3.3 Tensão e Tipos de Solicitações As estimativas de tensões são baseadas nas propriedades do material do qual a peça será feita (BUDYNAS; NISBETT, 2011). Tensão é a relação entre intensidade de um esforço interno sobre um plano em especifico, em um determinado ponto. Caso a tensão seja perpendicular ao plano, é denominado de tensão normal (Figura 19) (HIBBELER, 2010). 46 Figura 19: Tensão Normal Fonte: Adaptado de Hibbeler (2010) A Equação 9 expressa a tensão normal média para corpos sob carregamentos uniaxiais (Tração ou Compressão), conforme é mostrado na Figura 20 (HIBBELER, 2010). Figura 20: Carregamento Uniaxial de Tração e Compressão Fonte: Adaptado de Hibbeler (2010) σ = P A (9) Onde: σ: tensão normal média P: força normal interna resultante A: área da seção Caso a tensão seja tangencial ao plano, é denominado de tensão de cisalhamento (Figura 21) (HIBBELER, 2010). 47 Figura 21: Tensão Cisalhante Fonte: Adaptado de Hibbeler (2010) A Equação 10 expressa a tensão de cisalhamento média (HIBBELER, 2010). τméd = V A (10) Onde: τméd: tensão de cisalhamento média V: força de cisalhamento interna resultante A: área da seção A distribuição da tensão não é sempre uniforme (Figura 22) (HIBBELER, 2010). Figura 22: Distribuição da Tensão Cisalhante Fonte: Hibbeler (2010) Para obter a tensão cisalhante em qualquer ponto da seção transversal, deve se usar a Equação 11 (HIBBELER, 2010). τ = V.Q I.t (11) 48 Onde: τ : tensão de cisalhamento V: força de cisalhamento interna resultante Q: momento estático I: momento de inércia da área da seção transversal inteira t: largura da área da seção transversal A flexão ocorre quando um corpo é submetido a momentos fletores M e M’, iguais e opostos atuando em mesmo plano longitudinal (Figura 23) (BEER et al, 2011). Figura 23: Corpo sob Flexão Fonte: Beer et al (2011) Para M>0, a linha AB diminui o comprimento (compressão), e a linha A’B’ aumenta o comprimento (tração). Nestes casos, a deformação específica e a tensão são negativas na parte superior do corpo e positivas na parte inferior (BEER at al, 2011). Beer et al (2011) especificam a Equação 12 para o cálculo da Flexão. σ = M.y I (12) Onde: σ: tensão normal M: momento fletor y: distância entre do ponto em análise até a linha neutra I: momento de inércia da seção transversal 49 A torção ocorrerá quando um corpo for submetido a momentos de torção, ou torques, T e T’, de mesma intensidade e sentidos opostos (Figura 24) (BEER et al, 2011). Figura 24: Corpo sob Torção Fonte: Beer et al (2011) A secção transversal encontra-se sob tensão de cisalhamento, tendo distribuição linear em relação ao raio, sendo nulo no centro e máximo na superfície externa. A Equação 13 expressa cálculo de Torção (BEER et al, 2011). τ = T.r J (13) Onde: τ: tensão cisalhante T: momento torçor r: raio do ponto desejado J: momento polar de inércia 3.4 Deformação Quando um corpo é submetido a um esforço, o mesmo tende a sofrer uma alteração nas suas dimensões. Estas alterações dimensionais, quando é expressa em termos percentuais (relativo às dimensões originais), são denominadas de deformação. A deformação para carregamentos axiais é expressa pela Equação 14 (HIBBELER, 2010; BEER et al, 2011). ε = ∆l l0 (14) 50 Onde: ε: Deformação ∆l: Variação do Comprimento l0: Comprimento Inicial Hibbeler (2010) diz que a alteração que ocorre no ângulo entre dois segmentos de reta, onde inicialmente eram perpendiculares um ao outro, é chamada de deformação por cisalhamento. Esta pode ser representada na Figura 25. Figura 25: Deformação por Cisalhamento em um Plano Fonte: Adaptado de Basso (2014) Nos carregamentos cisalhantes, a força tenderá a inclinar o plano, gerando um ângulo γ em relação ao plano original. As linhas tracejadas demonstram a deformação gerada no plano devido a um esforço cisalhante. A deformação por cisalhamento também é conhecida como distorção (HIBBELER, 2010; BEER et al, 2011). 3.5 Propriedades dos Materiais A resposta à solicitação de um material se dá pelas propriedades mecânicas deste. Módulo de elasticidade longitudinal e transversal, dureza superficial, resistência ao escoamento e a ruptura, são alguns exemplos de propriedades mecânicas (BASSO, 2014). O módulo de elasticidade longitudinal (módulo de Young) é relacionado entre a deformação e a tensão, onde a mesma representa a rigidez do material. A 51 Equação 15 expressa a Lei de Hooke, para estados unixiais de tensão (HIBBELER, 2010; BEER et al, 2011). σ = E.ε (15) Onde: σ: Tensão Normal E: Módulo de Young ε: Deformação Para casos, onde as tensões estão no estado multiaxiais, a lei de Hooke é denominada de Generalizada, e a mesma é expressa pela Equação 16 (HIBBELER, 2010; BEER et al, 2011). εx = 1 E [σx - ν .(σy + σz)] (16) Onde: εx: Deformação no eixo X E: Módulo de Elasticidade Longitudinal (Módulo de Young) σx: Tensão normal no eixo X ν: Coeficiente de Poisson σy: Tensão normal no eixo Y σz: Tensão normal no eixo Z Assim como o módulo de elasticidade longitudinal representa a rigidez do material em estados axiais, o módulo de elasticidade transversal irá representar a rigidez do material à distorção. A Equação 17 expressa a relação entre a tensão de cisalhamento, a distorção e o módulo de elasticidade transversal (HIBBELER, 2010; BEER et al, 2011). τ = G.γ (17) 52 Onde: τ: Tensão Cisalhante G: Módulo de Elasticidade Transversal γ: Deformação angular (Distorção) O coeficiente de Poisson é outra propriedade do material que interfere no padrão de deformação. Ele é expresso pela Equação 18, demonstrando a razão entre a deformação longitudinal (no sentido da força) e a deformação lateral (HIBBELER, 2010). ν = εlat εlong (18) Onde: ν: Coeficiente de Poisson εlat: Deformação Lateral (perpendicular ao sentido da força) εlong: Deformação Longitudinal (no mesmo sentindo da força) Relacionando o coeficiente de Poisson, o módulo de elasticidade longitudinal e o módulo de elasticidade transversal, a obtenção destas propriedades se torna fácil, por meio de um ensaio de tração. Assim é gerada a Equação 19 (BASSO, 2014). G = E 2.(1 - ν) (19) Onde: G: Módulo de Elasticidade Transversal E: Módulo de Elasticidade Longitudinal (Módulo de Young) ν: Coeficiente de Poisson Os limites de resistência ao escoamento e resistência mecânica são outras propriedades do material importantíssimas para projetos mecânicos. O 53 limite de resistência ao escoamento em tração (Sy ou σy) é a tensão onde o material entra em regime plástico de deformação.O limite de resistência mecânica em tração (Sut ou σut) é a tensão onde o material começa a desenvolver um processo de falha. O limite de escoamento e a resistência mecânica em cisalhamento puro (Sys ou σys) e (Sus ou σus), respectivamente, são semelhantes aos correspondentes em tração (BUDYNAS; NISBETT, 2011). Há correlações entre os limites em resistência em tração e em cisalhamento. Estes limites de resistências são determinados por meios de um ensaio de tração, que nem sempre é de fácil acesso, levando em consideração o custo relativamente elevado do equipamento (NORTON, 2013). De forma alternativa, podem ser realizados ensaios de dureza, os quais se relacionam bem com os ensaios de tração, sendo uma alternativa de menor custo, para obter as propriedades mecânicas necessárias para o projeto. Além disso, a dureza superficial de um material está relacionada à resistência ao desgaste. (NORTON, 2013). Existem diversos métodos para medição da dureza, como o Brinell, Rockwell e Vickers são os mais comuns para medição de dureza em materiais metálicos. Cada método possui suas próprias características e peculiaridades, porém, todos apresentam a dureza calculada a partir da impressão de uma força na superfície do metal (NORTON, 2013). 54 O Quadro 3 apresenta propriedades de alguns materiais (NORTON, 2013). Quadro 3: Propriedades de Alguns Materiais Material E [GPa] G [GPa] ν Sy [MPa] Sut [MPa] Dureza Brinell [HB] Aço SAE 1020 laminado a quente 210 80 0.28 207 379 111 Aço SAE 4340 temperado e revenido a 600 ºF 210 80 0.28 1586 1724 486 Alumínio 1100 laminado a frio 71 27 0,34 152 165 44 Náilon 6/6 1,4 - - 68,9 - - Fonte: Adaptado de Norton (2013) 3.6 Solicitações Combinadas e Critérios de Falha Na prática, são poucos componentes que apresentam apenas estados uniaxiais de tensão. Os critérios de falhas existem para poder obter uma tensão equivalente e comparar à resistência do material (BASSO, 2014). Os principais critérios de falha para materiais dúcteis são o de Tresca e de von Mises. Tresca é baseado no fato de que os materiais dúcteis falham quando seu carregamento alcança a tensão máxima de cisalhamento suportado pelo material. A tensão equivalente, onde o material suporta segundo o critério, é expressa na Equação 20 (BUDYNAS; NISBETT, 2011; NORTON, 2013). σeq = σ1 - σ3 = 2.τmax (20) 55 Onde: σeq: Tensão normal Equivalente σ1: Tensão normal no ponto 1 σ3: Tensão normal no ponto 3 τmax: Tensão máxima de cisalhamento O critério de von Mises (critério de máxima energia de distorção) é baseado no fato que o elemento falhará quando a energia de deformação por distorção alcançar ou ultrapassar o valor referente ao escoamento do material. A tensão equivalente é expressa pela Equação 21 (NORTON, 2013; JUVINALL; MARSHEK, 2013). σ'eq = √ (σ1-σ2)2 + (σ1-σ3)2 + (σ2-σ3)2 2 = √(σx-σy) 2 + (σy-σz) 2 + (σz-σx)2 + 6.(τ2xy+τ2yz+τ2zx) 2 (21) Onde: σ'eq: Tensão normal equivalente de von Mises σ1: Tensão normal no ponto 1 σ2: Tensão normal no ponto 2 σ3: Tensão normal no ponto 3 σx: Tensão normal no eixo X σy: Tensão normal no eixo Y σz: Tensão normal no eixo Z τxy: Tensão cisalhante nos eixos X e Y τyz: Tensão cisalhante nos eixos Y e Z τzx: Tensão cisalhante nos eixos Z e X A Figura 26 representa a interseção do critério de Tresca (linha tracejado) com o critério de von Mises (linha contínua), no plano σ1 x σ3 (BUDYNAS; NISBETT, 2011). 56 Figura 26: Comparação entre critérios de Tresca e von Mises Fonte: Budynas e Nisbett (2011) A geometria do critério de Tresca, no gráfico, se encontra dentro da geometria do critério de von Mises, logo, é possível afirmar que o critério de Tresca é mais conservador, comparado ao de von Mises, e por isso, o de von Mises é mais utilizado. Ambos os critérios assumem que o estado de tensão não falhará, caso o valor esteja localizado no interior da geometria no gráfico (BUDYNAS e NISBETT, 2011). 3.7 Desgaste Desgaste é um termo, genérico, que se baseia nas falhas que englobam a alteração da superfície de um corpo. Todo componente que não falhe por rompimento, terá o final de sua vida determinado pelo desgaste. Desgaste pode ser definido como a perda de material das superfícies de um elemento que ocorre devido o contato de rolamento ou deslizamento entre duas superfícies (Figura 27) (NORTON, 2013; RABINOWICZ, 1995). Figura 27: Contato real entre duas superfícies Fonte: Norton (2013) Existem cinco métodos de desgaste: desgaste adesivo, desgaste abrasivo, erosão, desgaste por corrosão e fadiga superficial (NORTON, 2013). 57 No desgaste adesivo, devido à força de tração entre os átomos, os picos de rugosidade de superfícies em contato se aderem. Quando as superfícies são postas em movimento, ocorre a quebra dos picos fazendo com que se aderem à outra superfície, ocasionando no arranhamento (NORTON, 2013; RABINOWICZ, 1995). A aderência dos materiais é definida pela compatibilidade metalúrgica, ou seja, se dois materiais são compatíveis, o deslizamento entre ambos acarretará em um grande arrancamento de material, enquanto materiais incompatíveis poderão deslizar entre si com pequena intensidade de arrancamento de material (NORTON, 2013). Norton (2013) expressa a Equação 22 como referente à profundidade de desgaste adesivo. d = k. F.l H.Aa (22) Onde: d: Profundidade de desgaste k: Coeficiente de desgaste F: Força normal l: Comprimento de deslizamento H: Dureza à penetração Aa: Área aparente de deslizamento O Coeficiente de desgaste (k) é uma propriedade adimensional que depende dos tipos de materiais da superfície e das condições de lubrificação. A Figura 28 apresenta um gráfico para a obtenção de valores de coeficiente de desgaste por adesão (NORTON, 2013). 58 Figura 28: Valores para coeficiente de desgaste por adesão em função do tipo de material e estado de lubrificação Fonte: Norton (2013) Os valores de k são tabelados de forma empírica e mostram um desvio considerável para as mesmas condições. É recomendado, sempre que possível, fazer um ensaio de desgaste do projeto real (NORTON, 2013). A lubrificação é um fator importantíssimo para amenizar os danos ocasionados pelo desgaste. A adesão ocorrerá somente em superfícies limpas (livres de contaminantes), logo, um filme de lubrificante entre as superfícies que estão em contatos isolará os materiais (RABINOWICZ, 1995). O desgaste por abrasão pode ocorrer entre dois ou três corpos. Este desgaste é definido como a remoção de material de uma superfície em uma proporção controlada ou não. O acabamento das superfícies em contato, tamanho e dureza das partículas influenciam no desgaste por abrasão. Quanto melhor trabalhado o acabamento superficial das peças em contato, menor será a probabilidade de ocorrer o desgaste por abrasão. Alguns processos de usinagem são baseados neste princípio, como a retificação e o esmerilhamento. O coeficiente de desgaste por abrasão k é apresentado no Quadro 4. (NORTON, 2013; RABINOWICZ, 1995). 59 Quadro 4: Coeficiente de desgaste k por abrasão Superfície Lima Lixa Fina Nova Partículas Abrasivas Soltas Polimento Grosseiro Seca 5 x 10 -2 10 -2 10 -3 10 -4 Lubrificada 10 -1 2 x 10 -2 2 x 10 -3 2 x 10 -4 Fonte: Adaptado de Norton (2013) Gentil (1996) considera o desgaste por corrosão como o inverso do processo metalúrgico, onde o objetivo principal é a extração do metal a partir dos minérios e outros compostos. O processo de corrosão tende a oxidar o metal, e muitas vezes, o produto corroído de um metal é similar ao minério que originalmente foi extraído. A definição
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