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Direito Civil Aula 03

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TRIBUNAIS 2014 
Direito Civil 
Luciano Figueiredo 
1 
Negócio Jurídico 
Tema IV 
 
Material para o Curso Módulo Básico dos 
Tribunais. 
Elaboração: Luciano L. Figueiredo1. 
 
 
 
1. Conceito de Negócio Jurídico 
 
 
2. Planos do Negócio Jurídico 
 
2.1. Existência 
 
O plano de existência do negócio jurídico não 
foi incluso pelo legislador civil na Codificação, 
sendo, porém, diuturnamente tratado pela 
doutrina. 
 
É o plano do “ser” do negócio jurídico. 
 
a) Agente 
 
b) Objeto 
 
c) Forma 
 
d) Vontade Exteriorizada 
 
2.2. Validade 
 
Validade é sinônimo de adequação ao sistema 
jurídico, verificando-se se o negócio existente 
pertence ao ordenamento jurídico. 
 
Art. 104. A validade do negócio 
jurídico requer: 
I - agente capaz; 
II - objeto lícito, possível, determinado 
ou determinável; 
 
1 Advogado. Sócio do Figueiredo & Figueiredo Advocacia e 
Consultoria . Graduado em Direi to pela Universidade Salvador 
(UNIFACS). Especialista (Pós-Graduado) em Direi to do Estado 
pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Mestre em Direi to 
Privado pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Professor 
de Direi to Ci vil . Palestrante. Autor de Artigos Científicos e 
Livros Jurídicos. Fan Page: Luciano Lima Figueiredo. Twitter: 
@civilfigueiredo. Instagram: @lucianolimafigueiredo. 
III - forma prescrita ou não defesa em 
lei. 
 
I – Capacidade do Agente: Já estudada na aula 
de Pessoa Física. 
 
II – Objeto Lícito, Possível, Determinado ou 
Determinável 
 
III – Forma Prescrita ou Não Defesa em Lei. 
 
Art. 107. A validade da declaração de 
vontade não dependerá de forma 
especial, senão quando a lei 
expressamente a exigir. 
 
Hipótese em que a vontade é vinculada: 
 
Art. 108. Não dispondo a lei em 
contrário, a escritura pública é 
essencial à validade dos negócios 
jurídicos que visem à constituição, 
transferência, modificação ou renúncia 
de direitos reais sobre imóveis de valor 
superior a trinta vezes o maior salário 
mínimo vigente no País. 
 
IV – Consentimento Válido 
 
Pode ser pelo silêncio? Art. 111 do CC: 
 
Art. 111. O silêncio importa anuência, 
quando as circunstâncias ou os usos o 
autorizarem, e não for necessária a 
declaração de vontade expressa. 
 
2.2.1 Teoria das Invalidades 
 
Duas observações iniciais: 
 
I. As nulidades nunca são implícitas (exigem 
sempre texto de lei). Não há nulidade, seja 
absoluta ou anulabilidade (relativa), sem 
disposição legal. 
 
II. As nulidades admitem gradação. 
 
 
a) Nulidade Absoluta 
 
Hipóteses: 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Art.166. É nulo o negócio jurídico 
quando: 
I - celebrado por pessoa 
absolutamente incapaz; 
II - for ilícito, impossível ou 
indeterminável o seu objeto; 
III - o motivo determinante, comum a 
ambas as partes, for ilícito; 
IV - não revestir a forma prescrita em 
lei; 
V - for preterida alguma solenidade 
que a lei considere essencial para a 
sua validade; 
VI - tiver por objetivo fraudar lei 
imperativa; 
VII - a lei taxativamente o declarar 
nulo, ou proibir-lhe a prática, sem 
cominar sanção. 
 
Art. 167. É nulo o negócio jurídico 
simulado, mas subsistirá o que se 
dissimulou, se válido for na substância 
e na forma. 
§ 1º Haverá simulação nos negócios 
jurídicos quando: 
I – aparentar em conferir ou transmitir 
direitos a pessoas diversas daquelas 
às quais realmente se conferem, ou 
transmitem; 
II – contiverem declaração, confissão, 
condição ou cláusula não verdadeira; 
III – os instrumentos particulares forem 
antedatados, ou pós-datados. 
§ 2º Ressalvam-se os direitos de 
terceiros de boa-fé em face dos 
contraentes do negócio jurídico 
simulado 
 
 
Características: 
 
1. O ato nulo atinge interesse público superior; 
2. Opera-se de pleno Direito (ope legis); 
3. Não admite confirmação (ratificação), mas 
pode ser convertido; 
4. Pode ser arguida pelas partes, por terceiro 
interessado, pelo Ministério Público, quando 
lhe couber intervir, ou, até mesmo, pronunciada 
de ofício pelo Juiz ex ofício; 
5. A ação declaratória de nulidade é decidida 
por sentença de natureza declaratória de 
efeitos “extunc”; 
6. A nulidade, segundo o novo Código Civil, 
pode ser reconhecida a qualquer tempo, não 
se sujeitando a prazo prescricional 
(imprescritível) ou decadencial. 
 
# Atenção: apesar de o juiz poder reconhecer 
ex ofício a nulidade, ele não tem permissão 
para supri-la, ainda que a requerimento da 
parte (art. 168 p.u, CC/02). 
 
Parágrafo único. As nulidades devem 
ser pronunciadas pelo juiz, quando 
conhecer do negócio jurídico ou dos 
seus efeitos e as encontrar provadas, 
não lhe sendo permitido supri-las, 
ainda que a requerimento das partes. 
 
# Atenção: Entende o STJ que a arguição de 
nulidade absoluta nas instâncias 
extraordinárias demanda a observância do 
requisito do prequestionamento. Informativo 
329, STJ: 
 
ALIENAÇÃO. BEM IMÓVEL. 
CLÁUSULA. INALIENABILIDADE. 
NULIDADE ABSOLUTA. 
DECLARAÇÃO. OFÍCIO. 
PREQUESTIONAMENTO. 
 
Destacaram as instâncias anteriores 
que os gravames em questão incidem, 
tão-somente, sobre os frutos, e não, 
propriamente, sobre o imóvel. O 
Tribunal estadual manteve-se nos 
exatos limites da questão da 
prescritibilidade, ou não, da pretensão 
de reconhecimento da nulidade do 
negócio jurídico entabulado, 
mantendo-se silente sobre qualquer 
outra matéria. Não obstante, ainda 
que se trate de questão chamada de 
"ordem pública", isto é, nulidade 
absoluta – passível, segundo 
respeitável doutrina, de 
conhecimento a qualquer tempo, 
em qualquer grau de jurisdição –, 
este Superior Tribunal já cristalizou 
seu entendimento pela 
impossibilidade de se conhecer da 
matéria de ofício, quando 
inexistente o necessário 
prequestionamento. Ocorrida essa 
nulidade, a prescrição a ser aplicada é 
 
 
 
 
 
 
 
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a vintenária. Com esse entendimento, 
a Turma não conheceu doREsp, 
anotando que a ação foi ajuizada trinta 
e oito anos após o registro da 
alienação. O Min. Antônio de Pádua 
Ribeiro acompanhou o Min. Relator 
apenas na conclusão, por entender 
incidente a Súm. n. 283-STF, pois 
defende a imprescritibilidade dos atos 
nulos. Precedentes citados: REsp 
178.342-RS, DJ 3/11/1998; AgRg no 
REsp 478.379-RS, DJ 3/4/2006; Edcl 
no REsp 750.406-ES, DJ 21/11/2005; 
REsp 919.243-SP, DJ 7/5/2007, e 
REsp 591.401-SP, DJ 13/9/2004. 
REsp 297.117-RS, Rel. Min. Hélio 
Quaglia Barbosa, julgado em 
28/8/2007. 
 
b) Nulidade Relativa (Anulabilidade) 
 
Hipóteses: 
 
Art. 171. Além dos casos 
expressamente declarados na lei, é 
anulável o negócio jurídico: 
I - por incapacidade relativa do agente; 
II - por vício resultante de erro, dolo, 
coação, estado de perigo, lesão ou 
fraude contra credores. 
 
Características: 
 
1. O ato anulável atinge interesses particulares, 
legalmente tutelados (por isso a gravidade não 
é tão relevante quanto na hipótese de 
nulidade); 
2. Não se opera de pleno Direito (opeiudicis); 
3. Admite confirmação expressa ou tácita 
(ratificação); 
4. Somente pode ser arguida pelos legítimos 
interessados; 
5. A anulabilidade somente pode ser arguida, 
pela via judicial, em prazos decadenciais de 4 
(regra geral) ou 2 (regra supletiva) anos, salvo 
norma específica sem sentido contrário (art. 
178 e 179). 
 
Art. 178. É de quatro anos o prazo de 
decadência para pleitear-se a 
anulação do negócio jurídico, contado: 
I - no caso de coação, do dia em que 
ela cessar; 
II - no de erro, dolo, fraude contra 
credores, estado de perigo ou lesão, 
do dia em que se realizou o negócio 
jurídico; 
III - no de atos de incapazes, do dia 
em que cessar a incapacidade. 
 
Art. 179. Quando a lei dispuser que 
determinado ato é anulável, sem 
estabelecer prazo para pleitear-se a 
anulação, será este de dois anos, a 
contar da data da conclusão do ato. 
 
 
6. Quaisos efeitos da decisão? 
 
Art. 177. A anulabilidade não tem 
efeito antes de julgada por sentença, 
nem se pronuncia de ofício; só os 
interessados a podem alegar, e 
aproveita exclusivamente aos que a 
alegarem, salvo o caso de 
solidariedade ou indivisibilidade. 
Art. 182. Anulado o negócio jurídico, 
restituir-se-ão as partes ao estado em 
que antes dele se achavam, e, não 
sendo possível restituí-las, serão 
indenizadas com o equivalente. 
 
 
Fiquem atentos: 
 
Art. 105. A incapacidade relativa de 
uma das partes não pode ser invocada 
pela outra em benefício próprio, nem 
aproveita aos co-interessados 
capazes, salvo se, neste caso, for 
indivisível o objeto do direito ou da 
obrigação comum. 
 
Art. 180. O menor, entre dezesseis e 
dezoito anos, nãopode, para eximir-se 
de uma obrigação, invocar a sua idade 
se dolosamente a ocultou quando 
inquirido pela outra parte, ou se, no 
ato de obrigar-se, declarou-se maior. 
 
c) Princípio da conservação dos atos e 
negócios jurídicos 
 
I) Conversão Substancial 
 
http://www.stj.gov.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?tipo=num_pro&valor=REsp+297117
 
 
 
 
 
 
 
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É uma medida sanatória por meio da qual 
aproveitam-se os elementos materiais de um 
negócio jurídico inválido, convertendo-o em 
negócio válido de fins lícitos. Está prevista no 
art. 170 e consiste na recategorização de 
determinado negócio para outro de diferente 
espécie, respeitadas determinadas 
circunstâncias. 
 
Art. 170. Se, porém, o negócio jurídico 
nulo contiver os requisitos de outro, 
subsistirá este quando o fim a que 
visavam as partes permitir supor que o 
teriam querido, se houvessem previsto 
a nulidade. 
 
# Exemplos: 
 
Compra e venda por escritura particular de 
imóvel acima de 30 salários: juiz pode 
considerar convertendo em promessa de 
compra e venda, e depois possibilitando a 
adjudicação compulsória do bem 
 
II) Ratificação (Saneamento, Convalidação 
Ou Confirmação): 
 
Art. 169. O negócio jurídico nulo não é 
suscetível de confirmação, nem 
convalesce pelo decurso do tempo. 
 
Art. 172. O negócio anulável pode ser 
confirmado pelas partes, salvo direito 
de terceiro. 
 
 
III) Redução do Negócio Jurídico 
 
Permite uma invalidada parcial. 
 
Art. 184. Respeitada a intenção das 
partes, a invalidade parcial de um 
negócio jurídico não o prejudicará na 
parte válida, se esta for separável; a 
invalidade da obrigação principal 
implica a das obrigações acessórias, 
mas a destas não induz a da 
obrigação principal. 
 
 
 
 
 
2.3. Eficácia 
 
Tem como elementos acidentais ou acessórios, 
opostos pela vontade humana a negócios com 
fundo patrimonial: 
 
a) Condição 
 
I) Suspensiva x Resolutiva 
II) Lícita x Ilícita 
III) Puramente Potestativa x Meramente ou 
Simplesmente Potestativa 
 
Art. 122. São lícitas, em geral, todas 
as condições não contrárias à lei, à 
ordem pública ou aos bons costumes; 
entre as condições defesas se incluem 
as que privarem de todo efeito o 
negócio jurídico, ou o sujeitarem ao 
puro arbítrio de uma das partes. 
 
Art. 123. Invalidam os negócios 
jurídicos que lhes são subordinados: 
I - as condições física ou juridicamente 
impossíveis, quando suspensivas; 
II - as condições ilícitas, ou de fazer 
coisa ilícita; 
III - as condições incompreensíveis ou 
contraditórias. 
 
Art. 124. Têm-se por inexistentes as 
condições impossíveis, quando 
resolutivas, e as de não fazer coisa 
impossível. 
 
Art. 125. Subordinando-se a eficácia 
do negócio jurídico à condição 
suspensiva, enquanto esta se não 
verificar, não se terá adquirido o 
direito, a que ele visa. 
 
Art. 129. Reputa-se verificada, quanto 
aos efeitos jurídicos, a condição cujo 
implemento for maliciosamente 
obstado pela parte a quem 
desfavorecer, considerando-se, ao 
contrário, não verificada a condição 
maliciosamente levada a efeito por 
aquele a quem aproveita o seu 
implemento. 
 
Art. 130. Ao titular do direito eventual, 
nos casos de condição suspensiva ou 
 
 
 
 
 
 
 
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resolutiva, é permitido praticar os atos 
destinados a conservá-lo. 
 
 
Na hora da prova? 
 
01. (Analista Judiciário – Execução de 
Mandados TRF 4ª região/ 2010 – Direito 
Civil/ FCC) Considere as seguintes 
assertivas a respeito da Condição, do 
Termo e do Encargo: 
 
I. Considera-se condição a cláusula que, 
derivando exclusivamente da vontade das 
partes, subordina o efeito do negócio 
jurídico a evento futuro e certo. 
II. Se for resolutiva a condição, enquanto 
esta se não realizar, vigorará o negócio 
jurídico, podendo exercer-se desde a 
conclusão deste o direito por ele 
estabelecido. 
III. O termo inicial suspende o exercício, 
mas não a aquisição do direito. 
IV. Em regra, o encargo suspende a 
aquisição e o exercício do direito. 
 
De acordo com o Código Civil, está correto 
o que consta APENAS em 
 
a) I e III. 
b) I, II e III. 
c) II, III e IV. 
d) II e III. 
e) II e IV. 
 
 
b) Termo 
 
I) Inicial (dies a quo) x Final (Dies ad quem) 
 
Art. 131. O termo inicial suspende o 
exercício, mas não a aquisição do 
direito. 
 
II) Forma de Contagem: 
 
Art. 132. Salvo disposição legal ou 
convencional em contrário, computam-
se os prazos, excluído o dia do 
começo, e incluído o do vencimento. 
§ 1º Se o dia do vencimento cair em 
feriado, considerar-se-á prorrogado o 
prazo até o seguinte dia útil. 
§ 2º Meado considera-se, em qualquer 
mês, o seu décimo quinto dia. 
§ 3º Os prazos de meses e anos 
expiram no dia de igual número do de 
início, ou no imediato, se faltar exata 
correspondência. 
§ 4º Os prazos fixados por hora 
contar-se-ão de minuto a minuto. 
 
II) Regras Importantes: 
 
Art. 133. Nos testamentos, presume-
se o prazo em favor do herdeiro, e, 
nos contratos, em proveito do 
devedor, salvo, quanto a esses, se do 
teor do instrumento, ou das 
circunstâncias, resultar que se 
estabeleceu a benefício do credor, ou 
de ambos os contratantes. 
 
Art. 134. Os negócios jurídicos entre 
vivos, sem prazo, são exeqüíveis 
desde logo, salvo se a execução tiver 
de ser feita em lugar diverso ou 
depender de tempo. 
 
c) Modo ou Encargo 
 
Art. 136. O encargo não suspende a 
aquisição nem o exercício do direito, 
salvo quando expressamente 
imposto no negócio jurídico, pelo 
disponente, como condição 
suspensiva. 
 
Art. 137. Considera-se não escrito o 
encargo ilícito ou impossível, salvo 
se constituir o motivo determinante 
da liberalidade, caso em que se 
invalida o negócio jurídico. 
 
3. Regras Interpretativas dos Negócios 
Jurídicos 
 
3.1 Boa-Fé 
 
Subjetiva – Bona Fides romana. 
 
Objetiva - treuundglauben- Germânica 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Art. 113. Os negócios jurídicos devem 
ser interpretados conforme a boa-fé e 
os usos do lugar de sua celebração. 
 
Art. 422. Os contratantes são 
obrigados a guardar, assim na 
conclusão do contrato, como em sua 
execução, os princípios de probidade 
e boa-fé. 
 
Funções da Boa-Fé Objetiva: 
 
a) Interpretativa 
 
En. 27. Art. 422: na interpretação da 
cláusula geral da boa-fé, deve-se levar 
em conta o sistema do Código Civil e 
as conexões sistemáticas com outros 
estatutos normativos e fatores 
metajurídicos. 
 
b) Integrativa 
 
En. 24.: Art. 422.: em virtude do 
princípio da boa-fé, positivado no art. 
422 do novo Código Civil, a violação 
aos deveres anexos constitui espécie 
de inadimplemento, 
independentemente de culpa. 
 
O descumprimento de tais deveres denomina-
se de violação positiva do contrato ou 
adimplemento fraco, sendo reconhecido pelo 
STJ na hipótese de não observância do dever 
de informação: 
 
Recurso especial. Civil. Indenização. 
Aplicação do princípio da boa-fé 
contratual. Deveres anexos ao 
contrato. 
- O princípio da boa-fé se aplica às 
relações contratuais regidas pelo 
CDC, impondo, por conseguinte,a 
obediência aos deveres anexos ao 
contrato, que são decorrência lógica 
deste princípio. 
- O dever anexo de cooperação 
pressupõe ações recíprocas de 
lealdade dentro da relação 
contratual. 
- A violação a qualquer dos deveres 
anexos implica em inadimplemento 
contratual de quem lhe tenha dado 
causa. 
- A alteração dos valores arbitrados a 
título de reparação de danos 
extrapatrimoniais somente é possível, 
em sede de Recurso Especial, nos 
casos em que o quantum determinado 
revela-se irrisório ou exagerado. 
Recursos não providos. 
(REsp 595631 / SC. Relatora 
Ministra Nancy Adrighi. 3 Turma. 
Julgado em:08.06.2004.) 
 
O CJF reconhece como um dos deveres 
anexos o de mitigação por parte do credor - 
DutytoMigatetheLoss ou o dever do credor de 
mitigar as próprias perdas: 
 
E. 169 – Art. 422: O princípio da boa-
fé objetiva deve levar o credor a evitar 
o agravamento do próprio prejuízo 
 
c) Restritiva 
 
En. 26 Art. 422.: a cláusula geral 
contida no art. 422 do novo Código 
Civil impõe ao juiz interpretar e, 
quando necessário, suprir e corrigir o 
contrato segundo a boa-fé objetiva, 
entendida como a exigência de 
comportamento leal dos contratantes. 
 
Aplicação: Do pré-contrato ao pós-contrato? 
 
E. 25 - Art. 422: o art. 422 do Código 
Civil não inviabiliza a aplicação pelo 
julgador do princípio da boa-fé nas 
fases pré-contratual e pós -contratual. 
 
En. 170 – Art. 422: A boa-fé objetiva 
deve ser observada pelas partes na 
fase de negociações preliminares e 
após a execução do contrato, quando 
tal exigência decorrer da natureza do 
contrato. 
 
3.2 Demais Regras 
 
Art. 109. No negócio jurídico celebrado 
com a cláusula de não valer sem 
instrumento público, este é da 
substância do ato. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Art. 112. Nas declarações de vontade 
se atenderá mais à intenção nelas 
consubstanciada do que ao sentido 
literal da linguagem. 
 
Art. 114. Os negócios jurídicos 
benéficos e a renúncia interpretam-se 
estritamente. 
 
4. Defeitos do Negócio Jurídico 
 
4.1. Vícios de Consentimento (de vontade) 
 
a) Erro ou Ignorância 
 
Erro principal ou essencial ou determinante: 
 
Art. 138. São anuláveis os negócios 
jurídicos, quando as declarações de 
vontade emanarem de erro 
substancial que poderia ser percebido 
por pessoa de diligência normal, em 
face das circunstâncias do negócio. 
 
O erro acidental ou acessório: 
 
Art. 142. O erro de indicação da 
pessoa ou da coisa, a que se referir a 
declaração de vontade, não viciará o 
negócio quando, por seu contexto e 
pelas circunstâncias, se puder 
identificar a coisa ou pessoa cogitada. 
 
Hipóteses de erro 
 
a) Error in negotio(sobre o negócio) 
b) Error in corpore(sobre o objeto) 
c) Error in Persona (sobre a pessoa) 
d) Error in Iures (sobre o direito) 
 
Art. 139. O erro é substancial quando: 
I - interessa à natureza do negócio, ao 
objeto principal da declaração, ou a 
alguma das qualidades a ele 
essenciais; 
II - concerne à identidade ou à 
qualidade essencial da pessoa a quem 
se refira a declaração de vontade, 
desde que tenha influído nesta de 
modo relevante; 
III - sendo de direito e não implicando 
recusa à aplicação da lei, for o motivo 
único ou principal do negócio jurídico. 
 
 
Falso motivo: 
 
Art. 140. O falso motivo só vicia a 
declaração de vontade quando 
expresso como razão determinante. 
 
Erro de transmissão de vontade: 
 
Art. 141. A transmissão errônea da 
vontade por meios interpostos é 
anulável nos mesmos casos em que o 
é a declaração direta. 
 
Erro de cálculo: 
 
Art. 143. O erro de cálculo apenas 
autoriza a retificação da declaração de 
vontade. 
 
 
Na hora da prova? 
 
02. (FCC – TRT 11 - Analista Judiciário – 
Área Judiciária/2012) Em um negócio 
jurídico uma parte pensa que a outra parte 
está doando um bem quando na verdade o 
bem está sendo oferecido à venda. Neste 
caso, ocorreu 
 
A) error in negotio tratando-se de erro 
substancial que poderá anular o negócio 
jurídico. 
B) error in corpore tratando-se de erro 
substancial que poderá anular o negócio 
jurídico. 
C) erro acidental que não anula o negócio 
jurídico, devendo as partes adequá-los à 
situação real. 
D) erro acidental que anula o negócio jurídico, 
não cabendo perdas e danos à parte 
prejudicada. 
E) error juris tratando de erro substancial que 
poderá anular o negócio jurídico. 
 
b) Dolo 
 
Dolo principal: 
 
Art. 145. São os negócios jurídicos 
anuláveis por dolo, quando este for a 
sua causa. 
 
 
 
 
 
 
 
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Dolo acessório: 
 
Art. 146. O dolo acidental só obriga à 
satisfação das perdas e danos, e é 
acidental quando, a seu despeito, o 
negócio seria realizado, embora por 
outro modo. 
 
Dolo negativo: 
 
Art. 147. Nos negócios jurídicos 
bilaterais, o silêncio intencional de 
uma das partes a respeito de fato ou 
qualidade que a outra parte haja 
ignorado, constitui omissão dolosa, 
provando-se que sem ela o negócio 
não se teria celebrado. 
 
Dolo de terceiro: 
 
Art. 148. Pode também ser anulado o 
negócio jurídico por dolo de terceiro, 
se a parte a quem aproveite dele 
tivesse ou devesse ter conhecimento; 
em caso contrário, ainda que subsista 
o negócio jurídico, o terceiro 
responderá por todas as perdas e 
danos da parte a quem ludibriou. 
 
Dolo de Representante: 
 
Art. 149. O dolo do representante legal 
de uma das partes só obriga o 
representado a responder civilmente 
até a importância do proveito que teve; 
se, porém, o dolo for do representante 
convencional, o representado 
responderá solidariamente com ele 
por perdas e danos. 
 
 
a) Se representação legal – o representado 
apenas responde até a importância que tiver 
proveito 
 
b) Se representação convencional – 
responsabilidade solidária 
 
Dolo recíproco: 
 
Art. 150. Se ambas as partes 
procederem com dolo, nenhuma pode 
alegá-lo para anular o negócio, ou 
reclamar indenização. 
 
c) Coação Moral: 
 
Coação absoluta x relativa 
 
Requisitos para que a coação possa viciar o 
negócio: 
 
I. A coação deve ser a causa do ato; 
II. Gravidade: A coação deve imputar 
ao coagido um verdadeiro temor de 
dano sério; 
III. Injusta (ilícita, contrária ao direito, 
abusiva); ameaça do exercício normal 
do direito não é coação, idem temor 
reverencial. 
IV. Iminência ou Atualidade: A coação 
deve ser atual ou iminente (é para 
afastar a coação impossível); 
V. A coação deve constituir ameaça 
de prejuízo à pessoa ou bens da 
vítima, ou à pessoas da sua família. 
 
Na análise dos requisitos acima se leva em 
consideração as circunstâncias subjetivas da 
vítima. Art. 152 do CC: 
 
Art. 152. No apreciar a coação, ter-se-
ão em conta o sexo, a idade, a 
condição, a saúde, o temperamento 
do paciente e todas as demais 
circunstâncias que possam influir na 
gravidade dela. 
 
Se a coação for dirigida a pessoa que não é da 
família, caberá ao magistrado analisar. Art. 151 
do CC: 
 
Art. 151. A coação, para viciar a 
declaração da vontade, há de ser tal 
que incuta ao paciente fundado temor 
de dano iminente e considerável à sua 
pessoa, à sua família, ou aos seus 
bens. 
 
Parágrafo único. Se disser respeito a 
pessoa não pertencente à família do 
paciente, o juiz, com base nas 
circunstâncias, decidirá se houve 
coação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Direito Civil 
Luciano Figueiredo 
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Art. 153 do CC: 
 
Art. 153. Não se considera coação a 
ameaça do exercício normal de um 
direito, nem o simples temor 
reverencial. 
 
Coação exercida por terceiros: 
 
Art. 154. Vicia o negócio jurídico a 
coação exercida por terceiro, se dela 
tivesse ou devesse ter conhecimento a 
parte a que aproveite, e esta 
responderá solidariamente com aquele 
por perdas e danos. 
 
Art. 155, CC – Subsistirá o negócio 
jurídico, se a coação decorrer de 
terceiro, sem que a parte a que 
aproveite dela tivesse oudevesse ter 
conhecimento; mas o autor da coação 
responderá por todas as perdas e 
danos que houver causado ao coacto. 
 
d) Lesão Especial 
 
Art. 157. Ocorre a lesão quando uma 
pessoa, sob premente necessidade, 
ou por inexperiência, se obriga a 
prestação manifestamente 
desproporcional ao valor da prestação 
oposta. 
 
§ 1º Aprecia-se a desproporção das 
prestações segundo os valores 
vigentes ao tempo em que foi 
celebrado o negócio jurídico. 
 
§ 2º Não se decretará a anulação do 
negócio, se for oferecido suplemento 
suficiente, ou se a parte favorecida 
concordar com a redução do proveito. 
 
A lesão tratada no CC é chamada de lesão 
especial, exigindo para sua configuração dois 
requisitos: 
 
A) Objetivo: manifesta desproporção entre as 
prestações estabelecidas no negócio. Observa-
se que o CC não quantificou o valor, falando 
em desproporcionalidade como conceito 
aberto, sem definir o padrão quantitativo. 
 
B) Subjetivo:Inexperiência, a qual é percebida 
pelas condições pessoais do contratante, ou 
premente necessidade do lesado no momento 
da contratação, levando a outra parte a um 
lucro exagerado. 
 
Enunciado 290, CJF: A lesão 
acarretará a anulação do negócio 
jurídico quando verificada, na 
formação destes, a desproporção 
manifesta entre as prestações 
assumidas pelas partes, não se 
presumindo a premente necessidade 
ou a inexperiência do lesado. 
 
Diga-se que vem entendendo-se ser 
dispensável o dolo de aproveitamento pela 
parte que objetiva beneficiar-se: 
 
E. 150 – Art. 157: A lesão de que trata 
o art. 157 do Código Civil não exige 
dolo de aproveitamento. 
 
E é em atenção ao princípio da conservação 
dos contratos: Enunciados 149 e 291, ambos 
do CJF: 
 
E. 291 – Art. 157. Nas hipóteses de 
lesão previstas no art. 157 do Código 
Civil, pode o lesionado optar por não 
pleitear a anulação do negócio 
jurídico, deduzindo, desde logo, 
pretensão com vista à revisão judicial 
do negócio por meio da redução do 
proveito do lesionador ou do 
complemento do preço. 
 
E. 149 – Art. 157: Em atenção ao 
princípio da conservação dos 
contratos, a verificação da lesão 
deverá conduzir, sempre que possível, 
à revisão judicial do negócio jurídico e 
não à sua anulação, sendo dever do 
magistrado incitar os contratantes a 
seguir as regras do art. 157, § 2º, do 
Código Civil de 2002. 
 
e) Estado de Perigo 
 
Art. 156. Configura-se o estado de 
perigo quando alguém, premido da 
necessidade de salvar-se, ou a 
pessoa de sua família, de grave dano 
 
 
 
 
 
 
 
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conhecido pela outra parte, assume 
obrigação excessivamente onerosa. 
 
Parágrafo único. Tratando-se de 
pessoa não pertencente à família do 
declarante, o juiz decidirá segundo as 
circunstâncias. 
 
E. 148, CJF – Art. 156: Ao “estado de 
perigo” (art. 156) aplica-se, por 
analogia, o disposto no § 2º do art. 
157. 
 
4.2 Vícios Sociais 
 
a) Fraude Contra Credores: 
 
O patrimônio do devedor é o domicílio da 
garantia do credor (Alexandre Câmara). 
 
Requisitos: 
 
a) EventusDamni 
b) Consilium Fraudis 
 
Hipóteses nas quais o CC presume a má-fé: 
 
Art. 158. Os negócios de transmissão 
gratuita de bens ou remissão de 
dívida, se os praticar o devedor já 
insolvente, ou por eles reduzido à 
insolvência, ainda quando o ignore, 
poderão ser anulados pelos credores 
quirografários, como lesivos dos seus 
direitos. 
§ 1º Igual direito assiste aos credores 
cuja garantia se tornar insuficiente. 
§ 2º Só os credores que já o eram ao 
tempo daqueles atos podem pleitear a 
anulação deles. 
 
Art. 159. Serão igualmente anuláveis 
os contratos onerosos do devedor 
insolvente, quando a insolvência for 
notória, ou houver motivo para ser 
conhecida do outro contratante. 
 
Art. 162. O credor quirografário, que 
receber do devedor insolvente o 
pagamento da dívida ainda não 
vencida, ficará obrigado a repor, em 
proveito do acervo sobre que se tenha 
de efetuar o concurso de credores, 
aquilo que recebeu. 
 
Art. 163. Presumem-se fraudatórias 
dos direitos dos outros credores as 
garantias de dívidas que o devedor 
insolvente tiver dado a algum credor. 
 
Presunção de boa-fé: 
 
Art. 164. Presumem-se, porém, de 
boa-fé e valem os negócios ordinários 
indispensáveis à manutenção de 
estabelecimento mercantil, rural, ou 
industrial, ou à subsistência do 
devedor e de sua família. 
 
# Fraude Contra Credores x Fraude à 
Execução. 
 
b) Simulação 
 
Classificação: 
 
- Absoluta 
 - Relativa (ou dissimulação) 
 
Art. 167. É nulo o negócio jurídico 
simulado, mas subsistirá o que se 
dissimulou, se válido for na substância 
e na forma. 
§ 1º Haverá simulação nos negócios 
jurídicos quando: 
I - aparentarem conferir ou transmitir 
direitos a pessoas diversas daquelas 
às quais realmente se conferem, ou 
transmitem; 
II - contiverem declaração, confissão, 
condição ou cláusula não verdadeira; 
III - os instrumentos particulares forem 
antedatados, ou pós-datados. 
 
# Reserva Mental 
 
Art. 110, CC – A manifestação de 
vontade subsiste ainda que o seu 
autor haja feito a reserva mental de 
não querer o que manifestou, salvo se 
dela o destinatário tinha 
conhecimento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Na hora da prova? 
 
03. (FCC/ TRT/ 9 R/ 2013) Em relação à 
interpretação do negócio jurídico, é correto 
afirmar que 
 
A) quaisquer negócios jurídicos onerosos 
interpretam- se estritamente. 
B) na vontade declarada atender-se-á mais à 
intenção das partes do que à literalidade da 
linguagem. 
C) a renúncia interpreta-se ampliativamente. 
D) o silêncio da parte importa sempre anuência 
ao que foi requerido pela outra parte. 
E) como regra geral, não subsiste a 
manifestação da vontade se o seu autor houver 
feito a reserva mental de não querer o que 
manifestou. 
 
 
04. (TRT 12. FCC. 2013). Acerca dos 
negócios jurídicos: 
 
A) nas declarações de vontade importa 
considerar e fazer prevalecer apenas o sentido 
literal da linguagem. 
B) os negócios jurídicos benéficos e a renúncia 
interpretam-se ampliativamente. 
C) a manifestação de vontade subsiste ainda 
que o seu autor haja feito a reserva mental de 
não querer o que manifestou, salvo se dela o 
destinatário tinha conhecimento. 
D) se forem eles celebrados com a cláusula de 
nãovalerseminstrumentopúblico, este passa a 
ser incidental e secundário ao ato 
E) o silêncio de uma parte importa sempre 
anuência à vontade declarada pela outra parte. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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GABARITO 
 
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02. A 
03. B 
04. C

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