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AULA -TEORIA DOS FATOS JURÍDICOS NEGÓCIO JURÍDICO _-2006287883 pdf

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AULA: TEORIA DOS FATOS JURÍDICOS. NEGÓCIO JURÍDICO 
 
PARTE I – CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO DOS FATOS JURÍDICOS 
 
1 - DIREITO E FATICIDADE. CONCEITO DE FATO JURÍDICO 
O direito se realiza na vida social. O laboratório do profissional do direito é o mundo. 
Para o raciocínio jurídico é necessário partir dos fatos, dos acontecimentos naturais e 
ações humanas que são relevantes para a vida em sociedade. Daí surge o conceito de fato 
jurídico e suas espécies. 
Fato jurídico é todo acontecimento (evento natural e ação humana) em virtude do qual 
relações jurídicas são iniciadas, modificadas, conservadas ou extintas. Tais 
acontecimentos desencadeiam os efeitos previstos em normas jurídicas, que podem ser o 
nascimento, a modificação, a conservação ou a extinção de direitos. 
Esse conceito mais amplo é conhecido com a denominação de fato jurídico lato sensu. A 
expressão latina lato sensu significa, literalmente, “em sentido amplo”. No conceito de 
fato jurídico lato sensu alcança a facticidade qualificada pelo direito, até mesmo as ações 
humanas contrárias às normas jurídicas (o ilícito). Interessa notar que na expressão fato 
jurídico, o adjetivo jurídico significa aquilo que é relevante para o direito. O crime, por 
exemplo, é relevante para o direito de modo que o crime é fato jurídico lato sensu. 
 
2 - CLASSIFICAÇÃO DOS FATOS JURÍDICOS LATO SENSU (CATEGORIAS 
LÍCITAS) 
Os acontecimentos relevantes para o mundo jurídico (fatos jurídico lato sensu) 
apresentam configurações diferentes. Por isso, são classificados em diferentes categorias. 
São elas: 
a) Fato jurídico stricto sensu (em sentido estrito): todo acontecimento natural – ordinário 
ou extraordinário – que determinante é de efeitos jurídicos. 
São exemplos de fatos jurídicos stricto sensu ordinários o nascimento, a morte, o decurso 
do tempo etc. 
São exemplos de fatos jurídicos stricto sensu extraordinários o tsunami, o maremoto, 
erupção de vulcão etc. 
b) Ato-fato jurídico: caracteriza-se como o fato que é qualificado pela intervenção 
humana. Noutros termos, no ato-fato jurídico, “o ato humano é da substância desse fato 
jurídico, mas não importa para a norma jurídica se houve, ou não, a intenção de praticá-
lo” (GALIANO & PAMPLONA FILHO: 2016, p 375). Ex. a pintura de uma tela (se uma 
pessoa, com grave deficiência mental ou intelectual, pinta um quadro, adquire a 
propriedade sobre a obra, além de titularizar direitos autorais, mesmo que não tenha a 
intenção de adquirir tais direitos). Tal categoria não é expressamente mencionada na 
legislação civil. 
c) Ato jurídico (também referido como ato jurídico stricto sensu, e ato não negocial). O 
comportamento volitivo desencadeia os efeitos previamente previstos na norma jurídica. 
São exemplos: a fixação de domicílio, a confissão, o reconhecimento da paternidade etc. 
d) Negócio jurídico: Esta temática, devido a sua abrangência será desenvolvida da 
PARTE II, voltada exclusivamente ao Negócio Jurídico. 
 
3 CATEGORIAS DA ILICITUDE 
Além das categorias lícitas, é relevante para o direito as ações humanas em 
desconformidade com a ordem jurídica. 
Diferentemente do Direito Penal, o ilícito civil não é típico. A sua constatação parte de 
cláusulas gerais contidas nos artigos 186 e 187 do Código Civil. 
a) Ato Ilícito (art. 186 do CC) 
Nos termos do art. 186 do CC: Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência 
ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, 
comete ato ilícito. 
O art. 186 consagra a definição clássica de ato ilícito: o agente viola diretamente a ordem 
jurídica, causando dano material ou imaterial. A consequência de tal conduta está 
prescrita no caput do art. 927 do CC: nasce para o violador do direito alheio o dever de 
indenizar. A consequência do ilícito civil é, pois, patrimonial. 
Nada obsta a que uma conduta humana configure, simultaneamente, ilícito civil e ilícito 
penal, desencadeando efeitos jurídicos na esfera cível e na esfera penal. 
b) Abuso de Direito (art. 187 do CC) 
Conforme art. 187 do CC: Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao 
exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, 
pela boa-fé ou pelos bons costumes. 
O Código Civil de 1916 não adotava expressamente a categoria do abuso do direito, 
também denominada, ilícito funcional. Mas a doutrina e a jurisprudência, antes mesmo 
da vigência do Código Civil de 2002, já aceitavam a ilicitude decorrente do exercício 
abusivo de um direito, ao argumento de que somente o exercício regular do direito é lícito, 
não o exercício irregular (abusivo). 
A Teoria do Abuso do Direito desenvolveu-se na jurisprudência francesa. No caso-
paradigma, o proprietário de um imóvel construiu uma torre, apondo, ao final, hastes 
pontiagudas, sem outro motivo senão o de prejudicar o voo de aeronaves no terreno 
vizinho. Foi reconhecido o abuso do direito de propriedade. 
Pela redação do art. 187 do CC, não é necessário para a configuração do abuso de direito 
a intenção deliberara de prejudicar a outrem. Basta que o exercício de um direito se faça 
em desconformidade com: a) a função econômica do direito; b) a função social do direito; 
c) a boa-fé e d) os bons costumes. 
 
PARTE II –NEGÓCIO JURÍDICO: UMA INTRODUÇÃO 
 
1 - CONCEITO DE NEGÓCIO JURÍDICO E TEORIAS EXPLICATIVAS 
Duas correntes doutrinárias discutem sobre a melhor definição ou explicação de negócio 
jurídico: 
Segundo a corrente voluntarista, negócio jurídico é a manifestação de vontade dirigida à 
produção de efeitos jurídicos. Prepondera o aspecto “manifestação de vontade”, uma vez 
que, mediante a celebração de negócio jurídico, os agentes podem definir a eficácia 
jurídica das suas condutas, ainda que só parcialmente. 
De acordo com a corrente objetivista, o negócio jurídico - expressão máxima da 
autonomia da vontade - tem conteúdo normativo. É poder privado de autocriar 
ordenamento jurídico próprio. 
O negócio jurídico é simultaneamente: 
a) manifestação de vontade 
b) norma particular e concreta (ou contrário da lei que é norma geral) 
c) não se limita a desencadear os efeitos previstos na lei, porquanto os agentes podem 
definir, ainda que só em parte, os efeitos que sejam produzidos no mundo jurídico 
d) decorre do exercício da autonomia (autonomia privada) dos agentes 
Exemplo de negócios jurídicos: o testamento, os contratos, a promessa de recompensa, a 
autorização dada pelo paciente para submeter-se a procedimento cirúrgico etc. 
O Código Civil de 2002 disciplina o negócio jurídico, nos artigos 104 a 184 (Parte Geral, 
Livro III, Capítulo I). E, no art. 185, determina que aos “atos jurídicos lícitos, que não 
sejam negócios jurídicos, aplicam-se, no que couber, as disposições do Título anterior”. 
Ou seja, as disposições legais sobre negócios jurídicos são aplicáveis aos atos jurídicos 
(strico sensu). 
Há certa dificuldade em distinguir negócio jurídico e ato jurídico não negocial. Ante a 
multiplicidade de critérios, adota-se aqui a solução proposta pelo Prof. João Baptista 
Villela: o negócio é uma ação livre; o ato é uma ação necessária. 
Relativamente ao negócio o agente pode, em primeiro lugar ou abster-se de fazê-lo. E 
depois, se opta por praticá-lo, dar-lhe o conteúdo específico e a forma que livremente 
eleger. Já nos atos a liberdade não existe nem para a prática, nem para o conteúdo. 
Frequentemente tampouco para a forma, aberta, em princípio, quando se trata de 
negócios. É verdade que, ainda nos atos, reconhece-se ao agente uma relativa autonomia: 
precisamente aquela necessária para o mais adequado cumprimento de um dever. Mais 
adequado quer indicar aqui apenas a máxima fidelidade ao objeto da prestação, como 
também o menor ônus para o agente. Daí por que a autonomia, sendo sempre necessária, 
é também, ao menos tendencialmente, mais do que suficiente para o estrito cumprimento 
do dever. O suplemento visa,exatamente a garantir ao agente o mais baixa custo no 
desempenho da prestação. Ou, indistintamente, a melhor performance e o mais reduzido 
dispêndio. 
(....) pode-se fazer ou não a doação de um bem ciente do mau que terá, emitir ou não 
disposições testamentárias, pactuar este ou aquele regime de bens no casamento etc., mas 
não se pode deixar de restituir soma mutuada, de receber os alugueres convencionados, 
de despachar um processo ou proferir sentença. Praticadas as ações, há, no primeiro grupo 
de casos, negócios. No segundo, atos” (VILLELA: 1982, p. 264/265) 
 
2 – CLASSIFICAÇÃO DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS 
Para melhor definir o regime jurídico aplicável, os negócios jurídicos são classificados 
segundo diferentes critérios. 
A – Quanto ao número de declarantes 
a) Unilateral Na sua formação existe uma única manifestação de vontade. Ex. 
testamento (testador) 
b) Bilateral: Na sua formação existem duas manifestações de vontade. Ex. contrato 
de compra e venda (comprador e vendedor), contrato de doação (doador e 
donatário) 
c) Plurilateral: Na sua formação há múltiplas manifestações de vontade. Ex. Contrato 
para constituição de sociedade 
B – Quanto ao conteúdo 
a) Patrimonial: o negócio jurídico envolve apenas interesses de natureza patrimonial. 
Ex.: contrato de compra e venda 
b) Extrapatrimonial: o negócio jurídico envolve apenas interesses de natureza 
extrapatrimonial. Ex. acordo entre os pais sobre a guarda dos filhos 
c) Híbrido: o negócio jurídico envolve, simultaneamente, interesses patrimoniais e 
extrapatrimoniais. Ex.: contrato para exploração econômica da imagem da pessoa 
natural 
C – Quanto às vantagens patrimoniais 
a) Gratuitos: o negócio jurídico gera vantagem patrimonial apenas para uma das 
partes ou destinatário. Ex.: testamento, doação 
b) Onerosos: o negócio jurídico gera vantagens patrimoniais para todas as partes 
envolvidas. Ex.: contrato de compra e venda, contrato de permuta 
c) Bifrontes: são negócios que podem ser celebrados como negócios gratuitos ou 
como negócios onerosos. Exemplo: contrato de prestação de serviços. Pode 
ocorrer prestação de serviços gratuitos (trabalho voluntário) ou prestação de 
serviços mediante remuneração. No primeiro caso, a prestação de serviços 
submete ao conceito de negócio jurídico gratuito; no segundo caso, negócio 
jurídico oneroso. Daí dizer-se que se trata de negócio jurídico bifronte (duas 
faces) 
D – Quanto à forma 
a) Não formal ou de forma livre: Prevalece, no direito brasileiro, a liberdade de 
forma. Desse modo, os agentes podem decidir de vão celebrar o negócio na forma 
verbal ou escrita (por escritura particular ou por escritura pública) ou ainda de 
forma expressa ou tácita. A maioria dos negócios jurídicos não são formais ou de 
forma livre. 
b) Formal ou solene: A lei, em determinados casos, determina qual a forma ou 
solenidade que deve ser observada para que o negócio jurídico seja válido ou 
produza certa eficácia (efeitos). Ex. compra e venda de bem imóvel, o testamento 
etc. 
E – Quanto ao momento da produção dos efeitos 
a) Inter vivos: a maioria dos negócios jurídicos são inter vivos, ou seja, as partes 
celebram para os efeitos sejam produzidos durante suas vidas. 
b) Mortis causa: poucos negócios são mortis causa, ou seja, destinam-se a produzir 
efeitos após a morte do agente, como o testamento, a autorização para doação de 
órgão após a morte. 
F – Quanto à existência 
a) Principais: negócio jurídico que existe independentemente de qualquer outro 
negócio jurídico. Ex.: contrato de locação, casamento. 
b) Acessórios; negócio jurídico cuja existência depende de outro negócio jurídico. 
Ex. fiança (que depende do contrato de locação); pacto antenupcial (que depende 
do casamento) 
 
3 - PLANOS DO MUNDO JURÍDICO (existência, validade e eficácia) 
A teoria dos fatos jurídicos – na qual o negócio jurídico é o grande protagonista – é 
desenvolvida a partir da ideia de mundo jurídico e seus planos. 
Integram o mundo jurídico todos fatos relevantes para vida em sociedade - os eventos 
relevantes (eventos naturais, ações humanas sejam elas lícitas ou ilícitas) para vida em 
sociedade. Os fatos do mundo dos fatos tornam-se, portanto, nesta visão, fatos jurídicos. 
Isso assinala o primeiro plano do mundo jurídico: o plano da existência. Por obvio todas 
as categorias até aqui estudadas são avaliadas no plano da existência. Investiga-se: houve 
ou não o crime? Foi celebrado o contrato ou não? 
Ultrapassado o plano da existência, investiga-se quais os efeitos que o fato jurídico lato 
sensu vai produzir: Punição do violador da norma? Aquisição ou perda de direito? 
Modificação de uma relação jurídica? 
Todas as categorias de fato jurídico lato sensu são avaliadas no plano da eficácia 
(produção de efeitos jurídicos). 
No plano da validade, somente são consideradas duas categorias: o ato jurídico (stricto 
sensu) e o negócio jurídico. É compreensível, pois não há sentido cogitar da validade a 
chuva (fato jurídico stricto sensu), do crime (ilícito), da produção de uma escultura (ato-
fato). Mas é relevante averiguar se: o reconhecimento voluntário da filiação (ato jurídico) 
é valido ou nulo; se contrato (negócio jurídico) foi celebrado validamente ou se ele pode 
vir a ser anulado. 
Alguns fatos jurídicos simplesmente acontecem e, por isso, produzem efeitos (fato 
jurídico stricto sensu e ato-fato jurídico, assim com os atos ilícitos). Outros, para serem 
aptos à produção de efeitos, devem observar certos pressupostos legais (ato jurídico 
stricto sensu e negócio jurídico). 
 4 - PLANO DA EXISTÊNCIA – ELEMENTOS DO NEGÓCIO JURÍDICO 
Quando são indicados os elementos do negócio jurídico, chega-se à resposta da seguinte 
pregunta: o que é necessário para o negócio jurídico existir? 
São elementos: 
a) Agente (sujeito jurídico): o negócio jurídico surge da ação humana de 
modo que é necessário o sujeito jurídico (agente) 
b) Manifestação de vontade: o negócio jurídico é definido como 
manifestação de vontade. Sem ela, não há negócio jurídico. 
c) Objeto: é a própria razão de ser da manifestação de vontade. 
d) Forma: a vontade do agente de materializada pela forma (verbal, escrita, 
expressa, tácita etc.) 
 
5 - PLANO DA VALIDADE – PRESSUPOSTOS DE VALIDADE 
Quando são indicados os pressupostos de validade o negócio jurídico chega-se à resposta 
da seguinte indagação: o que é necessário para o negócio jurídico (que existe) ser válido? 
Nos termos do art. 104 do CC: 
A validade do negócio jurídico requer: 
I - agente capaz; 
II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável; 
III - forma prescrita ou não defesa em lei. 
Na verdade, os pressupostos resultam de determinadas qualidades atribuídas aos 
elementos 
A – Pressupostos em relação ao agente ou sujeito 
a) Capacidade do sujeito: aqui é retomada a teoria das incapacidades (artigos 3º e 4º, 
CC). O agente deve ser plenamente capaz para celebrar validamente o negócio 
jurídico. Não sendo, é caso de representação ou assistência por seu representante 
legal para celebrar o negócio. 
b) Legitimidade do sujeito: a falta de impedimento para a prática de ato específico. 
Assim, o agente capaz para os atos da vida civil pode não ter legitimidade para 
certo ato. Ex.: o tutor não tem legitimidade para adquirir bens do tutelado. 
B – Pressupostos em relação à manifestação de vontade: 
A manifestação de vontade deve ser livre e de boa fé. A lei prevê determinados fatos que 
maculam a manifestação de vontade (defeitos dos negócios jurídicos), ensejando a 
invalidade do negócio ou do ato jurídico. Dois princípios convergem para analisar a 
idoneidade da manifestação da vontade: 
a) Princípio da autonomia privada 
b) Princípio da boa fé 
C – Pressupostos em relação ao objeto 
O objeto deve ser: 
a) Lícito. Ex. o contrato de trabalho cujo objeto é colher as apostas do jogo de bicho 
é inválido por ilicitude do objeto 
b) Possível(física e juridicamente). O contrato cuja prestação é naturalmente 
irrealizável (impossibilidade física) ou contrato sobre herança de pessoa viva 
(juridicamente impossível) são inválidos. 
c) Determinável ou determinável. Deve ser indicado o objeto do negócio ou, ao 
menos critérios para a sua determinação. 
D – Pressupostos em relação à forma 
Dispõe o art. 107 do CC: Art. 107. A validade da declaração de vontade não dependerá 
de forma especial, senão quando a lei expressamente a exigir. 
Assim, a forma, como regra, é livre, mas a casos nos quais é legalmente prescrita. Afora 
isso, há casos nos quais são admitidas na lei apenas algumas formas e não todas as formas 
possíveis. Por conseguinte é pressuposto de validade a forma prescrita e não defesa em 
lei. 
 
6 - INTERPRETAÇÃO DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS 
A norma basilar sobre a interpretação dos negócios jurídicos encontra-se no art. 112 do 
Código Civil: Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas 
consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem. 
Na vigência do Código Civil de 1916, prevalecia a Teoria da Declaração segundo a qual 
a vontade real dos declarante deveria prevalecer sobre a declaração, ficando a afastada a 
Teoria da Declaração, segundo a qual o que foi efetivamente declarado é que deveria 
prevalecer na interpretação dos negócios dado que a vontade é elemento interno ao 
indivíduo. 
A redação do art. 119 do CC/02 busca conciliar as duas teorias, adotando uma terceira, 
denominada Teoria da Confiança, que leva em consideração tanto a vontade dos 
declarantes, como a boa-fé que deve orientar todas as relações da vida. 
Segundo Orlando Gomes, a Teoria da Confiança, também chamada Teoria do Crédito 
Social: 
“empresta valor a aparência da vontade, se não é destruída por circunstâncias que 
indiquem a má-fé em que acreditou ser verdadeira. Havendo divergência entre a vontade 
interna e a declaração, os contraentes de boa-fé, a respeito dos quais tal vontade foi 
imperfeitamente manifestada, têm direito a considerar firme a declaração que se podia 
admitir como vontade efetiva da parte, ainda quando esta houvesse errado de boa-fé ao 
declarar a sua vontade. Enquanto, pois, tem um dos contraentes razão para acreditar que 
a declaração corresponde à vontade do outro, há que considerá-la perfeita, por ter 
suscitado a legítima confiança na sua veracidade” (GOMES:1980, p. 14) 
Todavia, não há unanimidade entre os juristas acerca da interpretação do art. 119 do 
Código Civil vigente. 
 
PARTE III – MODALIDADES DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS 
 
1 MODALIDADE DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS – ARTS. 121 A 137, CC 
Denomina-se modalidade dos negócios jurídicos, a cláusula acessória do negócio 
jurídico, que derivando exclusivamente da vontade dos declarantes, modifica a eficácia 
do negócio jurídico. 
Por atuarem diretamente no Plano da Eficácia, as modalidades também são denominadas 
fatores eficaciais. E, por não serem elementos essenciais, são cláusulas acessórias 
Sendo uma decorrência da autonomia da vontade, as modalidades (condição, termo e 
encargo) não podem ser apostas em atos jurídicos stricto sensu. 
Exemplos: (os grifos indicam a cláusula acessória) 
a) “A” cede uma casa a “B” para que nela resida, enquanto for solteiro. 
b) “A” cede a “B” o imóvel para morada até o dia 31/12/2020. 
c) “A” doa a “B” uma casa, mas “B” deverá restaurar o imóvel, pois se trata de bem 
como valor histórico e cultural. 
Há três modalidades de negócios jurídicos: 
a) Condição 
b) Termo 
c) Encargo ou modo 
 
2 CONDIÇÃO 
Conceito: é a cláusula acessória do negócio jurídico que torna os efeitos da vontade 
declarada dependentes de evento futuro e incerto. Seus elementos são: a futuridade e a 
incerteza. 
Exemplos: 
a) “A” se obriga a transferir gratuitamente a “B” um imóvel, se “B” for aceito no 
Doutorado em Medicina da FIOCRUZ. 
b) “A” se obriga a transferir gratuitamente a “B” um imóvel, se “B”, no prazo de 
dois anos, for aceito no Doutorado em Medicina da FIOCRUZ. 
 
Espécies 
I – Quanto ao modo de atuação: 
a) Condição suspensiva: a deflagração de efeitos do negócio jurídico depende do 
acontecimento futuro e incerto. Antes do implemento da condição, não há 
nascimento de dever nem aquisição do direito, mas apenas expectativa de direito. 
Ex.: Z compromete-se a financiar o curso de línguas de X, se ele concluir o curso 
de graduação em Direito. 
b) Condição resolutiva: A verificação da condição importará na extinção dos direitos 
e deveres, ou seja, na extinção do próprio negócio jurídico. Enquanto não houver 
implemento da condição, o negócio jurídico subsiste validamente. 
Ex.: Uma instituição alemã concede bolsa de estudos a estudante brasileira pelo 
período de 12 meses. Todavia, se ela, neste período, ficar grávida, perderá a bolsa. 
II – Quanto ao plano fenomenológico: 
a) Condição positiva: caracteriza-se pela verificação de um fato, como a colação de 
grau, a aprovação num concurso etc. 
b) Condição negativa: caracteriza-se pela inocorrência de um fato. Ex: “A” cede a 
“B” o imóvel para morada, até que a enchente deixe de assolar a cidade. 
III – Quanto à licitude 
a) Condição lícita: Na dicção legal (art. 122, CC), são lícitas todas as condições não 
contrárias a lei, à ordem pública e aos bons costumes. Exige-se, pois, respeito ao 
direito positivo e ao padrão de moralidade média da sociedade. 
b) Condição ilícita: Aquela que não observa o direito positivo (lei) e o padrão de 
moralidade média da sociedade (bons costumes). Exemplos: condições que 
importem em obrigar alguém a casar ou deixar de casar, ou mudar de religião ou, 
ainda, deixar o país; condições que importe na prática de fazer coisa ilícita, como 
praticar um crime. 
IV – Classificação adotada na doutrina 
a) Condições perplexas: Privam o negócio jurídico de toda eficácia, por serem 
incompreensíveis ou contraditórias. Ex. “A” cede imóvel residencial a “B”, se “B” 
não morar nele nem o alugar. 
b) Condições potestativas: São condições que derivam do arbítrio de uma das partes. 
A Lei Civil admite as simplesmente potestativas, mas proíbe as puramente 
potestativas. 
São condições puramente potestativas aquelas que derivam do exclusivo arbítrio 
de uma das partes. Normalmente, nelas são utilizadas expressões como “se eu 
quiser” ou “caso seja do meu interesse”. 
São condições puramente potestativas aqueles que, além de dependerem da 
vontade da parte, também dependem de fator externo ou circunstancial. 
Ex. Torcedora promete doar vultosa quantia a certo jogador do CRB, se, no 
próximo Clássico do Futebol alagoano, o CRB vencer o CSA. A condição é 
simplesmente potestativa pois o resultado do embate não depende exclusivamente 
da vontade do atleta. 
A compreensão das espécies de condição é relevante para a correta aplicação das regras 
sobre a validade dessa cláusula acessórias e as consequências da invalidade. Nos termos 
da Lei Civil: 
São inválidos os negócios jurídicos, se houver ajuste de (art. 123, CC): 
a) condições física ou juridicamente impossíveis, quando suspensivas; 
b) condições ilícitas, ou de fazer coisa ilícita; 
c) condições incompreensíveis ou contraditórias. 
 Segundo o art. 124, CC, o negócio será válido, mas a cláusula acessória será considera 
inexistente, caso sejam pactuadas: 
a) condições de não fazer coisa impossível; 
b) condições impossíveis, quando resolutivas. 
Inspirado no princípio da boa-fé, o legislador, no art. 129 do CC, consagrou a seguinte 
regra: “Reputa-se verificada, quanto aos efeitos jurídicos, a condição cujo implemento 
for maliciosamente obstado pela parte a quem desfavorecer, considerando-se, ao 
contrário, não verificada a condição maliciosamente levada a efeito por aquele a quem 
aproveita o seu implemento”. 
 
3 TERMO 
Conceito: cláusula acessória, mediante a qual acontecimento futuro e certo determina o 
início ou o término da eficácia determinado negócio jurídico. Seus elementossão a 
futuridade e a certeza. 
Espécies: 
I – Quanto ao modo de atuação: 
a) Termo inicial ou suspensivo: A exigibilidade do negócio fica temporariamente 
suspensa, mas não há óbice a aquisição de direitos e deveres decorrentes do 
negócio. Com o advento do termo, os direitos tornam-se exigíveis. Ex. “A” faz 
uma compra, mas o pagamento a “B” fica deferido para 30, a contar data da 
celebração do contrato. Antes de decorrido tal prazo, a dívida não é exigível 
embora o vendedor já seja titular do direito ao valor da coisa vendida (preço). 
b) Termo final, extintivo ou resolutivo: Nesta modalidade, as partes fixam o 
momento ou data da extinção dos efeitos do negócio. Ex. A pessoa jurídica Z e a 
pessoa jurídica X celebram contrato de representação comercial, pelo período de 
12 meses, com término previsto para 31 de dezembro de 2020. 
II – Quando ao momento do advento do termo 
a) Termo certo: há certeza da realização do evento futuro e do período de tempo em 
que ele se concretizará. Ex. O contrato terá vigência de 20 de maio de 2020 até 19 
de maio de 2021. 
b) Termo incerto: há certeza quanto à realização do evento, mas existe uma 
indeterminação quando ao momento exato em que ele ocorrerá. Ex. Fazendeiro 
contrato trabalhador para prestar serviços durante a colheita de café. O contrato 
se extinguirá ao término da safra, mas não se sabe, de antemão, em que data isso 
se dará. 
Prazo: é o lapso temporal entre dois termos. 
4 – ENCARGO OU MODO 
Conceito: cláusula acessória do negócio jurídico que impõe ao beneficiário um ônus a ser 
cumprido, em prol de uma liberalidade 
Ex. Por minha morte, deixo para a Paróquia de Nossa Senhora de Fátima a quantia de R$ 
1.000.000,00, mas a Paróquia deverá contratar um expert para restaurar a imagem da 
Santa. 
Características: 
a) Somente por ser pactuado em negócios jurídicos gratuitos. 
b) Não suspende a aquisição do direito. 
Validade e Invalidade: 
a) O não cumprimento do encargo não gera a invalidade do negócio jurídico, mas a 
possibilidade de cobrança judicial do seu cumprimento ou até mesmo pode ser 
causa de revogação da liberalidade. Ex.: a lei prevê a revogação da doação por 
descumprimento do encargo (art. 562, CC). 
b) O encargo ilícito ou impossível é considerado não escrito. O negócio jurídico 
continua válido (art. 137, CC), como se tivesse sido celebrado sem o encargo. 
c) Se o encargo ilícito ou impossível é imposto como motivo determinante do 
negócio jurídico, todo o negócio jurídico é invalidado. Ex. “A” faz doação de uma 
casa a “B” com a finalidade específica que ela seja instalada uma casa de 
prostituição. 
Encargo como condição suspensiva: A Lei Civil permite que o encargo seja ajustado 
como condição suspensiva. Neste caso, são aplicáveis todas as regras sobre condição 
suspensiva. Como consequência, só haverá aquisição do direito, depois de cumprido o 
encargo. 
 
Referência legal: 
Art. 121. Considera-se condição a cláusula que, derivando exclusivamente da vontade das 
partes, subordina o efeito do negócio jurídico a evento futuro e incerto. 
Art. 122. São lícitas, em geral, todas as condições não contrárias à lei, à ordem pública 
ou aos bons costumes; entre as condições defesas se incluem as que privarem de todo 
efeito o negócio jurídico, ou o sujeitarem ao puro arbítrio de uma das partes. 
Art. 123. Invalidam os negócios jurídicos que lhes são subordinados: 
I - as condições física ou juridicamente impossíveis, quando suspensivas; 
II - as condições ilícitas, ou de fazer coisa ilícita; 
III - as condições incompreensíveis ou contraditórias. 
Art. 124. Têm-se por inexistentes as condições impossíveis, quando resolutivas, e as de 
não fazer coisa impossível. 
Art. 125. Subordinando-se a eficácia do negócio jurídico à condição suspensiva, enquanto 
esta se não verificar, não se terá adquirido o direito, a que ele visa. 
Art. 126. Se alguém dispuser de uma coisa sob condição suspensiva, e, pendente esta, 
fizer quanto àquela novas disposições, estas não terão valor, realizada a condição, se com 
ela forem incompatíveis. 
Art. 127. Se for resolutiva a condição, enquanto esta se não realizar, vigorará o negócio 
jurídico, podendo exercer-se desde a conclusão deste o direito por ele estabelecido. 
Art. 128. Sobrevindo a condição resolutiva, extingue-se, para todos os efeitos, o direito a 
que ela se opõe; mas, se aposta a um negócio de execução continuada ou periódica, a sua 
realização, salvo disposição em contrário, não tem eficácia quanto aos atos já praticados, 
desde que compatíveis com a natureza da condição pendente e conforme aos ditames de 
boa-fé. 
Art. 129. Reputa-se verificada, quanto aos efeitos jurídicos, a condição cujo implemento 
for maliciosamente obstado pela parte a quem desfavorecer, considerando-se, ao 
contrário, não verificada a condição maliciosamente levada a efeito por aquele a quem 
aproveita o seu implemento. 
Art. 130. Ao titular do direito eventual, nos casos de condição suspensiva ou resolutiva, 
é permitido praticar os atos destinados a conservá-lo. 
Art. 131. O termo inicial suspende o exercício, mas não a aquisição do direito. 
Art. 132. Salvo disposição legal ou convencional em contrário, computam-se os prazos, 
excluído o dia do começo, e incluído o do vencimento. 
§ 1º Se o dia do vencimento cair em feriado, considerar-se-á prorrogado o prazo até o 
seguinte dia útil. 
§ 2º Meado considera-se, em qualquer mês, o seu décimo quinto dia. 
§ 3º Os prazos de meses e anos expiram no dia de igual número do de início, ou no 
imediato, se faltar exata correspondência. 
§ 4º Os prazos fixados por hora contar-se-ão de minuto a minuto. 
Art. 133. Nos testamentos, presume-se o prazo em favor do herdeiro, e, nos contratos, em 
proveito do devedor, salvo, quanto a esses, se do teor do instrumento, ou das 
circunstâncias, resultar que se estabeleceu a benefício do credor, ou de ambos os 
contratantes. 
Art. 134. Os negócios jurídicos entre vivos, sem prazo, são exequíveis desde logo, salvo 
se a execução tiver de ser feita em lugar diverso ou depender de tempo. 
Art. 135. Ao termo inicial e final aplicam-se, no que couber, as disposições relativas à 
condição suspensiva e resolutiva. 
Art. 136. O encargo não suspende a aquisição nem o exercício do direito, salvo quando 
expressamente imposto no negócio jurídico, pelo disponente, como condição suspensiva. 
Art. 137. Considera-se não escrito o encargo ilícito ou impossível, salvo se constituir o 
motivo determinante da liberalidade, caso em que se invalida o negócio jurídico. 
 
PARTE IV - DEFEITOS DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS 
 
1 - DEFEITOS DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS: VÍCIOS DO CONSENTIMENTO E 
VÍCIOS SOCIAIS 
Os vícios do consentimento são circunstâncias que atuam na formação da vontade. Ou 
seja, na ausência dessas circunstâncias, não teria havido a manifestação de vontade ou a 
manifestação de vontade seria diversa. São vícios do consentimento ou vícios da vontade: 
a) Erro ou ignorância 
b) Dolo 
c) Coação 
d) Lesão 
e) Estado de perigo 
Nos vícios sociais, a manifestação da vontade do sujeito está em desconformidade com a 
lei. São eles 
a) Fraude contra credores 
b) Simulação 
Os vícios do consentimento e vícios sociais interferem da validade dos negócios jurídicos. 
A simulação é sancionada com a nulidade. Os demais podem justificar a anulação do 
negócio jurídico. 
Sobre os prazos para postular em juízo a desconstituição do negócio jurídico, preceitua o 
art. 178 do CC, incisos I e II: 
Art. 178. É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negócio 
jurídico, contado: 
I - no caso de coação, do dia em que ela cessar; 
II - no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão, do dia em que se 
realizou o negócio jurídico: 
III – ... 
 
2 - ERRO OU IGNORÂNCIA – art. 138 a 144, CC 
Conceito de erro: Caracteriza-se pela errônea percepção da realidade, não provocada por 
outrem. 
Conceitode ignorância: Total desconhecimento do declarante sobre as circunstâncias do 
negócio. 
A diferença é realçada no exemplo singelo. É erro ingerir sal supondo que se trata de 
açúcar. É ignorância ingerir açúcar por não saber que é a substância é nociva aos 
diabéticos. 
Do pondo de vista da lei, erro e ignorância se equivalem quanto aos efeitos jurídicos. 
Espécies de erro 
Erro substancial: disciplinado nos artigos 138 e 139. Neste caso, o erro é causa da 
manifestação de vontade e, por isso, é causa de anulação do negócio jurídico. Apresenta-
se nas seguintes modalidades. 
a) Error in negotio (natureza do negócio) 
b) Error in corpore (identidade do objeto) 
c) Error in substantia (essência ou propriedades do objeto) 
d) Error in persona (identidade ou qualidades da pessoa) 
Erro acidental – Quando o erro não é causa da manifestação de vontade e ou não é 
escusável (perdoável), não há causa para anular o negócio jurídico. O negócio é válido. 
Erro de fato – A maioria das hipóteses de erro dizem respeito a circunstâncias fáticas que 
envolvem o negócio jurídico. 
Erro de direito – O Código Civil de 1916 não previa o erro de direito. O Código Civil 
vigente incluiu o erro de direito como causa de anulação do negócio jurídico, art. 139, III. 
Referência legal: 
Art. 138. São anuláveis os negócios jurídicos, quando as declarações de vontade 
emanarem de erro substancial que poderia ser percebido por pessoa de diligência normal, 
em face das circunstâncias do negócio. 
Art. 139. O erro é substancial quando: 
I - interessa à natureza do negócio, ao objeto principal da declaração, ou a alguma das 
qualidades a ele essenciais; 
II - concerne à identidade ou à qualidade essencial da pessoa a quem se refira a declaração 
de vontade, desde que tenha influído nesta de modo relevante; 
II - sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo único ou 
principal do negócio jurídico. 
Art. 140. O falso motivo só vicia a declaração de vontade quando expresso como razão 
determinante. 
Art. 141. A transmissão errônea da vontade por meios interpostos é anulável nos mesmos 
casos em que o é a declaração direta. 
Art. 142. O erro de indicação da pessoa ou da coisa, a que se referir a declaração de 
vontade, não viciará o negócio quando, por seu contexto e pelas circunstâncias, se puder 
identificar a coisa ou pessoa cogitada. 
Art. 143. O erro de cálculo apenas autoriza a retificação da declaração de vontade. 
Art. 144. O erro não prejudica a validade do negócio jurídico quando a pessoa, a quem a 
manifestação de vontade se dirige, se oferecer para executá-la na conformidade da 
vontade real do manifestante. 
 
3 - DOLO – art. 145 a 150, CC 
Conceito de dolo é a manobra ou o artifício malicioso utilizado por uma das partes, seu 
representante ou mesmo por terceiro, para prejudicar o outro, na celebração de negócio 
jurídico. 
Espécies de dolo: 
a) Dolo comissivo ou positivo. Ex. veicular informações sabidamente falsa sobre as 
propriedades do objeto. 
b) Dolo omissivo, negativo ou omissão dolosa: sonegar informações sobre as 
propriedades do objeto. (silêncio intencional) 
c) Dolo principal (essencial, determinante e causal). É a causa determinante do 
negócio jurídico. Tem como consequência a anulabilidade. 
d) Dolo acidental: Não impediria a realização do negócio. Gera apenas dever de 
indenizar 
A invalidade pode advir de dolo da própria parte, do seu representante (legal ou 
convencional) e sob certas circunstâncias até de mesmo de dolo de terceiro que não era 
parte do negócio jurídico. 
Referência legal: 
Art. 145. São os negócios jurídicos anuláveis por dolo, quando este for a sua causa. 
Art. 146. O dolo acidental só obriga à satisfação das perdas e danos, e é acidental quando, 
a seu despeito, o negócio seria realizado, embora por outro modo. 
Art. 147. Nos negócios jurídicos bilaterais, o silêncio intencional de uma das partes a 
respeito de fato ou qualidade que a outra parte haja ignorado, constitui omissão dolosa, 
provando-se que sem ela o negócio não se teria celebrado. 
Art. 148. Pode também ser anulado o negócio jurídico por dolo de terceiro, se a parte a 
quem aproveite dele tivesse ou devesse ter conhecimento; em caso contrário, ainda que 
subsista o negócio jurídico, o terceiro responderá por todas as perdas e danos da parte a 
quem ludibriou. 
Art. 149. O dolo do representante legal de uma das partes só obriga o representado a 
responder civilmente até a importância do proveito que teve; se, porém, o dolo for do 
representante convencional, o representado responderá solidariamente com ele por perdas 
e danos. 
Art. 150. Se ambas as partes procederem com dolo, nenhuma pode alegá-lo para anular o 
negócio, ou reclamar indenização. 
 
4 - COAÇÃO – art. 151 a 155, CC 
Conceito: É violência psicológica. Mediante ameaças busca-se influenciar a vítima a 
celebrar negócio jurídico. 
Tipos 
a) Coação física – Age diretamente sobre o corpo da vítima e neutraliza a 
manifestação de vontade. Não há manifestação de vontade da vítima e, por isso, 
o negócio jurídico não chega a existir. 
b) Coação moral – incute na vítima temor constante, levando-a a emitir declaração 
de vontade viciada. É causa de anulação do negócio jurídico. 
Requisitos da coação (para invalidar o negócio jurídico) 
a) Violência psicológica 
b) Declaração de vontade viciada 
c) Receio sério e fundando de grave dano à pessoa, à família (ou pessoa próxima) ou 
aos bens do paciente. 
Referência legal: 
Art. 151. A coação, para viciar a declaração da vontade, há de ser tal que incuta ao 
paciente fundado temor de dano iminente e considerável à sua pessoa, à sua família, ou 
aos seus bens. 
Parágrafo único. Se disser respeito a pessoa não pertencente à família do paciente, o juiz, 
com base nas circunstâncias, decidirá se houve coação. 
Art. 152. No apreciar a coação, ter-se-ão em conta o sexo, a idade, a condição, a saúde, o 
temperamento do paciente e todas as demais circunstâncias que possam influir na 
gravidade dela. 
Art. 153. Não se considera coação a ameaça do exercício normal de um direito, nem o 
simples temor reverencial. 
Art. 154. Vicia o negócio jurídico a coação exercida por terceiro, se dela tivesse ou 
devesse ter conhecimento a parte a que aproveite, e esta responderá solidariamente com 
aquele por perdas e danos. 
Art. 155. Subsistirá o negócio jurídico, se a coação decorrer de terceiro, sem que a parte 
a que aproveite dela tivesse ou devesse ter conhecimento; mas o autor da coação 
responderá por todas as perdas e danos que houver causado ao coacto. 
 
5 - ESTADO DE PERIGO – art. 156, CC 
Conceito: Diante da situação de perigo, conhecida da outra parte, o agente emite 
declaração de vontade com o intuito de salvaguardar direito seu, de pessoa de sua família 
ou de pessoa próxima, assumindo obrigação excessivamente onerosa. Neste caso, o 
negócio é anulado. 
Assemelha-se ao estado de necessidade. É vício da vontade introduzido pelo Código Civil 
de 2002, ou seja, não era disciplinado no Código de 1916. 
A doutrina aponta o dolo de aproveitamento como elemento do estado de perigo, uma vez 
que a parte que recebe a vantagem econômica, conhecia a situação de perigo e ainda assim 
aceitou o negócio. 
A vício do estado de perigo pode ser configurado tanto nos negócios jurídicos unilaterais 
(como a promessa de recompensa) como nos bilaterais (contrato). 
Exemplo: Grandes chuvas atingem a cidade de Macau e colocaram várias comunidades 
em risco. Nesse contexto, ao retornar para sua casa, Josué percebe que sua mulher e seu 
filho estão presos, sem conseguir sair e correndo risco iminente de a encosta de um morro 
desabar sobre a casa. Frente a isso, Josué entra na casa em desespero, pois, diante da 
inundação, não tem como resgatar seus parentes. Nildo, dono de um caiaque, oferece-o 
para que Josué possa resgatar sua família, em troca do automóvel deste, que éseu meio 
de sustento como motorista de aplicativo. (Questão de concurso - Ano: 2018 Banca: 
COMPERVE Órgão: TJ-RN Prova: COMPERVE - 2018 - TJ-RN - Juiz Leigo) 
No caso descrito acima, o negócio jurídico é anulável pela configuração do estado de 
perigo. 
Referência legal: 
Art. 156. Configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da necessidade de 
salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume 
obrigação excessivamente onerosa. 
Parágrafo único. Tratando-se de pessoa não pertencente à família do declarante, o juiz 
decidirá segundo as circunstâncias. 
 
6 - LESÃO – art. 157, CC 
Conceito: A lesão caracteriza-se pela desproporção entre as prestações, o que supõe a 
celebração de negócio jurídico bilateral. Além disso, para viciar o consentimento, a que 
o desequilíbrio econômico do negócio tenha sido determinado pela premente necessidade 
ou pela inexperiência da parte lesada. Assim são dois os elementos da lesão: 
a) Desproporção entre as prestações (elemento objetivo) 
b) Premente necessidade ou inexperiência da parte lesada 
Referência legal: 
Art. 157. Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por 
inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da 
prestação oposta. 
§ 1º Aprecia-se a desproporção das prestações segundo os valores vigentes ao tempo em 
que foi celebrado o negócio jurídico. 
§ 2º Não se decretará a anulação do negócio, se for oferecido suplemento suficiente, ou 
se a parte favorecida concordar com a redução do proveito. 
 
7 - FRAUDE CONTRA CREDORES – Arts. 158 a 165, CC 
A fraude contra credores é vício social. O negócio jurídico é celebrado em fraude contra 
credores quando, em razão dele, um dos celebrantes se torna insolvente ou tem a 
insolvência agravada, a ponde de não ter condições de honrar as suas dívidas. 
Insolvência aqui é entendida como estado do devedor que se encontra sem recursos, 
financeiros ou patrimoniais, para saldar as obrigações contraídas. 
Na caracterização da fraude contra credores, a Lei Civil considera a distinção entre 
negócios jurídicos gratuitos e negócios jurídicos onerosos. 
a) Fraude contra credores em negócio jurídico gratuito é prevista no art. 158 do CC. 
Basta o dano ao credor, não sendo necessário o concluiu, a intenção de prejudicar. 
Assim, se X faz uma doação a Y e essa negócio reduz o seu patrimônio de modo 
que de X não tem recursos para pagar o que deve a Z, o negócio é fraudatário ao 
credor Z, que tem legitimidade para postular a anulação da doação. 
b) Fraude contra credores em negócios jurídicos onerosos é disciplinada no art. 159. 
Exige, além do prejuízo ao credor, que as partes do negócio tenham atuado em 
conluio para fraudar os direitos patrimoniais desse credor (consilium fraudis). 
Assim, se X, sabedor da insolvência de Y, compra-lhe um bem imóvel, os credores 
de Y podem requer a anulação do negócio. Não se configura a fraude, no entanto, 
se adquirente provar que adquiriu o bem de boa-fé e que desconhecia o estado de 
insolvência do alienante. 
A ação que visa a desconstituir o negócio realizado em fraude contra credores é 
denominada AÇÃO PAULINA. 
 
Referência legal: 
Art. 158. Os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão de dívida, se os praticar 
o devedor já insolvente, ou por eles reduzido à insolvência, ainda quando o ignore, 
poderão ser anulados pelos credores quirografários, como lesivos dos seus direitos. 
§ 1 o Igual direito assiste aos credores cuja garantia se tornar insuficiente. 
§ 2 o Só os credores que já o eram ao tempo daqueles atos podem pleitear a anulação 
deles. 
Art. 159. Serão igualmente anuláveis os contratos onerosos do devedor insolvente, 
quando a insolvência for notória, ou houver motivo para ser conhecida do outro 
contratante. 
Art. 160. Se o adquirente dos bens do devedor insolvente ainda não tiver pago o preço e 
este for, aproximadamente, o corrente, desobrigar-se-á depositando-o em juízo, com a 
citação de todos os interessados. 
Parágrafo único. Se inferior, o adquirente, para conservar os bens, poderá depositar o 
preço que lhes corresponda ao valor real. 
Art. 161. A ação, nos casos dos arts. 158 e 159, poderá ser intentada contra o devedor 
insolvente, a pessoa que com ele celebrou a estipulação considerada fraudulenta, ou 
terceiros adquirentes que hajam procedido de má-fé. 
Art. 162. O credor quirografário, que receber do devedor insolvente o pagamento da 
dívida ainda não vencida, ficará obrigado a repor, em proveito do acervo sobre que se 
tenha de efetuar o concurso de credores, aquilo que recebeu. 
Art. 163. Presumem-se fraudatórias dos direitos dos outros credores as garantias de 
dívidas que o devedor insolvente tiver dado a algum credor. 
Art. 164. Presumem-se, porém, de boa-fé e valem os negócios ordinários indispensáveis 
à manutenção de estabelecimento mercantil, rural, ou industrial, ou à subsistência do 
devedor e de sua família. 
Art. 165. Anulados os negócios fraudulentos, a vantagem resultante reverterá em proveito 
do acervo sobre que se tenha de efetuar o concurso de credores. 
Parágrafo único. Se esses negócios tinham por único objeto atribuir direitos preferenciais, 
mediante hipoteca, penhor ou anticrese, sua invalidade importará somente na anulação da 
preferência ajustada. 
 
8 - SIMULAÇÃO – Art. 167 
Na sistemática do Código Civil vigente, a simulação – vício social – é considerada o mais 
grave defeito do negócio jurídico. 
Na simulação, um negócio jurídico aparentemente produz um efeito, mas, na realidade, 
produz efeito diverso e não produz efeitos. 
A simulação pode ser: 
a) Absoluta: neste caso o negócio jurídico é celebrado para não produzir efeitos e 
não oculta nenhum outro negócio. Ex. Para liberar o FGTS, uma pessoa simula 
que fez a doação do seu único imóvel; um empresário falido finge vender seus 
bens para que eles não sejam apreendidos pela Justiça. 
b) Relativa: neste caso o negócio jurídico é celebrado para o ocultar um outro. As 
partes não desejam os efeitos do negócio aparente (negócio simulado), mas os 
efeitos do negócio oculto (negócio dissimulado). Ex. Uma pessoa simula vender 
uma casa, quando na verdade está fazendo uma doação. 
 
Seja simulação absoluta, seja simulação relativa, para ensejar a desconstituição do 
negócio jurídico, é necessário que haja lesão a terceiros. 
 
Referência legal: 
Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido 
for na substância e na forma. 
§ 1º Haverá simulação nos negócios jurídicos quando: 
I - aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais 
realmente se conferem, ou transmitem; 
II - contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira; 
III - os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós-datados. 
§ 2º Ressalvam-se os direitos de terceiros de boa-fé em face dos contraentes do negócio 
jurídico simulado. 
 
PARTE V – TEORIA DAS NULIDADES 
 
1 - A INVALIDADE DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS – ART. 166 A 184, CC 
A lei fixa determinadas condições para que o negócio jurídico seja válido e, por 
conseguinte, apto a produzir os efeitos jurídicos almejado pelos declarantes. 
A inobservância desses pressupostos atrai a incidência da sanção jurídica, que é a 
invalidade. Noutros termos, a ordem jurídica nega validade aos negócios jurídicos e atos 
não negociais celebrados em afronta a seus preceitos. 
O Lei Civil brasileira prevê dois graus de invalidade (nulidade em sentido amplo): 
a) Nulidade (também denominada nulidade absoluta) é sanção prevista para as 
hipóteses de violação de norma de ordem pública, de natureza cogente (norma de 
imperatividade absoluta). O negócio nulo carrega, pois, vício de maior gravidade. 
b) Anulabilidade (também denominada nulidade relativa) é sanção aplicável em 
casos de infringência de norma jurídica voltada para a proteção de interessesparticulares. Assim, o negócio jurídico anulável carrega vício menos grave. 
A invalidade pode ser: 
a) Total – quando o vício contamina todo o negócio jurídico e, por consequência), 
todo o negócio é invalidado. 
b) Parcial – quando o vício contamina apenas parte do negócio jurídico, de modo 
que uma parte dele é invalidade (nula ou anulada) e a outra parte subsiste 
validamente. 
 
2 - NULIDADE 
2.1. Causas: 
As causas da nulidade estão apontadas nos artigos 166 e 167, CC. São elas: 
a) Incapacidade absoluta do agente 
b) Objeto ilícito, impossível ou indeterminável 
c) Motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito 
d) Não revestir a forma prescrita em lei 
e) For preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade; 
f) Tiver por objetivo fraudar lei imperativa 
g) A lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção 
(nulidade virtual) 
h) Simulação 
Observa-se que as hipóteses acima estão diretamente relacionadas com os pressupostos 
de validade do negócio jurídico. 
 
 
2.2. Características e consequências: 
a) Imediata: O negócio já nasce nulo. A doutrina tradicional defende que a 
nulidade opera de pleno direito, ou seja, não depende de decisão judicial. A 
realidade revela, no entanto, que a decisão judicial é imprescindível, pois 
enquanto a aparência de legalidade do ato não é desfeita, pela decisão que 
declaração a nulidade, não há como obstar a produção de efeitos. 
b) Eficácia ex tunc (retroativa) da declaração de nulidade: A sentença sobre a 
nulidade tem natureza declaratória, com eficácia ex tunc.. Ou seja, a decisão 
judicial apenas declara que o negócio é nulo e seus efeitos retroagem a data da 
celebração do negócio. 
c) Absoluta: A nulidade pode ser invocada (suscitada) pela parte, por qualquer 
interessado e pelo Ministério Público e, ainda, pode ser conhecida de ofício 
(ex officio) pelo magistrado, ou seja, o Juiz pode declarar a nulidade mesmo 
sem o requerimento da parte ou do terceiro interessado. 
d) Insanável: O nulo será sempre nulo, de modo que não pode ser ratificado ou 
confirmado pelas partes (art. 169, primeira parte, CC). 
e) Perpétua: A nulidade não convalesce pelo tempo (art. 169, segunda parte, CC), 
de modo que não há prazos específicos para buscar em juízo a declaração de 
nulidade do negócio jurídico. Todavia, não raro, ação declaratória da nulidade 
é cumulada com pedidos condenatórios (pagamento ou restituição de bens) 
Conquanto a lei autorize o pedido de declaração de nulidade a qualquer tempo, 
os efeitos pecuniários do ato ou negócio nulo sujeitam-se à prescrição. 
Imaginemos o caso de um contrato de compra e venda declarado nulo 20 anos 
após a sua celebração. Transcorrido esse lapso temporal, o comprador já terá 
adquirido a coisa pela usucapião (tempo + posse). 
2.3 Conversão do negócio jurídico nulo 
Sob a inspiração do princípio da conservação dos atos e negócios jurídicos, o art. 170 do 
Código Civil permite a conversão do negócio jurídico nulo, dispondo: “Se, porém, o 
negócio jurídico nulo contiver os requisitos de outro, subsistirá este quando o fim a que 
visavam as partes permitir supor que o teriam querido, se houvessem previsto a nulidade”. 
Nas palavras de Cristiano Chaves de Faria e Nelson Rosenvald, a conversão (substancial) 
“é o meio jurídico através do qual, respeitados certos requisitos, transforma-se um 
negócio jurídico inválido absolutamente (nulo) em outro, com o intuito de preservar a 
intenção das partes que declararam vontade” (FARIA;ROSENVALD, 2015 p. 531). 
Necessário salientar que não se convalida o ato ou negócio nulo. Afinal, a nulidade é 
insanável. O negócio ou ato é recebido pela ordem jurídica como outro, se estivem 
presentes os requisitos deste outro. 
Exemplo: uma nota de promissória nula (não vale como título de crédito), pode ser 
aproveitada como confissão de dívida; o contrato de compra e venda nulo pode ser 
convertido em promessa de compra e venda. 
 
 
3 - ANULABILIDADE 
3.1 Causas: 
Estão indicadas no art. 171, CC 
a) Incapacidade relativa do agente; 
b) Vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra 
credores. 
c) Outros casos expressamente declarados na lei como causa de anulabilidade (não 
há anulabilidade virtual) 
3.2 Características e consequências: 
a) Diferida: Mesmo havendo causa para anular o negócio, enquanto não houver 
decisão judicial decretando a anulação do negócio, ele subsiste validamente. 
b) Eficácia ex nunc da decretação da anulação: a anulação do negócio jurídico é 
decidida por sentença de natureza desconstitutiva, ou seja, é a decisão judicial 
que anula o negócio. Por isso, os efeitos são produzidos a partir da decisão (ex 
nunc) sem retroagir à data da celebração do negócio. 
c) Relativa: A anulação do negócio somente pode ser promovida pela pessoa a 
quem a lei protege (parte ou terceiro interessado). Assim, não pode ser 
suscitada pelo Ministério Público nem declaração de ofício pelo magistrado. 
d) Sanável: O negócio jurídico anulável poder ser ratificado ou confirmado (arts. 
172 a 175, CC). 
e) Provisória. O negócio anulável convalesce pelo tempo. A lei civil fixa prazo 
(art. 178) para a parte prejudicada ou terceiro interesse promoverem a ação de 
anulação. 
3.3. Confirmação do negócio jurídico anulável: 
Em harmonia com o princípio da conservação dos atos e negócios jurídicos, o Código 
Civil no art. 172 prevê que o “ato anulável pode ser confirmado pelas partes, salvo direito 
de terceiro”. 
Ex. Certo contrato foi celebrado em decorrência de erro substância quanto as propriedades 
do objeto. Posteriormente, a pessoa que incorreu em erro conclui que o negócio lhe foi 
vantajoso, renunciando, por isso, ao direito de anular o negócio. 
A confirmação pode ser: 
a) Expressa: os sujeitos declaram, de modo firme e claro, o propósito de reafirmar 
os termos do negócio. Nos moldes dos artigos. 179, CC, a confirmação deve 
conter a substância do negócio jurídico celebrado e vontade expressa de mantê-
lo. 
b) Tácita: mesmo sem declarar a intenção de ratificar o negócio, a parte comporta-
se de modo que se pode concluir que seu desejo é manter o negócio. Ex. Podendo 
a alegar o vício, a parte não o faz e cumpre espontaneamente a avença. 
Os efeitos da confirmação retroagem a data da celebração do negócio a que se visa 
confirmar. 
 
4 - INEXISTÊNCIA DO NEGÓCIO JURÍDICO 
A lado dos negócios nulos e anuláveis, a doutrina desenvolveu a teoria da inexistência 
dos negócios jurídicos. Surgiu no Direito de Família para tentar explicar ineficácia total 
de absoluta de certos atos. Sua aplicação é defendida para aquelas situações que falta ao 
negócio jurídico elemento essencial. Ex. a compra e venda sem a coisa vendida ou sem o 
preço. O exemplo dado, o negócio não chega sequer a existir para o mundo do direito, 
não produzindo eficácia jurídica. 
 
5 - EFICÁCIA DOS NEGÓCIOS NULOS E INEFICÁCIA DOS NEGÓCIOS VÁLIDOS 
Há determinados negócios jurídicos que, mesmo sendo válidos, não geram efeitos. 
Exemplo disso é o testamento, antes do falecimento do testador. 
A ineficácia (ausência de produção de efeitos jurídicas) nem sempre é uma decorrência 
da invalidade do negócio jurídico. 
Por outro lado, sob certas circunstâncias o ato ou negócio jurídico produzem efeitos que 
não podem (ou não devem) ser apagados. Seguem-se algumas hipóteses de eficácia 
excepcional do nulo: 
a) Casamento nulo, no qual os cônjuges estavam de boa fé quanto à existência de 
impedimento matrimonial 
b) O contrato nulo com a administração pública, por falta de sujeição do trabalhador 
a concurso público 
c) Voto nulo, porque dado a candidato declarado inelegível, é contabilizado como 
voto de legenda. 
A nulidade, nestes casos, obsta a produção dos efeitos típicos do negócio, mas não o priva 
de toda e qualquer eficácia. 
 
Referência legal: 
Art. 166. É nulo onegócio jurídico quando: 
I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz; 
II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto; 
III - o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito; 
IV - não revestir a forma prescrita em lei; 
V - for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade; 
VI - tiver por objetivo fraudar lei imperativa; 
VII - a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção. 
Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido 
for na substância e na forma. 
§ 1º Haverá simulação nos negócios jurídicos quando: 
I - aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais 
realmente se conferem, ou transmitem; 
II - contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira; 
III - os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós-datados. 
§ 2º Ressalvam-se os direitos de terceiros de boa-fé em face dos contraentes do negócio 
jurídico simulado. 
Art. 168. As nulidades dos artigos antecedentes podem ser alegadas por qualquer 
interessado, ou pelo Ministério Público, quando lhe couber intervir. 
Parágrafo único. As nulidades devem ser pronunciadas pelo juiz, quando conhecer do 
negócio jurídico ou dos seus efeitos e as encontrar provadas, não lhe sendo permitido 
supri-las, ainda que a requerimento das partes. 
Art. 169. O negócio jurídico nulo não é suscetível de confirmação, nem convalesce pelo 
decurso do tempo. 
Art. 170. Se, porém, o negócio jurídico nulo contiver os requisitos de outro, subsistirá 
este quando o fim a que visavam as partes permitir supor que o teriam querido, se 
houvessem previsto a nulidade. 
Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio jurídico: 
I - por incapacidade relativa do agente; 
II - por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra 
credores. 
Art. 172. O negócio anulável pode ser confirmado pelas partes, salvo direito de terceiro. 
Art. 173. O ato de confirmação deve conter a substância do negócio celebrado e a vontade 
expressa de mantê-lo. 
Art. 174. É escusada a confirmação expressa, quando o negócio já foi cumprido em parte 
pelo devedor, ciente do vício que o inquinava. 
Art. 175. A confirmação expressa, ou a execução voluntária de negócio anulável, nos 
termos dos arts. 172 a 174, importa a extinção de todas as ações, ou exceções, de que 
contra ele dispusesse o devedor. 
Art. 176. Quando a anulabilidade do ato resultar da falta de autorização de terceiro, será 
validado se este a der posteriormente. 
Art. 177. A anulabilidade não tem efeito antes de julgada por sentença, nem se pronuncia 
de ofício; só os interessados a podem alegar, e aproveita exclusivamente aos que a 
alegarem, salvo o caso de solidariedade ou indivisibilidade. 
Art. 178. É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negócio 
jurídico, contado: 
I - no caso de coação, do dia em que ela cessar; 
II - no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão, do dia em que se 
realizou o negócio jurídico; 
III - no de atos de incapazes, do dia em que cessar a incapacidade. 
Art. 179. Quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem estabelecer prazo 
para pleitear-se a anulação, será este de dois anos, a contar da data da conclusão do ato. 
Art. 180. O menor, entre dezesseis e dezoito anos, não pode, para eximir-se de uma 
obrigação, invocar a sua idade se dolosamente a ocultou quando inquirido pela outra 
parte, ou se, no ato de obrigar-se, declarou-se maior. 
Art. 181. Ninguém pode reclamar o que, por uma obrigação anulada, pagou a um incapaz, 
se não provar que reverteu em proveito dele a importância paga. 
Art. 182. Anulado o negócio jurídico, restituir-se-ão as partes ao estado em que antes dele 
se achavam, e, não sendo possível restituí-las, serão indenizadas com o equivalente. 
Art. 183. A invalidade do instrumento não induz a do negócio jurídico sempre que este 
puder provar-se por outro meio. 
 Art. 184. Respeitada a intenção das partes, a invalidade parcial de um negócio jurídico 
não o prejudicará na parte válida, se esta for separável; a invalidade da obrigação principal 
implica a das obrigações acessórias, mas a destas não induz a da obrigação principal 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
FARIA, Cristiano Chaves de: ROSENVALD, Nelson. Curso de Direito Civil: parte 
geral. São Paulo: Atlas, 2015, v.1 
FIUZA, César. Direito civil: curso completo. Belo Horizonte: Editora D'Plácido, 2019 
GALIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de direito civil. 
São Paulo. Saraiva. 2016, v.1 
GOMES, Orlando. Transformações gerais do direito das obrigações. São Paulo: 
Revista dos Tribunais, 1980 
SCHREIBER, Anderson. Manual de direito civil contemporâneo. São Paulo: Saraiva 
Educação, 2018 
TARTUCE, Flávio. Direito civil: lei de introdução e parte geral. Rio de Janeiro: Forense, 
2018, v.1 
TEPEDINO, Gustavo; OLIVA, Milena Donato. Fundamentos do direito civil: teoria 
geral do direito civil. Rio de Janeiro: Forense, 2020, v.1 
VILLELA, João Baptista. Do fato ao negócio: em busca da precisão conceitual. IN: 
Estudos em homenagem ao professor Washington de Barros Monteiro. São Paulo: 
Saraiva, 1982, p. 264/265

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