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Direito Eleitoral - Conceito, Fontes, Princípios e Direitos Políticos

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DIREITO ELEITORAL
SUMÁRIO - CONCEITO, FONTES E PRINCÍPIOS 
· CONCEITO DO DIREITO ELEITORAL
· FONTES DO DIREITO ELEITORAL
· COMPETÊNCIA LEGISLATIVA 
· PRINCÍPIOS ELEITORAIS
A) Democracia 
B) Princípio da Moralidade Eleitoral 
C) Princípio da Democracia Partidária 
D) Princípio do Sufrágio Universal 
E) Princípio da Liberdade de Organização Partidária 
F) Princípio da Fidelidade Partidária 
G) Princípio da Lisura das Eleições 
H) Princípio do Aproveitamento do Voto 
I) Princípio da Anterioridade Eleitoral
· DIREITOS POLÍTICOS. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS APLICÁVEIS AOS DIREITOS POLÍTICOS 
A) Classificação dos Direitos Políticos
B) Direito ao Sufrágio 
C) Direito ao Voto. Características 
D) Plebiscito e Referendo 
E) Alistamento Eleitoral. Requisitos. Espécies 
F) Elegibilidade. Condições de Elegibilidade Infraconstitucionais
G) Restrição dos Direitos Políticos 
CONCEITO DO DIREITO ELEITORAL
O Direito Eleitoral é o ramo do Direito que tem a finalidade de assegurar a identidade da vontade soberana do povo e a formação da vontade política do Estado. Com efeito, o Direito Eleitoral cuida do exercício da soberania popular, por meio da qual o povo exerce todo o poder que lhe pertence, de forma direta ou indireta.
Assim, estamos diante da disciplina que cuida do exercício do poder do povo descrito no art. 1º, parágrafo único, da Constituição Federal, segundo o qual “todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”.
A soberania popular é o poder dado ao povo (na verdade, todo poder), o qual é exercido por meio do sufrágio universal, do voto direto, secreto e com valor igual para todos, do plebiscito, do referendo, da iniciativa popular de leis, da ação popular e por outros meios que viabilizem a manifestação da vontade do povo.
Logo, o Direito Eleitoral, além de zelar pelo exercício do poder pelo povo, cuida de todos os instrumentos de manifestação da vontade deste.
Por consequência, pertence ao Direito Público. Isso porque trata da soberania popular, princípio fundamental da República Federativa do Brasil. Sua principal função, segundo Rodrigo López Zilio (2009, p. 32), é:
Proporcionar e assegurar que a conquista do poder pelos grupos sociais seja efetuada dentro de parâmetros legais preestabelecidos, sem o uso da força ou de quaisquer subterfúgios que interfiram na soberana manifestação da vontade popular.
Pode-se dizer, por consequência, que o Direito Eleitoral tem por objeto o alistamento eleitoral, a aquisição, a perda e a suspensão dos direitos políticos, os sistemas eleitorais, a propaganda eleitoral, as garantias eleitorais, os crimes e ilícitos eleitorais, as eleições, dentre outros institutos relacionados ao exercício da soberania popular.
Conceito de Direito Eleitoral para Joel José Cândido: O ramo do Direito Público que trata de institutos relacionados com os direitos políticos e das eleições, em todas as suas fases, como forma de escolha dos titulares de mandatos eletivos e das instituições de Estado.
Conceito de Direito Eleitoral para José Jairo Gomes: Direito Eleitoral é o ramo do Direito Público cujo objeto são os institutos, as normas e os procedimentos regularizadores dos direitos políticos. Normatiza o exercício do sufrágio com vistas à concretização da soberania popular.
Direito Eleitoral x Direito Partidário: o Direito Eleitoral contém, unicamente, regras e princípios sobre os Direitos Políticos (artigos 14 a 16 da CF/1988), pois são esses direitos que viabilizam o exercício da soberania popular. Não há, no âmbito do Direito Eleitoral, o tratamento normativo dos partidos políticos, uma vez que entre estes e os direitos políticos existe uma distinção conceitual. Com efeito, o ramo do Direito que trata dos partidos políticos é o Direito Partidário.
Desta forma, a Justiça Eleitoral somente julga os litígios eleitorais sendo que os litígios partidários são processados pela Justiça Comum (salvo quando tiverem reflexos na eleições, infidelidade partidária).
A esse respeito, veja o entendimento do TSE: 
[...] 1. A Justiça Eleitoral não detém competência para apreciar feitos em matérias respeitantes a conflitos envolvendo partidos políticos e seus filiados, quando estas não tenham reflexo no prélio eleitoral. [...] (AgR-AI n. 7098, Rel. Min. Luiz Fux, DJE de 23/06/2015).
FONTES DO DIREITO ELEITORAL
Existem várias classificações para as fontes do Direito Eleitoral. 
As fontes do Direito Eleitoral podem ser classificadas como materiais e formais ou como diretas ou indiretas.
FONTES MATERIAIS: são os diversos fatores sociais, éticos, políticos, econômicos, religiosos que condicionam a formação e o surgimento das normas jurídicas. Como exemplos de fontes materiais pode-se citar a atuação dos grupos organizados da sociedade, a atividade exercida pelos lobbys, as manifestações da sociedade e a pressão de segmentos sociais e de sindicatos.
FONTES FORMAIS: são os meios pelos quais uma norma jurídica ingressa na ordem jurídica e passa a regular os fatos. São fontes formais eleitorais:
- Constituição Federal. Traz os princípios básicos e regras fundamentais do direito eleitoral. Artigos com matéria eleitoral: art. 1º, parágrafo único (consagração da soberania popular); arts. 14 a 16 (previsão dos direitos políticos); arts. 118 a 121 (organização da justiça eleitoral).
- Código Eleitoral (Lei n. 4737/1965). Disciplina a competência da Justiça Eleitoral, o exercício dos direitos políticos, fixa as regras de alistamento, dos sistemas eleitorais, de registro de candidaturas, de atos preparatórios, da apuração, da diplomação dos eleitos, dos crimes eleitorais e do processo penal eleitoral. O Código Eleitoral foi editado antes de CF/88, alguns artigos foram revogados por serem incompatíveis com a CF/88. Parte do código foi recepcionado com o status de lei complementar (normas que se referem a organização e às competências da Justiça Eleitoral) e parte possui status de lei ordinária. 
O Código Eleitoral possui natureza jurídica de lei ordinária, sendo recepcionado com força de lei complementar apenas na matéria que disciplina a competência. Como o constituinte determinou que “lei complementar disporá sobre organização e competências dos Tribunais, dos Juízes de Direito e das Juntas Eleitorais” (art. 121) e em face da ausência de edição de lei definidora de normas sobre organização e competência na esfera especializada, o entendimento doutrinário e jurisprudencial é que apenas na parte relativa à competência ocorreu a recepção do Código Eleitoral como lei complementar (ZILIO, 2012, p. 24).
- Lei dos Partidos Políticos (Lei n. 9.096/1995). Embora não seja uma lei especificamente sobre o Direito Eleitoral, tem um estreito relacionamento com essa matéria, especialmente no que diz respeito à regulamentação da filiação partidária, uma das condições impostas ao exercício do direito à elegibilidade.
- Lei das Inelegibilidades (Lei Complementar n. 64/1990). Estabelece os casos de inelegibilidades e prazos de cessação, bem como o procedimento processual a ser seguido após o ajuizamento da Ação de Impugnação ao Registro de Candidatura e da Ação de Investigação Judicial Eleitoral.
- Lei das Eleições (Lei n. 9.504/1997). Estabelece normas para as eleições. A Lei n. 9.504/1997 também foi recentemente alterada pela Lei n. 13.877/2019, que realizou uma minirreforma eleitoral.
- Resoluções do Tribunal Superior Eleitoral (TSE): O TSE tem, nos termos do art. 23, inciso IX do Código Eleitoral, poder regulamentar e, no exercício dessa competência, edita Resoluções.
FONTES DIRETAS: são as fontes que, de forma principal, na ordem jurídica e criam novas normas jurídicas em Direito Eleitoral. Essa é a razão pela qual as fontes diretas também são denominadas de fontes primárias. Exemplos: CF. Lei das Eleições, Código Eleitoral, Lei das Inelegibilidades, Lei n. 6091/1974, etc. 
FONTES INDIRETAS: são fontes que, de forma subsidiária (não diretamente), tratam de Direito Eleitoral ou, ainda, aquelas que não podem inovar na ordem jurídica. São exemplosde fontes indiretas: Código Penal, Código Civil, Código de Processo Civil, Resoluções do TSE (essas fontes não podem inovar na ordem jurídica, mas apenas regulamentar a aplicação da lei eleitoral.
· PODER REGULAMENTAR DO TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL 
O Tribunal Superior Eleitoral pode editar resoluções para a regulamentação do Código Eleitoral. Isso porque o parágrafo único do art. 1º do Código Eleitoral prescreve que o TSE expedirá instruções com a finalidade de buscar a fiel execução da legislação eleitoral. No mesmo sentido, o art. 105 da Lei n. 9.504/1997 dispõe que:
Art. 105. Até o dia 5 de março do ano da eleição, o Tribunal Superior Eleitoral, atendendo ao caráter regulamentar e sem restringir direitos ou estabelecer sanções distintas das previstas nesta Lei, poderá expedir todas as instruções necessárias para sua fiel execução, ouvidos, previamente, em audiência pública, os delegados ou representantes dos partidos políticos.
Além disso, o TSE possui entendimento no sentido de que a competência regulamentar da legislação eleitoral foi apenas atribuída a ele e não aos demais órgãos da Justiça Eleitoral. A esse respeito:
Ac.-TSE, de 9.9.2014, no REspe n. 64770 – ELEIÇÕES 2014. REGISTRO DE CANDIDATURA. PLENO EXERCÍCIO DOS DIREITOS POLÍTICOS. CERTIDÃO CRIMINAL. 1. A competência para baixar instruções sobre o registro de candidatura, especificando sobre os documentos necessários previstos na legislação e procedimentos a serem observados, é exclusiva do Tribunal Superior Eleitoral, a teor do que dispõem os arts. 105 da Lei n. 9.504/1997 e 23, IX, do Código Eleitoral. 2. É nula a Resolução n. 885, do TRE/RJ, que dispõe sobre o processamento dos registros de candidatura relativos às eleições de 2014, matéria já regulamentada pelo Tribunal Superior Eleitoral na Res.-TSE n. 23.405.
Ressalta-se que, no exercício de sua competência regulamentar, o TSE não pode contrariar as disposições legislativas. A resolução eleitoral deve ser secundum ou praeter legem. Essas resoluções têm função precípua de regulamentar a aplicabilidade das leis eleitorais.
Aliás, na própria disposição legal inscrita no art. 105 da Lei n. 9.504/1997, há condições expressas para o exercício do poder de regulamentação do TSE, quais sejam, não se admite que as resoluções criem obrigações ou que restrinjam direitos. Isso porque, de acordo com o princípio constitucional da legalidade, ninguém será obrigado a fazer (obrigação) ou deixar de fazer (restrição de direitos) senão em virtude de lei. No mesmo sentido, veja a seguinte lição dada pelo Ministro Eros Grau, no julgamento da Consulta n. 1.587, no Tribunal Superior Eleitoral:
O Tribunal Superior Eleitoral não está autorizado, nem pela Constituição, nem por lei nenhuma, a inovar o ordenamento jurídico, obrigando quem quer que seja a fazer ou a deixar de fazer alguma coisa.
Caso a resolução afronte disposições legislativas ter-se-á uma ilegalidade, que poderá ser combatida por meio de mandado de segurança ou recurso. Não se pode combater essa ilegalidade por meio de Ação Direta de Inconstitucionalidade perante o Supremo Tribunal Federal.
 Entretanto, se a Resolução do TSE inovar no ordenamento jurídico, dispondo sobre matéria ainda não tratada pelo Poder Legislativo, será possível que essa afronta ao princípio da Separação dos Poderes seja corrigida por meio da Ação Direta de Inconstitucionalidade. 
Deve-se atentar ainda que, de forma excepcional e transitória, ao analisar a compatibilidade da Resolução-TSE n. 22.610/2007 com a Constituição Federal, o Supremo Tribunal Federal reconheceu que o Tribunal Superior Eleitoral pode editar Resoluções que inovem no ordenamento jurídico, desde que: 
- a matéria seja relevante e urgente; 
- haja omissão do Congresso Nacional no exercício de sua função legislativa.
As Resoluções do TSE expedidas diante dessa situação excepcional e transitória somente produzirão efeitos até que o Poder Legislativo, titular da função legiferante, supra a omissão. Essa foi a conclusão do Supremo Tribunal Federal ao julgar a ADI n. 3.999, que teve o seu pedido julgado improcedente e, por consequência, declarou-se a constitucionalidade da Resolução do TSE n. 22.610/2007 (Resolução da Fidelidade Partidária).
COMPETÊNCIA LEGISLATIVA
As normas eleitorais, como visto, surgem a partir da elaboração das fontes formais pelo órgão competente. Mas qual órgão possui competência para legislar sobre Direito Eleitoral? Essa pergunta é respondida pelo art. 22, inc. I, da CF/1988, nos seguintes termos:
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: I – direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho;
Essa competência da União é exercida pelo Congresso Nacional, pois a este órgão cabe, com a sanção do Presidente da República, dispor sobre as matérias do art. 22 da CF/1988 (art. 48, cabeça, da CF/1988).
Por sua vez, os demais entes federativos, Estados-membros, Distrito Federal e Municípios, não podem tratar de normas sobre Direito Eleitoral. Isso porque essa competência foi atribuída, de forma privativa, à União.
A criação de normas eleitorais ocorrerá por meio da edição de lei ordinária, pois esta é suficiente para tratar dos diversos temas eleitorais, como por exemplo, alistamento, eleição, propaganda eleitoral, financiamento de campanha e condições de elegibilidade.
Entretanto, em determinados temas eleitorais, é exigível a edição de lei complementar. Esses casos estão previstos no art. 14, § 9º, e no art. 121, cabeça, ambos da CF/1988, nos seguintes moldes:
Art. 14, § 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de proteger a probidade administrativa, a moralidade para exercício de mandato considerada vida pregressa do candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou indireta. (Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão n. 4, de 1994)
Art. 121. Lei complementar disporá sobre a organização e competência dos tribunais, dos juízes de direito e das juntas eleitorais.
Quais as matérias eleitorais exigem a edição de lei complementar?
- Inelegibilidades infraconstitucionais
- Organização e competência da Justiça Eleitoral.
Ademais, não se admite a edição de medida provisória para tratar de direitos políticos, partidos políticos, cidadania e direito eleitoral. Da mesma forma, veda-se a edição de leis delegadas sobre direitos políticos e eleitorais e sobre cidadania.
PRINCÍPIOS ELEITORAIS
Os princípios podem ser indicados como as normas que condicionam a aplicação das regras eleitorais e a criação das normas jurídico-eleitorais. Possuem um conteúdo genérico e abstrato. Afirma-se que os princípios são o alicerce, a base, a estrutura básica de um sistema. 
Os princípios eleitorais estão, em sua maioria, elencados na Constituição Federal. Busca-se, por meio dessas normas estruturais, a correspondência entre a vontade do povo e a formação das políticas governamentais. Ainda, tenta-se afastar a influência do poder econômico e do poder político.
A) PRINCÍPIO DA DEMOCRACIA
É mais do que um princípio: trata-se de um fundamento e valor essencial dos Estados modernos.
No Brasil, a Constituição Federal tenta instaurar um autêntico regime democrático no qual o poder pertence ao povo, que o exerce diretamente ou por meio de representantes.
Na verdade, a democracia é um princípio fundamental que deve ser construído, lapidado e desenvolvido diariamente. Para melhoramento do nível democrático de um Estado, protege-se a liberdade e a igualdade para a manifestação de ideias. 
Assim, qualquer conduta que possa diminuir ou afetar a liberdade e a igualdade democrática deve ser combatida. Para tanto, existem diversos instrumentos que evitam que o abuso do poder possa macular e viciar a manifestação de vontade do povo e trazer um retrocesso democrático.
B) PRINCÍPIO DA MORALIDADE ELEITORAL 
A Constituição Federal, em seu art. 14, § 9º, prescreveque:
Art. 14, § 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de proteger a probidade administrativa, a moralidade para exercício de mandato considerada vida pregressa do candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou indireta.
Assim, hipóteses de inelegibilidade serão instituídas com a finalidade de proteger a probidade administrativa e a moralidade para o exercício do mandato. Situações que demonstrem nocividade à condução da coisa pública deverão ser coibidas e seus infratores devem ser afastados da possibilidade de candidatar-se a mandatos eletivos.
Contudo, para que se proteja a moralidade eleitoral, é indispensável a edição de lei complementar. Somente esta espécie normativa pode criar as hipóteses de inelegibilidade aptas a proteger a probidade administrativa e a moralidade para o exercício de mandato eletivo. A proteção da probidade administrativa por meio da instituição de inelegibilidades infraconstitucionais foi buscada pela Lei Complementar n. 64/1990.
Por sua vez, na redação originária da Lei Complementar n. 64/1990, não havia nenhuma hipótese de inelegibilidade cuja finalidade era a proteção da moralidade para o exercício de mandato eletivo. Com efeito, segundo o Texto Constitucional, a verificação da moralidade para o exercício de mandato eletivo é aferida por meio da análise da vida pregressa do candidato.
Entretanto, apesar da inexistência de lei complementar com esse desiderato, tentou-se impedir que candidatos que possuíssem “ficha suja” participassem das eleições de 2008. Esse intento foi buscado pela propositura da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental n. 144, STF. O pedido da ADPF n. 144 foi julgado improcedente, pois, para impedir que um cidadão participasse das eleições por ter vida pregressa negativa, o art. 14, § 9º, da CF/1988, como visto, exige a edição de lei complementar.
Por esse modo, rechaçou-se a possibilidade de se exigir do cidadão interessado em candidatar-se nas eleições de 2008 a vida pregressa ilibada ante à falta de regramento complementar. 
Com a edição da Lei Complementar n. 135/2010 (Lei da Ficha Limpa), essa lacuna legislativa foi suprida. Atualmente, candidatos que possuem vida pregressa comprometedora, nos termos atualmente prescritos no art. 1º, inc. I, alínea ‘e’ da Lei Complementar n. 64/1990, estarão inelegíveis e, por esse motivo, não poderão candidatar-se a cargos eletivos.
C) PRINCÍPIO DA DEMOCRACIA PARTIDÁRIA 
Na análise do princípio da democracia, viu-se que o poder pertence ao povo, que o exerce diretamente ou por meio de representantes.
Com a Constituição de 1988, os partidos políticos passaram a ter uma nova feição no sistema democrático brasileiro: proteger os direitos fundamentais e o regime democrático. O Estado não pôde mais imiscuir-se nos assuntos partidários nem determinar a estrutura das agremiações partidárias, conforme prescrição contida no art. 17, § 1º, da CF (princípio da autonomia partidária).
Inclusive, de acordo com o inc. V, § 3º, art. 14 da CF/1988, somente é possível concorrer a um cargo público eletivo por meio dos partidos políticos. 
Por isso afirma-se que, no Brasil, adotou-se o princípio da democracia partidária, em que o partido político tem importante função para a consecução do valor democrático. Aliás, tamanha é a importância do partido na democracia brasileira que o Supremo Tribunal Federal afirmou que o mandato eletivo proporcional pertence à agremiação partidária (STF, MS n. 26; 602). Caso um detentor de um cargo público eletivo desfilie-se de seu partido sem que exista uma justa causa, perderá seu mandato.
D) PRINCÍPIO DO SUFRÁGIO UNIVERSAL 
A soberania popular é exercida por meio do sufrágio universal.
“Sufrágio” é o direito conferido ao cidadão para que possa validamente participar da formação da vontade estatal. Traduz-se no direito de votar e ser votado. Diz-se que o sufrágio, isto é, os direitos políticos, são universais porque não podem ser criados critérios, obstáculos e óbices para que sejam exercidos.
A afirmação de que o sufrágio é universal não indica que toda e qualquer pessoa possui direitos políticos no Brasil. Desse modo, somente as pessoas que preencherem os requisitos constitucionais poderão exercer o direito ao voto e o direito de ser votado. 
Na verdade, “sufrágio universal é aquele em que o direito de votar é atribuído ao maior número possível de nacionais. As eventuais restrições só devem fundar-se em circunstâncias que naturalmente impedem os indivíduos de participar do processo político” (GOMES, 2008: p. 36).
E) PRINCÍPIO DA LIBERDADE DE ORGANIZAÇÃO PARTIDÁRIA 
O “Partido Político” é uma pessoa jurídica de direito privado, que se destina a assegurar, no interesse do regime democrático, a autenticidade do sistema representativo e, também, a defender os direitos fundamentais definidos na Constituição. Em razão de suas funções e atribuições na democracia brasileira, a Constituição Federal adotou o princípio da liberdade de organização partidária.
Dessa forma, o partido tem autonomia para definir sua estrutura interna, organização e funcionamento. Também é livre a criação, fusão, incorporação e extinção de agremiações partidárias, desde que se respeite a soberania nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo e os direitos fundamentais da pessoa humana.
Aliás, recentemente, com a edição da Emenda à Constituição n. 97/2017, o conteúdo do princípio da autonomia partidária foi modificado. Eis a nova redação da normas constitucional inscrita no art. 17, § 1º da Constituição Federal:
Art. 17, § 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir sua estrutura interna e estabelecer regras sobre escolha, formação e duração de seus órgãos permanentes e provisórios e sobre sua organização e funcionamento e para adotar os critérios de escolha e o regime de suas coligações nas eleições majoritárias, vedada a sua celebração nas eleições proporcionais, sem obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou municipal, devendo seus estatutos estabelecer normas de disciplina e fidelidade partidária. (Redação dada pela Emenda Constitucional n. 97, de 2017)
Assim, embora o partido político tenha liberdade para tratar sobre a sua estrutura interno, sua organização e o seu funcionamento, a reforma constitucional restringiu a extensão dessa autonomia. Com efeito, antes da reforma constitucional, os partidos políticos poderiam formar coligações (uniões entre partidos com finalidade eleitoral) para as eleições majoritárias, proporcionais ou para ambas. 
Não obstante, atualmente, segundo a nova redação do art. 17, § 1º da CF/1988, os partidos políticos poderão formar coligação apenas nas eleições majoritárias. A contrario sensu, nas eleições proporcionais, os partidos políticos estão proibidos de formar coligações
F) PRINCÍPIO DA FIDELIDADE PARTIDÁRIA 
De acordo com a parte final do o art. 17, § 1º, da CF/1988, o estatuto do partido político deve estabelecer normas de fidelidade e disciplina partidárias.
O ocupante de cargo eletivo proporcional deve pautar a sua atuação de acordo com os valores, os ideais, a orientação programática e os princípios defendidos pelo partido pelo qual foi eleito. 
Assim, para garantir a efetividade dos deveres partidários de disciplina e fidelidade partidárias, esse princípio tem uma faceta administrativa, implicando a possibilidade de aplicação de sanções aos filiados que adotem condutas contrárias às orientações da direção partidária. Caso esteja prevista no Estatuto, é possível até mesmo a expulsão do parlamentar indisciplinado.
Por outro lado, esse princípio tem um viés jurisdicional e, desde 27/03/2007 (TSE, CTA n. 1398), possibilita que os filiados eleitos possam perder seu mandato eletivo caso se desfiliem de seu partido de origem sem que exista uma justa causa. Para o Ministro César Asfor Rocha, no julgamento da Consulta-TSEn. 1.398:
[...] parece-me equivocada e mesmo injurídica a suposição de que o mandato político eletivo pertence ao indivíduo eleito, pois isso equivaleria a dizer que ele, o candidato eleito, se teria tornado senhor e possuidor de uma parcela da soberania popular, não apenas transformando-a em propriedade sua, porém mesmo sobre ela podendo exercer, à moda do exercício de uma prerrogativa privatística, todos os poderes inerentes ao seu domínio, inclusive o de dele dispor.
Recentemente, ao analisar a aplicabilidade desse princípio, o STF, no julgamento da ADI n. 5.081, entendeu que somente poderá perder o cargo em razão da troca de partido político sem justa causa, ou seja, em razão da violação do princípio da fidelidade partidária, os mandatários eleitos a partir da adoção do sistema eleitoral proporcional.
Veja a ementa do acórdão decorrente do julgamento da ADI n. 5.081 no Supremo Tribunal Federal:
DIREITO CONSTITUCIONAL E ELEITORAL. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. RESOLUÇÃO N. 22.610/2007 DO TSE. INAPLICABILIDADE DA REGRA DE PERDA DO MANDATO POR INFIDELIDADE PARTIDÁRIA AO SISTEMA ELEITORAL MAJORITÁRIO. 1. Cabimento da ação. Nas ADIs 3.999/DF e 4.086/DF, discutiu-se o alcance do poder regulamentar da Justiça Eleitoral e sua competência para dispor acerca da perda de mandatos eletivos. O ponto central discutido na presente ação é totalmente diverso: saber se é legítima a extensão da regra da fidelidade partidária aos candidatos eleitos pelo sistema majoritário. 2. As decisões nos Mandados de Segurança 26.602, 26.603 e 26.604 tiveram como pano de fundo o sistema proporcional, que é adotado para a eleição de deputados federais, estaduais e vereadores. As características do sistema proporcional, com sua ênfase nos votos obtidos pelos partidos, tornam a fidelidade partidária importante para garantir que as opções políticas feitas pelo eleitor no momento da eleição sejam minimamente preservadas. Daí a legitimidade de se decretar a perda do mandato do candidato que abandona a legenda pela qual se elegeu. 3. O sistema majoritário, adotado para a eleição de presidente, governador, prefeito e senador, tem lógica e dinâmica diversas da do sistema proporcional. As características do sistema majoritário, com sua ênfase na figura do candidato, fazem com que a perda do mandato, no caso de mudança de partido, frustre a vontade do eleitor e vulnere a soberania popular (CF, art. 1º, parágrafo único; e art. 14, caput). 4. Procedência do pedido formulado em ação direta de inconstitucionalidade. (ADI n. 5081, Rel. Min. Roberto Barroso, DJ e de 19.8.2015).
G) PRINCÍPIO DA LISURA DAS ELEIÇÕES
Busca-se garantir a igualdade de todos os candidatos perante a lei eleitoral. Esse princípio decorre diretamente do princípio da moralidade e trata do dever de garantir a igualdade de oportunidades entre os candidatos a cargos eletivos, bem como da necessidade de se impedir a utilização de recursos que possam afetar, de forma ilegítima, a vontade dos eleitorais. Com efeito, as eleições devem estar livres de corrupção, fraude, abuso do poder econômico para serem válidas.
Os candidatos devem disputar o pleito eleitoral em paridade de condições. Pela lisura das eleições, os meios empregados nas propagandas, nas campanhas devem ser éticos e justos.
Segue algumas CARACTERÍSTICAS:
- corolário da moralidade; 
- tutela a integridade e a ética nas eleições; 
 - busca assegurar a legitimidade política; 
- coíbe o uso indevido dos meios de comunicação; 
 - garante que os candidatos terão tratamento isonômico e que concorrerão em igualdade de condições.
Esse princípio pode ser violado pela prática de algumas condutas: abuso de poder econômico (o candidato utiliza o poder financeiro com finalidade de obter vantagem durante as eleições); abuso de poder de autoridade (atos praticados por exercentes de cargos, empregos ou funções, que excedem os limites da legalidade em benefício de campanhas eleitorais.
A prática de qualquer dessas condutas quebra a normalidade e a legitimidade das eleições, e com a finalidade de impedir que isso aconteça, o legislador poderá instituir, dentre outras sanções, uma lei dispondo que aqueles que as praticarem ficarão inelegíveis (art. 14, § 9º, in fine, da CF).
H) PRINCÍPIO DO APROVEITAMENTO DO VOTO 
Este princípio direciona as atividades da Justiça Eleitoral. Isso porque o juiz deve preservar a soberania popular quando estiver analisando nulidades que possam viciar as eleições.
Assim, o Código Eleitoral adotou um sistema mitigado de nulidade de votos e as nulidades, mesmo que absolutas, podem ser convalidadas, desde que não arguidas no momento oportuno.
Esta é a disposição do art. 149 do Código Eleitoral: “não será admitido recurso contra a votação, se não tiver havido impugnação perante a mesa receptora, no ato da votação, contra as nulidades arguidas”. Vê-se, portanto, que se houver alguma nulidade no ato de votar e esta não for arguida imediatamente, o vício será desconsiderado.
Outra consequência desse princípio é a regra do art. 219 do Código Eleitoral: 
Art. 219. Na aplicação da lei eleitoral o juiz atenderá sempre aos fins e resultados a que ela se dirige, abstendo-se de pronunciar nulidades sem demonstração de prejuízo.
Traz-se, a seguir, as principais características do princípio do aproveitamento do voto: 
- preservação da Soberania Popular em detrimento do formalismo das nulidades; 
- In dubio pro voto (art. 219 do Código Eleitoral); 
- admite-se, até mesmo, a sanabilidade de nulidades absolutas, desde não impugnadas no momento oportuno (art. 149 do Código Eleitoral); 
- serve ao julgador para evitar nulidades de votos contidos em urnas eletrônicas ou nas cédulas, quando for possível separar os votos nulos dos válidos.
I) PRINCÍPIO DA ANUALIDADE ELEITORAL 
O Legislador Constituinte, com a finalidade de garantir segurança jurídica à realização das eleições, previu o princípio da anterioridade eleitoral. Esse princípio tem a finalidade de estabilizar, pelo período mínimo de 1 ano, normas processuais-eleitorais. Sobre a teleologia (finalidade) e o alcance desse princípio constitucional, esse foi o pronunciamento do STF:
O princípio da anualidade das leis eleitorais é uma proteção outorgada à sociedade contra os casuísmos existentes na esfera política. É, na verdade, uma consequência do princípio da segurança jurídica, fundamental para o exercício dos direitos políticos não se veja embaraçado em face de eventuais circunstâncias do jogo do poder. Pretendeu o constituinte impedir que situações concretas, interesses ocasionais, conduzissem a alterações da legislação eleitoral, maculando a legitimidade das eleições. 
O princípio da anterioridade eleitoral está previsto no art. 16 da Constituição Federal, com o seguinte teor: 
Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua publicação, não se aplicando à eleição que ocorra até um ano da data de sua vigência. (Redação dada pela Emenda Constitucional n. 4, de 1993)
A partir da análise dessa norma constitucional, constata-se que a lei que alterar o processo eleitoral tem vigência imediata, ou seja, não possui vacatio legis. Desse modo, não se aplica às leis que alterarem o processo eleitoral o art. 1º da Lei de Introdução às Normas de Direito Brasileiro (LINDB). 
As leis que tiverem o condão de alterarem o processo eleitoral só serão aplicadas às eleições que ocorrerem após um ano da data de sua publicação. Teremos uma lei vigente, eficaz e apta a produzir efeitos, mas que, por prescrição constitucional, somente será aplicada após um ano após à publicação.
Hipótese didática 
Veja o seguinte exemplo de publicação de uma lei alteradora do processo eleitoral (considere as eleições municipais de 2008): 
• Lei A publicada no dia 4 de outubro de 2007 – sabe-se que, em 2008, as eleições ocorreram em 5 de outubro (1º domingo de outubro). Nessa situação, como a Lei A foi publicada um ano antes da data da eleição, será aplicada a essas eleições; 
• Lei A publicada no dia 5 de outubro de 2007 – embora a lei tenha vigência imediata, nãoserá aplicada às eleições de 2008. A lei que altere o processo eleitoral somente será aplicável às eleições que ocorram até um ano da data de sua publicação, inclusive;
Atenção! O princípio da anterioridade eleitoral é aplicável unicamente às leis que alterem o processo eleitoral. Não confunda. Não são todas as leis eleitorais que sofrem a incidência dessa disposição constitucional.
Indispensável, portanto, entendermos o conceito de processo eleitoral. Esse conceito foi construído, de forma didática, pelo STF no seguinte julgado:
“PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DA ANTERIORIDADE ELEITORAL: SIGNIFICADO DA LOCUÇÃO “PROCESSO ELEITORAL” (CF, ART. 16). – A norma consubstanciada no art. 16 da Constituição da República, que consagra o postulado da anterioridade eleitoral (cujo precípuo destinatário é o Poder Legislativo), vincula-se, em seu sentido teleológico, à finalidade ético- -jurídica de obstar a deformação do processo eleitoral mediante modificações que, casuisticamente introduzidas pelo Parlamento, culminem por romper a necessária igualdade de participação dos que nele atuam como protagonistas relevantes (partidos políticos e candidatos), vulnerando-lhes, com inovações abruptamente estabelecidas, a garantia básica de igual competitividade que deve sempre prevalecer nas disputas eleitorais. Precedentes. O processo eleitoral, que constitui sucessão ordenada de atos e estágios causalmente vinculados entre si, supõe, em função dos objetivos que lhe são inerentes, a sua integral submissão a uma disciplina jurídica que, ao discriminar os momentos que o compõem, indica as fases em que ele se desenvolve: (a) fase pré-eleitoral, que, iniciando-se com a realização das convenções partidárias e a escolha de candidaturas, estende-se até a propaganda eleitoral respectiva; (b) fase eleitoral propriamente dita, que compreende o início, a realização e o encerramento da votação e(c) fase pós-eleitoral, que principia com a apuração e contagem de votos e termina com a diplomação dos candidatos eleitos, bem assim dos seus respectivos suplentes. (ADI n. 3345, DJ de 19.08.2010).
Além disso, essa alteração do processo eleitoral deve ser capaz de provocar, conforme jurisprudência do STF consolidada no julgamento da ADI n. 3.741: 
• rompimento da igualdade de participação dos partidos políticos e dos respectivos candidatos no processo eleitoral; 
• a criação de deformação que afete a normalidade das eleições; 
• a introdução de fator de perturbação do pleito; 
• promoção de alteração motivada por propósito casuístico
Não se submetem à restrição da anterioridade eleitoral: 
• Alteração do número de cadeiras das Câmaras municipais e a emancipação de municípios; 
• Crimes eleitorais; 
• Processo penal eleitoral subsidiário; 
• Resoluções do TSE que regulamentem o CE ou a Lei das Eleições; 
• Assuntos relativos à prestação de contas eleitorais.
Pode uma emenda constitucional excepcionar o princípio da anualidade? Esse princípio somente se aplica às leis? Essa disposição constitucional pode ser aplicável a todas as espécies normativas?
O princípio da anualidade do Direito Eleitoral é dirigido, indistintamente, a todo e qualquer diploma, independentemente de seu status legal. Ou seja, dirige-se tanto à norma infraconstitucional – dês que de caráter federal (art. 22, I, da CF) – como à constitucional. Em outras palavras, toda e qualquer legislação editada deve obediência ao princípio da anterioridade, emanada pela Carta Federal (art. 16 da CF).
Desse modo, o princípio da anterioridade eleitoral constitui restrição ao poder constituinte derivado reformador. Na elaboração das emendas à Constituição, o Legislador de Reforma deve obediência ao princípio constitucional ora em análise. Na elaboração das emendas à Constituição, o Legislador de Reforma deve obediência ao princípio constitucional ora em análise. Esse é o entendimento do STF:
4. Enquanto o art. 150, III, b, da CF encerra garantia individual do contribuinte (ADI 939, rel. Min. Sydney Sanches, DJ 18.03.94), o art. 16 representa garantia individual do cidadão-eleitor, detentor originário do poder exercido pelos representantes eleitos e “a quem assiste o direito de receber, do Estado, o necessário grau de segurança e de certeza jurídicas contra alterações abruptas das regras inerentes à disputa eleitoral” (ADI 3.345, rel. Min. Celso de Mello). 5. Além de o referido princípio conter, em si mesmo, elementos que o caracterizam como uma garantia fundamental oponível até mesmo à atividade do legislador constituinte derivado, nos termos dos arts. 5º, § 2º, e 60, § 4º, IV, a burla ao que contido no art. 16 ainda afronta os direitos individuais da segurança jurídica (CF, art. 5º, caput) e do devido processo legal (CF, art. 5º, LIV). (ADI n. 3.685).
De acordo com essa decisão do STF, além de ficar consignado que as emendas constitucionais que alterem o processo eleitoral devem observar o princípio da anterioridade eleitoral, conclui-se ainda que o princípio da anterioridade é uma cláusula pétrea.
QUESTÃO
(CS-UFG/2015/PROCURADOR/AL-GO) Ao julgar o Recurso Extraordinário Eleitoral n. 633.703, em 23 de março de 2011, o Supremo Tribunal Federal entendeu que a Lei Complementar n. 135/2010 (Lei da Ficha Limpa) não deveria ser aplicada às eleições de 2010 por desrespeitar o art. 16 da Constituição Federal de 1988. Considerando o princípio da anualidade,
 a) A emenda constitucional que altera o processo eleitoral possui aplicação imediata. 
b) A lei que altera o processo eleitoral, assim que publicada, ingressa imediatamente no ordenamento jurídico pátrio, inocorrendo a vacatio legis. 
c) A lei que altera o processo eleitoral entra em vigor um ano após sua publicação, não tendo efeito no período da vacatio legis. 
d) A incidência da anualidade em relação à lei que altere o processo eleitoral dependerá de ponderação no caso concreto, por tratar-se de um princípio.
(COLOCAR A LETRA NA COR PRETA PARA LER A RESPOSTA )
Letra b. 
a) Errada. A emenda constitucional que altera o processo eleitoral possui vigência imediata, mas aplicação somente às eleições que ocorram após um ano da data de sua publicação. Logo, esse item está incorreto. 
b) Errada. As leis que alterem o processo eleitoral possuem vigência imediata. Desse modo, não possuem vacatio legis, motivo pelo qual essa assertiva está correta.
 c) Errada. A lei que altera o processo eleitoral entra em vigor imediatamente e não possuem vacatio legis. Assim, esse item está incorreto. 
d) Errada. A incidência da anualidade em relação à lei que altere o processo eleitoral independe de qualquer análise. Trata-se de uma determinação constitucional. Portanto, essa alternativa está incorreta.
RESUMO
· O Direito Eleitoral cuida do exercício da soberania popular, por meio da qual o povo exerce todo o poder que lhe pertence, de forma direta ou indireta. 
· O Direito Eleitoral cuida do exercício do poder pelo povo e de todos os instrumentos de manifestação de sua vontade.
· Não há, no âmbito do Direito Eleitoral, o tratamento normativo dos partidos políticos, pois entre estes e os direitos políticos existe uma distinção conceitual. O ramo do Direito que trata dos Partidos Políticos é o Direito Partidário. 
· As fontes materiais do Direito Eleitoral constituem-se pelos diversos fatores sociais, éticos, políticos, econômicos, religiosos que condicionam a formação e o surgimento das normas jurídicas.
· As fontes formais do Direito Eleitoral constituem-se em meios pelos quais uma norma jurídica ingressa na ordem jurídica e passa a regular os fatos e, exemplificativamente, podemos citar a Constituição Federal, o Código Eleitoral, a Lei das Eleições, a Lei das Inelegibilidades, as Resoluções do TSE etc. 
· O Tribunal Superior Eleitoral pode editar resoluções para a regulamentação das leis eleitorais. Até o dia 5 de março do ano da eleição, o Tribunal Superior Eleitoral, atendendo ao caráter regulamentar e sem restringir direitos ou estabelecer sanções distintas das previstas em Lei, poderá expedir todas as instruções necessárias para sua fiel execução, ouvidos,previamente, em audiência pública, os delegados ou representantes dos partidos políticos. (Redação dada pela Lei n. 12.034, de 2009). 
· O Tribunal Superior Eleitoral não está autorizado, nem pela Constituição, nem por lei nenhuma, a inovar o ordenamento jurídico, obrigando quem quer que seja a fazer ou a deixar de fazer alguma coisa.
· Compete privativamente à União legislar sobre o Direito Eleitoral. A competência legislativa da União sobre Direito Eleitoral é exercida pelo Congresso Nacional.
· Em regra, a criação de normas eleitorais ocorrerá por meio da edição de lei ordinária. Exige-se a edição de lei complementar para tratar dos seguintes temas de Direito Eleitoral: inelegibilidades infraconstitucionais; da organização e das competências da Justiça Eleitoral.
· Não é possível a edição de medidas provisórias e leis delegadas para tratar de Direito Eleitoral. 
· A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua publicação, não se aplicando à eleição que ocorra até um ano da data de sua vigência (Princípio da anterioridade eleitoral).
· A lei que alterar o processo eleitoral tem vigência imediata. Por consequência, não possui vacatio legis. 
· O princípio da anterioridade eleitoral é aplicável unicamente às leis que alterem o processo eleitoral. O princípio da anterioridade eleitoral constitui restrição ao poder constituinte derivado reformador.
DIREITOS POLÍTICOS
Os direitos políticos constituem uma categoria distinta de direitos fundamentais. Não se confundem, por exemplo, com o direito de criar, organizar e participar de partidos políticos. Com efeito, os direitos políticos são a forma de exercício da soberania popular.
A Constituição Federal, em seu art. 1º, parágrafo único, prescreve que todo poder emana do povo, que o exerce diretamente ou por meio de representantes eleitos. Esse poder do povo é denominado soberania popular.
Com efeito, a soberania popular pode ser exercida de forma direta ou indireta. O povo exerce seu poder diretamente quando, sem intermediação, interfere na formação da vontade política do Estado. Por sua vez, exercerá seu poder indiretamente por meio da escolha de representantes populares. Esses representantes serão responsáveis pela elaboração das leis e atos normativos em nome do povo.
Nos termos do art. 14, caput, da CF, a soberania popular será exercida por meio do sufrágio universal e pelo voto direito e secreto e, nos termos da lei, mediante: plebiscito; referendo; iniciativa popular de leis; ação popular, entre outros instrumentos de exercício direto de poder pelo povo.
Esse conjunto de instrumentos de exercício da soberania popular é denominado direitos políticos. Isso quer dizer que os direitos políticos são os instrumentos de exercício do poder pelo povo. 
Alexandre de Moraes conceitua os direitos políticos da seguinte forma: “É o conjunto de regras que disciplina as formas de atuação da soberania popular, conforme preleciona o caput do art. 14 da Constituição Federal. São direitos públicos subjetivos que investem o indivíduo no status activae civitatis, permitindo-lhe o exercício concreto da liberdade de participação nos negócios políticos do Estado, de maneira a conferir os atributos da cidadania”.
Para José Jairo Gomes, esta é a definição de direitos políticos: “Denominam-se direitos políticos ou cívicos as prerrogativas e os deveres inerentes à cidadania. Englobam o direito de participar direta ou indiretamente do governo, da organização e funcionamento do Estado [...]. É pelos direitos políticos que as pessoas – individual ou coletivamente – intervêm e participam no governo. Tais direitos não são conferidos indistintamente a todos os habitantes do território estatal – isto é, a toda a população –, mas só aos nacionais que preencham determinados requisitos expressos na Constituição – ou seja, ao povo”.
De forma expressa, a Constituição Federal consagra os seguintes direitos políticos:
• Sufrágio universal;
• Voto direto e secreto;
• Referendo;
• Plebiscito;
• Iniciativa popular de leis.
Ressalte-se, entretanto, que o rol de direitos políticos constantes no art. 14 da Constituição Federal não é taxativo, mas meramente exemplificativo. Isso quer dizer que existem outros direitos políticos, além daqueles expressamente consignados na Constituição Federal.
Assim, toda forma de manifestação que permita ao povo a intervenção na formação/modificação das políticas públicas e das leis constituirá direito político. Exemplificando: as manifestações populares, a favor ou contra um determinado tema político-comunitário, constituem manifestação de direito político; a atividade do lobista na defesa de direitos de uma determinada classe ou setor social, por exemplo, constitui exercício de direito político.
A) CLASSIFICAÇÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS 
Os direitos políticos podem ser CLASSIFICADOS em ativos ou passivos:
DIREITOS POLÍTICOS ATIVOS – constituem o direito de votar. Trata-se da hipótese em que o povo manifesta diretamente sua vontade. Somente pode exercer o direito ao voto o cidadão previamente alistado perante a Justiça Eleitoral, já que, segundo entendimento majoritário, o alistamento eleitoral possui caráter constitutivo. Ou seja: antes do alistamento, não há cidadão; após o alistamento, surgem os direitos políticos e o cidadão poderá exercê-los.
DIREITOS POLÍTICOS PASSIVOS – abrangem o direito de ser votado, ou seja, o direito de concorrer a cargos públicos eletivos. Para o exercício dos direitos políticos passivos é necessário o preenchimento de um conjunto de requisitos fixados na Constituição Federal ou em lei, que são denominados condições de elegibilidade.
Atenção! Somente poderá exercer os direitos políticos passivos o cidadão que preencher todas as condições de elegibilidade e não incidir em nenhuma situação de inelegibilidade. Não são todos os cidadãos que podem exercer o direito de ser votado, diferentemente do direito de votar.
Essa primeira classificação não é suficiente para encaixar/classificar uma série de direitos políticos. Por essa razão, com a finalidade de classificar didaticamente todos os direitos políticos, a doutrina construiu outra classificação que divide os direitos políticos em positivos e negativos.
DIREITOS POLÍTICOS POSITIVOS - constituem o conjunto de normas que conferem ao povo a possibilidade de exercer a soberania popular. Toda norma que atribuir ao povo o direito de interferir na formação da vontade política do Estado será denominada direito político positivo. A partir dessa classificação, podem ser classificados como direitos políticos positivos os seguintes instrumentos de exercício da soberania popular:
• 1º - direito de votar; 
• 2º - direito de ser votado; 
• 3º - direito de participar em referendo; 
• 4º - direito de participar em plebiscito;
• 5º - iniciativa popular de leis; 
• 6º - ação popular.
DIREITOS POLÍTICOS NEGATIVOS - constituem um conjunto de normas que restringem o exercício dos direitos políticos. Essas limitações devem ser interpretadas restritivamente. Isso porque normas que restringem os direitos políticos, na verdade, estarão restringindo um direito fundamental, pois, segundo regras de hermenêutica, restrição a direitos fundamentais devem ser interpretadas de forma restritiva.
Além disso, no que se refere à aplicação das restrições à cidadania, deve-se levar em consideração o princípio da tipicidade eleitoral. A partir dessa norma, somente será admitida a limitação de direitos políticos nas hipóteses expressamente previstas na Constituição Federal ou em lei. 
Após essas considerações, podem ser classificadas como direitos políticos negativos: 
• hipóteses de inelegibilidades; 
• hipóteses de perda dos direitos políticos; 
• hipóteses de suspensão dos direitos políticos.
B) DIREITO AO SUFRÁGIO 
Os direitos políticos abrangem o direito ao sufrágio, que se materializa no direito de votar, de participar da organização da vontade estatal e no direito de ser votado.
Desse modo, o direito ao sufrágio abrange: 
• a capacidade eleitoral ativa – direito de votar; 
• a capacidade eleitoralpassiva – direito de ser votado.
Contudo, não se pode confundir voto e sufrágio. Embora haja uma íntima ligação entre esses dois institutos, eles não se confundem. Os três se inserem no processo de participação do povo no governo, expressando: um, o direito (sufrágio), outro, o seu exercício (o voto), e o outro, o modo de exercício (escrutínio).
A Constituição Federal dispõe que o sufrágio é universal. Em um primeiro momento, pode-se pensar que todas as pessoas são titulares de direitos políticos, dada a menção à característica da universalidade. Não obstante, somente são titulares do direito ao sufrágio as pessoas que preencherem os requisitos constitucionais para a aquisição dos direitos políticos. Essas pessoas são denominadas cidadãos.
Deve-se distinguir o cidadão da pessoa: 
• Cidadão – titular de direitos políticos. Para a Constituição, só poderá ser considerado cidadão a pessoa que for brasileira e maior de dezesseis anos, desde que alistado perante a Justiça Eleitoral; 
• Pessoa – titular de direitos. Para o Código Civil, todos os que nasceram com vida são pessoas e titulares de direitos e obrigações na ordem civil.
	SUFRÁGIO UNIVERSAL
	Quando assegurado o direito de votar a todos os nacionais, independentemente da exigência de quaisquer requisitos, tais como condições culturais ou econômicas etc.
	SUFRÁGIO RESTRITO
	Quando o direito de votar for concedido tão somente àqueles que cumprirem determinadas condições fixadas pelas leis do Estado. O sufrágio restrito, por sua vez, poderá ser censitário ou capacitário.
	Sufrágio Censitário
É aquele que somente outorga o direito voto àqueles que preencherem certas qualificações econômicas. Seria o caso, por exemplo, de não se permitir o direito de voto àqueles que auferissem renda mensal inferior a um salário mínimo.
	SUFRÁGIO CAPACITÁRIO
É aquele que só outorga o direito de voto aos indivíduos dotados de certas características especiais, notadamente de natureza intelectual. Seria o caso, por exemplo, de se exigir para o direito ao voto a apresentação de diploma de conclusão do curso fundamental, ou médio ou superior
C) DIREITO AO VOTO 
O direito ao voto é classificado como direito político ativo. Todo cidadão que possuir a capacidade eleitoral ativa terá direito de exercer o voto.
Conceito: cuida-se do ato pelo qual os cidadãos escolhem os ocupantes de cargos político-eletivos. Por ele, concretiza-se o processo de manifestação da vontade popular. Embora expresse um direito público subjetivo, o voto é também um dever cívico e, por isso, obrigatório para os maiores de 18 anos e menores de 70 anos.
Natureza jurídica: é essencialmente um direito público subjetivo, é uma função da soberania popular na democracia representativa e na democracia mista como um instrumento deste, e tal função social justifica e legitima a sua imposição como um dever, posto que o cidadão tem o dever de manifestar sua vontade na democracia.
Trata-se de um direito/dever em que os cidadãos escolherão os ocupantes de cargos representativos
Características:
· PESSOALIDADE: o voto só pode ser exercido pessoalmente. O eleitor não pode outorgar procuração para que outrem exerça o voto em seu lugar. A pessoalidade é essencial para a garantia da sinceridade e da autenticidade do voto; 
· OBRIGATORIEDADE DE COMPARECIMENTO: aos maiores de 18 anos e menores de 70 anos, desde que alfabetizados, é obrigatório o comparecimento às eleições. Aquele que se encaixar nessa prescrição constitucional deverá necessariamente comparecer às urnas sob pena de estar sujeito a uma série de restrições legais e multa (especificamente sobre essa característica, há uma divergência se há uma obrigatoriedade para o voto ou uma obrigatoriedade de comparecimento às urnas).
· LIBERDADE: trata-se da possibilidade de o cidadão escolher com liberdade seus candidatos e partidos políticos. Além disso, a liberdade de voto inclui o direito de se votar em branco ou em anular o voto. Portanto, “embora haja o dever de votar, todos são livres para escolher ou não um candidato e até anular o voto” (José Jairo Gomes); 
· SECRETO: o voto é sigiloso e o seu conteúdo não pode ser revelado pelos órgãos da Justiça Eleitoral. Essa característica tem a finalidade de garantir a lisura e a probidade das eleições, evitando que o eleitor tenha sua vontade corrompida pelo abuso do poder econômico ou político;
· DIRETO: o eleitor, sem intermediários, escolhe seus governantes e representantes;
· PERIODICIDADE: os mandatos são temporários e, de forma periódica, o eleitor é chamado a escolher seus governantes e representantes por meio do voto. Aliás, a periodicidade do voto é uma cláusula pétrea;
· IGUALDADE: o voto de todos os cidadãos tem o mesmo valor, independentemente de qualquer circunstância. Nesse tema, aplica-se o princípio da igualdade formal: one man, one vote.
D) PLEBISCITO E REFERENDO 
Entre as formas de exercício da soberania popular, tem-se o referendo e o plebiscito. Esses dois instrumentos viabilizam o exercício da soberania popular de forma direta. O povo é chamado por meio de uma consulta popular a se manifestar sobre um determinado tema político-comunitário.
PLEBISCITO: é convocado com anterioridade a ato legislativo ou administrativo, cabendo ao povo, pelo voto, aprovar ou denegar o que lhe tenha sido submetido.
REFERENDO: é convocado com posterioridade a ato legislativo ou administrativo, cumprindo ao povo a respectiva ratificação ou rejeição.
A distinção entre os institutos é feita levando-se em conta o momento da manifestação dos cidadãos: se a consulta à população é prévia, temos o plebiscito; se a consulta à população sobre determinada matéria é posterior à edição de um ato governamental, temos o referendo.
Sobre o plebiscito e o referendo, veja as seguintes prescrições contidas na Lei n. 9.709/1998:
Art. 1o A soberania popular é exercida por sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, nos termos desta Lei e das normas constitucionais pertinentes, mediante:
I – plebiscito;
II – referendo;
III – iniciativa popular.
Art. 2o Plebiscito e referendo são consultas formuladas ao povo para que delibere sobre matéria de acentuada relevância, de natureza constitucional, legislativa ou administrativa.
§ 1o O plebiscito é convocado com anterioridade a ato legislativo ou administrativo, cabendo ao povo, pelo voto, aprovar ou denegar o que lhe tenha sido submetido.
§ 2o O referendo é convocado com posterioridade a ato legislativo ou administrativo, cumprindo ao povo a respectiva ratificação ou rejeição.
Art. 3o Nas questões de relevância nacional, de competência do Poder Legislativo ou do Poder Executivo, e no caso do § 3o do art. 18 da Constituição Federal, o plebiscito e o referendo são convocados mediante decreto legislativo, por proposta de um terço, no mínimo, dos membros que compõem qualquer das Casas do Congresso Nacional, de conformidade com esta Lei.
[...]
Art. 8º Aprovado o ato convocatório, o Presidente do Congresso Nacional dará ciência à Justiça Eleitoral, a quem incumbirá, nos limites de sua circunscrição:
I – fixar a data da consulta popular;
II – tornar pública a cédula respectiva;
III – expedir instruções para a realização do plebiscito ou referendo;
IV – assegurar a gratuidade nos meio de comunicação de massa concessionários de serviço público, aos partidos políticos e às frentes suprapartidárias organizadas pela sociedade civil em torno da matéria em questão, para a divulgação de seus postulados referentes ao tema sob consulta.
Art. 9o Convocado o plebiscito, o projeto legislativo ou medida administrativa não efetivada, cujas matérias constituam objeto da consulta popular, terá sustada sua tramitação, até que o resultado das urnas seja proclamado.
Art. 10. O plebiscito ou referendo, convocado nos termos da presente Lei, será considerado aprovado ou rejeitado por maioria simples, de acordo com o resultado homologado pelo Tribunal Superior Eleitoral.
E) ALISTAMENTO ELEITORAL 
O alistamento eleitoral é o ato pelo qual a pessoa se torna um cidadão. 
CONCEITO: trata-sede procedimento administrativo desenvolvido perante a Justiça Eleitoral que tem a finalidade de aferir o preenchimento dos requisitos de alistabilidade. 
com o alistamento, adquire-se apenas a capacidade eleitoral ativa, o jus sufragii; a passiva ou a elegibilidade depende de outros fatores.
REQUISITOS: o art. 14, §1º da CF enumera os requisitos necessários para o alistamento eleitoral.
· NACIONALIDADE BRASILEIRA: basta ter a nacionalidade brasileira para que a pessoa possa alistar-se. No que se refere aos requisitos para a prática desse ato, não há distinção entre brasileiro nato e naturalizado;
· IDADE MÍNIMA DE 16 ANOS.
Atenção! Aos portugueses com residência permanente no País, se houver reciprocidade em favor de brasileiros, nos termos do art. 12, § 1º, da Constituição Federal, serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos na Constituição. Isso quer dizer que os portugueses podem se alistar no Brasil, desde que haja o preenchimento desses dois requisitos: residência permanente no Brasil e reciprocidade. Assim, preenchidos os requisitos, o português é o único estrangeiro que poderá se tornar um cidadão brasileiro.
ESPÉCIES: obrigatório, facultativo e vedado.
· ALISTAMENTO OBRIGATÓRIO: o alistamento será obrigatório, assim como o voto, para aqueles brasileiros entre 18 a 70 anos e alfabetizados.
· ALISTAMENTO FACULTATIVO: para o maior de 16 anos e menor de 18 anos; maior de 70 anos; e o analfabeto.
· ALISTAMENTO VEDADO: a CF/88 proíbe o alistamento eleitoral para o conscrito (durante o período de serviço militar obrigatório) e o estrangeiro.
PERGUNTA
Qual a razão de o voto e o alistamento serem facultativos aos maiores de 70 anos? Para a Gilmar Mendes e Paulo Gustavo Gonet Branco: [...] o legislador constitucional, ao facultar o voto aos maiores de 70 anos, atentou, certamente, para as prováveis limitações físicas decorrentes da sua idade, de modo a não transformar o exercício do voto em transtorno ao seu bem-estar. 
Ante o exposto, o alistamento eleitoral seria facultativo ou obrigatório para as pessoas com necessidades especiais (PNEs)? O TSE regulamentou a matéria na edição da Resolução-TSE n. 21.920/2004, dispôs que o alistamento e o voto são obrigatórios para as pessoas com deficiência. Entretanto, as pessoas com deficiência para quem o exercício das obrigações eleitorais seja excessivamente oneroso não estarão sujeitas às sanções decorrentes de não o praticarem. Ou seja, para esta última classe de pessoas, o alistamento e o voto serão facultativos.
F) ELEGIBILIDADE
O direito à elegibilidade confere ao cidadão a possibilidade de concorrer a cargos públicos eletivos. Pode ser classificado como direito político passivo e decorre da capacidade eleitoral passiva.
Somente poderá exercer o direito à elegibilidade o cidadão que preencher as condições de elegibilidade. Essas condições estão estabelecidas no art. 14, § 3º, da Constituição Federal, nos seguintes termos:
Art. 14. § 3º São condições de elegibilidade, na forma da lei:
I - a nacionalidade brasileira;
II - o pleno exercício dos direitos políticos;
III - o alistamento eleitoral;
IV - o domicílio eleitoral na circunscrição;
V - a filiação partidária;            
VI - a idade mínima de:
a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da República e Senador;
b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal;
c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz;
d) dezoito anos para Vereador.
Ressalte-se que essa norma constitucional pode ser classificada como norma de eficácia contida. Isso quer dizer que, desde a promulgação da Constituição, todo cidadão que quisesse concorrer a cargos públicos eletivos deveria preencher os requisitos constitucionais inscritos no art. 14, § 3º. Entretanto, é possível que o legislador ordinário institua novos critérios para o exercício do direito político passivo.
Não se pode confundir as condições de elegibilidade com as inelegibilidades.
INELEGIBILIDADES são impedimentos que, se não afastados por quem preencha os pressupostos de elegibilidade, lhe obstam concorrer a eleições, ou – se supervenientes ao registro ou se de natureza constitucional – servem de fundamento à impugnação de sua diplomação, se eleito.
ELEGIBILIDADE: são requisitos que se devem preencher para que se possa concorrer a eleições. Assim, estar no gozo de direitos políticos, ser alistado como eleitor, estar filiado a partido político, ter sido escolhido como candidato do Partido a que se acha filiado, haver sido registro, pela Justiça Eleitoral, como candidato por esse partido.
SÃO CONDIÇÕES DE ELEGIBILIDADE CONSTITUCIONAIS:
I. NACIONALIDADE BRASILEIRA
A CF não permite que todos os residentes no Brasil possam ser candidatos, preservando assim os interesses nacionais. Aos brasileiros natos, a elegibilidade é plena para todos os cargos, de modo que o impedimento para os naturalizados ocorre nas seguintes hipóteses: 
- eleições para presidente e vice-presidente; 
- quando houver a perda da nacionalidade adquirida (brasileiro naturalizado), seja por cancelamento via sentença judicial em que não caiba mais recurso, seja por ter o cidadão adquirido outra nacionalidade, excetuados os casos previstos na própria Carta Magna (CF/1988, art. 12, § 4º, I e II).
II. ALISTAMENTO ELEITORAL 
Somente o cidadão previamente inscrito no Cadastro Eleitoral poderá concorrer a cargos eletivos. Em outras palavras, só o cidadão, se preencher os demais requisitos, poderá participar de eleições.
III. PLENITUDE DO GOZO DOS DIREITO POLÍTICOS 
O cidadão não pode incidir em nenhuma das hipóteses de perda ou de suspensão dos direitos políticos.
Atenção! As inelegibilidades não afetam a plenitude do exercício dos direitos políticos. Somente as hipóteses de perda ou suspensão retiram o pleno gozo dos direitos políticos. As inelegibilidades constituem restrição somente para o exercício do direito à elegibilidade. O cidadão inelegível poderá exercer os demais direitos políticos.
Pode-se afirmar que “há pleno exercício dos direitos políticos quando o cidadão pode exercer o conjunto dos direitos a ele conferidos, tais como exercício do voto (capacidade eleitoral ativa), de concorrer a cargos eletivos (capacidade eleitoral passiva), de participar de partidos políticos, de utilizar instrumentos constitucionais e legais, de ter efetiva participação e influência nas atividades de governo”.
As hipóteses que afastam a plenitude do exercício dos direitos políticos estão estabelecidas no art. 15 da Constituição Federal. Esta é a redação do referido artigo: 
Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de: 
I – cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado;
 II – incapacidade civil absoluta;
 III – condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos; 
IV – recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII;
 V – improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º.
IV. DOMICÍLIO ELEITORAL
O cidadão somente pode concorrer a cargos eletivos da circunscrição de seu domicílio eleitoral. O domicílio eleitoral demarca o local da candidatura e do exercício dos direitos políticos do cidadão.
 Mas, o que é domicílio eleitoral? O conceito legal está descrito no art. 42, parágrafo único, do Código Eleitoral.
Art. 42. O alistamento se faz mediante a qualificação e inscrição do eleitor. 
Parágrafo único. Para o efeito da inscrição, é domicílio eleitoral o lugar de residência ou moradia do requerente, e, verificado ter o alistando mais de uma, considerar-se-á domicílio qualquer delas.
Entretanto, em razão da dinamicidade inerente ao direito eleitoral, além desse conceito legal, o alcance do conceito de domicílio eleitoral foi alargado pela jurisprudência do TSE: [...] O conceito de domicílio eleitoral não se confunde com o de domicílio do direito comum, regido pelo Direito Civil. Mais flexível e elástico, identifica-secom a residência e o lugar onde o interessado tem vínculos políticos e sociais. II – Não se pode negar tais vínculos políticos, sociais e afetivos do candidato com o município no qual, nas eleições imediatamente anteriores, teve ele mais da metade dos votos para o posto pelo qual disputava.
Para participar das eleições, o cidadão deverá, de acordo com as modificações promovidas pela Lei n. 13.488/2017, ter domicílio eleitoral na circunscrição do cargo pelo prazo de, pelo menos, seis meses antes da data das eleições.
V. FILIAÇÃO PARTIDÁRIA
Para concorrer a cargo eletivo, o eleitor deverá estar filiado a um partido político. Em razão dessa disposição constitucional, não existe candidatura avulsa, em nenhuma circunstância. 
Em regra, para concorrer a cargos eletivos, o cidadão deve estar filiado ao respectivo partido político pelo prazo mínimo de seis meses antes da data das eleições. Trata-se de importante novidade legislativa trazida pela Lei n. 13.165/2015: a alteração do prazo de filiação partidária para participar das eleições de 1 ano para apenas 6 meses antes do pleito eleitoral.
 A esse respeito, veja a previsão contida no art. 9º da Lei n. 9.504/1997:
Art. 9º Para concorrer às eleições, o candidato deverá possuir domicílio eleitoral na respectiva circunscrição pelo prazo de seis meses e estar com a filiação deferida pelo partido no mesmo prazo. (Redação dada pela Lei n. 13.488, de 2017) 
Parágrafo único. Havendo fusão ou incorporação de partidos após o prazo estipulado no caput, será considerada, para efeito de filiação partidária, a data de filiação do candidato ao partido de origem.
Aliás, ressalte-se que, se o partido ao qual o cidadão é filiado participar de fusão ou incorporação, o prazo de filiação para fins de exercício do direito à elegibilidade será contado da data da filiação ao partido originário, e não àquele resultante do processo de união partidária.
VI. IDADE MÍNIMA
A idade mínima constitucional está relacionada à preocupação em se exigir maior grau de consciência, experiência e maturidade dos candidatos de acordo com a importância e a complexidade das funções inerentes ao cargo. São essas as idades mínimas estabelecidas pela Constituição: 
• 35 anos para Presidente e Vice-Presidente da República e Senador; 
• 31 para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal;
• 21 anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz;
• 18 anos para Vereador.
Essa condição de elegibilidade, nos moldes do § 2º do art. 11 da Lei n. 9.504/1997, é verificada tendo por base a data da posse e não a data do registro de candidatura.
Entretanto, especificamente sobre a idade mínima de 18 anos exigida para que o cidadão possa concorrer ao cargo de vereador, dispõe a Lei n. 9.504/1997 (após a reforma eleitoral de 2015), que o momento de sua comprovação deve ser a data do pedido de registro de candidatura:
Art. 11, § 2º A idade mínima constitucionalmente estabelecida como condição de elegibilidade é verificada tendo por referência a data da posse, salvo quando fixada em dezoito anos, hipótese em que será aferida na data-limite para o pedido de registro.
CONDIÇÕES DE ELEGIBILIDADE INFRACONSTITUCIONAIS:
Além dos requisitos constitucionais para o exercício do direito à elegibilidade, existem condições que foram impostas pelo legislador infraconstitucional, as quais podem receber as seguintes denominações: condições de elegibilidade infra- constitucionais; ou condições de elegibilidade impróprias.
I. INDICAÇÃO EM CONVENÇÃO PARTIDÁRIA 
O cidadão que deseja candidatar-se precisa ter seu nome escolhido pela convenção do partido ao qual esteja filiado para concorrer a determinado cargo eletivo. Dessa forma dispõe o art. 8º da Lei n. 9.504/1997:
Art. 8º A escolha dos candidatos pelos partidos e a deliberação sobre coligações deverão ser feitas no período de 20 de julho a 5 de agosto do ano em que se realizarem as eleições, lavrando-se a respectiva ata em livro aberto, rubricado pela Justiça Eleitoral, publicada em vinte e quatro horas em qualquer meio de comunicação.
Para concorrer a um cargo eletivo, não basta que o cidadão seja filiado a um partido político. Exige-se que, além da filiação partidária, o filiado seja escolhido por sua agremiação partidária como candidato e que haja a indicação para qual cargo irá concorrer.
II. QUITAÇÃO ELEITORAL (art. 11, inciso VI, da Lei das Eleições)
O conceito de quitação eleitoral abrange, além da plenitude do gozo dos direitos políticos, a regularidade do exercício do voto, salvo quando facultativo, o atendimento a eventuais convocações da Justiça Eleitoral, inexistência da multas aplicadas por esta Justiça Especializada e a apresentação das contas de campanha, caso se trate de candidatos (Resolução TSE n. 21.823).
No que concerne às multas aplicadas pela Justiça Eleitoral, serão considerados quites os candidatos que, até a formalização do pedido de registro de candidatura, tenham comprovado o parcelamento da dívida regularmente cumprido.
Quanto ao conceito de quitação eleitoral, atente-se para o novo conceito introduzido pela Lei n. 12.034/2009, que alterou o art. 11, § 7º, da Lei n. 9.504/1997. Antes da Lei n. 12.034/2009, somente estaria quite com a Justiça Eleitoral o candidato que tivesse as suas contas aprovadas. Após a Lei n. 12.034/2009, basta o candidato apresentar as contas de campanha. Veja a nova redação do dispositivo:
Art. 11. § 7º A certidão de quitação eleitoral abrangerá exclusivamente a plenitude do gozo dos direitos políticos, o regular exercício do voto, o atendimento a convocações da Justiça Eleitoral para auxiliar os trabalhos relativos ao pleito, a inexistência de multas aplicadas, em caráter definitivo, pela Justiça Eleitoral e não remitidas, e a apresentação de contas de campanha eleitoral. (Incluído pela Lei n. 12.034, de 2009)
Atenção! Para fins de quitação eleitoral, basta que o cidadão tenha apresentado as contas de campanha relacionadas às eleições passadas. Não é exigível a aprovação dessas contas. 
Desse modo, ainda que o candidato tenha tido as suas contas rejeitadas, estará quite com a Justiça Eleitoral. De acordo com o TSE, em sessão realizada no dia 28/6/2012, a não aprovação de contas de campanha não impede a emissão da certidão de quitação eleitoral e o registro de candidaturas às eleições. 
Aliás, a esse respeito, o Tribunal Superior Eleitoral editou uma súmula sobre a quitação eleitoral daquele que não prestou contas, com o seguinte teor:
Súmula n. 57 A apresentação das contas de campanha é suficiente para a obtenção da quitação eleitoral, nos termos da nova redação conferida ao art. 11, § 7º, da Lei n. 9.504/1997, pela Lei n. 12.034/2009.
Súmula n. 42 A decisão que julga não prestadas as contas de campanha impede o candidato de obter a certidão de quitação eleitoral durante o curso do mandato ao qual concorreu, persistindo esses efeitos, após esse período, até a efetiva apresentação das contas.
MOMENTO DE COMPROVAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE ELEGIBILDIADE
As condições de elegibilidade deverão ser demonstradas no momento do pedido de registro de candidatura junto à Justiça Eleitoral. 
São exceções a essa regra: idade mínima deve ser comprovada tendo por parâmetro a data da posse do cargo eletivo pretendido (salvo para vereador – será data-limite do registro); o domicílio eleitoral e a filiação partidária são verificadas baseando-se na data da eleição.
Se na data da formalização do pedido de registro de candidatura, o cidadão for inelegível e, após esse período, ocorrer alguma circunstância fática e jurídica apta a afastar a inelegibilidade, será cabível o deferimento de seu pedido de registro de candidatura, nos termos do art. 11, § 10 da Lei n. 9504/1997:
Art. 11, § 10 As condições de elegibilidade e as causas de inelegibilidade devem ser aferidas no momento da formalização do pedido de registro da candidatura, ressalvadas as alterações, fáticas ou jurídicas, supervenientes ao registro que afastem a inelegibilidade. (Incluído pela Lei n. 12.034, de 2009)
Súmula n.43. As alterações fáticas ou jurídicas supervenientes ao registro que beneficiem o candidato, nos termos da parte final do art. 11, § 10, da Lei n. 9.504/1997, também devem ser admitidas para as condições de elegibilidade.
Ademais, desde as eleições de 2014, o Tribunal Superior Eleitoral passou a entender que alterações fáticas e supervenientes que atraíssem a incidência de circunstâncias de inelegibilidade também devem ser avaliadas (nas instâncias ordinárias) e poderá gerar o indeferimento do registro de candidatura. Ou seja, se ao tempo do pedido de registro de candidatura o candidato era elegível, mas surgiu uma hipótese geradora de sua inelegibilidade (como, por exemplo, uma condenação por corrupção eleitoral proferida por órgão colegiado), o requerimento de registro de candidatura deverá ser indeferido.
A esse respeito, veja o seguinte julgado proferido pelo Tribunal Superior Eleitoral:
ELEIÇÕES 2016. AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL ELEITORAL. REGISTRO DE CANDIDATURA. PREFEITO ELEITO. DEFERIDO. INELEGIBILIDADE SUPERVENIENTE. ART. 1º, I, L, DA LC N. 64/1990. CONHECIMENTO PELAS INSTANCIAS ORDINÁRIAS. POSSIBILIDADE. CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA. NECESSIDADE. 2. Ante a possibilidade de conhecimento da inelegibilidade superveniente enquanto os autos do registro ainda tramitam nas instâncias ordinárias, provido o recurso especial, com comando de retorno dos autos a origem para que, oportunizado o contraditório ao candidato, o Tribunal a quo decida acerca do disposto no art. 1º, I, I, da LC n. 64/1990. Da inviabilidade do agravo regimental 1. As inelegibilidades supervenientes ao requerimento de registro de candidatura podem ser objeto de análise pelas instâncias ordinárias no próprio processo de registro de candidatura. Precedentes. 2. Noticiada nova condenação por improbidade antes do julgamento do agravo regimental pelo TRE/MG, é dizer, antes de exauridas as instâncias ordinárias, ausente óbice ao exame do jus honorum a luz do fato superveniente, respeitadas as garantias do devido processo legal. Agravo regimental conhecido e não provido. (AgR-REspe no 135-68/MG, Rel. Mm. Rosa Weber, DJe de 18.5.2017).
ELEGIBILIDADE DO MILITAR
O militar alistável é elegível. Isso quer dizer que a única espécie de militar que não pode candidatar-se a cargos eletivos é o conscrito. Todos os demais militares, não importa a força ou a patente, são elegíveis. 
Entretanto, a elegibilidade dos militares depende do atendimento dos seguintes requisitos, inscritos no art. 14, § 8º:
Art. 14, § 8º O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes condições: 
I – se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se da atividade; 
II – se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela autoridade superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade.
Há uma restrição constitucional para que o militar possa filiar-se a partidos políticos, estatuída no art. 142, § 3º, inciso V, e no art. 42. 
Surge uma dúvida: a filiação partidária é uma das condições de elegibilidade e não existe candidatura avulsa. Como o militar poderá concorrer a cargos eletivos se não pode filiar-se a partidos políticos? Essa pergunta foi respondida pelo TSE nos seguintes termos:
Militar da ativa (subtenente), com mais de dez anos de serviço. Sendo alistável e elegível, mas não filiável, basta-lhe, nessa condição excepcional, como suprimento da prévia filiação partidária, o pedido do registro da candidatura, apresentado pelo partido e autorizado pelo candidato. Só a partir do registro da candidatura e até a diplomação ou o regresso à Força Armada, manter-se-á o candidato na condição de agregado (CF, art. 14, parágrafos 3º, V, e 8, II e art. 42, parag. 6º; CE, art. 5º, parágrafo único e Lei n. 6.880/80, art. 82, XIV e parag. 4º). (Acórdão n. 11.314).
G) RESTRIÇÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS
Os direitos políticos possuem natureza jurídica de direitos fundamentais. Isso quer dizer que somente se admite restrição de direitos políticos nas hipóteses previstas na própria Constituição ou nas espécies normativas permitidas no texto constitucional, vedada a aplicação de analogia ou de interpretação extensiva nessa matéria.
Os direitos políticos podem ser restringidos por meio de 4 tipos de institutos: 
• Cassação de direitos políticos (vedado no nosso ordenamento jurídico)
• Perda dos direitos políticos; 
• Suspensão de direitos políticos; 
• Inelegibilidades.
CF/88. Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de:
 I – cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado;
 II – incapacidade civil absoluta; 
III – condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos; 
IV – recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII; 
V – improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º.
· PERDA DOS DIREITOS POLÍTICOS 
A perda dos direitos políticos é uma hipótese de restrição definitiva dos direitos políticos. Segundo José Jairo Gomes, “perder é deixar de ter, possuir, deter ou gozar algo; é ficar privado. A ideia de perda liga-se à definitividade; a perda é sempre permanente, embora se possa recuperar o que se perdeu”.
São hipóteses de perda de direitos políticos, segundo a doutrina:
(i) CANCELAMENTO DA NATURALIZAÇÃO POR SENTENÇA TRANSITADA EM JULGADO: essa é uma hipótese lógica de perda dos direitos políticos. Isso porque a nacionalidade é pressuposto da cidadania brasileira. Em razão da perda da nacionalidade brasileira, perde-se a condição necessária para a manutenção da cidadania brasileira. Esse fato acarreta a perda dos direitos políticos;
(ii) PERDA DA NACIONALIDADE BRASILEIRA POR AQUISIÇÃO DE OUTRA NACIONALIDADE: determina o art. 12, § 4º, II da CF que será declarada a perda da nacionalidade brasileira administrativamente, quando a pessoa adquirir outra nacionalidade por naturalização voluntária. Como consequência desta alteração em sua condição jurídica, tornando-se estrangeiro, por óbvio não mais terá direitos políticos no Brasil.
(iii) RECUSA DE CUMPRIR OBRIGAÇÃO A TODOS IMPOSTA OU PRESTAÇÃO ALTERNATIVA, NOS TERMOS DO ART. 5º, VIII: Esse artigo confere o direito de escusa de consciência (ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei). O exercício da escusa de consciência não pode gerar por si só a restrição de direitos políticos, é necessário o preenchimento de dois requisitos: recusa do cumprimento da obrigação legal a todos imposta + recusa à prestação alternativa fixada em lei.
Existe um dissenso doutrinário sobre se a escusa de consciência seria caso de suspensão ou perda dos direitos políticos. Alexandre de Moraes, José Afonso da Silva, Manoel Gonçalves Ferreira Filho e Celso Ribeiro Bastos entendem que é caso de privação definitiva (perda) dos direitos políticos. Já Sylvio Motta, William Douglas, Joel José Cândido, Marcos Ramayana, Francisco Dirceu de Barros, Thales Tácito Cerqueira e Camila Albuquerque Cerqueira classificam a hipótese como de suspensão dos direitos políticos. (Roberto Moreira de Almeida).
Em concursos públicos, há também um dissenso sobre a classificação dessa hipótese como de suspensão ou perda dos direitos políticos. Segundo o Cespe, a recusa do cumprimento de obrigação legal a todos imposta constitui hipótese de perda dos direitos políticos. 
Por sua vez, a Fundação Carlos Chagas considera que a recusa do cumprimento da obrigação legal a todos imposta como situação geradora de suspensão de direitos políticos. 
Por fim, para o TSE, essa situação configura hipótese de suspensão de direitos políticos. Dessa forma, sugiro que você, em questões de Direito Eleitoral, marque a alternativa que esteja de acordo com essa posição do TSE. 
(FCC/TJ-RR/JUIZ SUBSTITUTO/2008) A recusa de cumprimento de obrigação a todos imposta ou prestação alternativa acarreta a suspensão

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