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Artigo científico - Contratos Agrários

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CONTRATOS AGRÁRIOS
Tainara Sandielli Lopes Vanso Marcondes
RESUMO
A Constituição Federal consagra o direito agrário como ramo especial no ordenamento jurídico brasileiro, requisito fundamental para o estudo sistematizado e especializado da matéria. Porém, contraditoriamente, a reforma do ensino universitário relegou o direito agrário à disciplina meramente optativa nos currículos mínimos dos cursos jurídicos. O direito agrarista brasileiro pode ser considerado um ramo da ciência jurídica que tem autonomia própria, regulando as relações jurídicas do homem com a terra, em que destacamos algumas peculiaridades básicas que denotam a sua importância no cenário jurídico, social e econômico do país. A análise do Direito agrário, e de seus contratos típicos e atípicos, se faz no contexto atual de grande importância, pois embora as normas do Estatuto da Terra e o regulamento decorram da década de 60, são na verdade regras que transparecem grande avanço, em prol de que a propriedade atinja a sua função social, originando uma perfeita relação do homem com a terra, e por efeito em relação à própria comunidade, para a racionalização e adequação qualitativa e quantitativa da utilização da propriedade rural. 
Palavras-chaves: Direito agrário. Princípios. Contratos agrários.
ABSTRACT
The Federal Constitution establishes agrarian law as a special branch in the Brazilian legal system, a fundamental requirement for the systematic and specialized study of the subject. However, contradictorily, the reform of university education relegated agrarian law to purely elective discipline in the minimum curricula of legal courses. Brazilian agrarian law can be considered a branch of legal science that has its own autonomy, regulating the legal relations of man with the land, in which we highlight some basic peculiarities that denote its importance in the legal, social and economic scenario of the country. The analysis of agrarian law, and its typical and atypical contracts, is done in the current context of great importance, for although the norms of the Land Statute and the regulation stem from the 60s, they are in fact rules that show great progress, in For the property to reach its social function, leading to a perfect relationship between man and the land, and for effect in relation to the community itself, for the rationalization and qualitative and quantitative adequacy of the use of rural property.
Keywords: Agrarian law. Principles. Agrarian contracts.
INTRODUÇÃO
O Brasil é um país sobremodo agrícola e sendo que a atividade econômica desenvolvida no campo uma carga de responsabilidade social, que justifica a distinção feita pelo constituinte no tratamento jurídico do Direito agrário. 
O grande marco legal agrário brasileiro é a Lei 601, de 18.09.1850, denominada Lei de Terras, que dá início ao regime da propriedade rural, buscando separar domínio público de privado e trazendo o conceito de terras devolutas, além de incentivar a colonização do país com a criação de um fundo para financiar a vinda de estrangeiros para o Brasil.
A Lei de Terras de 1850 é um marco jurídico de fundamental importância e, mais do que isso, um divisor de águas na história territorial brasileira. 
A depender da quantidade e intensidade de trabalho aplicado sobre o meio natural, há um maior ou menor direito de apropriação individual sobre os bens comuns. Embora os bens de uso comum do povo, como a água limpa e potável, o ar puro, a fertilidade dos solos, as florestas e suas funções ecossistêmicas de regulação hídrica ou captura de carbono pela fotossíntese, assim como a polinização das abelhas e outros insetos, sempre tiveram seu valor em si, assim como um valor de uso para satisfação das necessidades humanas em geral e do próprio planeta; tais bens e funções produzidas pela natureza (e não pelo trabalho) nunca incorporaram um valor de troca direto expresso em dinheiro ou outra medida de equivalência (remuneração através de bens de consumo, serviços etc.), como outros recursos naturais já considerados matéria prima do processo produtivo pela transformação do trabalho social, como a madeira, o ferro, as fibras, a biomassa para produção de combustível etc.
A atividade agrária pode ser exercida em área da própria pessoa do campo ou em área de outrem, como proprietário, posseiro, arrendatário, parceiros etc.; porém, em todos os casos deve-se observar os princípios fundamentais do direito agrário, incluindo-se aí a conservação dos recursos naturais. 
No exercício da atividade agrária por meio de contratos agrários, independente de seu formato, devem constar de forma obrigatória cláusulas que venham assegurar a conservação dos recursos naturais. Ressalte-se que os prazos mínimos, nos contratos agrários, também trazem em seu conteúdo a conservação dos recursos naturais. 
Tem efetivamente o Direito agrário através de seus princípios assegurar a conservação dos recursos naturais, uma vez que é um dever ao Estado e da população de proteger e preservá-los para as gerações futuras?
Em anos recentes surgiu a demanda pelo tratamento equitativo e coletivo para problemas que se expressam de forma equitativa e coletiva, o que inclui também o dever estatal de prestação da jurisdição de forma igualitária e abrangente, com o fim de tutelar, situações jurídicas que, por sua peculiaridade, dependam dessas características para que possam ser validamente tratadas e tuteladas.
A metodologia utilizada é de cunho bibliográfico, com procedimentos relacionados aos instrumentos científicos da pesquisa.
1 DIREITO AGRÁRIO
Depois de várias tentativas frustradas de se aprovar uma Lei ou Código de Direito Agrário no Brasil, finalmente, por força da Emenda Constitucional 10, de 09 de dezembro de 1964, modificando a Constituição de 1946, e determinando a competência da União para legislar sobre direito agrário, tornou-se possível a aprovação da Lei 4.504, de 30 de novembro de 1964, instituindo no Brasil o Estatuto da Terra, no diploma agrário do país. 
O Estatuto da Terra é o marco zero do Direito Agrário no Brasil, exatamente porque deu tratamento orgânico e sistemático à matéria, tal qual um código, estabelecendo princípios e diretrizes gerais voltados ao relacionamento e à conduta humana, tendo em vista a terra como fator de produção econômica e ao mesmo tempo como conjunto de recursos naturais merecedores de proteção ambiental. 
O Estatuto da Terra é editado com 128 artigos, tratando de diversos temas, dentre eles, como tópicos principais: reforma agrária, terras públicas e particulares, distribuição de terras, financiamento da reforma agrária, sua execução e administração, zoneamento, cadastros, política de desenvolvimento rural, tributação da terra, rendimento da exploração, colonização, assistência e proteção à economia rural, mecanização agrícola, cooperativismo, eletrificação rural e obras de infraestrutura, seguro agrícola, uso e posse temporária da terra, arrendamento rural, parceria e outros. 
Num momento de contrastes socioeconômicos, o Estatuto da Terra traz como inovação a função social da propriedade, voltada num primeiro momento para a situação no campo, fundiária, e tendo como foco a terra e o trabalho, isto é, o produtivismo, que era o que interessava ao governo para produzir mais e, por via indireta, fixar o homem no campo, evitando-se o êxodo rural que se intensificava, inchando as cidades. 
O Código de Direito Agrário, como é chamado o Estatuto da Terra, é o pano de fundo de toda a legislação agrária brasileira, é o esqueleto que sustenta o corpo jurídico rural, pois, além de traçar conceitos e fixar princípios e diretrizes gerais de direito agrário, foi recepcionado pelas Constituições Brasileiras de 1967 e 1988, encontrando-se em pleno vigor com algumas pequenas modificações introduzidas por leis esparsas posteriores. 
Forçoso é reconhecer, porém, mesmo que com a autonomia constitucional do direito agrário no Brasil, não havia a chamada autonomia científica e didática desse ramo jurídico. 
O Direito brasileiro não tinha caracterizadoo direito agrário, fruto da realidade agrária, com a criação de institutos, figuras e princípios próprios, distintos dos outros ramos. 
1.1 Conceito
A estrutura agrária é o tecido que forma o pano de fundo a partir do qual se desenvolve o processo produtivo da agricultura, sendo que sua textura é muito irregular, ora com grandes espaços desatados, ora com pequenos nós. 
O vocábulo agrário tem raiz latina, e é derivado de ager, no sentido de campo destinado à produção. Por vezes emprega-se a expressão direito rural, que também descende de raiz latina: rus, ruris, no sentido de localização oposta à cidade = urbs. 
O Direito Agrário, primeiramente denominado de Direito Rural, é uma ramificação do Direito Civil que aos poucos vai se tornando um novo ramo da árvore jurídica, principalmente a partir do momento em que novos diplomas legais são editados para regular as relações entre os homens tendo em vista a atuação e os bens rurais, principalmente as atividades que têm por base a terra. 
Esse ramo do direito passou a ter existência própria a partir da edição da Emenda Constitucional 10 à Constituição de 1946, que o previu atribuindo competência à União para legislar sobre ele. Em 1967, com a outorga da nova Constituição da República, essa competência privativa da União foi mantida na redação da alínea b do inciso XVII do art. 80, competência que a Emenda 01, de 17 de outubro de 1969, não modificou e a Constituição de 1988 em seu art. 22 repetiu, consagrando o princípio. 
Desse modo, compete privativamente à União legislar sobre Direito Agrário, ficando, em consequência, vedado aos Estados legislar sobre essa matéria, ainda que supletivamente, obrigados que estão a acatar, seguir e respeitar as normas agrárias editadas pela União, em face do princípio da supremacia. No Brasil não temos, uma tradição de direito agrário, prevalecendo ainda conceitos complemente civilistas, apesar do esforço do legislador de 1964 com a edição do Estatuto da Terra. 
Constitucionalmente, o direito agrário é o conjunto de normas, de direito público e de direito privado, que visa a disciplinar as relações emergentes da atividade rural, com base na função social da terra, enriquecido, sem dúvida, pelo conjunto de princípios doutrinários que indicam o seu conteúdo e permitem uma melhor interpretação das leis agrárias. 
Quanto à natureza jurídica do Direito Agrário, contendo normas de ordem pública e de ordem privada, Ferreira afirma que, 
A questão agrária transformou-se em um problema político-social, exigindo uma regulação mais profunda do Estado, porém, de outro lado, permitindo o interesse privado no exercício das questões agrárias, justapondo as duas posições para atender ao progresso econômica e social da comunidade. 
Diante disso, pode-se também extrair o conceito de Direito Agrário como sendo um conjunto sistematizado de normas jurídicas destinadas a regular as relações de trabalho e produção envolvendo pessoas vinculadas pela posse ou propriedade da terra. 
Apesar de nascer do lado privado do tronco jurídico, o Direito Agrário assume natureza de interesse social e ordem pública, pois visa equilibrar a relação entre os donos da terra, que desde sempre tiveram poder econômico para ditar as regras e impor as condições de trabalho e produção, e os trabalhadores da terra, que, por não terem a terra, nunca tiveram poder econômico para negociar em pé de igualdade com os primeiros nas questões de trabalho, salário, produção e comercialização da produção. 
Esta é a perspectiva ideológica do Direito Agrário, que nasceu para dar superioridade jurídica aos que trabalham e vivem da terra, contrabalançando assim a relação com os donos da terra, que normalmente estão em condição de superioridade econômica. 
Além de buscar o equilíbrio entre as partes envolvidas no processo de produção rural, valorizando juridicamente quem trabalha, o direito agrário tem outras finalidades, como integração social, bem-estar do homem do campo, melhoria na distribuição da terra e consequentemente da renda, fomento da produção e desenvolvimento econômico-social. 
1.2 Natureza jurídica 
Direito agrário é ramo do direito público ou do direito privado? Esta questão deve ser analisada em seus aspectos intrínsecos, pois se for observada em relação às atividades da estrutura pública do direito constitucional (função social), administrativo (administração pública, desapropriação por interesse social para fins de reforma agrária), laboral (direito do trabalhador), vislumbra-se uma característica pública, ao contrário, se nos voltarmos para os contratos de arrendamento e parceira rural, comodato rural, e outros pactos ditos inominados, denotando um caráter privatista. 
Na verdade, encontra-se uma duplicidade na natureza do direito agrarista, uma mistura que torna híbrida a sua classificação, o que afasta da clássica dicotomia do direito público e privado, além do que o Direito agrário é autônomo e amplo, em que o Estado busca regular as inúmeras questões que envolvem o homem e a terra, a posse, o domínio, atividade agrícola, pecuária, agroindustrial, extrativa, a política fundiária, a reforma agrária, a desapropriação, o imposto territorial rural, crédito fundiário, arrendamento e parceria rural, colonização e a própria política agrícola. 
Por tudo isso, que se criou uma classificação intermediária, classificando o Direito agrário como direito social, ou como somatório dos princípios das normas de direito público e privado, com entrosamento perfeito entre os dois na caracterização do Direito agrário. 
Independente da caracterização da natureza jurídica do Direito agrário, não se pode deixar de analisar a sua autonomia e especialidade jurídico-agrária, pois especiais são os seus princípios, a sua doutrina, a própria autonomia legislativa agrarista, decorrente desde a Emenda Constitucional 10 de novembro de 1964, à Constituição Federal de 1946, com competência da União para legislar sobre a matéria agrária. 
Assim, é que o Direito agrário passa a ser visto como ciência no Brasil, existe uma estreita penetração do estudo do Direito agrário como ciência, com o estudo da sua autonomia, mas uma coisa não se confundindo com outra, pois a autonomia é mais abrangente, núcleo mais vasto de estudo, e o Direito agrário como ciência é assunto mais restrito, que se encaminha para aquele núcleo.
Mas modernamente, considera-se o conjunto normativo jurídico-agrário dotado de autonomia, mas sendo um ramo particularizado do Direito civil, especialmente em relação aos contratos agrários, com o desenvolvimento da agricultura, vislumbra-se uma aproximação do Direito agrarista com o Direito econômico, sobretudo no sentido da rentabilidade e eficácia que se supõe em uma agricultura progressiva, uma mercantilização da atividade agrária, e um novo conceito de Direito agrário, que não deixa de ser uma satisfação da exigência as justiça social no setor econômico agrário. 
Nos dias atuais ainda não se superou os problemas fundiários no Brasil para a obtenção de uma sociedade justa, que permita o acesso de todos os interessados à atividade agrária otimizada, realizada em um território bem distribuído e regularizado. Enquanto houver distorção. 
Nesse sentido pode-se dizer que “a maior aspiração do Direito Agrário é a de contribuir para a consolidação da Paz entre os seres humanos e os povos”. Ou seja, levar a pacificação para as complexas relações de convivência econômica e social do campo, onde é frequente o conflito, especialmente nos países de distorção fundiária como os da América Latina. 
Só um Direito Agrário voltado ao futuro, e capaz de visualizar as novas dimensões oriundas do mundo moderno e humanista, poderá converter-se em correto instrumento para consolidar a paz nas relações humanas agrárias.
Para atacar a questão da função social dos direitos reais, é necessário encarar posse e propriedade como valores postos à disposição do ser humano e encartá-las no centro da vida em sociedade, porque esta se organiza também em razão daquelas. A segura abordagem do problemada posse e do domínio, como instrumentos de função econômica e social, exige que se firmem e estremem seus conceitos básicos. Saber o significado da propriedade e da posse, vistas em sua dimensão jurídica, econômica e social, é imperativo.
2 PRINCÍPIOS 
Para compreensão do tema, deve-se ater ao fato de que os princípios do Direito são normas que orientam o ramo especial jurídico. 
O direito agrário, como ramo jurídico especial, tem características e finalidades próprias, sustentadas pela sua concepção eminentemente social, que reflete em seus princípios fundamentais. Alguns princípios do direito agrário têm seus equivalentes em ordenamento jurídico de diversos países. Por certo, cada qual dotado de feições próprias, dada a realidade agrária dessemelhante, de acordo com as suas peculiaridades no tempo e no espaço. 
Podem, no entanto, evidenciar determinadas características mais genéricas, posta uma teoria geral de direito agrário. 
Os princípios fundamentais do direito agrário, no entanto, podem ser melhor compreendidos por meio de elementos históricos. Em estudo histórico e comparado do direito agrário, fica evidente a constante preocupação dos governantes dos povos em produzir alimentos para suprir a necessidade vital da pessoa humana. 
Com o objetivo de produzir alimentos para abastecer as cidades e alimentar o povo, os governantes adotavam diversas medidas visando conservar os recursos naturais e procuravam organizar o espaço fundiário, entregando terras para quem as fizesse produzir, para que houvesse produção sempre maior e sem interrupção. 
Os princípios jurídicos refletem acultura sociojurídica de uma sociedade em dado recorte temporal, sendo seu conteúdo formado pelos valores considerados superiores por ela. Em verdade, cada sistema jurídico encontra-se vinculado à realidade social, de modo que o Direito reflete e cristaliza determinados valores sociais que definem e regem a organização de dada sociedade.
2.1 A finalidade do Direito Agrário é fazer cumprir a função social da terra 
A concepção do Estado Social teve como uma das mais importantes contribuições à doutrina da Vontade Geral de Rousseau. Essa doutrina tem algumas diferenças essenciais em relação à doutrina do liberalismo de Locke. Este preconiza que o Estado existe apenas para garantir os direitos naturais, dentre eles o direito de livremente dispor sobre a propriedade; “entende que o Estado será mais perfeito quanto mais suas ordens forem limitadas e concebe a liberdade como a faculdade de agir sem ser impedido pelos outros”. 
Por outro lado, Rousseau entende a liberdade como autonomia faculdade de estabelecer leis a si mesmo - sendo que cada pessoa tem maior “liberdade quanto mais à vontade de quem faz as leis se identificar com a vontade de quem deve obedecer estas leis, ou seja, o Estado é mais perfeito quanto mais suas ordens exprimirem a vontade geral de todos”. 
 
Neste sentido, a liberdade natural é transformada em liberdade civil que é a obediência à vontade geral. A liberdade significa a participação da população de forma democrática e consciente de acordo com a lei do Estado que deve ser elaborada de acordo com a vontade geral. 
É certo que a função social da terra manifesta-se por intermédio do trinômio: produção/produtividade, proteção ambiental e justiça social. A esse respeito, não se pode concluir que a função social da terra não esteja sendo cumprida em relação às terras indígenas, às florestas de preservação permanente  e de reserva legal, aos parques e unidades de conservação, às fazendas  destinadas à pesquisa e experimentação, onde não há produção, mas são manifestos os benefícios sobrevindos da não exploração agrária para as presentes e futuras gerações. 
A propriedade privada da terra cabe intrinsecamente uma função social, e seu uso é condicionado ao bem-estar coletivo previsto na Constituição Federal e caracterizado pelo Estatuto da Terra, conforme ditame esculpido em seu art. 12. Em consonância com esse preceito, o Estatuto da Terra, em seu art. 13, impõe ao Poder público a obrigação de promover a gradativa extinção das formas de ocupação e de exploração da terra que contrariem sua função social. 
A capacidade de manutenção das florestas nativas está diretamente relacionada com o seu uso de forma sustentada. Se elas não são capazes de suprir as necessidades dos proprietários, da população e do país nos mercados internacionais, então elas terminarão por ser extintas, em nome da preservação do próprio homem. 
2.2 Princípio Fundamental do Direito Agrário: Conservação dos Recursos 
Para Miranda, “conservação do recurso natural renovável deve possuir uma proteção jurídica que limitará o direito de sua disponibilidade em função da capacidade produtiva do mesmo”. 
A legislação brasileira enuncia, no Estatuto da Terra, no art. 2º, § 1º, inc. III, que é necessário assegurar a conservação dos recursos naturais para que a propriedade atinja sua função social. 
Ora, pode-se afirmar que, quanto mais o ser humano evolui, quanto mais cria e aperfeiçoa conhecimentos técnico-científicos, quanto mais conhece os segredos da natureza, mais ele a domina. Mas com um domínio despótico, sem um equilíbrio, sem a sensatez de ser um dito racional. Atualmente configura-se uma situação totalmente inversa à inicial, quando a pessoa precisava se proteger dos perigos da natureza; agora, são os recursos naturais que precisam ser conservados, protegidos da agressividade do ser humano. 
Chega-se ao cúmulo de ter que se criar zonas específicas para que os recursos naturais continuem a existir, zonas estas que podem ser reservas ecológicas, parques nacionais ou zoológicos; pois, caso contrário, o ser humano a destruirá. 
Felizmente, o humano usa a razão pela razão, e começa a se conscientizar de que está destruindo seu próprio habitat natural e ex-pondo ao perigo sua própria sobrevivência. O ser humano é parte da natureza; portanto, dela é dependente, tanto no aspecto biológico como psicológico e, mais ainda, dependente também no aspecto econômico. 
Contudo, poucas são as pessoas que já se conscientizaram da importância da conservação dos recursos naturais. Se todos os seres humanos tivessem consciência prática dessa realidade e se comportassem voluntariamente de acordo com as exigências básicas em relação à natureza, certamente, não haveria motivos para o grito ecológico que ecoa por todo o planeta. Deve-se ter exata noção do equilíbrio da natureza, a verdadeira razão da ecologia. 
Usar de todos os meios para que haja a conservação dos recursos naturais, de forma consciente, equilibrada e sem demagogia é dever de todos. O ser humano deve conservar os recursos naturais e não destruí-los, inclusive deve ter o cuidado de analisar as transformações do ambiente natural que são ditas em benefício da pessoa, mas se não forem usados todos os conhecimentos científicos que a ecologia exige, podem ocasionar alguns desastres ecológicos. 
Como bem determina o artigo 186 da Constituição Federal de 1988, o aproveitamento racional, a utilização correta dos recursos naturais, a manutenção do meio ambiente, somadas a uma exploração favorável ao bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores rurais, são os parâmetros da exploração da propriedade, fazendo com que atinja sua função social.
O equilíbrio ecológico precisa ser mantido; é necessário que haja a conservação dos recursos naturais e é necessário que o homem use de sua capacidade intelectual de maneira a utilizar convenientemente os recursos naturais, que são limitados. O alerta ecológico já foi dado, tanto por cientistas-ecólogos como por pessoas comuns que tomaram consciência do problema, no sentido de serem adotadas medidas para conservação dos recursos naturais. A conservação dos recursos naturais é medida garantidora da própria sobrevivência da espécie humana.
3 CONTRATOS AGRÁRIOS
O objeto do direito agrário é a terra, visando à produção, comercialização, fixação de preços e ainda, evidentemente, os contratos agrários. Constitui o direito agrário disciplina autônoma (CF, art.22, I), onde os princípios basilares podem ser resumidos em supremacia da ordem pública, normas cogentes, art. 184 da CF; a efetivação da justiça social, com a justa distribuição de terras e, a função social da propriedade, art. 186, da CF, e art. 2º, § 1º, Estatuto da Terra. 
Em pequena análise do mundo agrário anota-se que muitas das atividades agrárias, por meio de seus atos definidos, constituem contratos. Assim, a compra e venda de terras agrárias, a aquisição de máquinas e implementos agrícolas, a compra e venda de animais, a comercialização dos produtos agrários, o transporte, o ajuste salarial de técnicos, administradores e de trabalhadores rurais, e, ainda, os casos especiais de arrendamento e parceria, entre muitos outros, estão relacionados aos contratos. 
Não obstante das lições de Machado “alguns desses atos, embora interessem à agricultura e se encontrem colocados no sistema do Direito Agrário, não são contratos agrários, no seu significado técnico”. 
O certo é que os ordenamentos jurídicos têm definido, com o apoio quase unânime da doutrina, como contratos agrários apenas de arrendamento e parceira, embora aceitem alguns contratos de concepção regional como inominados. 
No direito agrário brasileiro, os contratos agrários são definidos de maneira específica na legislação que rege a matéria: 
Arrendamento rural é o contrato agrário pelo qual uma pessoa se obriga a ceder à outra, por tempo determinado ou não, o uso e gozo de imóvel rural, parte ou partes do mesmo, incluindo, ou não, outros bens, benfeitorias e ou facilidades, com o objetivo de nele ser exercida atividade de exploração agrícola, pecuária, agroindustrial, extrativa ou mista, mediante certa retribuição ou aluguel, observados os limites percentuais da lei. Parceria rural é o contrato agrário pelo qual uma pessoa se obriga a ceder à outra, por tempo determinado ou não, o uso específico de imóvel rural, de parte ou partes do mesmo, incluindo, ou não, benfeitorias, outros bens e/ou facilidades, com o objetivo de nele ser exercida atividade de exploração agrícola, pecuária, agroindustrial, extrativa vegetal ou mista; e/ou lhe entrega animais para cria, recria, invernagem, engorda ou extração de matérias-primas de origem animal, mediante partilha de risco do caso fortuito e da força maior do empreendimento rural, e dos frutos, produtos ou lucros havidos nas proporções que estipularem, observados os limites percentuais da lei. 
São conceitos que, mudando o que deve ser mudado, podem ser colocados à uma teoria geral. 
A atividade agrária pode ser exercida em área da própria pessoa do campo ou em área de outrem, como proprietário, posseiro, arrendatário, parceiros etc.; porém, em todos os casos deve-se observar os princípios fundamentais do direito agrário, incluindo-se aí a conservação dos recursos naturais. 
Os contratos agrários são um negócio jurídico, ou seja, no dizer de Miranda são, 
A relação jurídica agrária que consiste no acordo de vontade comum, destinado a reger os direitos e obrigações de sujeitos intervenientes na atividade agrária, com relação às coisas ou serviços agrários, sendo que, como toda instituição agrária devem ter um fim produtivo ou vinculado a uma produção agropecuária. No exercício da atividade agrária por meio de contratos agrários, qualquer que seja a sua forma, contarão obrigatoriamente cláusulas que assegurem a conservação dos recursos naturais. 
Ressalte-se que os prazos mínimos, nos contratos agrários, também trazem em seu conteúdo a conservação dos recursos naturais. De acordo com os meios legais, os contratos agrários visam a conservação dos recursos naturais, observando-se práticas agrícolas admitidas para os vários tipos de exploração intensiva e extensiva para as diversas zonas típicas do País. 
Prescreve o art. 11 do Regulamento que os contratos de arrendamento e de parceria poderão ser escritos ou verbais. Nos contratos verbais, são presumidas como ajustadas as cláusulas obrigatórias estabelecidas no Estatuto Rural.
O arrendador ou o parceiro outorgante deverá encontrar-se na posse do imóvel agrário e dos bens, a qualquer título que lhes dê o direito de exploração e de destinação aos fins contratuais. Cada parte contratante poderá exigir da outra, a celebração do ajuste por escrito, correndo as despesas pelo modo que convencionarem, conforme inteligência do Regulamento, sem eu art. 11 e §§ 1º e 2º. 
Nos contratos verbais de parceria rural, existe o risco de o parceiro outorgado pleitear a usucapião após determinado lapso temporal. Nesse caso, há que provar o contrato verbal para descaracterizar a usucapião, conforme dessume-se do entendimento jurisprudencial a seguir exposto:
Ação de usucapião. Sentença de improcedência. Recurso da parte demandante. Ausência de ânimo de dono. Posse oriunda de contrato verbal de parceria rural. Soma das posses. Caracterizado o contrato verbal de parceria rural, descaracteriza-se o usucapião. A posse para o usucapião, que exige ânimo de dono, é incompatível com o contrato verbal de parceria. Inadmitida a soma das posses e não havendo prova de que a parte demandante preenche os requisitos legais para o usucapião, justifica-se a improcedência da demanda. Não provimento do recurso, confirmando-se a sentença também por seus próprios e jurídicos fundamentos. 
 
O Regulamento prevê prazos mínimos pelos contratantes do arrendamento e da parceria. A intenção é permitir que o arrendatário ou parceiro outorgado permaneça por tempo mais prolongado na exploração das atividades agrárias, estimulando-se assim a preservação dos recursos naturais. O Regulamento, em seu art. 13, II, a, determina que nos contratos agrários, qualquer que seja a sua forma, contarão, obrigatoriamente, com cláusulas que assegurem a conservação dos recursos naturais devendo observar os prazos mínimos, na forma da alínea “b”, do inc. XI do art. 95 e da alínea “b” do inc. V do art. 96 do Estatuto da Terra. Em consonância com o Regulamento, os prazos dos contratos de arrendamento, de acordo com a atividade agrária. 
Quadro 1. Prazos dos contratos de arrendamento em função da atividade agrária. 
	Atividade agrária
	Prazo (anos)
	Lavoura temporária e/ou de pecuária de pequeno e médio porte 
	3
	Lavoura permanente e/ou de pecuária de grande porte para cria, recria, engorda ou extração de matérias-primas de origem animal 
	5
	Exploração florestal
	7
Fonte: Carvalho. 
Portanto, o Regulamento determina que, no caso dos arrendamentos rurais, o prazo mínimo é de três anos para contrato que envolva atividade de exploração de lavoura temporária e/ou de pecuária de pequeno e médioporte e para todos os casos de parceria. A lavoura temporária é aquela cujo ciclo, desde o plantio até a colheita, se efetiva no período do ano agrícola, como, por exemplo, arroz, feijão, milho, amendoim, algodão, soja, aveia.
Para arrendamentos que envolvam atividade de exploração de lavoura permanente e/ou de pecuária de grande porte para cria, recria, engorda, bem como de extração de matérias-primas de origem animal o prazo é de cinco anos. 
A lavoura permanente é aquela que exige vários anos para cumprir seu ciclo vegetativo, como o cafeeiro e as plantas cítricas. A expressão “grande porte” não  se refere à escala da atividade (número de unidades animais, por exemplo), mas, sim, ao porte dos animais, cujo prazo reprodutivo e de engorda é maior que os de menor porte. 
Na pecuária de pequeno porte são incluídas a apicultura, piscicultura, avicultura e cunicultura. Na de médio porte, a suinocultura, caprinocultura e ovinocultura e na de grande porte a bovinocultura, bubalinocultura, equinocultura e asininocultura. No caso de exploração florestal, a exemplo da eucaliptocultura, quando as mudas de árvores são plantadas e cuidadas pelo agricultor até que estejam em condições de exploração comercial, o prazo é de sete anos. 
A dúvida em matéria de prazo dos contratos agrários é se o prazo mínimo de três anos pode ser afastado pela vontade das partes. A questão, não raras vezes, encontra divergência entre os tribunaisestaduais, influenciada por práticas e tradições regionais. Por esse motivo, há que se recorrer ao exame da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, vez que cabe ao STJ a uniformização da jurisprudência nacional, prevalecendo seu entendimento. No entanto, os próprios Ministros do STJ têm apresentado entendimento divergente sobre o tema. 
Em 2000, a Quarta Turma do STJ entendeu que não se pode estabelecer contrato de arrendamento com prazo inferior a três anos, conforme deflui da leitura da seguinte ementa: 
Arrendamento rural. Prazo mínimo. O prazo mínimo para o arrendamento rural é de três anos. Dec. 59.566/66, art. 13, II, “a”. Decisão. Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da 4ª T. do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas taquigráficas a seguir, por maioria, conhecer do recurso e dar-lhe provimento, vencidos os Srs. Ministros Relator e Cesar Asfor Rocha. Votaram com o Sr. Ministro Ruy Rosado de Aguiar os Srs. Ministros Sálvio deFigueiredo Teixeira e Aldir Passarinho Junior. (STJ – REsp. 195.177 –Proc. 1998.00.84941-6/PR – 4ª T. – Rel. Ruy Rosado de Aguiar). 
Posteriormente, em julgamento realizado em 2006, a Terceira Turma do STJ modificou o entendimento ao admitir que se pode estabelecer contrato de arrendamento rural com prazo determinado inferior a três anos, de acordo com ementa vazada nos seguintes termos:
Estatuto da Terra. Contratos agrícolas. Prazo mínimo. Nos contratos agrícolas, o prazo legal mínimo pode ser afastado pela convenção das partes. Decreto regulamentador não pode limitar, onde a Lei não o fez. O art. 13, II, “a”, do Dec. 59.566/66  não  se  afina  com  o  art.  96  da  Lei 4.504/64. (REsp. 806.094/SP – 2005/0214012-1 – Rel. Min. Humberto Gomes de Barros – T3 – 3ª T. – j. em 16.11.2006). 
Deve-se ressaltar ainda que O prazo mínimo é justificado para se evitar o mau uso da terra e a proteção  social  e  econômica  dos  arrendatários  e  dos parceiros outorgados. Parte-se do pressuposto de que a pessoa que irá explorar o solo por curto período praticará a “agricultura mineradora”, buscando explorar ao máximo os recursos existentes, uma vez que em breve lapso temporal, terá de devolver o terreno. 
Coelho afirma que, “a função social da propriedade se contrapõe à propriedade absoluta e individualista. A propriedade é vista hodiernamente como importante mecanismo de justiça social”. 
 
Borges esclarece que “cultivar eficientemente e corretamente a terra será, portanto, talvez, o primeiro e o mais importante dos princípios do direito agrário, o que se resume em exigir da propriedade que cumpra a sua função social”. 
O atual Código Civil Brasileiro (Lei n. 10.406, de 10-1-02), seguiu o ensinamento constitucional, de mesma forma deu enfoque a função social da propriedade em seu art. 1.228 e no parágrafo único do art. 2.035.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A relação pessoa/terra, no sentido expresso por agrário, evidencia problemas na seara de várias ciências, como a economia, a geografia o direito, inclusive a política, estando presente na luta de alguns setores ou classes da sociedade, como é caso dos trabalhadores rurais. 
Aliás, a expressão “agrário” faz lembrar “reforma agrária”, temida e combatida principalmente pela classe dirigente de alguns países, mas como única solução para mudar ou alterar a estrutura agrária deficiente, objetivando melhores condições de vida à pessoa do campo. 
A autonomia reflete a própria especialização do ramo jurídico, por suas peculiaridades que o distingue dos demais ramos do Direito. A autonomia, analisada sob aspecto científico, didático, constitucional ou legislativo e jurisdicional, é o que dá a essência especial do direito agrário em determinado ordenamento jurídico. 
Com o crescimento populacional e a naturais necessidades oriundas do próprio avanço demográfico, e é evidente que os recursos naturais são de fundamental importância para a sobrevivência do homem, que por vezes faz uso irracional dos recursos limitados causando poluição acidental ou não.
A exploração com consciência e de forma ajustada da terra, visando assim não degradar o meio ambiente e propagar o bem-estar social, é dever e obrigação de todos, arrendadores e arrendatários. 
O dever de preservação é um dos fundamentos da política econômica e social, conforme prestigia o art. 170, VI, da Constituição Federal. O art. 174, § 3º, determina que o Estado favoreça a organização da atividade garimpeira em cooperativas, levando em conta a proteção do meio ambiente, além da promoção econômico-social dos garimpeiros.
Os contratos, de um modo geral, representam um acordo de vontades, celebrado entre duas ou mais pessoas, visando criar, modificar ou extinguir uma relação jurídica. Para que tenham validade, devem atender a certos requisitos previstos no art. 104 da lei civil, quais sejam: agente capaz, objeto lícito e possível, e forma prescrita ou não defesa em lei. 
Até a edição do Estatuto da Terra, os contratos agrários eram regidos pelas normas de Direito Civil, com predomínio do princípio da autonomia da vontade entre as partes contratantes. Atualmente, apesar de aplicarem-se aos contratos agrários os princípios gerais que regem os contratos de Direito Civil, com características gerais do negócio jurídico, no âmbito do Direito Agrário tais contratos apresentam características especiais, observados os preceitos desse ramo jurídico. 
Deve-se ressaltar que os contratos agrários, qualquer que seja o seu valor e sua forma, poderão ser provados por testemunhas (Estatuto da Terra, art. 92, § 8º), art. 14 do Dec. 59.566/66, não se aplicando nem mesmo art. 401 do CPC, que limita a prova exclusivamente testemunhal nos contratos que não excedam o décuplo do maior salário mínimo, ao tempo em que foram celebrados. 
Nos contratos de natureza agrária, apesar de se aplicarem os princípios gerais de Direito Civil, não há a autonomia de vontade que impera naquele, de modo que há uma relativização da autonomia de vontade, em que as partes contratantes detêm uma faculdade para celebrarem ou não, o contrato, para escolherem o objeto do contrato, mas são regidas pelas normas do Estatuto da Terra e outras que o regulamentam, com a existência de preceitos imperativos e irrenunciáveis, que se sobrepõem à livre manifestação de vontade dos contratantes, pois os contratos agrários estão dentro do contexto de legislação agrária, que é regido pela ordem pública e interesse social. 
REFERÊNCIAS
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�Aluna do curso de Direito da UNEMAT.�PETERS, Edson Luiz; PIRES, Paulo de Tarso de Lara; PANASOLO, Alessandro. Direito Agrário Brasileiro - De acordo com o Novo Código Florestal. Curitiba: Juruá, 2014, p. 17. 
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�FERREIRA, Pinto. Curso de direito agrário. 4 ed. São Paulo: Saraiva, 1999, p. 2. 
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�PETERS, Edson Luiz; PIRES, Paulo de Tarso de Lara; PANASOLO, Alessandro. Op. Cit., p. 18. 
�Idem, p. 18. 
�FERREIRA, Pinto. Op. Cit., p. 02. 
�PETERS, Edson Luiz; PIRES, Paulo de Tarso de Lara; PANASOLO, Alessandro. Op. Cit., p. 19. 
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�ARAÚJO JUNIOR, Vicente Gonçalves de. Direito Agrário: doutrina, jurisprudências e modelos. Belo Horizonte: Inédita, 2002, p. 35. 
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�MIRANDA, Gursen de. Op. Cit., p. 119. 
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�BOBBIO, Norberto. Direito e Estado no Pensamento de Emanuel Kant. 3 ed. Brasília: UnB, 1995, p. 31.
�Idem, p. 62. 
�MIRANDA, Gursen de. Op. Cit., p. 119. 
�ZANETTI, Eder. Meio Ambiente - Globalização e Vantagem Competitiva das Florestas Nativas Brasileiras. 2 ed. Curitiba: Juruá, 2010, p. 109. 
�MIRANDA, Gursen de. Op. Cit., p. 265. 
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�MIRANDA, Gursen de. Op. Cit., p. 265. 
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�COELHO, José Fernando Lutz. Op. Cit., p. 129.
�CARVALHO, Edson Ferreira de. Op. Cit., p. 410. 
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�COELHO, José Fernando Lutz. Op. Cit., p. 43.
�BORGES, Paulo Torminn. Institutos básicos do Direito Agrário. São Paulo: Saraiva, 1998, p. 6.

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