Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Faculdade Conhecimento e Ciência Bacharelado em Educação Física Biomecânica e Cinesiologia Resumo: Biomecânica Básica: Cap. 5 – Biomecânica das Articulações Belém/Pa 2020 As articulações do corpo humano contribuem decisivamente para dar ao corpo o movimento direcional dos segmentos corporais. Diferenças na rigidez ou na frouxidão relativas dos tecidos moles circundantes resultam em diferenças na amplitude de movimento das articulações. Arquitetura da articulação Os anatomistas classificam as articulações em diferentes tipos, com base na complexidade da articulação, no número de eixos presentes ou na capacidade de movimento. Uma vez que este livro aborda o movimento humano, é apresentado um sistema de classificação das articulações com base na capacidade de movimento. • Classificação das articulações Sindesmose – tecido fibroso mantem os ossos juntos. Sincrondroses – ossos unidos por uma fina camada de cartilagem hialina. Sínfise – disco de cartilagem hialina separa os ossos. A fibrocartilagem está presente nos discos intervertebrais entre as vértebras adjacentes e na sínfise púbica que separa os ossos púbicos. • Articulações imóveis 1. Sinartroses: essas articulações fibrosas podem atenuar a força (absorver impacto), mas permitem pouco ou nenhum movimento dos ossos que formam uma articulação. a. Sutura: nessas articulações, as lâminas ósseas irregulares se encaixam intimamente e estão firmemente conectadas por fibras contínuas ao periósteo. As fibras começam a ossificar no início da vida adulta e, por vezes, são completamente substituídas por osso. (crânio) b. Sindesmose: um tecido fibroso denso une os ossos. permitindo um movimento extremamente limitado. (coracoacromial; tibiofibular média e inferior) • Articulações discretamente móveis 2. Anfiartrose: essas articulações atenuam as forças aplicadas e permitem mais movimento nos ossos adjacentes do que as articulações sinartróideas. a. Sincondrose: ossos unidos por uma fina camada de hialina. (esternocostais e as lâminas epifisiais, antes da ossificação) b. Sínfise: disco de fibrocartilagem separa os ossos. (articulações vertebrais e sínfise púbica) • Articulações móveis 3. Diartrose ou sinovial: nessas articulações, as superfícies dos ossos são cobertas por uma cartilagem articular, uma cápsula articular envolve a articulação e uma membrana sinovial aderida ao interior da cápsula articular secreta um lubrificante conhecido como líquido sinovial. a. Deslizante (plana, atrodial): superfícies articulares dos ossos são necessariamente chatas e o único movimento permitido é o deslizamento não axial. (intermetatarsais, intercarpais e intertarsais) b. Dobradiça (gínglimo): nessas articulações, uma superfície óssea articular é convexa e a outra é côncava. Ligamentos colaterais fortes restringem o movimento, tornando-o planar, em formato de dobradiça. (umeroulnar e interfalângicas) c. Condiloide (ovoide, elipsóidea): a superfície articular de um osso tem formato convexo oval e a outra tem superfície com formato reciprocamente côncavo. São permitidos movimentos de flexão, extensão, abdução, adução e circundução. (metacarpofalângica e a articulação radiocarpal) d. Em sela (selar): ambas as superfícies articulares dos ossos têm formato de sela de montaria nessas articulações. A capacidade de movimento é a mesma da articulação condilar, mas com maior amplitude de movimento. (carpometacarpal do polegar) e. Globosa (esferóidea): as superfícies articulares dos ossos são reciprocamente convexas e côncavas. É permitida a rotação nos três planos de movimento. (quadril e ombro) As articulações sinoviais variam amplamente em estrutura e capacidade de movimento. Elas são comumente classificadas de acordo com o número de eixos de rotação existentes. As articulações que permitem o movimento em torno de um, dois ou três eixos de rotação são chamadas, respectivamente, de articulação uniaxial, biaxial ou triaxial. Articulações em que apenas é permitido movimento limitado em qualquer direção são chamadas de articulações anaxiais. Cartilagem articular No corpo humano, um tipo especial de tecido conectivo denso e branco, conhecido como cartilagem articular, fornece a lubrificação protetora. Uma camada protetora de 1 a 5 mm desse material avascular e não inervado cobre as extremidades dos ossos que fazem parte de articulações do tipo sinovial. Fibrocartilagem articular Em algumas articulações, a fibrocartilagem articular, tanto na forma de um disco fibrocartilaginoso quanto na forma de discos parciais conhecidos como meniscos, também está presente entre os ossos que formam uma articulação. Funções da fibrocartilagem: Distribuição das cargas pelas superfícies articulares. Melhora do encaixe das superfícies articulares. Limitação do deslocamento ou deslizamento de um osso em relação a outro. Proteção da periferia da articulação. Retenção de lubrificação das articulações. Absorção de impacto. Tecido conectivo articular Os tendões, que fixam os músculos aos ossos, e os ligamentos, que conectam os ossos a outros ossos, são tecidos passivos compostos principalmente por colágeno e por fibras elásticas. Os tendões e os ligamentos não têm a capacidade de contração, como o tecido muscular, mas são discretamente extensíveis. Estabilidade articular A estabilidade de uma articulação é sua capacidade de resistir ao deslocamento. Especificamente, é a capacidade de resistir ao deslocamento da extremidade de um osso em relação a outro para prevenir lesão aos ligamentos, músculos e tendões que as rodeiam. Diferentes fatores influenciam a estabilidade articular. Formato da superfície dos ossos No corpo humano, as superfícies articulares dos ossos em geral são moldadas como superfícies recíprocas côncavas e convexas. Embora a maioria das articulações apresente superfícies articulares moldadas reciprocamente, essas superfícies não são simétricas e normalmente há uma posição de melhor encaixe em que a área de contato é máxima. Conhecida como posição de travamento, é nela que, em geral, a estabilidade da articulação é máxima. Qualquer movimento do osso na articulação para longe da posição de travamento resulta na posição destravada, com redução da área de contato. Disposição dos ligamentos e dos músculos Ligamentos, músculos e tendões afetam a estabilidade relativa das articulações. Em articulações como o joelho e o ombro, em que a configuração óssea não é particularmente estável, a tensão nos ligamentos e nos músculos contribui de modo significativo para a estabilidade articular por ajudar a manter juntas as extremidades articulares dos ossos em posição. Se esses tecidos estão fracos por desuso ou frouxos por terem sidos estirados, a estabilidade da articulação é reduzida. Ligamentos e músculos fortes frequentemente aumentam a estabilidade articular. Outros tecidos conectivos Um tecido conectivo fibroso branco conhecido como fáscia circunda os músculos e os grupos de fibras musculares nos músculos, fornecendo proteção e sustentação. Um feixe de fáscia especialmente forte e espesso, conhecido como trato iliotibial, cruza a face lateral do joelho, contribuindo para sua estabilidade. Flexibilidade articular Flexibilidade articular é um termo utilizado para descrever a amplitude de movimento (ADM) permitida em cada um dos planos de movimento em uma articulação. Flexibilidade estática se refere à ADM presente quando um segmento corporal é movimentado passivamente (por um parceiro de exercício ou um profissional), enquanto flexibilidade dinâmica se refere à ADM que pode ser alcançada movimentandose ativamente um segmento corporal por meio de contração muscular. A flexibilidade estática é considerada melhor indicador da rigidez ou frouxidãorelativa de uma articulação em termos de implicações para potencial de lesões. A flexibilidade Flexibilidade articular Termo que representa as amplitudes relativas de movimento permitidas em uma articulação. Amplitude de movimento Ângulo ao longo do qual uma articulação se move da posição anatômica até o limite extremo do movimento do segmento em uma determinada direção. dinâmica, porém, precisa ser suficiente para não restringir a ADM necessária para a vida diária, o trabalho ou as atividades esportivas. Mensuração da amplitude de movimento de uma articulação A ADM de uma articulação é mensurada em graus. Na posição anatômica, todas as articulações são consideradas em zero grau. A ADM para flexão do quadril, portanto, é considerada como o tamanho do ângulo pelo qual a perna estendida se move de zero grau até o ponto de flexão máxima. Técnicas para aumentar a flexibilidade articular O aumento da flexibilidade articular é frequentemente um componente importante de programas terapêuticos e de reabilitação, assim como de programas desenhados para atletas em um determinado esporte. O aumento ou a manutenção da flexibilidade envolvem o alongamento dos tecidos que limitam a ADM de uma articulação. Resposta neuromuscular ao alongamento Receptores sensoriais conhecidos como órgãos tendinosos de Golgi (OTG) estão localizados nas junções musculotendinosas e nos tendões em ambas as extremidades dos músculos. Esses receptores são estimulados pela tensão na unidade musculotendinosa. Embora tanto a tensão produzida pela contração muscular quanto a tensão produzida pelo alongamento muscular passivo possam estimular os OTG, o limiar para a estimulação pelo alongamento passivo é mais alto. Os OTG respondem por meio de suas conexões neurais inibindo o desenvolvimento de tensão no músculo ativado (promovendo o relaxamento muscular) e iniciando o desenvolvimento de tensão pelos músculos antagonistas. Outros receptores sensoriais estão entremeados ao longo das fibras dos músculos. Esses receptores, que estão orientados em paralelo com as fibras, são conhecidos como fusos musculares por causa de seu formato. Cada fuso muscular é composto por aproximadamente 3 a 10 pequenas fibras musculares chamadas fibras intrafusais, que são revestidas por uma bainha de tecido conectivo. A resposta do fuso inclui a ativação do reflexo de estiramento e a inibição da produção de tensão no grupo muscular antagonista, um processo conhecido como inibição recíproca. Alongamentos ativo e passivo O alongamento pode ser realizado ativa ou passivamente. Um alongamento ativo é produzido pela contração dos músculos antagonistas (aqueles do lado oposto da articulação em que os músculos, tendões e ligamentos são alongados). Alongamentos balístico, estático e dinâmico O alongamento balístico, ou a realização de alongamentos bruscos, faz uso do momentum dos segmentos corporais para estender repetidamente a posição articular até ou além dos extremos da ADM. No alongamento estático o movimento é lento e, quando a posição articular desejada é alcançada, é mantida estaticamente, em geral por cerca de 30 a 60 segundos. O alongamento dinâmico envolve movimentar o corpo como no alongamento balístico, mas, diferentemente do que ocorre no alongamento balístico, o movimento é controlado, e não brusco. Facilitação neuromuscular proprioceptiva Os procedimentos de alongamento mais efetivos são conhecidos coletivamente como facilitação neuromuscular proprioceptiva. As técnicas de FNP foram utilizadas originalmente por fisioterapeutas para tratar pacientes com paralisia neuromuscular. Todos os procedimentos de FNP envolvem algum padrão de alternância de contração e de relaxamento dos músculos agonistas e antagonistas com o objetivo de tirar proveito da resposta dos OTG. Lesões e patologias comuns das articulações Entorses Entorses são lesões causadas pelo deslocamento ou torção anormal dos ossos da articulação resultante do estiramento ou da ruptura dos ligamentos, tendões e tecidos conectivos que cruzam a articulação. Luxação O deslocamento dos ossos em uma articulação é chamado de luxação. Essas lesões resultam, em geral, de quedas ou outros acidentes que envolvam grande magnitude de força. Bursite As bolsas são sacos preenchidos por líquido que funcionam para proteger os pontos em que os músculos ou os tendões deslizam sobre o osso. Em condições normais, as bolsas criam uma superfície de deslizamento lisa, praticamente sem atrito. Na bursite, ou inflamação da bolsa, o movimento na área afetada se torna doloroso, com movimentos adicionais aumentando a inflamação e agravando o problema. Artrite A artrite é uma patologia que envolve a inflamação da articulação acompanhada por dor e edema. Ela é bastante comum no envelhecimento, e existem mais de 100 tipos diferentes de artrite. Artrite reumatoide A forma de artrite mais debilitante e dolorosa é a artrite reumatoide, uma doença autoimune em que o sistema imunológico ataca os tecidos saudáveis do corpo. Suas características incluem inflamação e espessamento das membranas sinoviais e dano à cartilagem articular, resultando em limitação do movimento e, eventualmente, ossificação ou fusão dos ossos que formam uma articulação. Osteoartrite A osteoartrite, ou doença degenerativa articular, é a forma mais comum de artrite, e estima-se que 70% das pessoas com mais de 65 anos apresentem algum grau dessa doença. A causa da osteoartrite é, em geral, desconhecida. Embora a cartilagem articular pareça se adaptar a mudanças nos padrões habituais de carga, os esforços para associar a osteoartrite a fatores de estilo de vida produziram resultados conflitantes.
Compartilhar