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U N O PA R PRO G RA M A S D E PREV EN Ç Ã O , PRO TEÇ Ã O EM M Á Q U IN A S E EQ U IPA M EN TO S E PREV EN Ç Ã O E CO M B ATE A SIN ISTRO PROGRAMAS DE PREVENÇÃO, PROTEÇÃO EM MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS E PREVENÇÃO E COMBATE A SINISTRO Programas de prevenção, proteção em máquinas e equipamentos e prevenção e combate a sinistro Claudiane Ribeiro Balan Flávio Augusto Carraro Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Carraro, Flavio Augusto C313p Programas de prevenção, proteção em máquinas e equipamentos e prevenção e combate a sinistro /Flavio Augusto Carraro, Claudiane Ribeiro Balan – Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S. A., 2015. 208 p. ISBN 978-85-8482-124-2 1. Legislação. 2. Prevenção. I. Balan, Claudiane Ribeiro. II. Título. CDD 614.852 © 2015 por Editora e Distribuidora Educacional S.A Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A. Presidente: Rodrigo Galindo Vice-Presidente Acadêmico de Graduação: Rui Fava Diretor de Produção e Disponibilização de Material Didático: Mario Jungbeck Gerente de Produção: Emanuel Santana Gerente de Revisão: Cristiane Lisandra Danna Gerente de Disponibilização: Everson Matias de Morais Editoração e Diagramação: eGTB Editora Sumário Unidade 1 | O estudo de métodos e processos e a indústria da construção civil Seção 1 - Segurança do trabalho em instalações industriais da construção civil 1.1 | História da segurança na construção civil 1.2 | A realidade brasileira e a legislação regulamentar 1.3 | Questões orçamentárias Seção 2 - PCMAT 2.1 | Obrigatoriedade 2.2 | Elaboração do PCMAT 2.3 | Outros documentos complementares Seção 3 - Métodos e processos de trabalho 3.1 | Aspectos políticos da construção civil 3.2 | Aspectos práticos da construção civil 3.3 | EPIs Unidade 2 |Trabalho em altura. Transporte, movimentação, armazenagem e manuseio de materiais Seção 1 - Trabalhos em altura 1.1 | Objetivos das normas NR-18 e a NR-35 e aplicação nos ramos das atividades econômicas 1.2 | Determinação de responsabilidades 1.2.1 | Responsabilidade do empregador 1.2.2 | Responsabilidade do trabalhador 1.3 | Capacitação 1.4 | Planejamento, organização e execução do trabalho em altura 1.5 | Procedimentos para prevenção e o uso de Proteção Individual, Coletiva e seus acessórios para o trabalho em altura 1.6 | Situações de emergência e salvamento em trabalhos em altura Seção 2 - Introdução aos aspectos históricos das normativas referentes ao transporte, movimentação, armazenagem e manuseio de materiais e as normas relacionadas 2.1 | CLT, NR-11 E NR-18 2.2 | Riscos comuns no transporte e movimentação de carga e o suporte dado pela NR-11 E NR-18 2.3 | Outros cuidados especiais para operação de elevadores, guindastes, transportadores industriais e máquinas transportadoras 9 13 13 14 19 23 23 25 28 31 31 34 40 51 55 57 57 57 59 59 60 62 66 67 67 70 71 Seção 3 - Proteções coletivas em equipamentos em transporte, movimentação 3.1 | Plataformas de proteção 3.2 | Poço de elevador 3.3 | Abertura do piso 3.4 | Periferia da obra 3.4.1 | Sistema do Guarda-Corpo e Rodapé (GCR) 3.4.2 | Sistema de proteção com estrutura metálica ou cabo de aço 3.5 | Talude de escavação 3.6 | Linhas de vida 3.7 | Andaimes 3.7.1 | Andaimes apoiados, fachadeiros e móveis 3.7.2 | Andaimes suspensos 3.8 | Elevadores 3.8.1 | Elevadores de material passageiro 3.8.2 | Elevadores de material 3.8.3 | Elevadores de passageiros 3.9 | Gruas Seção 4 - Proteções coletivas no canteiro e armazenagem e manuseio de materiais 4.1 | Instalações elétricas 4.2 | Organização do canteiro 4.3 | Uso de EPI 4.4 | Gerenciamento de terceiros 4.5 | Armazenagem e Estocagem de Materiais 73 73 74 75 76 76 77 78 80 81 82 83 84 84 87 87 88 93 94 96 96 97 97 Unidade 3 | Legislação e prevenção ao incêndio e pânico Seção 1 - Legislação e Normas Seção 2 - Teoria do fogo, incêndio e explosivos 2.1 | O fogo e a sua influência nos hábitos humanos 2.1.1 | Do que é feito o fogo? 2.1.2 | Qual a relação entre ignição, comburente e combustível? 2.1.3 | Defininfo o que é fogo 2.1.4 | O que é incêndio 2.1.4.1 | Flashover 2.1.4.2 | Backdraft 2.1.4.3 |Ignição por fumaça 2.2 | Explosivos 2.2.1 | Explosivos e suas características peculiares 2.2.2 | Definindo explosão 2.2.3 | Profissionais de Segurança do Trabalho, sua atuação e gerenciamento em riscos associados a explosões 2.2.4 | Norma regulamentadora Nº 19 - Explosivos 2.2.5 | Classificações dos produtos perigosos e a segurança do trabalho Seção 3 - Classificação de fogo/incêndio e agentes de extinção 3.1 | Classes de incêndio/fogo 3.2 | O que são agentes extintores? 3.3 | Agentes extintores 109 113 117 117 118 118 119 120 120 121 121 122 122 123 124 124 126 131 131 131 132 Seção 4 - Programas de proteção contra incêndio e pânico/planos de emergência 4.1 | Plano de Emergência/Prevenção 4.1.1 | A identificação de risco em incêndios e prevenção 4.1.2 | Mitigação de riscos 4.1.3 | Responsabilidades 4.1.4 | Requisitos para elaboração do plano de prevenção à incêndio e pânico e aspectos a serem observados no desenvolvimento 4.1.5 | Divulgação, Reuniões, Treinamentos e Exercícios Simulados 4.1.6 | Manutenção, Revisão e Auditoria do Plano 4.1.7 | Procedimentos de Vistoria 4.1.8 | Plano de emergência ou plano de prevenção 4.2 | Brigada de incêndio 4.2.1 | Condições gerais dos edifícios 4.2.2 | Planejamento da brigada de incêndio Unidade 4 | equipamentos para prevenção, controle do pânico e combate a incêndio Seção 1 - Equipamento de prevenção e combate a incêndio e pânico – iluminação e portas corta-fogo 1.1 | Considerações acerca das normas de prevenção e combate a incêndio e as Normativas de Segurança do Trabalho 1.2 | Iluminação de emergência 1.3 | Portas corta-fogo Seção 2 - Escada de emergência 2.1 | Escada de emergência e seus principais requisitos 1.2 | Iluminação de emergência 2.1.1 | O dimensionamento das saídas de emergência 2.1.2 | Escadas 2.1.3 | Tipos de escadas usadas em rotas de fuga 2.2 | Antecâmaras 2.3 | Dutos de ventilação 2.4 | Elevadores de emergência 2.5 | Áreas de refúgio 2.6 | Guardas e corrimões Seção 3 - Sistema de detecção e alarme 3.1 | Projetos de Sistemas de detecção de incêndio e alarme 3.2 | Quanto aos tipos de detecção Seção 4 - Equipamentos fixos e móveis de combate a incêndio 4.1 | Sistema móvel 4.2 | O que é Capacidade extintora? 4.3 | Sistemas fixos 4.3.1 | Sistema de hidrantes 4.4 | Sprinklers 4.4.1 | Os componentes dos Chuveiros Automáticos - Sprinklers 4.4.2 | Posicionamento dos sprinklers 4.4.3 | Temperatura de funcionamento 4.5 | Sistema de espuma de extinção 4.5.1 | Características físicas: 4.5.2 | Expansão das espumas 4.5.3 | Extrato Formador de Espuma (EFE) 135 136 136 137 138 138 139 139 140 141 144 145 145 157 161 161 162 165 171 171 172 176 178 180 181 181 182 183 185 186 186 189 189 190 191 192 193 195 196 197 198 198 199 200 Apresentação A atuação do profissional de segurança do trabalho pauta-se na prevenção e no desenvolvimento de programas de prevenção, e muitos destes programas decorrem de exigências normativas e/ou derivadas de leis específicas.A definição de prevenção está diretamente ligada à ideia de antecipação a um resultado a algo que pode incorrer em injúria, lesão ou qualquer outra ação sobre algo que não se deseja como resultado. No caso de saúde e segurança do trabalho, a ideia de prevenção é ainda mais essencial, pois o resultado seria a doença e a lesão. Um sinônimo de prevenção adequadamente aplicada à área de segurança certamente seria “evitar”, uma vez que ajuda a entender a ideia que norteia os programas de prevenção abordados por esta unidade. Evitar, em segurança do trabalho, significa antecipar as consequências de uma ação, prevenir seus resultados indesejados e, sobretudo, permitir a correção e redirecionamento pelo caminho da segurança. O domínio de condições de risco, das condições ambientais do trabalho ou mesmo o ambiente que circunda o trabalhador fora do local de trabalho, pode contribuir substancialmente para práticas de prevenção à saúde e segurança do trabalhador. Pode, sobretudo, incorporar diretrizes à prevenção, matéria-prima importante dos planos de prevenção. Os programas de prevenção precisam ser documentados, e torná-los públicos a quem está sob as ações destes, precisam ser efetivamente aplicados pelas organizações, para antecipação dos eventuais problemas e dificuldades que as mesmas possam ter e ir contra a saúde e segurança do trabalhador, ao invés de ficarem engavetados ou apenas para cumprir formalidade perante os órgãos de fiscalização. A velha máxima “é melhor prevenir do que remediar” faz sentido em segurança do trabalho. Nos programas de prevenção ainda é embutido o cuidado ou cautela perante situações de risco, muitas em condições inesperadas, mas que facilmente podem ser suprimidas quando se desenvolve a cultura prevencionista ou que existe uma atividade organizacional e sistêmica de respostas a situações que colocam em risco a saúde e a segurança do trabalhador. Na Unidade 1 abordaremos o estudo de métodos e processos e a indústria da construção (NR 18), buscando expor como ocorre a segurança do trabalho em instalações industriais de construção civil, algumas peculiaridades da NR-18 do PCMAT - Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria de Construção, assim como o que deve estar descrito dentro do mesmo no que se refere aos métodos e processos de trabalho na construção civil, quanto ao uso de Equipamento de Proteção Individual e Equipamento de Proteção Coletiva. A Unidade 2 abordará Movimentação de pessoas e cargas, buscando detalhar o que o profissional de segurança do trabalho precisa possuir de conhecimento em relação a trabalho em altura, transporte, movimentação, armazenagem e manuseio de materiais e suas respectivas normas regulamentadoras. A Unidade 3 abordará Legislação e prevenção ao incêndio e pânico, buscando relacionar o exercício do profissional de segurança do trabalho e a necessidade de seu conhecimento das legislações e normas brasileiras relativas à proteção contra incêndio, Teoria do fogo, classes de fogo, agentes extintores, métodos de extinção e explosões e expor alguns conceitos relacionados aos explosivos. Esta unidade buscará elucidar as principais dúvidas quanto à formulação de um programa de proteção contra incêndio e tudo o que o mesmo deve possuir para ser efetivamente aplicado na realidade das organizações. Na Unidade 4 buscou-se demonstrar a importância do profissional de segurança do trabalho em conhecer equipamentos e sistemas de proteção contra incêndio, principalmente pelo fato de serem exigências normativas e dos códigos de prevenção de incêndio e pânico. Nenhum plano de prevenção será efetivamente aplicável se nele não forem consideradas exigências quanto a iluminação de emergência, portas corta-fogo, escada de emergência. Para algumas situações mais específicas, em que o risco de incêndio seja elevado, o profissional de segurança poderá incorporar medidas preventivas e de combate mais efetivas, se tiver conhecimentos básicos sobre os sistemas de detecção e alarme, equipamentos fixos e móveis de combate a incêndio e sua efetiva aplicação em situações mais específicas, assim como é válido ter conhecimento do sistema de hidrantes e chuveiros automáticos (Sprinklers), tendo claras as vantagens e desvantagens dos mesmos. Por fim, os planos de abandono e a formulação de uma brigada de incêndio. O ESTUDO DE MÉTODOS E PROCESSOS E A INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL Objetivos de aprendizagem: Olá, prezados alunos, vamos, em mais este material, apresentar a vocês conteúdos muito importantes na realização das atividades que estão intimamente ligadas à segurança. Nosso objetivo nesta obra é levar até vocês não só a legislação existente no segmento específico da construção civil, mas a prática, como isso acontece de fato no canteiro de obras, como deve ser a preparação para que este segmento possa continuar em ascensão no mercado financeiro de nosso país sem prejudicar a vida dos trabalhadores, ou melhor, o que tem sido feito para que a conta deste segmento profissional não recaia sobre o INSS. Além disso, vamos saber como o profissional de segurança deve atuar, fazendo com que as responsabilidades sejam entendidas e, cada qual no segmento a que se destina, assuma as consequências das atitudes e ações corriqueiras na execução de suas funções. Claudiane Ribeiro Balan Unidade 1 Nesta seção teremos um breve descritivo sobre a construção civil, seguindo os passos percorridos ao longo da história e a construção das normas e diretrizes que profissionalizaram este segmento laboral. Seção 1 | Segurança do trabalho em instalações industriais da construção civil U1 12 O estudo de métodos e processos e a indústria da construção civil Na seção 3 descreveremos as condições práticas de um canteiro de obras, onde apontaremos os principais EPIs obrigatórios e EPCs, bem como a implantação de todos os procedimentos que envolvem as questões de saúde e segurança dos trabalhadores nesta atividade laborativa. Nesta seção explanaremos a elaboração do PCMAT e as condições que estão atreladas a este documento obrigatório para os canteiros de obras. Seção 3 | Métodos e processos de trabalho Seção 2 | PCMAT U1 13O estudo de métodos e processos e a indústria da construção civil Introdução à unidade O objetivo geral desta seção é levar ao conhecimento do aluno a forma de como aplicar a NR-18 na prática do trabalho da construção civil, ou seja, como fazer com que as normas e procedimentos estabelecidos na norma sejam efetivamente implantados e seguidos por uma gama muito diversa de trabalhadores. Além disso, é fundamental que os trabalhadores sejam informados e orientados quanto aos procedimentos corretos de se trabalhar na construção civil, pois esta profissão, por mais rude que pareça, também já evoluiu e hoje opera com uma gama crescente de tecnologia. E assim construiremos mais um patamar de conhecimento junto a vocês, e o mais importante: daremos a você, aluno, a oportunidade de fazer parte de um processo de aperfeiçoamento dos trabalhadores na construção civil, uma condição muito gratificante, pois é um segmento que, embora venha passando por inúmeras evoluções, seus trabalhadores ainda são pessoas que necessitam de muita atenção e ensinamento. Mãos à obra e uma excelente leitura a todos. U1 14 O estudo de métodos e processos e a indústria da construção civil U1 15O estudo de métodos e processos e a indústria da construção civil Seção 1 Segurança do trabalho em instalações industriais da construção civil Neste primeiro momento levaremos até você o histórico da indústria da construção civil, todo o seu arcabouço teórico e as exigências e necessidades deste segmento laboral para que o mesmo atingisse esse nível de profissionalização. Atualmente este segmento requer profissionalizaçãonão só de atividades a serem desenvolvidas, mas também de conduta pessoal por parte dos trabalhadores. 1.1 História da segurança na construção civil Partiremos do princípio, onde a engenharia se confunde com a história da própria humanidade. O início foi há cerca de sete milhões de anos (bastante tempo, não é mesmo?), quando o homem deixa as frias e úmidas cavernas com vistas a um maior conforto para si e para sua família. Mais tarde foi a descoberta da agricultura e da pecuária, que impulsionou a busca por melhorias nas condições; aí o homem deixa de ser nômade, passando assim a estabelecer-se em locais fixos. Estas construções eram, no princípio, muito rudes, tendas, aldeias e construções por demais primitivas. Mas este ser humano não caçador e não coletor foi responsável pela organização de comunidades grandes, que por sua vez seguiram uma evolução que permitiu o desenvolvimento de uma arquitetura de tijolos e pedras. Vamos agora esclarecer melhor em quais civilizações podemos perceber esse início da engenharia de forma a construir e mudar as primeiras civilizações. Os povos mesopotâmicos, que já tinham adquirido a prática da irrigação, apresentaram uma variação que lhes dava condições de, na ausência das pedras, usar uma argamassa de junco e barro, quando não, desenvolveram os tijolos de barro secos ao sol. Já os antigos egípcios dominavam várias técnicas, um povo astuto e criativo que inventou várias máquinas e equipamentos simples, como a rampa e a alavanca para auxiliar nos processos construtivos. Uma das construções que marcaram a história mundial em termos de edificação, e que de certa forma jamais foi superada, foi a utilização da pedra em obras, como nas construções das pirâmides. A engenharia dos incas até hoje causa espanto, quando, nos estudos das construções, em forma de nivelamento até hoje não há como explicar o alto U1 16 O estudo de métodos e processos e a indústria da construção civil padrão de técnicas e meios adotados. Seu legado mais primoroso foram os cálculos de engenharia. Pasmem os senhores, mas foi na Índia antiga que constatou-se o pioneirismo da ciência da construção de forma tão completa. As técnicas de construção e arquitetura indianas incluem riquezas de detalhes, além de plantas baseadas em princípios científicos como a resistência dos materiais, como também a altura ideal da construção, a construção calculada de fontes de água adequadas, além de condições como luminosidade e higiene, fatores que se levados em consideração à época, são demasiadamente atemporais. A engenharia base sobre a qual a construção civil se expande é uma área de amplas definições. Várias são as possibilidades para definir esta ciência, por isso há possibilidade de inúmeras definições formais e informais, contudo todas tendem a um ponto central. Consideremos uma das definições como: arte, ciência e técnica, onde é possível parametrizar os conhecimentos científicos de uma situação e espaço com a sua viabilidade técnico-econômica, objetivando produzir novas utilidades e/ou transformar a natureza, utilizando-se de ideias bem estruturadas. Ainda assim é possível complementar este conceito, em relevante contexto e conformidade dos imperativos da preservação ambiental e da conservação ambiental. Ao analisarmos os termos como “arte”, “técnica”, “conhecimentos científicos”, nos remetemos então à ideia da abrangência da Engenharia. Não é imaturo nem leviano considerar que os cursos de Engenharia são os mais completos (e complexos) ofertados por qualquer faculdade, neles os alunos podem adquirir noções completas de física, química e matemática, aprender sobre os conceitos de meio ambiente, biologia, geografia, administração, economia, produção, direito, sociologia, programação de computadores e uma infinidade de outros assuntos, dependendo da vertente que se propõe estudar. Resumindo, a Engenharia está em tudo, desde objetos singelos como a caneta com a qual você escreve, o sapato que você usa, as ruas pelas quais seu carro trafega, os botões que fecham sua camisa, e até nos alimentos. Devemos lembrar que todos os avanços da humanidade, sem exceção, estão diretamente ligados à Engenharia: por primeiro o fogo, depois a escrita e a roda e, na atualidade, os eletroeletrônicos. Assim sendo, a Engenharia está presente em todas as áreas. A partir deste princípio conclui-se e espera-se que os engenheiros sejam profissionais treinados para organizar, avaliar e projetar esquemas de construção em todos os níveis e estruturas onde seja necessário criar ou modificar o que existe. 1.2 A realidade brasileira e a legislação regulamentar Na sociedade brasileira, e por que não dizer mundial, a construção civil é uma das atividades que, nas últimas décadas, obteve seu maior desenvolvimento. A necessidade de expansão das cidades e o crescimento da população puxaram a indústria da construção civil para seu grande progresso. A necessidade de suprir U1 17O estudo de métodos e processos e a indústria da construção civil as carências e atender às demandas por habitações e instalações comerciais, com vistas a uma sociedade significativamente urbana, deu o tom econômico deste segmento profissional. Toda essa nova fase econômica e social deu lugar ao crescente número de obras, com isso os problemas também surgiram, não somente com as construções desordenadas nos morros e periferias das grandes cidades, configurando uma desorganização urbana social, mas também pela falta da mão de obra especializada, somando-se a isto os acidentes de trabalho, que só têm aumentado. Dados que são comprovados estatisticamente preocupam os órgãos estatais como INSS e MTE, sendo que os acidentes que ocorrem na indústria da construção civil ultrapassam, em números, os da indústria em geral. Os indícios e fatores que contribuem para o elevado número de acidentes na construção civil se dão pelo fato da ausência de prevenção. Isso mesmo, é que a construção civil não é um processo homogêneo, neste segmento existe uma diversificação de obras que envolvem um grande número de atividades, e essas atividades são desenvolvidas por um grande número de trabalhadores com aptidões e ofícios distintos, se comparados com uma indústria geral. Todo o trabalho da construção civil é setorial e dividido, repercutindo num desenvolvimento de funções que sempre serão as mesmas atividades, onde máquinas, ferramentas e materiais em geral, disponíveis em locais comuns e de fácil acesso, poderiam ser usados como fator contribuinte para a redução dos riscos de acidentes, e não o contrário. Nos trabalhos da construção civil, o trabalho e as atividades se modificam com o decorrer e desenvolvimento da obra, aumentando a possibilidade de ocorrência das condições de risco. Podemos citar a construção de um edifício, onde, de acordo com a evolução da obra, crescem também os riscos de acidentes por quedas de altura. Situações similares a esta mostram a necessidade iminente de investimentos na segurança dos trabalhadores que executam suas atividades em situação de riscos de quedas de altura e nas demais atividades existentes na obra, sendo o treinamento uma das maneiras mais simples, porém eficazes, de transmitir informações ao trabalhador. Este tipo de ação pode ser facilmente mensurável quando é aplicado um questionário antes do treinamento, para identificar o grau de conhecimento dos trabalhadores em riscos de acidentes. O cenário atual apresenta mercado em franco aquecimento, redução de juros e impostos, escassez de mão de obra qualificada, melhoria dos salários e dos registros em carteira. Essas condições atuais, [...] induzem a propugnar pela ação mais efetiva dos gestores à elaboração de processos de ensino- aprendizagem que permitam qualificar mais e mais pessoas para entrar nesse mercado de trabalho (VARGAS et al., 2008, p. 7). U118 O estudo de métodos e processos e a indústria da construção civil A segurança do trabalhador é uma conquista da sociedade moderna, dado o seu recente desenvolvimento, que data dos períodos entre as duas grandes guerras mundiais. Num contexto histórico em nível de América, temos no hemisfério norte a legislação sobre segurança introduzida pelos idos de 1908, porém apenas a partir dos anos 70 é que ela se tornou uma prática comum para todos os integrantes do setor produtivo. Até esta data o assunto segurança do trabalho era objeto de estudo apenas de especialistas, governos e grandes corporações. Já no Brasil, a segurança do trabalho enquanto assunto e objeto de estudo começou a mostrar seus indícios no início dos anos 40. É também desta década a composição e implantação da CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas), precisamente em 1943, onde no Capítulo V do Título II, o assunto vai ser exatamente sobre as questões de segurança do trabalhador. Depois desta citação ocorrida na CLT, não houve nenhuma movimentação que demonstrasse evolução quanto à segurança do trabalho em uma sociedade que nunca deixou de crescer e evoluir. Somente em 1967 ocorreu a primeira grande reformulação deste assunto no país, quando foi destacada a necessidade de as empresas criarem e organizarem o SESMT (Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho). Entretanto, o grande salto qualitativo da segurança do trabalho em termos legais somente ocorreu em 1978, com a introdução das 28 normas regulamentadoras, conhecidas como NRs do Ministério do Trabalho. Salientamos que de todas as 28 NR’s preparadas para dar ao trabalhador subsídios e padrões que lhe garantam a segurança no desenvolvimento de suas atividades, uma que vai de forma muito pontual contemplar a indústria da construção civil é a NR-18, visto que até os dias atuais é a única específica para o setor. Atualmente temos também a NR-35, que vai mensurar as regras e condições para trabalho em altura (BRASIL, 2014a), e além destas NRs, a segurança do trabalho na indústria da construção civil também é abordada em algumas normas da ABNT, tais como a NBR 5410 (Instalações Elétricas de Baixa Tensão) (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2008) e a NBR- 7678 (Segurança na execução de obras e serviços de construção) (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1983), NBR 6494 (Segurança nos andaimes) (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1991). Enfim, várias são as complementações que foram surgindo devido à crescente evolução deste segmento. A primeira alteração da NR-18 se deu em 1983, ampliando seus assuntos e dando mais aplicabilidade entre a regra descrita e a condição praticada in loco, tornando-a mais ampla e abrangente. Em 1995 a NR- 18 novamente teve alteração, onde entrou em cena a condição tripartite, que tem como objetivo estabelecer um aperfeiçoamento no sistema de segurança e saúde do trabalhador e ainda colocar o método existente de acordo com os padrões da Organização Internacional do Trabalho. Além disso, atende à proposta de ampliar a Política Nacional de Segurança e Saúde do Trabalhador, utilizando-se de recursos que vão definir os papéis e mecanismos dos processos laborais atuais. Para que isso U1 19O estudo de métodos e processos e a indústria da construção civil aconteça faz-se necessário o monitoramento, bem como revisões periódicas para a definição das competências e suas aplicabilidades. Na Portaria nº 383, de 21 de maio de 2013, mais uma vez está sob consulta pública a redação da NR-18, com vistas a fazer novas alterações. (HERKENHOFF FILHO, 2006). 2.2 Cenário nacional A indústria da construção civil é um ramo da economia que engloba várias estruturas, como: sociais, culturais e políticas. Uma marca notória da construção civil é o alto índice de acidentes de trabalho, que a coloca em segundo lugar neste aspecto diante do cenário nacional de acidentes de trabalho, perdendo apenas para o setor rural. Diante deste cenário negativo, o setor deixa de ser atrativo, e também sofre com algumas perdas de recursos humanos e financeiros, além de uma fonte de perdas para órgãos públicos como INSS e SUS. Como na indústria da construção civil existe a alta incidência de acidentes, estes tendem a ser também os mais graves, que levam à incapacidade e chegam a ser fatais, sendo os mais onerosos aos cofres públicos, motivo de preocupação e objeto de estudo para as políticas públicas. A construção civil é fonte geradora de empregos no país e, nos últimos anos, está havendo um crescimento acelerado no setor, por parte até mesmo dos incentivos financeiros lançados pelo poder público. Entretanto, este grande desenvolvimento traz consequências quanto ao aumento do número de acidentes de trabalho e de mortes de operários. De acordo com levantamentos, além da existência de muitas obras clandestinas, a famosa improvisação presente na construção civil e a necessidade de terceirização dos serviços agravam o problema. Essa problemática vai desde pequenas obras até as grandes que são geridas por empresas renomadas nacionalmente; parece mais como um vício do setor, algo enraizado culturalmente, e onde todos os esforços apresentados até hoje ainda não foram capazes de erradicar. De acordo com dados estatísticos de 2012 da Previdência Social, foram registrados mais de 62 mil acidentes de diferentes níveis de gravidade no setor da construção civil. Só no Estado de São Paulo, de acordo com o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil, houve um aumento registrado de 24 casos de morte a mais que em 2012, cujo registro fora de apenas sete mortes. Fator que pode ter influenciado para este aumento é sem dúvida o ritmo de trabalho para cada trabalhador, devido à própria aceleração do mercado, o que pode ter tido como consequência a não adoção por parte das empresas de métodos e meios seguros de trabalho. Quanto mais longas as jornadas de trabalho, com menores intervalos de folga para descanso, maiores serão as possibilidades de acidentes. Outro fator bastante relevante é a qualificação dos trabalhadores deste segmento profissional. Ainda que seja evidente o emprego de inúmeras U1 20 O estudo de métodos e processos e a indústria da construção civil Quer saber se é possível, através de treinamento, reduzir o número de acidentes? Não deixe de acessar o link abaixo: <http://www. sindusconpe.com.br/prevencao.php>. inovações tecnológicas no setor, este fator também se tornou um problema, já que os trabalhadores, muitas vezes, não estão qualificados para operar equipamentos com seus avanços e tecnologias de ponta. O que é possível fazer para diminuir o número de acidentes? Mais normas regulamentadoras? As já existentes não conseguem abranger todas as situações existentes na prática? Ora, a atual legislação é ampla de regras de proteção que precisam ser respeitadas, normas que precisam ser aprendidas e procedimentos que precisam ser adotados. Tendo isso, falta-nos o quê? Fiscalização, digamos melhor, falta maior fiscalização aliada a uma atuação educativa por parte do Ministério do Trabalho e sindicatos da categoria. Embora estes órgãos existam, sua atuação mostra-se deficitária, ficando assim comprometida uma eficácia quanto à aplicabilidade de tudo o que é proposto na legislação. Nas Normas Regulamentares está explícito que a fiscalização é obrigatória. Entretanto, o número de agentes estaduais e municipais de saúde do trabalho é reduzido e compromete a qualidade e eficiência de todo o trabalho. Todavia, a fiscalização não é incumbência exclusiva destes órgãos já definidos, as empresas também devem estabelecer uma metodologia de fiscalização de suas próprias atividades, inclusive para reduzir seus custos e preservar a vida e a saúde de seus trabalhadores. As normas, leis e regulamentos não têm a competênciapara reverter o acidente e seus agravamentos, a presença fiscalizatória mais atuante nas empresas teria um resultado muito mais positivo, evitando as autuações e até mesmo os próprios acidentes. Devemos salientar que existe um número grande de empresas que são idôneas neste segmento e fazem uma gestão de segurança e prevenção de acidentes na indústria da construção civil com características e comprometimento, que proporcionam uma eficácia em relação aos índices de acidentes e também compensam a baixa qualificação dos profissionais no setor. Estas ações contemplam treinamentos e material educativo com o objetivo específico de reverter este cenário. O Ministério do Trabalho e Emprego também tem ações preventivas que auxiliam as empresas, como a celebração dos Termos de Ajustamento de Conduta junto U1 21O estudo de métodos e processos e a indústria da construção civil às mesmas para que adotem medidas preventivas como ações efetivas. Porém, as fiscalizações ainda apresentam algumas situações controversas e que repercutem negativamente contra a própria legislação, ou seja, são abusivas. Essas ilegalidades devem ser combatidas, uma vez que podem gerar imensos prejuízos, por exemplo, com a interdição de uma máquina ou equipamento, ou até mesmo da obra. Podemos então avaliar e até mesmo concluir que o treinamento adequado, a segurança e a fiscalização frequentes ainda são os melhores meios para diminuir o número de acidentes no setor da construção civil. Tais procedimentos evitam os custos de previdência com aposentadorias precoces e minimizam a ausência de funcionários nas empresas, diminuindo o absenteísmo por conta de atestados médicos, o que na maioria das vezes acaba gerando prejuízo no processo produtivo, pois compromete os prazos contratuais. Além disso, não é difícil que ações pleiteando danos materiais e morais sejam representadas na justiça por conta de indenizações por este motivo. Sendo assim, o trabalhador bem treinado só terá benefícios, uma vez que, passando a conhecer as normas de segurança adequadas e como executá-las em sua atividade, poderá melhorar e aumentar sua capacidade produtiva. 1.3 Questões orçamentárias Quando o assunto é dinheiro, o cenário fica mais tenso e ríspido, prova disto são as ações regressivas que o INSS vem ajuizando já há alguns anos. Estas ações obrigam a empresa a custear pensões e indenizações que outrora eram de responsabilidade do INSS, mas que, por serem oriundas de acidentes de trabalho, o órgão está agora repassando estes custos. Nas discussões judiciais é comum surgirem acordos, mas diante do volume, poucos são firmados, diante da comprovação de que todas as ações possíveis foram adotadas, e se ainda assim evitar o acidente não foi possível, é por uma fatalidade. Vale ressaltar que algumas situações em que a condição do trabalhador pode ser similar ao trabalho escravo ou que as condições de conforto e higiene são degradantes podem ser classificadas como inadequadas e em não conformidade com a legislação, cabendo então aos órgãos fiscalizadores ações que podem até interditar a empresa, além de multas e indenizações (SCHIAVI, 2007). Essas condições de extrema vulnerabilidade a que o trabalhador da construção civil está exposto apresentam como primeiro colocado nos acidentes de trabalho as quedas, tanto de materiais que se desprendem, como do próprio trabalhador; em segundo vêm os choques elétricos e em terceiro lugar os soterramentos. Vejamos os números para termos uma ideia desta representatividade no cenário nacional, porém com dados de 10 anos atrás, o que preocupa, pois ainda hoje esses valores não tiveram grande mudança: U1 22 O estudo de métodos e processos e a indústria da construção civil Gráfico 1.1 | Apresentação de acidentes de trabalho Fonte: Elaborado pela autora a partir de Segurança... (2010) O número de acidentes de trabalho em todo o país cresceu sensivelmente entre 2004 e 2006, passando de 465.700 para 503.890. Os números que representam a construção civil no mesmo período são 28.875 e 31.529, respectivamente, estabelecendo um percentual de acidentes no setor da construção para os dois anos em 6,2%, se comparado a 2005. Percebam que no mundo inteiro ocorrem acidentes de trabalho, e no caso da construção civil, a maior causa de acidentes fatais fica por conta das quedas de trabalhadores e também das quedas de material sobre os funcionários, ficando em segundo fator os choques elétricos, e em terceiro lugar o soterramento (SEGURANÇA..., 2010). “O crescimento acentuado da construção civil, verificado nos últimos anos em todo o país, tem sido acompanhado pelo aumento do número de acidentes de trabalho e de mortes de operários, principalmente por soterramento, queda ou choque elétrico” (ALTAFIN, 2013). Com base nestas informações, os órgãos públicos demonstram preocupação com os trabalhadores. Será que esta preocupação realmente é por conta das condições de saúde e segurança ou os interesses econômicos referentes ao pagamento de benefícios é que estão sendo argumento para este tipo de levantamento? Vamos refletir e analisar este cenário. U1 23O estudo de métodos e processos e a indústria da construção civil Há de se considerar que para reverter esse cenário é preciso que haja fiscalização suficiente e capacitada para coibir e punir efetivamente os representantes desta categoria que maquiam ou ignoram as ações preventivas, e valorizar e divulgar as ações que visam capacitar e informar todos os trabalhadores envolvidos na categoria da construção civil. Ressaltando, como anteriormente foi citado, os fatores que influenciam a construção civil são os sociais, culturais e políticos, onde, para reverter a situação de acidentes de trabalho neste segmento econômico, o governo tem que ser representado pela ação fiscalizatória e punitiva para aqueles que não cumprem o prescrito na lei; o empregador, como iniciativa privada, representa o social, que tem como responsabilidade informar e treinar, realizar a capacitação dos envolvidos; e a parte do trabalhador, que envolve a cultura de prevenção que é a assimilação, por parte dos mesmos, de sua responsabilidade e o porquê de seu comprometimento. Além disso, as disposições na legislação complementar complementam a ordem de adequações das condições ambientais e melhores e mais seguros equipamentos. Isso tudo ainda não é garantia de uma economia aos cofres públicos, pois somente esses fatores trabalhando em consonância é que garantirão a eficácia das ações (MARTINS, 2008). Embora as estatísticas apontem indicadores úteis para a avaliação do estado atual dos acidentes e mortes por trabalho, principalmente na construção civil, essa representação é por vezes relativa, sendo necessário inspecionar e processar quem não cumpre a legislação vigente, e também implantar ações para prevenir e informar, levar com afinco as ações punitivas para aqueles que não tenham realizado uma prevenção ou capacitação prévia. Este tipo de irregularidade leva a um maior número de infrações, representando uma maior penalização para as empresas e, também, para os próprios trabalhadores. Essa responsabilidade não é apenas dos empregadores, os trabalhadores têm sua parcela de responsabilidade na mesma medida que o empregador, bem como o governo e os parceiros sociais. Essa tomada de responsabilidade por parte de cada um economizaria aos cofres públicos grandes fortunas. Os empregadores têm a obrigação de garantir boas condições de trabalho a todos os trabalhadores, cumprir a legislação em vigor, conscientizar os trabalhadores e colocar à sua disposição os equipamentos e meios necessários para que possam desempenhar as suas funções em segurança. Já os trabalhadores devem conhecer melhor as normas e, se acaso não tiverem essas boas condições de trabalho, deveriam exigi-las, para isso é possívelcontar com os parceiros sociais (SEGURANÇA..., 2010). Para direcionar e dar subsídios aos órgãos estatais e garantias aos trabalhadores da construção civil, a legislação regulamentar que está em vigor é a NR-18, que foi regulamentada pela Portaria 3.214/78 do Ministério do Trabalho. Nela, todas as principais orientações e principalmente as condições ideais estão descritas, facilitando assim as ações de implantação que vão servir de base e orientação para a elaboração do Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na U1 24 O estudo de métodos e processos e a indústria da construção civil Indústria da Construção, que é comumente conhecido como PCMAT. Todas as condições e situações apontadas pela NR-18 têm o intuito e a função específica de regularizar e apontar as condições ideais a serem estabelecidas, o que vai significar uma diminuição considerável nas custas dos cofres públicos e também nas estatísticas de acidentes de trabalho. Conclui-se então que a rede de assistência ao trabalhador também tenderá a ter diminuídos seus atendimentos. Atualmente temos uma legislação que foi pensada e regulamentada com vistas a atender à segurança e à saúde do trabalhador da área da construção civil. Seus princípios baseiam-se em normas regulamentadoras que estabelecem procedimentos em todos os níveis de uma indústria deste porte e operacionalidade, ela encontra-se descrita na Portaria 3.214/78 do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), sob o título de NR-18, contempla diretrizes administrativas, de planejamento e de organização para controle nos sistemas preventivos de segurança dos processos, nas condições do meio ambiente de trabalho, além de determinar a elaboração do Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção, conhecido neste segmento por PCMAT. Toda esta estrutura visa a dar melhoras em todas as condições de trabalho para que repercuta em menor impacto nos órgãos públicos de assistência (SEGURANÇA..., 2010). 1. Qual é a principal legislação que atualmente rege e organiza a indústria da construção civil? 2. Através de qual mecanismo a construção civil vem conseguindo reduzir o número de acidentes de trabalho? U1 25O estudo de métodos e processos e a indústria da construção civil Seção 2 PCMAT Nesta parte do texto saberemos da obrigatoriedade do PCMAT, como documento prévio à abertura de um canteiro de obras. Agregado a ele, a ART valida sua elaboração e a responsabilidade do gestor da obra em executar aquilo que o documento apontar e estabelecer. Pois toda esta documentação está passível de sanções fiscais de autuação por parte do MTE. 2.1 Obrigatoriedade Esta legislação está na Portaria nº 3.214, de 8 de junho de 1978, que regulamentou a Lei nº 6.514, de 22 de dezembro de 1977, que altera o Capítulo V, Título II da CLT (Consolidação das Leis de Trabalho). Traz em sua redação a padronização de como deve ser implantado e sob quais condições um canteiro de obras pode desenvolver-se. Em tempo: devemos lembrar que também é determinada pela legislação a responsabilidade de executar o que está disposto na referida lei (BRASIL, 1978), onde, de acordo com o art. 1º da Lei nº 6.496, de 5 de dezembro de 1977, todo contrato para a execução de obras ou prestação de quaisquer serviços profissionais referentes a Engenharia, Arquitetura e Agronomia fica sujeito à Anotação de Responsabilidade Técnica – ART; esta está vinculada ao exercício da atividade do engenheiro de segurança do trabalho, como consta na legislação que define a abrangência (BRASIL, 1977). A ART é um documento fundamental que expõe o estudo, planejamento, ações, relatórios e laudos das atividades exercidas pelo Engenheiro de Segurança do Trabalho quando de sua competência enquanto responsável perante ao órgão competente, segundo o CREA (Conselho Regional de Engenharia Arquitetura e Agronomia). Os estudos, projetos, planos, relatórios, laudos e quaisquer outros trabalhos ou atividades relativas à Engenharia de Segurança do Trabalho, quer públicos, quer particulares, somente poderão ser submetidos ao julgamento das autoridades competentes, administrativas e judiciárias, e só terão valor jurídico quando seus autores forem engenheiros ou arquitetos, especializados em Engenharia de Segurança do U1 26 O estudo de métodos e processos e a indústria da construção civil Trabalho e registrados no Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia – CREA. (CONSELHO FEDERAL DE ENGENHARIA E AGRONOMIA, 1999, p. 1). De acordo também com a legislação, quando se trata da indústria da construção civil, com 20 trabalhadores ou mais, é obrigatória a existência unicamente do Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção – PCMAT, anotado no CREA de jurisdição da localização do empreendimento. Sendo assim, este documento fica submetido a uma categoria de especialistas em segurança e saúde do trabalho, bem como colocada em prática através de ARTs, que são meios de execução e aplicabilidade das normas e padrões legais. Sendo assim, com a obrigatoriedade de todos estes primeiros procedimentos a serem tomados para a implantação de um canteiro de obras, presume-se que todas as condições de segurança estejam sendo computadas e detalhadamente classificadas e regulamentadas. Bem, isso seria muito bom se a teoria se cumprisse na prática. O que ocorre é que, pelas falhas existentes no sistema de fiscalização, embora os documentos sejam feitos dentro do rigor da lei, a fiscalização não é eficiente e os acidentes ocorrem e continuam a aumentar os números de afastados e segurados da construção civil junto ao INSS. Também na NR-18 algumas prerrogativas são sempre observadas e seguidas sob pena de punição, tais como a caracterização da atividade onde fica definido o que é tal operação: são as “[...] atividades e serviços de demolição, reparo, pintura, limpeza e manutenção de edifícios em geral, de qualquer número de pavimentos ou qualquer tipo de construção, inclusive manutenção de obras de urbanização e paisagismo” (BRASIL, 2013a, p. 2). Além disso, estabelece o ingresso ou não de trabalhadores e sua permanência no canteiro de obras de acordo com as fases da mesma. Então a legislação é inoperante? Seria quase isso. A legislação é eficiente, é realizada com riqueza de detalhes, mas a operacionalidade destes documentos é comprometida por uma questão humana, social, e até por que não caracterizá-la como cultural, pois Fique por dentro da legislação e acesse o link sugerido: <http://normativos.confea.org.br/ementas/visualiza.asp?idEmenta=48 5&idTipoEmenta=5&Numero=>. U1 27O estudo de métodos e processos e a indústria da construção civil onde os trabalhadores da indústria da construção civil têm um melhor nível cultural, eles melhor absorvem as indicações e padrões estabelecidos pela documentação legal. 2.2 Elaboração do PCMAT Este documento visa dar respaldo legal ao empregador, pois é um documento exigido pela legislação, entretanto tem uma função muito peculiar, que é dar ao trabalhador a garantia de condições seguras quanto à realização de suas atividades no canteiro de obras, ou seja, é um documento específico da indústria da construção civil. Para sua elaboração é necessário o conhecimento da NR-18, pois lá estão estabelecidos os padrões imutáveis das condições necessárias ao bom andamento da obra, as condições de conforto e higiene, bem como os riscos inerentes à atividade laboral da construção civil (BRASIL, 2013a). Também para a elaboração do PCMAT é preciso o conhecimento da NR-9 quanto às avaliações dos riscos e as ações necessárias quanto ao controle dos mesmos. É a partir destas informações que será possível traçar um controle eficiente quanto aos riscos pertinentes àquela operação que será ali desenvolvida. É fundamental que o PCMATtenha sólida ligação com o PCMSO (Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional), uma vez que este programa, quando devidamente acompanhado e realizado, dará ao PCMAT uma melhor aplicação. São cinco as etapas para a elaboração do PCMAT: • Análise de Projetos: consiste em verificar sob quais condições os projetos foram elaborados e serão utilizados na construção em questão, tendo o intuito de conhecer os métodos construtivos, as instalações e os equipamentos que farão parte da execução da obra. • Vistoria local: esta vistoria no local da futura construção se dá para complementar a análise do projeto, tal visita fornecerá subsídio informativo quanto às condições de trabalho que efetivamente serão encontradas na execução da obra, por exemplo: verificar se no local haverá escavação, onde e em que condições, se há demolições a serem feitas, quais são as condições de acesso ao empreendimento, quais as características topográficas do terreno, e muitos outros aspectos de acordo com aquilo que foi apresentado no projeto. • Reconhecimento e avaliação dos riscos: nesta etapa é feito o diagnóstico das condições de trabalho encontradas na obra, devem estar presentes neste momento as avaliações quantitativas e qualitativas dos riscos, bem como as estratégias e medidas de controle dos riscos. Aí consiste a importância do PPRA bem consolidado. • Elaboração do documento base: nesta fase é a elaboração propriamente do PCMAT, onde todos os levantamentos realizados serão devidamente ordenados e estruturados com a finalidade de apresentar medidas de controle e técnicas que mais terão eficácia no processo de eliminação e controle dos riscos. U1 28 O estudo de métodos e processos e a indústria da construção civil • Implantação do programa: é a utilização e implantação das condições apresentadas pelo documento que serão adotadas nas práticas cotidianas no decorrer da obra. O desenvolvimento e aprimoramento do projeto deve ser através de programas de treinamento de pessoal com vistas a educar e orientar os trabalhadores, conscientizando-os sobre as questões de segurança, especificar quais os EPIs necessários e sua utilização adequada, bem como apontar os métodos que servirão de indicadores de desempenho, índices para auditorias administrativas e operacionais que definirão a eficiência do sistema de segurança do trabalho. O intuito de seguir estes passos e observar rigorosamente o definido pela legislação é de garantir, por ações preventivas, a integridade física e a saúde do trabalhador da construção civil, funcionários terceirizados, fornecedores, contratantes, visitantes. Enfim, todas as pessoas que atuam direta ou indiretamente na indústria da construção civil, quando na execução de uma obra ou serviço, e estabelecer um sistema de gestão em Segurança do Trabalho nas atividades relacionadas à construção, através da definição de atribuições e responsabilidades às equipes que fazem parte de todo o processo de execução da mesma, incluindo aí também a administração da obra. Como deve ser então este importante documento para que os envolvidos saibam como interpretá-lo e fazer com que seja eficaz? Vamos então passar os dados como devem ser registrados: Campo 1 - Comunicação prévia à DRT (Delegacia Regional do Trabalho), deve informar: Endereço correto da obra; Endereço correto e qualificação do contratante, empregador ou condomínio; Tipo de obra; Datas previstas de início e conclusão da obra; Número máximo previsto de trabalhadores na obra. Sempre emitida em duas vias, protocolar na DRT (Delegacia Regional do Trabalho) ou Apesar da redução do índice de acidentes, verifica-se que a maior parte dos programas apresentados pelas empresas da indústria da construção ainda apresenta dificuldades de implantação e, muitas vezes, não alcança os resultados esperados. O PCMAT veio ao encontro das necessidades das empresas e dos profissionais da área de Higiene e Segurança do Trabalho, ao estabelecer um programa permanente de controle dos riscos ambientais existentes nos diversos âmbitos de cada estabelecimento, e constitui parte integrante do conjunto mais amplo das iniciativas das empresas no campo da prevenção, da preservação e da proteção dos trabalhadores. U1 29O estudo de métodos e processos e a indústria da construção civil encaminhar via correio com AR (Aviso de Recebimento). Campo 2 - O local de entorno da obra, vizinhança, tráfego de veículos e trânsito de pedestres; Se há escolas, feiras, hospitais, indústrias e etc. Memorial descritivo da obra, contendo basicamente: Número de pavimentos; área total construída; área do terreno, tipo e sistema de escavação; fundações; estrutura; alvenaria e acabamentos; cobertura. Campo 3 – Área de convivência, aí devem estar descritos os tipos de instalações sanitárias, vestiários, refeitório, cozinha se houver, lavanderia se for o caso, alojamento, área de lazer e ambulatório; este item deve estar em conformidade com o padrão estabelecido pela NR-18 no item 18.4. Campo 4 - Aqui se fornecem as condições das máquinas e equipamentos, que devem ser criteriosamente descritas, definindo seu tipo de operação e seus mecanismos de segurança. Campo 5 – Todo e qualquer tipo de sinalizações, tanto verticais quanto horizontais, sua demarcação e necessidade. Campo 6 – Aqui cada fase pela qual avance a obra, os riscos deverão ser apontados em relação às atividades executadas e também os mecanismos de controle dos mesmos. Exemplo: na fase de limpeza do terreno, escavação, fundação, estrutura, alvenaria, acabamentos e cobertura. Campo 7 – Serão apontados neste campo os procedimentos de emergência para acidentes que possam ocorrer. Quais as devidas providências quanto ao registro de todos os acidentes ocorridos na obra, estabelecer índices indicadores de desempenho, construir rotas para os hospitais aptos a receber acidentados desta categoria, indicar e divulgar telefones de emergência. Campo 8 – Quanto aos treinamentos que devem ser ministrados na obra, que abordem temas considerados importantes que estejam no plano de ação do PPRA e que estejam de acordo com as necessidades específicas da obra em questão. Preparar a emissão das OS (ordens de serviço) quanto às funções existentes no canteiro de obras. E se necessário for, constituir CIPA, de acordo com o enquadramento estabelecido pela NR-5; se não for este o caso, designar um responsável na obra. Campo 9 – Aqui se darão as indicações quanto ao PCMSO, suas referências e indicações por parte do médico do trabalho. Campo 10 - Estabelece-se um cronograma para acompanhamento de fluxo evolutivo dos procedimentos a serem realizados; estimativa da quantidade de trabalhadores em cada etapa da obra; realização e execução das medidas de proteção coletivas; incorporação dos EPIs e sua aplicabilidade efetiva; cronograma das máquinas e equipamentos utilizados em cada etapa da obra. U1 30 O estudo de métodos e processos e a indústria da construção civil Campo 11 – Apresentação do croqui ilustrativo da obra, com o layout do canteiro de obras, a definição dos EPCs e EPIs implantados, além de medidas especiais de segurança que se fizerem necessárias, minúcias construtivas, materiais a serem usados e outras colocações que porventura se fizerem importantes na visão do profissional responsável pela execução do documento, que, segundo a legislação apresentada anteriormente, é de responsabilidade do Engenheiro de Segurança ou outro profissional segundo a autorização do CREA. Campo 12 - Assinatura do médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho que responde pelo documento, deve constar o respectivo número da ART, já liberado junto ao CREA. Campo 13 - Data de realização da avaliação e concretização do documento. 2.3 Outros documentos complementares Neste processo de definição e estabelecimentode critérios para que a indústria da construção civil seja implantada e a execução seja de acordo com aquilo que a legislação pede, existem também as legislações complementares, que individualmente não têm nenhum imperativo sobre o segmento e são de cunho amplo para todos os segmentos profissionais, mas são necessários para que o PCMAT seja eficiente. São eles a: NR-4; que define e rege os Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho, esta NR vai estabelecer a gradação do risco da atividade principal em relação ao número total de empregados do estabelecimento, estabelece em quadros anexos que valem para todos os segmentos, utiliza os padrões definidos para fins de dimensionamento de canteiros de obras e frentes de trabalho com menos de 1 (um) mil empregados e situados no mesmo estado. Nesta NR e em seus anexos, todo o dimensionamento em relação à obrigatoriedade de profissionais vinculados à segurança do trabalho está descrito (BRASIL, 2014c). NR-5; esta NR vai especificamente se dedicar à CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes), que é responsável em administrar todas as questões que apresentem risco à atividade do trabalhador; está estabelecida nesta NR a obrigatoriedade de existência de CIPA em todas as empresas que tiverem Se o PCMAT tiver sido elaborado por profissional legalmente habilitado e não existir ART, deverá ser notificado por falta de ART, baseado no art. 1° da Lei n° 6.496, de 1977 (BRASIL, 1977). U1 31O estudo de métodos e processos e a indústria da construção civil trabalhadores em canteiro de obras, em condições especiais como: CIPA centralizada quando a empresa tem várias frentes de trabalho com menos de 70 trabalhadores em cada uma delas, dentro de um mesmo município; ou CIPA por canteiro quando o número ultrapassa os 70 trabalhadores, e ainda a possibilidade de CIPA provisória quando os serviços não ultrapassarão 180 dias (BRASIL, 2011). NR-6; esta discorre sobre os EPIs (Equipamento de Proteção Individual), sua obrigatoriedade no quesito neutralização ou minimização dos efeitos nocivos dos fatores de risco, sejam eles de qualquer dos grupos: físico, químico, biológico, de acidentes e ergonômicos. Os EPIs nesta NR definidos atendem a todos os tipos de funções de todos os segmentos, vai do gestor identificar os riscos e buscar a orientação adequada àquela função (BRASIL, 2014b). NR-7; nesta NR é o PCMSO (Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional) que vai tornar obrigatórios todos os cuidados necessários da parte da saúde do trabalhador, através da realização de exames e acompanhamento médico das condições clínicas do trabalhador, bem como aquilo que é necessário que seja estabelecido para manter os trabalhadores saudáveis (BRASIL, 2013b). NR-9; tem por definição o PPRA (Programa de Prevenção de Riscos Ambientais), onde são estabelecidos os riscos inerentes ao ambiente e é apontado o controle que deve ser assimilado para garantir a segurança dos trabalhadores. “Imagina-se que o acidente faz parte da produção, que é obra do acaso. Não, o acidente é principalmente obra do descaso, da falta da cultura de prevenção. [...] Entre as causas de tantos acidentes, [...] [está] a falta da cultura da prevenção e um ritmo de trabalho cada vez ‘mais denso, tenso e intenso’, [...] [soma-se as] dificuldades de fiscalização, seja pelo número insuficiente de auditores fiscais, seja pelas más condições de trabalho e riscos que enfrentam esses profissionais” (ALTAFIN, 2013). Você, como espectador desta realidade, acredita que a implantação de EPIs é a forma eficaz para combater esse tipo de fato? A implantação de EPI é garantia de redução de acidentes e estabelecimento de uma cultura de prevenção? Reflita como pode ser mudado este cenário atual. Pois bem, esta legislação complementar é tomada como fonte de pesquisa e direcionamento para a realização do PCMAT. Espera-se que todas as condições U1 32 O estudo de métodos e processos e a indústria da construção civil sejam criteriosamente avaliadas e confrontadas com as condições in loco, pois o bom senso do gestor e sua criticidade devem ser pautados nas condições legais, e todas as situações e condições devem convergir para uma efetiva e eficiente estratégia do sistema de gestão de segurança. Continuando com a caracterização do PCMAT, este necessariamente deve ser elaborado antes do início das atividades. Como nele estão contemplados todos os riscos de todas as etapas da obra, não tem validade definida, embora periodicamente o PCMAT deve passar por uma reavaliação global. Neste processo deve ser reavaliado seu desenvolvimento, e as etapas a serem cumpridas, bem como se ele está atendendo plenamente ao objetivo para o qual foi elaborado. Se houver necessidade, podem ser feitos ajustes necessários para que se cumpram todas as prerrogativas legais e se estabeleça novas metas e prioridades de segurança. O PCMAT é elaborado com a única finalidade de proporcionar ações e medidas de segurança do trabalho em todas as fases da obra. Ele envolve em seu projeto uma proteção coletiva para atender àquela condição específica. Entretanto, a penalização da empresa que não apresentar documentação quanto aos riscos inerentes à atividade ali desenvolvida está prevista na Lei 8.213/1991, no artigo 133 (BRASIL, 1991). E o PCMAT não deve ser confundido com o PPRA, pois que o primeiro é muito mais completo e minucioso quanto aos riscos a que os trabalhadores estão expostos. Sabe a diferença entre um programa e um laudo? O Programa é uma instrução sobre o que se propõe a executar, e um Laudo é um parecer que contempla necessariamente a opinião do executor na forma de uma conclusão. 1. Quantas são as etapas de um PCMAT? Cite duas delas. 2. Quais são os documentos complementares na elaboração do PCMAT? U1 33O estudo de métodos e processos e a indústria da construção civil Seção 3 MÉTODOS E PROCESSOS DE TRABALHO Chegou o momento para refletirmos quais os fatores que influenciam na indústria da construção civil, quais os órgãos e entidades públicas que estão envolvidos neste segmento que é essencialmente da iniciativa privada. O que por ora é uma garantia para o trabalhador pode se tornar um vício em alguns aspectos que barram o crescimento e a implantação de melhorias. Além disso, na prática, como acontece esse ciclo de atividades neste segmento profissional. 3.1 Aspectos políticos da construção civil Preocupado com um dos segmentos que mais geram emprego no país, a construção civil, o governo anunciou muito frequentemente pacotes para incentivar o setor. Com o levantamento feito recentemente foram 7,7 milhões de trabalhadores e 270 mil postos criados este ano, o que garante ao setor uma posição de oitavo lugar no ranking da geração de empregos. Estes números dão ao governo argumentos e justificam estas políticas de concessão de estímulos financeiros. O objetivo primaz destas políticas é incentivar a contratação de trabalhadores, diminuindo assim o nível de desemprego, implementar o comércio para que haja uma redução no custo da construção de novas moradias e aumentar o financiamento habitacional, para que mais pessoas possam adquirir sua casa própria. Para isso é necessário haver uma desoneração da folha de pagamento do setor, a redução dos tributos e a ampliação do acesso das empresas ao capital de giro. São estratégias políticas e econômicas que fomentam e movimentam a indústria da construção civil. Esse pacote de incremento e fomento para a construção civil prevê adequações na forma de recolhimento para a Previdência, que gira em torno de 20% sobre a folha de pagamento, passará a contribuir com 2% do faturamento, significativa alteração. Haverá também redução de 6% para 4% da alíquota do chamado RET, o Regime Especial de Tributação, este é um pacote que incluivários tributos, como Imposto de Renda, PIS e Cofins. Além disso, será criada uma linha de capital de giro de R$ 2 bilhões para micro e pequenas empresas que estiverem interessadas em fazer parte deste segmento do mercado. U1 34 O estudo de métodos e processos e a indústria da construção civil Com a implantação de todos estes incentivos, o governo estima que vários são os setores da economia que serão beneficiados, não só a indústria da construção civil, neste macropropósito estão incluídos setores como a indústria automobilística e de eletrodomésticos da linha branca. Com os efeitos positivos destes incentivos, novos horizontes vão se delineando e dando ainda mais credibilidade ao programa lançado, pois há um aumento considerável da atividade econômica do setor, reafirmando que a indústria da construção civil é um setor que sozinho responde por quase metade dos investimentos realizados no país, e dar condições para que esse projeto continue a estimular o crescimento do país. Veremos também outra vertente da política atrelada à construção civil, que consiste numa ação que está diretamente relacionada com o desenvolvimento sustentável do país, devido à sua relevância na dimensão econômica, social e ambiental, apresentando, portanto, um papel dualístico: é um setor positivo nos aspectos sociais (empregabilidade) e econômico, porém negativo no aspecto ambiental, pois representa uma das maiores fontes geradoras de resíduos. Para se ter uma noção da importância da construção civil, em 2009 o IBGE elaborou uma pesquisa com dados da indústria da construção e o resultado foi que em 2008 as empresas de construção alcançaram um processo de fortalecimento da renda e os efeitos das medidas de incentivo realizadas pelo governo proporcionaram ao setor realizar incorporações, obras e serviços no valor de R$ 159,0 bilhões, com receita operacional líquida de R$ 149,6 bilhões. As construções executadas cresceram 22,3%. Com estes dados, estabelece-se que o mercado da construção civil brasileira é um ramo que absorve um considerável número de trabalhadores, por isso sua importância fundamental na economia do país, gerando empregos diretos e indiretos. Embora existam inúmeras dificuldades no mercado econômico e um longo caminho a ser percorrido, os interesses comuns são maiores e formam a base das ações de desenvolvimento, existindo então uma força conjuntural para fazer a construção civil se modernizar, aumentar sua produtividade, desenvolvendo inovações com racionalidade, padronização de procedimentos e preocupação com a sustentabilidade. Com vistas a alcançar o crescimento outrora almejado, as perspectivas foram sendo traçadas de acordo com as condições internacionais da economia e as perspectivas reafirmadas dos grandes eventos confirmados no país em 2014 e 2016. Com vistas a fazer jus a estes acontecimentos históricos para o país, o governo tratou de manter o principal investimento até hoje realizado para este setor, o Programa Minha Casa, Minha Vida, lançado em março de 2009, mas que tem sido reavaliado e relançado de tempos em tempos e que prevê a construção de um milhão de residências com a concessão de subsídios, cujos valores estimados somam cerca de R$ 34 bilhões. U1 35O estudo de métodos e processos e a indústria da construção civil Com vistas a manter em alta este e outros programas de menor impacto, mas que incentivam igualmente o mercado da construção civil, o grande desafio passa a ser uma expansão tecnológica da indústria da construção civil, que precisa atender à nova dinâmica da construção industrializada tecnológica. O desenvolvimento tecnológico possui índices pontuais quanto à disponibilidade e a geração de mão de obra qualificada em diversos níveis do setor da construção civil, seja para o desenvolvimento de técnicas existentes, seja para novas demandas, inovações, segurança do trabalho e sustentabilidade. Esses fatores chamaram a atenção no segmento de edificações, principalmente se comparados a outros países. Dados do IBGE mostram que 91% do déficit habitacional se concentra na faixa de renda entre zero e três salários mínimos – para esse público o plano prevê a destinação de R$ 16 bilhões, para a construção de 400 mil moradias. Para as famílias com renda entre três a seis salários mínimos serão destinados R$ 10 bilhões, para a construção de mais 400 mil unidades, e as demais 200 mil moradias serão destinadas às famílias com renda entre seis e dez salários mínimos. Para essa faixa haverá estímulo à compra, com redução dos custos do seguro e acesso ao Fundo garantidos. Dentro do pacote, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) lançou um programa de crédito, no montante inicial de R$ 1 bilhão, para dar suporte às empresas do setor da construção civil, especialmente pequenas construtoras e fabricantes de materiais de construção. Para que esse desenvolvimento tecnológico não fique estagnado, a construção civil é muito dependente do crédito, tanto para sua produção quanto para sua comercialização, crédito este que tende a acompanhar o crescimento dos financiamentos imobiliários. Porém, o Brasil ainda apresenta um volume de crédito pequeno para esta finalidade, se comparado a outros países. Na cultura brasileira existe a tendência de financiamento para imóveis mais caros, o que justifica o grande déficit habitacional nas classes de menor renda. Com relação à construção pesada, o que caracteriza seu baixo índice evolutivo e de crescimento é a pouca oferta de crédito, resultante da crise econômica mundial que tornou o crédito mais caro e mais reduzido. Para tentar amenizar este impacto, busca-se a queda dos juros no país, e para dar à indústria da construção civil em larga escala uma motivação, tenta-se atrelar a qualidade de vida e a prática do conhecimento sustentável. Dessa forma, tem-se o conceito de sustentabilidade U1 36 O estudo de métodos e processos e a indústria da construção civil como entendido não apenas como uma questão ambiental, mas como uma questão do ser humano em sua totalidade, como o ente principal, fundamental e indispensável aos processos produtivos. O desenvolvimento sustentável requer uma visão sistêmica na íntegra do processo de produção na construção civil, é extremamente atual e considera as necessidades de trazer o menor impacto possível ao meio ambiente. Com este conceito e tendência a indústria da construção civil confunde-se com a própria sustentabilidade nos negócios. Buscando esta sustentabilidade nos negócios, as empresas que integram o setor estão sempre amarradas ao próprio conceito de sustentabilidade que engendra as dimensões socioeconômico-ambientais. São estas dimensões que, interdependentes e inter-relacionadas, constituem o enfoque de um crescimento do setor de forma consolidada. 3.2 Aspectos práticos da construção civil As urgências do mundo moderno nos direcionam para uma efetividade das ações de segurança e saúde do trabalho, que devem estar em perfeita interação com a gestão global da empresa. Deve haver um sistema integrado harmonicamente aos trabalhadores, enfim deve haver uma integração dos setores e dos trabalhadores em toda empresa. Quando falamos em segurança e saúde do trabalhador, em especial no segmento da construção civil, não podemos deixar de lembrar que neste setor é crítica a situação, por conta do alto índice de acidentes, que decorrem devido em grande parte pela condição intrínseca das atividades de risco, a grande alteração das rotinas e as alterações no cenário que são inevitavelmente distintos à medida que as obras avançam. Neste avanço a condição e o ambiente vão sendo alterados e há rotatividade das várias equipes, que vão sendo substituídas. Além disso, em muitos momentos existe uma multiplicidade de equipes que necessitam trabalhar concomitantemente, estas nemsempre pertencem ao mesmo grupo que coordena a obra, muitas vezes são trabalhadores terceirizados, dificultando a integração, pois não compartilham das mesmas informações e a mesma consciência de responsabilidade. As hostis e severas condições de trabalho neste segmento levam o trabalhador a uma grande exposição quanto aos riscos de acidentes e doenças originárias das condições de trabalho, pois o canteiro de obras esconde armadilhas e situações sui generis capazes de degenerar a qualidade de vida do cidadão. Para tentar minimizar esse tipo de situação é necessário adotar no canteiro de obras uma otimização dos trabalhos, para que cada atividade tenha seu espaço delimitado, cada atividade tenha suas ferramentas ao dispor e um local apropriado para sua armazenagem, sem que atrapalhe ou dificulte o fluxo; bem como o canteiro deve ser disposto de maneira que elimine a maior possibilidade de riscos possíveis. Vamos ver como U1 37O estudo de métodos e processos e a indústria da construção civil deve ser feita a organização do canteiro de obras para melhorar o fluxo de trabalho e garantir ideais condições de segurança na realização das tarefas: • Manter materiais armazenados em locais predefinidos de acordo com uma logística que permita o bom andamento da distribuição dos produtos e a boa circulação dos trabalhadores, bem como em local estratégico que viabilize a armazenagem de materiais de forma adequada, sem extrapolar o que foi previsto no dimensionamento da estrutura e sem a obstrução de portas, janelas e equipamentos de incêndio; • Manter desobstruídas vias de acesso, circulação, passagens e escadarias, bem como não manter materiais empilhados fora de padrão e que dificulte o manuseio; • Tubos e vergalhões, perfis e barras e demais materiais de grande extensão devem ser armazenados em camadas e com separadores e dispositivos de retenção; bem como cal virgem deve ser armazenado longe de umidade e em local arejado; • Se houver na obra a necessidade de utilização de materiais tóxicos, como solventes, inflamáveis e corrosivos, os mesmos devem ser mantidos armazenados em local isolado com acesso restrito a pessoas devidamente orientadas e autorizadas, e o local deve ser devidamente sinalizado; • As madeiras e escoras devem ser mantidas empilhadas, e pregos e arames devem ser rebatidos ou retirados; • Se houver recipientes de ar comprimido ou gases de solda, devem ser devidamente armazenados junto aos produtos inflamáveis e sinalizados; • Manter o canteiro limpo, organizado e livre de obstáculos é fundamental; • Coletar e remover regularmente entulhos e sobras de material, com o cuidado de não gerar poeira e riscos na remoção; inclusive das plataformas e de outras áreas de trabalho; para remoção de entulhos em diferentes níveis, utilizar equipamentos mecânicos ou calhas fechadas; • Para melhorar o trânsito de trabalhadores, deve-se providenciar rampas de acesso e escadas provisórias com vistas a atender à transposição de diferentes níveis que sejam com altura superior de 40 cm; • Instalar escadas, rampas e passarelas com madeiras de boa procedência e qualidade, construídas dentro dos padrões estabelecidos pela NR, com guarda- corpo e rodapé; • As máquinas de grande porte, como betoneiras, e áreas destinadas à carpintaria, devem ser instaladas sob cobertura, protegidas das intempéries climáticas; U1 38 O estudo de métodos e processos e a indústria da construção civil • As áreas de produção e as áreas de vivência devem ser devidamente identificadas e sinalizadas quanto aos riscos, as condições de conforto quanto a refeitório e fornecimento de água devem respeitar o estabelecido na NR-24, com uma proporção de um bebedor a cada grupo de 25 trabalhadores; • A área destinada a refeição deve conter local destinado ao aquecimento da refeição e realização da mesma; • As instalações sanitárias devem ter lavatório, vaso, mictório na proporção de um para cada grupo de 20 trabalhadores, um chuveiro para cada grupo de 10 trabalhadores, área de chuveiro com no mínimo de 0,80 m², e vestiário com armário individual e cadeado, conter bancos com largura mínima de 0,30 cm. • As vias de acesso aos vestiários e a saída da obra devem ser sinalizadas e isoladas das atividades desenvolvidas no canteiro. Outros cuidados que devem ser tomados quando da instalação do canteiro de obras é quanto às construções vizinhas, a análise de tubulações hidráulicas, de gás e elétricas deve ser avaliada; se necessário for realizar demolições, é importante que muros e paredes sejam devidamente estacados. Um fator muito importante tanto quanto as medidas físicas de prevenção é o treinamento dos funcionários do canteiro de obras, devendo estes passar por uma integração que lhes dê condições de compreender todo o funcionamento da obra, seu papel enquanto trabalhador deste segmento profissional, suas responsabilidades tanto com sua vida como com a dos outros; este treinamento é previsto pela legislação e tem duração mínima de seis horas. Com estes cuidados, que não são vistos como circunstanciais ou opcionais em um canteiro de obras na indústria da construção civil, sendo o único meio de promover uma nova fase para a construção civil, este segmento passa a ter uma conotação mais comprometida com a produtividade e com a segurança, como fator agregador ao produto fabricado. Assim sendo, é esperado que alguns benefícios imediatos sejam percebidos, tais como: a diminuição dos riscos de acidentes; ambientes que proporcionam maior conforto ao trabalhador e geram satisfação ao mesmo ajudam-no a aumentar sua produtividade, ambientes organizados reduzem o desperdício de materiais, melhora do visual do canteiro traz maior credibilidade ao trabalho ali realizado. As condições de cada etapa da obra estão regulamentadas e são resumidas quando é possível estabelecer claramente as fases, como, por exemplo, a carpintaria: deve ser dotada com mesas estáveis, carcaça de motor aterrada e lâmpadas de iluminação protegidas contra ejeção de partículas, deve ter piso resistente, nivelado e antiderrapante, com cobertura para que o trabalhador não fique desprotegido. Os armadores devem realizar as dobragens em bancadas ou plataformas estáveis, a área de trabalho deve ser coberta para proteção dos U1 39O estudo de métodos e processos e a indústria da construção civil trabalhadores contra queda de materiais e intempéries. A colocação de pilares e vigas deve ser feita de modo que se executem a prumagem, mesmo que de forma suspensa com marcação e fixação de peças; já as operações de soldagem e corte a quente, o dispositivo sempre deverá ser utilizado para manusear eletrodos que devem ter isolamento adequado à corrente que será utilizada. Como medidas de proteção contra queda de altura, fica estabelecido que em todo o perímetro da construção de edifícios com mais de quatro pavimentos é obrigatória a instalação de uma plataforma principal na altura da primeira laje logo depois da concretagem, deve atender à seguinte metragem: ter no mínimo 2,50m de projeção horizontal, e acima dela devem ser instaladas plataformas secundárias em balanço a cada três lajes. Todas estas são medidas físicas, mas tem também as de nível humano, onde os trabalhadores que operam as máquinas e equipamentos de transporte devem ter no mínimo Ensino Fundamental completo, caso não possuam experiência registrada na CTPS anterior a maio de 2011, e devem passar por treinamento e atualizações anualmente; e aos que executam manutenção das instalações elétricas, estes devem ter qualificação específica. Estes fatores na construção civil não eram pontuados como agregadores de valor até há alguns anos, mas nessa economia contemporânea todos esses pontos são extremamente relevantes, uma vez que é notório que esta multiplicidade de fatores pode causar
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