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DIREITO EMPRESARIAL IV 1ª PROVA Isabella Regina De França Oliveira Calazans 6º período de Direito da Faculdade de Direito Milton Campos Professor: Vinícius José Marques Gontijo Sala: 403 I – Introdução 1.1 Lei 11.101, 09/02/2005 – Lei de Falência Direito Intertemporal Falimentar: artigo 192 . A falência é processo, mas não é só processo, tem também um aspecto material falimentar. Existem processos intertemporais, ou seja, que foram protocolados antes da vigência da lei e permanecem em andamento após a entrada em vigor. Em 2005 o legislador preferiu por determinar o direito intertemporal falimentar no artigo 192. Em 09/06/2005 entrou em vigor a lei de falências. O artigo 192 rege que toda falência DECRETADA (sentença) na vigência da antiga lei de falências, será ela a ser aplicada até o encerramento do processo (Dec.-‐Lei 7.661/75). Toda falência REQUERIDA (protocolo) na vigência da antiga lei, será ela aplicada até a sentença falimentar exclusive. Antes de 09/06/2005 – Dec.-‐Lei 7.661/75 Depois de 09/06/2005 – Lei 11.101/2005 O artigo 99 da Lei 11.101/05 rege os requisitos da sentença de falência. Existiam dois tipos de concordata: preventiva e suspensiva. A concordata preventiva era requerida pelo devedor para evitar a falência. Já a suspensiva era um incidente processual decretada após a quebra (sentença de falência) que suspendia a eficácia da sentença visando a preservação do empresário (não da empresa). Atualmente, o artigo 192 veda o pedido de concordata, vez que foi criado outro instituto: Recuperação de Empresas, que será sempre preventiva. E os devedores que estavam em concordata no dia 09/06/2005? A lei previu um direito potestativo (sem justificativa necessária) para os concordatários, ou seja, de optar por manter-‐se na concordata ou convolar (transferir) para a Recuperação de Empresas. Mas a Lei 11.101/2005 rege que o Dec.-‐Lei se aplica àqueles falidos anteriormente à sua vigência e o Dec.-‐Lei prevê a concordata, então não seria este um direito adquirido? Não, não há direito adquirido em processo. Ninguém tem direito subjetivo à ação antes do exercício. 1.2 Conceito: É o processo promovido contra o devedor empresário em estado econômico especial: insolvência. Crítica: mais correto seria dizer contra o devedor legitimado. A falência brasileira não é purista como a francesa (apenas comerciantes) nem generalista como Alemanha e EUA (inclusive municípios e o País). O sistema falimentar brasileiro tem uma regra geral: artigo 1o: quem pode falir é o empresário, mas não só eles e não todos eles. Não é uma regra absoluta, tem exceções. *A falência representa uma execução coletiva. Existe a execução individual em que cada credor executa individualmente o devedor. A execução é coletiva na situação da falência para que todos os credores recebam algum direito e não um receba em detrimento do outro, vez que não há bens suficientes para suprir todas as dívidas. Sob o prisma: A) Objetivo: para o processo falimentar virão todos os bens e direitos penhoráveis do devedor, para COLETIVAMENTE serem vendidos para pagar os credores. B) Subjetiva: além de congregar todos os bens e direitos, se reunirão todos os devedores desse devedor comum. Qualquer credor pode pedir a falência do devedor. 1.3 Legitimidade A) Passiva: artigo 1o Quem pode ser réu da falência no Brasil? A regra geral está no artigo 1o: o empresário (físico ou jurídico), mas existem outras hipóteses: • Artigo 96, §1o: o primeiro não empresário que pode falir é o espólio do empresário individual até 1 ano após o óbito. • Artigo 81: o segundo não empresário que pode falir é o sócio de responsabilidade limitada em caso de sociedade que permita este tipo de sócio (e que tenha falido). • Artigo 16, Lei 6.019/74: o terceiro não empresário que pode falir é um caso muito polêmico, é a sociedade de trabalho temporário. Muitos autores consideram ser este um empresário. A sociedade de trabalho temporário aloca mão de obra especializada em épocas sazonais. Existem também empresários que não podem falir: artigo 2o • I – Empresa Pública e Sociedade de Economia Mista: compõe a administração indireta. O artigo 242 da Lei de S/A prevê que, se a Sociedade de Economia Mista se tornar insolvente, o erário do direito público deve pagar as dívidas. Mas de acordo com o artigo 173, §1o, II CR/88 rege a isonomia entre o público e o privado, ou seja, a CR/88 não teria acolhido a Lei de S/A em seu artigo 242. Essa questão foi parar no STF e ele decidiu de acordo com a CR/88: não se pode generalizar. A isonomia se aplica, então se a SEM explorar atividade econômica ou ato administrativo puro ela não poderá falir. Caso contrário poderá. Após a decisão do STF, no governo de FHC, foi criada a Lei 10.303/2001 e revoga o artigo 242 da Lei da S/A. Mas, na Lei 11.101/2005, em seu artigo 2o, I ressuscita a falência de Sociedades de Economia Mista e ainda as Empresas Públicas. Outra questão relativa a isso chegou ao STJ. A Lei de S/A rege as subsidiárias integrais (100%) e a dúvida de se a subsidiária integral de Empresa Pública poderiam falir. O STJ, ao julgar o REsp 729.779/RJ decidiu pela falência, argumentando que se empresários no Brasil podem falir, de acordo com o artigo 1o e as exceções são taxativas (regidas pelo artigo 2o), não poderia aplicar a analogia. •II – Instituição Financeira Pública ou Privada, Cooperativa de Crédito, Consórcio, Entidade de Previdência Complementar, Sociedade Operadora de Plano de Assistência à Saúde, Sociedade Seguradora, Sociedade de Capitalização e Outras Entidades Legalmente Equiparadas às Anteriores. Mas esse inciso deve ser interpretado c/c artigo 197, que rege que, enquanto não forem aprovadas as respectivas leis específicas, esta Lei se aplica subsidiariamente, no que couber, aos regimes previstos na lei 6.024/74 (C.I.L.E.) – Lei de Intervenção e Liquidação Extrajudicial de Instituição. O artigo 21, “b” desta lei rege que o Banco Central do Brasil (BACEN) pode requerer a falência da entidade em duas hipóteses: 1) Quando seu ativo não for suficiente para cobrir pelo menos a metade do valor dos créditos quirografários, ou seja, deve cobrir 100% dos créditos preferenciais; 2) Quando houver fundados indícios de crimes falimentares (artigo 180). A sentença que decreta a falência concede a Recuperação Judicial ou Extrajudicial do artigo 163 apresenta os crimes falenciais; por isso não é apropriado dizer crime falimentar. Qual a relevância penal de se praticar um crime falencial? Se não for um empresário ou outro agente legitimado não a relevância. Em verdade não são fundados indícios de crime falimentar, houve o crime mas falta a sentença. A sentença é condição objetiva, é crime próprio de falidos. B) Ativa: artigo 97 Quem são legitimados para requerer falência? Os autores da ação de falência. Primeiramente o credor (artigo 97, §2o). Para requerer a falência, em caso de credor estrangeiro, deve dar caução, por causa do pedido doloso. A mera petição de falência já é altamente prejudicial devido à publicidade negativa. O artigo 101 rege a punição ao pedido doloso de falência, o juiz, ao julgar improcedente, condena o autor a indenizar o réu, mas isso não existe na prática, é um absurdo. Existe ainda uma situação peculiar regida no artigo 97, §1o: apenas o empresário regular poderá requerer a falência, devendo demonstrar sua regularidade (cópia de registro na junta comercial, etc). No entanto, quando se tratar de autofalência (confessar), poderá ser empresário irregular (o artigo 105, IV rege a este respeito). Existem questões não previstas no artigo 97 e, por isso, são polêmicas. Poderá o juiz decretar a falência ex officio/de ofício? Não, não há no Brasil falência de ofício. E o artigo 53? Rege situações em que o juiz poderá, de ofício, convolar a recuperação em falência. Há, na verdade, uma fungibilidade das ações de recuperação judicial e a falência. O Ministro Público (“parquet”) também não poderá requerer a falência, porque até a CR/88 os promotores não recebiam salario, por isso poderiam também advogar. O legislador, temendo que os procuradores requeressem falência visando receber dinheiro, vez que recebiam parte das custas dos processos em que trabalhavam. Atualmente os procuradores têm salario, mas essa tradição de não serem legitimados permaneceu por inércia. Pode a Fazenda Pública requerer a falência? Tem legitimidade passiva, mas não tem interesse processual (que é necessidade + utilidade – artigo 3o). O STF decidiu que não há interesse processual de acordo com o artigo 187 do CTN (Código Tributário Nacional). REsp 164.389/MG; REsp 138.868/MG; REsp 287.824/MG; REsp 363.206/MG. Portanto, o processo deverá ser extinto sem julgamento de mérito por falta de interesse processual, nos termos do artigo 3o do CPC/73. 1.4 Competência: O artigo 3o rege qual o juízo competente para homologar o plano de recuperação extrajudicial, deferir a recuperação judicial ou decretar a falência: o juízo do local do principal estabelecimento do devedor. Existem três teorias para o que é o local do principal estabelecimento: • 1a Teoria: Waldo Fazzio Jr (não tem muita sustentação jurídica) – principal estabelecimento é o de maior fatura, maior movimentação financeira. É irrelevante o maior faturamento, não interessa juridicamente. STJ: CC 37.736/SP – a competência falimentar é absoluta, deve ser decretada de ofício. Como o juiz saberia qual devedor tem maior faturamento? • 2a Teoria: Luiz Tzulrinik (Promotor de SP) – defende que principal estabelecimento é a sede social. Decorre da antiga Lei Falimentar (pior que a 1a Teoria). • 3a Teoria: Trajano de Miranda (é a teoria adotada) – principal estabelecimento é a sede administrativa. Veja-‐se: STJ: CC 366/PR; CC 21.775/PR; CC 21.875/DF; CC 33.988/RJ *A falência não extingue a personalidade jurídica nem material do falido. A massa falida é uma unidade de direito sem personalidade jurídica, que é representada pelo administrador. Artigo 45 e 51 do CCB regem o nascimento da personalidade jurídica com o registro e sua dissolução. A falência ocasiona uma limitação na capacidade civil do devedor, que perderá a posse e a administração de seus bens, nos termos dos artigos 102 e 103 da lei de falência. 1.5 Finalidade: O artigo 75 rege a finalidade da falência. ESTE É O ARTIGO MAIS IMPORTANTE DE FALÊNCIA! O artigo 47 é o mais importante em matéria de recuperação de empresas. A lei de falência visa preservar a empresa, a atividade empresaria, segundo a teoria da preservação. O artigo 47 rege a mesma finalidade, ou seja, a recuperação de empresas tem a mesma finalidade da ação de falência. No entanto, o artigo 75 rege que o processo de falência atenderá aos princípios da celeridade e daeconomia processual, o que não está na redação do artigo 47. Esse parágrafo único do artigo 75 é inútil, porque esses são os princípios do processo, não precisam ser regidos novamente. A recuperação de empresas visa também a preservação do empresário, não apenas a empresa. DECRETO-‐LEI 7.661/45: LEI 11.101/2005: pedido FASE POSTULATÓRIA (pré-‐processual) FASE DA SINDICÂNCIA (investigação) FASE DA LIQUIDAÇÃO sentença de falência edital artigo 114 Fase que mais dura no processo. 05 dias – para pedir a concordata suspensiva, evitando a liquidação (não existe mais). pedido FASE POSTULATÓRIA FASE ADMINISTRATIVA FASE DE LIQUIDAÇÃO sentença falimentar 1.6 Meio de Implementação: Realização do Ativo 1) A realização do ativo é o que permite a preservação da empresa. 1. O artigo 140 prescreve a ORDEM de venda dos bens: 1o – Estabelecimentos Conjuntamente – por causa do aviamento (perspectiva de rentabilidade do negócio) – o valor supera o somatório dos bens. Quem compra, presumidamente, pretende continuar a atividade empresarial, de forma a preservar a empresa e a atividade empresarial. 2o – Se ninguém se interessar pelos estabelecimentos conjuntamente, vende-‐se cada estabelecimentos separadamente, ainda de “porteira fechada”, ou seja, com tudo dentro. Imagina-‐se que aquele que comprar continuará com as atividades da empresa. 3o – Não havendo o interesse em comprar o estabelecimento inteiro, haverá uma venda em bloco dos bens que o compõe. É uma forma de potencializar a formação de outro empreendimento semelhante àquele, visando a manutenção de atividade empresarial, ainda que em outro local. Incisos I, II e III são modalidades de falência preservatória. 4o – Ainda, se ninguém se interessar pela compra em blocos dos bens, será feita, como última solução, a venda dos bens individualmente. Neste caso será uma falência meramente liquidatória. *Não existe preço vil em falência, pode ser vendido por qualquer preço. Mas quem compraria um estabelecimento com dívidas ocultas? Como de emprego, tributária, previdenciária, etc. Ninguém compraria, por isso não adiantaria que o Estado fizesse todos os esforços do artigo 140 para preservar a empresa para ninguém querer comprar. Por isso, o artigo 141 determina que o empreendimento liquidado na falência não terá ônus. Então o ônus real cai, não há sequela após falência. O direito do credor é de habilitar seu direito/dívida na massa falida, segundo a classe de Credores com Garantias Reais. A compra na falência é muito semelhante à modalidade originária de posse, porque o adquirente não herda nada, começa do zero. Vida a preservação da atividade empresária. 2) Modalidades: A doutrina classifica a realização do ativo em duas modalidades com base na lei: A) Ordinárias: Previstas no artigo 142, determinam 3 modalidades ordinárias que o juiz pode escolher: 1. Leilão: oferecimento de lances orais. MP deve estar presente. 2. Propostas Lacradas/Fechadas: juiz fixa data limite para entregarem propostas em envelopes lacrados, depois designará audiência para abertura dos envelopes – o maior valor vence. MP deve estar presente. 3. Pregão: duas fases – da 2a fase só participam aqueles que se habilitarem na 1a fase, que é de propostas lacradas. A 2a fase é o leilão. A 1a fase é por propostas lacradas, somente se habilitam aqueles que apresentarem proposta de, no mínimo 90% do maior preço. O leilão da 2a fase se iniciará no maior preço ofertado. Exemplo: A oferece 100; B oferece 95; C oferece 90; D oferece 89,90; E oferece 76. D e E estarão automaticamente eliminadas, porque o maior preço foi 100 e o mínimo necessário para participar seria 90. O pregão começará a 100 entre A,B e C. B) Extraordinárias: O artigo 35, II, “c” determina que a AGC (Assembleia Geral de Credores) pode escolher/deliberar qualquer modalidade lícita de realização de ativo, não se prende às ordinárias. O que a AGC definir será acatado, ainda que o juiz tenha deliberado outra modalidade. A escolha da AGC prevalece. II – Recuperação de Empresas 2.1. Introdução da Recuperação: A recuperação substituiu a concordata, mas são autônomos (nada a ver um com o outro). Ambas tem a mesma origem, ambas se pautam na solidariedade de credores (os empresários sempre foram muito descriminados, por isso se uniram). 2.2. Finalidade: Preservação da empresa, ou seja, da atividade empresária e secundariamente do empresário – artigo 47. 2.3. Natureza Jurídica: Natureza jurídica é aquilo que torna o instituto único. A recuperação de empresas é um processo de jurisdição voluntária e natureza contratual, segundo entendimento do STJ: REsp 1.314.209/SP. Não existe coisa julgada material, porque é de jurisdição voluntária. Há apenas coisa julgada formal. Por isso, o juiz pode convolar em falência posteriormente. Não existem réus nem julgamento, existem interessados e convoca-‐se uma AGC para decidir. 2.4. Conceito: É ação de jurisdição voluntária proposta exclusivamente pelo devedor visando à repactuação de seu passivo afim de preservar sua empresa (atividade empresária). Como consequência, o devedor também é preservado. 2.5. Espécies: Existem duas espécies que se subdividem em outras 2 subespécies: 1) Extrajudiciais: o devedor convoca seus credores, fora de juízo e repactua comeles o passivo. Há três credores e cinco créditos blindados contra os efeitos da recuperação judicial. Os três credores, nos termos do artigo 161, §1o, são: -‐ Fazenda Pública (crédito tributário); -‐ Trabalhador (crédito do empregado); -‐ Acidentado do Trabalho (hipossuficiência). Os cinco créditos excluídos são elencados no artigo 49, §3o e §4o: -‐ Alienação fiduciária em garantia; -‐ Arrendamento mercantil (leasing); -‐ Contrato que goze de reserva de domínio (até aqui refere-‐se aos bancos); -‐ Compra e venda de imóveis, desde que haja cláusula de irrevogável ou irretratável; -‐ ACC (Contrato de Antecipação de Câmbio), muito comum exportação de um produto que ainda não existe nem se tem o dinheiro para produzir. O governo, através do ACC, adianta o dinheiro para o exportador a juros baixíssimos, para financiar o exportador, vez que é muito importante a exportação para o Brasil. Esse dinheiro é público e o erário público é limitado, portanto o ACC não se sujeita a nada, nos termos da Súmula 307 e 36 do STJ. Existe ainda a trava bancaria ao pedido de recuperação de empresas: Alienação fiduciária em garantia: DL 911/69. Existem três espécies de alienação fiduciária: *Propriedade fiduciária; *Endosso fiduciário (endosso impróprio – alienação fiduciária por título de crédito); *Cessão fiduciária (de crédito). O Banco passa a utilizar o endosso fiduciário e a cessão fiduciária para financiar o exportador. O banqueiro identifica o faturamento em cartão de crédito/débito e antecipa 6 meses de faturamento de cartão para o exportador, em troca de cessão fiduciária do cartão, ou seja, tudo que receber vai para o banqueiro, impedindo a recuperação judicial. Inicialmente, os tribunais se colocaram contra os banqueiros, destravando o pedido de recuperação (TJMG: AI 1.0079.09.946838-‐5/002) – artigo 49. O STJ valida a trava bancaria, determinando que esse crédito não se sujeita à recuperação de empresas, entendendo que o artigo 49 pretendia reger a alienação fiduciária e não a propriedade fiduciária, interpretando extensivamente a exceção (STJ: REsp 1.202.918/SP). 1. Modalidades Extrajudiciais: A) Homologação Judicial Facultativa: Artigo 162 – dá se toda vez que o devedor obtiver a aceitação expressa de todos os credores que ele pretendia abranger por seu plano de recuperação extrajudicial e desde que atenda aos requisitos da lei e não esteja impedido. Para que requerer a homologação se todos os credores estão de acordo? Apenas pela segurança da coisa julgada (a segurança é para ambas as partes) – mas na prática não é muito utilizado. *Na recuperação extrajudicial não há a necessidade de se incluir todas as classes de credores (nem todos os credores de uma mesma classe). B) Homologação Judicial Necessária/Obrigatória: Toda vez que o devedor não obtiver aceitação expressa de todos os credores que ele pretendia abranger no seu plano, mas houver obtido aceitação de credores que representem mais de 3/9 (60%). financeiramente considerado em cada classe de credores abrangida pelo plano desde que atendidos os requisitos e não haja impedimentos, o devedor deverá requerer homologação judicial de seu plano. Finalidades: segurança da coisa julgada e compelir os dissidentes aos termos do plano de recuperação apresentado pelo devedor (artigo 163). Não pode-‐se convolar recuperação extrajudicial em falência. 2) Judiciais: apenas um credor a ela não se submete: a Fazenda Pública está excluída (artigo 6o, §7o). Artigo 49, §3o e §4o – os 5 créditos também não se submetem. 1. Modalidades Judiciais: A) Especial: Artigos 70 a 72. É facultada exclusivamente a EPP e ME. Mas nada impede que uma ME ou EPP requeira uma recuperação extrajudicial ou judicial ordinária. A especial não tem natureza jurídica contratual, mas de direito. É uma exceção. Atendidos os requisitos da lei, não havendo impedimento, o juiz decreta a recuperação judicial especial, sem consultar os credores. Quando muito, os credores podem reunir-‐se em assembleia para dizer que preferem a falência. O plano consiste em parcelar o passivo em até 36 parcelas mensais iguais e sucessivas, corrigidos pela SELIC e com carência de até 180 dias para pagamento da 1a parcela (LC 147/14). Poderá prever desconto sobre o valor do crédito sujeito ao plano. A recuperação especial pode ser dilatória (prazo, sem desconto), remissória (à vista, com desconto) ou mista (prazo, com desconto). O devedor sofrerá duas limitações à sua capacidade de contratar: proibidas novas contratações, salvo prévia e expressa autorização judicial (se contratar sem autorização, o contrato é nulo e responderá criminalmente – crime falencial); proibido de celebrar novos contratos que implicam em aumento de despesas, salvo prévia e expressa decisão judicial. B) Ordinária: Oferta de contrato de adesão. III – Falência 3.1.1 Insolvência (autor deve habilitar o crédito) A) De Fato ou Econômica: Está conceituada no artigo 748 CPC/73. O NCPC manteve a ação de insolvência civil, continuando a ser regida pelo CPC/73. “Dá se a insolvência econômica toda vez que o passivo exigível ultrapassa o ativo”, ou seja, quando as dívidas forem maiores que os haveres. Os artigos 1190 e 1191 CCB blindam o empresário da fiscalização do Estado sob os tributos do empresário. “O juiz só poderá autorizar a exibição integral de livros e papeis quando necessários para conflitos internos da sociedade ou em caso de DECRETAÇÃO da falência (sentença)”– é a exceção à blindação que a lei estabelece para o empresário contra o assédio. O legislador abdica dessa insolvência e adota a jurídica. B) Jurídica: A falência não é falta de dinheiro, é uma declaração judicial. Não tem a ver com dinheiro, não é uma ruína econômica, é uma ruína jurídica que se baseia em presunções. O sistema misto falimentar brasileiro prevê dois meios de exteriorizar da intimidade do devedor sua ruína jurídica, que autoriza a decretação da falência. 3.1.2 Meios de Exteriorização de Intimidade do Devedor: A) Impontualidade: Artigo 94 I – Extrajudicial: Se caracteriza pelo ato EXTRAJUDICIAL. Existem dois tipos de obrigação: Quesíveis ou Portáveis (Querable et Portable). Nas Quesíveis o credor deve apresentar a dívida ao devedor para receber e, nas portáveis, o devedor deve procurar o credor para pagar. No Brasil, as obrigações se presumem quesíveis. A impontualidade se caracteriza pelo protesto, que será sempre obrigatório/necessário na falência. O artigo 23 da Lei de Protestos (9492/97) dispõe sob o protesto especial para fins de falência. O protesto cambial por falta de pagamento supre a necessidade do protesto especial com fins falimentares, desde que se revista das formalidades do processo especial, quais sejam: 1. local em que se lavra o protesto – deve ser a praça do local do foro competente para conhecer do pedido de falência, ou seja, local do principal estabelecimento (sede administrativa); 2. credor com mais de 40 salários mínimos. II – Judicial: Devedor executado por qualquer quantia líquida, não paga, não deposita e não nomeia a penhora bens suficientes dentro do prazo. A mora se identifica pela citação judicial válida ou intimação para cumprimento de sentença (artigo 475-‐ J). O STJ entende que é necessária apenas a suspensão (e não a desistência) de execução de crédito para requerer falência (o precedente foi o REsp 6.782-‐0/RS – RT699/177). *A presunção que decorre da impontualidade é absoluta ou relativa? Artigo 98, parágrafo único. É uma presunção relativa. Para haver presunção é necessário, primeiramente, comprovação dos pressupostos para a presunção. A absoluta não admite prova em contrário e a relativa admite. A impontualidade é uma presunção relativa porque permite que o devedor apareça e pague. O depósito elisivo realizado a tempo e modo hábeis impede a decretação da falência. O depósito elisivo deve ser feito no prazo de contestação, que é de 10 dias. O modo é por dinheiro, ou seja, a dívida com juros, correção monetária e honorários advocatícios deve ser paga integralmente em dinheiro e sem parcelamento. Porque o credor entra com a ação de falência? Na teoria seria para receber a dívida, para não ter outro credor recebendo antes em detrimento deste, etc. Mas na prática, a razão é o depósito elisivo, o credor procura RECEBER. Feito o depósito elisivo, o juiz não pode decretar a falência, portanto o pedido é improcedente. Mas, mesmo perdedor, o devedor paga os honorários advocatícios. Porque? Devido à teoria da causalidade? Por ter dado causa ao processo? Não só isso. É por causa do artigo 98: “Caso julgado procedente o pedido de falência”. Mas há ai uma crítica: como pode o pedido de falência ser julgado procedente se o juiz não pode mais decretar a falência? Uma vez que não é possível decretar a falência após o pagamento elisivo, portanto se torna ação de cobrança e a COBRANÇA é procedente. Se julgada procedente a cobrança, o autor levantará os autos. B) Atos Ruinosos (ou de falência): Artigo 94: III (e alíneas) – Prescreve condutas TÍPICAS que, uma vez praticadas pelo devedor, fazem presumir sua ruína jurídica, autorizadora da falência. Só é possível elidir a falência com o pagamento. Se apresento prova de título falso, protesto falso, etc. o pedido de falência é julgado improcedente porque não há presunção a ser elidida. *Não é necessário que o título seja protestado ou mesmo vencido. Mas o título deve ir aos autos para provar a legitimidade. Basta provar a conduta do devedor e que seja atual. O título estará nos autos para provar a legitimidade ativa devido ao interesse processual. Não faz sentido esperar o vencimento do título se os atos ruinosos são agora. Uma conduta que era típica na antiga lei de falência, mas deixou de ser é o chamamento de credores para repactuar o passivo (chamada de concordata branca). Mas a nova lei não apenas “destipifica” como ainda incentiva essa conduta, que agora é chamada de RECUPERAÇÃO EXTRAJUDICIAL. A presunção decorrente dos atos ruinosos é absoluta ou relativa? É absoluta, porque não cabe depósito elisivo, apesar de caber discussão a respeito da ocorrência dos pressupostos necessários para a presunção, porque não há cerceamento de defesa. *Alínea G, vai voltar nela no último dia de aula para explicá-‐la. 3.2 Sistema de Defesa: A) Impontualidade: artigo 96 (exemplificativo) O princípio que vem do artigo é o princípio da concentração da defesa no processo falimentar, ou seja, toda matéria de defesa deve ser arguida em peça única de contestação. O devedor poderá fazer a contestação, o depósito elisivo ou poderá cumular (contestação + depósito elisivo). B) Atos Ruinosos: Quando se trata de atos ruinosos no entanto, só caberá a contestação.
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