Buscar

Permacultura: as técnicas, o espaço, a natureza e o homem.

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 87 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 87 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 87 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA 
INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS 
DEPARTAMENTO DE ANTROPOLOGIA 
 
 
 
 
 
 
 
 Permacultura: as técnicas, o espaço, a natureza e o homem. 
 
 
 
 
 
 
 
 Danielle Freitas Henderson 
 
 
 
2012 
 
 
2 
 
BRASÍLIA 
2012 
DANIELLE FREITAS HENDERSON 
 
 
 
 
 Permacultura: as técnicas, o espaço, a natureza e o homem. 
 
 
Monografia apresentada junto ao Instituto de 
Ciências Sociais da Universidade de Brasília, 
para obtenção do grau de Bacharel em 
Ciências Sociais, com habilitação em 
Antropologia. 
 
 
 
 
Orientador: Prof. Dr. Carlos Emanuel Sautchuk– DAN/UnB 
 
 
 
COMISSÃO EXAMINADORA 
 
 
 
______________________________ 
 Prof. Dra. Andéa Lobo 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
The most fundamental thing about life is that it does not begin here or there, but is 
always going on. (INGOLD, p. 172, 2010). 
 
4 
 
Agradecimentos 
 
Ao amor e à cooperação. 
Ao coração, pai. À minha mãe, e também ao Gui. 
À cultura permanente, C.J., Adriano Cáceres e Ana Paula Boquadi, Marcelino e Abadia, ao 
Juã, Ernst, Rafael Poubel, Eduardo Rocha, Mônica Passarinho, Julio Itacaramby... todos do 
IPEC, Layla Soares, todos do IPOEMA, Geranium, Oca Brasil... 
Ao pessoal do colégio: professora Bernadete, que me fez interessar pelas ciências sociais, 
Henrique dos Prazeres, Igor, Mariana Sena, Isabela, Ana Luíza, Scarlett... 
Aos que falaram pela primeira vez em “Permacultura”: Arthurzinho, Victor Baga (que plantou 
muitas sementes e muito amor, agora é mais amor ainda), Felipe Semente... 
Aos amigos que se mostraram disponíveis para ajudar: Mariana Cruz, Danilo Antão, Gustavo 
Brito, Pedro Coutinho, Nath Shneck que ajudou com o vídeo, Rômulo, Hermes que me 
emprestou as apostilas (há anos), aos AMIGOS. 
Aos que simplesmente mostraram interesse. 
Aos que perguntaram o que é Permacultura, e foram muitos... 
À professora Kelly que se mostrou aberta mesmo no meu momento mais perdido na 
universidade. À professora Andréa Lobo, que me deu o apoio inicial... 
Ao ISPN (Instituto Sociedade População e Natureza) e à União Européia, os quais sem o 
apoio financeiro este trabalho jamais seria realizado e concretizado da maneira como foi: 
única. 
À paciência. 
 
 
 
 
 
5 
 
Resumo 
 
A permacultura se caracteriza como uma ciência que tem como base as práticas 
“culturais” tradicionais, indígenas e ancestrais em relação às plantas e aos animais. O presente 
trabalho visa descrever a permacultura, mais especificamente a permacultura praticada no 
Distrito Federal e entorno, com as observações de campo feitas em suas principais 
localidades. Bem como, apresentar como um sítio permacultural é planejado através de um 
desenho dinâmico, ou design permacultural. Os objetivos do trabalho se resumem em refletir 
sobre em que medida organização do espaço - físico e temporal - da Permacultura pode 
interferir nas relações sociais e na composição do ser humano (percorendo do concreto ao 
abstrato) e, assim transparecer que as atividades e as técnicas possuem um caráter 
extremamente relevante para a organização do social e da pessoa em um ambiente 
permacultual, e também de repensar sobre a posição da permacultura dentro do discurso 
moderno ambientalista. Desta forma entende-se que a permacultura se caracteriza pela 
complementação de dois pares ditos “opostos”: a engenharia e a bricolagem (ciência e 
experimentação tradicional). Além disso, apresentar a permacultura como uma nova 
ideologia/utopia, um ambientalismo moderno com bases no passado e no futuro, 
simultaneamente. 
 
Palavras-chave: Permacultura; Design Permacultural; Ser humano; Práticas 
Tradicionais; Ancestralidade; Ciência; Bricolagem; Ambientalismo. 
 
6 
 
Lista de Ilustrações 
 
Figura 1: Flor da Permacultura............................................................................................21 
Figura 2: Ciclagem energética na permacultura (exemplo).................................................23 
Figura 3: Planejamento por zonas feito por Adriano Cáceres para um projeto pemacultural no 
Bairro do Tororó, Santa Maria, DF......................................................................................25 
Figura 4: Planejamento por setores para o mesmo bairro feito por Adriano Cáceres........25 
Figura 5: Cláudio Jacintho no mais recente viveiro da Asa Branca, 2011.........................33 
Figura 6: Sítio Semente.......................................................................................................33 
Figura 7: Chácara Santa Rita..............................................................................................34 
Figura 8: Sítio Tamanduá. Construção da casa principal....................................................35 
Figura 9: Banheiro seco do Espaço Ilumina.......................................................................36 
Figura 10: Piscina Sítio Geranium......................................................................................37 
Figura 11: A torre de Barro................................................................................................38 
Figura 12: Ecocentro IPEC área transformada...................................................................39 
Figura 13: Cabana na Agrofloresta em Oca Brasil.............................................................39 
Figura 14: Cartaz de divulgação do curso de Agroflorestas..............................................43 
Figura 15: Curso de Agroflorestas com Ernst Götsch, em novembro de 2010..................43 
Figura 16: Bioconstruindo tijolos de adobe.......................................................................48 
Figura 17: Oficina de horta agroecológica no espaço Ilumina. Nas fotos: hortas mandala e 
bioconstrução......................................................................................................................50 
Figura 18: Curso de aglofloresta. Aluno utilizando o facão para poda extração de matéria 
orgânica..............................................................................................................................51 
Figura 19: Casa de taipa sem reboco e com rachaduras. E casa de taipa com reboco......53 
Figura 20: Diagrama "Pétalas da Permacultura"...............................................................70 
 
 
7 
 
Sumário 
Agradecimentos .......................................................................................................................... 4 
Resumo ....................................................................................................................................... 5 
Sumário ....................................................................................................................................... 7 
Introdução ................................................................................................................................... 8 
Capítulo 1 – A Permacultura .................................................................................................... 15 
1. Descrição .......................................................................................................................... 15 
1.1 Histórico ..................................................................................................................... 15 
1.2 Princípios básicos relacionados à Permacultura ......................................................... 17 
1.3 Planejamento Permacultural (Design Permacultural)................................................. 21 
1.4 Padrões Naturais ......................................................................................................... 26 
1.5 Grupos de pessoas, redes,comunidades e instituições no Brasil ............................... 26 
2. Técnicas Utilizadas na Permacultura ............................................................................. 28 
2.1 Agroecologia e Sistemas Agroflorestais..................................................................... 28 
2.2 Bioconstruções ........................................................................................................... 30 
2.3 Captação e Manejos das águas ................................................................................... 31 
2.4 Energias Alternativas .................................................................................................. 32 
3. Permacultura no Distrito Federal e entorno ...................................................................... 32 
3.1 Chácara ou Centro de Permacultura Asa Branca ................................................... 32 
3.2 Sítio Semente.......................................................................................................... 33 
3.3 Chácara Santa Rita ................................................................................................. 34 
3.4 Sítio Tamanduá ...................................................................................................... 34 
3.5 Espaço Ilumina ....................................................................................................... 35 
3.6 Sítio Geranium ....................................................................................................... 36 
3.7 Chácara Torre de Barro .......................................................................................... 37 
3.8 Ecocentro IPEC ...................................................................................................... 38 
3.9 Oca Brasil ............................................................................................................... 39 
Capítulo 2 – O tempo, o Espaço e o Corpo .............................................................................. 41 
1. Tempo e Espaço............................................................................................................. 41 
2. Técnicas do corpo .......................................................................................................... 46 
2.1. Bricolagem ............................................................................................................. 56 
Capítulo 3 – O sítio como um sistema e a Terra como um organismo vivo. ........................... 60 
1. A teoria, ou hipótese, de Gaia ....................................................................................... 60 
2. O Sitio como um Sistema .............................................................................................. 66 
2.1. Natureza, trabalho e... cultura ................................................................................ 67 
3. Permacultura e CULTURA ........................................................................................... 72 
4. Ambientalismo e Desenvolvimento Sustentável ........................................................... 76 
Considerações Finais ................................................................................................................ 79 
Referências Bibliográficas:....................................................................................................... 81 
Referências Eletrônicas ............................................................................................................ 84 
Apêndice ................................................................................................................................... 85 
Anexo........................................................................................................................................87 
 
8 
 
Introdução 
 
Eu cresci em uma pequena vila na Tasmânia. Tudo de que precisávamos, 
fazíamos. Fazíamos nossas próprias botas, nossos artefatos de metal. Nós 
pescávamos nosso próprio peixe, produzíamos a comida e fazíamos pão. Eu 
não conhecia ninguém vivendo lá que tivesse um só trabalho, ou qualquer 
outra coisa que pudesse ser definida como emprego. Todos trabalhavam em 
várias coisas. 
Até os 28 anos de idade, eu vivia uma espécie de sonho. Passava a maior 
parte do tempo no mato ou no mar. Pescava e caçava para ganhar a vida. 
Nos anos 50, eu comecei a perceber que grande parte dos sistemas naturais, 
nos quais eu vivi, estavam desaparecendo. Cardumes de peixes estavam 
diminuindo. As algas que cobriam a praia começavam a desaparecer. 
Grandes áreas de floresta estavam morrendo. Até então, eu não tinha 
apercebido que esta natureza me era muito querida, que eu estava 
apaixonado por minha terra. (MOLLISON, p. 5, 1998). 
 
 
A permacultura é a “integração harmoniosa entre as pessoas e a paisagem, provendo 
alimento, energia, abrigo e outras necessidades, materiais ou não, de forma sustentável” 
(MOLISSON, 1998, p. 5). 
Seguindo as palavras de Mollison, o presente trabalho se propõe em analisar 
antropologicamente: a relação (ou “integração harmoniosa”, como ele mesmo disse) entre as 
“pessoas e a paisagem”, abordando os conceitos de natureza, trabalho e cultura na 
permacultura; Se propõe também em apresentar a forma de prover o alimento, a energia e o 
abrigo que através das técnicas de agrofloresta, captação de água da chuva, bioconstruções 
etc. (que também são técnicas do corpo) constituem o psicológico, o orgânico e o social do 
“homem total” (MAUSS); E rever a forma “sustentável” da permacultura, forma que se 
caracteriza como a auto-regulação do sistema sito e, a inserção da permacultura no contexto 
do ambientalismo moderno, como uma nova ideologia/utopia (RIBEIRO, 1992). 
A relação de subordinação entre o homem e a natureza, esta subordinada ao primeiro, 
tem sua origem muito antiga e mesmo sofrendo algumas modificações com o decorrer o 
tempo, e com uma crescente simpatia do homem para com animais e plantas, a relação de 
subordinação continuou a sobressair. Por exemplo, bosques e pomares no século XVIII, assim 
como eram os cães, eram simpáticos aos ingleses. Já as florestas, assim como as raposas, eram 
consideradas selvagens, de acordo com o pensamento vigente na época. 
A relação entre o homem e o mundo natural sofreu várias modificações com o passar 
do tempo. Keith Thomas aborda essas mudanças de atitude em relação às plantas e aos 
 
9 
 
animais entre 1500 e 1800, apresentando uma análise história e as concepções que tomamos 
como verdade tanto para subordinar quanto para exaltar a natureza. 
Entretanto, natureza e ambiente devem ser distinguidos, conforme nos faz perceber 
Tim Ingold. Natureza abrange um mundo físico cercado de objetos neutros e é um produto de 
interpretação – aparente para o observador -, já o ambiente cerca e é cercado, está 
constantemente em relação. 
It is clearly necessary to distinguish between the concepts of ‘nature’ and 
‘environment’. I shall call the former reality of the physical world of neutral 
objects apparent only to detached, indifferent observer, and latter reality for 
the world constituted in relation to the organism or person whose 
environment it is. Only for a subject that can totally disengage itself from its 
life in the world can reality for coincide with reality of. (INGOLD, 1992.) 
 
Neste trabalho será feito o uso dos dois termos tentando realocá-los de acordo com a 
distinção de Ingold, porém, no contexto vivido na etnografia, o uso da palavra natureza 
apresenta-se em sua forma de relação. Sendo assim, natureza e “meio ambiente” são termos 
utilizados pelos interlocutores, em sua maioria das vezes, como tendo o mesmo significado. 
Outra diferença apresentada por Ingold
1
 e que será, aqui, especialmente abordada é a 
da percepção do ambiente “naturalmente” construída (entre os animais) e a “culturalmente” 
construída (entre os seres humanos). A possibilidadeé que, diferentemente dos animais, os 
humanos não somente constroem seus ambientes como os projetam. A percepção do ambiente 
pelos seres humanos, segundo o autor, seria como se fossemos designers
2
, dando forma e 
função à matéria prima. 
Utilizando o raciocínio proposto por Ingold, podemos então interpretar, tendo em vista 
a crise ambiental moderna, que o ser humano está sofrendo problemas em relação à projeção 
de seus ambientes. Observando algumas catástrofes naturais e a má projeção das cidades, 
podemos constatar que este diferencial tão grandioso humano ainda não encontrou a ou 
planejamento ou a forma adequada. 
As consequências disso são as duas grandes crises que a humanidade está enfrentando, 
a crise energética e a crise ambiental. Algumas correntes da modernidade defendem o 
pensamento de que existem evidências suficientes para sugerirmos que estas duas crises, nada 
mais são do que uma decorrência de uma civilização capitalista e consumista, que utiliza 
como paradigma norteador o paradigma do lucro, imposto pelo grande capital e pelo sistema 
financeiro internacional. Porém, até mesmo o ambientalismo já se tornou transversal, como 
 
 
1
 Ingold baseia-se na abordagem ecológica de Gibson e sua teoria sobre a percepção do ambiente. 
2
 Mantenho o termo designers, empregado por Ingold em inglês. 
 
10 
 
coloca Gustavo Lins Ribeiro (1992), ele tem penetração nas mais diversas redes sociais na 
atualidade, como nas instituições políticas e econômicas. 
As conseqüências destas duas crises, segundo algumas correntes da modernidade, 
seriam nefastas para a sociedade, e tenderiam a piorar muito. A previsão é que poderíamos 
esperar para as próximas décadas um cenário de alta generalizada no preço dos alimentos, alta 
no preço dos combustíveis, alta no preço dos materiais de construção, das roupas, dos 
medicamentos e de todos os produtos que dependem direta ou indiretamente do petróleo. E, o 
cenário catastrófico só tenderia a piorar cada vez mais. 
Nesse contexto, podemos apontar que a permacultura configura-se, segundo seus 
autores, como uma solução muito interessante para a construção do novo paradigma, baseada 
na utilização racional e responsável dos recursos naturais e no planejamento e na execução de 
ambientes humanos que sejam realmente sustentáveis, no sentido de suficiência. A 
permacultura seria uma resposta para este tipo de pensamento, defendido por algumas 
correntes da modernidade. 
O conceito de permacultura surgiu nos anos 70, em virtude dos trabalhos e 
observações do Australiano Bill Mollison e do estadunidense David Holmgren. Tais autores 
partiram da observação de sociedades tradicionais, bem como de suas técnicas de agricultura. 
A etimologia da palavra é a fusão das palavras agricultura e permanente, ou de cultura e 
permanente, pois parte do princípio de que a espécie humana não poderá se perpetuar muito 
tempo no planeta sem uma cultura, ou uma agricultura que seja, de fato, permanente. 
Nesse sentido, foi estabelecida a definição clássica da Permacultura como sendo uma 
ciência transdisciplinar e uma metodologia de planejamento e execução de ambiente humanos 
que sejam de fato sustentáveis, o que pretende transcender a chamada “retórica da 
sustentabilidade”. Ou seja, a Permacultura é de certa forma a aplicação prática de vários 
conceitos de sustentabilidade. 
Atualmente, a maioria dos especialistas em Permacultura admite que trata-se de uma 
nova ciência holística, capaz de valorizar e aproveitar os conhecimentos tradicionais, em 
consonância com o conhecimento científico e com a tecnologia disponível, com o uso 
mínimos de insumos fósseis (petróleo). 
O design permacultural é o elemento principal dentro da Permacultura, nele estão 
envolvidos: a observação do terreno, os elementos que farão parte deste espaço e a posição 
dos elementos para melhor o aproveitamento de energia. Este planejamento aponta o 
 
11 
 
diferencial humano na Permacultura, que utiliza da observação de artifícios naturais
3
 como 
base para a organização, manejo e alocação da matéria bruta. 
A análise da organização do espaço do sítio de acordo com os princípios da 
Permacultura nos permite observar a capacidade de se desenvolver um design dinâmico e, 
assim a mudança na relação humana com os fenômenos naturais, as plantas e os animais. 
Transparecendo que a transformação da matéria bruta, a organização material, o espaço físico, 
bem como as técnicas estão todas inseridas em um ambiente de relação que constrói e 
constitui o sujeito humano. 
Desta forma, podemos estabelecer que um dos principais objetivos propostos pela 
Permacultura é a criação de ambientes humanos saudáveis, harmônicos e produtivos, o que 
teria o potencial para ser uma verdadeira revolução no que diz respeito à relação do ser 
humano com o meio ambiente. 
A Permacultura possui um campo material, bem como um campo “cosmológico
4
”. È 
um sistema de técnicas e de princípios éticos. É uma mudança da forma de viver a vida ao 
mesmo tempo em que é uma mudança no conteúdo do pensamento. Se coloca como uma 
alternativa viável e “sustentável” para a sociedade
5
. 
Segundo a perspectiva de boa parte das pessoas envolvidas na permacultura, embora 
seja cada vez mais crescente o número de pessoas que se mostram preocupadas com o meio 
ambiente e o futuro das próximas gerações, observa-se que as tentativas de se construir um 
“mundo sustentável” estão quase sempre atreladas a perspectivas limitadas e reducionistas. 
Pois elas partem do pressuposto de que o modelo de civilização está correto, apenas 
precisando de alguns ajustes, como “plantar mais árvores” ou salvar da extinção o “mico-
leão-dourado” ou “reciclar nosso lixo”. 
É importante ressaltar que a Permacultura quer representar, necessariamente, uma 
ruptura com o atual modelo de civilização que, por depender fundamentalmente do petróleo, 
está fadado ao fracasso. Dessa forma, propõe-se que a adoção cada vez mais crescente da 
Permacultura seja, de fato, a única solução para o colapso energético e ambiental que a 
sociedade humana está a enfrentar. 
 
 
3
 Observação dos fenômenos da natureza. 
4
O debate sobre a existência de conteúdo cosmológico e espiritual no campo da Permacultura é analisada no 
trabalho de Bruno Soares Menezes em sua monografia de graduação Permacultura: sociedade alternativa ou 
alternativa para a sociedade (2006). Alguns praticantes da Permacultura como André Soares, e até mesmo o 
próprio Bill Mollison, negam a existência de algum conteúdo espiritual na Permacultura, porém o contrário 
também pode ser constatado em abordagens de outros praticantes. 
5
 Segundo Bruno Soares a Permacultura seria, no fim das contas, uma alternativa para a sociedade, por buscar 
sua legitimidade em práticas científicas e, assim, concretas. 
 
12 
 
Nesse contexto, o presente trabalho consiste em um breve levantamento bibliográfico 
sobre a Permacultura, em um reconhecimento das principais experiências de propriedades 
permaculturais, especialmente no Distrito Federal e, claro, de seus praticantes e defensores: os 
permacultores. A pesquisa de campo foi baseada em visitas feitas a propriedades 
permaculturais locais, como a Chácara Asa Branca, localizada no Distrito Federal, por 
exemplo, e em propriedades modelo como o Ecocentro IPEC, localizado em Pirenópolis no 
estado de Goiás. 
Não foi possível realizar uma vivência de campo sequencial no neste caso, pois os 
compromissos cotidianos como trabalho e estudos não favoreceram uma imersão diária. 
Porém todos os esforços foram feitos no sentido de manter uma constância de visitas nos mais 
diversos locais onde a permacultura é praticada no Distrito Federal e suas proximidades. As 
atividades de campo vivenciadas para realização do trabalho foram as seguintes: 
• Visita às estações do IPOEMA: Asa Branca,Semente, Tamanduá e Santa Rita; 
• Visita à Vitrine de Agrofloresta da Embrapa Sede; 
• Curso de Introdução à Permacultura na Universidade de Brasília – 2009; 
• Observação no curso de Permacultura realizado no Jardim Botânico de Brasília – 
2009; 
• Participação do evento Puro Ritmo – 2009; 
• Visita a bioconstrução realizada do parque da 615 sul; 
• Observação no curso de culinária vegetariana realizado na Santa Rita -2010; 
• Participação em confraternizações na Torre de Barro; 
• Curso de Horta Agroecológica – IPOEMA em 21 e 22 de agosto de 2010; 
• Reunião do grupo Tupã da UnB; 
• Participação na construção do telhado de Grama da Chácara Torre de Barro em 23 de 
outubro de 2010; 
• Vivência com Benki Ashaninka no Sítio Semente em outubro de 2010, através da 
disciplina de Artes e Ofícios dos Saberes Tradicionais da Universidade de Brasília; 
• Participação na Semana de Engenharia Ambiental da Universidade Católica de 
Brasília em novembro de 2010, com realização de mini-curso de Sistemas Agroflorestais para 
a Recuperação de Áreas Degradadas; 
• Palestra sobre Biodiversidade e sistemas Agroflorestais com Ernst Göstch na 
Universidade de Brasília em novembro de 2010; 
 
13 
 
• Curso de amarração em bambu no galpão Cantoar (Unb) dias 6 e 8 de novembro de 
2010, através da semana de extensão da Universidade de Brasília; 
• Curso de Sistemas Agroflorestais com Ernst Göstch em 13, 14 e 15 de novembro de 
2010; 
• Visita ao Ecocentro IPEC em Pirenópolis – GO, em 9 e 10 de abril de 2011; 
• Curso Fundamentos da Alimentação Viva e Práticas Revitalizantes – Módulo: Os 
impactos da agricultura industrial. A “Revolução Verde”. O Repensar e o Reaprender a viver. 
A Permacultura e a agroecologia, em 20, 21, 22, 23 e 24 de abril de 2011; 
• Visita ao Ecocentro IPEC, Pirenópolis – GO: entrevista com Layla Soares, em 30 de 
abril e 1 de maio de 2011; 
• Visita à chácara Asa Branca – Entrevista com Cláudio Jacintho, em 17 de maio de 
2011; 
• Visita à Chácara Torre de Barro – torre de barro finalizada, em 9 de julho de 2011; 
• Visita e reconhecimento da Oca Brasil e ao Restaurante Oca LiLa (abastecido por 
produtos vindos das agroflorestas do Oca Brasil) em Alto Paraíso – GO, em 22, 23 e 24 de 
julho de 2011. 
 
Toda essa enumeração de atividades resultou em uma reflexão sobre os conceitos 
clássicos antropológicos de tempo e espaço no contexto da permacultura, sobre natureza e 
cultura, bem como discussões mais atuais como o ambientalismo e o desenvolvimento 
sustentável. 
Apesar de ser uma pesquisa de campo feita em sítios ou chácaras o contexto urbano 
está presente ativamente nas atividades dos grupos. Além de que é, também, em contraste ao 
urbanismo que a Permacultura existe
6
. Sendo assim autores-chave como Gilberto Velho, por 
exemplo, foram indispensáveis para guiar a observação e a consciência de uma 
heterogeneidade cultural. 
A pesquisa bibliográfica foi parte fundamental deste estudo. Assim, os aspectos 
teóricos, embora sejam fundamentais neste estudo, apenas complementam a pesquisa de 
campo, os aspectos práticos e a interpretação do pesquisador. Usando investigações sobre a 
história de vida e conversas informais como método, procurou-se observar e refletir 
sequencialmente ao término de cada vivência, já que a pesquisa de campo não foi realizada de 
 
 
6
 Mesmo havendo vertentes da Permacultura urbana que prega as mesmas práticas para uma vida na cidade, em 
um apartamento por exemplo. 
 
14 
 
em forma de imersão contínua, mas sim, de acordo com as oportunidades e atvidades aqui já 
descritas. Entrevistas semi-estruturadas e fotografias foram realizadas, resultando em um 
vídeo introdutório com aproximadamente cinco minutos de duração, que reuniu falas de 
permacultores atuantes, principalmente no Distrito Federal brasileira. 
A observação participante e participação observante contribuíram com sua certeira 
flexibilidade em minha atuação no campo, certamente foram grandes ferramentas utilizadas 
na atuação e coleta de dados. Cada situação vivenciada no campo apontava o momento de 
usar uma ou outra. Embora a metodologia fosse a mesma para toda a pesquisa, algumas 
adaptações se fizeram necessárias, de acordo com o caso de estudo. Em alguns cursos 
participei como aluna, em outros como monitora e ajudante, dependendo da situação. 
De acordo com Gilberto Velho (1987), “O drama social pode ajudar a registrar os 
contornos de diferentes, ideologias, interesse, subculturas etc., permitindo o remapeamento da 
sociedade”. Dessa forma, o grande diferencial deste trabalho é a interpretação dos dados 
referentes à diversas experiências de Permacultura, especialmente no contexto do Distrito 
Federal. 
 
15 
 
Capítulo 1 – A Permacultura 
 
 
“O formato oval, do símbolo da permacultura, representa o 
ovo da vida; aquela quantidade de vida que não pode ser 
criada ou destruída, mas que é expressada e emana de 
todas as coisas vivas. Dentro do ovo está enrolada a 
serpente do arco-íris, a formadora da terra dos povos 
aborígines. No centro está a árvore da vida, a qual 
expressa os padrões gerais das formas de vida. Suas raízes 
estão na terra e sua copa na chuva, na luz do sol e no 
vento. O símbolo inteiro e o ciclo que representa, é dedicado à complexidade da 
vida no planeta Terra.” (MOLISSON, 1998). 
 
1. Descrição 
1.1 Histórico 
O conceito de Permacultura foi criado por Bill Mollison e David Holmgren na 
Austrália no fim da década de 70. A palavra inicialmente se referia a “um sistema evolutivo 
integrado de espécies vegetais e animais perenes úteis ao homem” 
7
. A princípio, a base era a 
agricultura, uma agricultura permanente. 
Em 1968, comecei a ensinar na Universidade da Tasmânia e, em 1974, com David 
Holmgren, desenvolvi uma estrutura de trabalho para um sistema agricultural 
sustentável, baseado na policultura de ávores perenas, arbustos ervas, vegetais, 
fungos e tubérculos, para o qual criamos a palavra Permacultura. (MOLLISON, 
1998 [1991], p. 9). 
 
 Com uma certa “humanização” do tema, parte da definição passou a ser de “um 
sistema de planejamento para a criação de ambientes humanos sustentáveis”
8
, deslocando-se 
de agricultura permanente para cultura permanente. 
Todavia a Permacultura veio significar mais do que suficiência alimentar doméstica. 
Auto-suficiência alimentar não tem sentido sem que as pessoas tenham acesso à 
terra, informação e recursos financeiros. Então, nos anos mais recentes, a 
Permacultura veio a englobar estratégias financeiras e legais apropriadas, incluindo 
estratégias para o acesso à terra, negócios e autofinanciamento regional. Desta forma 
ela é um sistema humano completo (MOLLISON, 1998 [1991], p. 9). 
 
A Permacultura pode ser definida como uma ciência holística e transdisciplinar, que 
tem caráter dinâmico, isto é, recebe constantemente contribuições das diversas áreas do 
 
 
7
 MOLLISON, [s.d.] apud PERMEAR (2009). Disponível em: http://www.permear.org.br/2006/07/14/o-que-e-
permacultura/. Acesso em 1 de dezembro de 2009. 
8
 Disponível em: http://www.permear.org.br/2006/07/14/o-que-e-permacultura/. Acesso em 1 de dezembro de 
2009. 
http://www.permear.org.br/2006/07/14/o-que-e-permacultura/
http://www.permear.org.br/2006/07/14/o-que-e-permacultura/
http://www.permear.org.br/2006/07/14/o-que-e-permacultura/
 
16 
 
conhecimento, dessa forma, é uma ciência que se encontra em construção. Para Bill Mollison, 
co-criador do conceito de Permacultura, esta une práticas tradicionais com a ciência moderna. 
 O conceito de Permacultura é considerado um conceito dinâmico, pois desde seu 
surgimento, novas alterações são constrantemente feitas: inicialmente um sistema de 
agricultura sustentável, que posteriormente recebeu contribuições da arquitetura, da biologia, 
das ciências florestais e da zootecnia. Mais tarde, englobou-sea economia, estratégias 
financeiras e de negócios, de modo que pode ser considerado um “sistema humano completo”. 
“Permacultura é um sistema de design para a criação de ambientes humanos sustentáveis e 
produtivos em equilíbrio e harmonia com a natureza”
9
. 
De acordo com Bill Mollison: 
Permacultura é o planejamento e a manutenção conscientes de ecossistemas 
agriculturalmente produtivos, que tenham diversidade, estabilidade e resistência dos 
ecossitemas naturais. É a integração harmoniosa das pessoas e a paisagem, provendo 
alimento, energia, abrigo e outras necessidades, materiais ou não, de forma 
sustentável. (MOLLISON, 1998 [1991], p. 5). 
 
Lida com as plantas, animais, edificações e infra-estruturas (água, energia, 
comunicações). Todavia a Permacultura não se trata somente desses elementos, mas, 
principalmente, dos relacionamentos que podemos criar entre eles por meio da 
forma em que colocamos no terreno. (MOLISSON, 1998 [1991]). 
 
O principal livro utilizado como base neste estudo é Introdução a Permacultura
10
 
escrito por Bill Mollison, no ano de 1991. O livro tem sua tradução em português feita por 
André Soares, criador do Ecocentro Instituto de Permacultura e Ecovilas do Cerado (IPEC), 
em 1998. Outros livros como Permaculture One: A Perennial Agriculture for Human 
Settlements (1978) com co-autoria de David Holmgren, Permaculture Two: Practical Design 
for Town and Country in Permanent Agriculture (1979), Permaculture - A Designer's Manual 
(1988), The Permaculture Book of Ferment and Human Nutrition (1993) e Travel in Dreams 
(1996) são citados ou indicados no curso de Introdução a Permacultura
11
 e em outros cursos 
como o PDC
12
 (Permacultura Design e Consultoria). Em 1978 o livro Permacultura I de Bill 
Mollison foi publicado e esta é sua primeira obra. Dentre outras publicações está o livro 
Permaculture - A Designer's Manual de 1988, desde então conhecido como “a bíblia da 
 
 
9
 MOLLISON, [s.d.] apud SETE LOMBAS. Disponível em: http://www.setelombas.com.br/permacultura/o-que-
e-permacultura/. Acesso em 1 dezembro de 2009. 
10
 Original em inglês Introduction to permaculture. 
11
 Refiro-me ao curso de introdução à Permacultura em nível acadêmico este existe, formalmente e como 
disciplina, na Universidade de Brasília e é ministrado, voluntariamente, por Cláudio Jacintho. 
12
 Do original em inglês,“Permaculture Design Course”. 
http://www.setelombas.com.br/permacultura/o-que-e-permacultura/
http://www.setelombas.com.br/permacultura/o-que-e-permacultura/
 
17 
 
Permacultura”, é um livro que descreve e explica minimamente a implantação de técnicas 
permaculturais. 
 O livro Introdução à Permacultura trata, fundamentalmente, de descrever as técnicas 
para a produção e concretização de um design permacultural, desde seu planejamento por 
zonas e setores, passando por plantios consorciados e criação animal, até a distribuição dos 
excedentes incluindo a descrição de, como o próprio autor cita, uma economia comunitária. 
 Bill Mollison cresceu em uma pequena comunidade da Tasmânia, de base rural. A 
partir dessa visão cultural rural sua relação com o ambiente, natureza, foi pautada e explorada. 
Ele viveu a maior parte de seu tempo no mar ou no mato, as pessoas da comunidade onde ele 
vivia plantavam seu próprio alimento e pescavam seu peixe. Seu contexto o propiciou uma 
percepção rápida sobre a falta gradual que os recursos iam fazendo, a degradação do ambiente 
marinho afetava diretamente a pesca e, portanto, diretamente a sua alimentação. 
 Sendo assim, os caminhos descritos o levaram a sair da sociedade
13
 por dois anos, por 
vontade própria. Ele queria voltar com uma solução para essa destruição e degradação dos, 
como ele mesmo se refere, sistemas biológicos. Estes impulsos o levaram ao encontro de 
David Holmgren. 
Holmgren é australiano e estudou no College of Advanced Education, na Tasmânia, 
onde, em 1974, conheceu Bill Mollison que dava aulas na universidade da Tasmânia na 
época. Holmgren concentrou seu trabalho na prática da Permacultra, e mais tarde em 
trabalhos de consultoria. Após 25 anos de Permacultura praticada, Holmgren publicou o livro 
Permaculture: Principles and Pathways beyond Sustainability (2002), que contém um 
refinamento acessível sobre os princípios da Permacultura. Holmgren possui em torno de 14 
publicações em sua biografia, dentre elas Permaculture: Principles and Pathways beyond 
Sustainability é uma das mais importantes de sua carreira. 
 
1.2 Princípios básicos relacionados à Permacultura 
 A Ciência da Permacultura está intimamente relacionada a alguns princípios 
ecológicos e éticos. Entender estes princípios é fundamental para que se possa compreender o 
caráter sistêmico desta ciência. Os princípios ecológicos que regem o trabalho da 
 
 
13
 Segundo os relatos do próprio Mollison seu “sair da sociedade” constituiu-se em ir morar na floresta sem ter 
contato com a sociedade humana por algum tempo, porém, ao que se possa inferir de seus relatos ele estava por 
dentro das notícias do mundo e também lia bastante. 
 
18 
 
Permacultura (aqui descritos segundo a apresentação e organização do professor Cláudio 
Jacintho em suas aulas de Introdução à Permacultura
14
) são: 
 
1) Todos os organismos dependem do sol 
 O Sol é a fonte primária de toda a energia e de toda a vida no planeta terra. Entretanto, 
nem todos os seres vivos possuem a capacidade de aproveitar a energia do sol em sua forma 
pura. Dessa forma, somente os organismos do reino vegetal (plantas e algas) conseguem 
captar a energia do sol e transformar parte desta energia em energia química, através do 
processo de fotossíntese, que é o processo metabólico mais importante do planeta terra. 
 Uma vez que só as plantas possuem a capacidade de fixar parte da energia do sol, 
todos os organismos dependem direta ou indiretamente das plantas para sobreviver. Até 
mesmo os animais carnívoros dependem das plantas, pois geralmente se alimentam de 
animais herbívoros que comeram vegetais. 
 
2) Todos os organismos estão relacionados entre si 
 Este princípio ecológico é o que fundamenta a existência da teia da vida, e de certa 
forma, é uma decorrência do primeiro princípio. Absolutamente nenhum ser vivo no planeta 
vive sozinho, ou sem depender de outro ser vivo para a sua existência. Assim, não existe 
nenhum organismo no planeta terra que seja auto-suficiente. Até mesmo as plantas (que são 
capazes de fabricar seu próprio alimento) dependem de micro-organismos responsáveis pela 
fertilidade do solo e de animais que são polinizadores e dispersores das suas flores e das suas 
sementes, respectivamente. 
 A aplicação deste princípio na propriedade permacultural é muito interessante. De 
forma análoga à natureza, nenhuma propriedade ou sítio pode ser completamente auto-
suficiente. Sempre haverá a necessidade de encontrar algum alimento, matéria-prima ou 
produto em outras regiões. Desta forma, para descrever propriedades permaculturais 
sustentáveis, prefere-se utilizar o termo “propriedades auto-reguláveis”. 
 
3) A energia flui e os Nutrientes ciclam naturalmente 
 Nos sistemas naturais, a energia está sempre fluindo, ou seja, a luz do sol “sempre” 
irradiará (principalmente nos países tropicais) de forma incessante, bem como a água da 
 
 
14
 Ministradas em 2009 na Universidade de Brasília. 
 
19 
 
chuva “sempre” estará a cair dos céus. Podemos aproveitar a energia do sol, diretamente, 
através de placas fotovoltaicas para a produção de energia elétrica, ou através de um 
aquecedor solar de água e indiretamente, através da utilização da energia de biomassa (a 
energia proveniente das plantas). De maneira semelhante, pode-se aproveitar a água da chuva, 
e canalizá-la através de calhas, para umacisterna de ferrocimento. Da cisterna, a água pode 
descer por gravidade para outros pontos do terreno e após a utilização, podemos canalizar as 
águas cinzas e turvas para um círculo de bananeiras ou para uma bacia de evapotranspiração, 
respectivamente. Assim, conclui-se que a energia está “sempre” fluindo, e nós podemos 
aproveitá-la, se houver um planejamento permacultural adequado. 
 A segunda parte deste princípio trata da ciclagem biogeoquímica dos nutrientes e, 
envolve o ciclo das águas nos diversos estados, o ciclo do carbono, dos outros elementos 
químicos e da matéria orgânica de maneira geral. De forma bem simples, podemos dizer que 
de acordo com os princípios e as técnicas da Permacultura procura-se fechar os ciclos dos 
elementos dentro do sítio permacultural. Ou seja, os alimentos são colhidos na horta, no 
pomar, na lavoura ou na agrofloresta, e posteriormente são preparados e ingeridos. Os 
resíduos da cozinha (cascas, talos e partes não aproveitáveis) irão para uma composteira, que 
transformará esse material em adubo, que voltará para a terra no momento certo. Da mesma 
forma, os resíduos humanos (urina e fezes) serão compostados no banheiro seco ou na bacia 
de evapotranspiração e também voltarão para a terra, com o tratamento adequado. 
 
4) Os sistemas evoluem para a diversidade 
 Os ecossistemas naturais são biodiversos, ou seja, possuem um grande número de 
espécies interagindo entre si, o que garante a estabilidade dos ecossistemas. Para entender este 
princípio basta observar uma floresta e como a teia da vida se encontra intimamente 
estabelecida, formando uma complexa harmonia entre todos os seres vivos. 
 Se considerarmos o extremo oposto, por exemplo, uma monocultura de soja, 
perceberemos facilmente que é necessário muita energia externa (petróleo) para manter tal 
sistema artificial em funcionamento. Um fato interessante é que se a monocultura for 
abandonada, em poucas décadas haverá a recolonização da área por centenas de espécies 
animais e vegetais, mostrando que os sistemas evoluem para a diversidade. 
Além dos princípios ecológicos apresentados acima, a Permacultura também conta com 
princípios éticos, como: 
 
 
20 
 
1) Cuidado com a Terra: 
Isto significa uma atuação humana que conserve a vida no planeta em seu equilíbrio 
natural, se respeitando todos os elementos deste macrosistema, incluindo-se o 
cuidado com os "não vivos", como ar, água, solo, etc. Trabalhando "com" e não 
"contra" a natureza, possibilitando um aumento dos recursos que geram a vida. Isto 
significa inevitavelmente uma mudança nos padrões de consumo das sociedades 
contemporâneas. (JACINTHO, 2006, p. 9). 
 
2) Cuidado com as pessoas: 
Este está intrínseco ao primeiro, já que os seres humanos são apenas mais uma 
espécie que habita o planeta Terra, porém para que o cuidado com o planeta esteja 
garantido, deve-se se assegurar simultaneamente o bem-estar humano, pois se este 
for atingido de forma harmônica com o ambiente, não mais será necessária a 
intervenção impactante que hoje exercemos para vivermos neste grande organismo 
Terra; (JACINTHO, 2006, p.10). 
 
3) Distribuição dos excedentes: 
Um dos maiores problemas que hoje afligem os habitantes da Terra continua sendo a 
fome, enquanto houver um sistema que se utilize da miséria de uma maioria para a 
manutenção da riqueza de uma minoria, não se pode haver uma expectativa de 
sustentabilidade. Um sistema ideal gera alimento, energia, uso do tempo e dinheiro 
suficiente para se sustentar e ainda poder distribuir os excedentes. (JACINTHO, 
2006, p. 11). 
 
 A flor da Permacultura é a ilustração comumente usada para se apresentar os 
princípios da Permacultura e todos os estágios que envolvem uma transformação da cultura, 
para uma “cultura permanente”. 
 Segundo o site Permaculture Principles: 
A jornada da permacultura inicia-se com as Éticas e os Princípios de Desenho e se 
move através de etapas chaves necessárias para criar um a cultura sustentável. 
Estas etapas estão conectadas por um caminho evolutivo em forma de espiral, 
inicialmente em um nível pessoal e local, para depois evoluir para o coletivo e 
global. (PERMACULTURE PRINCIPLES, 2011)
15
 
 
 
 
15
 Disponível em: < http://permacultureprinciples.com/pt/pt_flower.php>. Acesso em 11 de novembro de 2011. 
 
http://permacultureprinciples.com/pt/pt_flower.php
 
21 
 
 
Figura 1: Flor da Permacultura. Fonte: <http://nupeufrn.wordpress.com/2009/02/06/a-flor-da-permacultura/>. 
 
 
1.3 Planejamento Permacultural (Design Permacultural) 
 O sistema de design proposto por Bill Mollison envolve a definição dos termos: 
sistema e design. Sistema é um conjunto de elementos relacionados entre si de maneira que 
para entender o todo se considera a importância da conexão das partes, design é o 
planejamento permacultural propriamente dito, não necessariamente estático, podendo variar 
ao longo do tempo. Os sistemas são ecossistemas cultivados, ou com presença humana, como 
chácaras, condomínios, vilas e bairros. Construções, animais, plantações, tanques de água ou 
residências são elementos que constituem esse sistema. O design é o desenho dinâmico, que 
implica interação entre os elementos, do sistema. Ele é crucial no desenvolvimento do projeto, 
e representa o planejamento ideal para a para o funcionamento harmônico e integrado da 
propriedade, o que em última análise, resulta em uma propriedade auto-regulável. Por possuir 
um planejamento que busca a auto-regulação é que seus praticantes definem o projeto 
permacultural como sustentável ou, como já mencionado, algo que pode ser sustentado. 
 
22 
 
 O design é elaborado a partir de algumas diretrizes e, certamente haverá um design 
específico para cada propriedade, de acordo com suas particularidades. A energia a ser usada 
no sistema deve ser basicamente a disponível no sistema, deve-se diminuir a demanda por 
energia externa, especialmente a energia fóssil (petróleo), o que colabora para a 
“sustentabilidade
16
”. 
 A elaboração do design para sistemas cultivados tem como inspiração os sistemas 
naturais. O conhecimento e observação da natureza e todas as suas interconexões é o que 
norteia e rege o planejamento ou design permacultural. 
 Os métodos de iniciar o design são dois: definindo os objetivos anteriormente à 
observação do local, ou observando o local antes da definição dos objetivos, “deixando que 
estes surjam de acordo com a realidade” (JACINTHO, 2006). 
 Pode-se estabelecer que um dos objetivos centrais do planejamento permacultural é a 
economia da energia
17
, ou seja, o aproveitamento das energias externas ao sistema e a 
minimização de entrada de energia fóssil. 
 A questão energética é vista como chave no projeto de Permacultura. Para que uma 
propriedade permacultural seja eficiente em termos energéticos é preciso que os elementos 
estejam posicionados corretamente. A energia deve fluir ciclicamente na permacultura, quanto 
menos utilizarmos de recursos provenientes de fora do sistema mais perto o espaço estará de 
uma “auto-suficiência”, por exemplo, de acordo com o modo de vida urbano-industrial todos 
os recursos energéticos utilizados por nós, seres humanos, vêm de fora como a luz e a água. 
Além disso, somos condicionados a descartar alguns potenciais energéticos, a água e a 
matéria orgânica, e não sabemos como aproveitar outros recursos como, por exemplo, a água 
da chuva. No diagrama abaixo está um exemplo de ciclagem energética. 
 
 
16
 Sustentabilidade aqui no sentido ser característica ou condição do que é sustentável, de acordo com o 
dicionário Houaiss da língua portuguesa, e sustentável no sentido de manter-se constante por um longo período 
de tempo, segundo o dicionário Aurélio da língua portuguesa. 
17
 Pode-se entender também como energia a palavra trabalho,no sentido de esforço físico ou mental. Neste caso, 
diminuir os esforços. 
 
23 
 
 
 
 
Outro fator energético relevante na permacultura é o trabalho, este vai definir o 
posicionamento da maioria dos elementos
18
. Com a o posicionamento da composteira perto da 
casa, da cozinha ou do local onde são feitas as refeições, o descarte dos restos alimentares 
(matéria orgânica) na composteira será mais fácil, economizando trabalho. Para isso, o 
planejamento energético é realizado de acordo com dois aspectos, as zonas e os setores. O 
primeiro, relacionado às energias internas do sítio e o segundo, às energias externas. 
O planejamento por zonas consiste em se definir previamente (através de um desenho) 
a localização dos elementos componentes de um espaço permacultural (sítio, chácara, etc.). 
Ele diz respeito às “energias internas do sistema e um objetivo fundamental seria a economia 
de energia que é propiciada pela redução de deslocamentos desnecessários”, como afirma o 
permacultor Adriano Cáceres
19
, um dos interlocutores deste trabalho. 
Primeiramente se define o local (espaço primário) central do projeto, o local onde as 
pessoas concentram suas tarefas, um centro de atividades – denominado como zona zero, que 
pode ser uma casa, um viveiro, ou até mesmo uma vila inteira. A zona zero será o “marco 
zero”, digamos assim, o local de onde partirão as atividades humanas. Os demais elementos 
(que serão localizados em outras zonas, zona 1, 2 ou 3, por exemplo) são posicionados de 
acordo com dois critérios: 1) o número de vezes que precisamos visitar o elemento (deriva das 
nossas necessidades em relação ao elemento, por exemplo, para jogarmos nossos compostos 
orgânicos na composteira, precisamos visitá-la diariamente, e por este motivo ela deve ser 
localizada de maneira mais próxima da casa) e 2) o número de vezes que um elemento precisa 
ser visitado (consiste nas necessidades do elemento em si, no manejo que devemos praticar 
 
 
18
 O termo trabalho na permacultura será analisado no capítulo 3 deste trabalho. 
19
 [Adriano Cáceres, permacultor, Distrito Federal, 24/04/2011, em entrevista]. 
Alimentação dos 
moradores com a 
produção, e venda ou 
troca dos excedentes. 
Os restos provenientes 
da alimentação vão 
para a composteira que 
servirá de adubo. 
Produção de alimentos 
no sítio permacultural, 
através da técnica de 
agroflorestas, por 
exemplo. 
Figura 2: Ciclagem energética na permacultura 
(exemplo). Fonte: da própria autora. 
 
24 
 
diariamente, ou uma vez por semana, ou uma vez por mês e assim em diante). Desta forma, a 
zona 1 localiza-se imediatamente próxima ao centro das atividades, e é nesta zona que são 
posicionados os elementos que precisam de mais manejo, por exemplo, a composteira, a 
horta, o minhocário e o desidratador de frutas. Na zona 2, podemos localizar elementos que 
precisam de um manejo menos intenso, como o tanque de ferrocimento, o galinheiro e um 
pequeno pomar. Já na zona 3 podemos encontrar uma agrofloresta que necessita de um 
manejo menos freqüente. E, finalmente, na zona 4 uma floresta de cerrado nativo intacto, por 
exemplo. 
 Traçada a zona zero deve-se, segundo a metodologia de planejamento proposta por 
Mollison (1998), realizar o planejamento por setores. Este se refere à incidência de energias 
externas não controláveis no local (sistema), como ventos, insolação, água, enchentes, risco 
de fogo, ruído, poeira, dentre outros. 
 Desta forma, a análise das energias externas não-controláveis dá origem a um mapa ou 
diagrama de setores, que é uma mapa da propriedade feito com base no centro das atividades 
(zona 0), onde constam a direção de incidência das energias externas não controláveis. 
Efetuando este planejamento, as ações do homem sobre aquela localidade ou sistema serão 
adequadas e bem definidas, como cavar buracos para o escoamento da água da chuva, por 
exemplo. 
 Quando as informações das zonas e dos setores são sobrepostas, têm-se informações 
suficientes para realizar o planejamento permacultural propriamente dito, que é um mapa 
geral da propriedade, com a localização exata de cada elemento, de forma que o sistema tenha 
o melhor funcionamento possível. 
 
25 
 
 
Figura 3: Planejamento por zonas feito por Adriano Cáceres para um projeto pemacultural no Bairro do Tororó, 
Santa Maria, DF. 
 
 
 
Figura 4: Planejamento por setores para o mesmo bairro feito por Adriano Cáceres. 
 
 
Muitas vezes a inspiração para se desenhar determinado sistema ou bioconstrução, 
vem dos chamados padrões naturais, que são formas recorrentes e largamente identificadas na 
natureza. 
 
 
26 
 
1.4 Padrões Naturais 
 Padrões naturais são os “desenhos” feitos pela natureza. De acordo com Mollison, 
“imitar” estes padrões naturais é fundamental para um bom planejamento permacultural. As 
formas de certos elementos como o caramujo, por exemplo, (forma espiral), é também a 
forma de disposição de alguns vegetais na floresta, e pode ser um padrão aplicável em uma 
horta, por exemplo. Esta disposição, não retilínea, poderia assim proporcionar uma harmonia 
interativa dos elementos, uma melhor ocupação da área, além de cada planta poder ocupar um 
microclima específico, de acordo com suas exigências nutricionais e de umidade. Outro 
exemplo de padrão natural utilizado na Permacultura é o padrão aleatório que se verifica nas 
florestas que possuem inter-relações, dinâmica e equilíbrio próprio. Tal fato mostra a visão 
sistêmica e inter-relacional que o permacultor deve possuir, observando as coisas nas suas 
relações e não isoladamente. Estas relações, como foram verificadas em campo, em sua 
maioria não são definidas como competitivas e sim como cooperativas. A cooperação, 
segundo o Ernst Götsch é um dos princípios
20
 sobre os quais a vida gira em torno. 
 De acordo com Jacintho (2006): 
Observando elementos isoladamente, caímos no erro de taxar as relações que ali 
ocorrem como competitivas, porém olhando para a floresta como um todo, vemos 
que existe uma cooperação entre as espécies e até entre os indivíduos, já uma grande 
árvore matriz dispersa um grande numero de sementes e seus filhotes aguardam até a 
hora certa de crescerem, ficando apenas mais viável. Ou seja, eles atuam em um 
conjunto para que a espécie se perpetue. (JACINTHO, 2006, p. 23) 
 
 
1.5 Grupos de pessoas, redes, comunidades e instituições no Brasil 
 Em 1992, Bill Mollison ministrou um curso de Permacultura no Rio Grande do Sul e 
estabeleceu um marco inaugural: “de lá para cá, a Permacultura desenvolveu-se no Brasil, 
conquistando dia após dia um número crescente de praticantes.” (PERMEAR, 2009) 
21
. 
 Os institutos de Permacultura no Brasil (de acordo com o site permacultura.org) são: 
 Ecocentro IPEC - Pirenópolis GO 
 IPA - Manaus AM 
 
 
20
 Outro princípio que Ernst defende como vital é o amor incondicional, e seus opostos são a concorrência e a 
competição fria, estas criam a escassez. Estas falas foram coletadas no curso de Sistemas Agroflorestais, onde 
também foi realizado o campo para este trabalho. 
21
 Disponível em: <http://www.permear.org.br/2006/07/14/o-que-e-permacultura/>. Acesso em 1 dezembro de 
2009. 
 
 
27 
 
 IPB - Lauro de Freitas BA 
 IPEMA - Ubatuba SP 
 IPERS - Porto Alegre RS 
 IPETERRAS - Irecê BA 
 IPOEMA - Brasília DF 
 OPA - Salvador BA 
 
As comunidades, sítios e casas são: 
 Asa Branca (DF) 
 Casa Colméia (SC) 
 Casa da Montanha (SC) 
 Curupira (SC) 
 Gralha Azul (SP) 
 Marizá (BA) 
 Moradia Ecológica (SP) 
 Morada Natural (MG) 
 Sete Eco's (MG) 
 SeteLombas (SC) 
 São Francisco (SP) 
 Terra Una (MG) 
 Tibá (RJ) 
 Vagalume (SC) 
 Vida de Clara Luz (SP) 
 Vila Nova do Alagamar (CE) 
 
Os grupos e redes são: 
 Autonomia (SC) 
 ColetivoPermacultores (SC) 
 GEPEC (DF) 
 Permacultura na Escola (SC) 
 Rede Permanece (CE)2. Técnicas Utilizadas na Permacultura 
 
28 
 
2. Técnicas Utilizadas na Permacultura 
2.1 Agroecologia e Sistemas Agroflorestais 
 A agroecologia é uma ciência transdisciplinar, que reúne conhecimentos de diversas 
áreas da ciência (ecologia, agricultura, engenharia florestal, biologia, geologia, química, 
pedagogia, dentre outras) cujo principal objetivo é fornecer uma base científica sólida, no 
sentido de apoiar todas as formas de agricultura alternativas. A agroecologia não nega o 
conhecimento das populações tradicionais e povos indígenas, e sim procura incluir tais 
conhecimentos na construção de um novo paradigma de agricultura. Segundo Miguel Altieri 
“A agroecologia fornece os princípios ecológicos básicos para o estudo e tratamento de 
ecossistemas tanto produtivos quanto preservadores dos recursos naturais, e que sejam 
culturalmente sensíveis, socialmente justos e economicamente viáveis.” (ALTIERI, p. 17, 
1998). 
 Altieri (1998) defende uma visão (agroecológica) transdisciplinar dos agroecosistemas 
que ultrapassa a visão unidimensional da ciência, adotada pela modernidade ocidental. A 
agroecologia defende o conhecimento camponês, ou etnoconhecimento - como coloca Altieri 
(1998) -, ressaltando que a transferência de conhecimento entre povos tradicionais e 
estudiosos modernos deve ser feita adequada e rapidamente, para a confecção de estratégias 
alternativas para agricultura. 
 Altieri afirma que “os agricultores tradicionais preservam a biodiversidade não 
somente nas áreas cultivadas, mas também, naquelas sem cultivos.” (ALTIERI, p. 23, 1998). 
William Balée (1993) diferencia as modificações ambientais provocadas na Amazônia pelos 
índios e pela sociedade estatal moderna. Segundo o autor os povos tradicionais indígenas 
modificaram sim o ambiente, e de maneira significativa: 
Eles o fizeram: mas, em lugar de terem provocado extinções, parecem ter na verdade 
contribuído para o aumento da diversidade biológica. Esta aparente ação 
diversificadora estende-se desde os tempos do Neolítico até o presente, e seu mais 
notável testemunho é a série de espécies domesticadas e semi-domesticadas 
presentes na Amazônia. (BALÉE, p. 387, 1993). 
 
Os Sistemas agroflorestais, ou simplesmente SAFs, são práticas silviculturais 
(sistemas de plantio) que se baseiam no funcionamento da floresta. Geralmente são sistemas 
multiestratificados, ou seja, vários grupos de plantas ocupam o mesmo estrato, biodiversos 
(implementados com dezenas de espécies vegetais) e sucessionais (determinados grupos de 
espécies se sucedem ao longo do tempo). 
 
29 
 
Os SAFs segundo Altieri (1998) estão classificados na “tabela de elementos técnicos 
básicos de uma estratégia agroecológica” como uma técnica de manejo dos recursos 
produtivos e diversificação espacial. Já Balée (1993) menciona os SAFs como técnicas 
tradicionais de cultivo. 
 Considerado aqui como um subsistema do sistema permacultural, os SAFs são 
considerados verdadeiras florestas de alimentos. Entretanto, essa denominação é, de certa 
forma reducionista, segundo alguns permacultores, uma vez que nas agroflorestas são 
plantados não só alimentos, mas uma grande variedade de madeiras, medicamentos, resinas, 
óleos vegetais, dentre uma grande variedade de produtos. 
 Os SAFs são florestas plantadas e manejadas pelo homem que obedecem aos padrões 
naturais. Em um sistema agroflorestal são plantadas plantas de ciclo curto (hortaliças), plantas 
de ciclo médio como a bananeira e a mandioca e de ciclo longo (árvores como a jaqueira, por 
exemplo) simultaneamente, sem o uso de agrotóxicos ou sementes transgênicas. Nos SAFs 
utiliza-se um padrão de plantio diferente do padrão vigente na agricultura industrial, 
associando-se plantas nativas à exóticas, o que aumentaria a biodiversidade, a estabilidade e a 
produção de alimentos. 
 Além de consorciar plantas de diferentes tipos e ciclos, os SAFs também podem ser 
implementados com animais (sistemas agrosilvipastoris), de acordo com critérios específicos, 
de forma semelhante ao que acontece nos ecossistemas naturais. 
Ernst Götsch é um dos precursores em SAFs no Brasil, nascido na Suíça e morador do 
Brasil há mais de vinte anos. Ernst adquiriu uma terra degradada na Bahia, em que muitos 
duvidaram que pudesse ser produzida qualquer coisa. Ernst insistiu, implantou agroflorestas 
em cerca de quinze hectares e após dez anos de trabalho, literalmente fez brotar vinte e quatro 
nascentes dentro da propriedade, segundo Peneireiro (1999). Ernst não acredita que possa 
haver concorrência e competição na natureza, e defende com resultados científicos e correntes 
na natureza, claro, que todas as espécies vegetais e animais mantêm um íntimo processo de 
cooperação, onde uma planta “cria” a outra. A esse processo de cooperação, Ernst denomina 
de “amor incondicional”. Para ele, o amor incondicional é a grande lei da natureza, e todos 
temos que trabalhar para sermos “seres queridos pelo sistema”, ou seja, devemos orientar 
nossas ações no sentido de criar a vida, e não de destruí-la. 
Os ciclos lunares também são observados no plantio dos sistemas agroflorestais, onde 
cada ciclo lunar seria apropriado para se plantar, colher ou podar uma determinada espécie. 
 
30 
 
Sendo assim, as práticas de manejo deveriam ser guiadas também pelos ciclos lunares, tendo 
assim, aparentemente implicações “cosmológicas”. 
A relação da permacultura com a agroecologia e a agrofloresta é bastante forte. O que 
pôde ser interpretado a partir das observações de campo foi que a agroecologia, assim como a 
permacultura, é caracterizada como ciência e ambas são datadas do início dos anos 70. Assim 
como a permacultura, a agroecologia possui alguns princípios baseados na prática indígena e 
tradicional
22
 - segundo Altieri (1998) -, porém a agroecologia é voltada para o viés 
agricultural, enquanto a permacultura aborda a agricultura, a moradia, a distribuição dos 
excedentes, o saneamento, enfim, todo um modo de vida. Portanto, a permacultura utiliza da 
agroecologia para tratar sobre agricultura, e da agrofloresta como uma das técnicas para 
implantar esta agricultura. 
 
 
2.2 Bioconstruções 
 O processo de produção do cimento se baseia na mineração do calcário, segundo Santi 
e Sevá Filho (2004). A fabricação do cimento demanda muita energia (energia elétrica e 
térmica), e conseqüentemente de petróleo: “No ano de 2002, a indústria de cimento brasileira 
consumiu o equivalente a 3,2 milhões de tEP (toneladas equivalentes de petróleo) para 
produzir 38 milhões de toneladas de cimento, o que corresponde a 5% do consumo total de 
energia do setor industrial” (BEN, 2003; SNIC, 2003 apud SANTI e SEVÁ FILHO, 2004, p. 
3). Além disso, todo o processo libera bastante CO2 na atmosfera. Portanto o processo de 
produção do cimento é altamente dependente de insumos não-renováveis e poluidores. 
O cimento é o principal elemento necessário para a construção civil. Ele é a base para 
a confecção da maioria das moradias modernas, e até mesmo o seu descarte incorreto pode 
causar graves danos ambientais. 
As bioconstruções oferecem uma alternativa para a utilização do cimento e, 
conseqüentemente, a utilização de energias não renováveis. Isto não significa que a prática da 
bioconstrução exclua completamente o cimento da construção de uma casa, por exemplo, mas 
defende-se utilizá-lo de maneira mínima, caso seja necessário. 
 
 
22
 Altieri (1998) escreve que os povos e agricultores tradicionais “(...) atendem às exigências ambientais de seu 
sistema de produção de alimentos concentrado-se em uns poucos processos e princípios (Knight, 1980), descritos 
a seguir. Diversidade e continuidade espacial e temporal (...) Otimização do uso do espaço e recursos (...) 
Reciclagem de nutrientes (...)Conservação da água (...) Controle de sucessão e proteção de cultivos.” 
(ALTIERI, p. 31, 1998). 
 
31 
 
 A bioconstrução é uma técnica de construir edificações de forma sustentável e menos 
agressiva ao meio ambiente, adaptando-se a área, ao clima e ao contexto. O tijolo de adobe e 
o superadobe são os componentes mais utilizados em bioconstruções, principalmente no 
centro-oeste do Brasil. A técnica de produção do superadobe é a seguinte: 
A construção é simples, bastando que a terra local, umedecida, seja colocada em 
sacos de polipropileno e então socada (com o auxilio de um socador) em fiadas com 
até 20 cm de altura. Fiada após fiada, bem compactadas, a parede vai subindo. 
Quando a parede de superadobe chegar à altura desejada, basta retirar o saco de 
polipropileno das laterais e rebocá-la. 
23
 
 
 
2.3 Captação e Manejos das águas 
 A tradicional forma ocidental moderna de se descartar dejetos humanos através do 
esgotamento sanitário (doméstico, não doméstico e infiltrações
24
) não atingiu eficiência 
esperada com a modernização. Além disso, é fato que esta técnica conta com a canalização 
desses esgotos, tratamento e despejo em águas de rios e mares causando poluição e problemas 
de saúde para os seres humanos. 
Além das edificações, existem “tecnologias sustentáveis” como, por exemplo, sistemas 
de capitação de água da chuva, feitos de ferrocimento (material composto de tela de ferro com 
uma fina camada de cimento) para o aproveitamento da água e economia desta. 
O banheiro seco é o exemplo de “tecnologia sustentável” e bioconstrução mais 
difundido pelos permacultores: 
Nesse sistema, em vez de encanamentos hidráulicos para levar os dejetos para bem 
longe (e com um consumo considerável de água), temos duas câmaras de 
compostagem que armazenam os resíduos até que eles se transformem em 
composto. Daí, é retirado e levado para o minhocário, onde vira húmus, ou seja, um 
adubo orgânico de alta qualidade para ser usado na agricultura.
25
 
 
 
 
 
23
 Disponível em: http://www.ecocentro.org/bioconstruindo/superadobe.html> 17. Acesso em 2 de dezembro de 
2009. 
24
 Classificação dos esgotos segundo a COPASA (2010): Doméstico – constitui de efluentes gerados em uma 
residência, em hábitos higiênicos e atividades fisiológicas, além de efluentes gerados em outros ambientes, cujas 
características físico-químicas sejam aquelas peculiares ao esgoto residencial. Não Doméstico – constitui de 
despejo líquido resultante de atividades produtivas ou de processo de indústria, de comércio ou de prestação de 
serviço, com características físico-químicas distintas do esgoto doméstico. Infiltração – parcela devida às águas 
do subsolo que penetram nas tubulações, através das juntas e órgãos acessórios. 
25
Disponível Em: < http://planetasustentavel.abril.com.br/blog/gaiatos-e-gaianos/63863/>. Acesso em 2 de 
dezembro de 2009. 
 
http://planetasustentavel.abril.com.br/blog/gaiatos-e-gaianos/63863/
 
32 
 
2.4 Energias Alternativas 
 A Permacultura também defende a utilização de energias alternativas. Alternativas, 
pois as energias não renováveis caminham para uma finalização dos recursos, demandando 
assim alternativas, ou energias alternativas. Neste caso: energias renováveis, que não se 
esgotam e não causam poluição. 
 As energias alternativas
26
 são energias provenientes de fontes como o sol (energia 
solar), os ventos (energia eólica), de matérias vivas como plantas, animais e fungos 
(biomassa), do calor terrestre (energia geotérmica), dos movimentos dos oceanos (energia dos 
oceanos), e da queda das águas (energia hidroelétrica). 
 
 
3. Permacultura no Distrito Federal e entorno 
A Permacultura no DF é difundida, principalmente, por uma organização não-
governamental de nome IPOEMA (Instituto de Permacultura: organização, ecovilas e meio 
ambiente). O IPOEMA atua em quatro estações permaculturais ou chácaras, principalmente
27
. 
Estas serão descritas nos tópicos a subseqüentes. 
 
3.1 Chácara ou Centro de Permacultura Asa Branca 
A Chácara Asa Branca é hoje a principal referência do IPOEMA. Localizada 
a 25 km do centro de Brasília, ocupa uma área de quatro hectares de cerrado 
denso e conservado. Desde 1999, vem implantando a permacultura em 
diversas tecnologias para geração de sustentabilidade: habitações ecológicas, 
sanitários compostáveis, abastecimento de água da chuva, tratamento das 
águas servidas, produção de alimentos e outras atividades produtivas. Recebe 
cerca de 10.000 visitantes por ano entre escolas, universidades, associações, 
empresas, órgãos do governo e famílias. (IPOEMA, 2011). 
28
 
 
 
 
26
 De acordo com o PORTAL DE ENERGIAS ALTERNATIVAS. (Disponível em: 
<http://www.energiasealternativas.com/energias-renovaveis.html >. Acesso em 7 de novembro de 2011). 
27
O IPOEMA também apóia algumas iniciativas como cursos e palestras, por exemplo, que podem ser realizados 
fora dessas estações. A diferença é que essas estações têm um vínculo direto com a ONG. 
28
 Disponível em: < http://www.ipoema.org.br/interna_c_01.htm>. Acesso em 15 de janeiro de 2011. 
 
http://www.energiasealternativas.com/energias-renovaveis.html
http://www.ipoema.org.br/interna_c_01.htm
 
33 
 
Cláudio Jacintho é idealizador do IPOEMA e permacultor residente na chácara Asa 
Branca. Ele é o pioneiro da Permacultura no Distrito Federal e um dos principais 
interlocutores deste trabalho. 
 
Figura 5: Cláudio Jacintho no mais recente viveiro da Asa Branca, 2011. Fonte: da própria autora. 
 
3.2 Sítio Semente 
O Sítio Semente fica a 50 km do centro de Brasília, sendo referência em recuperação 
de áreas degradadas através da implantação de Sistemas Agroflorestais 
Sucessionais. (IPOEMA, 2011). 
29
 
 
 
 Juã Pereira é permacultor, proprietário do Sítio Semente, e precursor da agrofloresta 
no Distrito Federal. Foi aluno de Ernst Götsch e colaborador para a vivência com Beki 
Ashaninka
30
 realizada em seu sítio, também figura muito importante no campo deste trabalho. 
 
Figura 6: Sítio Semente. Fonte: http://sites.google.com/site/sitiotamandua/s%C3%ADtiosemente 
 
 
29
 Disponível em: < http://www.ipoema.org.br/interna_c_01.htm>. Acesso em 15 de janeiro de 2011. 
30
A disciplina Artes e Ofícios dos Saberes tradicionais inaugurada em 2010 na Universidade de Brasília deu a 
mim e a outros alunos a possibilidade de vivenciar “aulas” ministradas por mestres de saberes tradicionais como 
o Ashaninka Benki. Na vivência com Benki tivemos uma roda de diálogos e demonstração agroflorestal no sítio 
Semente, de Juã Pereira. 
http://www.ipoema.org.br/interna_c_01.htm
 
34 
 
3.3 Chácara Santa Rita 
A Chácara Santa Rita, situada na região do Paranoá, é o Centro de Convivência do 
IPOEMA, onde são realizadas atividades de educação ambiental, organização social, 
vivências de integração comunitária e gestão participativa. (IPOEMA, 2011). 
31
 
 
 
A chácara Santa Rita foi uma doação de um senhor falecido que, em seu testamento, 
desejou que a chácara fosse doada para uma ONG que se envolvesse a temática de meio 
ambiente e sustentabilidade. Após uma seleção a ONG IPOEMA foi a contemplada
32
. A 
chácara Santa Rita me foi apresentada por Júlio Itacaramby, que era morador do local 
juntamente com mais duas pessoas na época da pesquisa de campo. 
 
Figura 7: Chácara Santa Rita. Fonte: da própria autora. 
 
 
3.4 Sítio Tamanduá 
O Sítio Tamanduá, localizado a 20 km do centro de Brasília, no bairro Altiplano 
Leste, possui quatro hectares de cerrado preservado, sendo referência em diversas 
tecnologias de bioconstrução, seguindo os princípios da permacultura. (IPOEMA, 
2011. 
33
 
 
 
 
31
 Disponível em: < http://www.ipoema.org.br/interna_c_01.htm>. Acesso em 15 de janeirode 2011. 
32
 Esta história me foi contada por Júlio Itacaramby, permacultor que residia na chácara na época. 
33
 Disponível em: < http://www.ipoema.org.br/interna_c_01.htm>. Acesso em 15 de janeiro de 2011. 
http://www.ipoema.org.br/interna_c_01.htm
 
35 
 
 
Figura 8: Sítio Tamanduá. Construção da casa principal. Fonte: http://sites.google.com/site/sitiotamandua/ 
 
Sendo assim, os outros espaços localizados na região do Distrito Federal como a 
Chácara Ilumina, o Sítio Geranium e a chácara Torre de Barro, são espaços que não possuem 
vínculo institucional direto com o IPOEMA, apesar de terem alguns de seus cursos apoiados 
pela ONG. E, ao passo que o Ecocentro IPEC é uma ONG sem fins lucrativos, a Oca Brasil é 
uma organização da sociedade civil de interesse público (OSCIP). 
Sigo com uma breve descrição desses espaços que praticam a permacultura no Distrito 
Federal, sem ligação direta com o IPOEMA e, mais a frente, com uma apresentação dos 
institutos fora do Distrito Federal, mas que mantém relação bastante forte com a permacultura 
praticada no DF, IPEC e Oca Brasil. 
 
 
3.5 Espaço Ilumina 
A chácara, ou Espaço Ilumina é um espaço de cultura e educação holística construído 
no moldes da bioconstrução e trabalha com a ecologia profunda (deep ecology), preservação e 
educação. 
O espaço IluMina nasceu primeiramente do encontro de três educadores 
preocupados em construir um modelo sustentável de escola e vida ecológica e 
oferecer serviços de educação holística à comunidade do Palha e do DF. Desse 
encontro primeiro surgiu o projeto da construção da Casa/escola e o projeto da 
ocupação ecológica da chácara 176 do Núcleo Rural Córrego do Palha, onde se situa 
a IluMina. A chácara, em acordo comum, foi concedida para a construção do projeto 
IluMina. O projeto previu, desde o seu nascimento, a ocupação ecológica da chácara 
e o desenvolvimento de um projeto pedagógico holístico, com foco sobre a ecologia 
, a educação e o sagrado, através de uma educação não-formal comunitária, como 
prevista pela Lei de Diretrizes e bases da Educação, LDB, de 1996. A construção da 
casa/escola, bem como das demais estruturas da IluMina inicou-se em dezembro de 
2007. 
A necessidade de uma ocupação ecologicamente consciente e de um serviço de 
educação holístico no Núcleo Rural do Palha justifica a importância da IluMina, 
como sendo um centro de referência sustentável modelo para toda a comunidade e 
 
36 
 
para outras organizações com esse foco. A matriz Ecologia-Educação-Sagrado 
orienta e organiza todo o planejamento de atividades e serviços da IluMina. 
(SERILUMINA, 2011). 
34
 
 
A oficina de Horta Agroecológica realizada pelo IPOEMA e praticada no Espaço 
Ilumina, proporcionou o conhecimento de outras duas figuras importantes e difusores da 
agroecologia e Permacultura no Distrito Federal: Lucas Santana e Gabriel Romeo. 
 
Figura 9: Banheiro seco do Espaço Ilumina. Fonte: da própria autora. 
 
 
3.6 Sítio Geranium 
O Sítio Geranium é localizado na fronteira entre as regiões administrativas de 
Taguatinga, Samambaia e Ceilândia, no Distrito Federal. É um “centro de estudos, aplicação e 
práticas de agroecologia e tecnologias sustentáveis” (SÍTIO GERANIUM, 2011) 
35
 e funciona 
desde 1986 trabalhando com educação ambiental e com o cultivo de produtos orgânicos. O 
sítio possui parceria com algumas organizações, dentre elas está o IPOEMA. Seus 
proprietários Marcelino e Abadia foram muito receptivos e estreitaram o caminho entre mim e 
a vaga no curso com Ernst Götsch, que foi enriquecedor para o campo deste trabalho. 
 
 
34
 Disponível em: < http://serilumina.blogspot.com/>. Acesso em 15 de janeiro de 2011. 
35
 Disponível em: < http://sitiogeranium.com.br/quem-somos.html>. Acesso em 16 de janeiro de 2011. 
http://serilumina.blogspot.com/
http://sitiogeranium.com.br/quem-somos.html
 
37 
 
 
Figura 10: Piscina Sítio Geranium. Fonte: da própria autora. 
 
 
3.7 Chácara Torre de Barro 
A chácara Torre de Barro está localizada no Bairro Tororó, na região administrativa de 
Santa Maria-DF, possui área total de 810 metros quadrados
36
. O terreno foi adquirido pelo 
proprietário, o engenheiro florestal Adriano Cáceres, em 2007. 
A observação do espaço natural e, seqüencialmente, um inventário florestal foram 
feitos para elaborar o design permacultural da chácara. Os objetivos do espaço da chácara, 
segundo Adriano Cáceres, são: criar um ambiente de ocupação sustentável, que possa 
funcionar como uma mini-vitrine de Permacultura, produção de hortaliças e brotos orgânicos 
em pequena escala e ainda um local para cursos, visitação e lazer. 
Até o presente momento a chácara conta com duas casas (bioconstruções), banheiro 
seco, telhado de grama, horta orgânica, composteira e uma agrofloresta em andamento. Os 
moradores Adriano Cáceres e Ana Paula Boquadi trabalham com alimentação viva, e utilizam 
o espaço para oferecer cursos
37
. 
 
 
36
 Segundo seu proprietário Adriano Cáceres. 
37
 Estilo de alimentação onde os alimentos são consumidos crus, ou “amornados”. O objetivo é se alimentar de 
tudo o que é natural e vem da terra. Não se consome carne, leite ou derivados, ovos, alimentos industrializados 
etc. Apesar de parecer uma alimentação simples ela é bastante requintada e complexa, sendo realizados cursos 
por todo o país. A alimentação viva também é nominada como “alimentação ecológica”, “raw-food” ou “life 
food”. 
 
38 
 
 
Figura 11: A torre de Barro. Fonte: da própria autora. 
 
 
3.8 Ecocentro IPEC 
O Ipec foi fundado em 1998 com a finalidade de estabelecer soluções apropriadas 
para problemas na sociedade, promover a viabilidade de uma cultura sustentável, 
oportunizar experiências educativas e disseminar modelos no cerrado e no Brasil. 
Neste contexto, o Permacultor André Soares e a pedagoga e escritora Lucy Legan
38
 
ministraram cursos de Permacultura em todas as regiões do país e no exterior, 
capacitando diversos permacultores para a evolução de uma proposta de mudança. 
Em 1999 eles iniciaram a construção de um espaço para demonstrar a viabilidade 
dos princípios da Permacultura e da Bioconstrução, o Ecocentro. (ECOCENTRO, 
2011). 
39 
 
 O IPEC é um centro de referência em Permacultura e sustentabilidade no Brasil e já 
sofreu visitas de permacultores como Bill Mollison. André Soares, seu idealizador, é um dos 
principais canais entre a Permacultura praticada do Brasil e o idealizador da Permacultura. 
Portanto, o ecocentro é em local de cursos e vivências que chama atenção de estudantes e 
curiosos tanto brasileiros quanto estrangeiros. 
O ecocentro possui a maioria, se não todos, os elementos de um design permacultural, 
além de ter se transformado de um espaço completamente degradado em um espaço de 
floresta recuperada (no intervalo de treze anos) por meio da permacultura e da agrofloresta
40
. 
 
 
 
38
 Layla Soares é a filha do casal e foi interlocutora deste trabalho. 
39
 Disponível em: < http://www.ecocentro.org/sobre-o-ipec/sobre-o-ecocentro/>. Acesso em 16 de janeiro de 
2011. 
40
 A relação entre Permacultura e Agrofloresta será um tópico a ser discutido no capítulo 2 deste trabalho. 
http://www.ecocentro.org/sobre-o-ipec/sobre-o-ecocentro/
 
39 
 
 
Figura 12: Ecocentro IPEC área tranformada. Fonte: http://www.ecocentro.org/sobre-o-ipec/sobre-o-ecocentro/ 
 
 
3.9 Oca Brasil 
Oca Brasil é um centro de referência em Sistemas Agroflorestais no centro-oeste, mais 
precisamente em Alto Paraíso de Goiás. Os plantios de SAFs foram iniciados no ano 2000 e 
hoje o espaço possui mais de 10 hectares de SAFs plantados sob a coordenação de Ernst 
Göstch, com o apoio de Namastê Ganesh. Além de ministrar cursos técnicos de SAFs, a Oca 
Brasil também trabalha com educação ambiental, recebendo

Continue navegando