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Nutrição e proteção para Soja e Milho

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SUMÁRIO
Tópico 1 – Nutrição
1.1. Milho
• Adubação nitrogenada de milho segunda safra
• Adubação foliar para milho
• Novidades no uso de Azospirillum em milho
1.2. Soja
• Manejo do boro na cultura da soja
• Interação Manganês e Glifosato na soja
• FBN Fixação Biológica de Nitrogênio na Soja
Tópico 2 – Manejo Integrado de Pragas – MIP
• Manejo integrado de pragas: quanto evoluímos em 6 décadas?
Tópico 3 – Pragas e doenças em Milho 
• Cigarrinha do milho: o vetor do enfezamentos e isca do milho
• 4 manchas foliares no milho
• 3 principais ferrugens do milho: Ferrugem polysora, ferrugem 
tropical e ferrugem comum do milho
• Milho Ardido: 5 principais fungos, prejuízos e prevenção
2
SUMÁRIO
Tópico 4 – Pragas e doenças em Soja
• Ocorrência de ácaro branco na soja
• Mancha alvo da soja (Corynespora cassiicola): potencial de 
perdas e manejo da doença
• 4 Principais doenças do final do ciclo da soja
• Ferrugem asiática da soja (Phakospsora pachyrhizi)
• Vazio sanitário e calendário de semeadura: 2 medidas para o 
controle da ferrugem asiática da soja
• Soja ardida, queimada, mofada, fermentada: entenda 10 avarias 
que afetam a qualidade dos grãos
Tópico 5 – Nematoides
• 4 principais gêneros de nematoides no sistema soja e milho
• Controle biológico de nematoides no Brasil
Tópico 6 – Plantas daninhas e uso de 
herbicidas
• Controle de capim amargoso na soja: 2 momentos importantes 
para aplicação de herbicidas
• Importância de se manejar adequadamente a dessecação das 
plantas de cobertura
• Herbicidas para milho: produtos que podem ser utilizados nas 3 
épocas possíveis de aplicação
3
MILHO
Adubação nitrogenada de milho 
segunda safra
O país das três safras
O Brasil é privilegiado pelo clima tropical, que 
permite, a cada ano agrícola, o cultivo 
consolidado de duas safras de milho nas 
principais regiões produtoras. Nos últimos anos, 
também tem se observado o cultivo de uma 
terceira safra, que ocorre durante o período 
entre maio e junho na região da Sealba 
(Sergipe, Alagoas e nordeste da Bahia), 
Pernambuco e Roraima.
Por muito tempo o cultivo de milho no Brasil foi 
liderado pelo milho primeira safra, no entanto, 
na última década este cenário se inverteu, 
sendo a maior área cultivada por milho de 
segunda safra, também conhecido como milho 
safrinha (Figura 1) (CONAB, 2021).
O manejo nutricional do milho primeira safra é 
bastante consolidado, mas no que se refere ao 
milho safrinha, há ainda mais variáveis e 
desafios que devem ser levados em 
consideração para se determinar o correto 
manejo nutricional da lavoura, como a cultura 
anterior, o teor de matéria orgânica do solo e o 
regime hídrico durante a safra, por exemplo.
De todos os nutrientes, o nitrogênio é aquele 
exigido em maior quantidade pela cultura do 
milho. Em média, são necessários por volta de 
23 kg de N para a produção de 1 tonelada 
(Tabela 1), sendo que deste total, cerca de 60% 
é exportado com os grãos (Tabela 2), restando 
apenas 40% nos restos culturais que ficam nas 
lavouras.
A adubação nitrogenada do milho 
segunda safra
A adubação nitrogenada é desafiadora em 
todos os tipos de cultivo, isso porque 
geralmente este é o nutriente mais exigido 
pelas culturas, e também devido às perdas 
decorrentes da volatilização da amônia da 
ureia, que é a fonte de N mais utilizada no Brasil.
No milho segunda safra, a adubação 
nitrogenada é ainda mais desafiadora, pois 
nesta modalidade, a resposta é muito 
dependente da cultura cultivada anteriormente, 
da época de plantio, do balanço hídrico e até 
do local de cultivo, o qual influencia na taxa de 
decomposição do material orgânico 
remanescente sobre o solo.
A realidade brasileira aponta que a maior parte 
do milho safrinha é cultivado após a colheita da 
soja, geralmente entre os meses de janeiro e 
fevereiro. A soja é uma leguminosa, fixadora de 
N, que possui baixa relação C/N, ou seja, 
rapidamente ela é decomposta pelos 
microrganismos do solo, que liberam o 
nitrogênio que antes estava em sua biomassa 
para a utilização pelo milho subsequente.
5
Autoria: Bianca de Almeida Machado
(Engenehira Agrônoma (ESALQ/USP)
Estima-se disponibilização de 15 kg de N a 
cada tonelada de soja produzida, ou seja, 
em uma área onde a produção de soja foi de 
3 t ha-1, considera-se disponibilização de 45 
kg ha-1 de N, por exemplo. Além disso, 
também se considera a disponibilização do 
N proveniente da matéria orgânica (MO) do 
solo.
De modo geral, cada ponto (%) de MO no 
solo disponibiliza 20 kg ha-1 de N para a 
cultura. Por exemplo, há a disponibilização 
de 60 kg ha-1 de N por meio da mineralização 
da matéria orgânica de um solo que possui 
3% de MO. Estes fatores podem ser 
considerados para diminuir a dose de N a ser 
aplicada via adubação mineral.
Apesar da redução na quantidade total de N 
a ser aplicada, recomenda-se que o seu 
fornecimento continue sendo feito de modo 
a disponibilizá-lo para a cultura logo no 
início do seu desenvolvimento. Neste sentido, 
o N deve ser aplicado o mais próximo da 
data de plantio possível (seja antes ou após 
a semeadura).
Recomenda-se, portanto, que a primeira 
aplicação seja feita no sulco (fornecendo de 
20 a 50 kg ha-1), em pré-plantio (desde que 
com intervalo máximo de 7 dias entre a 
aplicação e a semeadura), ou em cobertura 
(antecipando o máximo possível, entre V1-
V2).
Resultados com milho segunda safra 
mostram a importância da aplicação 
antecipada de N, sendo que o atraso da 
primeira aplicação para o estádio V5 pode 
reduzir drasticamente a produtividade da 
cultura (Figura 2).
Para calcular a quantidade de N a ser 
aplicada no milho segunda safra, pode-se 
utilizar os boletins de recomendação para 
cada região do país, como exemplo temos 
na Tabela 2 as recomendações de N para 
milho segunda safra para o estado do 
Paraná, que é um estado com expressiva 
produção desta cultura e que teve seu 
boletim atualizado recentemente (no ano 
2017).
Além dos boletins de recomendação, pode-
se utilizar o seguinte cálculo para determinar 
a quantidade de N a ser aplicada em 
cobertura (Stanford e Legg, 1984):
Onde: Nf = quantidade de N requerida pela 
cultura (kg ha-1); Ny = quantidade de N que 
pode ser acumulada na matéria seca da 
parte aérea da planta (palhada + grãos), 
para uma determinada produção de grãos 
(valores variam de 1,0% de N na palhada a 
1,4% de N nos grãos); Ns = nitrogênio suprido 
pelo solo (20 kg de N para cada 1% de 
matéria orgânica do solo); Ef = é o fator de 
eficiência ou aproveitamento do fertilizante 
pela planta (valores variam de 0,5 a 0,7).
Figura 2. Resposta do milho segunda safra 2B587Hx à 
adubação nitrogenada de cobertura em área com e sem a 
aplicação de N no sulco. Fonte: Vitti e Mira, 2020.
Este cálculo é bastante intuitivo e prático, 
pois pode ser aplicado para qualquer 
realidade, principalmente na falta de 
boletins regionais de recomendação. 
Basicamente, ele leva em consideração a 
produtividade esperada para determinar a 
quantidade de N necessária, com base na 
extração e exportação de N pela lavoura, 
subtraindo a necessidade da cultura pela 
quantidade de N que já é disponibilizada 
pelo sistema (MO e restos culturais).
6
https://agroadvance.com.br/a-importancia-da-materia-organica-para-a-fertilidade/
https://agroadvance.com.br/a-importancia-da-materia-organica-para-a-fertilidade/
Tabela 3. Exemplo da utilização da equação 
de Stanford e Legg (1984) para estimativa da 
adubação nitrogenada de cobertura no 
milho segunda safra, visando produtividade 
de 8 t ha-1.
Parcelar ou não parcelar?
O parcelamento (considerando uma 
aplicação no sulco, em pré-plantio ou em 
V1-V2 + pelo menos uma aplicação em 
cobertura), é essencial para obtenção de 
produtividades satisfatórias. Via de regra, é 
interessante parcelar a aplicação do N o 
máximo possível, pois esta prática aumenta 
a eficiência do uso do fertilizante, no entanto, 
nem todos os cenários são responsivos a 
esta prática e, também, nem sempre ela é 
economicamente viável.
Para solosarenosos, recomenda-se que a 
aplicação em cobertura seja feita em dois 
momentos quando a dose de N necessária 
ultrapassa 80 kg ha-1: uma em V2-V4 e outra 
em V6-V7. Para solos argilosos, apenas uma 
aplicação em cobertura é suficiente, 
realizada entre V2 e V4.
Figura 4. Resposta na produtividade de grãos (kg ha-1) à adubação 
nitrogenada (200 kg ha-1) dividida em uma (pré plantio – PP, V3 e 
V6), duas (V3 + V6) ou três (PP + V3 + V6) aplicações. Barras com 
letras diferentes se diferenciam estatisticamente entre si pelo teste 
LSD (p < 0,1). Fonte: Altarugio et al., 2019.
Considerações finais
A adubação do milho segunda safra foi 
bastante negligenciada quando esta 
modalidade de cultivo se iniciou no Brasil, 
por isso que no início a sua produtividade 
era muito baixa, e também por isso que esta 
safra era conhecida como “safrinha”. Mesmo 
com todas as adversidades climáticas que 
reduzem o seu potencial produtivo, como 
chuvas irregulares, menores temperaturas e 
baixa radiação solar, hoje é fato que o 
principal tipo de cultivo de milho no Brasil é 
decorrente do milho “safrinha”, tanto que 
esta expressão cedeu seu espaço para o 
“milho segunda safra”.
Expomos aqui algumas recomendações 
para basear a adubação nitrogenada, mas 
como todos os campos da agricultura, a real 
recomendação para cada lavoura 
especificamente é esta: “depende”. Depende 
de muitos fatores, principalmente, da época 
de plantio, do regime de chuvas da região e 
da safra em questão, do híbrido a ser 
semeado, da cultura anterior e também se a 
lavoura será cultivada irrigada ou em 
sequeiro.
Todos estes aspectos alteram a 
mineralização do N-orgânico do solo, o 
metabolismo da planta, a produtividade 
esperada e, consequentemente, a dose e o 
modo de aplicação de N na cultura.
Como via de regra, observamos que a 
primeira adubação nitrogenada deve ser 
feita antecipadamente, o mais próximo da 
data de semeadura possível (em pré-
plantio, no sulco ou até no máximo de V1-V2). 
Também vimos que o milho é uma cultura 
bastante responsiva ao N. Segundo o 
Professor Fred Below, da Universidade de 
Illinois (EUA), a adubação nitrogenada é 
responsável por 26% da produção do milho.
Por isso, e muito mais, aprendemos que a 
aplicação de N não pode ser negligenciada 
e que a nutrição adequada do milho é um 
dos fatores que pode contribuir para que a 
produtividade brasileira seja mais 
competitiva, pois ainda há muito espaço 
para melhoras.
7
Adubação foliar para milho
Adubação foliar no plantio de milho
As raízes compõem um sistema 
especializado na absorção de água e 
nutrientes, por isso a correção e a adubação 
via solo são tão importantes para o 
desenvolvimento satisfatório das culturas. No 
entanto, são inúmeras as interações que 
podem ocorrer no solo e indisponibilizar os 
nutrientes para a absorção radicular.
A adubação via folha existe como alternativa 
que contorna os problemas decorrentes de 
interações com o solo, além de permitir que 
o nutriente seja aplicado diretamente no 
local e momento em que mais é requerido. 
Neste texto, iremos abordar algumas 
práticas utilizadas na adubação foliar do 
milho, que pode ser feita para fornecer 
nutrientes de forma suplementar ou como 
forma de desencadear estímulos fisiológicos 
que podem potencializar a produção.
Vias de penetração de nutrientes 
nas folhas
Ao contrário das raízes, que fazem o 
transporte da seiva bruta pelo xilema, os 
nutrientes absorvidos via foliar são 
transportados por meio do floema. É 
importante conhecer os caminhos que os 
nutrientes devem percorrer até atingirem o 
floema, pois somente após atingirem este 
vaso eles serão transportados aos órgãos 
drenos e metabolizados.
Os nutrientes podem penetrar nas folhas por 
meio da cutícula, rachaduras causadas por 
danos, tricomas, estômatos e poros (Figura 
1), em seguida, devem atravessar células do 
parênquima e a bainha do feixe vascular 
para atingirem o floema.
Conhecer as vias de penetração é 
importante para entender a diferença na 
eficácia dos fertilizantes disponíveis no 
mercado, uma vez que para atravessar a 
cutícula os nutrientes devem estar solúveis 
em água ou na forma de partículas menores 
que 5 nanômetros. Enquanto partículas 
maiores que 80 nanômetros não são 
absorvidas pelos estômatos.
Adubação foliar para milho com 
micronutrientes
A correção do solo é importante para ajustar 
o pH em valores que disponibilizem a 
maioria dos elementos requeridos pelas 
plantas, mas esta prática geralmente reduz 
a disponibilidade dos micronutrientes 
metálicos, ferro (Fe), cobre (Cu), manganês 
(Mn) e zinco (Zn), na solução do solo (Figura 
2).
Figura 1. Anatomia de uma folha monocotiledônea e 
vias de penetração de nutrientes.
Fonte: Adaptado de Gomes et al. (2019) 
e https://img.brainkart.com/extra2/6VwdBmt.jpg.
A adubação foliar com micronutrientes é 
uma alternativa interessante para contornar 
efeitos negativos do aumento do pH, pois 
entrega os nutrientes diretamente na planta, 
e evita reações indesejadas no solo. É válido 
lembrar que as folhas não são órgãos
Figura 2. Disponibilidade de nutrientes na solução do 
solo em função do pH.
Fonte: Adaptado de Malavolta (1979).
8
Autoria: Bianca de Almeida Machado
(Engenehira Agrônoma (ESALQ/USP)
https://img.brainkart.com/extra2/6VwdBmt.jpg
especializados em absorção, por isso são 
menos eficientes que as raízes nesta função.
Deste modo, pequenas quantidades de 
nutrientes devem ser fornecidas por 
aplicação, ainda mais porque 
concentrações elevadas também podem 
causar fitotoxidez.
Considerando também que os 
micronutrientes não são remobilizados na 
cultura do milho, é importante que as 
aplicações coincidam com momentos 
estratégicos, de maior requerimento pela 
cultura.
Na tabela 1, tem-se a recomendação de 
complementação foliar de micronutrientes 
no milho, considerando a aplicação prévia 
de B (0,15 a 0,30%), Cu (0,15 a 0,20%) e Zn 
(0,40 a 0,50%) junto ao fertilizante N-P-K, via 
solo, no sulco de semeadura (FANCELLI, 
2020).
Na Tabela 2, temos a recomendação de 
adubação com micronutrientes via foliar 
segundo Vitti e Mira (2020).
Algumas recomendações adicionais quanto 
ao fornecimento de micronutrientes são:
• Em áreas alagadas, onde o lençol freático 
é mais superficial e há excesso de água, o 
Cu2+ é reduzido a Cu+, que fica indisponível 
para absorção radicular. Neste caso, 
recomenda-se a aplicações do nutrientes 
via folar, de forma parcelada, de acordo 
com a tabela 2.
• O Zn é um dos micronutrientes mais 
limitantes na produção de milho no Brasil. 
Teores baixos de Zn são encontrados 
principalmente em solos encharcados na 
região do Cerrado ou em solos formados 
sobre rochas sedimentares com baixos 
teores naturais de Zn. Apesar da 
necessidade de aplicação deste 
elemento, em se tratando de adubação 
foliar, não é recomendado o fornecimento 
de mais de 120 g ha-1 de Zn por aplicação, 
devido à possibilidade de ocorrência de 
fitotoxidez.
Algumas estratégias com 
macronutrientes
Macronutrientes não devem ser aplicados 
exclusivamente via adubação foliar, isso 
porque as folhas não conseguem absorver a 
quantidade total requerida, mas existem 
algumas ocasiões em que a aplicação foliar 
destes nutrientes pode auxiliar no 
metabolismo da planta.
Por exemplo, a aplicação foliar de 1,5 kg ha-
1 de N + 150 g ha-1 de B em conjunto com 
fungicidas no estádio de pré-pendoamento, 
tem proporcionado ganhos no peso de 
grãos, resultando em aumentos de 160 a 310 
kg ha-1 (FANCELLI, 2020).
Considerando efeitos positivos do Mg na 
translocação de fotoassimilados e 
carboidratos nas plantas, a aplicação foliar 
deste elemento em estádios reprodutivos 
pode auxiliar no enchimento de grãos, 
resultando em maior produtividade.
Segundo Altarugio et al. (2017), a aplicação 
foliar de 888 g ha-1 de Mg elevou os teores 
de Mg nas folhas e aumentou em 
aproximadamente 10% (737 kg ha-1) a 
produtividade do milho cultivado na região 
de Uberlândia-MG.
Por isso, Vitti e Mira (2020) recomendam a 
aplicaçãode 450 g ha-1 de Mg no pré-
pendoamento + 450 g ha-1 de Mg no pós-
pendoamento (Tabela 3).
A absorção de Mg também pode ser 
comprometida em solos com alta saturação 
de K (o que pode ocorrer devido à aplicação 
de vinhaça ou uso contínuo de fertilizantes 
formulados com concentrações elevadas de
9
K). Neste contexto, a adubação foliar de Mg 
também é altamente recomendada.
Em condições de temperaturas altas, os 
efeitos do estresse térmico são amenizados 
quando as plantas apresentam 
concentrações adequadas de magnésio, o 
que corrobora a aplicação foliar deste 
elemento e, também, o correto fornecimento 
de Mg via solo, de modo a manter teores 
adequados nas plantas ao longo de todo o 
desenvolvimento.
Temperaturas elevadas também podem
diminuir a atividade da enzima nitrato
redutase, que está diretamente ligada à 
assimilação de N absorvido via nitrato. Neste 
contexto a aplicação foliar de Mo em V4/V6 
+ N na forma amoniacal (por exemplo, 
sulfato de amônio) via solo em cobertura, 
pode amenizar os efeitos negativos do 
estresse térmico sobre a assimilação de N.
Adicionalmente, o silício (Si, que é um 
elemento benéfico) pode amenizar efeitos 
negativos de altas temperaturas. Segundo 
Freitas et al. (2011), a aplicação de 217 g ha-
1 de Si resultou em maiores concentrações 
deste elemento nas folhas do milho.
Fontes para aplicação foliar
A aplicação foliar impede que haja reações 
de indisponibilização no solo, que podem 
atrapalhar a absorção de nutrientes pelas 
plantas.
No entanto, do mesmo modo, reações 
indesejadas podem ocorrer no tanque de 
pulverização em função da mistura de 
produtos, diminuindo também a 
disponibilidade dos nutrientes, 
principalmente quando há a mistura de 
fertilizantes com defensivos agrícolas, como 
herbicidas, fungicidas e inseticidas.
A vantagem é que, neste caso, a situação é 
mais fácil de controlar, pois basta fazer a 
escolha certa das fontes a serem aplicadas.
De modo geral, fertilizantes na forma de sais 
são muito reativos e a sua mistura com 
defensivos pode ocasionar em precipitação, 
entupimento de bicos e perda de eficiência 
dos produtos envolvidos.
Fosfitos são fontes que podem diminuir o pH 
da calda de pulverização e por causa disso, 
em algumas situações, podem diminuir a 
eficiência de fungicidas quando aplicados 
em conjunto.
Fontes com baixa solubilidade, como óxidos 
e carbonatos, podem não reagir 
quimicamente com outros compostos da 
calda, mas são dificilmente absorvidas 
pelas plantas e podem decantar no fundo 
do tanque em alguns casos.
As fontes mais recomendadas para misturas 
de tanque tem sido os quelatos, pelo fato de 
não reagirem com outros componentes em 
misturas de tanque, não alterarem 
drasticamente o pH da mistura e serem 
facilmente absorvidos pelas folhas.
De qualquer forma, é válido ressaltar que 
estas recomendações são genéricas. Neste 
caso, cada tanque preparado é um universo 
particular que deve ser estudado de forma 
única. Todas as fontes podem ser utilizadas, 
desde que combinadas de maneira correta, 
respeitando toda a química envolvida na 
mistura.
Considerações finais
Cada vez mais a adubação foliar tem sido 
adotada pelos produtores, sendo prática 
essencial em áreas de alta performance. 
A adubação foliar na cana-de-açúcar, por 
exemplo, vem sendo cada vez mais 
adotadas nos canaviais.
Devido à necessidade de entrar na área 
para pulverização de defensivos, a 
aplicação conjunta de fertilizantes diminui o 
custo da operação, desde que a mistura 
seja feita de forma adequada.
A resposta à adubação foliar depende de 
muitos fatores. Quando feita para corrigir 
sintomas visuais de deficiência pode-se 
observar respostas positivas a olho nu, no 
entanto, muitas vezes os ganhos só são 
perceptíveis na hora da colheita.
10
https://agroadvance.com.br/blog-adubacao-foliar-na-cana-de-acucar/
Aliás, estudos mostram que quanto mais a 
planta está bem nutrida, mais facilmente 
ela absorve nutrientes via folha. Neste 
sentido, a adubação foliar deve ser 
adotada como prática para fornecer 
nutrientes de forma complementar a uma 
adubação que já foi bem-feita na base.
O maior intuito desta prática deve ser 
fornecer o nutriente prontamente 
metabolizável no momento e local em que 
as plantas mais precisam, muitas vezes 
como um estímulo fisiológico para facilitar 
este árduo trabalho que é produção de 
alimentos em campo aberto.
Novidades no uso 
de Azospirillum 
em milho
Azospirillum é uma das bactérias promotoras 
do crescimento de plantas mais estudadas 
no mundo desde sua descoberta por 
Martinus Beijerinck na Holanda em 1925.
Figura 1. Imagens de microscopia eletrônica de raízes de 
milho inoculadas (direita) e não inoculadas (esquerda) 
com Azospirillum brasilense. Fonte: SANTOS et al., 2014.
Como resultado das pesquisas realizadas 
por Johanna Döbereiner no Brasil na década 
de 1970, duas principais características são 
usadas para definir as bactérias do gênero 
Azospirillum:
• a capacidade de fixar nitrogênio 
atmosférico (N2);
• a capacidade de produzir vários 
fitohormônios que melhoram o 
desenvolvimento do sistema adicular das 
plantas
Figura 2. Efeito positivo do Azospirillum nas raízes das 
plantas. IAA: ácido 3-indol-acético. ABA: ácido 
abscísico. Fonte: Traduzido de Rodrigues et al., 2015.
Dentre os efeitos relatados como benefícios 
da utilização das estirpes Ab-V5 e Ab-V6 de 
Azospirillum brasilense – as utilizadas em 
produtos comerciais no Brasil, temos:
• Fixação biológica de Nitrogênio;
• Promoção do crescimento das raízes 
(Figura 3);
• Maior expansão foliar e biomassa de 
plantas;
• Melhor condutância estomática, tolerância 
a seca e salinidade;
• Aumento no teor de clorofila e taxa 
Fotossintética;
• Aumento da absorção de macro e 
micronutrientes;
• Aumento na resistência a patógenos
• Maior rendimento e índice de colheita.
Como o Azospirillum ajuda no 
crescimento das plantas?
Fisiologicamente falando, enquanto a planta 
fornece nutrientes ao Azospirillum, as 
bactérias agem de duas formas principais:
• Promovendo a síntese de fitohormônios -
como auxinas, citocininas e giberelinas –
que aumentam a proliferação do sistema 
radicular das plantas.
• Promovendo alterações positivas em 
metabólitos secundários que ajudam a 
planta a tolerar estresses o hídrico e 
promove resistência ao ataque de 
patógenos.
11
Autoria: Beatriz Nastaro Boschiero
Engenheira Agrônoma, pela UNESP Botucatu 
Não é novidade, portanto que existem 
benefícios na utilização desse bioproduto. 
Contudo somente agora, mais de 10 anos 
depois, é que foi possível compilar vários 
resultados de pesquisas realizada ao longo 
de todo esse tempo e compreender
claramente quais os benefícios do uso
desse inoculante
Figura 3. Arquitetura radicular de plantas de milho com 
ou sem indução de nitrato e com ou sem inoculação 
com A. brasilense após 7 d de tratamento. 
Fonte: Pii et al., 2019.
Evolução no uso de Azospirillum 
como inoculante no Brasil
A utilização de Azospirillum em milho e trigo 
não é novidade e ocorre no Brasil desde 
2009/2010, quando a Embrapa lançou 
comercialmente o primeiro inoculante para 
as culturas de milho e trigo.
Ao longo dos anos a adoção da prática de 
inoculação em gramíneas vêm sendo cada 
vez mais implementadas pelos agricultores 
brasileiros, sendo que mais de 10 milhões de 
doses do inoculante contendo Azospirillum 
brasilense foram comercializadas no país 
em 2019 (Figura 4).
Figura 4. Doses de inoculantes contendo cepas de 
Azospirillum brasilense Ab-V5 e Ab-V6 comercializadas 
no Brasil desde o lançamento do primeiro inoculante 
comercial. Fonte: Santos et al., 2021.
Uso de Azospirillum em milho
Uma meta-análise de 103 experimentos 
realizados em 54 locais de 10 estados 
brasileiros (Figura 5) mostrou que a 
inoculação de sementes de milho com 
Azospirillum promove:
↑ de 5,4% na produtividade de grãos,
↑ de 4,3% no teor de N na folha,
↑ de 3,6% no teor de N nos grãos,
↑ de 12,1% no crescimento das raízes das 
plantas.
Mas em que condiçõesexiste 
resposta? Nas mais diversas!
Figura 6 - Efeito da inoculação das cepas de 
Azospirillum brasilense Ab-V5 e Ab-V6 na produtividade 
de grãos de milho em função do clima, faixa de 
produtividade, textura do solo e teor de carbono 
orgânico do solo (COS). Os valores são médias ± 
intervalo de confiança. O efeito é significativo quando o 
IC não se sobreponha a zero. Os dados são de 30 
experimentos. Fonte: Traduzido de Hungria et al., 2022.
12
Redução de 25% na dose de N em 
cobertura após inoculação com 
Azospirillum em milho
As informações mais recentes publicadas 
pela Embrapa indicam para o produtor, que 
na prática, a inoculação de sementes de 
milho com a bactéria Azospirillum brasilense 
(estirpes Ab-V5 e Ab-V6) permite a redução 
de 25% da adubação nitrogenada de 
cobertura - considerando a dose de 90 kg 
por hectare de N-fertilizante - sem perdas de 
produtividade (Figura 7).
Figura 7. Rendimento de grãos de milho não inoculado e 
recebendo fertilizante 100% N (90 kg ha-1 de N) aplicado 
em cobertura aos 35 d após emergência, inoculadas 
com as cepas de Azospirillum brasilense Ab-V5 e Ab-V6 
e recebendo adubação 75% N. Fonte: Traduzido de 
Hungria et al., 2022
Tal prática de manejo resulta em:
• Ganho econômico gerado ao produtor 
devido a economia de fertilizantes 
nitrogenados;
• Ganho ambiental com redução nas 
emissões dos gases do efeito estufa 
(redução nas emissões de CO2 
equivalente), que contribuem para a 
sustentabilidade da agricultura brasileira.
O produto comercial é vendido na 
forma turfosa ou na forma líquida. 
Como o Azospirillim é utilizado a 
campo?
Embora para o milho o produto possa ser 
aplicado via foliar em estágios que vão do 
V2 ao V6, o mais comum e o que traz os 
melhores resultados é a aplicação via 
inoculação das sementes (Figura 10).
Figura 8. Efeito da inoculação com Azospirillum 
brasilense na produtividade de grãos de milho segundo 
o método de inoculação e cepa de A. brasilense. Valores 
são meios ±95% do intervalo de confiança (IC). Número 
de comparações para cada milho atributo está entre 
parênteses. O efeito é significativo quando o IC não se 
sobrepõe o zero. Fonte: Traduzido de Barbosa et al., 2022
Cuidados para aquisição e uso de 
inoculantes contendo Azospirillum
• É importante que o produto apresente o 
número de registro no MAPA (Ministério da 
Agricultura, Pecuária e Abastecimento);
• Atente-se ao prazo de validade do 
produto;
• Conserve o inoculante em local protegido 
do sol e arejado até a utilização – as 
temperaturas NÃO devem ser superiores à 
32ºC;
• Durante a semeadura, se o depósito de 
sementes na máquina ficar 30 muito 
aquecido (temperatura > 35°C), deve-se 
interromper a atividade e resfriar a caixa, 
pois o calor pode matar as bactérias;
13
• No caso de uso de inoculante turfoso 
utilizar solução açucarada a 10% para 
permitir aderência do produto nas 
sementes;
• Não inocular diretamente na caixa de 
semeadura;
• A semeadura deve ser imediatamente ou 
no máximo 24 horas após a inoculação;
• Lembrar que o inoculante contém 
bactérias vivas, sensíveis ao calor, 
deficiência hídrica (cuidado com solo 
seco) e agrotóxicos. Nessas condições, 
aumentar a dose do inoculante, 
permitindo maior número de células de 
Azospirillum por semente e semear o mais 
breve possível.
• Não ultrapassar 1 dose na semente e 2 
doses no sulco.
Conclusão
14
SOJA
Manejo do boro na cultura da soja
Importância do boro (B)
De acordo com Malavolta (2006) o boro (B) é 
o micronutriente cuja a deficiência é a mais 
comum em uma série de culturas no Brasil.
Nas condições brasileiras, em que os solos 
são em sua maioria ácidos, o boro é 
absorvido pelas plantas principalmente na 
forma de ácido bórico B(OH)3, o qual é uma 
molécula não iônica (sem carga), muito 
móvel no solo e consequentemente 
altamente lixiviável.
Nas plantas o boro tem várias funções, 
dentre as quais podem-se destacar a 
participação na síntese e estrutura da 
parede celular; transporte de açúcares; 
lignificação; respiração; metabolismo de 
fenóis e ácido indol acético (AIA); frutificação 
e crescimento de tubo polínico.
Em termos de exigência, as dicotiledôneas, 
como soja, necessitam uma concentração 
de boro no tecido vegetal de 20-70 mg kg-1, 
ou seja, maior do que as monocotiledôneas, 
que exigem de 5 a 10 mg kg-1 .
Na maioria das plantas o boro possui baixa 
mobilidade, sendo que os sintomas de 
deficiência deste nutriente manifestam-se 
principalmente em tecido jovens, devido às 
características do boro, entre os quais 
podemos destacar:
• Redução do crescimento e deformações 
nas zonas de crescimento;
• Diminuição da superfície foliar, com folhas 
pequenas, deformadas, espessas e 
quebradiças;
• Crescimento reduzido das raízes (figura 1).
A cultura da soja, para a produção de 1,0 
tonelada de grãos, extraí 
aproximadamente 75 g de boro, dos quais 
30% são exportados nos grãos.
Como diagnosticar a necessidade 
de adubação de B na soja
Análise de solo
Para um adequado fornecimento de boro 
para a soja deve-se considerar o teor do 
nutriente no solo na camada de 0-20 cm, 
visando verificar a necessidade de aporte 
via fertilizante através da análise de solo.
De acordo com vários trabalhos de pesquisa 
(Abreu et al., 2005; Vale, Araújo, Vitti, 2008) 
mais de 80% dos solos brasileiros possuem 
teores de boro abaixo do nível crítico, 
fazendo-se necessária a adubação do 
elemento via solo.
Tabela 1. Interpretação dos teores de boro 
no solo de acordo com Boletim Cerrado de 
Correção e Adubação (Sousa e Lobato, 
2002) e o Boletim Técnico 100 (Raij et al., 
1996).
O boro é o micronutriente cuja a aplicação via fertilizante tem mais 
respondido em produtividade na cultura da soja.
Figura 1. Efeito do baixo e adequado suprimento de boro 
no sistema radicular de canola, soja e milho. Imagem: 
Dr. Ismail Cakmak (Sabanci University)
15
Autoria: Eduardo Zavaschi
Engenheiro Agrônomo, Doutor em solos e nutrição de planta.
https://agroadvance.com.br/manejo-do-solo-com-boro/
https://agroadvance.com.br/blog-analise-de-solo-o-que-e-tipos-e-como-fazer/
https://agroadvance.com.br/blog-interpretacao-analise-de-solo/
https://agroadvance.com.br/blog-insights-nutricao-de-plantas-cakmak/
Atualmente, visando a obtenção de altas 
produtividades de soja, muitos 
pesquisadores e consultores tem 
recomendado que o nível crítico de B no solo 
seja de 0,8 a 1,0 mg dm-3.
Análise de tecido foliar
Além do teor do elemento no solo é válido 
verificar a concentração dos nutrientes nos 
tecidos foliares para avaliar a capacidade de 
suprimento do solo. Para soja recomenda-se 
coletar o terceiro ou quarto trifólio 
completamente expandido, com pecíolo, 
quando a cultura estiver no estádio 
fenológico de R2.
Segundo a EMBRAPA (2008), o teor foliar de 
boro adequado para a cultura da soja é 
de 20 a 55 mg dm-3.
Como fazer a adubação de B na soja
Via solo
Por apresentar baixa mobilidade na planta e 
ter grande importância para o crescimento 
das raízes, o boro deve estar presente em 
quantidade satisfatória no perfil do solo e, 
portanto, ser aplicado preferencialmente via 
solo.
Esta modalidade apresenta correção lenta, 
duradoura e preventiva e deve ser feita 
quando os teores do solo estiveram abaixo 
do nível adequado, de acordo com a Tabela 
1.
As doses de boro recomendadas para 
aplicações do boro na soja, objetivando 
rendimentos elevados estão apresentadas 
na tabela 2.
Tabela 2. Recomendação de boro via solo 
para a cultura da soja
Para aplicação de fertilizantes via solo, na 
forma sólida, recomenda-se 
preferencialmente o Tetraborato de Sódio 
Pentahidratado – Bórax Penta – 
(Na2B4O7.5H2O) e Ulexita (NaCaB5O2.8H2O). 
Ressalta-se que a melhor forma de 
aplicação destas fontes é agregada aos 
grânulos dos fertilizantes NPK, tecnologia que 
permite maior uniformidade de distribuição e 
solubilidade dos micronutrientes devido as 
propriedades do boro.
Porém há produtores aplicando as fontes 
boratadas de maneira isolada com bons 
resultados.De acordo com a legislação as fontes do 
boro, para aplicação sólida via solo, devem 
ter no mínimo 60% do teor total de B solúvel 
em ácido cítrico para serem 
comercializadas. É importante que o 
agricultor faça análises periódicas dos 
fertilizantes para verificar estas exigências.
Existe também a possibilidade da aplicação 
do boro via solo de forma fluida e em área 
total na dessecação, simultaneamente com 
o herbicida.
A fonte tradicionalmente mais utilizada nessa 
modalidade é o ácido bórico (17% B), na dose 
de 2,0 a 4,0 kg ha-1, fornecendo em média de 
0,34 a 0,68 kg ha-1 de B.
Essa modalidade tem algumas restrições 
pelo fato do ácido bórico ser altamente 
lixiviável no solo e dos problemas 
operacionais relacionados com a dificuldade 
da dissolução do produto no tanque de 
pulverização.
Via foliar
O fornecimento de micronutrientes via 
foliar permite correção rápida, porém menos 
duradoura. As fontes mais indicadas para 
aplicação foliar devem ser solúveis em água 
e estão descritas na tabela 3.
Tabela 3. Opções de fontes de boro para 
aplicação na operação de dessecação
16
https://agroadvance.com.br/blog-perfil-do-solo/
https://agroadvance.com.br/blog-entenda-a-adubacao-foliar/
https://agroadvance.com.br/blog-entenda-a-adubacao-foliar/
Devido a importância do boro na fertilização, 
manutenção e integridade dos órgãos 
reprodutivos e no transporte de açúcares 
sugere-se que pulverizações foliares do 
nutriente sejam realizadas principalmente no 
período reprodutivo da cultura.
Além disso, em função ao boro ter 
mobilidade muito baixa na planta de soja, 
recomenda-se que a aplicação deste 
elemento via foliar seja parcelada ao longo 
do ciclo da cultura, visando atingir a maior 
quantidade possível de tecidos da parte 
área.
A eficiência deste manejo foi comprovada 
em trabalho recente da Fundação MS 
(Tabela 4), que mostrou que o parcelamento 
do fornecimento de boro proporcionou as 
maiores respostas em produtividade de soja.
Tabela 4. Efeito do parcelamento da 
aplicação de boro via foliar
Desta forma, visando o fornecimento de boro 
via foliar, recomenda-se a aplicação 
de 100 a 200 g ha-1 de B, parcelada nos 
estádios fenológicos de V4/V5; R1/ R2 e 
R3/R4.
Considerações finais
Para se obter o adequado fornecimento de 
boro à cultura da soja é fundamental a 
determinação de boro no solo, na camada 
de 0-20 cm, verificação periódica dos teores 
foliares e aplicação do nutriente via solo, 
preferencialmente agregado ao fertilizante 
NPK, com complementação via foliar, de 
forma parcelada.
Interação 
Manganês e 
Glifosato na soja
Uma história de fortes interações, mas 
nem tanto assim.
Fertilizantes Foliares e Herbicidas
A aplicação de fertilizantes foliares em 
conjunto herbicida sobre uma cultura 
agrícola é uma prática bastante comum em 
lavouras de soja resistentes ao glifosato.
Conhecidas também como “RR” (Roundup 
Ready), as cultivares resistentes ao glifosato 
são comercializadas no Brasil desde 2003, e 
representam hoje mais de 95% de toda a 
área de soja plantada no país. O sucesso 
desta tecnologia está no controle facilitado 
de plantas daninhas, pois ela possibilitou 
que o glifosato, que é um herbicida pós 
emergente de amplo espectro, fosse 
aplicado em área total e pós emergências, 
sem comprometer o desenvolvimento da 
cultura.
A possibilidade de aplicar o glifosato sobre a 
soja permitiu o aproveitamento desta 
operação para fornecer em conjunto 
micronutrientes via foliar para a cultura, o 
que é uma prática interessante para reduzir 
custos operacionais. No entanto, para atingir 
este objetivo é preciso conhecer algumas 
peculiaridades sobre este assunto.
Dentre os micronutrientes, o manganês (Mn) 
é o mais comum em misturas com glifosato, 
e talvez o mais polêmico. A aplicação de Mn 
é pratica comum nos campos de soja RR, 
isso porque há algumas hipóteses bastante 
difundidas que sustentam interações 
indesejadas com o glifosato, desde a 
mistura no tanque de pulverização, 
passando pelo meio intracelular, e 
chegando até à rizosfera das plantas que 
recebem a aplicação.
A seguir, iremos discutir melhor sobre estas 
hipóteses e desmistificá-las com base em 
novos resultados de pesquisa sobre o 
assunto.
17
Autoria: Bianca de Almeida Machado 
(Engenehira Agrônoma (ESALQ/USP)
https://agroadvance.com.br/herbicidas-4-criterios-para-classificacao/
O que há entre o Mn e o glifosato?
Tudo começou com a observação de um 
amarelecimento temporário em folhas de 
soja RR emergidas logo após a aplicação do 
glifosato. Este sintoma se mostrou 
temporário por se reverter entre 14 a 21 dias 
após o aparecimento, e ficou popularmente 
conhecido como yellow flashing, sendo 
observado em lavouras nos Estados Unidos 
e no Brasil. Por ser semelhante aos sintomas 
de deficiência de Mn, levantou-se a hipótese 
de que a aplicação de glifosato estivesse 
indisponibilizando e/ou interferindo no 
metabolismo do Mn pela planta.
Esta hipótese foi considerada porque o 
glifosato, antes de se tornar o principal 
herbicida da história, foi desenvolvido e 
patenteado, em 1964, como um agente 
quelante, devido à sua capacidade de 
complexar cátions di e trivalentes. Sendo o 
Mn absorvido pelas plantas na forma 
divalente (Mn2+), considerou-se a 
possibilidade de o glifosato estar 
complexando-o no interior das células, 
indisponibilizando-o para cumprir suas 
funções no metabolismo da planta.
Desmistificando a hipótese da 
complexação intracelular
De fato, o glifosato é capaz de complexar 
átomos de Mn2+ em soluções aquosas, como 
veremos com mais detalhes nos próximos 
tópicos, no entanto, a complexação do Mn 
intracelular nunca foi comprovada, pelo 
contrário, trabalhos de pesquisa mostram 
evidências que refutam esta hipótese (BOTT 
et al., 2008; MACHADO et al., 2019).
O Laboratório de Instrumentação Nuclear, 
coordenado pelo Prof. Hudson de Carvalho 
no Centro de Energia Nuclear na Agricultura 
(CENA/USP), publicou resultados de um 
experimento analisado no Laboratório 
Nacional de Luz Sincrotron que, utilizando 
raios-x, mostrou que o Mn aplicado via foliar, 
em conjunto com o glifosato, não é 
transportado de forma complexada, como 
vimos na Figura 1 (MACHADO et al., 2019).
Figura 1. Análises feitas no Laboratório Nacional de Luz 
Síncrotron. (A) Plantas de soja foram tratadas via foliar 
com MnSO4, Mn-EDTA e Mn-fosfito, misturados ou não 
com glifosato. (B) 2 horas após a aplicação, os pecíolos 
das folhas tratadas foram analisados, com as plantas 
ainda vivas. (C) Os resultados mostram que, 
independente da fonte e da mistura com o glifosato, os 
espectros medidos nos pecíolos coincidem com os 
espectros usados como padrão para cada fonte, que 
são soluções destes fertilizantes. Como resultado, 
observamos que o Mn-EDTA é absorvido via foliar e 
transportado até o pecíolo na sua forma quelatizada. 
Para mais detalhes, veja o artigo de Machado et al. 
(2019).
Não há evidências que comprovem a 
complexação intracelular do Mn pelo 
glifosato, mas, embora não seja uma regra, 
o yellow flashing é um problema visto no 
campo em algumas situações, como no 
caso de aplicações de altas doses de 
glifosato, realizadas sob condições (calor e 
umidade) que promovam o rápido 
desenvolvimento da soja.
O que causa o yellow flashing?
A maior parte do glifosato absorvido é 
transportado para tecidos meristemáticos. 
Algumas frações também podem ser 
exsudadas pelas raízes ou metabolizadas 
pela planta, sendo o AMPA (ácido 
aminometilfosfônico) o primeiro e principal 
metabólito formado a partir da sua 
degradação, conforme esquematizado na 
figura 2.
Estudos mostraram que o aparecimento 
do yellow flashing é na verdade uma
18
resposta das cultivares RR à toxicidade ao 
AMPA, que é uma substância que se mostrou 
capaz de reduzir o conteúdo de clorofila nas 
folhas (DING et al., 2011; REDDY; RIMANDO; 
DUKE, 2004), razão pela qual se dá o 
amarelecimento. O AMPA é posteriormente 
metabolizado pela planta e sua 
concentração nas folhas é 
significativamente reduzida,em média, 22 
dias após a aplicação, o que coincide com o 
momento em que os sintomas do yellow 
flashing são atenuados.
Por que aplicamos o Mn junto com o 
glifosato?
Como vimos, a complexação do Mn 
intracelular pelo glifosato não é a causa 
do yellow flashing, por isso, se a sua 
aplicação é feita apenas com o objetivo de 
compensar possíveis efeitos negativos do 
glifosato sobre o seu aproveitamento pela 
soja, então ela é feita pelo motivo errado.
No entanto, embora o glifosato não interfira 
no metabolismo do Mn, este elemento é 
essencial para o desenvolvimento da cultura, 
sendo importante na mitigação de estresses 
oxidativos e indispensável para atingir altas 
produtividades, sendo o fornecimento do 
nutriente via foliar uma boa opção.
Neste sentido, a aplicação do Mn junto com o 
glifosato é uma alternativa interessante, não 
como tentativa de compensar o mito da 
complexação, mas sim para aproveitar 
operações mecanizadas que já devem ser 
feitas, buscando reduzir custos.
Misturas de tanque: reduzir custos, 
mantendo a eficiência de aplicação
Figura 2. Destinos do glifosato após absorção pela soja.
Embora não haja interações no meio 
intracelular, o glifosato continua sendo 
capaz de complexar o Mn2+ em soluções 
aquosas, sendo estas espécies altamente 
reativas em misturas de tanque. Neste 
contexto, algumas estratégias devem ser 
tomadas para driblar esta situação e evitar 
perdas.
As fontes importam
Um estudo conduzido pelo Laboratório de 
Instrumentação Nuclear (CENA/USP) testou 
4 fontes de Mn em misturas de tanque com 
glifosato, bem como a eficiência destas 
misturas no fornecimento de Mn para a soja 
RR. As fontes utilizadas foram sulfato de Mn 
(MnSO4), carbonato de Mn (MnCO3), fosfito 
de Mn (MnHPO3) e Mn quelatizado com 
ácido etilenodiaminotetracético (Mn-EDTA).
Os resultados mostraram que misturas de 
MnSO4 + glifosato podem causar perdas de 
até 30% do Mn e do glifosato no tanque de 
pulverização, devido à formação de 
complexos pouco solúveis que precipitam 
com uma razão molar Mn:Glifosato de 2:1. 
Essas perdas refletem em diminuição na 
eficiência do fornecimento do Mn para a 
soja (Figura 3) e no controle de plantas 
daninhas pelo glifosato, como constatado 
por Bernards et al. (2005).
Figura 3. Efeitos da mistura do glifosato com solução de 
MnSO4, causando precipitação do Mn e diminuindo a 
eficiência do MnSO4 no fornecimento deste 
micronutriente para a soja.
19
Figura 4. O MnCO3 não se mostrou eficiente no 
fornecimento de Mn via foliar para a soja durante o 
período avaliado (72 horas) independente da mistura 
do glifosato.O MnCO3 utilizado neste trabalho consistia 
em um pó com partículas nanométricas (80 – 100 nm), 
suspenso em água, sem estabilizantes. Neste caso, o 
MnCO3 não reagiu quimicamente com o glifosato, mas 
precipitou em sua totalidade por ser pouco solúvel, 
mostrando-se como uma fonte pouco eficiente para o 
fornecimento de Mn via foliar (Figura 4).
Provavelmente devido ao seu pH ácido (em 
torno de 1,7), a solução de fosfito de Mn não 
reagiu com o glifosato na mistura de tanque, 
porém esta combinação reduziu a eficiência 
no fornecimento de Mn para a soja. Das 
fontes de manganês avaliadas, a única que 
não reagiu e não teve sua eficiência afetada 
pela mistura com o glifosato foi o Mn-EDTA 
(Figura 5).
Figura 5. A mistura do glifosato reduziu a eficiência do 
fosfito de Mn no fornecimento de Mn via foliar para a 
soja, enquanto a eficiência do Mn-EDTA não foi afetada.
Influência do pH da mistura
O controle do pH das misturas no tanque de 
pulverização é importante para garantir a 
ação adequada do glifosato, e pode evitar 
reações indesejadas de complexação do Mn. 
Na imagem a seguir observa-se a 
condutividade elétrica e do pH das fontes de
Mn, antes e após a mistura do glifosato.
Observa-se algumas características destas 
fontes, como a alta acidez do fosfito de Mn 
(com pH abaixo de 2) e a grande influência 
que a mistura do glifosato causa sobre a 
solução de MnSO4. Fontes como o Mn-EDTA, 
Mn-fosfito e o MnCO3 não sofrem grandes 
influências devido à mistura, pois não 
reagem quimicamente com o glifosato.
O Mn quelatizado não reage pois o EDTA tem 
força de ligação maior que a molécula de 
glifosato. No caso do MnCO3 não há 
interação pois esta é uma fonte pouco 
solúvel, que não disponibiliza íons Mn2+ livres 
para reagirem com o glifosato em solução.
O caso do Mn-fosfito é interessante, pois é 
uma fonte solúvel de Mn2+, mas seu pH 
ácido não proporciona um meio favorável à 
complexação do Mn com o glifosato. Em pH 
ácido, a molécula desse herbicida está 
protonada, ou seja, os sítios de adsorção 
estão preenchidos com íons H+, não 
restando locais para a adsorção do Mn2+.
Neste sentido, diminuir o pH da mistura é 
uma alternativa para evitar complexação 
até mesmo quando se usa uma fonte como 
o MnSO4, mas também veremos que esta 
pode não ser a melhor opção.
Na imagem a seguir, observa-se as 
espécies de glifosato em função do pH (A), 
bem como a influência deste parâmetro na 
formação de precipitados em misturas de 
MnSO4 + glifosato (B). Observa-se que em 
pH 1 não há a formação de precipitados, ao 
contrário do que se observa em condições 
de pH entre 3 e 5. No caso de se elevar o pH 
para 7, a forma química do Mn é alterada.
Figura 6. Condutividade elétrica (A) e pH (B) de 
fontes de Mn em função da mistura do glifosato ao 
longo do tempo.
20
Figura 7. Espécies de glifosato (A) e soluções de MnSO4 
+ Glifosato em função do pH do meio (B).
No entanto, embora a redução do pH evite 
reações de complexação no tanque, a 
aplicação de soluções ácidas sobre a folha 
da soja pode ser danosa para a cultura. Na 
Figura 8, vemos alguns exemplos do efeito 
da aplicação de soluções ácidas sobre a 
epiderme da folha.
A olho nu, é possível observar sintomas de 
fitotoxidez e, analisando os danos em 
microscópio eletrônico de varredura, vemos 
que as células são severamente danificadas, 
tendo suas paredes e membranas 
colapsadas. Este efeito, ao mesmo tempo 
que pode promover a absorção rápida da 
solução aplicada, devido aos ferimentos 
causados, pode também causar estresses 
oxidativos e servir como porta de entrada 
para patógenos.
Figura 8. Efeitos da aplicação de soluções ácidas sobre a 
epiderme foliar.
de novela, com mentiras, verdades, 
polêmicas e reviravoltas. O maior desafio é 
desconstruir mitos, que podem ser usados 
erroneamente como justificativas para 
explicar fenômenos como o yellow flashing.
Diante dos fatos, vemos que não é 
necessário aumentar doses de Mn para 
compensar efeitos do glifosato, portanto, 
produtor e produtora, fiquem atentos 
quando receber alguma recomendação 
deste tipo.
A aplicação do Mn ainda é importante para 
se atingir altos rendimentos, e é interessante 
ser feita em conjunto com o glifosato, 
pensando na redução de operações 
mecanizadas. A Embrapa recomenda a 
aplicação de 350 g ha-1 de Mn ao longo do 
desenvolvimento da cultura, e é interessante 
parcelar esta aplicação em 3 vezes (em 
torno dos estádios V3, V7 e R1). No campo, 
observamos a utilização de doses menores, 
dependendo da fonte, sem prejuízos de 
produtividade.
Dentre as fontes, a mais eficiente para 
misturas é o Mn-EDTA, pois não reage no 
tanque de pulverização, não tem sua 
eficiência diminuída e mantém o pH da 
solução em um nível aceitável (em torno de 
5), sem causar maiores danos às células da 
epiderme foliar.
Adquirir produtos de procedência e 
qualidade também é imprescindível, pois é 
importante que o Mn esteja completamente 
quelatizado. Geralmente uma boa fonte de 
Mn-EDTA possui em torno de 13% de Mn.
De qualquer forma, recomenda-se que seja 
feito teste de qualidade/compatibilidade 
antes de realizar as misturas de tanque, 
analisando cada lote de fertilizante 
adquirido.
Considerações finais e 
recomendações
As histórias que cercam as interações entre 
o Mn e o glifosato compõem um bom roteiro
21
FBN Fixação 
Biológica de 
Nitrogênio na Soja
O Brasil se destaca hojecomo maior 
produtor mundial de soja devido a adoção 
de tecnologias que são ambientalmente 
favoráveis, como a fixação biológica de 
nitrogênio, onde a inoculação das sementes 
com bactérias do 
gênero Bradyrhizobium dispensa totalmente 
a utilização de fertilizantes nitrogenados e 
por isso diminui as emissões de gases de 
efeito estufa e a contaminação de lençóis 
freáticos com nitrato.
Depois da fotossíntese – processo realizado 
pelas plantas para a produção de 
energia, a Fixação Biológica do Nitrogênio 
(FBN) é um dos processos mais importantes 
para a sobrevivência das espécies.
As estimativas são de que a FBN contribui 
com cerca de 65% de todo o N reativo 
introduzido no ciclo do N no planeta, ou 96% 
da fixação por processos naturais.
Bactérias diazotróficas transformam o N2, 
gás que constitui 78% da 
atmosfera terrestre em N assimilável pelas 
plantas. Esse mesmo N irá depois ser 
utilizado para produção de aminoácidos, 
proteínas e todos os demais compostos 
orgânicos essenciais à manutenção da vida.
Assim, pode-se afirmar que a FBN é uma 
verdadeira “fábrica biológica”, capaz de 
suprir as necessidades de várias 
leguminosas como a soja.
O que é a fixação biológica do 
nitrogênio?
A fixação biológica de nitrogênio é um 
processo de simbiose mutualística entre 
uma planta e bactérias diazotróficas. As 
bactérias se fixam nas raízes do hospedeiro 
em troca de abrigo, nutrientes e compostos 
fotoassimilados, formando nódulos.
Em contrapartida, realizam a fixação 
atmosférica do nitrogênio (N2) em amônia 
(NH3) que passam a ser utilizados pela 
planta em seu metabolismo. Dessa forma a 
fixação biológica de nitrogênio captura da 
atmosfera milhares de tonelada de N2 por 
ano e transforma em formas assimiláveis de 
nitrogênio para a formação de proteínas e 
tecidos.
A reação que ocorre durante a fixação 
biológica de nitrogênio é a seguinte:
N2 + 8 e– + 8 H + 16MgATP —> 2NH3 + H2 + 16MgADP + 16 Pi
Figura 1. Sistema radicular da soja e a presença de 
vários nódulos.
Quais os benefícios da FBN?
Os grãos de soja contêm cerca de 40% de 
proteína e 15% dessa proteína é nitrogênio. A 
Fixação biológica de nitrogênio é a capaz 
de suprir toda a demanda da cultura da 
soja, juntamente com o N oriundo da 
matéria orgânica do solo, alcançando 
elevados índices de produtividade.
A técnica de inoculação da semente é uma 
ferramenta de grande importância para 
maximizar a fixação biológica de nitrogênio. 
Durante os anos houve uma grande 
evolução das técnicas de inoculação, que 
buscam os seguintes objetivos:
• Garantir uma alta concentração de 
bactérias sobre a semente;
• Incorporar ao solo estirpes de alta 
capacidade de fixar biologicamente mais 
nitrogênio do ar;
• Manter altos níveis de sobrevivência 
bacteriana para se obter maior 
quantidade de nódulos provenientes dos 
inoculantes.
22
Autoria: Beatriz Nastaro Boschiero
Engenheira Agrônoma, pela UNESP Botucatu 
https://agroadvance.com.br/blog-soja-ardida-fermentada-avarias-graos/
Tabela 1. Principais vantagens e 
desvantagens da utilização de fertilizantes 
nitrogenados e do processo de fixação 
biológica de N2 (FBN) em leguminosas
Ambientalmente falando a fixação biológica 
de nitrogênio reduz os impactos ambientais 
devido à não utilização de fertilizantes 
minerais. O aproveitamento dos fertilizantes 
nitrogenados pelas plantas é baixo e 
raramente ultrapassa 50%. Isso significa que 
ao aplicar 100 kg de N, pelo menos 50 kg são 
perdidos por diferentes processos que 
ocorrem no solo, como volatilização e 
lixiviação.
Pensando na fixação biológica de nitrogênio, 
a contribuição de N não excede as 
necessidades dos agro ecossistemas. Além 
das perdas econômicas, o fertilizante perdido 
simboliza uma grave fonte de poluição 
ambiental, contaminando rios, lagos, lençóis 
freáticos e a atmosfera com gases de efeito 
estufa, incluindo o óxido nítrico e o óxido 
nitroso, que são os de maior impacto à 
camada de ozônio.
A fixação biológica de nitrogênio também 
traz benefícios econômicos, devido a não 
utilização de fertilizantes nitrogenados nas 
lavouras de soja. Estima-se que o Brasil 
economize anualmente cerca de US$ 8 
bilhões.
Vantagens e desvantagens da FBN 
comparado a fertilizantes minerais
Se houver uma associação eficiente entre 
esses microrganismos diazotróficos e as 
plantas, o nitrogênio fixado pode suprir todas 
as necessidades de várias espécies com 
importância econômica e ambiental, 
eliminando a necessidade de fertilizantes 
nitrogenados.
No caso da simbiose com leguminosas, são 
observados aportes de grandes quantidades 
de nitrogênio por hectare por ciclo.
Na Tabela 1, são apresentadas as principais 
vantagens e desvantagens da fixação 
biológica de nitrogênio (FBN) em simbiose 
em comparação com o uso de fertilizantes 
nitrogenados.
O caso mais bem-sucedido de utilização da 
FBN na agricultura, reconhecido 
internacionalmente, é a cultura da soja no 
Brasil, resultado de décadas de 
investimentos em pesquisa, transferência de 
tecnologia e adoção pelos agricultores.
Figura 1. Sistema radicular da soja e a presença de 
vários nódulos.
O produtor deve utilizar fertilizante 
nitrogenado para um “arranque 
inicial” da soja?
Muitos produtores são orientados a fazerem 
uma “aplicação de arranque” com N mineral 
no plantio da soja. Essa prática é mesmo 
correta? Embora essa questão tenha sido 
alvo de muitos debates a resposta mais 
sensata diante de evidências científicas é: 
não!
A aplicação de fertilizantes nitrogenados na 
soja, além de aumentar os custos de 
produção, pode comprometer o processo 
simbiótico e interferir na formação dos 
nódulos que são as grandes fábricas de 
nitrogênio e com isso diminuir a 
produtividade da cultura.
Apesar de poder melhorar o 
desenvolvimento do sistema radicular no 
início do ciclo de crescimento, o 
fornecimento de N via fertilizante atrapalha 
o processo de formação dos nódulos e 
consequentemente diminui a capacidade 
das plantas em aproveitar o N 
atmosférico (fonte limpa e segura com um 
custo 100 vezes menor que a adubação
Fonte: Hungria e Nogueira, 2022.
23
https://agroadvance.com.br/blog-eficiencia-de-uso-de-n-pelas-plantas/
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https://agroadvance.com.br/blog-fertilizantes-nitrogenados-tecnologias/
rendimento de grãos de 8,4%, enquanto a 
coinoculação apresentou um aumento 
ainda maior, de 16,1% (HUNGRIA & NOGUEIRA, 
2022).
A coinoculação também mostrou benefícios 
adicionais, como maior massa de raízes, 
número e massa de nódulos, e teor de 
nitrogênio nos grãos.
Essa prática tem sido difundida por 
programas de assistência técnica e 
extensão rural, alcançando milhares de 
agricultores em diferentes municípios do 
país. Estudos científicos têm respaldado os 
benefícios da coinoculação, consolidando-a 
como uma estratégia eficiente para o cultivo 
da soja.
Conclusões
A fixação biológica de nitrogênio 
desempenha um papel fundamental na 
sobrevivência das espécies, incluindo a soja, 
sendo uma verdadeira “fábrica biológica” de 
nitrogênio assimilável pelas plantas.
Ao adotar a inoculação anual com bactérias 
fixadoras de N, os agricultores obtêm 
benefícios significativos, como maior 
rendimento de grãos e teor de nitrogênio.
Além disso, a coinoculação com Azospirillum 
brasilense potencializa esses resultados, 
promovendo o crescimento das raízes e 
melhorando a absorção de nutrientes.
Essas práticas sustentáveis reduzem a 
dependência de fertilizantes nitrogenados, 
diminuem as emissões de gases de efeito 
estufa e preservam a qualidade ambiental.
O Brasil, como maior produtor mundial de 
soja, tem se destacado no uso dessas 
estratégias, impulsionando a produtividade 
da cultura de forma econômica e 
sustentável.
Ao adotar a fixação biológica de nitrogênio 
na soja, os agricultores estão investindo no 
futuro da agricultura, garantindo a saúde do 
solo, o aumento da produtividade e a 
preservaçãodo meio ambiente.
nitrogenada – que por sua vez 
comprometem a qualidade ambiental).
A importância da inoculação anual 
da soja
A inoculação anual da soja tem se mostrado 
uma prática importante e benéfica para o 
cultivo dessa cultura.
Pesquisas realizadas pela Embrapa Soja 
mostraram que mesmo em solos com 
populações elevadas de rizóbios nodulantes, 
introduzidas por inoculações anteriores, a 
reinoculação anual proporciona incrementos 
significativos no rendimento de grãos e no 
teor de nitrogênio dos grãos. Esses benefícios 
são especialmente observados em regiões 
mais sujeitas a estresses ambientais.
A inoculação anual contribui para uma 
nodulação inicial eficiente na coroa da raiz 
principal, resultando em maior atividade de 
fixação biológica do nitrogênio (FBN) durante 
a fase inicial de crescimento das plantas.
Essa prática tem se mostrado mais eficiente 
do que a aplicação de fertilizantes 
nitrogenados, que podem inibir a nodulação 
sem proporcionar ganhos nos parâmetros de 
rendimento e teor de nitrogênio dos grãos.
Devido aos benefícios comprovados, a 
inoculação anual da soja é amplamente 
adotada pelos agricultores, sendo praticada 
em aproximadamente 79% da área cultivada 
no Brasil na safra 2019/2020 (HUNGRIA & 
NOGUEIRA, 2022).
Coinoculação na cultura da Soja
A coinoculação da soja, que consiste na 
aplicação conjunta de Bradyrhizobium spp. 
e Azospirillum brasilense, tem demonstrado 
resultados positivos e despertado o interesse 
dos agricultores.
As estirpes de A. brasilense selecionadas no 
Brasil são conhecidas por sua capacidade 
de produzir fitormônios, como o ácido 
indolacético, promovendo o crescimento das 
raízes e melhorando a absorção de água e 
nutrientes pelas plantas.
Estudos mostraram que a inoculação anual 
da soja resultou em incrementos médios no
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https://agroadvance.com.br/soja-inocular-reinocular-e-coinocular-por-que/
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MANEJO INTEGRADO DE 
PRAGAS – MIP
Manejo integrado de pragas: quanto 
evoluímos em 6 décadas?
Entenda o que é e como funciona, quais seus princípios e como ocorreu a 
evolução do MIP desde sua concepção na década de 1970 até os dias de hoje.
O manejo integrado de pragas (MIP) visa 
uma agricultura sustentável com redução 
significativa do uso de defensivos agrícolas.
Apesar dos esforços, desde sua concepção 
na década de 1970, o uso global de 
defensivos agrícolas, também chamados 
pesticidas químicos, permanece robusto, 
trazendo impactos negativos para os cultivos 
e para a biodiversidade dos sistemas.
Mas afinal, o que é o MIP e por que ele surgiu? 
Quais princípios norteiam esse manejo? E 
porque apesar de 6 décadas terem se 
passado pouco se evoluiu nesta abordagem 
holística do manejo? Confira neste artigo.
O que é e como funciona o Manejo 
integrado de Pragas (MIP)?
O manejo integrado de pragas (MIP) é 
definido como 
uma “abordagem” ou “estratégia” 
holística para combater pragas e doenças 
de plantas usando todos os métodos 
disponíveis, minimizando as aplicações de 
defensivos químicos.
Ao contrário do controle tradicional de 
pragas que envolve a aplicação rotineira de 
defensivos agrícolas, o MIP:
• Foca na prevenção de pragas;
• Utilização de defensivos agrícolas 
somente quando necessário.
Qual o objetivo do MIP?
Sobre o manejo integrado de pragas (MIP) é
incorreto afirmar que se deseja eliminar as 
pragas da lavoura. O objetivo do MIP não é
erradicar as pragas, mas manejá-
las, mantendo suas populações abaixo de 
níveis economicamente prejudiciais.
Colocar em prática essa visão reduziria não 
apenas a exposição de agricultores, 
consumidores e do meio ambiente a 
compostos químicos tóxicos, mas também 
os problemas causados pela resistência de 
pragas a inseticidas.
Quais são os 8 princípios do MIP?
Quais são as ações necessárias para o 
manejo integrado de pragas? De acordo 
com Barzman et al. (2015), existem 8 
princípios do MIP, definidos em legislação e 
adotados pela União Europeia:
1. Prevenção e supressão
2. Monitoramento
3. Decisão baseada no monitoramento e 
nos limites
4. Utilização de métodos não químicos
5. Seleção de defensivos químicos
6. Redução do uso de defensivos químicos
7. Estratégias anti-resistência
8. Avaliação
Tais princípios resultam de uma sequência 
lógica de eventos a serem cumpridos no 
campo, conforme ilustrado na Figura 1.
Os 3 pilares do manejo integrado de pragas 
(mip)? são definidos pelos 3 primeiros 
princípios, que devem ser realizados antes 
que haja a necessidade de intervenção no 
controle de pragas na lavoura.
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Autoria: Beatriz Nastaro Boschiero
Engenheira Agrônoma, pela UNESP Botucatu 
Autoria: Beatriz Nastaro Boschiero
Engenheira Agrônoma, pela UNESP Botucatu 
https://agroadvance.com.br/blog-defensivos-agricolas-mais-comercializados/
Figura 7. Rendimento de grãos de milho não inoculado e 
recebendo fertilizante 100% N (90 kg ha-1 de N) aplicado 
em cobertura aos 35 d após emergência, inoculadas 
com as cepas de Azospirillum brasilense Ab-V5 e Ab-V6 
e recebendo adubação 75% N. Fonte: Traduzido de 
Hungria et al., 2022
• O uso de material de plantio saudável;
• Detecção precoce de patógenos em 
substratos e;
• o melhoramento genético de plantas para 
resistência a pragas;
• Rotação de culturas;
• Aumento da diversidade de plantas no 
campo.
A integração efetiva de várias táticas 
agronômicas é essencial para diminuir a 
dependência dos defensivos químicos no 
controle de pragas.
Os princípios 2 (Monitoramento) 
e 3 (Tomada de decisão), que entram em 
ação uma vez implantado o sistema de 
cultivo, baseiam-se na ideia de que as 
medidas de controle na estação resultam de 
um processo de tomada de decisão sólido 
que leva em conta a incidência real ou 
prevista de pragas.
O monitoramento envolve a coleta regular 
de dados sobre a presença e a abundância 
das pragas, permitindo que os agricultores e 
pesquisadores acompanhem as tendências 
e desenvolvam estratégias adequadas de 
controle. O uso de feromônios e armadilhas é 
muito importante nesta etapa.
No caso de uma intervenção ser decidida, 
os Princípios 4 a 7 oferecem uma sequência 
de opções de controle que podem ser 
exploradas começando com as menos 
preocupantes primeiro:
• dar preferências para métodos não 
químicos (princípio 4),
• seleção de defensivos agrícolas com 
menores impactos possíveis (princípio 5),
• diminuição da dose e frequência de 
aplicação (princípio 6) e
• adotar estratégias para minimizar a 
evolução da resistência de pragas aos 
defensivos agrícolas (princípio 7).
O Princípio 8 (Avaliação) fecha o ciclo, 
garantindo que os usuários olhem para trás 
e avaliem suas ações com vistas a melhorar 
todo o processo.
Figura 1. O raciocínio sequencial por trás dos oito 
princípios do MIP (P1-P8). Fonte: Traduzido de 
Barzman et al (2015).
O princípio 1 (Prevenção e supressão) vem 
em primeiro lugar porque engloba o 
desenho inicial e as ações realizadas no 
nível do sistema de cultivo para reduzir a 
severidade e a frequência de surtos de 
pragas.
A prevenção envolve a adoção de sistemas 
de cultivo que sejam menos suscetíveis a 
perdas causadas por pragas. Já a supressão 
consiste em reduzir a incidência e a 
severidade do impacto das pragas, 
complementando a prevenção.
O objetivo não é erradicar totalmente as 
pragas, mas evitar que elas se tornem 
dominantes ou prejudiciais em um sistema 
de cultivo.
Algumas estratégias preventivas incluem 
práticas importantes para fortalecer os 
sistemas de cultivo e reduzir a pressão das 
pragas, como:
27
Como e quando o MIP surgiu?
O uso excessivo e indiscriminado de 
defensivos agrícolas nas décadas de 1940 e 
1950 levou a desastres ecológicos e à 
impossibilidade de controle das populações 
de pragas devido ao acúmulo de resistência 
aos agrotóxicos.
Na década de 1950, pesquisadores dos EUA, 
propuseram o conceito de “Controle 
Integrado”, que enfatizava a necessidade de 
combinar e integrar o controle biológico e 
químico de pragas.Essa abordagem visava levar em conta as 
preocupações ambientais decorrentes do 
uso indiscriminado de agrotóxicos e buscar 
soluções mais sustentáveis.
Na década de 1960, o manejo de pragas 
preocupava-se com o manejo de 
populações de pragas em uma lavoura.
Na década de 1970, especialmente na 
Europa continental, a FAO e a IOBC 
(International Organization for Biological and 
Integrated Control of noxious animals and 
plants) promoveram o MIP, como uma 
estratégia para a proteção de cultivos, 
integrando várias técnicas de controle de 
pragas.
Evolução do MIP até os dias de hoje
Analisando a situação atual do controle de 
pragas no Brasil e no mundo, pode-se 
concluir que muitos dos princípios do MIP 
foram abandonados e que, em geral, os 
defensivos agrícolas são usados ao primeiro 
sinal do aparecimento dos insetos na 
lavoura.
Vários fatores contribuem para essa 
situação, principalmente a falta de uma 
política governamental que incentive tal 
prática.
Embora os conhecimentos técnicos estejam 
disponíveis e existam diversos programas de 
MIP satisfatórios, os índices de sua adoção e 
utilização são, no momento, insatisfatórios, 
podendo comprometer a sustentabilidade 
agrícola.
1. Diversas definições do que é o MIP 
geram uma confusão desnecessária.
2. Há inconsistências entre os conceitos, 
práticas e políticas do MIP.
3. Há um envolvimento insuficiente dos 
agricultores no desenvolvimento de 
tecnologias de MIP e frequentemente 
uma falta de compreensão básica de 
seus conceitos ecológicos subjacentes.
4. Desvios dos princípios fundamentais da 
MIP levaram a abordagens ineficazes e 
resultados insatisfatórios.
5. A pesquisa em MIP muitas vezes está 
atrasada, equivocada e não dá a 
devida atenção à ecologia e ao 
funcionamento ecológico dos agro 
ecossistemas.
Os autores afirmam que desde a década de 
1960, as diretrizes da MIP têm sido 
distorcidas, seus conceitos fundamentais 
têm se degradado e sua implementação 
séria (em nível de fazenda) não avançou.
Para abordar esses problemas, os autores 
propõem a “Proteção Agroecológica de 
Cultivos” como um conceito que explora 
como a agroecologia pode ser otimamente 
empregada para a proteção de cultivos.
A Proteção Agroecológica de Cultivos é um 
campo científico interdisciplinar que inclui 
uma estratégia ordenada (e priorização 
clara) de práticas em nível de campo, 
fazenda e paisagem agrícola, bem como 
uma dimensão de ecologia social e 
organizacional.
A Proteção Agroecológica de Cultivos se 
baseia em princípios de agroecologia e 
ecologia, visando à saúde dos 
agroecossistemas em vez de se concentrar 
apenas no controle de pragas. Isso envolve 
uma abordagem interdisciplinar, estratégias 
agronômicas organizadas e integração da 
ecologia social.
Os autores destacam a necessidade de 
uma revolução intelectual e uma mudança 
radical nas práticas atuais, propondo a 
transição para uma abordagem mais 
orientada para o cultivo ecológico.
28
Conclusões
Ao longo de seis décadas, o Manejo 
Integrado de Pragas (MIP) buscou promover 
uma agricultura sustentável, reduzindo o 
uso indiscriminado de defensivos agrícolas.
No entanto, apesar dos esforços, a utilização 
global de pesticidas químicos continua a 
ser robusta, resultando em impactos 
negativos nos cultivos e na biodiversidade.
O MIP foi concebido como uma abordagem 
holística que envolve a combinação de 
diversos métodos de controle de pragas, 
com foco na prevenção e utilização 
criteriosa de defensivos agrícolas apenas 
quando necessário.
Os princípios do MIP, que incluem prevenção, 
monitoramento, decisões baseadas em 
limites, métodos não químicos, seleção 
cuidadosa de defensivos, redução de seu 
uso, estratégias contra a resistência e 
avaliação, proporcionam um roteiro lógico 
para o controle de pragas de maneira mais 
sustentável.
No entanto, a implementação eficaz desses 
princípios tem enfrentado desafios, 
incluindo a falta de envolvimento dos 
agricultores, a deterioração dos conceitos 
fundamentais do MIP e a insuficiente 
consideração da ecologia.
Diante dessas limitações, alguns 
pesquisadores propõem uma nova 
abordagem, chamada Proteção 
Agroecológica de Cultivos, a fim de adotar 
princípios de agroecologia e ecologia, 
priorizando a saúde dos agroecossistemas 
em vez do simples controle de pragas.
Será que conseguiremos efetivamente
implementar uma abordagem da Proteção
Agroecológica de Cultivos em detrimento ao
MIP? Diante dos desafios atuais e das 
limitações enfrentadas na adoção plena dos 
princípios do MIP, a proposição de uma 
mudança radical em direção a uma 
abordagem mais orientada para o cultivo 
ecológico levanta questões sobre sua 
viabilidade e aceitação.
Será necessário um esforço conjunto de
cientistas, agricultores, formuladores de 
políticas e sociedade em geral para explorar 
e abraçar essa nova perspectiva, buscando 
equilibrar a eficácia no controle de pragas 
com a preservação da saúde dos 
ecossistemas agrícolas.
O futuro da proteção de cultivos reside, em 
grande parte, na nossa capacidade de 
superar desafios e transformar a maneira 
como concebemos e praticamos a 
agricultura.
29
PRAGAS E DOENÇAS EM 
MILHO
Cigarrinha do milho: o vetor do 
enfezamentos e risca do milho
Enfezamentos do milho
Foi relatada maior ocorrência destas 
doenças no milho safrinha que na safra de 
verão em algumas regiões (OLIVEIRA et al., 
2002; SABATO et al., 2018). Assim, uma 
atenção especial a estas doenças e ao seu 
vetor deve ser dada pelos produtores que 
estão iniciando a safrinha. O enfezamento 
vermelho e o enfezamento pálido do milho 
são doenças similares causadas por 
molicutes (bactérias sem parede celular) 
que colonizam a planta de forma sistêmica.
O molicute que provoca o enfezamento 
vermelho é um fitoplasma, sem forma 
definida (Figura 2A), e o que causa o 
enfezamento pálido é um espiroplasma, que 
apresenta formato espiralado (Figura 2B). A 
infecção por estes patógenos costuma 
ocorrer na fase inicial da cultura, com a 
manifestação de sintomas na época de 
enchimento dos grãos (OLIVEIRA et al., 2003; 
SABATO, 2018). Os enfezamentos podem ser 
confundidos, pois podem provocar sintomas 
muito semelhantes (SABATO, 2018) e é 
possível ainda que ocorram 
simultaneamente na mesma planta 
(OLIVEIRA, et al. 2002). Temperaturas 
predominantemente superiores a 17 °C à 
noite e a 27 °C durante o dia, são favoráveis
A cigarrinha Dalbulus maidis (DeLong & 
Wolcott) ou cigarrinha do milho é uma das 
principais pragas da cultura do milho e, 
embora não provoque danos diretos 
expressivos durante sua alimentação, é vetor 
de três importantes patógenos da cultura: 
Maize bushy stunt phytoplasma (MBSP), que 
causa o enfezamento vermelho; Spiroplasma 
kunkelli, agente causal do enfezamento 
pálido; e o vírus da risca do milho Maize 
rayado fino virus (MRFV) (NAULT, 1980; NAULT 
et al., 1980).
A cigarrinha do milho
O inseto cigarrinha do milho tem coloração 
amarelo-palha (Figura 1), apresenta de 3,7 a 
4,3 mm de comprimento e pode ser 
encontrado no cartucho de plantas de milho 
(OLIVEIRA, 2003). Sua alimentação se dá pela 
introdução de seu aparelho bucal do tipo 
sugador diretamente no floema da planta e 
é durante a alimentação que a cigarrinha 
adquire os patógenos que transmite 
(OLIVEIRA et al., 2003).
O milho é a principal espécie hospedeira do 
vetor. Em sua ausência como cultura 
principal, o inseto sobrevive em plantas de 
milho voluntárias (tiguera) e em cultivos de 
milho de outras áreas que pode alcançar por 
migração (OLIVEIRA et al., 2013). É possível 
também que a cigarrinha sobreviva em 
outras espécies de gramíneas, mas não há 
evidências de que possa transmitir doenças 
para o milho após ter se alimentado destas 
espécies (OLIVEIRA, 2019; OLIVEIRA et al., 
2020). No entanto, o fato de termos milho 
cultivado durante quase todo o ano favorece 
a sobrevivência e multiplicação da 
cigarrinha (SILVEIRA, 2019), bem como dos 
patógenos por ela transmitidos.
Figura 1. Cigarrinha Dalbulus maidis em planta de 
milho(A), estágios ninfais e adultos da cigarrinha 
(B). Fontes: Sabato, 2018 (A) e Nault, 1980.
31
Autoria: Ísis Tikami
Engenheira Agrônoma, mestre e doutoranda 
em Fitopatologia pela ESALQ/USP
à multiplicação dos molicutes na cigarrinha 
e nas plantas doentes (SABATO, 2018).
Figura 2. Eletromicrografias mostrando o fitoplasma do 
enfezamento vermelho do milho (A) e a morfologia 
helicoidal de Spiroplasma kunkelli (barra: 500 mm) no 
floema de plantas infectadas. Fontes: Nault, 1980 (A); 
Massola Jr. e Kitajima (B).
Enfezamento vermelho
O agente causal do enfezamento vermelho 
Maize bushy stunt phytoplasma (MBSP) é 
habitante do floema de plantas de milho 
doentes. A cigarrinha adquire o patógeno 
depois de se alimentar no floema de uma 
planta de milho infectada. Passado um 
período em que o fitoplasma se multiplica no 
interior da cigarrinha (período de latência), 
esta passa a transmitir o patógeno ao se 
alimentar de plantas de milho sadias (Figura 
4) (OLIVEIRA et al., 2003).
Os sintomas típicos do enfezamento 
vermelho se iniciam com clorose foliar 
marginal, seguida do avermelhamento em 
folhas mais velhas (NAULT, 1980). As plantas 
infectadas têm discreto encurtamento dos 
internódios, podem adquirir coloração 
vermelha intensa e apresentar formação 
atípica de perfilhos e de espigas em várias 
axilas da planta, além de espigas pequenas 
e com falhas de granação (OLIVEIRA et al., 
2003). Os sintomas da doença, no entanto, 
podem limitar-se ao avermelhamento nas 
bordas e pontas das folhas, menor tamanho 
das espigas e falhas na granação (SABATO, 
2018).
Enfezamento pálido
Seu agente causal Spiroplasma kunkelli é 
adquirido e transmitido por D. maidis da 
mesma maneira que o fitoplasma do 
enfezamento vermelho (Figura 4) (OLIVEIRA 
et al., 2003). Os sintomas característicos da 
doença são manchas cloróticas na forma de 
estrias que se iniciam pela base das folhas, 
porte reduzido, proliferação de espigas, 
espigas pequenas e com falhas de 
granação (OLIVEIRA et al., 2003; SABATO, 
2018; SILVEIRA, 2019).
De acordo com a idade da planta quando 
infectada e do nível de resistência do 
cultivar, os sintomas apresentados podem 
ser apenas de amarelecimento ou 
avermelhamento nas margens e pontas das 
folhas (OLIVEIRA et al., 2003; SABATO, 2018).
Figura 3. Planta de milho com sintomas de enfezamento 
(A); plantas de milho com sintomas característicos de 
enfezamento vermelho (B) e de enfezamento pálido (C). 
Fonte: Sabato, 2018.
Apesar da impossibilidade de diferenciar de 
forma segura, com base na observação dos 
sintomas, qual o enfezamento que mais está 
ocorrendo em uma lavoura (SABATO, 2018), 
conhecer de forma geral os sintomas dos 
enfezamentos é importante e o suficiente 
para fins práticos em seu manejo.
Figura 4. Ciclo simplificado dos enfezamentos na cultura 
do milho. Autoria: Ísis Tikami.
32
Risca do milho
Maize rayado fino virus (MRFV) é o agente 
causal desta doença (NAULT et al., 1980), 
seus sintomas se iniciam com pontos 
cloróticos alinhados, que se fundem 
formando uma risca fina (Figura 5); a 
redução do crescimento e aborto de gemas 
florais também podem ocorrer em cultivares 
suscetíveis infectados (WAQUIL, 2004). D. 
maidis adquire o vírus após se alimentar no 
floema de plantas de milho infectadas.
Neste caso, assim como ocorre com os 
enfezamentos, o patógeno é capaz de se 
multiplicar no inseto vetor, para depois ser 
transmitido durante a sua alimentação em 
plantas sadias (RIVERA; GÁMEZ, 1986). 
Embora esta doença seja de menor 
importância econômica que os 
enfezamentos, perdas de produção da 
ordem de 30% foram associadas a ela 
(OLIVEIRA et al., 2003).
inseticidas (indicados para o vetor e para a 
cultura) no tratamento de sementes e em 
pulverizações nos estágios iniciais de 
desenvolvimento do milho são importantes 
para reduzir a população de cigarrinhas e 
evitar a transmissão destas doenças 
(SABATO, 2018; SILVEIRA, 2019).
Os fungos entomopatogênicos Isaria 
fumosorosea e Beauveria bassiana também 
estão disponíveis comercialmente para o 
controle do vetor (AGROFIT). Por fim, a 
utilização de cultivares resistentes e 
diversificação das cultivares semeadas para 
evitar quebra de resistência também são 
recomendadas (SABATO, 2018).
Manejo das doenças transmitidas 
por Dalbulus maidis
As medidas de manejo indicadas incluem 
eliminar plantas de milho voluntárias, evitar a 
semeadura de milho nas proximidades de 
lavouras adultas com sintomas destas 
doenças, realizar a sucessão e rotação de 
culturas e, quando possível, a sincronização 
do período de semeadura de milho na região 
para evitar que cultivos de milho estejam 
continuamente disponíveis ao vetor em uma 
região (SABATO, 2018). O emprego de
Figura 5. Folha de milho com sintomas da infecção por 
Maize rayado fino virus (MRFV) (acima) e folha sadia 
(abaixo). Fonte: Sabato, 2018.
Considerações finais
Devido às características destes 
patossistemas, o manejo integrado das 
doenças transmitidas pela cigarrinha-do-
milho não beneficia apenas os produtores 
que as empregam, mas todos os produtores 
de uma região. Infelizmente, o oposto 
também ocorre e quando o manejo não é 
realizado adequadamente e a incidência da 
doença aumenta, as plantas infectadas de 
um cultivo passam a ser fonte de inóculo 
para outros. Assim, é importante que cada 
produtor faça a sua parte, implementando 
as medidas de manejo e ajudando a alertar 
outros produtores sobre a sua importância.
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benzimidazóis, triazóis e estrobilurinas 
também podem ser utilizados para controlar 
a doença em cultivares suscetíveis, se a sua 
aplicação for economicamente viável 
(Pereira et al., 2005).
As condições ambientais da época do cultivo 
do milho segunda safra podem ser menos 
favoráveis às plantas, tornando-as 
suscetíveis ao ataque de patógenos. Os 
patógenos que causam as manchas foliares 
na cultura do milho são responsáveis pela 
redução da área fotossintética da planta e 
isto resulta em menor acúmulo de 
fotoassimilados e em perdas de 
produtividade.
Este artigo aborda as principais manchas 
foliares do milho segunda safra, seus 
sintomas e as estratégias de manejo para 
garantir um melhor aproveitamento do 
potencial produtivo da cultura para a época 
da segunda safra. Vale ressaltar que as 
estratégias apresentadas também são 
válidas para o controle destas doenças 
quando o milho é cultivado na safra 
principal.
Cercosporiose no Milho
É uma mancha foliar do milho causada pelos 
fungos Cercospora zeina e Cercospora zeae-
maydis (Crous et al., 2006), que sobrevivem 
em restos culturais ou no próprio hospedeiro 
e são disseminados pelo vento e pela água 
da chuva ou de irrigação (Pereira et al., 
2005).
A infecção é favorecida em condições de 
elevada umidade relativa do ar, sem a 
presença de água livre sobre as folhas 
(Pereira et al., 2005). Os sintomas são 
manchas retangulares delimitadas pelas 
nervuras, de cor marrom com halo 
amarelado, que se tornam acinzentadas 
com a esporulação do fungo (Casela, 2003).
A medida de controle mais eficiente é o uso 
de cultivares resistentes (Pereira et al., 2005) 
e a rotação de culturas ajuda a reduzir o 
inóculo do patógeno nas áreas de cultivo 
quando se faz a adoção de cultivares 
suscetíveis. Fungicidas dos grupos dos
Helmintosporiose no Milho
Causada pelo fungo Exserohilum turcicum, 
esta mancha foliar do milho provoca lesões 
necróticas elípticas de cor verde-
acinzentada a marrom, normalmente com 
2,5 a 15 cm de comprimento (Cota et al., 
2013). Perdas de 44% da produtividade já 
foram atribuídas à doença (Bowen; 
Pedersen, 1988).
Diferentes estruturas do fungo (micélio, 
conídios e clamidósporos) podem 
sobreviver em restos culturais e iniciar o 
ciclo da doença (Pereira et al., 2005). 
Conídios produzidos nas lesões são 
dispersos pelo vento e são responsáveis 
pelas infecções secundárias na lavoura 
(Pereira et al., 2005).
A principal medida no manejo é o uso de 
cultivares resistentes, o uso de fungicidas 
pode ser necessário quando são

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