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O EMPREGO DE GESSO NA CONSTRUÇÃO CIVIL: POTENCIALIDADE DA RECICLAGEM DA PASTA DE GESSO Matheus Gomes Próspero de Santana Professor Orientador: Diego Milnitz Faculdade Leonardo da Vinci - Santa Catarina Engenharia Civil - Trabalho de Conclusão de Curso 29/05/2020 Resumo A indústria da construção e os seus resíduos oriundos, é atualmente uma das atividades que mais causam a degradação no meio ambiente. Diante deste cenário, destaca-se o gesso, pois trata-se de um dos principais insumos utilizados. O gesso tem larga aplicação e todas essas geram resíduos, estes rejeitos de gesso podem ser reaproveitados de diferentes formas. Assim como acontece em outras áreas, a gestão dos resíduos na construção civil passou a demandar uma precaução cada vez maior por parte dos investidores do ramo, em virtude das exigências da legislação ambiental do Brasil. O uso de materiais obtidos a partir da reciclagem dos resíduos da construção civil, surgem como alternativa ambientalmente eficiente. O intuito desse trabalho é investigar a viabilidade da reciclagem do resíduo da pasta de gesso durante o seu ciclo ao decorrer do canteiro de obras, a partir da reutilização dos resíduos gerados por essa atividade. Diante desse contexto para a realização desta pesquisa, se fará um levantamento bibliográfico que apresentem estudos e ensaios relativos a aplicação do gesso reciclado na construção. Em virtude dos fatos anteriormente abordados salienta-se a importância da promoção de medidas mitigadoras que visem combater a incorreta gestão de materiais na construção civil, como no caso do gesso, tais medidas representam alternativas que podem diminuir os passivos ambientais gerado, tendo em vista que a reciclagem do gesso é técnica e economicamente viável, pois a demanda desse insumo é significativa. Palavras-chave: Construção Civil, Gesso, Reciclagem. 1 INTRODUÇÃO O gesso empregado na construção civil é um mineral proveniente da calcinação do gipso, de sulfatos de cálcio hidratados e a gipsita como matéria prima. A utilização deste material pelo homem, datam desde 8.000 A.C. (OLIVEIRA E POLISSENI, 2013). O gesso possui grande utilização no ramo da construção civil, pois se trata de um material alternativo de elevada qualidade, de baixo custo, rápida execução, elevada 2 produtividade e ótimo acabamento final, sendo aplicado em larga escala em revestimentos internos de paredes. Conforme defendido por Pinheiro (2011), a aplicação do gesso na construção civil é cada vez mais constante, seja como material de revestimento em tetos e paredes, como material de fundição, na fabricação de paredes de gesso acartonado e outras peças de acabamento. Como abordado, o gesso tem larga aplicação e todas essas utilizações geram resíduos, estes rejeitos do material podem ser reaproveitados de diferentes formas. Assim como acontece em outras áreas, a gestão dos resíduos na construção civil passou a demandar uma precaução cada vez maior por parte dos investidores do ramo, em virtude das exigências da legislação ambiental do Brasil. Por conseguinte, em virtude desse vultoso desperdício e a demanda pela conscientização ambiental, a reciclagem de materiais é tida como solução para a manutenção de recursos naturais. Uma correta gestão ambiental dos resíduos não objetiva apenas o cumprimento da legislação, mas paralelamente gerar qualidade e produtividade e consequentemente contribuir para uma destinação mais nobre dos resíduos. Este presente trabalho visa analisar a viabilidade da reciclagem do resíduo da pasta de gesso gerado durante o seu ciclo no canteiro de obras, assim como estudar as propriedades do gesso reciclado obtido a partir dos resíduos coletados. 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO A indústria da construção civil é uma das áreas que mais geram desenvolvimento e aquecem a economia do país. Em contrapartida, se caracteriza por ser uma atividade geradora de grandes volumes de resíduos e de recursos naturais (POSSA E ANTUNES, 2016). Redivo (2011) disserta que com o expressivo aumento da população, a indústria da construção civil se desenvolveu proporcionalmente acarretando em grandes volumes de Resíduos de Construção e Demolição (RCD), diante disso evidencia-se a preocupação com a causa ambiental. Hodiernamente através do modelo de desenvolvimento sustentável não há mais espaço para a concepção de que, os locais de deposição de resíduos e os recursos naturais são abundantes. 3 De acordo Pucci (2006) o volume de RCD produzido nos canteiros de obra representam cerca de aproximadamente 67% dos resíduos sólidos urbanos. Tendo em vista a problemática da gestão de resíduos e seu impacto ambiental, criou-se a Resolução 307 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA, 2002), na qual transfere a responsabilidade da destinação dos resíduos para os geradores, devendo estes darem uma destinação final, conforme as diretrizes e classes de materiais determinadas. A Resolução nº 307 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) classifica os resíduos da construção civil da seguinte forma: • Classe A – são materiais recicláveis ou reaproveitados como agregados, tais como: o De construção, demolição, reformas e reparos de obras de infraestrutura, por exemplo, pavimentação. o De construção, demolição, reformas e reparos de edificações como componentes cerâmicos (tijolo, telha, blocos e etc), argamassa e concreto. o Processo de fabricação e/ou demolição de pré-moldados em concreto produzidos em canteiros de obras. • Classe B – são resíduos recicláveis para outras aplicações como: papel, plástico, papelão, metais, vidros, madeiras e gesso. • Classe C – são resíduos que não são recicláveis ou reutilizados devido a falta de desenvolvimento de tecnologia ou inviabilidade econômica. • Classe D – são materiais perigosos provenientes do processo de construção, demolição, reparo e reforma que podem ser: tintas, solventes, óleos e produtos que contenham amianto ou outros que são nocivos à saúde. 2.2 RECICLAGEM DO GESSO O gesso é amplamente utilizado em: revestimentos de alvenaria e teto com a pasta de gesso, execução de divisórias com gesso acartonado, execução de alvenarias com blocos de gesso, aplicação de placas para forro e elementos decorativos (PINHEIRO, 2011).Trata-se de um material de pega rápida, devido essa característica é comum ocorrer desperdícios nos canteiros de obra, o que contribui para a geração de grandes volumes deste resíduo nas obras (ALVES, 2007). 4 Figura 1 - Geração de resíduos no processo de execução manual de revestimento com pasta de gesso: (a) durante aplicação; (b) endurecimento da pasta. Fonte: PINHEIRO (2011) Figura 2 - Geração de resíduos de chapas de gesso acartonado. Fonte: PINHEIRO (2011) Munhoz e Renófio (2006) expõem que a deposição de resíduo de gesso em aterros sanitários não é recomendada, pois ao entrar em contato com água e matéria orgânica, sob condições de baixo pH e ação de microrganismos redutores de sulfato, poderá resultar na formação de gás sulfídrico, que é altamente tóxico e inflamável. 5 Devido a essas características, muitos estudos vêm sendo realizados para que haja a minimização dos impactos ambientais provenientes do descarte de gesso na natureza. Nessas pesquisas constatou-se a reversibilidade das reações de transformação da gipsita em gesso (calcinação) e do gesso em gesso di-hidratado (hidratação) torna possível a reciclagem do resíduo (PINHEIRO, 2011). Bardella (2011) em seu estudo verificou as potencialidades que o gesso reciclado possui. Através de ensaios em laboratórios avaliou as propriedades físicas, químicas e mecânicas e por fim analisou o seu comportamento quando aplicado como revestimento em superfícies de blocos cerâmicosestruturais. Constatando ao final que as temperaturas utilizadas para a calcinação e o grau de moagem não influenciaram nas propriedades das pastas no estado endurecido. No entanto, o grau de moagem foi relevante para as propriedades da pasta no estado fresco, pois ocorreram fissuras de retração nos revestimentos de gessos reciclados aplicados sobre a superfície dos blocos cerâmicos estruturais. Diante dos resultados obtidos pelo autor, é possível vislumbrar a potencialidade de reciclagem dos resíduos de gesso da construção civil. Apolinario (2015) atestou em sua pesquisa a possibilidade da reutilização do resíduo de gesso para a produção de argamassas. Comprovada através de ensaios laboratoriais, as amostras para os testes foram obtidas da fundição de peças para decorações e da produção de placas de forro, onde estes materiais foram coletados e triturados, seguindo de recalcinação. Posteriormente foram elaborados os ensaios de caracterização das propriedades físicas, químicas e mecânicas. O autor afirmou que ocorreu uma certa discrepância entre as propriedades, dentre elas destaca-se: tempo de início e fim de pega, e diferenças entre as propriedades mecânicas. Contudo Apolinario (2015), apontou grande potencial para a reutilização do resíduo de gesso da construção civil, dentre elas destacam-se: ▪ No tocante à granulometria: o gesso reciclado obteve finura maior que o do gesso comercial; ▪ Quanto à consistência normal: Verificou-se que o gesso reciclado necessita de maior quantidade de água/gesso do que o gesso comercial, pelo fato dele apresentar maior volume, porém com menor peso; ▪ Quanto aos tempos de pega: observou-se que o gesso reciclado apresentou tempos de início e final de pega maiores do que o gesso comercial; 6 ▪ Quanto aos resultados de resistência à compressão: verificou-se que os valores variam conforme a idades do corpo de prova. 3 MATERIAIS E MÉTODOS No tocante à natureza, esse estudo caracteriza-se como pesquisa básica, pois visa desenvolver informações úteis para a sociedade, objetivando gerar conhecimentos novos e úteis para o avanço da ciência e envolvendo verdades e interesses mundiais (PRODANOV e FREITAS, 2013). Através de artigos, obras bibliográficas e monografias organizou-se um acervo bibliográfico que serviu como referencial teórico acerca do tema. Para o levantamento de informações, adotou-se alguns critérios de escolha, tais como: bibliografias que discorressem acerca dessa temática, que contivessem: tanto a fundamentação teórica, técnica e normativa abordando as questões sobre a construção civil e seu papel no meio ambiente; processo de reciclagem de resíduos do gesso; ensaios laboratoriais e análises que constatassem a viabilidade técnica, eficácia e eficiência da pasta de gesso reciclada. Com a pesquisa prévia realizada e o conhecimento adquirido procurou-se fazer uma análise da problemática da gestão do gesso. REFERÊNCIAS APOLINARIO, Giovani Mateus. Reutilização do Resíduo de Gesso da Construção CIvil. 2015. 63 f. TCC (Graduação) - Curso de Engenharia Civil, Departamento de Ciências Exatas e Engenharias Curso de Engenharia Civil, Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, Ijuí, 2015. BARDELLA, Paulo Sérgio. Análise das Propriedades de Pastas de Gesso de Construção Reciclado. 2011. 235 f. Tese (Doutorado) - Curso de Engenharia Civil, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2011. CONAMA – CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE. Resolução CONAMA nº 307. 2002. Disponível em: Acesso em: 24 out. 2018. 7 MUNHOZ, Fabiana C.; RENÓFIO, Adilson. Uso de Gipsita na construção civil e adequação para a P+L. XII SIMPEP, Bauru - SP, Novembro 2006. OLIVEIRA, Thaís Mayra de; POLISSENI, Antônio Eduardo. Reciclagem Do Gesso: Potencial de Aplicação. Revista de Engenharia da Universidade Católica de Petrópolis. Petrópolis, p. 40-45. 2013 PINHEIRO, M. S. Gesso reciclado: avaliação de propriedades para uso em componentes. 2011. 330p. Dissertação (Doutorado em Engenharia Civil), Universidade de Campinas, São Paulo, 2011. POSSA, Suelen Alexandre; ANTUNES, Elaine Guglielmi Pavei. Proposta de Reutilização do Resíduo de Cerâmica Vermelha Proveniente da Construção Civil e Demolições no Município de Criciúma, SC. Revista Tecnologia e Ambiente. Criciúma, p. 147-161. out. 2016. REDIVO, Israel Maccari. Utilização de resíduo de cerâmica vermelha em misturas com solo para construção de camadas de pavimentos com baixo volume de tráfego. 2011. 160 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Engenharia Civil, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2011.
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