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AP1 Constitucional II RESPOSTAS

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AVALIAÇÃO: AP1
DISCIPLINA: Direito Constitucional – Organização Estatal
PROFESSOR: Victor Russo
NOME DO ALUNO: Aylton José dos Remédios Rocha (mat.: 2011313457)
A partir do trecho do discurso de Ulisses Guimarães na data da promulgação da Constituição de 1988, responda, sempre correlacionando com as palavras do Constituinte:
a) Como se relacionam os conceitos de soberania e autonomia federativa no contexto brasileiro? Explique as características da autonomia dos entes federativos (2,0 pts).
R: Soberania é a qualidade de um Estado nacional ou País. “Todo Estado nacional é soberano, seja ele o Brasil, Portugal, China, Cuba ou Venezuela. Soberania significa que, no território nacional, não há nenhum poder acima do poder do Estado. Na seara internacional, há equivalência entre os Estados”, disse o especialista. Como o Brasil é um Estado Democrático de Direito, a soberania do Estado significa a soberania do povo. “No período da monarquia absolutista, o soberano detentor do poder era o rei. O símbolo do poder era a coroa. Hoje, o símbolo do poder é a Constituição, porque ela é a materialização do poder soberano que pertence ao povo”.
Autonomia, no seu sentido técnico-político, permite ao ente federativo autoorganizar-se, autogovernar-se e autoadministrar-se. No primeiro caso, a entidade pode criar seu diploma constitutivo; no segundo, pode organizar seu governo e eleger seus dirigentes; no terceiro, pode ela organizar seus próprios serviços.
b) Caso o governador de Estado do Pará acredite que o União está sendo dura demais em relação aos interesses do povo do Estado-membro que ele representa e realize um plebiscito que aprove por 98% dos votos a criação do Estado Soberano do Grão-Pará, essa medida encontra proteção nas características do federalismo brasileiro? Fundamente. (1,0 pt)
R: Não encontra, visto que, um dos princípios fundamentais da Constituição da República é a vedação a secessão e é encontrada no artigo 1º do mesmo Diploma, quando este menciona a união INDISSOLÚVEL dos estados, municípios e do Distrito Federal. Tanto o é que a mesma Carta Política estabeleceu no art. 60, §4º como cláusula pétrea (não será objeto de deliberação a proposta para abolí-la) a forma federativa do Brasil. Ou seja, particionar um dos estados para a formação de um novo Estado Soberano alteraria a forma federativa, o que a Constituição veda.
c) É possível falar que a União é o ente federativo mais importante da federação brasileira? Em que medida os entes são diferentes e como isso se relaciona com a história da formação da nossa federação? Fundamente (2 pts).
R: Não, pois a Constituição da República, no art. 18, organiza a administração política dos entes federativos e dá a cada um autonomia para atuarem na forma do art. 60, §4º que estabelece o federalismo cooperativo com a distribuição de competências conjuntas (não hierárquicas). Os entes federativos se diferem quanto ao alcance de seus territórios e competências e isso se deu quando do surgimento de um estado federal advindo (por desagregação) de um estado unitário. Neste último é possível identificar uma vontade política predominante, colocando em plano secundário as deliberações e desejos mais peculiares das coletividades menores (Comunas, Departamentos, Circunscrições, Distritos, Províncias, Condados, etc.), todos visceralmente dependentes daquele núcleo irradiador de decisões.
Durante nossa Primeira Constituição (1824), o arquétipo estatal era o unitário, sendo exercido soberanamente pela figura do Imperador. Com a República proclamada (1889), o Estado Federal surge. Aqui a descentralização de poder assume o discurso jurídico e a estrutura estatal emerge a partir deste desenho institucional. O Estado como um todo é repartido em pequenas unidades, sendo a cada uma entregue uma liberdade própria: legislativa, administrativa, organizacional e política. Não se fala mais em soberania estatal das unidades independentes, mas sim de autonomia. Proíbe-se constitucionalmente que estas unidades federadas rompam o pacto e formem novos Estados (proibição da secessão). Por fim, estes entes federados assumem posições diferentes no Estado, cada um com uma parcela de responsabilidade social de desempenhar seus afazeres: neste ponto, há uma divisão do trabalho, e não a superposição de uma esfera política sobre a outra. Ainda, acima de tudo, todas as atividades e competências restam desenhadas no texto constitucional, buscando-se algum nível, maior ou menor, de coordenação entre as esferas para atingir-se os objetivos daquele Estado instituído.
d) Dentro das características do federalismo brasileiro, o que significa dizer que “Para que não se rompa o elo, as mais prósperas devem colaborar com as menos desenvolvidas”? Cite exemplos que se relacionem com o tema. (1 pt) 
R: Sim, para que não haja essa divisão os estados devem atender ao instituto do federalismo assimétrico, segundo o qual deve-se reconhecer a existência das desigualdades regionais. Tamanha é a importância desta para o modelo federativo de estado que a Constituição cristaliza-o como base do federalismo brasileiro (art. 18, caput, CF/88) e o protege contra propostas de emendas com o status de cláusula pétrea, assim reforça o art. 60, §4º da mesma Carta Política.
QUESTÃO 2 (2,0 pts)
“Parauapebas ultrapassa Belém e se torna município mais rico do Pará
(...)
Por trás dos números que fazem girar o PIB de Parauapebas está uma cordilheira de minérios que têm sido
extraídos desde 1984, na Serra Norte, e que vão acabar mais cedo ou mais tarde. Só este ano, por exemplo, foram
minerados do subsolo do município R$ 26.301.688.723,04 em ferro, manganês, granitos e gnaisse. Em 2015,
quando a performance de 2013 for computada pelo IBGE, Parauapebas ainda poderá deixar outros municípios a sua frente para trás. Mas, a partir de 2018, só quem viver verá se a força econômica se manterá a mesma, já que Canaã dos Carajás roubará o centro das atenções no tocante à produção de minério de ferro. No momento, dos mais de R$ 26 bilhões movimentados pela mineração em 2013, o município recolheu R$ R$
663.120.491,41 em Compensação Financeira pela Exploração Mineral (CFEM) e a prefeitura local encheu os cofres com R$ 450.805.592,51, a cota-parte dos royalties.”
(Publicado em 18/12/2013, em https://pebinhadeacucar.com.br/parauapebas-ultrapassa-belem-e-se-tornamunicipio-mais-rico-do-para/)
a) A partir da visão constitucional em relação à distribuição dos bens entre os entes federativos, explique o que fundamenta a riqueza do município de Parauapebas.
R: Segundo a própria Constituição, no art. 20, IX, é estabelecido que os recursos minerais (incluindo o do subsolo) são bens pertencentes à União. Todavia, o §1º do mesmo dispositivo permite a participação do município na exploração e, consequentemente, nos royalties obtidos desta. Com isso, o município de Parauapebas, um dos maiores produtores de minério de Ferro, recebe cerca de 400 milhões em royalties advindos dês exploração.
 
QUESTÃO 3 (2,0 pts)
“ALEPA ABRE COMEMORAÇÃO PELOS 30 ANOS DA CONSTITUIÇÃO ESTADUAL
O jurista Zeno Veloso, deputado estadual à época, foi o autor do pré-projeto de constituição e relator geral constituinte. Ele se emociona quando lembra do trabalho feito para elaborar a nossa Carta Magna. “O grande problema da Constituinte Estadual era descobrir caminhos, saber até onde ir. Para facilitar, outros estados fizeram suas constituições praticamente como cópias da Constituição Federal. Dado o princípio da simetria e os princípios constitucionais aplicáveis aos estados, era curto o caminho do constituinte estadual, ora ele tinha que obedecer os parâmetros da CF, ora tinha que obedecer as regras da autonomia municipal respeitar os limites da legislação municipal e o estadual ficava naquele limbo, sem saber onde ele iria atuar”, explica Zeno Veloso.”
(Publicado em 22/05/2019, em https://www.alepa.pa.gov.br/noticia/98/)
a) Explique o que é o princípio da simetria constitucional e dê um exemplo concreto de artigo que permite verificar a aplicação desse princípio na Constituição doEstado do Pará, transcrevendo-o e comentando-o;
R: O princípio da simetria constitucional está relacionada ao alinhamento que as constituições estatuais tem de ter com a Carta Magna de 1988, sob pena de expurgo do ordenamento por inconstitucionalidade. Assim, a Constituição do Estado do Pará preleciona no art. 2º o seguinte: 
“Art. 2º. O Pará proclama o seu compromisso e o de seu povo de manter e preservar a República Federativa do Brasil como Estado de Direito Democrático, fundado na soberania nacional, na cidadania, na dignidade do ser humano, nos valores sociais do trabalho e da livre iniciativa e no pluralismo político”. 
	Isto posto, verifica-se a rígida diretriz determinada pela Constituição Federal e recepcionada pela Constituição do Estado do Pará.

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