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Saúde Pública

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SUMÁRIO 
 
1 SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE – SUS ..................................................................... 6 
1.1 SERVIÇOS DE SAÚDE PÚBLICA...................................................................... 10 
1.1.1 PACS – PSF: origem e evolução histórica .................................................. 10 
1.1.1.1 Atribuições dos profissionais que compõem a equipe de saúde da família.. 16 
1.1.2 Trajetória da estratégia saúde da família .................................................... 21 
1.1.2.1 Década de 70 ............................................................................................... 21 
1.1.2.2 Década de 80 ............................................................................................... 21 
1.1.2.3 Década de 90 ............................................................................................... 21 
1.1..2.4 Década de 2000 .......................................................................................... 22 
2 ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA: CONCEITOS BÁSICOS............................ 23 
2.1 TERRITORIALIZAÇÃO....................................................................................... 23 
2.1.1 Área de abrangência ..................................................................................... 24 
2.1.2 Território......................................................................................................... 24 
2.1.2.1 População adstrita ........................................................................................ 25 
2.2 VÍNCULO............................................................................................................ 25 
2.3 CADASTRAMENTO ........................................................................................... 25 
2.4 SITUAÇÃO DE SAÚDE ...................................................................................... 29 
2.4.1 Indicador de saúde ........................................................................................ 30 
2.5 DEMANDA.......................................................................................................... 30 
2.6 RISCO ................................................................................................................ 30 
2.7 REFERÊNCIA E CONTRARREFERÊNCIA ....................................................... 31 
2.8 INTERSETORIALIDADE .................................................................................... 31 
2.9 CARÁTER SUBSTITUTIVO ............................................................................... 32 
2.10 COMPARAÇÃO ENTRE O MODELO ATUAL E O PSF................................... 32 
3 ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA EM MANAUS ............................................. 33 
3.1 HISTÓRICO E DESENVOLVIMENTO................................................................ 33 
3.2 PRINCIPAIS DESAFIOS .................................................................................... 34 
3.3 AVANÇOS DA ESTRATÉGIA EM MANAUS...................................................... 34 
3.4 TERRITORIALIZAÇÃO DA ESTRATÉGIA EM MANAUS .................................. 35 
3.5 SITUAÇÃO ATUAL DO PSF EM MANAUS........................................................ 36 
4 POLÍTICAS E PROGRAMAS DE SAÚDE PÚBLICA ........................................... 37 
4.1 CONTROLE DA TUBERCULOSE E ELIMINAÇÃO DA HANSENÍASE.............. 38 
4.1.1 Controle da Tuberculose .............................................................................. 38 
 
4.1.2 Esquemas de tratamento .............................................................................. 42 
4.1.2.1 Esquema de tratamento antigo..................................................................... 42 
4.1.2.2 Esquema de tratamento novo....................................................................... 43 
4.1.3 Atribuições do Técnico de enfermagem no controle da Tuberculose...... 45 
4.2 ELIMINAÇÃO DA HANSENÍASE........................................................................ 46 
4.2.1 Esquemas de tratamento .............................................................................. 47 
4.2.1.1 Esquema Multibacilar (MB)........................................................................... 49 
4.2.2 Esquema de tratamento para crianças ........................................................ 50 
4.2.3 Atribuições do Técnico de enfermagem para eliminação da hanseníase 51 
4.3 HIPERDIA – CONTROLE DA HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA (HAS) E 
DIABETES MELLITUS (DM) .................................................................................... 51 
4.3.1 Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS).......................................................... 51 
4.3.1.2 Atribuições do Técnico de Enfermagem ....................................................... 55 
4.3.2 Diabetes Mellitus ........................................................................................... 56 
4.3.2.1 Conceito ....................................................................................................... 57 
4.3.2.2 Classificação do diabetes ............................................................................. 57 
4.3.2.3 Principais sintomas do Diabetes................................................................... 58 
5 DST/AIDS – PROGRAMA DE COMBATE ÀS DOENÇAS SEXUALMENTE 
TRANSMISSÍVEIS ................................................................................................... 65 
5.1 ABORDAGEM SÍNDRÔMICA – FLUXOGRAMAS ............................................. 67 
5.1.1 Úlceras genitais ............................................................................................ 67 
5.1.2 Corrimento uretral ........................................................................................ 68 
5.1.3 Corrimento vaginal e cervicite...................................................................... 69 
5.1.4 Dor pélvica (DIP – Doença Inflamatória Pélvica)......................................... 70 
5.1.5 Hepatites Virais e HIV/AIDS .......................................................................... 71 
5.1.6 Ações essenciais complementares ............................................................. 73 
5.2 AÇÕES DE SAÚDE BUCAL............................................................................... 74 
5.3 SAÚDE DA MULHER ......................................................................................... 75 
5.3.1 Pré-natal ......................................................................................................... 76 
5.3.1.1 Ações do Técnico de Enfermagem no pré-natal........................................... 79 
5.3.2 Puerpério........................................................................................................ 80 
5.3.2.1 Situações que precisam ser observadas durante o acompanhamento 
puerperal .................................................................................................................. 80 
5.3.3 Planejamento familiar (PLAFAM) ................................................................. 82 
5.3.3.1 Métodos contraceptivos................................................................................ 83 
 
5.3.4 Programa de prevenção e controle do câncer de colo de útero e mama . 90 
5.3.4.1 Coleta do exame citopatológico do colo do útero ......................................... 91 
5.3.4.2 Autoexame das mamas ................................................................................ 94 
5.3.5 Climatério ....................................................................................................... 94 
5.4 SAÚDE DA CRIANÇA ........................................................................................ 96 
6 ACOMPANHAMENTO: BOLSA FAMÍLIA - CRITÉRIOS, FLUXO E FORMULÁRIO
................................................................................................................................. 99 
6.1OBJETIVO DO PROGRAMA............................................................................ 100 
6.2 COMO FUNCIONA........................................................................................... 101 
6.3 CONDICIONALIDADES ................................................................................... 102 
6.4 ATRIBUIÇÕES DA EQUIPE DE SAÚDE.......................................................... 105 
6.5 RESULTADOS ................................................................................................. 105 
7 PNI – PROGRAMA NACIONAL DE IMUNIZAÇÃO............................................ 106 
7.1 INFECÇÕES RESPIRATÓRIAS AGUDAS (IRA) E DOENÇAS DIARREICAS 109 
7.1.1 IRA – Infecção Respiratória Aguda ............................................................ 110 
7.1.2 Doenças diarreicas...................................................................................... 110 
8 SAÚDE DO IDOSO ............................................................................................. 111 
8.1 AS AÇÕES DA ATENÇÃO BÁSICA/SAÚDE DA FAMÍLIA EM 
ENVELHECIMENTO E SAÚDE DA PESSOA IDOSA............................................ 111 
8.1.1 Atribuições comuns a todos os profissionais da equipe ........................ 112 
8.1.2 Atribuições do Agente Comunitário de Saúde – ACS .............................. 112 
8.1.3 Atribuições do médico ................................................................................ 113 
8.1.4 Atribuições do enfermeiro .......................................................................... 114 
8.1.5 Atribuições do Auxiliar/Técnico de Enfermagem ..................................... 114 
8.2 AVALIAÇÃO MULTIDIMENSIONAL RÁPIDA DA PESSOA IDOSA (AMRPI) .. 115 
8.2.1 Fluxo de atendimento.................................................................................. 117 
8.2.2 Imunização ................................................................................................... 118 
8.3 PROBLEMAS MAIS COMUNS NA PESSOA IDOSA....................................... 119 
9 SAÚDE MENTAL ................................................................................................ 120 
9.1 REFORMA PSIQUIÁTRICA ............................................................................. 120 
9.2 POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE MENTAL ................................................... 121 
9.2.1 Cenário atual ................................................................................................ 122 
9.2.2 Dados importantes ..................................................................................... 122 
9.2.3 Desafios........................................................................................................ 122 
10 SAMU – SERVIÇO DE ATENDIMENTO MÓVEL DE URGÊNCIA ................... 123 
 
11 DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS MAIS FREQUENTES EM SAÚDE PÚBLICA . 124 
11.1 POR VÍRUS................................................................................................... 125 
11.1.1 Poliomielite................................................................................................. 125 
11.1.2 Raiva ........................................................................................................... 126 
11.1.3 Sarampo ..................................................................................................... 128 
11.1.4 Hepatites Virais.......................................................................................... 128 
11.2 POR BACTÉRIAS........................................................................................... 129 
11. 2.1 Cólera ........................................................................................................ 129 
11.2.2 Difteria ....................................................................................................... 131 
11.2.3 FebreTifoide ............................................................................................... 132 
11.3 POR BACILO.................................................................................................. 133 
11.3.1 Tétano acidental ........................................................................................ 133 
11.4 POR VETORES.............................................................................................. 134 
11.4.1 Dengue ....................................................................................................... 134 
11.4.2 Malária ........................................................................................................ 135 
12 MEDIDAS DE MONITORAMENTO DAS ENFERMIDADES SEGUNDO 
PROTOCOLOS DE SAÚDE PÚBLICA.................................................................. 135 
13 SISTEMA DE INFORMAÇÃO DA ATENÇÃO BÁSICA.................................... 137 
REFERÊNCIAS...................................................................................................... 140 
ANEXOS ................................................................................................................ 141 
ANEXO A - LEGISLAÇÃO (PORTARIAS E LEIS).................................................. 141 
ANEXO B– FICHA DE NOTIFICAÇÃO HANSENÍASE........................................... 144 
ANEXO C – FICHA DE NOTIFICAÇÃO DA TUBERCULOSE................................ 145 
ANEXO D – RELATÓRIO PMA 2 ........................................................................... 146 
ANEXO E – RELATÓRIO SSA 2 (FRENTE) .......................................................... 147 
ANEXO F – RELATÓRIO SSA 2 (VERSO) ............................................................ 148 
ANEXO G – FICHA B HIPERTENSO..................................................................... 149 
ANEXO H – FICHA B - DIABÉTICOS..................................................................... 150 
ANEXO I – MAPA DE CONTROLE DO SISVAN.................................................... 151 
ANEXO J – MAPA COMPLEMENTAR DE ENFERMAGEM (SIGAB) (FRENTE) .. 152 
ANEXO L – MAPA COMPLEMENTAR DE ENFERMAGEM (SIGAB) (VERSO) .... 153 
ANEXO M – FICHA B - HANSENÍASE................................................................... 154 
ANEXO N – FICHA B - GESTANTE....................................................................... 155 
ANEXO O - CARTÃO DA GESTANTE (FRENTE) ................................................. 156 
ANEXO P – CARTÃO DA GESTANTE (VERSO)................................................... 157 
 
ANEXO Q – FICHA PERINATAL (FRENTE E VERSO) ......................................... 158 
ANEXO R – REQUISIÇAO PARA COLETA DO EXAME CITOPATOLÓGICO...... 160 
ANEXO S – CARTÃO DA MULHER (FRENTE) ..................................................... 161 
ANEXO T – CARTÃO DA MULHER (VERSO) ....................................................... 162 
ANEXO U – FICHA D – REGISTRO DE ATIVIDADES, PROCEDIMENTOS E 
NOTIFICAÇÕES (FRENTE) ................................................................................... 163 
ANEXO V – FICHA D – REGISTRO DE ATIVIDADES, PROCEDIMENTOS E 
NOTIFICAÇÕES (VERSO)..................................................................................... 164 
ANEXO W – FICHA B – TUBERCULOSE.............................................................. 165 
 6 
1 SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE – SUS 
 
 Até uns trinta anos atrás, a ideia de saúde estava associada à ausência de 
doenças. Depois se começou a perceber que as doenças estavam associadas aos 
hábitos de vida, aos ambientes em que as pessoas viviam e a comportamentos e 
respostas dos indivíduos a situações do dia a dia. A ideia de saúde passou a ser, 
portanto, entendida como resultado de um conjunto de fatores que tem a ver com o 
saneamento básico, com a condição social das pessoas, com o trabalho, com a 
renda, com o nível de educação e assim por diante. 
 Porém, antes da criação do SUS, a assistência à saúde da população estava 
limitada à condição de trabalho. Quem tinhaemprego registrado na carteira 
profissional possuía assistência médica por meio das Caixas de Previdência 
(INAMPS), ou então pagava médicos particulares e, em casos de internação, 
também pagava pelo serviço. Para quem não tinha emprego registrado ou não podia 
pagar por uma assistência, tinha que recorrer às Santas Casas de Misericórdia. Para 
equilibrar essas desigualdades, começou a surgir, nos anos 70, um movimento de 
Reforma Sanitária no Brasil, representado por professores, pesquisadores, técnicos 
do setor da saúde, acadêmicos, secretários de saúde, simpatizantes do movimento 
e intelectuais da saúde. 
 Esse movimento denunciava as precárias condições de saúde de grande 
parte da população brasileira e defendia que todos deveriam ter acesso aos serviços 
de saúde, independentemente de sua condição social, e que a saúde deveria fazer 
parte da política nacional de desenvolvimento e não ser vista apenas pelo lado da 
previdência social. 
 Os princípios defendidos pela Reforma Sanitária Brasileira eram os seguintes: 
universalizar o direito à saúde, integralizar as ações de cunhos preventivo e curativo, 
desenvolvidas pelo Ministério da Saúde e da Previdência separadamente, inverter a 
entrada do usuário no sistema de atenção (ao invés de buscar o hospital quando já 
estiver doente, buscar a prevenção – do preventivo para o curativo – promoção da 
saúde), descentralizar a gestão administrativa e financeira, promover a participação 
e o controle social. 
 A partir de 1985, começaram os preparativos para a elaboração da 
Constituição Federal. Em 1986, Realizou-se a 8ª Conferência Nacional de Saúde, 
onde se firmaram propostas como: universalização, unificação do sistema (MS – 
 7 
INAMPS), integralidade das ações e da atenção, descentralização e participação 
popular e também foi criada a Comissão Nacional da Reforma Sanitária, com a 
tarefa de formular as bases para um sistema de saúde brasileiro. 
 Alguns dos integrantes dessa Comissão fizeram parte da Assembleia 
Nacional Constituinte – conjunto de parlamentares que escreveu a Constituição 
Federal de 1988. Dessa forma, essa nova maneira de entender saúde está incluída 
na Constituição, no artigo 196: “A saúde é direito de todos e dever do Estado, 
garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de 
doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços 
para sua promoção, proteção e recuperação”. 
 É no capítulo “Saúde”, artigo 198 dessa Constituição, que fica criado o 
Sistema Único de Saúde – SUS, com o objetivo de promover esse acesso universal 
e igualitário aos serviços de saúde. 
 A implantação do SUS foi realizada de forma gradual: primeiro veio o SUDS, 
depois a incorporação do INAMPS ao Ministério da Saúde (Decreto n° 99.060, de 7 
de março de 1990), em seguida vieram as leis 8.080 e 8.142. E somente em 27 de 
julho de 1993, por meio da lei 8.689, o INAMPS foi extinto. 
 Como síntese das discussões sobre políticas de saúde e direito à saúde, o 
SUS procura unificar todas as instituições e serviços de saúde num único sistema – 
um comando único no Governo Federal (Ministério da Saúde), um comando único 
nos estados (Secretarias Estaduais de Saúde) e um comando único nos municípios 
(Secretarias Municipais de Saúde). O objetivo é tentar resolver a dicotomia entre a 
saúde pública (prevenção) e a assistência (curativa), oferecendo uma atenção 
integral à saúde. 
 Dessa forma, as ações e serviços públicos de saúde integram uma rede 
regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de acordo 
com diretrizes e princípios descritos na tabela abaixo: 
TABELA 1 
DIRETRIZES E PRINCÍPIOS DO SERVIÇO PÚBLICO 
Princípios Éticos/Doutrinários Princípios Organizacionais/Operativos 
Universalidade dos serviços: acesso à saúde 
como direito público subjetivo, integrante dos 
direitos da cidadania. A universalidade é o 
princípio segundo o qual “A saúde é o direito 
de todos e dever do Estado...” (CF, 196). 
Descentralização dos serviços: O SUS existe 
em três níveis, também chamado de esferas: 
federal, estadual e municipal, cada uma com 
comando único e atribuições próprias. Os 
municípios têm assumido papel cada vez 
 8 
mais importante na prestação e no 
gerenciamento dos serviços de saúde; as 
transferências passaram a ser "fundo-a-
fundo", ou seja, baseadas em sua população 
e no tipo de serviço oferecido, e não no 
número de atendimentos. A gestão do SUS 
passa a ser responsabilidade dessas 3 
esferas agora entendidas como gestores do 
SUS. 
Integralidade da assistência: direito de as 
pessoas serem atendidas na íntegra nas suas 
necessidades. “É entendida como conjunto 
articulado e contínuo das ações e serviços 
contínuos e curativos, individuais e coletivos, 
exigidos para cada caso em todos os níveis 
de complexidade do sistema.” (Lei 8.080, 7°, 
II). 
Regionalização e Hierarquização da rede: 
distribuição espacial dos serviços de modo a 
atender às necessidades da população por 
regiões e em diferentes níveis de 
complexidade. Exige ações articuladas entre 
estado e municípios sendo-lhes facultada a 
criação de consórcios. 
Equidade na prestação dos serviços: a 
política pública de saúde deve ser 
redistribuída com o objetivo de corrigir 
desequilíbrios estaduais e regionais. Deve dar 
tratamento desigual para situações desiguais. 
Participação social: O controle social, como 
também é chamado esse princípio, foi mais 
bem regulado pela Lei nº 8.142. Os usuários 
participam da gestão do SUS através das 
Conferências de Saúde, que ocorrem a cada 
quatro anos em todos os níveis, e por meio 
dos Conselhos de Saúde, que são órgãos 
colegiados também em todos os níveis. Nos 
Conselhos de Saúde ocorre a chamada 
paridade: enquanto os usuários têm metade 
das vagas, o governo tem um quarto e os 
trabalhadores outro quarto. 
 
 Esses princípios formam a base do SUS e todas as políticas e ações que 
tratem de saúde devem incluir esses princípios que foram detalhados na Lei 
Orgânica de Saúde - 8.080 de 19 de setembro de 1990 e na lei que dispõe sobre o 
controle social - 8.142 de 28 de dezembro do mesmo ano. 
 A Lei Orgânica da Saúde – 8.080 - estabelece ainda os seguintes princípios: 
§ preservação da autonomia da pessoa na defesa de sua integridade 
física e moral; 
§ direito à informação, às pessoas assistidas, sobre sua saúde; 
 9 
§ divulgação de informações quanto ao potencial dos serviços de saúde 
e sua utilização pelo usuário; 
§ utilização da epidemiologia para o estabelecimento de prioridades, a 
alocação de recursos e a orientação programática; 
§ Integração, em nível executivo, das ações de saúde, meio ambiente e 
saneamento básico; 
§ conjugação dos recursos financeiros, tecnológicos, materiais e 
humanos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, na 
prestação de serviços de assistência à saúde da população; 
§ capacidade de resolução dos serviços em todos os níveis de 
assistência; 
§ organização dos serviços públicos de modo a evitar duplicidade de 
meios para fins idênticos. 
 
 Finalmente, o sistema de saúde brasileiro, chamado de Sistema Único de 
Saúde – SUS é organizado em um conjunto de unidades que prestam serviços de 
saúde, com ligação entre si (em rede). Essas unidades são subordinadas umas às 
outras (hierarquia), de tal modo que uma pessoa que está com problema de saúde e 
que quer prevenir doenças ou precisa de orientação para uma vida mais saudável 
deveria procurar, primeiramente, a chamada unidade básica, que pode ser um 
centro de saúde ou uma unidade de saúde da família (nível primário). A partir dessa 
unidade, se a pessoa precisar de um atendimento especializado, deverá ser 
encaminhada para um ambulatório ou posto de atendimento médico – PAM (nível 
secundário) e caso necessite de internação deverá ser encaminhada para um 
hospital geral ou especializado(nível terciário). 
 Enfim, o SUS, como não poderia deixar de ser, está em constante processo 
de aperfeiçoamento. Por outro lado, a promoção da saúde à população nunca 
deixará de sofrer transformações, uma vez que as sociedades são dinâmicas e, a 
cada dia, surgem novas tecnologias que devem ser incorporadas para melhoria dos 
serviços e das ações de saúde. Sob outro aspecto não obstante a todo o caminho já 
percorrido até aqui, o SUS ainda está em estruturação, e se constrói no cotidiano de 
todos aqueles interessados na mudança da saúde no Brasil. 
 
 10 
1.1 SERVIÇOS DE SAÚDE PÚBLICA 
 
 A organização da rede de serviços de saúde pública está orientada segundo 
os critérios de regionalização, respeitando os princípios de hierarquização e 
descentralização de atividades e funções. Assim, a prestação de serviços à 
população é sistematizada em níveis de complexidade, ou seja, primário, secundário 
e terciário, que são coordenados entre si e orientados para o uso racional de 
recursos e para o atendimento integral do usuário a fim de garantir a resolutividade. 
 Atualmente, a atenção básica no Estado do Amazonas tem dois modelos de 
assistência. Um denominado de modelo tradicional, que são as Unidades Básicas de 
Saúde (UBS), que atende demanda espontânea vinda de qualquer local do Estado 
ou fora dele, e a Estratégia de Saúde da Família (ESF), chamada de Unidade Básica 
de Saúde da Família (UBSF), que atende demanda organizada, ou seja, usuários 
cadastrados pelo Agente Comunitário de Saúde (ACS). 
 A ESF tem sua área de abrangência definida e é responsável pela saúde das 
famílias cadastradas nessa área, diferentemente da UBS (modelo tradicional). 
Porém tanto a UBS quanto a UBSF são responsáveis por promover melhoria das 
condições de saúde e bem-estar da comunidade, por meio da educação, de ações 
de promoção, prevenção, recuperação e reabilitação, dirigida aos indivíduos, à 
família e ao meio. Desenvolve ações básicas de saúde na comunidade. 
 No entanto a ESF, que é um modelo de atenção básica recente tem 
características próprias que norteiam o desenvolvimento das ações de saúde. Essas 
características serão elencadas abaixo. 
 
1.1.1 PACS – PSF: origem e evolução histórica 
 
 A origem do Programa Saúde da Família - PSF remonta à década de 70, 
quando, em vários locais do Brasil, iniciaram experiências em Saúde Pública, como 
no Murialdo, em Porto Alegre, e na UERJ, no Rio de Janeiro. Em 1993, O Ministério 
da Saúde do governo brasileiro constituiu um grupo de profissionais com experiência 
em Saúde Pública para elaborar uma proposta que contemplasse a integralidade 
pretendida pelo SUS, incorporando o PACS (Programa de Agentes Comunitários de 
Saúde). 
 11 
 O PSF foi implantado como política de Atenção Básica pelo Governo Itamar 
Franco em 1994, sendo precedido pela implantação do PACS, um programa onde 
30 agentes comunitários de saúde (ACS) ficam sob a responsabilidade de 1 
enfermeiro. Esse programa foi uma das primeiras estratégias para se começar a 
mudar o modelo de assistência à saúde. 
 No Brasil a origem do PSF remonta à criação do PACS em 1991, como parte 
do processo de reforma do setor da saúde, que vinha acontecendo desde a 
Constituição, com intenção de aumentar a acessibilidade ao sistema de saúde e 
incrementar as ações de prevenção e promoção da saúde. 
 Em 1994, o Ministério da Saúde lançou o PSF como política nacional de 
atenção básica, com caráter organizativo e substitutivo, fazendo frente ao modelo 
tradicional de assistência primária baseada em profissionais médicos especialistas 
focais. Atualmente, reconhece-se que não é mais um programa e sim uma 
Estratégia para uma Atenção Primária à Saúde qualificada e resolutiva. 
 Percebendo a expansão do Programa Saúde da Família que se consolidou 
como estratégia prioritária para a reorganização da Atenção Básica no Brasil, o 
governo emitiu a Portaria nº 648, de 28 de março de 2006, em que ficava 
estabelecido que o PSF é a estratégia prioritária do Ministério da Saúde para 
organizar a Atenção Básica — que tem como um dos seus fundamentos possibilitar 
o acesso universal e contínuo a serviços de saúde de qualidade, reafirmando os 
princípios básicos do SUS: universalização, descentralização, integralidade e 
participação da comunidade - mediante o cadastramento e a vinculação dos 
usuários. 
 Como consequência de um processo de des-hospitalização e humanização 
do Sistema Único de Saúde, o programa tem como ponto positivo a valorização dos 
aspectos que influenciam a saúde das pessoas fora do ambiente hospitalar. 
 De acordo com a Portaria nº 648, de 28 de março de 2006, além das 
características do processo de trabalho das equipes de Atenção Básica, ficaram 
definidas as características do processo de trabalho da Saúde da Família: 
§ manter atualizado o cadastramento das famílias e dos indivíduos e 
utilizar de forma sistemática os dados para a análise da situação de saúde 
considerando as características sociais, econômicas, culturais, 
demográficas e epidemiológicas do território; 
 12 
§ definição precisa do território de atuação, mapeamento e 
reconhecimento da área de abrangência, que compreenda o segmento 
populacional determinado, com atualização contínua; 
§ diagnóstico, programação e implementação das atividades segundo 
critérios de risco à saúde, priorizando solução dos problemas de saúde 
mais frequentes; 
§ prática do cuidado familiar ampliado, efetivada por meio do 
conhecimento da estrutura e da funcionalidade das famílias que visa 
propor intervenções que influenciem os processos de saúde-doença dos 
indivíduos, das famílias e da própria comunidade; 
§ trabalho interdisciplinar e em equipe, integrando áreas técnicas e 
profissionais de diferentes formações; 
§ promoção e desenvolvimento de ações intersetoriais, buscando 
parcerias e integrando projetos sociais e setores afins, voltados para a 
promoção da saúde, de acordo com prioridades e sob a coordenação da 
gestão municipal; 
§ valorização dos diversos saberes e práticas na perspectiva de uma 
abordagem integral e resolutiva, possibilitando a criação de vínculos de 
confiança com ética, compromisso e respeito; 
§ promoção e estímulo à participação da comunidade no controle social, 
no planejamento, na execução e na avaliação das ações; 
§ acompanhamento e avaliação sistemática das ações implementadas, 
visando à readequação do processo de trabalho. 
 
 Nessa mesma portaria foi estabelecido que para a implantação das Equipes 
de Saúde da Família deve existir (entre outros quesitos) uma equipe 
multiprofissional responsável por, no máximo, 4.000 habitantes, sendo que a média 
recomendada é de 3.000 habitantes ou pelo menos 600 famílias. Essa equipe, 
composta por minimamente 1 médico, 1 enfermeiro, 1 ou 2 auxiliares de 
enfermagem (ou técnico de enfermagem) e de 4 a 7 Agentes Comunitários de 
Saúde e deve ter uma jornada de trabalho de 40 horas semanais para todos os 
integrantes. 
 13 
 Essas equipes de PSF direcionam suas ações a partir das informações 
geradas pelos ACS, analisadas e discutidas com os fornecedores desses dados, 
visando a uma prática social construtiva e catalisadora de novas vivências. 
 Em 2002 existiam 5.134 equipes de saúde da família, já em 2007 passou para 
27.324 equipes de Saúde da Família implantadas distribuídas em 5125 municípios, 
com cobertura populacional de 46,6% da população brasileira, o que corresponde a 
cerca de 87,7 milhões de pessoas, situadas em sua maioria na regiões nordeste e 
sudeste, sendo os estados do Ceará e Minas Gerais os que apresentam o maior 
número de equipes de PSF em atuação, conforme a figura seguinte. 
 
1998 1999 
 
2000 2001 
 
2002 2003 
 14 
 
2004 2005 
 
2006 2007 
 
2008 2009 
 
 15 
 
JANEIRO/2010 
 
 
 
 
FIGURA 1: Evolução da implantação das equipes saúde da família 
Brasil - 1998 - outubro/200916 
 
 
FIGURA 2: Situação de Implantação de Equipes de Saúde da Família, Saúde Bucal e Agentes 
Comunitários de Saúde. BRASIL - JANEIRO/2010 
 
 Esses mapas demonstram o avanço dessa estratégia de saúde pública no 
Brasil, que traz nos seus princípios e diretriz o objetivo de reorganizar a prática 
assistencial em novas bases e critérios. Focando a atenção na família, entendida, 
percebida e situada a partir de seu ambiente físico e social, com suas crenças e 
valores identificados, favorecendo a compreensão ampliada do processo saúde-
doença, no contexto de um território definido geográfica e administrativamente. 
 Enfim, é uma prática que garante um novo olhar dos profissionais em relação 
ao contexto em que se processam as ações de saúde, visto que pressupõem uma 
busca ativa de problemas atuais e potenciais, preservando e potencializando as 
capacidades dos membros da comunidade atendida. 
 
1.1.1.1 Atribuições dos profissionais que compõem a equipe de saúde da família 
 
 Atribuições comuns a todos os profissionais da equipe: 
§ Participar do processo de territorialização e mapeamento da área de 
atuação da equipe, identificando grupos, famílias e indivíduos expostos a 
 17 
riscos, inclusive aqueles relativos ao trabalho, e da atualização contínua 
dessas informações, priorizando as situações a serem acompanhadas no 
planejamento local. 
§ Realizar o cuidado em saúde da população adscrita, prioritariamente 
no âmbito da unidade de saúde, no domicílio e nos demais espaços 
comunitários (escolas, associações entre outros), quando necessário. 
§ Realizar ações de atenção integral conforme a necessidade de saúde 
da população local, bem como as previstas nas prioridades e protocolos da 
gestão local. 
§ Garantir a integralidade da atenção por meio da realização de ações de 
promoção da saúde, prevenção de agravos e curativas; e da garantia de 
atendimento da demanda espontânea, da realização das ações 
programáticas e de vigilância à saúde. 
§ Realizar busca ativa e notificação de doenças e agravos de notificação 
compulsória e de outros agravos e situações de importância local. 
§ Realizar a escuta qualificada das necessidades dos usuários em todas 
as ações, proporcionando atendimento humanizado e viabilizando o 
estabelecimento do vínculo. 
§ Responsabilizar-se pela população adscrita, mantendo a coordenação 
do cuidado mesmo quando esta necessita de atenção em outros serviços 
do sistema de saúde. 
§ Participar das atividades de planejamento e avaliação das ações da 
equipe, a partir da utilização dos dados disponíveis. 
§ Promover a mobilização e a participação da comunidade, buscando 
efetivar o controle social. 
§ Identificar parceiros e recursos na comunidade que possam 
potencializar ações intersetoriais com a equipe. 
§ Garantir a qualidade do registro das atividades nos sistemas nacionais 
de informação na Atenção Básica. 
§ Participar das atividades de educação permanente. 
§ Realizar outras ações e atividades a serem definidas de acordo com as 
prioridades locais. 
 
 18 
 Atribuições do médico: 
§ Executar as ações de assistência integral em todas as fases do ciclo de 
vida. 
§ Realizar consultas e procedimentos na USF e no domicílio, exercendo 
suas atividades em horário integral. 
§ Aliar a atuação clínica à prática da saúde coletiva, participando de 
orientações individuais e em grupo no processo de capacitação continuada 
e educação em saúde. 
§ Providenciar encaminhamento aos serviços de referência, quando 
necessário. 
§ Prescrever medicamentos e indicar internação hospitalar. 
§ Solicitar exames complementares. 
§ Verificar e atestar óbito. 
 
 Atribuições do enfermeiro: 
§ Realizar consultas e procedimentos de enfermagem na USF e no 
domicílio, solicitar exames complementares conforme protocolos 
estabelecidos nos Programas do Ministério da Saúde e as disposições 
legais da profissão. 
§ Executar as ações de assistência integral em todas as fases do ciclo de 
vida. 
§ No nível de suas competências, executar assistência básica e ações de 
vigilância epidemiológica e sanitária. 
§ Organizar e coordenar a criação de grupos de patologias específicas. 
§ Planejar e coordenar ações para capacitação dos ACS e de técnicos 
de enfermagem, com vistas ao desempenho de suas funções. 
§ Coordenar a atualização das fichas cadastrais e alimentar o fluxo dos 
sistemas de informação. 
 
 Atribuições do auxiliar ou técnico de enfermagem: 
 19 
§ Realizar procedimentos de enfermagem dentro das suas competências 
técnicas e legais. 
§ Realizar procedimentos de enfermagem na USF e nos domicílios, 
dentro do planejamento de ações traçado pela equipe. 
§ Zelar pela limpeza e ordem do material e de equipamentos e das 
dependências da USF, garantindo o controle de infecção. 
§ Realizar ações de educação em saúde aos grupos de patologias 
específicas e às famílias de risco, conforme planejamento da USF. 
§ Promover e incentivar pré-natal e aleitamento, imunização, crescimento 
e desenvolvimento etc. 
§ Consolidar e entregar as estatísticas da ESF. 
 
 Atribuições do agente comunitário de saúde: 
§ Cadastrar as famílias e atualizar permanentemente esse cadastro. 
§ Identificar indivíduos e famílias expostos a situações de risco. 
§ Identificar áreas de risco. 
§ Orientar as famílias para utilização adequada dos serviços de saúde, 
encaminhando-as e até agendando consultas, exames e atendimento 
odontológico, quando necessário. 
§ Realizar, por meio de visita domiciliar, acompanhamento mensal de 
todas as famílias sob sua responsabilidade. 
§ Desenvolver ações de educação e vigilância à saúde, com ênfase na 
promoção da saúde e na prevenção de doenças. 
§ Traduzir para a ESF a dinâmica social da comunidade, suas 
necessidades, potencialidades e limites. 
§ Monitoramento dos grupos de sua MA (microárea). 
§ Identificar parceiros e recursos existentes na comunidade que possam 
ser potencializados pela equipes. 
 
 20 
 Atualmente em algumas equipes de saúde da família foi incluído o programa 
de saúde bucal, portanto fazem parte dessas equipes o dentista e o auxiliar de 
consultório dentário e suas atribuições são: 
 
 Atribuições do cirurgião-dentista: 
§ Traçar o perfil de saúde bucal da população adstrita. 
§ Encaminhar e orientar os usuários que apresentarem problemas mais 
complexos a outros níveis de assistência, assegurando seu 
acompanhamento. 
§ Realizar pequenas cirurgias ambulatoriais. 
§ Prescrever medicamentos de sua competência e outras orientações na 
conformidade dos diagnósticos efetuados. 
§ Emitir laudos, pareceres e atestados sobre assuntos de sua 
competência. 
§ Coordenar ações coletivas de promoção e prevenção em saúde bucal, 
programando e supervisionando o fornecimento de insumos. 
§ Capacitar as equipes de saúde da família no que se refere às ações 
educativas e preventivas em saúde bucal. 
§ Supervisionar o trabalho desenvolvido pelo THD (técnico de higiene 
dentária) e/ou ACD (auxiliar de consultório dentário). 
 
 Atribuições do ACD: 
 
§ Sob supervisão do cirurgião dentista ou do THD, realizar 
procedimentos educativos e preventivos aos usuários, individuais ou 
coletivos, como evidenciação de placa bacteriana, escovação 
supervisionada, orientações de escovação, uso de fio dental. 
§ Proceder à desinfecção e esterilização de materiais e instrumentos 
utilizados. 
§ Preparar e organizar o instrumental e materiais (sugador, espelho, 
sonda etc.) necessários para o trabalho. 
 21 
§ Instrumentar o cirurgião dentista ou THD durante a realização de 
procedimentos clínicos (trabalho a quatro mãos). 
§ Agendar o paciente e orientá-lo quanto ao retorno e à preservação do 
tratamento. 
§ Acompanhar e desenvolver trabalhos com a equipe de Saúde da 
Família no tocante à saúde bucal. 
 
1.1.2 Trajetória da estratégia saúde da família 
 
 Enfim, a evolução do PSF se deu da seguinteforma: 
 
1.1.2.1 Década de 70 
 
 1974 - Projeto de Saúde Comunitária da Unidade São José do Murialdo da 
Secretaria de Saúde do Rio Grande do Sul com Projeto Voluntários de Saúde 
(pessoal da comunidade atuando junto à equipe de saúde comunitária do Murialdo). 
 1976 - Início dos primeiros programas de Residência Médica na área de 
Saúde Comunitária, Medicina Integral e Medicina Comunitária. 
 
1.1.2.2 Década de 80 
 
 Início da experiência de Agentes Comunitários e Saúde pelo Ministério da 
Saúde. 
 
1.1.2.3 Década de 90 
 
 1991 – Criação oficial do PACS (Programa de Agentes Comunitários de 
Saúde) pelo Ministério da Saúde. 
 22 
 1994 – Realização do estudo “Avaliação Qualitativa do PACS”; criação do 
Programa Saúde da Família; primeiro documento oficial “Programa Saúde da 
Família: dentro de casa”; e criação de procedimentos vinculados ao PSF e ao PACS 
na tabela do Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS (SIA/SUS); a população 
coberta pelo PSF era em torno de 1 milhão de pessoas. 
 1996 – Legalização da Norma Operacional Básica (NOB 01/96) para definição 
de um novo modelo de financiamento para a atenção básica à saúde. 
 1997 – Lançamento do Reforsus, um projeto de financiamento para 
impulsionar a implantação dos Polos de Capacitação, Formação e Educação 
Permanente de Recursos Humanos para Saúde da Família; publicação de um 
segundo documento oficial “PSF: uma estratégia para a reorientação do modelo 
assistencial”, dirigido aos gestores e trabalhadores do SUS e instituições de ensino; 
PACS e PSF são incluídos na agenda de prioridade da Política de Saúde; 
publicação da Portaria MS/GM nº. 1882, criando o Piso de Atenção Básica (PAB), e 
da portaria MS/GM nº. 1886, com as normas de funcionamento do PSF e do PACS. 
 1998 - O PSF passa a ser considerado estratégia estruturante da organização 
do SUS; início da transferência dos incentivos financeiros fundo a fundo destinados 
ao PSF e ao PACS, do Fundo Nacional de Saúde para os Fundos Municipais de 
Saúde; primeiro grande evento: “I Seminário de Experiências Internacionais em 
Saúde da Família”; edição do “Manual para a Organização da Atenção Básica”, que 
serviu como importante respaldo organizacional para o PSF; definição, pela primeira 
vez, de orçamento próprio para o PSF, estabelecido no Plano Plurianual. 
 1999 — Realização do 1º Pacto da Atenção Básica e do segundo grande 
evento, “I Mostra Nacional de Produção em Saúde da Família — construindo um 
novo modelo”; realização do estudo “Avaliação da implantação e funcionamento do 
Programa Saúde da Família”; edição da Portaria nº. 1.329, que estabelece as faixas 
de incentivo ao PSF por cobertura populacional. 
 
1.1..2.4 Década de 2000 
 
2000 - Criação do Departamento de Atenção Básica para consolidar a Estratégia de 
Saúde da Família; publicação dos Indicadores de 1999 do Sistema de Informação da 
 23 
Atenção Básica; a população atendida alcança o percentual de 20% da população 
brasileira. 
2001 - Edição da “Norma Operacional da Assistência à Saúde — NOAS/01”, ênfase 
na qualificação da atenção básica; realização de um terceiro evento, “II Seminário 
Internacional de Experiências em Atenção Básica/Saúde da Família”; apoio à 
entrega de medicamentos básicos às Equipe de Saúde da Família (ESF); 
incorporação das ações de saúde bucal ao PSF; realização da primeira fase do 
estudo “Monitoramento das equipes de Saúde da Família no Brasil”. 
2002 - Realização de um quarto evento: “PSF — A saúde mais perto de 50 milhões 
de brasileiros” e da segunda fase do estudo “Monitoramento das equipes de Saúde 
da Família no Brasil”; A população coberta pelo PSF ultrapassa os 50 milhões de 
pessoas. 
2003 - Início da execução do Programa de Expansão e Consolidação da Estratégia 
de Saúde da Família (Proesf), cuja proposta inicial era a ampliação do programa em 
municípios de grande porte, ou seja, com mais de 100 mil habitantes, e publicação 
dos Indicadores de 2000, 2001 e 2002 do Sistema de Informação da Atenção 
Básica. 
2006 - Considerando a expansão do PSF, que se consolidou como estratégia 
prioritária para reorganização da atenção básica no Brasil e primeiro nível da 
atenção à saúde no SUS, o Ministério da Saúde publicou a Portaria Nº 648, de 28 de 
Março de 2006, que aprova a Política Nacional de Atenção Básica estabelecendo a 
revisão de diretrizes e normas para sua organização no PSF e PACS, entre outras 
portarias importantes. 
 
2 ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA: CONCEITOS BÁSICOS 
 
 A implantação desse novo modelo de assistência trouxe algumas 
características e conceitos que serão descritos a abaixo: 
 
2.1 TERRITORIALIZAÇÃO 
 
 Processo de definição das áreas de abrangência dos serviços de saúde 
locais. 
 24 
 Deve levar em conta o mapa do município, mapas censitários (IBGE), 
condições culturais, econômicas e sociais da população local, meios de transporte, 
dinâmica demográfica da área e homogeneidade de riscos. 
 Deve ser flexível, passível de revisão de acordo com as mudanças de 
aspectos locais. 
 
2.1.1 Área de abrangência 
 
 Área sob a responsabilidade de um determinado serviço de saúde ou equipe 
de PSF. 
 A equipe deverá trabalhar em prol da resolutividade no combate e na 
prevenção dos agravos e na promoção à saúde dos membros daquele território. 
 
2.1.2 Território 
 
 O Território-Distrito: conjunto total, espaço-populacional do sistema 
regionalizado, em geral coincidindo com um limite ou uma definição político-
administrativa, como um município, subdivisões municipais ou conjunto de 
municípios e corresponde a uma definida coordenação sanitária, de articulação 
interna e externa. Em Manaus é dividido em 4 distritos: norte, sul, leste e oeste. 
 O Território-Área: primeira subdivisão do Território-Distrito, devendo 
representar o espaço da população adscrita, que estabeleça vínculo e relação com 
uma Unidade de Saúde, permitindo a melhor relação e fluxo população-serviços, 
com essa unidade de saúde e outros necessários e compatíveis com a atenção e 
saúde no nível primário de atendimento. Então cada USF tem sua área de atuação. 
 O Território-Microárea seria uma subdivisão do Território-Área próxima ao 
conceito de "área homogênea de risco", permitindo e objetivando contínua análise 
epidemiológica com identificação e enfrentamento continuado dos problemas de 
saúde. Geralmente são 6 a 7 microáreas (MA) por USF e cada uma delas fica sob 
responsabilidade de um ACS, que mantém atualizado o cadastro e as informações 
de cada família da sua MA. 
 25 
 Território-Moradia: espaço de menor agregação social, familiar ou de grupos 
de indivíduos, permitindo aprofundar o conhecimento epidemiológico e o 
desenvolvimento de ações de saúde. 
 
2.1.2.1 População adstrita 
 
 É a população residente na área de atuação de uma Equipe de Saúde da 
Família ou serviço de saúde. Estando adstrita às áreas, cabe à equipe ou ao serviço 
a constituição de um vínculo entre o sistema e essa população, de forma a permitir o 
cultivo da responsabilização por parte dos profissionais de saúde. 
 
2.2 VÍNCULO 
 
 Em saúde, significa a manutenção ativa do cuidado por meio de ações que 
objetivem a monitoração constante das condições de saúde de um usuário ou 
família. 
 Desenvolve-se a partir do contato inicial com o agente comunitário ou outro 
membro da equipe e aperfeiçoa-se a cada contato, à medida que a equipe se 
informa mais sobre as condições de vida dos usuários e se relaciona com eles. 
 
2.3 CADASTRAMENTO 
 
 Atribuição básica dos agentes comunitários de saúde de uma equipe de 
saúde da família: 
§ Visa ao levantamento do número de pessoas de uma determinada 
área, a estrutura etária, escolarização, condições de moradia e história 
pregressa da saúde das mesmas. Para isso, utiliza-se um formulário 
chamado Ficha A e, a partir disso, constitui-se o prontuário familiar. 
 
 26 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 FIGURA 3: Cadastramentode famílias feito pelo ACS 
 Fonte: Ministério da Saúde. 
 
§ É atividade básica para o trabalho de uma equipe de PSF, utilizada no 
planejamento de todas as ações. 
§ Exige manutenção mensal de dados pelos ACS. 
 
QUADRO 1 
FICHA DE CADASTRAMENTO – SAÚDE DA FAMÍLIA 
FICHA A SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE 
SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE ATENÇÃO BÁSICA 
UF |__|__| 
 
ENDEREÇO 
 
 
NÚMERO 
|__|__|__|
__ 
BAIRRO CEP 
|__|__|__|__|__| - 
|__|__|__| 
MUNICÍPIO 
|__|__|__|__|__|__|__| 
SEGMENTO 
 |__|__| 
ÁREA 
|__|__|__| 
MICROÁREA 
 |__|__| 
FAMÍLIA 
|__|__|__| 
DATA 
 |__|__|-|__|__|-|__|__| 
 
 
CADASTRO DA FAMÍLIA 
 
 PESSOAS COM 15 ANOS E MAIS 
 
DATA 
NASC. 
 
IIDAD
E 
 
SSEX
O 
 
ALFABETIZADO 
 
OCUPAÇÃO 
DOENÇA OU 
CONDIÇÃO 
REFERIDA 
NOME sim não (sigla) 
 27 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PESSOAS DE 0 A 14 ANOS 
 
DATA 
NASC. 
 
IIDAD
E 
 
SSEX
O 
 
FREQUENTA 
A ESCOLA 
 
OCUPAÇÃO 
 
DOENÇA OU 
CONDIÇÃO 
REFERIDA 
NOME sim não (sigla) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Siglas para a indicação das doenças e/ou condições referidas 
 
ALC - Alcoolismo EPI - Epilepsia HAN - Hanseníase TB - Tuberculose 
CHA – Chagas GES - Gestação MAL - Malária 
DEF - Deficiência HA - Hipertensão Arterial DIA - Diabetes 
 
 SITUAÇÃO DA MORADIA E SANEAMENTO 
 
 
 28 
 TIPO DE CASA TRATAMENTO DA ÁGUA NO 
DOMICÍLIO 
 
 Tijolo/Adobe Filtração 
 Taipa revestida Fervura 
 Taipa não revestida Cloração 
 Madeira Sem tratamento 
 Material aproveitado ABASTECIMENTO DE ÁGUA 
 Outro – Especificar: Rede pública 
 Poço ou nascente 
 Número de cômodos / peças Outros 
 Energia elétrica DESTINO DE FEZES E URINA 
 DESTINO DO LIXO Sistema de esgoto (rede geral) 
 Coletado Fossa 
 Queimado Enterrado Céu aberto 
 Céu aberto 
 OUTRAS INFORMAÇÕES 
 
 
 Alguém da família possui Plano de 
Saúde? 
 Número de pessoas cobertas por Plano de 
Saúde 
 
 
 
 Nome do Plano de Saúde |__| __| __| __| __| __| __| __| __| __| __| __| __| __| __| __| __| __| __| __| 
__| __| __| __| __| __| __| 
 
 
 EM CASO DE DOENÇA PROCURA 
 
 PARTICIPA DE GRUPOS 
COMUNITÁRIOS 
 
 Hospital Cooperativa 
 Unidade de Saúde Grupo religioso 
 Benzedeira Associações 
 Farmácia Outros - especificar: 
 Outros - especificar: 
 MEIOS DE COMUNICAÇÃO QUE MAIS 
UTILIZA 
 MEIOS DE TRANSPORTE QUE MAIS 
UTILIZA 
 
 Rádio Ônibus 
 29 
 Televisão Caminhão 
 Outros - Especificar: Carro 
 Carroça 
 Outros - especificar: 
 
 
Observações: 
 
 
 Cada família terá somente um formulário preenchido, não importa o número 
de pessoas na casa. 
 As informações registradas na Ficha A vão para a Secretaria Municipal de 
Saúde, e parte delas vai para Secretaria Estadual de Saúde e, finalmente, para o 
Ministério da Saúde. É um instrumento que permite aos gestores municipais, 
estaduais e federais conhecerem a realidade da saúde das pessoas nos municípios 
brasileiros. 
 
2.4 SITUAÇÃO DE SAÚDE 
 
 É levantada a partir de um trabalho de diagnóstico situacional pela equipe de 
saúde. 
 Corresponde ao retrato das condições de saúde da comunidade em um 
determinado instante. 
 Esse trabalho norteará as decisões e ações daquela equipe. 
 Por ser dinâmico, tal retrato pressupõe uma avaliação contínua (pois a 
situação pode alterar-se a qualquer momento), com o objetivo de reajustar o rumo 
do trabalho por meio da correção das ações e dos objetivos. 
 Devem-se construir indicadores que possibilitem tanto o entendimento do 
contexto atual (situação) como a avaliação da mudança do mesmo após as ações 
realizadas. 
 
 30 
2.4.1 Indicador de saúde 
 
 Medida simples de uma das dimensões do estado de saúde. Por exemplo, a 
esperança de vida, a taxa de mortalidade infantil, a taxa de mortalidade padronizada. 
São características dimensionadas estatisticamente. 
 
2.5 DEMANDA 
 
 Pressão sobre os serviços gerada pela necessidade dos usuários. 
 Pode ser classificada em três categorias: 
 Demanda Espontânea: decorrente da procura aos serviços de saúde a partir 
da constatação, pelo próprio paciente, da existência de um agravo. 
 Demanda Reprimida: que pode ocorrer após um trabalho concentrado de 
diagnóstico situacional por parte dos profissionais de saúde em uma área 
antes desprovida desse tipo de atenção. 
 Demanda Organizada ou Direcionada: que ocorre em uma área 
permanentemente monitorada por uma equipe ou serviço de saúde capaz 
de diagnosticar a existência de um agravo com antecedência e oferecer ao 
usuário uma solução para o mesmo. 
 
2.6 RISCO 
 
 As pessoas e as comunidades têm diferentes probabilidades de adoecer e 
morrer para cada problema de saúde conhecido. 
 Essa diversidade de chances se deve à distribuição heterogênea dos riscos à 
saúde, que são fatores facilitadores do desencadeamento de tais processos. 
 Podem ter diversas naturezas: 
§ Risco Constitucional diz respeito à constituição genética do sujeito e às 
chances, herdadas naturalmente, de adoecer e morrer. 
§ Risco Individual se refere ao estilo de vida de cada indivíduo (atividades 
físicas, alimentação, tabagismo, alcoolismo, droga). É importante lembrar 
 31 
que esses fatores podem ser mais ou menos prevalentes em certas 
sociedades, uma vez que o estilo de vida não é uma condição 
exclusivamente individual. 
§ Riscos ambientais se referem aos fatores presentes na comunidade em que 
vive ou trabalha o sujeito e que podem agir sobre sua saúde, como, por 
exemplo, a poluição atmosférica, as condições de trabalho e a infraestrutura 
sanitária da comunidade. 
§ Riscos sociais são aqueles decorrentes das condições familiares financeiras 
e afetivas, bem como os referentes à inserção social do indivíduo na 
sociedade e o reconhecimento do seu valor. 
 
 Vale lembrar que essa divisão é, por muitas vezes, meramente didática, uma 
vez que, alguns riscos ambientais (como a falta de uma rede de esgoto) são 
consequências de questões sociais. 
 
2.7 REFERÊNCIA E CONTRARREFERÊNCIA 
 
 Ato de se encaminhar pacientes já atendidos para outras instâncias do 
sistema de saúde a fim de se garantir a integralidade da atenção. 
 Referência: encaminhamento de pacientes do nível primário para níveis mais 
especializados. 
 Contrarreferência: é o encaminhamento dos níveis especializados aos 
primários. 
 Ambos os procedimentos requerem uma articulação mínima eficaz entre as 
diversas instâncias dos serviços de saúde, seja na mesma instituição, seja entre 
serviços de bairros ou municípios diferentes. 
 
2.8 INTERSETORIALIDADE 
 
 É a articulação entre sujeitos de setores sociais diversos e, portanto, de 
saberes, poderes e vontades diversos para enfrentar problemas complexos. 
 32 
Pretende possibilitar a superação da fragmentação dos conhecimentos e das 
estruturas sociais para produzir efeitos mais significativos na saúde da população. 
 
2.9 CARÁTER SUBSTITUTIVO 
 
 Não significa criação de novas estruturas de serviços, exceto em áreas 
desprovidas e sim a substituição das práticas convencionais de assistência por um 
novo processo de trabalho, cujo eixo está centrado na vigilância à saúde. 
 
2.10 COMPARAÇÃO ENTRE O MODELO ATUAL E O PSF 
 
QUADRO 2 
COMPARATIVO ENTRE O MODELO ATUAL DE SAÚDE DA FAMÍLIA E O PSF 
Modelo de atenção à saúde atual Modelo da estratégia saúde da família 
 
A atenção está centrada no órgão doente. 
Enfatiza a medicina curativa. 
Ação fragmentada, sem racionalidade e 
voltada para a demanda espontânea. 
O médico é o centro do serviço de saúde e 
todas as ações convergem para ele. 
É um modelo centralizador limitadoa ação 
setorial. 
O indivíduo é o único objeto de ação, 
desconsiderando as relações sociais. 
Não se volta para a causa dos problemas 
 
A atenção está voltada para a promoção da 
saúde do ser humano, membro de uma 
família e de uma comunidade. 
Atende a demanda adscrita de forma 
sistematizada, contínua e racionalizada 
programando as ações possíveis. 
Prega a integralidade da assistência 
enfatizando a prevenção da saúde estudando 
as causas de risco. 
A noção de saber e de poder estão centrados 
na equipe de saúde. 
Prega a intersetorialidade nas ações. 
Analisa o indivíduo com suas percepções 
próprias, mas integrando-o à família e à 
comunidade. 
 
 
 
 33 
 Em resumo, no modelo dominante, as práticas de saúde do Brasil, centram-se 
na atuação na doença quase sempre a partir da demanda espontânea aos serviços, 
com ênfase na medicina curativa. 
 Já no PSF, o que se busca é a integralidade da assistência, respondendo à 
demanda espontânea de forma contínua e racionalizada. Outra distinção de base 
entre os modelos está na consideração do objeto da ação da saúde. Enquanto no 
modelo hegemônico podemos perceber um processo de objetivação do indivíduo, 
que se torna passível de atuação basicamente medicalizada e individual, no PSF, 
pretende-se tratar o indivíduo como sujeito integrado a partir de ações que valorizem 
essa dimensão mais global. 
 Portanto, a construção do novo modelo assistencial centrado nas estratégias 
de implantação e generalização do Programa Saúde da Família, articulados com o 
princípio de descentralização, municipalização, integralidade e qualidade nos 
cuidados de saúde é parte indissociável da consolidação e aprimoramento do 
Sistema Único de Saúde – SUS. 
 
3 ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA EM MANAUS 
 
 Consiste numa nova sistemática no modelo de assistência à saúde de 
Manaus, reestruturando a porta de entrada do sistema, na tentativa de efetivar os 
princípios e diretrizes do SUS e proporcionar maior cobertura populacional. 
Procurando desenvolver, com as famílias de uma área determinada, ações de 
atenção primária à saúde, com qualidade, humanização e participação da 
comunidade. 
 
3.1 HISTÓRICO E DESENVOLVIMENTO 
 
§ Iníciou em novembro de 1988, com a elaboração de um projeto propondo: 
§ Instalação de 15 equipes. 
§ Acomodação das equipes em imóveis alugados. 
§ Cada equipe com: 1 médico, 1 enfermeiro, 3 aux. de enfermagem e 6 ACS. 
§ Com até 1000 famílias por equipe. 
 34 
§ Em março de 1999, começou a implantação do PSF em Manaus, com as 
seguintes características: 
§ Acomodação das equipes em imóvel de 40m², com 4 cômodos (1 
consultório, 1 recepção, 1 farmácia e 1 banheiro). 
§ Cada equipe com: 1 médico, 2 aux. de enfermagem e 7 ACS; depois foi 
incorporado o enfermeiro a equipe por determinação do Ministério da 
Saúde. 
§ Cada equipe com uma média de 1050 famílias por equipe (1 médico; 1 
enfermeiro; 2 auxiliares de enfermagem e 7 ACS). 
§ Apoio técnico pela equipe de supervisão. Que foi extinta no início de 2007 
quando se criou os distritos de saúde (norte, sul, leste, oeste). 
 
3.2 PRINCIPAIS DESAFIOS 
 
§ Processo de mudança, principalmente para os profissionais envolvidos, 
exigindo deles esforço, criatividade, determinação, compromisso e 
responsabilidade para superar as dificuldades que toda mudança traz e, 
assim, atingir a proposta do PSF. 
§ Formação profissional deficiente. 
§ Entraves políticos, econômicos, culturais e estruturais encontrados no 
decurso de viabilização das ações. 
§ Necessidade de monitoramento e avaliação, para respaldar o 
enfrentamento dos problemas e otimizar as oportunidades de crescimento e 
sustentabilidade do PSF. 
 
3.3 AVANÇOS DA ESTRATÉGIA EM MANAUS 
 
 Criação de novas oportunidades de acesso aos serviços às comunidades 
mais vulneráveis, diminuindo estatisticamente alguns indicadores de saúde, como 
por exemplo, a desnutrição infantil. 
 35 
 Introdução de uma nova metodologia de organização do trabalho dos 
profissionais de saúde: indivíduo/família/comunidade/equipe, estabelecendo vínculo 
e conhecendo a realidade em que vivem as pessoas e suas reais necessidades. 
 Tradução, na prática, do conceito de responsabilidade sanitária. 
 Articulação da rede de saúde, de forma hierarquizada e regionalizada, para 
garantir o acesso aos serviços de maior complexidade. 
 A territorialização: proporciona escolha das áreas orientadas prioritariamente 
pelos riscos ambientais e sociais existentes. 
 A organização do trabalho leva em conta o perfil epidemiológico de cada 
localidade (características demográficas, principais doenças e agravos 
diagnosticados e as condições que influenciam esses problemas/cadastramento das 
famílias). 
 
3.4 TERRITORIALIZAÇÃO DA ESTRATÉGIA EM MANAUS 
 
 O município foi dividido por zonas e em cada uma delas tem um distrito de 
saúde responsável pelas unidades de saúde dessas zonas: oeste/centro-oeste; 
sul/centro-sul; leste e norte. 
 Atualmente, existem 165 unidades de saúde da família (USF), cada uma 
responsável por aproximadamente 5250 pessoas. 
 Há 177 equipes de saúde da família (ESF), cada uma com 1 médico, 1 
enfermeiro, 2 auxiliares de enfermagem e 7 ACS. 
 Essas equipes trabalham com área adstrita: são 7 microáreas com 1 ACS 
para cada uma delas, responsável por uma média de 400 a 750 pessoas. 
 O objetivo para 2010 é continuar a construção dos módulos, novas unidades 
de saúde da família com uma estrutura física ampliada e mais adequada à prestação 
dos serviços à comunidade, além de ampliação da saúde bucal. 
 
 
 
 
 36 
 
 FIGURA 4: novo modelo arquitetônico da USF (Fonte: SEMSA – Manaus) 
 
3.5 SITUAÇÃO ATUAL DO PSF EM MANAUS 
 
QUADRO 3 
N° DE UNIDADES DE SAÚDE DA FAMÍLIA X N° DE EQUIPES DE SAÚDE DA 
FAMÍLIA (MANAUS, 2006) 
 
ZONA N° DE UNIDADES DE SAÚDE 
DA FAMÍLIA 
N° DE EQUIPES DE SAÚDE 
DA FAMÍLIA 
NORTE 40 43 
SUL 53 53 
LESTE 33 37 
OESTE 39 44 
TOTAL 165 177 
 
QUADRO 4 
 PROFISSIONAIS DE SAÚDE DO PSF EM MANAUS 
 
Profissionais Norte Sul Leste Oeste TOTAL 
Médicos 43 53 37 40 173 
Enfermeiros 43 53 37 40 173 
 
Equipe 
Básica Dentistas 10 - - - 10 
Edited by Foxit Reader
Copyright(C) by Foxit Corporation,2005-2009
For Evaluation Only.
 37 
Aux./Téc. de 
enfermagem 
86 106 74 80 346 
ACS 197 371 259 280 1107 
* TOTAL: 1799 
 * N° de profissionais em fevereiro/2006. 
 
QUADRO 5 
POPULAÇÃO ASSISTIDA PELO PSF EM MANAUS 
 
ÁREA PROGRAMAS DE SAÚDE 
ZONA Famílias Pessoas Crianças < 
2anos 
Gestantes HAS DIA HAN TB 
Norte 25.713 106.014 4.490 940 3.538 1.087 26 36 
Sul 40.805 169.036 6.848 963 8.941 2.953 32 57 
Leste 50.507 213.637 11.804 1.993 6.635 2.176 82 62 
Oeste 33.306 171.618 6.033 1.039 6.577 2.331 39 59 
Total 150.341 660.305 29.175 4.935 25.691 8.547 179 214 
Cobertura 41,46% Fonte: SIAB/2006 
 
 A cobertura em Manaus ainda é baixa, por isso o objetivo da Secretaria 
Municipal de Saúde é a expansão dessa cobertura por meio de melhorias nas 
equipes de saúde da família já existentes e construção de novas unidades de saúde, 
estabelecendo uma efetiva inserção dessa estratégia de saúde no município. 
 
4 POLÍTICAS E PROGRAMAS DE SAÚDE PÚBLICA 
 
 A atenção básica ou atenção primária em saúde aborda os problemas mais 
comuns na comunidade, oferecendo serviços de prevenção, cura e reabilitação. 
 A atenção primária é a chave para que a meta de saúde seja atingida com 
justiça social. Devendo ser plenamente desenvolvida pelas equipes da UBS e UBSF. 
 É considerada a porta de entrada para o sistema de saúde. Avalia o paciente 
ao primeiro contato e garante a oferta de serviços continuados aos outros níveis de 
atenção à saúde. 
 38 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 FIGURA 5: Políticas e programas de saúde pública 
 
 O Ministério da Saúde divide as ações da atenção básica em programas de 
saúde e baseando-se nesses programas elaboram-se manuais e protocolosque 
embasam as condutas e ações dos profissionais que atuam na Atenção Básica, 
visando ao controle e à eliminação dos principais problemas de saúde pública. 
 
4.1 CONTROLE DA TUBERCULOSE E ELIMINAÇÃO DA HANSENÍASE 
 
4.1.1 Controle da Tuberculose 
 
 A tuberculose é um problema de saúde prioritário no Brasil, que juntamente 
com outros 21 países em desenvolvimento, albergam 80% dos casos mundiais da 
doença. No Brasil, estima-se que ocorram 129.000 casos por ano, dos quais são 
notificados cerca de 90.000. Em 1998, o coeficiente de mortalidade foi de 3,5 por 
100.000 habitantes. Esses números, entretanto, não representam a realidade do 
País, pois parte dos doentes não são diagnosticados nem registrados oficialmente. 
 
PORTA DE ENTRADA 
 
Nível 
Primário 
 
Resolução 
85% 
 
 
**
*
Nível Secundário / Resolução 10% 
Centros de Especialidades 
 
 
Nível Terciário = Resolução 5% 
Hospitais de Referência 
 39 
 O ministério da Saúde define a tuberculose como prioridade entre as políticas 
governamentais de saúde e estabelece diretrizes para as ações. 
 Busca ativa de casos: os sintomáticos respiratórios: a equipe de saúde deve 
estar preparada para realizar a busca sistemática de sintomáticos respiratórios, ou 
seja, das pessoas maiores de 15 anos que procuram os serviços de saúde por 
qualquer motivo e apresentam queixas de tosse e expectoração por três semanas 
ou mais. Entre esses, deve-se procurar o doente com tuberculose pulmonar 
bacilífera, fonte de infecção para outros indivíduos. 
 Diagnóstico clínico de casos: 
§ Acesso a exames para diagnóstico e controle: laboratorial e radiológico. 
§ Cadastramento e notificação dos portadores da doença. 
 
 O caso deverá ser notificado por meio do preenchimento da ficha de 
notificação do SINAN (ver anexos), pelo profissional (médico ou enfermeiro) da 
unidade que atendeu o paciente, depois essa ficha deverá ser encaminhada para 
digitação no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). 
 Acompanhamento e tratamento dos casos (supervisionado ou 
autoadministrado): 
§ Disponibilizar os medicamentos para os doentes inscritos no programa. 
§ Manter o Livro de Controle de Tratamento dos Casos de Tuberculose com 
informações atualizadas acerca do seu acompanhamento, baciloscopias e 
critério de alta. Essas informações devem ser enviadas mensalmente para a 
Vigilância Epidemiológica para serem digitadas no SINAN (Sistema de 
informações de agravos de notificações). 
§ Fazer visita domiciliar, quando necessário. 
§ Realizar ações educativas e preventivas. 
 
 A tuberculose é uma doença infecciosa e contagiosa, causada por um 
microorganismo denominado Mycobacterium tuberculosis, também denominado de 
bacilo de Koch (BK), que se propaga meio do ar, por gotículas contendo os bacilos 
expelidos por um doente com tuberculose (TB) pulmonar ao tossir, espirrar ou falar 
em voz alta. Quando essas gotículas são inaladas por pessoas sadias, provocam a 
infecção tuberculosa e o risco de desenvolver a doença. 
 40 
 A tuberculose é transmitida de pessoa a pessoa pelo ar. 
 
 
FIGURA 6: Transmissão da Tuberculose por meio do ar 
Fonte: Manual Técnico para o controle da Tuberculose. 
 
 A propagação da tuberculose está intimamente ligada às condições de vida 
da população. Prolifera, como todas as doenças infecciosas, em áreas de grande 
concentração humana, com precários serviços de infraestrutura urbana, como 
saneamento e habitação, onde coexistem a fome e miséria. Por isso, a sua 
incidência é maior nas periferias das grandes cidades, podendo, porém, acometer 
qualquer pessoa mesmo em áreas rurais. 
 Uma vez infectada, a pessoa pode desenvolver tuberculose doença em 
qualquer fase da vida. Isso acontece quando o sistema imune não pode mais manter 
os bacilos sob controle e eles se multiplicam rapidamente. 
 
 41 
 
Figura 7: órgãos mais acometidos pela tuberculose doença 
Fonte: Manual Técnico para o controle da Tuberculose. 
 
 
 Todos os órgãos podem ser acometidos pelo bacilo da tuberculose, porém, 
ocorre mais frequentemente nos pulmões, gânglios, pleura, rins, cérebro e ossos. 
 Apenas em torno de 10% das pessoas infectadas adoecem, metade delas 
durante os dois primeiros anos após a infecção e a outra metade ao longo de sua 
vida. Essa estimativa está correta se não existirem outras infecções ou doenças que 
debilitem o sistema imunológico da pessoa, como, por exemplo: 
§ diabetes mellitus (dm); 
§ infecção pelo HIV; 
§ tratamento prolongado com corticosteroídes; 
§ terapia imunossupressora; 
§ doenças renais crônicas, entre outras; 
§ desnutrição calórico-proteica. 
 
 
 
 
 
 
 FIGURA 8: tratamento para doenças que debilitam o sistema imunológico 
 42 
 
4.1.2 Esquemas de tratamento 
 
4.1.2.1 Esquema de tratamento antigo 
 A associação medicamentosa adequada, doses corretas, uso por tempo 
suficiente, com supervisão da tomada dos medicamentos (atual estratégia do 
tratamento supervisionado – DOTS) são os meios para garantir a adesão ao 
tratamento e evitar a persistência bacteriana e o desenvolvimento de resistência às 
drogas, assegurando assim a cura do paciente. 
 Para o tratamento de casos novos utiliza-se esquema I (2RHZ/4RH) em 
regime diário, sendo a tomada dos medicamentos observada diretamente em pelo 
menos três dias da semana durante os primeiros dois meses e uma observação por 
semana até o final do tratamento. 
 
TABELA 2 
 ESQUEMA BÁSICO ANTIGO (ESQUEMA I) – 2RHZ/4RH 
CASOS NOVOS DE TODAS AS FORMAS DE TUBERCULOSE PULMONAR E 
EXTRAPULMONAR 
Peso do doente 
Até 20 kg Mais de 20 kg 
e até 35 kg 
Mais de 35 kg e até 45 
kg 
Mais de 45 kg Fases do 
tratamento 
Drogas 
mg/kg/dia mg/dia mg/dia mg/dia 
1.ª fase 
(2 meses - RHZ) 
R 
H 
Z 
10 
10 
35 
300 
200 
1.000 
450 
300 
1.500 
600 
400 
2.000 
2.ª fase 
(4 meses - RH) 
R 
H 
10 
10 
300 
200 
 
450 
300 
600 
400 
Siglas: Rifampicina = R; Isoniazida = H; Pirazinamida = Z. 
 
Observações: 
 43 
a) As drogas deverão ser administradas preferencialmente em jejum, em uma única 
tomada ou, em caso de intolerância digestiva, junto com uma refeição. 
b) Em casos individualizados, cuja evolução clínica inicial não tenha sido satisfatória, 
ou ainda nos casos de TB extrapulmonar, com a orientação de especialistas, o 
tempo de tratamento poderá ser prolongado, na sua 2ª fase, por mais três meses 
(2RHZ/7RH). 
c) Os casos de tuberculose associados ao HIV, resistência ao tratamento e recidiva 
devem ser encaminhados para unidades de referência (em Manaus a unidade de 
referência é a Policlínica Cardoso Fontes), em seu município ou em municípios 
vizinhos, para serem tratados. 
 
4.1.2.2 Esquema de tratamento novo 
 
 Em agosto de 2009 o Sistema Único de Saúde (SUS) lançou um novo 
medicamento para tratar a tuberculose. O medicamento DFC (dose fixa combinada), 
popularmente conhecido como “quatro em um”, produzido graças a um acordo de 
transferência de tecnologia entre um produtor indiano e o governo brasileiro. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 44 
TABELA 3 
ESQUEMA NOVO PARA TRATAMENTO DA TUBERCULOSE 
ESQUEMA BÁSICO PARA ADULTOS E ADOLESCENTES (2RHZE/4RH) 
R (Rifampicina) – H (Isoniazida) – Z (Pirazinamida) – E (Etambutol) 
 
 O esquema básico com quatro fármacos é mundialmente utilizado, com 
excelentes resultados quanto à efetividade, em particular pela maior adesão ao 
tratamento. Espera-se com a introdução de um quarto fármaco aumentar o sucesso 
terapêutico e evitar o aumento da multirresistência (resistência a Rifampicina + 
Isoniazida). 
 As vantagens da mudança da apresentação dos fármacos são, entre outras, o 
maior conforto do paciente, pela redução do número de comprimidos a serem 
ingeridos; a impossibilidade de tomada isolada de fármacos e a simplificação da 
gestão farmacêutica em todos os níveis. 
 Indicações: casos novos de todas as formas detuberculose pulmonar e 
extrapulmonar (exceto meningoencefalite) infectados ou não pelo HIV. Caso novo é 
Regime Fármacos Faixa de peso Unidades/dose Meses 
 
2RHZE 
 
Fase intensiva 
 
RHZE 
 
150/75/400/275 
 
comprimido 
em dose fixa 
combinada 
 
20 a 35 kg 
36 a 50 kg 
>50 kg 
 
2 comprimidos 
3 comprimidos 
4 comprimidos 
2 
 
4RH 
 
Fase de 
manutenção 
 
RH 
 
300/200 ou 
150/100 
 
cápsula 
 
20 a 35 kg 
36 a 50 kg 
>50 kg 
 
1 cápsula 300/200 
1 cáps 300/200 + 1 cáp 150/ 100 
2 cápsulas 300/200 
4 
 45 
todo paciente que nunca usou ou usou por menos de 30 dias medicamentos para 
tuberculose. 
 Retratamento: recidiva (independentemente do tempo decorrido do primeiro 
episódio) ou retorno após abandono com doença ativa. 
 Preconiza-se a solicitação de cultura, identificação e teste de sensibilidade em 
todos os casos de retratamento. 
ATENÇÃO: para crianças até 10 anos continuará sendo preconizado o tratamento 
antigo. 
 
4.1.3 Atribuições do Técnico de enfermagem no controle da Tuberculose 
 
§ Identificar os sintomáticos respiratórios em visita domiciliar na comunidade e 
na unidade básica de saúde. 
§ Convocar os comunicantes (pessoas que convivem com o doente de 
tuberculose) à unidade de saúde para consulta, diagnóstico e tratamento, 
quando necessário. 
§ Orientar a coleta e o encaminhamento do escarro dos sintomáticos 
respiratórios. 
§ Fornecer medicação, orientar o seu uso e a importância do tratamento. 
Esclarecer as dúvidas dos doentes. 
§ Supervisionar o uso correto da medicação nas visitas domiciliares e o 
comparecimento às consultas de acordo com a rotina da equipe. 
§ Agendar consulta extra, quando necessário. 
§ Convocar o doente faltoso à consulta: planejar visita domiciliar. 
§ Convocar o doente em abandono de tratamento: planejar visita domiciliar. 
§ Realizar ações educativas junto à comunidade. 
§ Participar, com a equipe, do planejamento das ações para o controle da 
tuberculose na comunidade. 
§ Manter a ficha do SIAB (acompanhamento de TB) atualizada (ver anexos). 
 Enfim, dentre as várias estratégias para estender o Plano Nacional de 
Controle da Tuberculose a todos os municípios brasileiros está a expansão e a 
 46 
consolidação da Estratégia de Saúde da Família (ESF), em parceria com as 
prefeituras municipais. 
 
4.2 ELIMINAÇÃO DA HANSENÍASE 
 
 A hanseníase é uma doença infectocontagiosa, de evolução lenta, que se 
manifesta principalmente por sinais e sintomas dermatoneurológicos: lesões na pele 
e nos nervos periféricos, principalmente nos olhos, mãos e pés. O diagnóstico 
precoce da hanseníase e o seu tratamento adequado evitam a evolução da doença, 
consequentemente impedem a instalação das incapacidades físicas por ela 
provocadas. 
 O comprometimento dos nervos periféricos é a característica principal da 
doença, dando-lhe um grande potencial para provocar incapacidades físicas que 
podem, inclusive, evoluir para deformidades. Essas incapacidades e deformidades 
podem acarretar alguns problemas, tais como diminuição da capacidade de trabalho, 
limitação da vida social e problemas psicológicos. São responsáveis, também, pelo 
estigma e preconceito contra a doença. 
 Por isso mesmo ratifica-se que a hanseníase é doença curável e quanto mais 
precocemente diagnostica e tratada, mais rapidamente se cura o paciente. 
 A hanseníase é causada pelo Mycobacterium leprae, ou bacilo de Hansen, 
que é um parasita intracelular obrigatório, com afinidade por células cutâneas e por 
células dos nervos periféricos, que se instala no organismo da pessoa infectada, 
podendo se multiplicar. O tempo de multiplicação do bacilo é lento, podendo durar, 
em média, de 11 a 16 dias. 
 O homem é considerado a única fonte de infecção da hanseníase. O contágio 
dá-se por uma pessoa doente, portadora do bacilo de Hansen, não tratada, que o 
elimina para o meio exterior, contagiando pessoas susceptíveis. 
 A principal via de eliminação do bacilo, pelo indivíduo doente de hanseníase, 
e a mais provável porta de entrada no organismo passível de ser infectado são as 
vias aéreas superiores, o trato respiratório. No entanto, para que a transmissão do 
bacilo ocorra, é necessário um contato direto com a pessoa doente não tratada. 
 47 
 Quando a pessoa doente inicia o tratamento quimioterápico, ela deixa de ser 
transmissora da doença, pois as primeiras doses da medicação matam os bacilos, 
tornando-os incapazes de infectar outras pessoas. 
 As ações preconizadas são: 
§ Busca ativa de casos. 
§ Diagnóstico clínico e laboratorial (multi/paucibacilares). 
§ Cadastramento dos portadores. 
§ Notificação do caso – a hanseníase é uma doença de notificação 
compulsória. 
 
 Concluído o diagnóstico da doença, o caso deverá ser notificado por meio do 
preenchimento da ficha de notificação do SINAN (ver anexos), pelo profissional 
(médico ou enfermeiro) da unidade que atendeu o paciente, depois essa ficha 
deverá ser encaminhada para digitação no Sistema de Informação de Agravos de 
Notificação (SINAN). 
 
 
FIGURA 9: Tipos de lesões da Hanseníase 
Fonte: Guia para o Controle da Hanseníase. 
 
 
4.2.1 Esquemas de tratamento 
 
 48 
 O tratamento do paciente com hanseníase é fundamental para curá-lo, alguns 
procedimentos como fechar a fonte de infecção interrompendo a cadeia de 
transmissão da doença são estratégicos no controle da endemia para eliminar a 
hanseníase enquanto problema de saúde pública. 
 
QUADRO 6 
ESQUEMA PAUCIBACILAR (PB) 
 
 
 
 
 Neste caso é utilizada uma combinação da rifampicina e dapsona, 
acondicionados numa cartela, no seguinte esquema: 
§ rifampicina: uma dose mensal de 600 mg (2 cápsulas de 300 mg) com 
administração supervisionada; 
§ dapsona: uma dose mensal de 100mg supervisionada e uma dose diária 
autoadministrada; 
§ duração do tratamento: 6 doses mensais supervisionadas de rifampicina; 
§ critério de alta: 6 doses supervisionadas em até 9 meses. 
 49 
 
 FIGURA10: Esquema de Tratamento Paucibacilar 
 Fonte: Guia para o Controle da Hanseníase. 
 
4.2.1.1 Esquema Multibacilar (MB) 
 
 Aqui é utilizada uma combinação da rifampicina, dapsona e de clofazimina, 
acondicionados numa cartela, no seguinte esquema: 
§ rifampicina: uma dose mensal de 600 mg (2 cápsulas de 300 mg) com 
administração supervisionada; 
§ clofazimina: uma dose mensal de 300 mg (3 cápsulas de 100 mg) com 
administração supervisionada e uma dose diária de 50mg autoadministrada; 
e dapsona: uma dose mensal de 100mg supervisionada e uma dose diária 
autoadministrada; 
§ duração do tratamento: 12 doses mensais supervisionadas de rifampicina; 
§ critério de alta: 12 doses supervisionadas em até 18 meses. 
 
 50 
 
 FIGURA 11: Esguema de Tratamento Multibacilar 
 Fonte: Guia para o Controle da Hanseníase. 
 
 
4.2.2 Esquema de tratamento para crianças 
 
 Para crianças com hanseníase, as doses de medicamentos dos esquemas 
Paucibacilar e Multibacilar, são ajustadas, de acordo com os seguintes quadros: 
 
QUADRO 7 
ESQUEMA PAUCIBACILAR 
 
 
 
 
 
 
 
 51 
 QUADRO 8 
ESQUEMA MULTIBACILAR 
 
 
 
 
4.2.3 Atribuições do Técnico de enfermagem para eliminação da hanseníase 
 
§ Planejar as ações de assistência e controle juntamente com a equipe de 
saúde. 
§ Realizar ações educativas para a família e comunidade. 
§ Identificar e notificar situações e casos suspeitos da doença. 
§ Realizar medidas de controle dos contatos. 
§ Realizar busca ativa dos casos. 
§ Realizar visitas domiciliares em doentes faltosos ou em abandono de 
tratamento. 
§ Realizar busca de faltosos e contatos. 
§ Fazer supervisão da dose medicamentosa, em domicílio ou na unidade de 
saúde. 
§ Agendamento de consultas. 
 
4.3 HIPERDIA – CONTROLE DA HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA (HAS) E 
DIABETES MELLITUS (DM) 
 
4.3.1 Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) 
 
 A Hipertensão Arterial Sistêmica é a mais frequente

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