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Escola Hermenêutica da Exegese. 
 
PONTOS RELEVANTES 
 
· A Escola Hermenêutica da Exegese surgiu do que se denomina “trauma da Revolução Francesa de 1789”. 
 
 
· Com a Revolução Francesa, o Antigo Regime foi destronado, dando início ao período em que as divisões sociais seriam aniquiladas com a retomada da soberania popular, do governo exercido pelo povo e para o povo. 
 
· O Parlamento era composto por representantes do povo e deveria editar as leis necessárias para que os direitos naturais dos cidadãos fossem preservados, evitando-se o arbítrio do Soberano, que passaria a respeitar a lei posta pelo Poder Legislativo na condição de suas atividades. 
· Com o declínio do pensamento Jusnaturalista e sua aparente compreensão acerca da justiça, houve a ascensão do positivismo, que também foi criticado, posteriormente, por seu apelo excessivo à subsunção (fato-norma) sem observação dos valores. 
 
 
· Para um melhor entendimento do tema principal, é importante ressaltar algumas considerações a respeito do Direito Natural. O Jusnaturalismo, de modo geral, divide-se nos períodos: 
· 
A) Cosmológico (séc.VI – Pitágoras) – cuja essência vem do universo – ; 
B) Teológico (séc.XI e XII – Tomás de Aquino) – lei estabelecida pela vontade de Deus – , 
C) Antropológico (séc.XVII e XIII – Rousseau) – provem do homem e da razão. 
· 
 
· Surge, então, a norma jurídica fundamental, capaz de consolidar o ideário da Revolução Francesa (liberdade, igualdade e fraternidade), que se preocupou em regular as relações do indivíduo em situação de igualdade sem intervenção do Estado (laisse-faire). 
 
· Surge o Código Civil Francês de 1804, que objetivava regulamentar a vida dos indivíduos em todos os seus detalhes, desde o seu nascimento, aquisição de capacidade, exercício dos atos da vida civil e sucessão em virtude de morte. 
OBS: O Código Civil colocaria fim ao arbítrio dos exercentes do Poder. Como todo o direito estaria contido na Codificação, não haveria tarefa intelectual interpretativa relevante do juiz, que estaria adstrito a dizer a vontade do legislador. 
 
· O juiz realizava a subsunção do fato à norma por meio de um raciocínio silogístico. 
 
· PROBLEMA 1 : O modelo tradicional da Escola da Exegese demonstrou-se insuficiente para solucionar todas as demandas levadas a julgamento pelo Judiciário, havia lacuna legal em muitas hipóteses a respeito do tema e em outros casos, bem como imperfeições na busca da vontade do legislador. 
· Escola da Livre Interpretação Científica do Direito, de François Geny. 
 
"Segundo Maria Helena Diniz, citando Vicente Ráo, a melhor ubicação da doutrina de Geny está dentro da teoria das lacunas do direito, pois se apresenta como um processo integrativo do direito que visa suprir, mediante a livre apuração de novas normas, as omissões das normas jurídicas existentes. O intérprete deve recorrer a livre investigação científica que é livre, porque não se submete a uma autoridade positiva e é científica, porque pode dar bases sólidas aos elementos objetivos descobertos pela ciência jurídica". 
 
· No silêncio ou indecisão do legislador, caberia ao juiz interpretar, com bases científicas, livremente a norma jurídica a ser aplicada ao caso em análise, tornando possível a atividade criadora do Judiciário, que passa a determinar decisões às lides por meio de tarefa interpretativa, para além do Código Civil. 
 
· Geny constata que a tarefa atribuída às Cortes de Cassação tornara-se inviável. Em muitos casos, o magistrado, a pretexto de realizar mero pensamento dedutivo para a aplicação da norma, decidia em desacordo com os ditames legais, não raro com convicções pessoais. Foi justamente para dar amparo técnico e científico para essas novas decisões que François Geny forjou a Escola Científica. 
 
· Segundo Recaséns Siches, no início do século XX até hoje, a área jurídica convive com a tradição acadêmica do direito e a não acadêmica, criada a partir da análise de casos nos tribunais, no desenrolar da atividade cotidiana de juízes, advogados e promotores. Conforme a tradição não acadêmica, o direito é criado a partir da análise de dados inferidos da vida social dos quais o intérprete não pode alterar e deve apreciar objetivamente. 
· 
· Após a análise dos dados naturais, reais, históricos, racionais ou ideais, caberia ao juiz depreender o direito naturalmente existente nas relações sociais para passar ao construído a obra do jurista, resultado de sua técnica jurídica, cuja observância se torna imprescindível a fim de se evitar a contaminação da decisão judicial com as convicções pessoais do julgador. 
 
· A Escola da Exegese consistia na reunião de vários juristas franceses que orientaram o processo de criação e de aplicação do Código de Napoleão, especialmente no que se refere à exegese do texto legal. O Código Civil napoleônico buscava unificar e positivar o Direito como ferramenta de controle social e político. 
 
· O Codicismo surgiu como fruto do Iluminismo, atualmente é comum pensar o Direito codificado, porém a codificação não se estende a todo o mundo, como nos países anglo-saxões, onde se aplica o “common law”, por exemplo. Os dois códigos mais importantes para evolução da codificação foram o Código de Justiano e o Código de Napoleão. 
 
 
· Norberto Bobbio diferencia essas duas codificações, afirmando que apenas o de Napoleão é um Código propriamente dito, ou seja, “um corpo de normas sistematicamente organizadas e expressamente elaboradas” [3]. Segundo Bobbio, o Corpus Iuris Civilis de Justiniano é uma compilação de leis prévias e não exatamente um código. 
 
 
Segundo a Escola da Exegese, deveria haver uma interpretação nacional e racional do Direito, sendo exegeta aquele que esclarece algo considerado difícil e obscuro. No sentido normativo, é aquele que esclarece a real acepção da norma. 
 
 
· O Código Civil eliminou aspectos religiosos e morais, que antes havia no Corpus Iuris Civilis. Segundo Maria Helena Diniz, “O racionalismo buscava a simetria, construção lógica perfeita, o que o levou à utopia. Foi essa mesma simetria que conduziu os franceses à idolatria do Código de Napoleão” [4]. 
 
 
PROBLEMA 2: O modo de interpretação da Escola da Exegese era reduzido e superficial. A idéia desse corpo de normas era suprimir o máximo possível a obscuridade e a ambiguidade. O juiz não cabia nenhuma outra função que não fosse aplicar a lei pautado na suposta neutralidade e objetividade, a vontade do intérprete e do legislador era a mesma. Direito e Lei, nessa abordagem teórica, eram considerados sinônimos para a Escola da Exegese. 
 
 
· Durante a Revolução Francesa, alguns juízes se eximiam de julgar quando a lei era omissa, pois havia um estímulo máximo à separação dos poderes. Buscando evitar essa situação, o art. 4° do Código Civil impunha o juiz a decidir no silêncio, na obscuridade ou insuficiência da lei. Apesar de obrigar o juiz a proferir sua sentença, ele deveria encontrar a solução para a omissão, a obscuridade ou a insuficiência dentro da própria lei. 
 
 
· Apesar de o juiz ser obrigado a julgar, o princípio da separação dos poderes não seria ferido, ao juiz não era conferido o poder de produzir o Direito, mas apenas de aplicá-lo de acordo com o que estava predefinido no Código. Os operadores do Direito apenas se submetiam a autoridade do legislador (princípio da onipotência do legislador). Havia o apego à interpretação literal da lei sem distorcer a verdadeira vontade do legislador, a lei era certa, não havia espaço para interpretações feitas pelo juiz. 
 
 
· Para os codicistas, o ordenamento era considerado perfeito, bastando-se em si mesmo, não havia lacunas de Direito nem antinomias (dogma da completude) e todas as soluções se encontravam no Código, uma vez que o ordenamento (ou sistema) era considerado fechado e deveria achar soluções e justificativas dentro de si mesmo (autonomia). 
 
 
 
NorbertoBobbio denomina a forma aguda desse fenômeno de “fetichismo da lei” [5], dessa forma, havia uma tendência a ater-se escrupulosamente aos códigos. Segundo um dos exegetas Mourlon, “Dura lex, sed lex[6]; um bom magistrado humilha sua razão diante da razão da lei” [7]. 
 
 
Havia, também, certa pressão do governo Napoleônico para que seu Código fosse ensinado nos cursos superiores de Direito e não mais os ideais jusnaturalistas, enfatizando o caráter identitário que era resguardado. Afinal, o Direito e o Código Civil eram uma das formas de dominação de que Napoleão dispunha. 
 
 
Os principais representantes da Escola da Exegese são “Proudhon, Melville, Blondeau, Delvincourt, Huc, Aubry e Rau, Laurent, Marcadé, Demolombe, Troplong, Pothier, Baudry-Lacantinerie, Duraton, etc.” [8]. Os três principais períodos da Escola da Exegese são de 1804 a1830 – Formação; de 1830 a 1880 – Apogeu, e 1880 em diante – Declínio (primeiras alterações no Código Civil francês). 
 
 
DECLÍNEO ocorreu pela ineficiência de seu processo interpretativo, a letra da lei, apenas, não era mais suficiente. Havia a necessidade de se recorrer a outras fontes e “conhecer não só a letra da lei, mas também o seu espírito” [9]. 
 
 
A escola da Exegese foi criticada por vários autores, entre eles: François Gény, Rudolf von Ihering, Eugen Ehrlich, etc. Em geral, as críticas se fundamentavam em torno do fetichismo da lei e da forma literal como se interpretava o Direito. 
 
 
Esse momento, porém, não durou para sempre, e a complexidade social não mais comportou o modo de interpretação da Escola da Exegese. Para Recaséns Siches, “Uma lei indeformável somente existe numa sociedade imóvel” e, segundo Gaston Morand, o que ocorreu foi “a revolta dos fatos contra os códigos” [10]. 
 
 
A deficiência na dinamicidade da Escola da Exegese vinha não só da interpretação, mas também da forma como era considerado o sistema: fechado e estrito ao Código Civil. Por essas razões, o sistema era engessado e estático. 
 
 
A escola da Exegese não acompanhou a dinâmica da sociedade, tomando a lei como única fonte do Direito. Havia uma inviabilização do ingresso, permanência e expulsão das leis, uma vez que o sistema era fechado e estrito ao Código Civil francês, o que o tornava engessado. 
 
 
Os mitos da neutralidade e da completude também não acompanharam a dinamicidade da sociedade, uma vez que limitava a visão do intérprete e do legislador, hoje ambos os mitos são cada vez mais considerados ultrapassados. Tanto o juiz quanto o legislador reconhecem a existência de lacunas no ordenamento, utilizando, para isso, o princípio de freios e contrapesos, que busca harmonizar os três “poderes” e a interpretação principiológica. 
 
 
O Código de Napoleão foi um grande avanço para a época e satisfez o que os franceses ansiavam, mas, depois de certo tempo, não foi mais suficiente devido a dinâmica e às críticas que advieram dos seus opositores, notadamente dos doutrinadores da Sociologia jurídica. Ocorreram, então, mudanças no Código Civil francês e, com elas, o início do declínio da Escola da Exegese. 
 
 
Atualmente, a interpretação gramatical é considerada uma das mais falhas, exatamente por não levar em consideração fatores essenciais em uma sociedade dinâmica. O intérprete deve operar lucidamente de forma a considerar os valores sociais compreendendo que a lei e os códigos não são um fim em si mesmo, mas sim um meio para concretizar o Estado Democrático de Direito no qual estamos inseridos e, sobretudo, contribuindo para a desmistificação dos mitos que outrora estavam ínsitos à prática judiciária e doutrinária. 
 
 
 
 
 
Referência bibliográfica 
 
 
BOBBIO, Norberto. O positivismo jurídico: Lições de filosofia do direito. São Paulo: Ícone, 1995. 
 
 
DINIZ, Maria Helena. Compêndio de introdução à ciência do direito. 15 ed. à luz da lei 10.406/02 – São Paulo: Saraiva, 2003. 
 
 
SOFÓCLES. Antígona. Porto Alegre: L&PM, 2006. 
 
MAGRI, Wallace. Escolas Hermenêuticas – Modernidade. Disponível em: < http://linguagemjuridicaefilosofiadodireito.blogspot.com.br/2012/05/escolas-hermeneuticas-modernidad.... Acesso em: 25 de agosto de 2017.

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