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XIV Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-Graduação - SEPesq Centro Universitário Ritter dos Reis XIV Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-Graduação - SEPesq 26 a 29 de novembro de 2018 1 JANELA VIVA: EXERCÍCIO DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO COM FERRAMENTAS DE PRODUCT ADVANCED DESIGN Bibiana Wittmann Mestranda em Design Centro Universitário Ritter dos Reis-Uniritter bibianaw.design@gmail.com Alice Neumann Mestranda em Design Centro Universitário Ritter dos Reis-Uniritter alicegneumann@gmail.com Josiane Giotti Mestranda em Design Centro Universitário Ritter dos Reis-Uniritter josiane.giotti@gmail.com Guilherme Lund Mestranda em Design Centro Universitário Ritter dos Reis-Uniritter guilhermelund@gmail.com Resumo: Este estudo apresenta um produto conceitual desenvolvido por um grupo de designers. O objetivo da atividade era explorar ferramentas de geração de alternativas voltadas para a inovação, com foco no desenvolvimento de novos produtos. O briefing foi estipulado pelos próprios grupos a partir da exploração de cenários e de uma aproximação a técnicas como shaping emotions e biomimética, técnicas de inovação que permitem ampliar a visão do designer sobre o projeto, podendo gerar possibilidades de resultados ainda não explorados. O presente estudo relata os passos da experiência, o uso das ferramentas em sala de aula e os resultados obtidos. Neste trabalho de metodologia projetual ocorreu o cruzamento de diferentes instrumentos de inovação. Uma composição híbrida para estimular a criatividade e chegar ao resultado esperado. A experiência de explorar técnicas de desenvolvimento avançadas de design de produto em uma disciplina de pós-graduação expandiu conhecimentos acerca da área específica, e proporcionou vislumbrar novas abordagens em processos criativos de modo geral. 1 Introdução XIV Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-Graduação - SEPesq Centro Universitário Ritter dos Reis XIV Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-Graduação - SEPesq 26 a 29 de novembro de 2018 2 O presente produto foi elaborado por um grupo de designers com foco em inovação na área do design de produtos, o exercício teve como proposta explorar ferramentas conceituais de Product Advanced Design. O uso de ferramentas de concept design tem se provado efetivo no que diz respeito à geração de inovação dentro da área de design de produto. Algumas dessas ferramentas já são consagradas nos campos da criatividade como moodboards e brainstorming. Outras, como a biomimética e o shaping emotions, são novas técnicas de inovação que permitem ampliar a visão do designer sobre o projeto, podendo gerar possibilidades de resultados ainda não explorados. Durante o processo foram utilizados diferentes instrumentos em uma série de exercícios. Brainstorming e brainwriting foram os pontos de partida para a geração de cenários. A partir da definição de um cenário, cada grupo pode, então, determinar o problema. Este problema detectado no cenário serviu como base para explorar a ferramenta shaping emotions, com a qual definimos o briefing do produto a ser desenvolvido, e que tem sua definição elaborada na seção seguinte. Acredita-se que a utilização da ferramenta shaping emotion ajuda a criar experiências com o usuário, aproximando-o do produto, criando relações, aumentando assim, o ciclo de vida útil. Conforme sintetiza Cândido (2008, p. 24): Um produto que foi desenvolvido, levando-se em conta o Emotion Design, poderá transmitir ao usuário sensações que farão com que esse consumidor fique mais tempo com o produto sem descartá-lo, reduzindo o impacto desse produto no ambiente e ampliando a faixa de uso ou serviço. A metodologia projetual utilizada neste estudo propôs o cruzamento de diferentes instrumentos de inovação, bem como o entrelaçamento de experiências de profissionais de áreas diferentes. Uma composição híbrida para estimular a criatividade para a criação de um produto conceitual com o objetivo de sanar o problema da produção vegetal dentro de ambientes residenciais. A seguir, discute-se o conceito de Shaping Emotions, na seção seguinte apresenta-se a metodologia e em seguida, a proposta de produto e a análise do processo realizado. 2 Shaping Emotions (design emocional) O objetivo deste projeto foi propor um concept design cuja estratégia de inovação estivesse ligada a Product Advanced Design. A partir do método Shaping Emotions, o produto gerado, além de inovador, deve ser construído sob as emoções que o designer busca gerar ou evitar nos usuários. XIV Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-Graduação - SEPesq Centro Universitário Ritter dos Reis XIV Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-Graduação - SEPesq 26 a 29 de novembro de 2018 3 O campo do Design Emocional surgiu por volta da década de 1990, e se trata da profissionalização do projetar com o objetivo de despertar ou evitar determinar emoções (DEMIR et al., 2009; JORDAN, 1999). Tonetto e Costa relacionam o design emocional a questões de mercado. [...] a área de design emocional apresenta uma íntima relação com questões estratégicas, na medida em que representa um grande avanço no sentido de melhor atender às necessidades e desejos do público-alvo de forma inovadora e competitiva (TONETTO; COSTA, 2011). A partir da problematização do cenário, foram identificadas as sensações a serem despertadas no usuário, como acolhimento, pertencimento, conexão, satisfação, contato, deslumbramento, segurança, transparência, contentamento e nostalgia. Baseado nestas sensações foi definida a representação das emoções, como vontade de ter uma casa que acolhe, tornar o ambiente aconchegante, transmitindo a sensação de acolhimento, a busca pelo pertencimento, conexão passado-futuro, reconectar com alimento fresco, satisfação de colher o próprio alimento, estar em contato com as plantas, deslumbramento com o belo, segurança da transparência de saber o que está ingerindo, contentamento, nostalgia. Após a definição das emoções e sensações pretendidas do usuário, passou-se a projetar com o objetivo de dar forma, cor, textura, cheiro e sons às emoções. 3 Metodologia Neste trabalho de metodologia m qualitativa, utilizando o método projetual, com o cruzamento de diferentes instrumentos de inovação projetual ocorreu o cruzamento de diferentes instrumentos de inovação. Uma composição híbrida para estimular a criatividade e chegar ao resultado esperado. Foram utilizados ferramentas como o brainstorm, brainwriting, moodboard e biomimética. Inicialmente, foi conduzido um brainstorm (figura 1) pela professora da disciplina, com o propósito de estimular a coleta de dados para o andamento da atividade. Segundo Giuliano (2017), o brainstorm é constituído usualmente de sete etapas: orientação, preparação, análise, ideação, incubação, síntese e avaliação. XIV Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-Graduação - SEPesq Centro Universitário Ritter dos Reis XIV Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-Graduação - SEPesq 26 a 29 de novembro de 2018 4 Figura 1: Reunião de brainstorm realizada em sala de aula. Fonte: Foto por Guilherme Lund, 2017. Posteriormente a esta etapa, que teve a duração de poucos minutos, o grupo, composto por três pessoas, adotou o procedimento de brainwriting. Neste momento, que se assemelha com o brainstorming, a escrita das ideias passou a ser o ponto chave do processo (Figura 2). Cada participante anotou em pequenos papéis uma palavra-chave que correspondesse à ideia principal da proposta individual. Figura 2: Reunião de brainstorm realizada em sala de aula. Fonte: Foto por Guilherme Lund, 2017. XIV Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-Graduação - SEPesq Centro Universitário Ritter dos Reis XIV Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-Graduação - SEPesq 26 a 29 de novembro de 2018 5 Após a exposição individual de cada participante, o grupo decidiu trabalharcom o segmento de "consumo de bens alimentícios" para a materialização da proposta do produto final. Pesquisas para a geração de ideias foram realizadas e, no momento seguinte, como método de visualizar a evolução do pensamento e suas correlações, o grupo formulou um mapa mental (Figura 3). De acordo com Giuliano (2017), esta técnica ajuda a representar o pensamento de uma maneira gráfica evidenciando as relações das palavras. Figura 3: Mapa mental da evolução do briefing. Fonte: Elaborado pelos autores, 2017. XIV Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-Graduação - SEPesq Centro Universitário Ritter dos Reis XIV Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-Graduação - SEPesq 26 a 29 de novembro de 2018 6 Em seguida ao mapa mental, foi elaborado um moodboard (Figura 4) que, segundo Fischer e Scaletsky (2009, apud GIULIANO, C., 2017), apresenta-se com um duplo papel: ser um método de criação para novas ideias, e um instrumento de diálogo entre os diversos atores envolvidos no projeto. Figura 4: Moodboard de referências para criação. Fonte: Elaborado pelos autores, 2017. Munidos das percepções demonstradas nas ferramentas criativas, passou-se a buscar modelos no meio natural como proposição para um produto que provocasse menção a sensações e "pensamentos naturais". Para isso, utilizamos o que definimos como bio referência. Uma alusão ao conceito de biônica, que, BROECK (1982) sintetiza como: O estudo dos sistemas e organizações naturais, com o propósito de analisar e recuperar soluções do tipo funcional, estrutural e formal, para aplicar nas resoluções dos problemas humanos, através da criação de tecnologias e a criação de objetos ou sistemas de objetos. (BROECK, 1982, p.4) Particularidades naturais de luminescência em animais, plantas e arquétipos de captação e armazenamento de água foram observados no intuito de uma XIV Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-Graduação - SEPesq Centro Universitário Ritter dos Reis XIV Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-Graduação - SEPesq 26 a 29 de novembro de 2018 7 possível analogia para a forma do produto. Na próxima seção apresentamos a solução proposta. 4 Produto Janela Viva nasceu da demanda de produção vegetal orgânica em pequenos ambientes. Com espaços habitacionais cada vez menores, o produto foi concebido para transformar qualquer ambiente residencial em um potencial espaço de produção de orgânicos. Fixado em paredes, janelas ou atuando como divisórias, a estrutura é adaptada em qualquer local, transformando-se em um produto decorativo e produtivo. O desafio de manter plantas saudáveis dentro de casa esbarra em conhecimentos específicos que se alteram conforme o vegetal escolhido. Algumas plantas têm necessidades de maior luminosidade durante a brotação; outras, precisam de mais água durante a floração. O produto desenvolvido resolve estas questões através de um sistema prático e tecnológico. A estrutura (Figura 5) possui a função de armação para os vasos, para irrigação e fertilização individual. Conectados por um sistema magnético, através de um aplicativo baixado em lojas virtuais, cada vaso poderá ser monitorado pelo celular do proprietário. A troca de informações entre a central do aplicativo e cada vaso será possível graças a sensores instalados nos vasos. Estes sensores identificarão as plantas, seu período de semeadura e as necessidades específicas próprias de cada fase do desenvolvimento, realizando, conforme as demandas, cada uma das tarefas especificadas no visor. Com isto, objetiva-se manter a sanidade de cada planta, com equilíbrio de nutrientes e irrigação. Figura 5: Estrutura do produto Fonte: Render por Bibiana Wittmann, 2017. XIV Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-Graduação - SEPesq Centro Universitário Ritter dos Reis XIV Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-Graduação - SEPesq 26 a 29 de novembro de 2018 8 Janela Viva une um sistema produtivo automatizado com um design decorativo e atraente, trazendo de fora para dentro um conceito verde, vivo e natural para uma realidade que, muitas vezes, está inserida num meio urbano cinza. (Figuras 6 e 7) Figuras 6 e 7: Simulações do sistema em uso. Fonte: Renders por Bibiana Wittmann, 2017. A identidade visual foi desenvolvida dentro dos mesmos conceitos propostos para o produto, tendo em vista ênfase para o gesto manual, fuidez e nostalgia. (Figura 8) XIV Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-Graduação - SEPesq Centro Universitário Ritter dos Reis XIV Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-Graduação - SEPesq 26 a 29 de novembro de 2018 9 Figura 8: Identidade gráfica. Fonte: Por Alice Neumann, 2017. 4 Conclusões Janela Viva é um produto de alta adaptabilidade - Pode ser ajustado à qualquer tamanho de parede ou janela através de duas hastes verticais. É um produto automatizado - ao se auto gerir em relação aos recursos necessários como água e nutrientes libera o usuário de preocupações. E, por fim, também é um produto que se comunica – Através de botões luminosos é possível saber o momento adequado de poda e colheita das plantas. Os atributos listados acima respondem às necessidades encontradas já na etapa da definição do cenário, identificando um mundo complexo como pano de fundo para os problemas a serem resolvidos pelos designers. A escolha do grupo pelo setor de bens alimentícios e a opção por trabalhar com sensações como acolhimento e pertencimento tiveram como principal objetivo amenizar características negativas desse cenário globalizado e acelerado. Janela Viva recupera o contato com o alimento fresco, traz o cheiro do verde e o prazer da colheita para dentro de casa. Mas também se configura como um produto de alta tecnologia, com a capacidade de se auto regular para manter a qualidade do que será consumido. As ferramentas de geração de alternativas se comprovaram eficazes no que diz respeito à ampliação de possibilidades de inovação no processo de desenvolvimento de novos produtos. Brainstorming e moodboards já fazem XIV Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-Graduação - SEPesq Centro Universitário Ritter dos Reis XIV Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-Graduação - SEPesq 26 a 29 de novembro de 2018 10 parte da rotina de quem trabalha com criatividade e foram exploradas durante o exercício proposto. A técnica de shaping emotion, como o próprio nome sugere, oferece ao designer a possibilidade de projetar a partir de uma análise das sensações que se deseja despertar no usuário do produto. Durante o desenvolvimento conceitual do produto Janela Vivo, as emoções levantadas serviram como guia para a definição do produto. Outra ferramenta explorada foi a biomimética. Animais e formas da natureza foram estudados para servirem como referência para atributos materiais do produto. A biomimética tem como pressuposto certo aprofundamento das pesquisas realizadas, o que não foi possível durante a realização dos exercícios em sala de aula. Dessa maneira, optou-se pelo uso do termo biorreferência para especificar esse momento e os resultados obtidos. Por se tratar de uma atividade conceitual, muitas das soluções encontradas para os atributos do produto final dependem de tecnologia ainda não concebida. Uma das conclusões que podemos chegar em relação ao tema é a de que a inovação não se dá de forma linear. Designers devem trabalhar em conjunto a outras áreas para que se possa planejar para o futuro. Ter tido a experiência de explorar técnicas de desenvolvimento avançadas de design de produto em uma disciplina de pós-graduação expandiram não somente conhecimentos acerca da área específica, mas também proporcionaram vislumbrar novas abordagens em processos criativos de modo geral. Cada membro do grupo pode somar seus conhecimentos prévios em design gráfico, design de interiores e fotografia e aprender de forma prática sobre processos criativos voltadospara o desenvolvimento de novos produtos. Referências CÂNDIDO, Luis Henrique Alves. Contribuição ao estudo da reutilização, redução e da reciclagem dos materiais com aplicação do ecodesign. Porto Alegre, 2008. DEMIR, E.; DESMET, P.; HEKKERT, P. 2009. Appraisal Patterns of Emotions in Human-Product Interaction. International Journal of Design, 3(2):41-51. GIULIANO, Carla P.. Os instrumentos para ser criativo: estimular a criatividade. Material disponibilizado em aula, 2017. XIV Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-Graduação - SEPesq Centro Universitário Ritter dos Reis XIV Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-Graduação - SEPesq 26 a 29 de novembro de 2018 11 JORDAN, P. 1999a. Pleasure with products: Human factors for body, mind and soul. In: W.S. GREEN; P.W. JORDAN (eds.), Human factors in product design: Current practice and future trends. London, Taylor & Francis, p. 206- 217. JORDAN, P. 1999b. Inclusive design. In: W.S. GREEN; P.W. JORDAN (eds.), Human factors in product design: Current practice and future trends. London, Taylor &Francis, p. 171-181. TONETTO, Leandro Miletto; COSTA, Felipe Campelo Xavier. DESIGN EMOCIONAL: conceitos, abordagens e perspectivas de pesquisa. Porto Alegre: Strategic Design Research Journal Unisinos, v. 4, n. 3, 2011.
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