Buscar

APOSTILA - ESTUDOS AMAZÔNICOS - 7ºANO,

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 6 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 6 páginas

Prévia do material em texto

O ÍNDIO E O NEGRO: MÃO DE OBRA NA AMAZÔNIA COLÔNIA 
 
Escravidão Indígena 
 
Com efetivo início da colonização do Brasil, os portugueses tinham a necessidade de 
empreender um modelo de exploração econômica das terras que fosse capaz de gerar lucro em 
pouco tempo. Para tanto, precisariam de uma ampla mão-de-obra capaz de produzir riquezas em 
grande quantidade e, dessa forma, garantir margens de lucro cada vez maiores para os cofres da 
Coroa Portuguesa. Contudo, quem poderia dispor de sua força de trabalho para tão ambicioso 
projeto? 
Inicialmente, os portugueses pensaram em aproveitar do contato já estabelecido com os 
índios na atividade de extração do pau-brasil. Nesse período, os índios realizavam essa extração 
por meio de um trabalho esporádico recompensado pelos produtos trazidos pelos lusitanos na 
prática do escambo. Em contrapartida, o 
trabalho nas grandes propriedades exigia 
uma rotina de trabalho longa e 
disciplinada que ia contra os hábitos 
cotidianos de boa parte dos indígenas. 
Além disso, as mortes causadas 
pelo trabalho forçado, as mortais 
epidemias contraídas no contato com o 
homem branco e ruptura com a economia 
de subsistência dos indígenas impedia a viabilidade desse tipo de escravidão. Ao mesmo tempo, 
devemos levar em conta que o controle sobre os índios escravizados era bem mais difícil tendo 
em vista o conhecimento que tinham do território. Dessa forma, a vigilância se tornava algo 
bastante complicado. 
Como se não bastasse esses fatores de ordem cultural, biológica e social, a escravidão 
indígena também foi extensamente combatida pela Igreja no ambiente colonial. Representados 
pela Ordem Jesuíta, os clérigos que aportavam em terras brasileiras se envolveram em uma série 
de disputas em que repudiavam o interesse dos colonos em converter os índios em escravos. Tal 
postura se justificava no interesse que os clérigos católicos tinham em facilitar o processo de 
conversão religiosa dos índios. 
Apesar de sua influência e autoridade, muitos padres foram explicitamente afrontados pela 
ganância de colonos que saiam pelo território em busca de índios. Na maioria das vezes, a 
escravidão indígena servia como alternativa à falta e o alto custo de uma peça trazida da África. 
Preferencialmente, os colonos atacavam as populações indígenas ligadas às missões jesuíticas, 
pois estes já se mostravam habituados à rotina e aos valores da cultura ocidental. 
Mediante a forte pressão dos religiosos, Portugal proibiu a captura de índios por meio de 
uma Carta Régia emitida no ano de 1570. Segundo esse documento, os índios só poderiam ser 
presos e escravizados em situação de guerra justa. Ou seja, somente os índios que se voltassem 
contra os colonizadores estariam sujeitos à condição de escravos. Por meio dessa medida, os 
colonizadores conseguiram manter a escravidão indígena durante todo o período colonial. 
A escravidão indígena foi oficialmente extinta no século XVIII, momento em que o marquês de 
Pombal estabeleceu um conjunto de transformações na administração colonial. Primeiramente, 
ordenou a expulsão dos jesuítas do Brasil mediante a ampla influência política e econômica que 
tinha dentro da colônia. Logo depois, em 1757, proibiu a escravidão indígena e transformou 
algumas aldeias em vilas submetidas ao poderio da Coroa. 
Trabalho livre e escravo 
O trabalho indígena foi empregado em diferentes contextos, tempos e espaços americanos, 
antes e durante a adoção da escravidão africana como principal motor da produção econômica. 
Nesses diversos contextos, alguns mecanismos de recrutamento se repetiram e, dependendo das 
circunstâncias locais, adquirindo uns mais importância do que outros. Eles são relativamente bem 
conhecidos, tendo sido descritos em várias fontes e estudos. 
Os chamados descimentos previam o deslocamento de aldeias indígenas inteiras, de suas 
regiões de origem para as áreas próximas às vilas e lugares portugueses: o procedimento 
consistia em se dirigir a uma comunidade no interior do território e negociar um contrato com as 
autoridades indígenas que implicava a aceitação da fé católica e suprimento de trabalho. Os 
índios eram então assentados nos denominados aldeamentos, e trabalhariam parte do seu tempo 
para sua manutenção, outra parte para o serviço alugado a moradores, missionários ou a obras 
públicas, mediante um salário, estipulado por lei e administrado pelos religiosos e chefes nativos. 
Os resgates consistiam na compra, pelas tropas portuguesas, de prisioneiros indígenas aos 
próprios índios em troca de mercadorias. Esses prisioneiros eram, sobretudo, fruto de conflitos 
inter-étnicos. Por fim, tropas de guerra também traziam novos trabalhadores capturando 
prisioneiros em ocasiões de guerras justas, isto é, aquelas antecedidas por uma injustiça prévia 
(ataques realizados ou iminentes, comandados por autoridades indígenas). 
Essas três modalidades - descimentos, resgates e guerras - eram formas legais de 
aliciamento de trabalhadores indígenas e, para isso, deveriam ser autorizadas, organizadas e 
realizadas por autoridades coloniais. Mas havia também outra modalidade - de longe a mais 
comum, a crer nos relatos contemporâneos - que era o apresamento: também conhecido 
como correrias entre os espanhóis, ou amarrações, entre os portugueses, correspondia à prática 
de ataque a uma comunidade, ateando fogo, matando os homens, capturando sobretudo as 
mulheres e as crianças. 
Apesar das várias maneiras possíveis de aquisição de trabalhadores nativos, os moradores 
de Grão-Pará e Maranhão sempre reclamaram um acesso legal mais amplo a eles. E, para 
atender a uma economia emergente com a exportação das drogas do sertão, durante a primeira 
metade do século XVIII, houve uma flexibilização das leis, que passaram a facilitar cada vez mais 
o acesso dos moradores ao trabalho dos índios na região. As autoridades locais começaram a 
permitir que particulares financiassem as expedições de descimentos a troco de poderem dispor 
do trabalho dos índios descidos; depois, que pudessem levar os índios descidos diretamente para 
suas fazendas, sem ter que passar pelas aldeias; enfim, que pudessem forçar o descimento de 
comunidades que se recusassem a fazê-lo. Além disso, os moradores passaram a participar das 
expedições de resgate, financiar e capitanear essas expedições. Também na primeira metade do 
século XVIII, a legislação passou a permitir que as tropas fossem financiadas e realizadas por 
iniciativa dos próprios interessados e não mais pelos cofres reais. O que, tudo somado, 
demonstra que, ao menos nesse contexto, não havia interesse em “vedar” o acesso dos colonos 
ao trabalho indígena de modo a forçar a importação de africanos. 
Essas diversas modalidades de recrutamento davam origem a dois regimes de trabalho: 
escravo e livre. O trabalhador escravo era aquele que havia sido recrutado por meio da guerra 
justa (ou injusta), resgates e apresamentos. O trabalhador livre era aquele que havia sido 
incorporado aos aldeamentos - os quais, dependendo da lei em vigor, poderiam ser governados 
por capitães, ou missionários e autoridades indígenas. Mas, dentro das categorias de 
trabalhadores livres e escravos, havia modalidades que poderíamos chamar de híbridas, porque 
tiveram origem legislativa peculiar: era o caso do “escravo de condição”, situação prevista pela lei 
de 1655 e que significava que, oriundo de uma guerra injusta, o prisioneiro indígena serviria 
durante cinco anos como escravo, período ao final do qual seria remetido para as aldeias 
missionárias. Havia, além disso, outra possibilidade controversa, denominada “administração 
particular”, que consistia no descimento de trabalhadores indígenas livres, os quais, ao invés de 
irem morar nas aldeias, eram destinados às casas e fazendas dos moradores, por quem seriam 
“administrados”. Muitas vezes requeridas pelos colonos, ela foi permitida no Maranhão em 1684 e 
passou a valer tambémem São Paulo em 1696 
MÃO DE OBRA NA AMAZÔNIA COLONIAL 
 
 
 
 
Principais Conceitos 
 
Colonos 
Habitante da colônia (; aquele que habita o local que não é sua pátria; povoador; aquele que 
cultiva terra alheia. Na Amazônia colonial, a maioria de colonos eram de origem portuguesa. 
 
Missões 
As missões são práticas religiosas que tem como objetivo fundamental a propagação do 
Cristianismo entre povos não cristãos. Os participantes das missões seguem uma filosofia que 
Jesus Cristo deu aos seus apóstolos para pregarem o Evangelho pelo mundo. Na Amazônia 
colonial e no Brasil, as missões estavam associadas a alguma ordem religiosa, como por 
exemplo: os Carmelitas, franciscanos, jesuítas, capuchos etc. 
 
O Diretório dos Índios 
O Diretório dos Índios, de 1757, foi na mesma direção e, em seu artigo 46, afirma que “entre todos 
os ramos de negócio de que se constitui o comércio deste Estado, nenhum é mais importante ou 
mais útil do que o do Sertão”. Retomando o mesmo modelo do Regimento das Missões, o 
Diretório substituiu o missionário pelo diretor como agente responsável da administração do que 
antes eram missões e passaram a ser chamadas de vilas. Porém, no plano econômico e com 
relação ao regime de trabalho, adotou os mesmos princípios do Regimento das Missões de 1686, 
procurando aprimorá-lo, por meio da institucionalização do comércio do sertão: padronizando os 
procedimentos de envio das canoas de coleta dos gêneros da floresta, regularizando a 
participação nas expedições, adotando medidas para reduzir contrabando e práticas de trabalho 
ilegais, etc. 
 
Coroa 
Este termo refere-se ao Estado português. Quando os índios passavam para a Coroa, significava 
dizer que estavam sob a responsabilidade do governo português. 
 
Descimentos 
Os descimentos eram expedições, em princípio não militares, realizadas por missionários, com o 
objetivo de convencer os índios a “descer” de suas aldeias de origem para viverem em novos 
aldeamentos especialmente criados para esse fim, pelos portugueses nas proximidades dos 
núcleos coloniais. 
 
“Resgate” 
O resgate era uma operação comercial realizada entre portugueses e índios considerados 
amigos. Os portugueses davam mercadorias europeias e recebiam em troca índios prisioneiros 
que haviam sido capturados durante as guerras. No entanto, só podiam ser legalmente 
"resgatados" os chamados "índios de corda", isto é, os índios prisioneiros de uma tribo que se 
encontravam presos e amarrados e que estavam destinados a serem comidos ritualmente. Como 
compensação pelos gastos realizados para salvar sua vida e sua alma, o índio resgatado era 
obrigado a trabalhar, como escravo, para o seu "salvador". 
 
“Guerra justa” 
A guerra, denominada impropriamente de justa, consistia na invasão armada dos territórios 
indígenas, pelas tropas de guerra, com o objetivo de capturar o maior número de pessoas, 
incluindo mulheres e crianças. Os índios assim aprisionados tornavam-se propriedade de seus 
captores ou eram vendidos como escravos. 
 
Aldeias de Repartição 
As "aldeias de repartição" estavam integradas ao sistema colonial, funcionando como uma 
espécie de "armazém" onde os índios eram “estocados”. Aí, depois de catequizados, eram 
alugados e distribuídos – ou seja, repartidos - entre os colonos, os missionários e a Coroa 
Portuguesa. 
 
Mercado de escravos 
Local de venda, troca ou comercialização de cativos, sejam eles índios ou negros africanos. 
 
A Sociedade Colonial 
Nos séculos XVI e XVII a sociedade colonial brasileira era basicamente rural (agrária), 
patriarcal e escravista, onde a atividade econômica predominante era a agricultura (cana-de-
açúcar e tabaco). 
Esta sociedade era rigidamente estratificada: no vértice da pirâmide estavam os grandes 
proprietários rurais ("senhores-de-engenho"), que formavam uma aristocracia rural; na base havia 
um contingente numeroso de escravos e dependentes. 
No século XVIII, com a mineração, a sociedade tornou-se mais democratizada, 
possibilitando uma maior mobilidade social. Isto porque na área mineradora, em processo de 
urbanização a posição social do indivíduo dependia apenas da quantidade de dinheiro que 
possuía. 
O negro do Brasil 
Os negros foram introduzidos no Brasil a fim de atender às necessidades de mão-de-obra e 
às atividades mercantis (tráfico negreiro). O comércio de escravizados africanos para o Brasil teve 
início nos primeiros tempos da colonização. Na África os negros eram trocados por aguardentes 
de cana, fumo, facões, tecidos, espelhos, etc. 
Os africanos que vieram para o Brasil pertenciam a uma grande variedade de etnias. De 
modo geral, podemos classificar os negros entrados no Brasil em três grandes grupos: 
Sudaneses - oriundos da Nigéria, Daomé, Costa do Ouro. Compreendia os iorubas, jejês, 
minas, fanti-ashanti e outros. Localizados inicialmente na Bahia, depois se espalharam pelas 
regiões vizinhas. 
Bantos - divididos em dois grupos: Congo-angolanos e moçambiques. Os bantos foram 
traduzidos para o Rio de Janeiro, Maranhão e Pernambuco. 
Malês - eram os sudaneses islamizados. 
Os negros possuíam religião politeísta e suas crenças mesclaram-se ao cristianismo 
(sincretismo religioso). A escravidão negra no Brasil não foi apenas uma questão de preferência 
do negro ao índio, mas sim uma questão de interesse da burguesia e do governo português, que 
já se enriqueciam com o tráfico negreiro antes da descoberta do Brasil. 
Aprisionados ou trocados, os negros eram trazidos para o Brasil nos porões dos navios 
negreiros (tumbeiros). Durante a viagem, morriam cerca de 40% dos traficados. Marcados com 
ferro em brasa, os negros eram embarcados em Angola, Moçambique e Guiné e desembarcados 
em Recife, Salvador e Rio de Janeiro. O negro entrou na sociedade colonial brasileira como 
cultura dominada; as marcas da escravidão persistem até os dias de hoje. 
 
Relações de aliança: Europeus (portugueses) X soberanos africanos locais Comércio triangular (África, 
Europa e América). 
 
Tipos de trabalho realizado: 
Escravos de ganho 
Negros do eito 
Escravos das minas 
Escravos domésticos 
Escravos tigres 
 
As condições de vida de um escravizado, em geral, era muito ruim: dormiam no chão / com 
animais, andavam descalços, com molambos (ou nus as vezes). Recebiam pouca assistência 
quando ficavam doentes e quando morriam eram jogados nas ruas (na maioria das vezes). 
 
O tratamento não era igual para todos os escravos, logo, não podemos generalizar. Mas, 
na vida de um escravo eram comuns maus tratos físicos de todas as ordens. Senhores, Senhoras 
ou contratados, castigavam seus escravos no chicote e na palmatória. Outros, ainda castigavam 
seus escravos mandando para o degredo, ou em casos extremos, castrando, enforcando, 
desmembrando, asfixiando, torturando com máscaras de Ferro etc. 
 
RESISTÊNCIA 
 
Os africanos e seus descendentes não ficaram passivos a escravidão: Resistiram sempre 
que possível, na medida de suas possibilidades. Dentre as formas mais comuns de resistir a 
escravidão, temos: 
Violência contra si mesmos: Aborto, Suicídio (veneno, enforcamento, ingestão de terra) 
Fugas individuais e coletivas: Formação de quilombos (forma “clássica” de resistência) 
Confrontos, boicotes, sabotagens, formação de irmandades, músicas, danças, sexo, formação 
de irmandades, busca por outro senhor. 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
CHAMBOULEYRON, R.; BOMBARDI, F. Descimentos privados de índios na Amazônia colonial 
(séculos XVII e XVIII). Varia Historia, v.27, n.46, p.601-23, 2011. 
 
PRADO JUNIOR, C. Formação do Brasil contemporâneo. São Paulo: Brasiliense, 1994 [1942]. 
 
SCHWARTZ, S. Segredos internos. Engenhos e escravos na sociedade colonial. São Paulo: Cia. 
das Letras, 1988. 
 
_______. Escravidão indígena e início da escravidão africana. In: SCHWARZ, L.; GOMES, F. 
Dicionário da Escravidão e Liberdade. São Paulo: Cia. das Letras, 2018.

Continue navegando