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CPI

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CPI (COMISSÕES PARLAMENTARES DE INQUÉRITO)
As comissões parlamentares de inquérito (CPI) são comissões de caráter temporário voltadas para investigar fato certo e determinado. A doutrina majoritária entende que a tarefa da CPI inclui-se na função típica do legislativo de fiscalizar e controlar da Administração Pública, em consonância com o art. 70, caput, da Constituição.
Conforme este dispositivo cabe ao Congresso Nacional, mediante controle externo, a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas.
Criação da CPI
Conforme art. 58, § 3º, da Constituição, as CPIs são criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente, por requerimento de pelo menos 1/3 de seus membros, ou seja, por pelo menos 171 Deputados Federais ou 27 Senadores.
Além desse requisito, é necessário também indicar de forma precisa o fato determinado que será investigado e o prazo certo para a realização do trabalho.
O Supremo Tribunal Federal já decidiu que a CPI, uma vez constituída obedecendo a todos esses 3 requisitos (requerimento de 1/3 do parlamento, indicação de fato determinado e prazo certo), não poderá ser descontituída pela deliberação plenária da maioria legislativa.
A Corte entende que a norma do § 3º do art. 58 garante direito público subjetivo das minorias de instaurar a CPI, que em tese é representada pela minoria parlamentar de 1/3. A maioria legislativa não pode frustrar esse direito garantido constitucionalmente.
Objeto da CPI
O objeto da CPI é a apuração de fato determinado. O regimento interno da Câmara dos Deputados define fato determinado como um acontecimento de relevante interesse para a vida pública e a ordem constitucional, legal, econômica e social do país.
Esse fato deve estar devidamente caracterizado no requerimento para a constituição da CPI, sendo vedado que seja ele fato exclusivamente privado ou de caráter pessoal.
É admitida a criação de tantas CPIs quanto forem necessárias relacionadas ao mesmo fato determinado. Dessa forma, é possível a criação simultânea de CPIs na Câmara dos Deputados e no Senado, a criação de Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), formada por Deputados e Senadores, e até mesmo de CPIs nos Estados e Municípios, quando houver interesse comum.
A condução de investigações simultâneas pelo Judiciário e outros órgão também não impede a instalação de CPIs sobre o mesmo fato, devendo cada instância atuar nos limites de sua competência.
Apesar desse permissivo, o regimento interno do Senado não admite a criação de CPI sobre matéria pertinente à Câmara dos Deputados ou a atribuições do Judiciário ou dos Estados.
Em relação às CPIs em uma mesma Casa, o regimento interno da Câmara dos Deputados estabelece o limite de 5 (cinco) CPIs simultâneas. Essa determinação regimental foi considerada constitucional pelo STF com base no art. 51, III e IV, da Constituição.
Por fim, importante destacar que outros fatos podem ser aditados à CPI já em andamento, desde que pertinentes a seu objeto.
Prazo da CPI
A CPI é uma comissão parlamentar temporária, logo é instituída por prazo certo. O regimento interno da Câmara dos Deputados estabelece o prazo de 120 dias para a conclusão de seus trabalho, podendo ser prorrogado por mais 60 dias por deliberação do plenário da Casa.
Já o regimento interno do Senado determina que a CPI se extingue pela conclusão da tarefa, pelo término do seu prazo ou ainda pelo término da sessão legislativa ordinária em que foi instituída. É permitido requerer prorrogação do prazo, quando decorrido este sem a conclusão dos trabalhos. No entanto, esse prazo não pode ultrapassar a legislatura.
Poderes da CPI
A CPI tem poderes de investigação próprios de autoridades judiciais, além de outros previstos nos regimentos internos de cada Casa parlamentar. Dessa forma, na condução da investigação, possui poderes instrutórios semelhantes aos dos juízos de instrução.
No exercício de suas atribuições, a CPI pode determinar diligências que julgar necessárias, requerer a convocação de Ministro de Estado, tomar depoimentos de qualquer autoridade, seja federal, estadual ou municipal, ouvir indiciados e investigados, inquirir testemunhas sob compromisso, requisitar informações e documentos de repartições públicas e transportar-se a lugares onde seja necessária sua presença.
Quanto à oitiva dos investigados, a CPI deve respeitar o direito ao silêncio, podendo aqueles deixarem de responder perguntas que possam incriminá-los. O STF entende que são oponíveis aos parlamentares os mesmo limites oponíveis aos juízes. Assim, além de não poder ser preso ao invocar o direito constitucional de não se autoincriminar, o investigado também tem o direito de se fazer acompanhar de seu advogado, para realizar sua defesa técnica.
Quanto às testemunhas, assim como os investigados, elas devem comparecer à CPI sob pena de condução coercitiva. Estabelecido o compromisso de dizer a verdade, devem fazê-lo sob pena de falso testemunho. No entanto, a elas também é conferido o direito ao silêncio como prerrogativa contra à autoincriminação. O mesmo acontece se elas devam guardar sigilo devido à função, ministério, ofício ou profissão, salvo quando desobrigadas pelo interessado e se assim quiserem.
O STF já conferiu também o direito ao silêncio a testemunha que era cônjuge do acusado, desobrigando-a também a prestar o compromisso de dizer a verdade.
Além desses poderes, a CPI pode, por autoridade própria, sem necessidade de intervenção judicial, mas por decisão fundamentada e observadas as formalidades legais, determinar: quebra de sigilo bancário, fiscal, de dados e de registros telefônicos pretéritos, ou seja, referentes a conversas ocorridas em determinado período de tempo no passado. Dessa forma, a CPI não tem competência para quebra de sigilo das comunicações telefônicas, popularmente conhecida como interceptação.
A Lei Complementar 105/2001 determina que a CPI poderá obter informações e documentos sigilosos necessários à investigação diretamente das Instituições Financeiras ou por intermédio do Banco Central ou da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Porém, essa solicitação deve ser previamente aprovada pelos plenários das Casas Parlamentares ou do Congresso Nacional.
Destaca-se que, conforme doutrina e jurisprudência do STF, aplica-se à CPI o princípio da colegialidade, segundo o qual a eficácia das deliberações dos parlamentares que compõem a CPI depende da decisão tomada pela maioria de votos. Logo, a decisão resta sem efeito se tomada isoladamente.
Além disso, assim como nas decisões judiciais, toda deliberação da CPI deve ser motivada, sob pena de vício de eficácia.
“Não-poderes” da CPI
Embora tenha poderes próprios de autoridade judicial, esses poderes da CPI não são absolutos. Assim, ela não tem poder, por exemplo, de investigar atos de conteúdo jurisdicional nem rever fundamentos de decisão judicial, em respeito à separação de poderes.
Somente podem ser objeto da CPI atos do Poder Judiciário sem caráter jurisdicional, como, por exemplo, infrações político-administrativas cometidas por seus membros e servidores.
Em respeito ao postulado da reserva constitucional de jurisdição, a CPI também não pode praticar determinados atos de jurisdição exclusivos de autoridade judicial.
Por consequência, a CPI não pode determinar a realização de busca domiciliar, salvo se consentida; não pode emitir ordem de prisão, salvo em flagrante delito; não pode quebrar o sigilo de comunicações telefônicas, na forma de interceptações; e finalmente não pode determinar a realização de medidas assecuratórias, como o sequestro, o arresto, a hipoteca legal ou a indisponibilidade de bens.
Todos esses atos são tipicamente jurisdicionais, somente podendo ser determinados por autoridade judicial.
Conclusão dos trabalhos da CPI
Além dos limites já descritos, a CPI também não pode impor qualquer penalidadeou condenação aos eventuais infratores. Concluídos os trabalhos da comissão, o Presidente da Casa onde ela foi instituída encaminha relatório, aprovado por resolução, aos chefes dos Ministérios Públicos Federal ou Estadual, ou a autoridade administrativa ou judicial com poder de decisão, para que, existindo elementos suficientes, promovam, dentro de sua competência, a responsabilização civil, administrativa e criminal.
O regimento interno da Câmara dos Deputados disciplina com maior detalhe o procedimento de conclusão. Conforme este documento, terminada a tarefa da CPI, o relatório com as conclusões é encaminhado à Mesa da Casa para providências desta ou do Plenário.
Em seguida, o relatório é encaminhado, conforme o caso, à Advocacia-Geral da União e ao Ministério Público (para responsabilização civil ou criminal pelas infrações apuradas ou outras medidas institucionais); ao poder executivo (para providências saneadoras de caráter disciplinar e administrativo); à comissão permanente com maior pertinência à matéria investigada (para fiscalização das providências tomadas pelas autoridades competentes); para a comissão mista permanente do art.166 da Constituição; ou ainda para o Tribunal de Contas da União, para providências do art. 71.
A Lei 10.001/2000 também disciplina a matéria, determinando que, encaminhado o relatório aos chefes do MPU, MPE e demais autoridades administrativas e judiciais com poder de decisão, estes devem informar ao remetente, em até 30 dias, as providências adotadas ou a justificativa de eventual omissão.
Ainda conforme esta Lei, a autoridade que presidir o processo ou procedimento administrativo ou judicial deve informar semestralmente a fase em que se encontra, até a conclusão. O processo ou procedimento tem prioridade sobre os demais, salvo em relação a habeas corpus, habeas data e mandado de segurança. A autoridade que descumprir essas determinações está sujeita a sanções administrativas, civis e penais.
Mandado de Segurança e Habeas Corpus contra CPI
O STF tem competência originária para processar e julgar mandado de segurança e habeas corpus contra atos da CPI do Congresso Nacional e de suas Casas.
Em regra, essas ações serão prejudicadas (extintas sem julgamento de mérito) caso a CPI seja extinta pela conclusão de seus trabalhos, independente da aprovação ou não do seu relatório final. No entanto, a Corte excepcionalmente já decidiu de forma contrária, julgando ação contra CPIs que já havia concluído seus trabalhos.

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