Buscar

Atividade 01

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

PERGUNTA
Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI): seus requisitos de criação estão previstos no § 3° do art. 58 da CF/88, que exige requerimento de um terço dos membros da Casa Legislativa. Além disso, deve-se determinar qual fato será apurado e por quanto tempo a investigação será realizada.
 Imagine que uma CPI é criada pelos Vereadores de um município “Y” e esta CPI já pede, de imediato, para levantarem as informações bancárias, fiscais e interceptações telefônicas, exigindo fundamentações em alegações genéricas do caso. Determina, ainda, uma busca e apreensão de um suspeito, realizada dentro de sua casa, garantindo que o mesmo fosse encontrado
.Pergunta-se: 
a) Essa CPI foi criada corretamente? 
b) Suas ações estão corretas?
c) A CPI pode determinar, busca e apreensão?
d) Defina o que são “poderes próprios de autoridades judiciais” da CPI.
Explique em forma de texto único suas respostas.
RESPOSTA
As CPIs Municipais têm os mesmos poderes atribuídos às comissões Estaduais e Federais, embasando-se no poder de investigar, que é próprio do Poder Legislativo. Como o doutrinador José Nilo de Castro acentuava: “Os poderes da Comissão Parlamentar de Inquérito, provêm diretamente de normas constitucionais (§ 3º, art. 58, da Constituição Federal) e, no plano Municipal, tem-se-lhe a extensibilidade, como vimos, nas regras do art.29, caput, e item XI da Carta Magna, incorporadas na Lei Orgânica. É que os poderes para instituir esta Comissão de Inquérito, na órbita do Legislativo, inserem-se nas funções do próprio Poder Legislativo”. E, como assevera também, Hely Lopes Meirelles: “A comissão de inquérito tem amplo poder investigatório no âmbito Municipal, podendo fazer inspeções, levantamentos contábeis e verificação em órgãos da Prefeitura ou da Câmara, bem como em qualquer entidade descentralizada do Município, desde que tais exames se realizem na própria repartição, sem retirada de livros e documentos, os quais podem ser copiados ou fotocopiados pelos membros ou auxiliares da comissão”.
Embora tenha poderes próprios de autoridade judicial, esses poderes da CPI não são absolutos. Assim, ela não tem poder, por exemplo, de investigar atos de conteúdo jurisdicional nem rever fundamentos de decisão judicial, em respeito à separação de poderes.
Somente podem ser objeto da CPI atos do Poder Judiciário sem caráter jurisdicional, como, por exemplo, infrações político-administrativas cometidas por seus membros e servidores.
Em respeito ao postulado da reserva constitucional de jurisdição, a CPI também não pode praticar determinados atos de jurisdição exclusivos de autoridade judicial.
Por consequência, a CPI não pode determinar a realização de busca domiciliar, salvo se consentida; não pode emitir ordem de prisão, salvo em flagrante delito; não pode quebrar o sigilo de comunicações telefônicas, na forma de interceptações; e finalmente não pode determinar a realização de medidas assecuratórias, como o sequestro, o arresto, a hipoteca legal ou a indisponibilidade de bens.
Todos esses atos são tipicamente jurisdicionais, somente podendo ser determinados por autoridade judicial.
A CPI tem poderes de investigação próprios de autoridades judiciais, além de outros previstos nos regimentos internos de cada Casa parlamentar. Dessa forma, na condução da investigação, possui poderes instrutórios semelhantes aos dos juízos de instrução.
No exercício de suas atribuições, a CPI pode determinar diligências que julgar necessárias, requerer a convocação de Ministro de Estado/secretários Estaduais/Secretários Municipais (conforme o âmbito de abrangência da CPI), tomar depoimentos de qualquer autoridade, seja federal, estadual ou municipal, ouvir indiciados e investigados, inquirir testemunhas sob compromisso, requisitar informações e documentos de repartições públicas e transportar-se a lugares onde seja necessária sua presença.
Quanto à oitiva dos investigados, a CPI deve respeitar o direito ao silêncio, podendo aqueles deixarem de responder perguntas que possam incriminá-los. O STF entende que são oponíveis aos parlamentares os mesmo limites oponíveis aos juízes. Assim, além de não poder ser preso ao invocar o direito constitucional de não se autoincriminar, o investigado também tem o direito de se fazer acompanhar de seu advogado, para realizar sua defesa técnica.
Quanto às testemunhas, assim como os investigados, elas devem comparecer à CPI sob pena de condução coercitiva. Estabelecido o compromisso de dizer a verdade, devem fazê-lo sob pena de falso testemunho. No entanto, a elas também é conferido o direito ao silêncio como prerrogativa contra à autoincriminação. O mesmo acontece se elas devam guardar sigilo devido à função, ministério, ofício ou profissão, salvo quando desobrigadas pelo interessado e se assim quiserem.
Além desses poderes, a CPI pode, por autoridade própria, sem necessidade de intervenção judicial, mas por decisão fundamentada e observadas as formalidades legais, determinar: quebra de sigilo bancário, fiscal, de dados e de registros telefônicos pretéritos, ou seja, referentes a conversas ocorridas em determinado período de tempo no passado. Dessa forma, a CPI não tem competência para quebra de sigilo das comunicações telefônicas, popularmente conhecida como interceptação.
A Lei Complementar 105/2001 determina que a CPI poderá obter informações e documentos sigilosos necessários à investigação diretamente das Instituições Financeiras ou por intermédio do Banco Central ou da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Porém, essa solicitação deve ser previamente aprovada pelos plenários das Casas Parlamentares ou do Congresso Nacional.
Destaca-se que, conforme doutrina e jurisprudência do STF, aplica-se à CPI o princípio da colegialidade, segundo o qual a eficácia das deliberações dos parlamentares que compõem a CPI depende da decisão tomada pela maioria de votos. Logo, a decisão resta sem efeito se tomada isoladamente.
Além disso, assim como nas decisões judiciais, toda deliberação da CPI deve ser motivada, sob pena de vício de eficácia.

Continue navegando