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Processo Civil I - Processo de Conhecimento

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Processo Civil 
O que é um processo? 
O processo é o instrumento da jurisdição, o meio de que se vale o juiz para aplicar a lei ao caso 
concreto. Não é um fim em si, já que ninguém deseja a instauração do processo por si só, mas 
meio de conseguir determinado resultado: a prestação jurisdicional, que tutelará determinado 
direito, solucionando o conflito. 
 
O processo é o instrumento através do qual se obtém a prestação jurisdicional, o caminho 
formado por atos processuais que obedecem a regras específicas e que vão culminar em uma 
sentença. 
 
“Um conjunto de atos realizados sob o crivo do contraditório, que cria uma relação jurídica da 
qual surgem deveres, poderes, faculdades, ônus sujeições para as partes que dela participam.” 
(Pinho) 
 
Em geral, o Procedimento (modo pelo qual se executam os atos processuais) comum se 
subdivide em quatro fases: 
• A postulatória, na qual o autor formula sua pretensão por meio da petição inicial e o 
réu apresenta a sua resposta; 
• a ordinatória, em que o juiz saneia o processo e aprecia os requerimentos de provas 
formulados pelas partes; 
• a instrutória, em que são produzidas as prova ao convencimento do juiz; 
• e a decisória, na qual se dá a sentença. 
 
A fase postulatória ocorre inicialmente por meio da petição inicial. 
 
Petição Inicial é o ato que dá início ao processo, e define os contornos subjetivo e objetivo da 
lide, dos quais o juiz não poderá desbordar. É por meio dela que será possível apurar os 
elementos identificadores da ação: as partes, o pedido e a causa de pedir. 
 
Lide 
Fenômeno social. Interesses em conflitos caracterizados por pretensão resistida. 
Métodos de Solução de Conflitos 
1) Autotutela (Força) 
2) Autocomposição (Acordo) 
3) Arbitragem (Arbitro) 
4) Jurisdição (Poder Judiciário) 
A Heterocomposição é a técnica pela qual as partes elegem um terceiro para “julgar” a lide 
com as mesmas prerrogativas do poder judiciário. As duas formas principais são: Arbitragem e 
Jurisdição. 
Sentença: norma jurídica inter partes. 
Sentença é a decisão do juiz sobre os pedidos formulados na petição inicial, ainda que o 
processo prossiga. 
Sentença de mérito: sentença que analisa o pedido do autor. 
Jurisdição: poder-dever do estado de compor um conflito de interesses. Manifestação de 
soberania do estado. 
Substitutividade: O magistrado (de forma imparcial), substituirá as vontades das partes, 
aplicando o bom direito, ou seja, a vontade Estatal que foi positivado (transformado em 
normas), através da lei que emana do povo. 
Imparcialidade: O poder jurisdicional e decorrente da lei e não de critérios subjetivos, assim 
sendo, para a perfeita aplicação do direito é necessário que os membros pertencentes do 
Poder Judiciário atuem com imparcialidade, desprovidos de qualquer interesse particular 
sobre a lide. 
Características: 
• Lide (Jurisdição contenciosa) 
o Sem lide (Jurisdição voluntária) 
• Substitutividade: quando não há autocomposição, prevalece a vontade do estado. 
o Só existe na jurisdição contenciosa. 
o Encontramos a jurisdição substituindo a vontade das partes litigantes, que não 
podem de forma alguma praticar a autotutela. A sentença outorgará à parte 
que teve seu direito efetivado aquilo a que faz jus. 
• Inércia 
o A jurisdição não é prestada de ofício, ou seja, necessária a provocação do 
Judiciário para o desenvolvimento da atividade jurisdicional. Ora, o juiz, 
imparcial não promoverá, pelo seu próprio interesse, o deslinde da demanda. 
o Regra: Art. 2, CPC; 
o Exceção: Art. 712, CPC. 
• Definitividade – Principal característica: 
o Vale lembrar que a jurisdição é a única apta a formar a coisa julgada material. 
A sentença transitada em julgado, em regra, é imodificável, conforme artigo 
5º, XXXVI, da Constituição Federal, salvo nos casos previstos no artigo 966 do 
Código de Processo Civil. 
Princípios Processuais 
 
Art. 2º O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso oficial, 
salvo as exceções previstas em lei. A inércia é necessária para a imparcialidade do juiz. 
 
Princípio do impulso oficial: 
A partir da propositura da demanda (pedido) através da Petição inicial, o juiz possui a 
obrigação de conduzir o processo até o momento de sentença. O dever de impulso oficial 
guarda correlação com a garantia constitucional da celeridade processual. (Vide Art. 5° LXXVIII 
CF/88) 
LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável 
duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação. 
 
Em face do princípio da inercia, o juiz está limitado ao que foi pedido na petição inicial, em 
outras palavras, o juiz não pode conceber além do que foi pedido (sentença “ultra petita”), não 
pode conceber algo diferente do que foi pedido (sentença “extra petita”) nem poderá deixar 
de apreciar pedidos constantes na petição inicial (sentença “citra petita”). 
 
*A doutrina denomina de princípio da adstrição, princípio da congruência ou da conformidade, 
que é desdobramento do princípio do dispositivo (art. 2º). 
 
Petição (pedido inicial) X demanda (pedido dos direitos disponíveis) 
 
Art. 3º Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito. 
Princípio da inafastabilidade da jurisdição: (Vide Art. 5° XXXV CF/88) 
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito; 
• Possibilidade de propositura de demanda preventivas (contra ameaças); 
o Ex: Interdito Proibitório (combatendo ameaça ao direito de posse), embargo 
de obra irregular e habeas corpus preventivo. 
• A demanda judicial também pode ser proposta para combater ato ilícito já praticado 
ou para combater ofensas já praticadas contra direitos. 
 
Obs.: não esquecer que, não raro, a jurisdição também pode ser voluntaria, ou seja, o 
indivíduo pode estar querendo apenas a homologação judicial de um direito, que não está 
sendo ofendido nem ameaçado. 
Ex: pedido de troca de nome, pedido de adoção, pedido de interdição de incapaz etc. 
 
Art. 4º As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do 
mérito, incluída a atividade satisfativa. 
 
O juiz pode proferir três espécies de sentença: 
• Extinção do processo sem resolução de mérito (sentença terminativa), ou seja, 
sentença em que o pedido do autor não é analisado; 
• Sentença de procedência (sentença de mérito a favor do autor); 
• Sentença de improcedência (sentença mérito a favor do réu). 
 
A sentença terminativa é uma sentença anômala, afinal não é normal que um indivíduo 
movimente a máquina judiciaria para ao final não ter a solução do litígio existente na 
sociedade. 
 
Para que a sentença não seja terminativa, mas seja uma sentença de mérito, o juiz deverá 
verificar a presença dos pressupostos processuais (requisito necessário para existência do 
processo válido). 
 
O Art. 04º estabelece o princípio da primazia (importância) da decisão de mérito. (Art. 139º, 
IX, CPC) 
 
Considerando o presente princípio, o juiz deverá determinar o saneamento (correção) dos 
defeitos processuais (problemas de pressupostos processuais) de acordo com que determina a 
o Art. 139º IX do CPC sempre com objetivo de proferir uma solução (sentença) com a 
resolução de mérito. 
 
O Art. 04º reforça o dever de celeridade processual. 
 
O processo pode possuir duas fases muito claras: 
a) Fase de certificação do direito (fase de conhecimento), fase em que o juiz declara se o 
direito existe e a quem pertence; 
b) Fase de satisfação do direito (fase de execução), na qual o juiz busca efetivar (concretizar) o 
direito já declarado (certificado por sentença como existente). 
 
A importância (primazia) de um rápido julgamento de mérito é um valor que deve estar 
presente tanto na fase de conhecimento quanto na fase de execução. 
 
Art. 5º Aquele que de qualquer forma participa do processo deve comportar-se de 
acordo com a boa-fé.Art. 5º (Princípio da boa-fé, lealdade processual) 
O CPC não se preocupa com a boa-fé subjetiva (não se preocupa com o aspecto anímico, 
referente as intenções do agente), mas com a boa-fé objetiva, decorrente das condutas 
efetivamente adotadas no curso do processo. 
 
Art. 79. Responde por perdas e danos aquele que litigar de má-fé como autor, réu ou 
interveniente. 
O ato de má-fé é um ato contrário ao direito, portanto revela-se ato ilícito. Se referido ato 
gerar dano, surgirá o dever de indenizar. 
 
Art. 80. Considera-se litigante de má-fé aquele que: 
I - deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou fato incontroverso; 
II - alterar a verdade dos fatos; 
III - usar do processo para conseguir objetivo ilegal; 
IV - opuser resistência injustificada ao andamento do processo; 
V - proceder de modo temerário em qualquer incidente ou ato do processo; 
VI - provocar incidente manifestamente infundado; 
VII - interpuser recurso com intuito manifestamente protelatório. 
 
O legislador já estabeleceu um rol de condutas que podem ser enquadradas como atos de má-
fé, conforme se observa no art. 80 do CPC. 
 
O art. 81, por sua vez, estabelece as sanções aplicáveis ao litigante de má-fé: 
a) Indenização de perdas e danos; 
b) Pagamento de multa de 1% a 10% sobre o valor da causa; (se o valor da causa for 
muito pequeno, ou seja, irrisório, o juiz poderá fixar a multa em até 10 (dez) 
salários mínimos, conforme §2 do art. 81 do CPC). (A multa será revertida ao poder 
judiciário; 
c) Honorários advocatícios; 
d) As despesas / custos do processo. 
 
Observar que o art. 5º impõe o dever de boa-fé não apenas às partes, mas a todos os sujeitos 
que de alguma forma participarem do processo, incluindo o juiz, que não é parte, mas sujeito 
imparcial. 
 
Art. 6º Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, 
em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva. 
 
Princípio da Cooperação 
Este princípio se correlaciona ao princípio da boa-fé. Significa que todos os sujeitos (e não 
apenas as partes) devem praticar atos com o objetivo de possibilitar a extinção do processo 
com o julgamento de mérito. 
 
O dever de cooperação pode ser direcionado às partes: nesse caso, autor e réu não podem 
adotar condutas que dificultem o julgamento de mérito. 
Pode ser também direcionado ao juiz, que deverá adotar deveres de esclarecimento visando 
sempre a correção de vícios processuais pelas partes com a finalidade de proferir uma 
sentença de mérito. 
 
O dever de cooperação do juiz ainda encontra assento no art. 139, inciso 9, do CPC. 
 
Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbindo-
lhe: 
I - assegurar às partes igualdade de tratamento; 
II - velar pela duração razoável do processo; 
III – prevenir ou reprimir qualquer ato contrário à dignidade da justiça e indeferir 
postulações meramente protelatórias; 
IV - determinar todas as medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-
rogatórias necessárias para assegurar o cumprimento de ordem judicial, inclusive nas 
ações que tenham por objeto prestação pecuniária; 
V - promover, a qualquer tempo, a autocomposição, preferencialmente com auxílio de 
conciliadores e mediadores judiciais; 
VI - dilatar os prazos processuais e alterar a ordem de produção dos meios de prova, 
adequando-os às necessidades do conflito de modo a conferir maior efetividade à 
tutela do direito; 
VII - exercer o poder de polícia, requisitando, quando necessário, força policial, além 
da segurança interna dos fóruns e tribunais; 
VIII - determinar, a qualquer tempo, o comparecimento pessoal das partes, para 
inquiri-las sobre os fatos da causa, hipótese em que não incidirá a pena de confesso; 
IX - determinar o suprimento de pressupostos processuais e o saneamento de outros 
vícios processuais; 
X - quando se deparar com diversas demandas individuais repetitivas, oficiar o 
Ministério Público, a Defensoria Pública e, na medida do possível, outros legitimados a 
que se referem o art. 5º da Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985 , e o art. 82 da Lei nº 
8.078, de 11 de setembro de 1990 , para, se for o caso, promover a propositura da 
ação coletiva respectiva. 
Parágrafo único. A dilação de prazos prevista no inciso VI somente pode ser 
determinada antes de encerrado o prazo regular. 
 
Art. 7º É assegurada às partes paridade de tratamento em relação ao exercício de 
direitos e faculdades processuais, aos meios de defesa, aos ônus, aos deveres e à aplicação 
de sanções processuais, competindo ao juiz zelar pelo efetivo contraditório. 
 
Princípio da Isonomia / Princípio da Igualdade 
A isonomia é o valor (princípio) mais importante da república, fato constatado pelo que se 
observa do art. 5, caput, da constituição federal. 
 
A concepção de isonomia não pode ser a de uma isonomia meramente formal, mas de uma 
isonomia material, segundo defendido por Aristóteles, que afirmava a necessidade de se tratar 
os desiguais de forma desigual, na medida desta desigualdade. 
 
Na arena de batalha do processo, as partes são munidas de armas, ou seja, de instrumentos e 
possibilidades processuais, com a finalidade de satisfazerem seus respectivos direitos. Esta 
possibilidade consagra o princípio da paridade de armas. 
 
É certo que o princípio da paridade de armas consagra, dentro do processo civil, o princípio da 
isonomia. 
 
Entretanto, é possível haver tratamento desigual entre as partes como forma de consagrar a 
isonomia material (isonomia aristotélica), justamente como forma de superar situações de 
desigualdade. 
 Ex.: concessão da justiça gratuita apenas para os necessitados. 
 (Miserabilidade Econômica =/= Miserabilidade Jurídica) 
 Ex. 2: Prazo em dobro para MP, DP e Advocacia Pública. 
Ex. 3: Inversão do ônus da prova nos casos de hipossuficiência do consumidor dos 
processos que versem sobre relações de consumo. 
 
As garantias do contraditório e da ampla defesa se comunicam entre si, conforme se observa 
o art. 5º, inciso LV, da CF. Trata-se de garantias aplicáveis aos processos judiciais e 
administrativos. 
 
A ideia de ampla defesa vincula-se na imagem do acusado, que poderá se defender com a 
utilização de todas as armas processuais disponíveis. 
 
A ideia de contraditório é mais ampla que a ideia de ampla defesa, pois o contraditório é 
direcionado tanto ao autor como ao réu. Com efeito, o autor possui o direito de se manifestar, 
em contraditório, sobre os fatos alegados pelo réu em sua ampla defesa. 
 
Art. 8º Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às exigências do 
bem comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a 
proporcionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência. 
 
A norma impõe a necessidade de que, ao julgar, o juiz decida com respeito aos valores (aos 
fins) da sociedade. Ou seja, ao decidir, o juiz deve estar atento a como a sua decisão afeta não 
apenas as partes, mas toda a coletividade. 
 
A norma ainda impõe que as decisões dos juízes sejam justas (razoabilidade e 
proporcionalidade). 
 
A norma também preconiza o respeito ao princípio da legalidade. Todavia, a lei poderá deixar 
de ser aplicada ao caso concreto se ela for inconstitucional. Com efeito, o controle de 
constitucionalidade pode ser concentrado (realizado pelo SFT, por exemplo) ou pode ser 
difuso (realizado por cada juiz no julgamento do caso concreto). Fato é que o controle de 
constitucionalidade afasta a aplicação da lei em homenagem a supremacia da constituição 
(neoconstitucionalismo). 
Cumpre registrar que a publicidade não é irrestrita. No Brasil, o princípio é o da publicidade 
mitigada, uma vez que determinados processos correm em segredo de justiça. Vide art. 107, I, 
CPC e art. 93, IX, CF (princípio da publicidade mitigada). 
Art. 107. 
O advogado tem direito a: 
I - examinar,em cartório de fórum e secretaria de tribunal, mesmo sem procuração, autos de qualquer processo, 
independentemente da fase de tramitação, assegurados a obtenção de cópias e o registro de anotações, salvo na hipótese de 
segredo de justiça, nas quais apenas o advogado constituído terá acesso aos autos; 
 
Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura, observados os 
seguintes princípios: 
IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, 
podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos 
quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação; (Redação 
dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 
 
O princípio da publicidade mitigada encontra amparo no art. 93, IX, CF. 
 
A eficiência significa que o juiz deve produzir decisões de mérito no menor tempo possível (e 
com menor custo possível) para fins de resolutividade do conflito. 
 
Art. 9º Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela seja previamente ouvida. 
Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica: 
I - à tutela provisória de urgência; 
II - às hipóteses de tutela da evidência previstas no art. 311, incisos II e III ; 
III - à decisão prevista no art. 701 . 
Obs.: estudamos apenas inciso I. 
 
A norma estabelece o princípio do contraditório prévio, ou seja, o debate entre autor e réu 
deve anteceder qualquer decisão judicial. 
 
A regra do contraditório prévio reside na compreensão de que a decisão judicial é uma síntese 
do debate apresentado entre as partes, no qual o autor apresenta uma tese e o réu uma 
antítese. 
 
O princípio do contraditório, todavia, não é absoluto, uma vez que existem situações em que o 
juiz deve decidir antes e somente a pós abrir o contraditório, conforme se observa art. 9, 
parágrafo único, do CPC. 
 
Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a 
respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se 
trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício. 
 
As questões debatidas pelo autor e pelo réu dentro do processo podem ser: 
a) Questões de fato (referente ao que ocorre no mundo fenomênico); 
b) Questões processuais (referente ao que ocorre no mundo processual, dentro do 
processo). 
 
As questões de fato, em regra, não podem ser conhecidas de ofício (ex officio), pois dependem 
de alegação pelas partes. Por outro lado, as questões independem, em regra, de alegação 
pelas partes, afinal, podem ser conhecidas de ofício pelo juiz. 
Sempre que surgir uma questão de fato dentro do processo (fato novo), o juiz deverá abrir o 
contraditório, nos termos do art. 7º e 9º do CPC. 
 Ex.: Petição inicial (extrato comprovando o pagamento) 
 Contraditório 
 Contestação (extrato comprovando o pagamento) 
 Contraditório 
 Petição do autor sobre o fato novo (o autor poderá se manifestar sobre a 
questão de fato alegada pelo réu, qual seja: suposto pagamento da quantia emprestada). 
 
Obs.: O exemplo acima revela o contraditório exercido à luz de questões de fato, que, por 
serem justamente questões de fato, tinham que ser alegadas pelas partes. Com efeito, saber 
se houve empréstimo ou pagamento deste são questões que dependem de alegação e, 
sobretudo, comprovação pelas partes. 
 
Obs. 2: Observar que alegar questões de fato e não as provas pode configurar uma litigância 
de má-fé nos termos do art. 80, inciso X do CPC. 
 
Caso o juiz não abra o debate democrático antes de decidir determinada questão, ainda que se 
trate de questão que possa decidir de ex officio, referida decisão padecerá de nulidade. 
 
Art. 11. Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e 
fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade. 
Parágrafo único. Nos casos de segredo de justiça, pode ser autorizada a presença somente 
das partes, de seus advogados, de defensores públicos ou do Ministério Público. 
 
Princípio da Publicidade, a vedar atos processuais, audiências e sessões de julgamentos 
secretos. 
 
A publicidade possibilita o controle interno e externo dos atos judiciais (e processuais). O 
controle interno é realizado pelas próprias partes e pelos seus respectivos advogados, que 
poderão recorrer ao tomarem conhecimento de decisões ilegais ou inconstitucionais. 
 
O controle externo, por sua vez, é realizado pela população e por entidades ao tomarem 
conhecimento dos atos judiciais. Este controle pode ser realizado através de mobilizações 
sociais, passeatas, críticas abalizadas, entre outros instrumentos possibilitados pela 
democracia. 
 
O dever de motivação, por sua vez, significa que toda decisão judicial deve estar 
fundamentada para que se possa saber se trata de uma decisão correta ou não. Observa-se 
assim que o dever de fundamentação promove a realização do controle das decisões judiciais. 
 
Ciente que o dever de fundamentação e publicidade são os dois lados de uma mesma moeda, 
afinal, juntos auxiliam os atos de controle interno e externos das decisões judiciais, percebe-se 
o porquê de ambas as garantias estarem juntas (interligadas) no art. 93, IX, da CF. 
 
É de se observar que em algumas situações o controle externo precisa ser contido em face da 
garantia da intimidade e da segurança pública, fato que justifica em existência de processo em 
segredo de justiça. 
Teoria da ação 
 
O direito de ação é um direito fundamental (Art. 5º, XXXV, CF). 
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito; 
 
Em face do diálogo entre a constituição e a lei processual (neoprocessualismo), o CPC também 
consagra o direito de ação como um princípio da inafastabilidade da jurisdição (art. 3º, CPC). 
 
O direito de ação é o direito de requerer uma tutela (proteção) jurisdicional para afastar 
ameaça ou ofensa a direitos. 
 
O direito de ação é materializado através da propositura da petição inicial. 
 
Nenhum ato e nenhuma lei podem impedir o protocolo de uma petição inicial perante o poder 
judiciário, ou seja, não pode impedir a propositura de uma demanda. 
 
A petição inicial é um ato processual que materializa o direito de ação e, ao mesmo tempo, 
apresenta ao Estado-juiz uma demanda. 
 
Percebe-se, portanto, a existência de uma relação circular entre a petição inicial e a demanda. 
 
Cumpre observar que o direito incondicionado a apresentação de uma demanda (art. 5º, XXXV, 
CF) não significa o direito de um julgamento de mérito. Afinal, a análise do mérito da demanda 
exige a prévia satisfação dos pressupostos processuais. 
 
A ausência dos pressupostos processuais acaba gerando uma sentença terminativa ao qual se 
qualifica como uma sentença anômala por não ter o potencial de pacificar o meio social. 
 
O direito de ação enquanto direito fundamental abstrato é um direito incondicionado, afinal, 
todo aquele que sofrer ameaça ou lesão ao direito pode bater as portas do judiciário. 
 
No momento do protocolo da petição inicial, o direito abstrato da ação se concretiza. O direito 
de ação concretamente exercido é um direito condicionado, afinal, o poder judiciário só 
poderá conceder o mérito da demanda com a satisfação dos pressupostos de admissibilidade. 
 
Na época do CPC/73, o juiz somente poderia proferir uma sentença de mérito se passasse de 
duas barreiras: 
a) Das condições da ação; 
b) pressupostos processuais. 
 
No CPC/73, as condições da ação eram: 
a) Legitimidade 
b) Interesse de agir 
c) Possibilidade jurídica do pedido. 
 
Por lógica, todos os demais requisitos necessários ao julgamento de mérito seriam 
pressupostos processuais. (Ex.: custas, procuração, competência do juiz, citação etc.) 
 
O CPC de 2015 simplificou o tratoda matéria ao: 
a) Juntar as condições da ação dos pressupostos processuais em uma única barreira, 
atualmente denominados de pressupostos processuais. 
(PP 2015 = CA73 + PP73) 
 
b) A possibilidade jurídica do pedido não é mais condição da ação e nem pressuposto 
processual, enfim, não é mais requisito a condicionar o julgamento de mérito. Dessa 
forma, se o autor apresentar um pedido impossível, o juiz pode proferir o julgamento 
de mérito, porém, de improcedência. 
 
Obs.: O artigo 17 do CPC confirma a exclusão da possibilidade jurídica do pedido como 
condição ao julgamento de mérito, ao se referir apenas à legitimidade e ao interesse de agir. 
 
Obs.: Ausentes a legitimidade e o interesse de agir, o juiz proferirá a sentença terminativa com 
base o artigo 485, VI, CPC. 
 
Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando: 
IV - Verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do 
processo; 
 
Compreendendo a diferença entre julgamento de mérito e o julgamento que não analisa o 
mérito por ausência pressupostos processuais, devemos fazer algumas importantes 
observações: 
 
a) Em regra, todo processo se inicia com a petição inicial e se encerrará em definitivo 
com o trânsito em julgado. 
b) Todo processo, portanto, terá o eu trânsito em julgado, afinal, todo processo é finito 
(porque o número de recursos é limitado). 
c) Todo trânsito em julgado faz surgir o fenômeno da coisa julgada FORMAL. Em outras 
palavras, a coisa julgada formal significa que nada mais poderá ser decidido na fase de 
conhecimento do processo. 
d) A existência de coisa julgada formal não significa a existência de coisa julgada material, 
necessariamente, afinal, são institutos distintos. 
e) A coisa julgada formal (decorrente do transito em julgado) significa que nada mais 
poderá ser decidido dentro do mesmo processo, mas não impede a rediscussão da 
questão em outro processo, uma vez que nem toda decisão que transita em julgado é 
uma decisão definitiva (as decisões definitivas, que são aquelas que analisam o mérito, 
estão previstas no art. 487 do CPC). 
f) Toda coisa julgada material (decisão proferidas com base no art. 487 CPC e que 
transitarem em julgado) faz coisa julgada formal, mas nem toda coisa julgada formal 
está acompanhada de coisa julgada material. 
 
Cognição e Jurisdição 
 
Ao receber uma demanda, o juiz passa a exercer o poder-dever de decidir. Entretanto ele 
somente poderá exercer esta jurisdição sobre as questões das quais tomar conhecimento. 
Percebe-se assim a vinculação entre jurisdição e cognição. 
 
As questões podem ser conhecidas pelo juiz através das partes, afinal, o réu suscita através de 
sua contestação. 
Ex.: Ação de investigação de paternidade e alimentos. 
 
Como já sabemos, existem questões EX OFFICIO, ou seja, existem na esfera de cognição do juiz 
e devem ser decididas mesmo sem terem sido alegadas pelas partes. 
 
Anotações no quadro 
Art. 485, sem resolução demérito, coisa julgada formal. Pode haver novo processo com 
mesmas partes, causa de pedir e pedido. 
 
Art. 487, com resolução de mérito, coisa julgada material. Não pode haver novo processo com 
mesmas partes, causa de pedir e pedido. 
 
240 + 485, V, CPC 
 
Art. 240. 
A citação válida, ainda quando ordenada por juízo incompetente, induz litispendência, torna litigiosa a coisa e 
constitui em mora o devedor, ressalvado o disposto nos arts. 397 e 398 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 
(Código Civil). 
 
§ 1º A interrupção da prescrição, operada pelo despacho que ordena a citação, ainda que proferido por juízo 
incompetente, retroagirá à data de propositura da ação. 
 
§ 2º Incumbe ao autor adotar, no prazo de 10 (dez) dias, as providências necessárias para viabilizar a citação, sob 
pena de não se aplicar o disposto no § 1º. 
 
§ 3º A parte não será prejudicada pela demora imputável exclusivamente ao serviço judiciário. 
 
§ 4º O efeito retroativo a que se refere o § 1º aplica-se à decadência e aos demais prazos extintivos previstos em lei. 
 
Art. 485. 
O juiz não resolverá o mérito quando: 
V - Reconhecer a existência de perempção, de litispendência ou de coisa julgada; 
 
A litispendência se caracteriza através do ajuizamento de duas ações que possuam as mesmas 
partes, a mesma causa de pedir e o mesmo pedido, como determinam os §§ 1º e 2º do art. 
337, do NCPC: “§ 1º Verifica-se a litispendência ou a coisa julgada, quando se reproduz ação 
anteriormente ajuizada. 
 
Quando a decisão gera efeitos fora do processo, há coisa julgada matéria. 
 
Litisconsórcio, quando várias pessoas se juntam para litigar. É um fenômeno processual 
caracterizado pela pluralidade de sujeitos, em um ou em ambos os polos de um processo 
judicial. As partes, quando em litisconsórcio, são denominadas litisconsortes. 
 
Legitimidade ordinária x Legitimidade extraordinária 
A parte legítima para a propositura da ação é, na grande maioria dos casos, aquela que está 
autorizada por uma determinada situação legitimamente estabelecida no direito material. Em 
outras palavras: em regra, apenas o titular do direito material é que pode pleiteá-lo em juízo. 
 
Em hipóteses excepcionais, confere-se, contudo, legitimidade a quem não é o titular do direito 
material deduzido em juízo. Ocorre, então, o chamado fenômeno da substituição processual. 
O substituto processual, portanto, é aquele que atua em nome próprio na defesa de direito 
alheio por força do ordenamento jurídico. A substituição processual é legitimação 
extraordinária, que se opõe à ordinária porque decorre de situações legitimantes 
excepcionais, decorrentes da lei ou do sistema. 
 
Segundo Antônio Carlos de Araújo Cintra “ocorre a substituição processual quando alguém é 
legitimado a pleitear em juízo, em nome próprio, na defesa de interesse alheio, de que o seu 
seja dependente. Não se confunde, pois, a substituição processual com a representação, uma 
vez que nesta o representante age em nome do representado”. Prossegue ainda referido 
autor, distinguindo a substituição processual da sucessão no processo: “Em primeiro lugar, 
note-se, a substituição processual pode se verificar na própria formação do processo, não 
havendo, nestes casos, como se falar que o substituto tenha sucedido ao substituído no 
processo, porque o substituído nem sequer, chegou a participar da relação processual. 
Quando, entretanto, acontece que a substituição se faça no curso do processo, isto é, quando 
temos hipótese de substituição sucessiva, ocorre, realmente, sucessão no processo; mas uma 
sucessão essa que, em vez de, como em geral acontece, o sucessor entrar no processo para 
atuar em nome próprio por um interesse que lhe é próprio, o sucessor assume a causa para, 
em nome próprio, pleitear por um interesse alheio. Desta forma, conclui-se que a substituição 
processual pode-se dar com ou sem sucessão no processo; e, quando é com sucessão, 
apresenta características próprias. 
 
Com a expressão “agir em nome próprio”, reconhece-se o substituto processual como parte, 
com todos os poderes, direitos, deveres e ônus que lhe são inerentes. O substituto processual 
ainda que defenda interesse alheio não tem sua conduta pautada por esse sujeito. O 
substituto processual, em outras palavras, atua com total independência no processo. Daí o 
porquê de o substituto poder atuar em juízo independentemente da vontade do substituto. 
 
Nos casos em que ocorrer a substituição, segundo o art. 18, parágrafo único, do Código de 
Processo Civil o substituído poderá intervir como assistente litisconsorcial nos termos do art. 
124 do Código (“Art. 124. Considera-se litisconsorte da parte principal o assistente sempre que 
a sentença influir na relação jurídica entre ele e o adversário do assistido”). 
 
Causa de pedir são os fatos, acontecimentos. O Direito sempre surge a partir de um fato. Fatos 
diferentes denotam ações diferentes. 
 
Pedido podeser uma anulação, uma declaração etc. 
 
- Extinção da segunda ação sem julgamento de mérito fundamentada aos olhos da 
constituição: segurança jurídica e a coisa julgada (art. 5º, XXXVI, CF). 
 
Coisa julgada formal (art. 485) -> efeito endoprocessual. 
Coisa julgada material (art. 487) -> efeito extraprocessual. 
 
Competência 
 
A competência é um pressuposto processual de validade uma vez que o julgamento de uma 
determinada demanda somente pode ser realizado por um juiz competente. 
 
A criação da competência pela legislação possui duplo fundamento: 
a) Necessidade de especialização dos juízes em determinadas matérias; 
b) A necessidade de otimização de tempo de julgamento (garantia da celeridade 
processual). 
 
A competência se divide em dois grandes grupos: 
a) (in) competência absoluta (em razão da matéria); 
b) (in) competência relativa (em razão do território). 
 
Art. 64. 
A incompetência, absoluta ou relativa, será alegada como questão preliminar de contestação. 
§ 1º A incompetência absoluta pode ser alegada em qualquer tempo e grau de jurisdição e deve ser declarada de 
ofício. 
§ 2º Após manifestação da parte contrária, o juiz decidirá imediatamente a alegação de incompetência. 
§ 3º Caso a alegação de incompetência seja acolhida, os autos serão remetidos ao juízo competente. 
§ 4º Salvo decisão judicial em sentido contrário, conservar-se-ão os efeitos de decisão proferida pelo juízo 
incompetente até que outra seja proferida, se for o caso, pelo juízo competente. 
 
Art. 65. Prorrogar-se-á a competência relativa se o réu não alegar a incompetência em preliminar de contestação. 
Parágrafo único. A incompetência relativa pode ser alegada pelo Ministério Público nas causas em que atuar. 
 
A incompetência absoluta pode ser alegada pelas partes ou conhecida de ofício pelo juiz, a 
qualquer momento até o trânsito em julgado. 
 
Se acaso sobrevier o trânsito em julgado de uma decisão de mérito proferida por um juiz 
absolutamente incompetente, será cabível alegar nulidade desta decisão em sede de ação 
rescisória (art. 966, II, do CPC) a ser proposta no prazo máximo de 2 (dois) anos a teor do 
artigo 975 do CPC. 
 
Art. 966. A decisão de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida quando: 
 
I. se verificar que foi proferida por força de prevaricação, concussão ou corrupção do juiz; 
II. for proferida por juiz impedido ou por juízo absolutamente incompetente; 
III. resultar de dolo ou coação da parte vencedora em detrimento da parte vencida ou, ainda, de simulação ou 
colusão entre as partes, a fim de fraudar a lei; 
IV. ofender a coisa julgada; 
V. violar manifestamente norma jurídica; 
VI. for fundada em prova cuja falsidade tenha sido apurada em processo criminal ou venha a ser demonstrada na 
própria ação rescisória; 
VII. obtiver o autor, posteriormente ao trânsito em julgado, prova nova cuja existência ignorava ou de que não pôde 
fazer uso, capaz, por si só, de lhe assegurar pronunciamento favorável; 
VIII. for fundada em erro de fato verificável do exame dos autos. 
§1º Há erro de fato quando a decisão rescindenda admitir fato inexistente ou quando considerar inexistente fato 
efetivamente ocorrido, sendo indispensável, em ambos os casos, que o fato não represente ponto controvertido 
sobre o qual o juiz deveria ter se pronunciado. 
§2º Nas hipóteses previstas nos incisos do caput, será rescindível a decisão transitada em julgado que, embora não 
seja de mérito, impeça: 
I. nova propositura da demanda; ou 
II. admissibilidade do recurso correspondente. 
§3º A ação rescisória pode ter por objeto apenas 1 (um) capítulo da decisão. 
§4º Os atos de disposição de direitos, praticados pelas partes ou por outros participantes do processo e 
homologados pelo juízo, bem como os atos homologatórios praticados no curso da execução, estão sujeitos à 
anulação, nos termos da lei. 
§5º Cabe ação rescisória, com fundamento no inciso V do caput deste artigo, contra decisão baseada em enunciado 
de súmula ou acórdão proferido em julgamento de casos repetitivos que não tenha considerado a existência de 
distinção entre a questão discutida no processo e o padrão decisório que lhe deu fundamento. 
§6º Quando a ação rescisória fundar-se na hipótese do § 5º deste artigo, caberá ao autor, sob pena de inépcia, 
demonstrar, fundamentadamente, tratar-se de situação particularizada por hipótese fática distinta ou de questão 
jurídica não examinada, a impor outra solução jurídica. 
 
Art. 975. O direito à rescisão se extingue em 2 (dois) anos contados do trânsito em julgado da última decisão 
proferida no processo. 
§ 1o Prorroga-se até o primeiro dia útil imediatamente subsequente o prazo a que se refere o caput, quando expirar 
durante férias forenses, recesso, feriados ou em dia em que não houver expediente forense. 
§ 2o Se fundada a ação no inciso VII do art. 966, o termo inicial do prazo será a data de descoberta da prova nova, 
observado o prazo máximo de 5 (cinco) anos, contado do trânsito em julgado da última decisão proferida no 
processo. 
§ 3o Nas hipóteses de simulação ou de colusão das partes, o prazo começa a contar, para o terceiro prejudicado e 
para o Ministério Público, que não interveio no processo, a partir do momento em que têm ciência da simulação ou 
da colusão. 
 
Res (coisa) cisória (quebrar). Quebrar a coisa julgada. 
 
Após este prazo máximo de dois anos, a coisa julgada material se torna coisa julgada material 
soberana. 
 
Obs.: a ação rescisória não pode ser utilizada contra toda e qualquer decisão de mérito 
transitada em julgada, mas apenas nas hipóteses exclusivas do art. 966 do CPC. De igual forma, 
existe uma limitação temporal, afinal, em regra referida ação somente pode ser proposta no 
prazo máximo de dois anos do trânsito em julgado. Findo referido prazo, a decisão de mérito 
não poderá mais ser rescindida, haja visto o surgimento da “coisa julgada material soberana”. 
 
Partindo da premissa de que a incompetência territorial é uma incompetência relativa, esta 
não pode ser alegada de ofício pelo juiz, devendo ser alegada pelo réu em sua contestação 
(art. 65, CPC). Se não for alegada pelo réu, ocorrerá o fenômeno da prorrogação de 
competência: o juiz que era relativamente incompetente, em razão do território, tornar-se-á 
competente para julgar a demanda, não sendo cabível se cogitar na futura utilização de ação 
rescisória. 
 
Obs.: Em que pese a incompetência territorial ser, em regra, relativa, quando se tratar de 
ações que versem sobre direitos reais IMOBILIÁRIOS, direito de vizinhança, direito de posse, a 
competência territorial será absoluta, tratando-se de vício de pressuposto processual que 
poderá ser conhecido de ofício pelo juiz. 
 
Obs.: a competência territorial em causas que versem sobre direito imobiliário é considerada 
absoluta, em face da necessidade de o juiz ter contato com a coisa (inspeção judicial), tudo 
com a finalidade de proferir decisões acertadas, de onde revela-se evidente interesse público. 
Vide art. 47, caput, §1 e §2, CPC. 
Art. 47. Para as ações fundadas em direito real sobre imóveis é competente o foro de situação da coisa. 
§ 1º O autor pode optar pelo foro de domicílio do réu ou pelo foro de eleição se o litígio não recair sobre direito de 
propriedade, vizinhança, servidão, divisão e demarcação de terras e de nunciação de obra nova. 
§ 2º A ação possessória imobiliária será proposta no foro de situação da coisa, cujo juízo tem competência absoluta. 
 
Distribuída a demanda ao poder judiciário, a competência resta estabilizada, ainda que haja 
modificações no estado de fato. Em outras palavras: o princípio da perpetuatio jurisdictiones é 
uma garantia contra pretensões de escolha de magistrados para julgar as demandas, uma vez 
que ela perpetua a competência jurisdicional. 
 
Obs.: não se aplica a perpetuatio jurisdictiones nos casos de incompetência. 
 
Obs. 2: o processo pode ser redistribuídoem duas hipóteses: 
A) quando o órgão jurisdicional for extinto; 
B) quando o órgão jurisdicional sofrer modificação de sua competência absoluta (em razão de 
sua matéria). 
Vide art. 43 do CPC. 
Art. 43. Determina-se a competência no momento do registro ou da distribuição da petição inicial, sendo 
irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente, salvo quando suprimirem 
órgão judiciário ou alterarem a competência absoluta. 
 
Roteiro para distribuição de competência 
 
1) A competência é da justiça brasileira? Apenas se o fato aconteceu no Brasil, se a obrigação 
terá que ser cumprida no Brasil ou se a pessoa ou bens estiverem no Brasil. 
Art. 21. Compete à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações em que: 
I - o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil; 
II - no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação; 
III - o fundamento seja fato ocorrido ou ato praticado no Brasil. 
Parágrafo único. Para o fim do disposto no inciso I, considera-se domiciliada no Brasil a pessoa jurídica estrangeira 
que nele tiver agência, filial ou sucursal. 
 
2) a matéria é de competência de tribunal superior? STF, STJ, TST, TSE e TSM. 
STF (Art. 102, CF) – presidente da república, vice-presidente, membros do congresso nacional, 
seus próprios ministros, o procurador-geral da república, o ministros de estado, comandantes 
da marinha, do exército e da aeronáutica, membros dos tribunais superiores, do tribunal de 
contas da união, chefes de missão diplomática de caráter permanente, membros do próprio 
STF, conflitos entre a união e os estados, ações contra o conselho nacional de justiça e contra o 
conselho nacional do ministério público, etc. 
 
STJ (Art. 105, CF) – governadores dos estados e DF, desembargadores dos tribunais de justiça 
dos estados e DF, membros dos tribunais de contas dos estados e DF, os dos tribunais 
regionais federais, dos tribunais regionais eleitorais e do trabalho, os membros dos conselhos 
ou tribunais de contas dos municípios e os do ministério público da união. 
 
Competência originária é a que nasce diretamente nos tribunais 
 
3) A competência é da justiça comum? (federal/estadual) ou a competência é da justiça 
especial? (TST, TSE, STM) 
 
TRF (Art. 108, CF) – processar e julgar: os juízes federais da área de sua jurisdição, incluído os 
da justiça militar e da justiça do trabalho; os membros do ministério público da união, 
ressalvada a competência da justiça eleitoral. 
 
4) Não sendo competência da justiça especializada, verificar se a competência é da justiça 
comum federal ou estadual. 
 
Obs.: atentar para o fato de que a constituição não versa sobre a competência estadual, a qual 
possui natureza residual. 
 
A competência da justiça federal está prevista no art. 108 da CF (competência originária do 
TRF) e no art. 109 da CF (competência da JF do primeiro grau). 
 
5) Sendo a competência da justiça estadual, analisar se se trata de competência de primeiro 
grau ou competência originária do tribunal de justiça. 
 
Obs.: cada estado da federação possui autonomia (e não soberania). Esta autonomia, que é 
uma característica federativa, possibilita que cada estado da federação se auto-organize. Essa 
auto-organização ocorre através das respectivas constituições estaduais. Nesse sentido, vide 
art. 125, §1 da CF/88. Consequentemente, são as constituições estaduais que organizam 
(distribuem competências) as respectivas justiças estaduais. Portanto, saber se uma demanda 
inicia em primeiro grau de jurisdição (juiz singular) ou diretamente no tribunal de justiça 
significa analisar a própria constituição do estado. 
 
6) Definida a competência do juiz singular da justiça estadual / federal, deve-se investigar qual 
é o foro competente. 
 
JF - seção judiciária; 
JE - comarca. 
 
Obs.: as competências territoriais estão estabelecidas dentro do código de processo civil, 
havendo-se lembrar que existem competências territoriais relativas e competências territoriais 
absolutas. 
 
7) Encontrado o foro competente, investigar se existe vara especializada. 
 
Obs.: as varas judiciais possuem competência especializada em razão do(a): 
a) matéria (ex.: família, inventário, registro público etc.); 
b) pessoa (ex.: vara da infância e juventude, fazenda pública, idosos etc.); 
 c) valor da causa (ex.: juizados especiais). 
 
Obs.: quem estabelece se existem varas especializadas ou não é a Lei de Organização Judiciária 
do Estado (LOJE). 
 
8) Investigar se existe juízo prevento (aquele que toma o primeiro contato com a demanda). 
 
Obs.: a prevenção revela que um determinado juízo, por já ter tomado conhecimento da 
matéria, resta vinculado ao julgamento da demanda. 
 
9) Não havendo juiz prevento, a demanda sofrerá livre distribuição, oportunidade em que 
restará fixada a competência em concreto, a qual não poderá ser modificada em homenagem 
a perpetuatio jurisdictiones, aparentes art. 43 do CPC. 
 
Quesitos 
 
1) João, juiz de direito, deseja impetrar um mandado de segurança contra ato do 
conselheiro do Conselho Nacional de Justiça. 
 
 
 
2) Joana, alemã, casada com Schmitt, alemão, já falecido, deseja entrar com ação de 
inventário em face de imóveis localizados em João Pessoa. 
 
 
 
3) Tadeu, servidor público do IBAMA, autarquia federal, bateu no carro de Pedro quando 
estava em serviço, dirigindo veículo oficial. Tadeu mora em João Pessoa, Pedro em 
Recife, e o acidente se deu em Goiânia. 
 
 
 
4) Lucas, servidor público do município de Porto Alegre, sofreu diminuição indevida do 
seu salário pelo respectivo ente municipal e deseja propor ação de cobrança. 
 
 
 
5) O governador do estado W deu um tiro em um determinado cidadão. Onde tramitará 
a ação penal? 
 
 
 
6) Maria, besta que era, emprestou 5 mil a Ana, a qual não pagou referido empréstimo. 
Maria reside em João Pessoa e Ana em Recife. 
 
 
 
Competência em valor da causa 
 
Lei 9.099/95 – 405 salários mínimos (juízo estadual). 
Lei 10.259/2001 – 605 salários mínimos (juízo federal) – Obrigatoriedade (competência 
absoluta). 
 
Resumo geral sobre competência 
Competência Funcional 
- Fases do processo 
 
Funcional – absoluta 
Matéria – absoluta 
Território – relativa. Exceto imóveis (absoluta) 
Valor da causa – JE (relativa), JF (absoluta 
Pessoa – absoluta 
 
Litisconsórcio 
Ativo: vários autores vs um único réu. 
Passivo: um autor vs vários réus. 
Misto: vários autores vs vários réus. 
 
Ativo: um acidente de avião em que há diversos falecidos. As famílias se juntam para processar 
um único réu que é a empresa de aviação. 
 
Passivo: um proprietário tem suas terras invadidas por várias famílias. Faz uma reintegração de 
posse contra todos os réus. 
 
Misto: duas pessoas compram um aparelho eletrônico nas lojas americanas e o aparelho para 
de funcionar. As duas pessoas podem entrar contra as lojas americanas e a fabricante 
(Motorola). 
 
Litisconsórcio facultativo: poderia ser julgado individualmente. 
 
Litisconsórcio obrigatório: é um verdadeiro pressuposto processual. No primeiro momento, há 
uma obrigatoriedade por expressa determinação legal. No segundo caso, a formação 
dependerá da conveniência que a parte acredita existir no caso concreto em litigar em 
conjunto, dentro dos limites legais. 
 
O art. 144 do CPC prevê que “o litisconsórcio será necessário por disposição de lei ou quando, 
pela natureza jurídica controvertida, a eficácia da sentença depender da citação de todos que 
devam ser litisconsortes”. O dispositivo legal serve para indicar os dois fundamentos que 
tornam a formação do litisconsórcio necessária. 
 
Quando a decisão do juiz afetar mais de uma pessoa, haverá um litisconsórcio porque o 
prejudicado tem que se defender. 
 
Digamos que um senhor de idade acabou de casar-se com uma jovem de 18 anos. Casou-se 
com a intenção de deixar a pensão pormorte à jovem, assim, fraudando a previdência. O MP 
pode propor a anulação do casamento e, consequentemente, um litisconsórcio passivo 
necessário (obrigatório) ocorre. 
 
Na reinvindicação de uma casa, por exemplo, sendo o autor casado no regime de comunhão 
de bens, é obrigatório o litisconsórcio do autor com seu cônjuge. Se trata de um litisconsórcio 
necessário ativo. 
 
O litisconsórcio é simples quando cada pessoa vai receber uma determinada decisão. 
Quando o litisconsórcio for unitário, a decisão vai ser a mesma para todos. 
 
Classificação do litisconsórcio 
 
a) Quanto ao polo processual: 
a. Ativo: vários autores; 
b. Passivo: vários réus; 
c. Misto: vários autores e vários réus. 
 
b) Quanto ao momento de formação: 
a. Anterior (antecedente, prévio, originário): o litisconsórcio é formado já no 
início do processo, ou seja, já é indicado desde a petição inicial. 
b. Posterior (ulterior, incidental, decorrente): o litisconsórcio é formado no 
decorrer da relação processual. Ex.: sucessão processual por morte do réu, 
oportunidade em que os herdeiros serão chamados para formação de um 
litisconsórcio passivo ulterior. 
 
c) Quanto a obrigatoriedade: 
a. Facultativo: nesse caso, o advogado pode formar o litisconsórcio com a 
finalidade de economizar tempo e energia (garantia da celeridade processual), 
bem como evitar decisões contraditórias (garantia da segurança jurídica). 
b. Necessário: trata-se de litisconsórcio obrigatório, o que ocorre em duas 
hipóteses: 
i. Litisconsórcio necessário por exigência da lei. Ex.: usucapião. 
ii. Litisconsórcio obrigatório: porque a decisão judicial afetará, 
necessariamente, o patrimônio jurídico de mais de uma pessoa. Ex.: 
ação de anulação de casamento proposta pelo ministério público 
contra pessoas que desejam fraudar o INSS. 
 
d) Quanto a forma como a decisão judicial repercutirá no direito material dos 
litisconsortes: 
a. Unitário: a decisão judicial será uniforme para todos os litisconsortes. 
b. Simples: cada litisconsorte receberá uma decisão judicial individualizada. 
 
Art. 113. Duas ou mais pessoas podem litigar, no mesmo processo, em conjunto, ativa ou 
passivamente, quando: 
I - entre elas houver comunhão de direitos ou de obrigações relativamente à lide; 
II - entre as causas houver conexão pelo pedido ou pela causa de pedir; 
III - ocorrer afinidade de questões por ponto comum de fato ou de direito. 
§ 1º O juiz poderá limitar o litisconsórcio facultativo quanto ao número de litigantes na fase 
de conhecimento, na liquidação de sentença ou na execução, quando este comprometer a rápida 
solução do litígio ou dificultar a defesa ou o cumprimento da sentença. 
§ 2º O requerimento de limitação interrompe o prazo para manifestação ou resposta, que 
recomeçará da intimação da decisão que o solucionar. 
 
Art. 114. O litisconsórcio será necessário por disposição de lei ou quando, pela natureza da relação 
jurídica controvertida, a eficácia da sentença depender da citação de todos que devam ser 
litisconsortes. 
 
Art. 115. A sentença de mérito, quando proferida sem a integração do contraditório, será: 
I - nula, se a decisão deveria ser uniforme em relação a todos que deveriam ter integrado o processo; 
II - ineficaz, nos outros casos, apenas para os que não foram citados. 
Parágrafo único. Nos casos de litisconsórcio passivo necessário, o juiz determinará ao autor que 
requeira a citação de todos que devam ser litisconsortes, dentro do prazo que assinar, sob pena de 
extinção do processo. 
 
Art. 116. O litisconsórcio será unitário quando, pela natureza da relação jurídica, o juiz tiver de decidir 
o mérito de modo uniforme para todos os litisconsortes. 
 
Art. 117. Os litisconsortes serão considerados, em suas relações com a parte adversa, como litigantes 
distintos, exceto no litisconsórcio unitário, caso em que os atos e as omissões de um não prejudicarão 
os outros, mas os poderão beneficiar. 
 
Art. 118. Cada litisconsorte tem o direito de promover o andamento do processo, e todos devem ser 
intimados dos respectivos atos. 
 
1) Explique o que é uma sentença de mérito, diferenciando-a de uma sentença 
terminativa, dando exemplo de uma e de outra à luz dos artigos 485, 487, do CPC: 
O processo foi projetado para resultar em um julgamento de mérito, que solucionaria a lide e 
geraria pacificação social. Por essa razão, essa espécie de julgamento é considerada o fim 
normal dessa fase procedimental. Naturalmente nem sempre isso é possível no caso concreto, 
devendo o sistema conviver com o fim anômalo do processo, que se dá por meio de sentença 
terminativa (art. 485 do CPC). A sentença de mérito é a decisão judicial cuja faz uma síntese 
das alegações feitas pelo autor (tese) e pelo réu (antítese) e analisa a procedência do pedido. 
Já a sentença terminativa ocorre quando há vícios insanáveis no processo que são 
pressupostos e cujo sem eles não é possível analisar o mérito. O juiz, ao verificar ausência de 
legitimidade ou de interesse processual, por exemplo, deferiria sentença terminativa. Noutro 
exemplo, um taxista que sofre um dano decorrente de um acidente de trânsito e processa a 
outra parte, exigindo indenização por danos materiais e lucros cessantes, tem o mérito de seu 
pedido analisado e, se o juiz decide a favor dele, tem uma decisão de mérito procedente. 
 
 
2) O que são os pressupostos processuais, e quais as modificações ocorridas no âmbito 
das antigas condições da ação, de acordo com o novo CPC? 
 
Pressupostos processuais são requisitos que um processo precisa atender para ser 
considerado válido e existente. Na época do CPC/73, o juiz somente poderia proferir uma 
sentença de mérito se passasse de duas barreiras: das condições da ação; dos pressupostos 
processuais. No CPC/73, as condições da ação eram: legitimidade; interesse de agir e 
possibilidade jurídica do pedido. Por lógica, todos os demais requisitos necessários ao 
julgamento de mérito seriam pressupostos processuais. (Ex.: custas, procuração, competência 
do juiz, citação etc.) O CPC de 2015 simplificou o trato da matéria ao: 
A. Juntar as condições da ação dos pressupostos processuais em uma única barreira, 
atualmente denominados de pressupostos processuais. (PP 2015 = CA73 + PP73) 
B. A possibilidade jurídica do pedido não é mais condição da ação e nem pressuposto 
processual, enfim, não é mais requisito a condicionar o julgamento de mérito. Dessa 
forma, se o autor apresentar um pedido impossível, o juiz pode proferir o julgamento 
de mérito, porém, de improcedência. 
Obs.: O artigo 17 do CPC confirma a exclusão da possibilidade jurídica do pedido como 
condição ao julgamento de mérito, ao se referir apenas à legitimidade e ao interesse de agir. 
 
 
3) Disserte sobre legitimidade, interesse de agir e possibilidade jurídica do pedido. 
 
Legitimidade é o vínculo que a parte tem com o direito em juízo para postular ou defender 
seus interesses. A parte legítima para a propositura da ação é, na grande maioria dos casos, 
aquela que está autorizada por uma determinada situação legitimamente estabelecida no 
direito material. Em outras palavras: em regra, apenas o titular do direito material é que pode 
pleiteá-lo em juízo. Em hipóteses excepcionais, confere-se, contudo, legitimidade a quem não 
é o titular do direito material deduzido em juízo. Ocorre, então, o chamado fenômeno da 
substituição processual. O substituto processual, portanto, é aquele que atua em nome 
próprio na defesa de direito alheio por força do ordenamento jurídico. A substituição 
processual é legitimação extraordinária, que se opõe à ordinária porque decorre de situações 
legitimantes excepcionais, decorrentes da lei ou do sistema. 
Interesse de agir é a utilidade que o provimento jurisdicional pode trazer ao demandante (art. 
19, CPC). 
Possibilidade jurídica do pedido consiste na formulação da pretensão, em tese, existente na 
ordemjurídica. 
 
4) O direito processual (direito ao processo) se confunde com o direito material? Por 
quê? 
Não. O direito material é o conjunto de normas que atribuem direitos aos indivíduos, 
trata das relações entre as partes, é o interesse primário, a própria relação subjetiva, 
por exemplo o direito à vida, o direito ao nome, o direito à privacidade etc. Quando 
esses direitos são violados, entra em cena o direito processual, que é o conjunto de 
regras que organizam o instrumento pelo qual se buscará o reparo à violação do 
direito material, é um interesse secundário, e que se trata de uma relação triangular, 
pois o juiz passa a intermediar o conflito entre as partes. 
 
5) Qual a diferença entre coisa julgada material e coisa julgada formal à luz das noções 
de definitividade e de cognição? 
A coisa julgada material é formada após uma decisão de mérito. O Estado-juiz, 
desenvolvendo todo um trabalho intelectual minucioso e imparcial, conduz a uma tutela 
jurisdicional mais adequada à pretensão de direito material deduzida em juízo. A coisa 
julgada material forma a coisa julgada formal, mas nem toda coisa julgada formal contém 
coisa julgada material. A coisa julgada material produz definitividade, tendo efeitos 
extraprocessuais. A formal, entretanto, apenas endoprocessual.

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