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Crime Impossível

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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE
Faculdade de Direito
VINÍCIUS PEREIRA RIOS
TIA: 41991141 – TURMA: 2ºU – PERÍODO: NOTURNO
CRIME IMPOSSÍVEL
1. CONCEITO
Tipificado no art. 17 do Código Penal, o crime impossível é aquele em que o agente não logra êxito na produção da ação criminosa, isso porque o meio empregado na execução é totalmente ineficaz, ou o objeto é absolutamente impróprio. Veja, o agente é dotado de animus delinquendi, entretanto, visto que o objeto e/ou o meio escolhidos são incapazes de se produzir o resultado pretendido, o crime é considerado impossível, logo não há tipicidade.
Importante frisar que o direito brasileiro adotou a teoria objetiva temperada relativo a punibilidade, diante disso, somado ao princípio de lesividade, não há que se falar em punição se não houve efetivo perigo ao bem jurídico tutelado, independente da intenção do agente. Portanto, na modalidade de crime impossível o agente não coloca em perigo o bem jurídico, apesar de sua intenção, e, como isso, não haverá punição. 
Nesse lanço, conceitua o Prof. Guaracy Moreira Filho (2020, p.150): “Também conhecido como quase-crime, crime oco, crime falho, delito de ensaio, tentativa inidônea ou inadequada. Pressupõe sejam absoluta a ineficácia do meio e a impropriedade do objeto. Se forem relativas deve-se reconhecer a tentativa. No crime impossível o meio utilizado é inadequado, inidôneo, ineficaz para o sujeito obter o resultado pretendido. Ex: tentar envenenar alguém como substância homeopática. No tocante à absoluta impropriedade do objeto material do crime, este não existe ou, nas circunstâncias em que se encontra, torna impossível a consumação; atirar num cadáver.”
Com isso, sintetizando, extrai-se duas possibilidades de crime impossível, por: a) Ineficácia absoluta do meio: O meio escolhido pelo agente é totalmente inidôneo, ou seja, não é capaz de produzir o resultado pretendido. Importante salientar que a eficácia do meio deve ser avaliada no caso em concreto. Por exemplo, uma arma de fogo descarregada, em tese, não é capaz de matar alguém, entretanto, caso a vitíma tenha problemas cardíacos, poderá vir a óbito pelo susto. b) Absoluta impropriedade do objeto: O alvo do agente é totalmente inidôneo para a produção de um resultado lesivo. Por exemplo: Mulher que ingere remédio abortivo acreditando erroneamente que está grávida. 
2. FLAGRANTE PREPARADO E FLAGRANTE ESPERADO
Há ainda outra modalidade de crime impossível, consagrado pela doutrina e jurisprudência, é o chamado flagrante preparado. Isso ocorre quando um sujeito provocador cria artificialmente um ambiente propício para o cometimento de um ato ilícito pelo agente, ocorre, entretanto, que o sujeito provador toma todas as cautelas necessárias para que o resultado do crime não ocorra. Ou seja, diante das precações o crime torna-se impossível de produzir o seu resultado pretendido. Nesse mesmo sentido, há a corroboração jurisprudencial:
“TRÁFICO DE DROGAS. FLAGRANTE PREPARADO. EIVA INEXISTENTE. 1. No flagrante preparado, a polícia provoca o agente a praticar o delito e, ao mesmo tempo, impede a sua consumação, cuidando-se, assim, de crime impossível, ao passo que no flagrante forjado a conduta do agente é criada pela polícia, tratando-se de fato atípico. (AgRg no AREsp 1579303 / SP, Relator: Min. Jorge Mussi, Data de Julgamento: 06/02/2020, Órgão Julgador: Quinta Turma do STJ)”
“AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS CORPUS. PROCESSO PENAL. FLAGRANTE PREPARADO. AUSÊNCIA DE CRIME. ENUNCIADO SUMULAR N. 145/STJ. NÃO OCORRÊNCIA NO CASO DOS AUTOS. FLAGRANTE ILEGALIDADE. INEXISTÊNCIA. NOVOS ARGUMENTOS HÁBEIS A DESCONSTITUIR A DECISÃO IMPUGNADA. INEXISTÊNCIA. DECISUM MANTIDO. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO. I - Há flagrante preparado (ou provocado) quando o agente é induzido à prática de um crime pela "pseudovítima", por terceiro ou pela polícia (cf. J. F. Mirabete, Processo Penal, ed. Atlas, 2003, p. 375). Nesse caso não há crime, em face da ausência de vontade livre e espontânea do agente, pois este, na verdade, é induzido à prática de uma ação delituosa. Nesse sentido o Enunciado Sumular n. 145 do Pretório Excelso, verbis: "Não há crime quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua consumação". (AgRg no HC 565902 / SP, Relator: Min Felix Fischer, Data de julgamento: 19/05/2020, Órgão Julgador: Quinta Turma do STJ) (Grifos nossos)” 
Por outro lado, há o flagrante esperado, o qual não se confunde com crime impossível. Nesse caso, a vítima não induz o agente a pratica do crime, na verdade, essa por algum meio acaba por tomar conhecido de que o agente irá cometer o delito, e diante disso, comunica a polícia, que, por sua vez, munida da informação, age para evitar que o crime ocorra. Ou seja, o crime não ocorre pois a autoridade competente impede que o resultado ocorra. Em consonância, faz-se oportuno a elucidação de Guilherme Nucci (2008, p. 822) sobre flagrante esperado: 
“Como regra, não se trata de crime impossível, tendo em vista que o delito pode se consumar, uma vez que os agentes policiais não armaram o crime, mas simplesmente aguardaram a sua realização, que poderia acontecer de modo totalmente diverso do esperado.”
3. DISPOSITIVOS ANTIFURTOS E A DISCUSSÃO DO CRIME IMPOSSÍVEL
Imaginamos a seguinte situação: em um supermercado há sistema de vigilância de câmeras, com o intuito de fortalecer a segurança do estabelecimento e evitar possíveis furtos, tal situação, por si só, consegue tornar a prática do furto impossível? É razoável dizer que não, visto que o agente dotado de animus furandi pode, a depender da situação e de suas habilidades, concretizar o furto, apesar de todo o aparato de segurança. Nessa mesma esteira segue a jurisprudência, somado a isso, o STJ editou o enunciado abaixo, vejamos: 
“Súmula 567: “Sistema de vigilância realizado por monitoramento eletrônico ou por existência de segurança no interior de estabelecimento comercial, por si só, não torna impossível a configuração do crime de furto.” 
“RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVODE CONTROVÉRSIA. RITO PREVISTO NO ART. 543-C DO CPC. DIREITO PENAL. FURTO NO INTERIOR DEESTABELECIMENTO COMERCIAL. EXISTÊNCIA DE SEGURANÇA E DE VIGILÂNCIA ELETRÔNICA. CRIME IMPOSSÍVEL. INCAPACIDADE RELATIVA DO MEIO EMPREGADO. TENTATIVA IDÔNEA. RECURSO PROVIDO.
1. Recurso Especial processado sob o rito previsto no art. 543-C, §2º, do CPC, c/c o art. 3º do CPP, e na Resolução n. 8/2008 do STJ. TESE: A existência de sistema de segurança ou de vigilância eletrônica não torna impossível, por si só, o crime de furto cometido no interior de estabelecimento comercial.
2. Embora os sistemas eletrônicos de vigilância e de segurança tenham por objetivo a evitação de furtos, sua eficiência apenas minimiza as perdas dos comerciantes, visto que não impedem, de modo absoluto, a ocorrência de subtrações no interior de estabelecimentos comerciais. (REsp 1385621 / MG, Relator: Min. Rogério Schietti, data de julgamento: 27/05/2015, Órgão Julgador: Terceira Seção do STJ)”
Entretanto, por outro lado, imaginemos esta situação: Um agente com animus furandi é acompanhado ab inicio pelos seguranças do supermercado, sem o perde-lo de vista, bem como tem a sua atividade integralmente monitorada pelo sistema de câmeras de vigilância, nesse caso, o crime se torna impossível? Sim. Visto que o sistema de segurança do estabelecimento impede que o agente logre êxito no resultado. Entendimento esse corroborado pelo Doutrinador Guilherme Nucci (2008, p.822): 
“Quando o agente se encontra em um supermercado, por exemplo, vigiado em todos os corredores por câmaras, bem como por seguranças que o acompanham o tempo todo, sem perdê-lo de vista, não é razoável defender a hipótese de que, ao chegar à saída do estabelecimento, seja detido em flagrante por tentativa de furto. Qual seria a viabilidade de consumação do crime se foi acompanhado o tempo todo por funcionários do supermercado? Nenhuma. Logo, é crime impossível.”
Portanto, diante desse cenário, no tocante a matéria de dispositivos antifurtospara caracterização do crime impossível, é imprescindível a análise do caso em concreto, pois as circunstâncias do caso demonstrarão se há ou não a presença do crime impossível. 
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MOREIRA, Guaracy. Código Penal Comentado. 09º Edição. Editora Ridel, Publicado em 9 de fevereiro de 2020.
NUCCI, Guilherme de Souza. Curso De Direito Penal, Volume 1. Edição 03º. Editora: Forense.

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