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XXVI ENEGEP - Fortaleza, CE, Brasil, 9 a 11 de Outubro de 2006 1 ENEGEP 2006 ABEPRO O planejamento e a gestão da tecnologia da informação: um estudo nas empresas pernambucanas Yur i Gama Lopes (UFPE) yur i.lopes@ufpe.br Ana Paula Cabral Seixas Costa (UFPE) apcabral@ufpe.br Resumo O perfil competitivo do ambiente empresarial instiga as organizações na busca por vantagens competitivas, procurando sobreviver ao mercado ou até aumentar sua participação nele. Neste contexto, a gestão eficiente e eficaz da Tecnologia da Informação (TI) é ponto chave na luta pelo sucesso, traduzido em melhores produtos e numa maior satisfação do cliente. O planejamento na gestão da TI desempenha papel essencial no dia a dia de todas as atividades empresariais, porém nem sempre este planejamento é correto ou sequer é feito. Neste artigo, tratar-se-á do diagnóstico da utilização e do planejamento de sistemas de informação e da tecnologia da informação em algumas das empresas de maior arrecadação de ICMS (Imposto sobre circulação de mercadorias e prestação de serviços) no estado de Pernambuco, objetivando avaliar possíveis pontos positivos ou negativos, e propor ações que ajudem na gestão da TI. Palavras-chave: Tecnologia da informação, Sistemas de informação, Planejamento. 1. Introdução A Tecnologia da Informação conquistou, sem dúvida, um importante espaço na visão estratégica empresarial. Ter disponíveis ferramentas de TI capazes de efetivamente trazer benefícios para a empresa, tornou-se uma obrigação para aqueles que desejam sobreviver ao ambiente competitivo. Estas ferramentas traduzem-se em Sistemas de Informações (SI’s) que podem abranger toda a empresa ou parte dela. Disponibilizar eficazmente tais ferramentas requer uma árdua tarefa de planejamento do gestor de TI, que deve ter a correta percepção das informações requeridas nas diversas subdivisões da organização, além de procurar satisfazer tais necessidades enxergando suas implicações no longo prazo. Ter a informação certa no momento exato pode livrar a organização da falência ou colocá-la em posição de destaque junto aos clientes e consumidores. Fica nítida a importância do uso da TI e dos SI’s na perseguição dos objetivos da empresa, utilizando eficientemente os recursos disponíveis. De acordo com Almeida & Ramos (2002), é um consenso na literatura de SI que as organizações precisam mais do que nunca de processos que permitam decidir pelos SI mais apropriados, o que significa a existência de um alinhamento entre a estratégia do negócio e a estratégia de SI. Torna-se imprescindível então, procurar entender como pensam e agem os gestores de TI das empresas, como analisam a problemática supracitada e qual a realidade do setor de TI destas organizações. Neste artigo, tratar-se-á do diagnóstico da utilização e do planejamento de sistemas de informação e tecnologia da informação em algumas das empresas de maior arrecadação de ICMS no estado de Pernambuco. Para tal diagnóstico foi desenvolvido um questionário, respondido pelos gestores de TI das empresas que puderam contribuir para a pesquisa. Os nomes das empresas não serão divulgados por razões de sigilo empresarial e nomes fictícios serão atribuídos. O artigo está dividido da seguinte forma: o item 2 abordará os conceitos e o papel da TI e dos XXVI ENEGEP - Fortaleza, CE, Brasil, 9 a 11 de Outubro de 2006 2 ENEGEP 2006 ABEPRO tipos de SI’s. Em seguida, haverá um tópico que discutirá a questão do planejamento e particularmente do planejamento de Sistemas de Informações. A pesquisa e o seu diagnóstico serão apresentados no tópico 4 e finalmente, serão apresentadas as conclusões deste trabalho. 2. Tecnologia da informação e sistemas de informação: conceitos e importância De acordo com Rezende (2003), pode-se conceituar a Tecnologia da Informação como recursos tecnológicos e computacionais para a geração e uso da informação. Ela permite um trabalho com mais inteligência e eficiência. Segundo Turban (2003), a TI é uma facilitadora das atividades e processos organizacionais. Tais atividades e processos podem estar em quaisquer partes da empresa, seja finanças, marketing, produção. Designa-se sistema de informação todo sistema que recebe, armazena, processa, manipula e gera dados e informações. Esses sistemas estão presentes em inúmeras situações que envolvam materiais, pessoas ou máquinas e constituem uma importante ferramenta de auxílio a tomada de decisão, na busca pela eficiência e eficácia dos processos empresariais. Diversos são os tipos de Sistemas de Informação apresentados na literatura. Neste artigo são considerados 4 tipos: a) Sistemas de Informação Transacionais (SIT) – oferecem suporte às tarefas rotineiras e repetitivas da empresa, permitindo entrada de dados, processamento e armazenamento. Age nos dados e informações sobre transações, tornando as mais precisas, assegurando integridade, rapidez na disponibilização da informação, minimizando erros, garantindo o fornecimento de melhores produtos e serviços (STAIR,1996; LUCAS 1990); b) Sistemas de Informação Gerenciais (SIG) – fornece aos gerentes informações úteis para gerenciar as varias atividades empresariais. O SIG gera relatórios que, diferenciam-se dos relatórios gerados pelo SIT devido aos seus objetivos. O SIG objetiva eficácia, já o SIT objetiva a eficiência. Podem usar dados e/ou informações geradas no SIT como entrada. Os relatórios do SIG informam quando algum indicador gerencial está fora do controle (STAIR,1996; TOM,1991); c) Sistemas de Apoio a Decisão (SAD) – Tem como objetivo oferecer suporte por computador a decisões complexas, às vezes não rotineiras. Caracteriza-se pela interação entre usuário e decisor, dispondo de flexibilidade de apresentação e operação. Utiliza dados de diferentes fontes e é capaz de realizar a modelagem de problemas (DAVIS,1985; SPRAGUE & WATSON, 1989; TURBAN (2003); d) Sistemas de Informação Executivas (SIE) - é uma ferramenta projetada para atender às necessidades de informações dos executivos de nível superior. Fornecem acesso rápido a informações atualizadas e acesso direto aos relatórios da diretoria. Um SIE é muito amistoso ao usuário, conta com o apoio de gráficos, facilmente conectado a serviços de informação on-line e ao correio eletrônico (TURBAN, 2003). As vantagens do uso de SI`s são muitas: a) Forma rápida e precisa de processar transações e de realizar a comunicação (seja entre máquinas ou entre humanos); b) Capacidade de reduzir a sobrecarga de informações ao mesmo tempo de conseguir expandir as fronteiras incorporando dados externos; c) Fornece suporte para a tomada de decisões. Toda essa abrangência e potencial impacto nas organizações coloca o gestor de TI numa posição capaz de influenciar fortemente todas as outras áreas da organização através de suas decisões de investimento decorrentes do planejamento da TI na empresa. As decisões tomadas XXVI ENEGEP - Fortaleza, CE, Brasil, 9 a 11 de Outubro de 2006 3 ENEGEP 2006 ABEPRO por ele surtirão efeitos, bons ou ruins, em todas as áreas e poderão significar vantagem competitiva ou a falência da organização. 3. Planejamento Estratégico de TI /SI O planejamento é atividade essencial em qualquer atividade organizacional. Segundo Moreira (2004), o planejamento dá as bases para todas as atividades gerenciais futuras ao estabelecer linhas de ação que devem ser seguidas para satisfazer objetivos estabelecidos, bem como estipula o momento em que essas ações devem ocorrer. O plano estratégico das empresas deve, ainda, vislumbrar a necessidade de ser flexível às mudanças do ambiente, as quais podem acontecer constantemente e podem alterar completamente os objetivos e as restrições das atividades empresariais. Um planejamento acontece com sucesso quando identifica projetos que agregam valor competitivo para as organizações e fornece eficiente suporte à organização para implantá-los.Numa visão mais moderna de planejamento, este deve ser proativo, quando se antecipa às necessidades da organização e ao mesmo tempo reativo, sendo flexível o suficiente para ajustar-se às mudanças no ambiente (SALMELA at al, 2000). No que tange ao planejamento da Tecnologia da Informação e dos Sistemas de Informação ressalta-se a importância desse planejamento estar alinhado com os objetivos do negócio. Grandes investimentos em estrutura de hardware e software não se traduzem, necessariamente, em reais benefícios para a empresa. É preciso identificar quais são e onde devem ser aplicados os SI’s e as ferramentas de TI. A integração entre os SI’s utilizados é de grande importância no alcance dos objetivos estratégicos da empresa; não adianta construir “ ilhas” de prosperidade na organização se esses avanços não puderem ser compartilhados entre os demais setores e ajudá-los nas suas tarefas. Erros fatais podem ser cometidos tentando interpretar o sucesso na aplicação da TI e dos SI’s através de valores financeiros, pois muito desse sucesso se dá perante fatores qualitativos, que representam reais benefícios para a empresa. As organizações utilizam uma métrica multifacial de sucesso, não limitada somente a benefícios financeiros da TI, mas como a TI tem sido percebida (SCHWARZ & HIRSCHHEIM, 2003). Turban (2003) afirma que o plano estratégico de SI deve atender a três objetivos: − Deve estar sincronizado com o plano estratégico da organização; − Deve fornecer uma arquitetura de TI que permita que usuários, aplicações e banco de dados sejam integrados e operem em rede sem interrupções; − Deve alocar de forma eficiente os recursos de desenvolvimento de SI entre projetos concorrentes, para que os processos possam ser concluídos a tempo, dentro do orçamento e com a funcionalidade necessária. Além do Planejamento de SI/TI, uma outra problemática interessante nesse contexto e crucial para a correta utilização dos SI consiste na priorização de projetos de SI/TI. Costa at al (2003) apresenta modelos de priorização destes projetos utilizando abordagem multicritério. 4. A pesquisa A pesquisa apresentada neste artigo consistiu na aplicação de um questionário com os gestores da área de TI das empresas que mais pagam ICMS no Estado de Pernambuco. Tais informações foram adquiridas através de matérias na imprensa escrita do Estado de Pernambuco. O conjunto total de perguntas do questionário procurou abranger diversos segmentos da gestão de TI, preocupando-se com a redação destas perguntas buscando não XXVI ENEGEP - Fortaleza, CE, Brasil, 9 a 11 de Outubro de 2006 4 ENEGEP 2006 ABEPRO deixar dúvidas quanto aos objetivos de cada uma delas. Uma boa pesquisa exige bons questionários para garantir a precisão dos dados (HAIR at al, 2005). O questionário aplicado continha, fora à seção de Aspectos Gerais, um total de 20 quesitos agrupados em 4 outras seções: Aspectos de Tecnologia da Informação, Recursos humanos da área de TI, Planejamento da Tecnologia da Informação e dos Sistemas de Informação, e uma última seção de perguntas intitulada Sistemas de Informação. As respostas dos questionários foram obtidas via Internet, através de correio eletrônico, além de esclarecimentos dados pelo autor aos entrevistados por meio do telefone. Tal metodologia facilitou bastante a obtenção de respostas, devido ao caráter simples e rápido dos meios citados e do fator tempo, crítico para os gestores. Neste artigo serão apresentadas os resultados para análise dos seguintes tópicos: − O grau de planejamento da TI e dos SI`s; − A relação desse planejamento da TI com o planejamento estratégico da empresa; − Prioridades de investimentos na área de TI/SI para os próximos anos; − Fatores levados em conta nestas ações de investimentos; − Existência de uma análise formal para tomada de decisão quanto à priorização de Investimentos em TI/SI. As empresas receberam nomes fictícios, a fim de garantir o sigilo das informações. Estas empresas são: Nome fictício Segmento de atuação da empresa Caracter ísticas pr incipais Alfa Indústria Gestão de TI localizada fora do Estado. As filiais focam as atividades operacionais enquanto o planejamento permanece centralizado na matriz. Beta Comércio Gestão de TI localizada em Pernambuco. A empresa está presente em vários Estados brasileiros e possui grande volume de vendas. Gama Indústria Gestão de TI localizada fora do Estado. Os funcionários têm apresentado um grau elevado de aceitação nas mudanças que vêm ocorrendo, pelo fato do uso da TI estar significamtente pulverizada em determinado setores. Delta Indústria Gestão de TI localizada em Pernambuco, uma de suas unidades no país. Líder de mercado em vários de seus produtos, a empresa possui grande estrutura administrativa capaz de sustentar a Gestão de TI. Sigma Serviços Gestão de TI localizada em Pernambuco.Uma das grandes empresas do segmento em atividade no Brasil. A TI tem impacto direto no relacionamento com os clientes. Neta Indústria Gestão de TI localizada em Pernambuco. Única da lista que mostrou uma menor independência do setor de TI, fortemente dependente da diretoria administrativa e de finanças. Tabela 1 – Empresas e respectivos segmentos de atuação XXVI ENEGEP - Fortaleza, CE, Brasil, 9 a 11 de Outubro de 2006 5 ENEGEP 2006 ABEPRO Nas próximas seções serão apresentadas, na íntegra, as respostas dos gestores de seis diferentes empresas, de diferentes segmentos de atuação, para diferentes temas abordados na pesquisa: a) O grau de planejamento da TI e dos SI`s e sua relação com o planejamento estratégico da empresa. A respeito do planejamento da Tecnologia da Informação e dos Sistemas de Informações na empresa, os gestores puderam escolher entre: − Existe uma forte ação de planejamento; − Existe uma ação de planejamento razoável; − Não existe planejamento das atividades de TI, as ações realizadas são decorrentes da momentânea demanda por elas. Já para classificar o grau de relação, na prática, entre a estratégia da área de TI e a estratégia organizacional da empresa, as opções foram: baixo, regular, bom e ótimo grau de relação. Empresa Grau de planejamento da TI e dos SI`s Grau de relação do planejamento da TI com o planejamento estratégico da empresa Alfa Existe uma forte ação de planejamento. Bom Beta Existe uma ação de planejamento razoável. Alto Gama Existe uma ação de planejamento razoável. Bom Delta Existe uma ação de planejamento razoável. Regular Sigma Existe uma ação de planejamento razoável. Bom Neta Não existe planejamento das atividades de TI, as ações realizadas são decorrentes da momentânea demanda por elas. Regular Tabela 2 – O grau de planejamento da TI e dos SI`s b) Prioridades de investimentos na área de TI/SI para os próximos anos. Os gestores foram questionados a colocar em ordem de prioridade alguns possíveis investimentos sugeridos pelo autor, do mais prioritário para o menos. I – Desenvolvimento de softwares próprios; II – Investimentos em softwares terceirizados; III – Investimentos em hardware; IV – Treinamento de pessoal / Capital humano; V – Investimentos em Segurança; VI – Investimentos em infra-estrutura; VII – Integração dos SI´s existentes. Empresa Pr ior idades de investimentos a área de TI /SI para os próximos anos Alfa V, VII, VI, I, IV, III, II Beta VII, V, IV, III, I, VI, II Gama VII, I, II, V, IV, III, VI XXVI ENEGEP - Fortaleza, CE, Brasil, 9 a 11 de Outubro de 2006 6 ENEGEP 2006 ABEPRO Delta I,V, III, VI, II, VII, IV Sigma V, I, VI, VII, III, IV, II Neta VI, V, II, IV, VII, III, I Tabela 3 – Prioridades de investimentos a área de TI/SI Destaca-se a forte preocupação com investimentos em segurança e menor relevância dada aos investimentos em hardware e softwares terceirizados. c) Fatores levados em conta nestas ações de investimentos. Foram colocadosem ordem de importância, do mais importante para o menos. Os fatores analisados foram: I – Valor financeiro do investimento; II – Benefícios potenciais para a empresa; III – Necessidades mais urgentes; IV – Riscos do Projeto; V – Taxa de retorno do investimento; VI – Inovação tecnológica da empresa decorrente do investimento. Empresa Fatores levados em conta nestas ações de investimentos Alfa II, IV, I, V, III, VI Beta II, III, IV, VI, I, V Gama II, III, IV, I, V, VI Delta VI, IV, I, III, II, V Sigma V, II,III, IV, VI, I Neta II, V, I, III, VI, IV Tabela 4 – Fatores levados em conta nestas ações de investimentos É comum a preocupação com os beneficios pontenciais para a empresa possivelmente gerados pelos investimentos, além do importante foco nos riscos de tais projetos. d) Existência de uma análise formal para tomada de decisão quanto à priorização de Investimentos em TI/SI. Os gestores puderam escrever, livremente, neste tópico. Empresa Análise formal para tomada de decisão quanto à pr ior ização de Investimentos em TI /SI Alfa Sempre é feito uma PI – Plano de investimento, que passa por várias aprovações, tanto na área de TI , quanto na área de custo. Todas estas aprovações analizam a necessidade, a prioridade e os custos deste investimento. Beta Somos uma grande empresa, com abrangência em 4 regiões do país e de capital aberto. Isso exige uma análise profunda para a tomada de decisões. Todas as conseqüências são muito bem avaliadas pelos gestores e por seus staffs. Gama Não, as decisões são tomadas em função das demandas e a sua definição de prioridade e capacidade de investimento. Delta Retorno do Investimento (ROI), vinculação estratégica. Sigma Não forneceu esta informação. Neta Não. É feita uma avaliação, de acordo com a dinâmica dos negócios, com objetivo de identificar investimentos mais urgentes para que os objetivos da XXVI ENEGEP - Fortaleza, CE, Brasil, 9 a 11 de Outubro de 2006 7 ENEGEP 2006 ABEPRO empresa sejam atendidos. Essa avaliação não tem prazo para ocorrer e é regida conforme a evolução dos negócios da organização. Tabela 5 - Análise formal para tomada de decisão quanto à priorização de Investimentos em TI/SI Observa-se que não houve, por nenhuma das empresas, citação a respeito da utilização de sistemas de apoio a decisão (SAD) no processo de tomada de decisão. 5. Discussão Primeiramente, ressalta-se a atenção geral das empresas pesquisadas com o planejamento das atividades de TI. A empresa intitulada Neta foi a única que informou não existir ações regulares de planejamento, tais ações são decorrentes da momentânea demanda por elas. Da mesma forma, a Neta também admitiu não ter uma boa relação entre o planejamento de TI e o planejamento estratégico da empresa. Isso explica o fato da mesma empresa não realizar uma análise formal para a tomada de decisão quanto à priorização de investimentos em TI/SI, análise esta que requer uma ação mais elaborada de planejamento. A Beta, empresa do setor de comércio, enxerga o planejamento de TI fortemente ligado ao planejamento estratégico. A automação comercial sobretudo nas atividades de vendas e gestão de estoques requer da cúpula administrativa da empresa uma grande atenção às potenciais aplicações da TI e dos SI´s: “ todas as conseqüências são muito bem avaliadas pelos gestores e por seus staffs” . Mesmo empresas com ações razoáveis de planejamento como a Gama, podem não ter análises formais de investimentos em TI. Dentre as prioridades de investimentos no setor para os próximos anos, é fácil perceber a preferência por investimentos em segurança. Quase sempre o interesse no desenvolvimento de softwares próprios são prioritários em relação aos softwares terceirizados; isso só não ocorre na Neta, que prioriza, sobretudo, investimentos em infra-estrutura, necessária para a realização das atividades de desenvolvimento próprio de software. A integração dos SI´s existentes também é alvo importante da atuação da gestão de TI. Voltar as atenções para hardware e para o capital humano, revelaram-se estar em posições intermediárias nas preferências de investimento das organizações. Já os fatores analisados nessas ações de investimento, é consenso entre as entrevistadas a importância dos benefícios potenciais para a empresa, confirmando o que já foi passado nesse artigo: a necessidade do alinhamento das ações de TI com as atividades do negócio da empresa. Alfa, Beta e Delta, que informaram existir uma análise formal para tomada de decisão quanto à priorização de investimentos, posicionaram o fator riscos do projeto com grande importância. A mensuração e avaliação destes riscos, certemante é alvo de tal processo de tomada de decisão. A Sigma, empresa do setor de serviços, revela um perfil diferente: o estreito relacionamento com o cliente e as informações destes requerem maiores investimentos em segurança e integração dos SI´s existentes. A política do setor de TI das empresas, dos diferentes segmentos de atuação, mesclam preferências comuns com particularidades de cada segmento. Empresas que tem um planejamento mais estruturado para a área de TI, estão focadas na integração dos sistemas utilizados e no desenvolvimento de softwares próprios. A Delta, empresa de grande porte e líder de mercado em vários de seus produtos, confirma isso. Já empresas como a Neta, que não tem o setor de TI tão desenvolvido, levam suas atenções para investimentos em infra estrutura, softwares terceirizados e treinamento de pessoal; atividades estas que poderão dar mais vigor à atuação da TI na empresa. O planejamento está presente no sucesso do setor de TI na busca pelos objetivos da Alpha e da Gama; que possuem o setor de TI centralizado fora do Estado de Pernambuco, isso contribui para uma política geral de TI XXVI ENEGEP - Fortaleza, CE, Brasil, 9 a 11 de Outubro de 2006 8 ENEGEP 2006 ABEPRO regida com objetivos comuns da organização e, ao mesmo tempo, condizente com as realidades regionais da empresa. Tal sucesso sugere às empresas pernambucanas que o foco no planejamento da gestão de TI traz bons resultados e mostra-se como possível diferencial competitivo. 6. Conclusão Este trabalho procurou levar ao grande público percepções e preferências que envolvem o planejamento e a tomada de decisão na gestão da tecnologia da informação de algumas empresas do Estado de Pernambuco. Mesmo com o número reduzido de empresas entrevistadas, a pesquisa pôde transcrever um pouco da realidade das grandes empresas pernambucanas, além de interpretar e discutir o comportamento destas. Foi colocada em evidência, a dificuldade das organizações entrevistadas com o problema de priorização de Sistemas de Informação; problema este que, bem tratado, pode trazer reais benefícios na gestão dos recursos de TI nas organizações e consequentemente na gestão da empresa como um todo. Quanto maiores e mais eficazes forem as ações empresariais que envolvam a Tecnologia da Informação e os Sistemas de Informação, mais próxima a empresa estará de ter êxito em suas atividades e alcançar seus objetivos. Pesquisas envolvendo um número maior de empresas podem complementar este trabalho e levar a novas interpretações que venham reafirmar ou contrapôr-se àquelas apresentas neste artigo. Referências ALMEIDA, A.T.de. & RAMOS, F.de.S. Gestão da Informação na competitividade das Organizações. 2. ed. Recife: Universitária UFPE, 2002. COSTA, A.P.C.S.; ALMEIDA, A.T.de & GOMES, L.F.A.M. 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