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Atividade de poema NARRATIVO

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ENSINO MÉDIO
POEMA NARRATIVO
	
	
	ANO LETIVO: 2019
	
NOME:__________________
TURMA: ______ 
A POESIA NARRATIVA
Já vimos no trimestre anterior o que é poema e que a literatura oral é muito anterior à literatura escrita. Segundo o poeta e teórico Braulio Tavares “é possível que o poema recitado em voz alta tenha aparecido ao mesmo tempo em que o poema cantado, equivalente ao que chamamos modernamente de “letra de música”. Os versos mais antigos já inventados devem ter sido invocações aos deuses, ou quem sabe esses cânticos que acompanham os movimentos rítmicos de quem trabalha numa lavoura ou numa máquina rudimentar.” 
As epopeias eram longos poemas orais que contavam/ cantavam em tom de exaltação os grandes feitos de povos, heróis ou nações. A estrutura em versos com rimas ajudava na memorização dessas histórias.
Passada a era das epopeias gregas, o ato de contar histórias permaneceu. Na Idade Média, por exemplo, a maioria da população europeia era analfabeta, por isso as histórias eram apresentadas em locais públicas em formato de peças, jograis e ou cantadas pelos trovadores e menestréis. As histórias também eram passadas no seio familiar, de pais para filhos, avós para netos. De acordo com Braulio Tavares “os poemas do Romanceiro eram ouvidos, decorados e passados adiante. É um processo muito mais lento do que parece à primeira vista. Uma pessoa não se sentava com uma cópia do poema e ficava a repeti-lo em voz alto até sabê-lo de cor. Saber um romance de cor significava escutá-lo muitas e muitas vezes na infância.” Atualmente, ainda se produzem músicas e poemas narrativos que são herança dessa tradição oral. Lembrando que as letras das músicas é poesia, e como os poemas não musicados há músicas que são narrativas e outras que não são.
Pois bem, o que é uma narrativa? A narrativa tem uma estrutura do tipo começo-meio-fim, mesmo que a sucessão dos fatos não seja exatamente nessa ordem. Ela é feita basicamente de passado, presente e futuro, ou seja, de acontecimentos sucessivos no tempo. É assim que interpretamos as narrativas e também todo o resto em nossa vida.
Atividade
1) Leia a seguir o poema “A Serra do Rola- Moça”, do paulistano Mário de Andrade (1893-1945):
	A serra do Rola-Moça
A serra do Rola-Moça
não tinha esse nome não...
eles eram do outro lado,
vieram na vila casar.
E atravessaram a serra,
o noivo com a noiva dele
cada qual no seu cavalo.
Antes que chegasse a noite
se lembraram de voltar.
Disseram adeus para todos
e se puseram de novo
pelos atalhos da serra
cada qual no seu cavalo.
Os dois estavam felizes,
na altura tudo era paz.
Pelos caminhos estreiros
ele na frente, ela atrás.
E riam. Como eles riam!
Riam até sem razão.
A serra do Rola-Moça
não tinha esse nome não.
As tribos rubras da tarde
rapidamente fugiam
e apressadas se escondiam
lá embaixo nos socavões
temendo a noite que vinha.
	Porém os dois continuavam
cada qual no seu cavalo,
e riam. Como eles riam!
E os risos também casavam
com as risadas dos cascalhos
que pulando levianinhos
da vereda se soltavam
buscando o despenhadeiro.
Ah! Fortuna inviolável!
O casco pisara em falso.
Dão noiva e cavalo um salto
precipitados no abismo.
Nem o baque se escutou.
Faz um silêncio de morte.
Na altura tudo era paz...
Chicoteando o seu cavalo,
no vão do despenhadeiro
o noivo se despenhou.
E a serra do Rola-Moça,
Rola-Moça se chamou.
a) Para que uma história seja considerada tal, precisa ter um começo, um meio e um fim, seja nesta ordem ou não. O poema que você acabou de ler possui uma história? Justifique.
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b) Há algum elemento no poema que se repete? Qual desses efeitos ele causa à narrativa: Terror, esperança ou suspense?
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c) O poema não deixa explícito quem são os personagens da história. Deduza: isso prejudica o entendimento? Por quê?
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d) Sendo um texto literário é necessário haver no Brasil um lugar chamado Serra do Rola-Moça para que a história faça sentido? Por quê?
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e) Ao contar uma história podemos usar os verbos no passado ou no presente. Os verbos no passado dão um certo distanciamento dos acontecimentos narrados. Já os verbos no presente aproximam narrador e leitor da história, como se ambos caminhassem junto com os personagens. Esse poema usa verbos no passado ou no presente? Retire exemplos do texto.
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2) Leia agora o soneto “O morcego”, do poeta paraibano Augusto dos Anjos (1884-1914):
O morcego
Meia-noite. Ao meu quarto me recolho.
Meu Deus! E este morcego! E, agora, vede:
Na bruta ardência orgânica da sede,
Morde-me a goela ígneo e escaldante molho.
"Vou mandar levantar outra parede..."
— Digo. Ergo-me a tremer. Fecho o ferrolho
E olho o teto. E vejo-o ainda, igual a um olho,
Circularmente sobre a minha rede!
Pego de um pau. Esforços faço. Chego
A tocá-lo. Minh'alma se concentra.
Que ventre produziu tão feio parto?!
A Consciência Humana é este morcego!
Por mais que a gente faça, à noite, ele entra
Imperceptivelmente em nosso quarto!
a) O poeta narra um episódio muito curto. Escreva a sequência dos eventos narrados no poema de maneira resumida.
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b) Ao final do soneto, o poeta compara o morcego a quê? Por que ele fez essa comparação?
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c) Neste poema, os verbos estão no presente ou no passado? Qual a impressão que o tempo verbal dá a quem lê os eventos narrados?
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d) O que diferencia o narrador do primeiro poema e o desse poema?
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3) Agora você lerá a letra da música “Fazenda São Francisco” (1981), escrita pelo compositor sertanejo Jesus Belmiro Mariano, interpretada por diversos artistas, tais como Zico e Zeca, Sergio Reis, João Paulo e Daniel, Victor e Leo, Michel Teló e Fernando e Sorocaba:
	Eu fiz a maior proeza,
Nas bandas do rio da morte,
Com outro caminhoneiro,
Traquejado no transporte.
Fui buscar uma vacada,
Para um criador do norte,
Na chegada eu presenti,
Que era dia de sorte,
Depois do embarque feito só ficou um boi de corte.
O mestiço era bravo,
Que até na sombra investia,
E a filha do fazendeiro,
Molhando os lábios dizia.
Eu nunca beijei ninguém,
Juro pela luz do dia,
Mas quem montar esse boi,
Lhe tirar a valentia,
Ganha meu primeiro beijo que darei com alegria.
Vendo a beleza da moça,
Meu sangue ferveu nas veias,
Eu calcei um par de esporas,
E passei a mão na peia.
 Peguei o mestiço a unha,
	Rolei com ele na areia,
Enquanto ele esperneava,
Fui apertando a correia,
Mas quando sentei no lombo foi que eu ví a coisa feia.
O boi saltou a porteira,
No primeiro corcoveado,
Numa ladeira de pedra,
Desceu pulando furtado.
Saía línguas de fogo,
Cheirava chifre queimado,
Quando os cascos do mestiço,
Batiam no lajeado,
Parou berrando na espora ajoelhando derrotado.
Pra cumprirsua promessa,
A moça veio ligeiro,
Me disse: "você provou,
Ser peão de boiadeiro".
Dos prêmios que eu vou lhe dar,
O beijo é o primeiro,
Sua boca foi abrindo,
Seu olhar ficou morteiro,
Nessa hora eu acordei abraçando o travesseiro.
a) Quantos personagens há nessa história? Quem são eles?
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b) Onde a história se passa? _____________________________________________
c) O que motivou a narrador a montar no boi bravo? _______________________
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d) Ao final da história o ouvinte/leitor é surpreendido por uma quebra na expectativa que tem o objetivo de provocar o riso. O que provoca essa quebra?
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Anote essa dica: ao contar uma história não entregue tudo o que vai acontecer logo no início, deixe que o leitor vá descobrindo aos poucos e se surpreenda com o final. 
Não há como falar de poema narrativo e não falar sobre o cordel. Primeiramente, o que é afinal o cordel? São poema narrativos publicados em folhetos ilustrados com as famosas xilogravuras e que eram vendidos em feiras em várias partes do país, mas que atualmente é mais expressivo no Nordeste. E qual a origem do cordel? Pois há um cordel que explica justamente isso, leia alguns trechos dele:
	[...] Na Europa medieval
Surgiram os menestréis
Por serem bons trovadores
Às musas eram fiéis
E prendiam seus livrinhos
Pendurados em cordéis.
Pois a palavra cordel
Significa cordão 
	Onde o Cordel era exposto
No meio da multidão
O trovador andarilho
Fazia declamação.
E o povo gostava
De poemas de bravezas
Contando muitas histórias
De encantadas princesas
Também de príncipes 
	valentes 
E suas grandes proezas.
Eis a origem da nossa
Poesia Popular
Pro Brasil, os portugueses
Trouxeram algum exemplar
E pras novas gerações 
Puderam repassar. [...]
Como o cordel bem explica, sua origem vem das cantigas medievais (as trovas que estudaremos mais a frente), que eram a princípios passadas oralmente, mas com a invenção da imprensa, multiplicaram-se mais depressa e puderam ser preservadas. Esses poemas eram chamados em Portugal de “romance”, o conjunto deles é chamado de Romanceiro Ibérico. Embora Portugal e Espanhal tenham línguas diferentes, historicamente esses países estiveram muito interligados. Muitas histórias desse Romanceiro vieram com os portugueses e espanhóis que colonizaram as Américas, e por isso o Romanceiro Nordestino recebeu influência deles, embora tenham diferenças. 
A principal delas é na estrutura, os romances ibéricos têm a aparência de “fita” vertical de versos curtos, ora se apresenta de maneira contínua (1 estrofe longa), ora em estrofes irregulares, umas com 8 versos, outras com 20 versos etc. O folheto de cordel, por outro lado, é geralmente feito em sextilhas (estrofes de 6 versos com 7 sílabas poéticas), nas quais o 2º, 4º e 6º versos riman entre si, ficando com o seguinte esquema: ABCBDB. Veja o exemplo de uma sextilha com os versos bem-humorados do poeta Manuel Xudu:
O USO DA SEXTILHA PERMITIU DIFERENCIAR AS RIMAS A CADA ESTROFE.
	Eu achei muito engraçado
O padre Matusalém:
Quando distribui a hóstia
É pra dez, cinquenta ou cem;
Mas bebe o vinho sozinho
Não dá gole a ninguém
	A
B
C
B
D
B
 
Quanto a temática dos cordéis são as mais variadas, desde histórias populares, folclores, lendas, disputas/pelejas entre cordelistas, política, atualidades, futebol etc.
4) Leia o trecho dois cordeis “O mundo às avessas”, do cordelista paraibano Leandro Gomes de Barros (1865-1918); e “ O mundo é naturá”, do cearense Antônio Gonçalves da Silva (Patativa do Assaré) (1909-2002), cujos poemas foram gravados em disco e vídeo e depois transcritos:
	O MUNDO ÀS AVESSAS
O mundo era uma obra
Que não faltava uma peça
Tudo que havia era bom
Porque tudo assim confessa,
Foram ver se endireitavam
Ficou assim às avessas
Antigamente este mundo
Tinha como presunção
De castigar quem se pegasse,
Com qualquer roubo na mão
Os homens hoje castigam
Quem descobrir um ladrão
Eu creio que o mundo foi bom,
Tudo mudou-se depois, 
Quem salvava em outro tempo,
Hoje é o primeiro algoz,
Não vê-se em linha de ferro
Carros conduzindo os bois?
	A TERRA É NATURÁ
Esta terra é como o Só
Que nace todos os dia
Briando o grande, o menó
E tudo que a terra cria.
O só quilarêa os monte,
Tombém as água das fonte,
Com a sua luz amiga,
Potrege, no mesmo instante,
Do grandaião elefante
A pequenina formiga.
Esta terra é como a chuva,
Que vai da praia a campina,
Móia a casada, a viúva,
A véia, a moça, a menina.
Quando sangra o nevuêro,
Pra conquistá o aguacêro,
Ninguém vai fazê fuxico,
Pois a chuva tudo cobre,
Móia a tapera do pobre
E a grande casa do rico.
a) Qual o tema dos cordéis?
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b) Qual a percepção (opinião) sobre o tema que cada cordel passa?
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c) Qual dos dois uma variação mais informal (próxima da fala) e qual usa uma variação mais formal da língua portuguesa?
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d) Faça o esquema de rima ao lado de cada verso e observe se os dois seguem a métrica tradicional do cordel. Lembre-se que a métrica tradicional é uma tradição e não uma norma que todos os cordéis devem seguir.

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