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CRIMES ELEITORAIS APONTAMENTOS – APURAÇÃO - JURISPRUDÊNCIA ÍNDICE 1. APRESENTAÇÃO ________________________________________________________ 1 2. CRIMES ELEITORAIS __________________________________________________ 1 3. INSTRUMENTOS DE APURAÇÃO DOS CRIMES ELEITORAIS ______ 2 4. JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA ________________________________________ 4 5. INSTITUTOS DESPENALIZADORES DA LEI Nº 9.099/95 _________ 6 6. TIPOS PENAIS ELEITORAIS ___________________________________________ 9 7. CRIMES PREVISTOS NO CÓDIGO ELEITORAL ______________________ 10 8. CRIMES PREVISTOS NA LEI Nº 6.091/76 ___________________________ 26 9. CRIME PREVISTO NA LEI Nº 7.021/82 ______________________________ 29 10. CRIME PREVISTO NA LEI Nº 6.996/82 ____________________________ 30 11. CRIMES PREVISTOS NA LEI Nº 9.504/97 _________________________ 31 12. CRIME PREVISTO NA LC Nº 64/90 _________________________________ 36 13. BIBLIOGRAFIA ________________________________________________________ 36 1. APRESENTAÇÃO A análise dos crimes eleitorais revela que o legislador visou tutelar a lisura e legitimidade das eleições e do processo eleitoral, a igualdade entre os candidatos e a regularidade da prestação administrativa da Justiça Eleitoral. São inúmeros tipos penais que buscam, em uma ampla acepção, garantir a mais legítima manifestação da vontade popular, de modo a assegurar a forma democrática de governo pretendida na Constituição Federal. Entretanto, como é sabido, não existe no ordenamento jurídico um "código penal eleitoral". Os crimes eleitorais estão espalhados no Código Eleitoral (CE) e na legislação pátria. Há, inclusive, previsões contidas em leis antigas, a exemplo do art. 11 da Lei nº 6.091/76, que tipifica o transporte irregular de eleitores em dias de eleição. Considerando tal circunstância, o Grupo Executivo Nacional da Função Eleitoral (Genafe) organizou o presente trabalho, com a finalidade de consolidar todos os crimes eleitorais em vigor em um só documento. O escrito, dirigido inicialmente à atuação originária dos promotores eleitorais, traz apontamentos formulados por atores que vivenciam na prática a aplicação da legislação eleitoral1, sugestões de diligências a serem adotadas na apuração das condutas delituosas, além de um repertório da jurisprudência correlata. Espera-se, assim, propiciar um instrumento de consulta sistematizada que possibilite uma visão mais célere acerca dos crimes eleitorais. 2. CRIMES ELEITORAIS Os crimes eleitorais estão tipificados tanto no CE (nos arts. 45, 47, 68, 71, 129 e do 289 a 354 – que totalizam 66 tipos penais), quanto em outras leis eleitorais esparsas (Lei nº 6.091/76, com previsão de 06 tipos penais; Lei nº 6.996/82 e Lei nº 7.021/82, cada uma com um único tipo penal; Lei nº 9.504/97, com 09 tipos penais, e Lei Complementar nº 64/1990, também com apenas um tipo penal). Com o advento da LC nº 135/2010, popular- 1 Ana Paula Mantovani Siqueira, procuradora regional da República e coordenadora nacional do Genafe; Car- los Augusto da Silva Cazarré, procurador regional da República e membro auxiliar da PGE; Lívia Nascimen- to Tinôco, procuradora da República e coordenadora regional do Genafe; Patrick Salgado Martins, procura- dor da República, procurador regional eleitoral em MG e coordenador regional do Genafe; Rodrigo Antonio Tenório Correia da Silva, procurador da República e coordenador regional do Genafe; e Victor Carvalho Veggi, procurador da República e coordenador regional do Genafe. 1 mente denominada Lei da Ficha Limpa, a condena- ção pela prática destes crimes tomou especial rele- vo, pois passaram a importar na inelegibilidade pre- vista no art. 1º, I, “e”, “4” da LC nº 64/90, caso o deli- to possua cominação abstrata de pena privativa de liberdade, já tenha transitado em julgado ou tenha sido proferida por órgão judicial colegiado. André de Carvalho Ramos faz lembrar que 90% dos crimes eleitorais previstos nas leis mencionadas corres- pondem à exigência da cominação abstrata de pena privativa de liberdade. São eles os crimes previstos nos arts. 292, 303, 304, 306, 313, 320, 338 e 345 do CE.2 A LC nº 135/2010 exigiu, ainda, que a inele- gibilidade decorrente de suas prescrições só tenha aplicação no caso dos crimes dolosos e que não se- jam considerados crimes de menor potencial ofensi- vo. Essa exigência afastará da hipótese de inelegibi- lidade, por exemplo, os crimes previstos na Lei nº 6.091/76, que trata da alimentação e transporte de eleitores em dias de eleição, cujas figuras delitivas em sua esmagadora maioria são delitos de menor potencial ofensivo. Um bom aceno veio da jurisprudência do TSE, o qual já assentou que a inelegibilidade terá aplicação ainda que tenha ocorrido substituição da pena de privativa de liberdade por pena restritiva de direitos3. A inelegibilidade durará desde a condenação até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos após o cumprimento da pena. Outro ponto digno de nota em relação aos crimes eleitorais previstos no CE é que muitos deles 2 CARVALHO RAMOS, André de, Aspectos Controvertidos da Inelegibilidade Prevista na alínea “e’ da LC nº 64/1990. In: Pontos Controvertidos sobre a Lei da Ficha Limpa. Belo Horizonte: Del Rey; ANPR, 2016, p. 27 3 Agravo Regimental em Recurso Especial Eleitoral nº 36440, Acórdão de 14/02/2013, Rel Min. Henrique Ne- ves da Silva, publ.: DJE, tomo 056, 22/03/2013, p. 27 não tiveram sua pena mínima estabelecida no preceito secundário. Contudo, o art. 284 preconizou que sempre que o CE não indicar o grau mínimo de uma pena, entende-se que será ele de quinze dias para a pena de detenção e de um ano para a de reclusão. Por fim, as normas gerais previstas no Código Penal (CP) são aplicáveis ao CE por disposição expressa do art. 287. 3. INSTRUMENTOS DE APURAÇÃO DOS CRIMES ELEITORAIS São dois os instrumentos de apuração dos crimes eleitorais previstos no ordenamento jurídico brasileiro: (i) o procedimento investigatório criminal (PIC); (ii) o inquérito policial eleitoral (IP eleitoral). Ambos possuem uma única finalidade: fornecer subsídios à formação da opinio delicti do Ministério Público Eleitoral, titular exclusivo da ação pela pública eleitoral. O PIC é regulado pela Resolução CNMP nº 13, de 2 de outubro de 2006. Nos termos do art. 1º da aludida resolução “o procedimento investigatório criminal é um instrumento de natureza administrativa e inquisitorial, instaurado e presidido pelo membro do Ministério Público com atribuição criminal, e terá como finalidade apurar a ocorrência de infrações penais de natureza pública, servindo como preparação e embasamento para o juízo de propositura, ou não, da respectiva ação penal”. Uma vez instaurado, o procedimento deverá ser concluído no prazo de 90 dias, permitidas, por igual período, prorrogações sucessivas, por decisão fundamentada do membro responsável por sua condução. 2 O IP eleitoral, por sua vez, é regido pela Resolução TSE nº 23.396, de 17 de dezembro de 2013 e, subsidiariamente, pelas disposições do Código de Processo Penal (CPP). Sua condução é atribuição da Polícia Federal, que exercerá, com prioridade sobre suas atribuições regulares, a função de polícia judiciária em matéria eleitoral. Todavia, quando no local da infração não existirem órgãos da Polícia Federal, a Polícia Civil do respectivo Estado terá atuação supletiva, ficando encarregada de presidi-lo. Uma vez instaurado, o IP eleitoral deverá ser concluído em 10 dias, se o investigado tiver sido preso em flagrante ou preventivamente; ou em 30 dias, se o investigado estiver solto, mediante fiança ou sem ela (art. 10 do CPP e art. 9º da resolução). Como destinatário dos elementos indiciáriosproduzidos no âmbito do inquérito policial, poderá o Ministério Público Eleitoral requisitar diligências que entenda necessárias à elucidação dos fatos. Vale lembrar, por oportuno, que o Supremo Tribunal Federal, no julgamento da medida cautelar na ação direta de inconstitucionalidade nº 5.104, suspendeu a eficácia do art. 8º da mencionada resolução, que condicionava a instauração de IP eleitoral à autorização do Poder Judiciário, por considerar a ocorrência de violação ao núcleo essencial do princípio acusatório. Ademais, o IP eleitoral e o PIC não são condição de procedibilidade ou pressuposto para o ajuizamento da ação penal. Caso o Ministério Público Eleitoral, ao tomar conhecimento da notitia criminis, já disponha de elementos suficientes para o oferecimento da denúncia, poderá assim fazer, dispensando a instauração de PIC ou a requisição de instauração IP eleitoral. Orientação Jurisprudencial RESOLUÇÃO Nº 23.396/2013, DO TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL. INSTITUIÇÃO DE CONTROLE JURISDICIONAL GENÉRICO E PRÉVIO À INSTAURAÇÃO DE INQUÉRITOS POLICIAIS. SISTEMA ACUSATÓRIO E PAPEL INSTITUCIONAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO. 1. Inexistência de inconstitucionalidade formal em Resolução do TSE que sistematiza as normas aplicáveis ao processo eleitoral. Competência normativa fundada no art. 23, IX, do Código Eleitoral, e no art. 105, da Lei nº 9.504/97. 2. A Constituição de 1988 fez uma opção inequívoca pelo sistema penal acusatório. Disso decorre uma separação rígida entre, de um lado, as tarefas de investigar e acusar e, de outro, a função propriamente jurisdicional. Além de preservar a imparcialidade do Judiciário, essa separação promove a paridade de armas entre acusação e defesa, em harmonia com os princípios da isonomia e do devido processo legal. Precedentes. 3. Parâmetro de avaliação jurisdicional dos atos normativos editados pelo TSE: ainda que o legislador disponha de alguma margem de conformação do conteúdo concreto do princípio acusatório – e, nessa atuação, possa instituir temperamentos pontuais à versão pura do sistema, sobretudo em contextos específicos como o processo eleitoral – essa mesma prerrogativa não é atribuída ao TSE, no exercício de sua competência normativa atípica. 4. Forte plausibilidade na alegação de inconstitucionalidade do art. 8º, da Resolução nº 23.396/2013. Ao condicionar a instauração de inquérito policial eleitoral a uma autorização do Poder Judiciário, a Resolução questionada institui modalidade de controle judicial prévio sobre a condução das investigações, em aparente violação ao núcleo essencial do princípio acusatório. 5. Medida cautelar parcialmente deferida para determinar a suspensão da eficácia do referido art. 8º, até o julgamento definitivo da ação direta de inconstitucionalidade. Indeferimento quanto aos demais dispositivos questionados, tendo em vista o fato de reproduzirem: (i) disposições legais, de modo que inexistiria fumus boni juris; ou (ii) previsões que já constaram de Resoluções anteriores do próprio TSE, aplicadas sem maior questionamento. Essa circunstância afastaria, quanto a esses pontos, a caracterização de periculum in mora. (ADI 5104 MC/DF, Acórdão de 3 21/05/2014, Relator(a) Min. LUÍS ROBERTO BARROSO, Publicação: DJE - Diário de justiça eletrônico, Data 30/10/2014) HABEAS CORPUS. A ACUSAÇÃO PENAL, PARA SER FORMULADA, NÃO DEPENDE, NECESSARIAMENTE, DE PRÉVIA INSTAURAÇÃO DE INQUÉRITO POLICIAL. REALIZAÇÃO DE PASSEATA COM MICROFONES APÓS DETERMINAÇÃO DE ABSTENÇÃO PELA JUSTIÇA ELEITORAL. CARACTERIZAÇÃO, EM TESE, DE DESOBEDIÊNCIA ELEITORAL (CE, ART. 347). ORDEM DENEGADA. 1. Não tendo havido fase investigatória prévia, não há que se falar em requisição de instauração de inquérito policial. 2. A acusação penal, para ser formulada, não depende, necessariamente, de prévia instauração de inquérito policial. Precedentes. 3. A desobediência de ordem de abstenção proferida em representação por propaganda eleitoral irregular caracteriza, em tese, o delito do artigo 347 do Código Eleitoral. Nesse caso, a intimação da sentença mostra-se suficiente, em princípio, para demonstrar a ciência da ordem pelos representados. 4. O trancamento da ação penal pela via do habeas corpus é medida excepcional, somente admitida quando se constata, de plano, a imputação de fato atípico, a ausência de indícios de autoria e de materialidade do delito ou, ainda, a extinção da punibilidade, hipóteses não verificadas no caso concreto. 5. Ordem denegada. (Habeas Corpus nº 56419, Acórdão de 16/04/2015, Relator(a) Min. MARIA THEREZA ROCHA DE ASSIS MOURA, Publicação: DJE - Diário de justiça eletrônico, Tomo 94, Data 20/05/2015, Página 150/151) 4. JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA Art. 35. Compete aos Juízes: (…) II – processar e julgar os crimes eleitorais e os comuns que lhes forem conexos, ressalvada a competência originária do Tribunal Superior e dos Tribunais Regionais; Art. 364. No processo e julgamento dos crimes eleitorais e dos comuns que lhes forem conexos, assim como nos recursos e na execução, que lhes digam respeito, aplicar-se-á, como lei subsidiária ou supletiva, o Código de Processo Penal. O art. 35, II, do CE prevê a competência dos juízes eleitorais para “processar e julgar os crimes eleitorais e os comuns que lhes forem conexos”. Além dessa previsão, o Título IV, Capítulo III, da Quinta Parte do CE contempla a normatização acerca do processamento das infrações penais previstas no código e na legislação eleitoral. Contudo, consoante se observa, em nenhum momento foram delineadas regras de definição de competência do Juízo Eleitoral. A incumbência, conforme preconiza o art. 364 do CE, ficou a cargo do CPP, mediante aplicação supletiva. Assim, vale a regra geral segundo a qual compete aos juízes eleitorais do lugar da infração (art. 70 do CPP) o processamento e julgamento originário dos crimes eleitorais. A aludida regra somente será excepcionada pelo(a): (i) desconhecimento do local da infração (art. 72 do CPP), circunstância na qual a competência será determinada pelo domicílio ou residência do réu; (ii) ocorrência de conexão ou continência (art. 76 e seguintes do CPP); ou, (iii) existência de prerrogativa de função do indivíduo. Especificamente quanto à prerrogativa de função, importa registrar que serão processadas e julgadas originariamente no Tribunal Regional Eleitoral do respectivo Estado todas as pessoas com privilégio de foro nos Tribunais de Justiça. Orientação jurisprudencial FORO PRIVILEGIADO. CRIMES ELEITORAIS. VEREADOR. INEXISTÊNCIA. - A Constituição Federal não 4 estabelece foro privilegiado para vereadores, como o faz para os prefeitos (art. 29, X), razão pela qual não haveria como aplicar o princípio do paralelismo constitucional para se concluir pela competência originária da Corte Regional para o julgamento de crimes eleitorais supostamente praticados contra detentores do cargo de vereador. Precedentes: HC nº 3-26, rel. Min. Maurício Corrêa, DJE de 4.9.1998 e AgR- HC nº 316-24, rel. Min. Marcelo Ribeiro, DJE de 17.5.2011. Agravo regimental a que se nega provimento. (Agravo Regimental em Recurso Especial Eleitoral nº 4142, Acórdão de 17/11/2015, Relator(a) Min. HENRIQUE NEVES DA SILVA, Publicação: DJE - Diário de justiça eletrônico, Tomo 236, Data 15/12/2015, Página 20/21) RECURSO ESPECIAL ELEITORAL. ELEIÇÕES 2010. INVESTIGAÇÃO CRIME ELEITORAL. CANDIDATA NÃO SUJEITA AO FORO ESPECIAL POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO. BUSCA E APREENSÃO. AFRONTA PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL. NULIDADE INSANÁVEL. PROSSEGUIMENTO INVESTIGAÇÕESPERANTE JUÍZO INCOMPETENTE. INAPLICABILIDADE TEORIA DO JUÍZO APARENTE. FORO PRIVILEGIADO POSTERIOR. CONVALIDAÇÃO DOS ATOS. IMPOSSIBILIDADE. 1. A atribuição para o acompanhamento de investigação de crimes eleitorais, quando o candidato não goza de foro por prerrogativa de função, é do juízo de primeiro grau da zona eleitoral em que foi praticado o crime, por força de lei (arts. 35, II, c/c 356 do Código Eleitoral). 2. Igualmente, é desse juiz a competência para deferir as medidas com reserva de jurisdição (como busca e apreensão, interceptação telefônica, quebras de sigilos, etc.) durante as investigações dos crimes eleitorais. 3. Quando as representações, policial e ministerial, já possuem como objeto a provável prática de crime eleitoral é possível aferir, de plano, a incompetência do Tribunal Regional Eleitoral para apreciar e deferir tais medidas. Inaplicável, in casu, a teoria do juízo aparente. 4. A incompetência do juízo na fase inquisitorial acarreta nulidade. Precedentes do Supremo Tribunal Federal. 5. O fato de, supervenientemente, a investigada ter sido eleita deputada estadual, deslocando, a partir daí, a competência para o TRE/ES, não tem o condão, no contexto dos autos, de convalidar os atos praticados por juízo incompetente durante o inquérito, se a incompetência era verificável de plano. 6. As provas que fundamentaram a denúncia (documentos, depoimentos testemunhais) somente foram obtidas em decorrência da busca e apreensão realizada no comitê eleitoral da candidata denunciada, razão pela qual desconsideradas essas provas, nada mais resta para embasar a ação penal. 7. Recurso especial provido para trancar a ação penal. Habeas corpus prejudicado.(Recurso Especial Eleitoral nº 3053, Acórdão de 25/06/2015, Relator(a) Min. JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, Publicação: DJE - Diário de justiça eletrônico, Data 26/08/2015, Página 25) RECURSO EM HABEAS CORPUS. TRANCAMENTO DE AÇÃO PENAL. CRIME DE FALSIDADE. CÓDIGO ELEITORAL, ART. 350. CRIMES CONEXOS. COMPETÊNCIA. ALEGAÇÃO DE AUSÊNCIA DE DOLO. NECESSIDADE DE EXAME APROFUNDADO DE PROVAS. HABEAS CORPUS. IMPOSSIBILIDADE. 1. A fixação inicial da competência se verifica a partir dos fatos narrados na peça acusatória. Afirmado que a falsificação de documentos visou permitir a doação de bens com propósitos eleitorais, a Justiça Eleitoral é competente para o processamento da ação penal. 2. Na linha da jurisprudência deste Tribunal "É da competência da Justiça Eleitoral processar e julgar os crimes eleitorais e os comuns que lhes forem conexos. Precedentes" (HC nº 592, rel. Min. Caputo Bastos, DJE de 18.8.2008). 3. Não é inepta a denúncia que descreve fatos que, em tese, configuram crime eleitoral. 4. A veracidade e a confirmação dos fatos apontados na denúncia, inclusive no que tange ao dolo e propósitos eleitorais indicados pela acusação, são matéria a serem solvidas na instrução processual. 5. Na linha da jurisprudência deste Tribunal, o trancamento da ação penal pela via do habeas corpus é medida excepcional. "somente admitida quando se constata, de plano, a imputação de fato atípico, a ausência de indícios de autoria e de materialidade do delito ou, ainda, a extinção da punibilidade, hipóteses não verificadas in casu" (RHC nº 1033-79, relª. Minª. Nancy Andrighi, DJE de 30.5.2012). No mesmo sentido: HC nº 1540-94, rel. Min. Gilson Dipp, DJE de 14.2.2012; HC nº 1066-60, rel. Min. Marco Aurélio, DJE de 17.8.2010; AgR-REspe nº 27.800, rel. Min. Carlos Ayres Britto, DJ de 9.11.2007; HC nº 525, rel. Min. Caputo Bastos, DJ de 25.11.2005; HC nº 1140- 5 80, rel. Min. Marcelo Ribeiro, DJE de 11.11.2011; HC 2883-62, rel. Min. Aldir Passarinho Junior, DJE de 17.12.2010. Recurso em habeas corpus ao qual se nega provimento. (Recurso em Habeas Corpus nº 33425, Acórdão de 15/05/2014, Relator(a) Min. HENRIQUE NEVES DA SILVA, Publicação: DJE - Diário de justiça eletrônico, Tomo 115, Data 24/6/2014, Página 125) AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL ELEITORAL. AÇÃO PENAL. BOCA DE URNA. DESACATO. CONEXÃO. CONCURSO MATERIAL. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. INEXISTÊNCIA. VIOLAÇÃO AOS ARTS. 331 DO CP, 5º, LVII, DA CF/88 E 69 DO CÓDIGO PENAL. SÚMULA 7/STJ. OFENSA AO ART. 35, II, DO CÓDIGO ELEITORAL. AUSÊNCIA DE CONFIGURAÇÃO. 1. Não se configura negativa de prestação jurisdicional se o julgador enfrentou todas as questões fáticas e jurídicas necessárias à solução da demanda. 2. Na espécie, a mudança do que decidido pela Corte Regional no que se refere à configuração de dois crimes de desacato, em concurso material, demandaria o reexame de fatos e provas, o que é inviável em recurso especial, conforme o disposto na Súmula 7/STJ. 3. No caso dos autos, a Justiça Eleitoral é competente para julgar os crimes de desacato, pois, além de os policiais militares desacatados estarem no exercício de atividades relacionadas às eleições, esses crimes eram conexos ao de boca de urna e, conforme o disposto no art. 81 do CPP, ainda que tenha havido absolvição quanto ao crime eleitoral, esta Justiça Especializada continua competente para os demais crimes. 4. Agravo regimental não provido.(Agravo Regimental em Recurso Especial Eleitoral nº 174724, Acórdão de 25/11/2014, Relator(a) Min. JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, Publicação: DJE - Diário de justiça eletrônico, Tomo 234, Data 12/12/2014, Página 51 ) ELEIÇÕES 2014. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DECISÃO MONOCRÁTICA. RECEBIMENTO. AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ORDINÁRIO. REGISTRO DE CANDIDATURA. ALÍNEA E, I, ART. 1º, DA LC N. 64/90. CONDENAÇÃO TRANSITADA EM JULGADO. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO EXECUTÓRIA. RECONHECIMENTO. JUSTIÇA COMUM. INELEGIBILIDADE. INCIDÊNCIA. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA. DECRETAÇÃO. JUSTIÇA ELEITORAL. INCOMPETÊNCIA. DESPROVIMENTO. 1. O reconhecimento da prescrição da pretensão executória pela Justiça Comum não afasta a inelegibilidade prevista no art. 1º, I, e, da LC nº 64/90, porquanto não extingue os efeitos secundários da condenação, na linha da orientação jurisprudencial desta Corte. 2. A Justiça Eleitoral não detém competência para reconhecer a prescrição da pretensão punitiva e declarar a extinção da pena imposta pela Justiça Comum, notadamente em sede de processo de registro de candidatura. Precedentes. 3. Embargos de declaração recebidos como agravo regimental, ao qual se nega provimento. (Embargos de Declaração em Recurso Ordinário nº 96862, Acórdão de 22/10/2014, Relator(a) Min. LUCIANA CHRISTINA GUIMARÃES LÓSSIO, Publicação: PSESS - Publicado em Sessão, Data 22/10/2014) 5. INSTITUTOS DESPENALIZADORES DA LEI Nº 9.099/95 Infrações penais de menor potencial ofensivo Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa. Transação Penal Art. 76. Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na proposta. Suspensão Condicional do Processo Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional da pena (art. 77 do Código Penal). 6 Os institutos despenalizadores previstos na Lei nº 9.099/95 (transaçãopenal e suspensão condicional do processo) são aplicáveis aos crimes eleitorais, em que pese inexista na estrutura orgânica da Justiça Eleitoral a figura do “juizado especial criminal eleitoral” para processamento dos delitos eleitorais de menor potencial ofensivo. Reputam-se compreendidos no conceito de menor potencial ofensivo os crimes eleitorais a que lei comine pena máxima não superior a 2 anos (art. 61). Tal parâmetro deve ser observado, juntamente com os requisitos do art. 76, para fins de proposta da transação penal. Todavia, esse limite de pena máxima não é levado em conta para proposta de suspensão condicional do processo, a qual depende, além do preenchimento dos pressupostos contidos no art. 89, que o quantum da pena mínima cominada ao crime seja igual ou inferior a 1 ano. Importa registrar que, na seara eleitoral, a proposição dessas medidas é atribuição do Ministério Público Eleitoral. Orientação jurisprudencial AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO. TRANSAÇÃO PENAL. DESCUMPRIMENTO. CONSEQUÊNCIA. PROCESSO. RETORNO. ESTADO INICIAL. SENTENÇA HOMOLOGATÓRIA. EFICÁCIA. COISA JULGADA FORMAL. DENÚNCIA. OFERECIMENTO. POSSIBILIDADE. DESPROVIMENTO. 1. A decisão homologatória do acordo de transação penal não faz coisa julgada material e o descumprimento dos termos da transação acarreta o retorno do processo a seu estado inicial, possibilitando ao Parquet o oferecimento da denúncia e ao juiz, o seu recebimento. 2. Agravo regimental desprovido. (Agravo Regimental em Agravo de Instrumento nº 28953, Acórdão de 09/12/2014, Relator(a) Min. LUCIANA CHRISTINA GUIMARÃES LÓSSIO, Publicação: DJE - Diário de justiça eletrônico, Tomo 24, Data 04/02/2015, Página 113) PROCESSO-CRIME ELEITORAL - TRANSAÇÃO - RECUSA. Uma vez verificada a recusa quanto à proposta de transação, cumpre observar o rito previsto no Código Eleitoral, afastando-se o da Lei nº 9.099/1995. (Recurso Especial Eleitoral nº 29803, Acórdão de 28/06/2012, Relator(a) Min. MARCO AURÉLIO MENDES DE FARIAS MELLO, Publicação: DJE - Diário de justiça eletrônico, Tomo 168, Data 31/08/2012, Página 71) RECURSO. HABEAS CORPUS. PEDIDO DE ANULAÇÃO. CONDENAÇÃO CRIMINAL. TRANSITADA EM JULGADO. OMISSÃO. DENÚNCIA. MINISTÉRIO PÚBLICO. TRANSAÇÃO PENAL. ART. 76 DA LEI Nº 9.099/95. AUSÊNCIA. ALEGAÇÃO. BENEFÍCIO. DEFESA. AÇÃO PENAL E REVISÃO CRIMINAL. ALEGAÇÃO. POSTERIORIDADE. TRÂNSITO EM JULGADO. SENTENÇA. REVISÃO CRIMINAL. PRECLUSÃO. AUSÊNCIA. ELEMENTOS. CONCESSÃO. BENEFÍCIO. RECURSO DESPROVIDO. 1. A irresignação do recorrente - ausência de proposta de transação penal -, somente veiculada após o trânsito em julgado de sentença condenatória e da respectiva revisão criminal, foi alcançada pela preclusão. Além do mais, não demonstrou o recorrente que o paciente faria jus ao benefício, até porque os autos revelam a presença de antecedentes criminais. 2. Correto o acórdão regional ao consignar que "A transação penal de que cogita o art. 76 da Lei nº 9.099/95 é hipótese de conciliação pré-processual, cuja oportunidade fica preclusa com o oferecimento da denúncia ou, pelo menos, com o seu recebimento sem protesto (STF - HC nº 77.216, 1ª Turma. DJ 21.8.98, rel. Min. SEPÚLVEDA PERTENCE)". 3. Recurso a que se nega provimento. (Recurso em Habeas Corpus nº 123, Acórdão de 04/12/2008, Relator(a) Min. MARCELO HENRIQUES RIBEIRO DE OLIVEIRA, Publicação: DJE - Diário da Justiça Eletrônico, Data 02/02/2009, Página 50-51) QUESTÃO DE ORDEM. RECURSO ESPECIAL. ELEIÇÃO 2008. CRIME ELEITORAL. USO DE DOCUMENTO FALSO. ART. 353 DA LEI Nº 4.737/65. SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO. ART. 89 DA LEI Nº 9.099/95. PENA MÍNIMA. PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS OBJETIVOS E SUBJETIVOS. DIREITO DO ACUSADO AO BENEFÍCIO. REMESSA À PROCURADORIA 7 GERAL ELEITORAL. 1. Preenchidas as condições legais, a suspensão condicional do processo consubstancia direito do acusado, não configurando sua proposição uma faculdade do Ministério Público. 2. No caso dos autos, a Procuradoria Regional Eleitoral de São Paulo, ao negar a proposta de sursis, adotou fundamento já rechaçado pelo TSE no julgamento do presente recurso especial, além de ser contrário à jurisprudência do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça, incidindo, na espécie, o disposto na Súmula nº 696/STF. 3. Questão de ordem resolvida no sentido de enviar os autos à Procuradoria Geral Eleitoral para se manifestar quanto à suspensão condicional do processo. (Questão de Ordem em Recurso Especial Eleitoral nº 3845587, Acórdão de 01/02/2016, Relator(a) Min. JOSÉ ANTÔNIO DIAS TOFFOLI, Publicação: DJE - Diário de justiça eletrônico, Tomo 037, Data 24/02/2016, Página 78/79) EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DECISÃO MONOCRÁTICA. RECEBIMENTO COMO AGRAVO REGIMENTAL. AÇÃO PENAL. SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO. REVOGAÇÃO APÓS PERÍODO DE PROVA. POSSIBILIDADE. 1. Na linha da jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral, recebem-se como agravo regimental os embargos de declaração com pretensão infringente opostos em face de decisão monocrática. 2. Não houve impugnação objetiva dos fundamentos da decisão agravada - aplicação da Súmula 182 do Superior Tribunal de Justiça em relação ao agravo, aplicação das Súmulas 284 e 291 do Supremo Tribunal Federal e 83 do Superior Tribunal de Justiça em relação ao recurso especial -, razão pela qual o agravo regimental é inviável, por nova incidência da Súmula 182 do Superior Tribunal de Justiça. 3. O argumento atinente à suposta divergência de entendimento no âmbito do Supremo Tribunal Federal a respeito da possibilidade de revogação do sursis processual após o término do período de prova não constou das razões do recurso especial ou do respectivo agravo, configurando inadmissível inovação em sede de agravo regimental. 4. Conforme orientação do Tribunal Superior Eleitoral, do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça, a suspensão condicional do processo pode ser revogada mesmo após o término do período de prova, desde que o respectivo motivo ensejador tenha ocorrido durante o período de vigência do benefício. Embargos de declaração recebidos como agravo regimental, ao qual se nega provimento.(Agravo Regimental em Agravo de Instrumento nº 298350, Acórdão de 17/11/2015, Relator(a) Min. HENRIQUE NEVES DA SILVA, Publicação: DJE - Diário de justiça eletrônico, Volume -, Tomo 236, Data 15/12/2015, Página 23/24) AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL ELEITORAL. AÇÃO PENAL. SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO. OFERECIMENTO DE NOVA DENÚNCIA. REVOGAÇÃO DO BENEFÍCIO. ART. 89, § 3º DA LEI Nº 9.099/95. O benefício da suspensão condicional do processo é revogado se o réu vem a ser processado pela prática de novo crime, ante o que dispõe o art. 89, § 3º, da Lei nº 9.099/95. Precedentes do Superior Tribunal de Justiça. Agravo regimental desprovido. (Agravo Regimental em Recurso Especial Eleitoral nº 132728, Acórdão de 10/11/2015, Relator(a) Min. MARIA THEREZA ROCHA DE ASSIS MOURA, Publicação: DJE - Diário de justiça eletrônico, Tomo 228, Data 02/12/2015, Página 61) RECURSO EM HABEAS CORPUS. AÇÃO PENAL. SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO. CONDIÇÕES FACULTATIVAS. FIXAÇÃO PELO JUIZ. ART. 89, § 2º, DA LEI 9.099/95. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS COMUNITÁRIOS. POSSIBILIDADE. DESPROVIMENTO. 1. É possível o estabelecimento de prestação de serviços comunitários por ocasião da suspensão condicional do processo, no prudente uso da faculdade judicial disposta no art. 89, § 2º, da Lei nº 9.099/1995, mas que, para os fins do sursis processual, se apresentam tão somente como condições para sua incidência. Precedentesde ambas as turmas do STJ e do STF. 2. A jurisprudência do Tribunal também autoriza a especificação de outras condições para a suspensão do processo, tais como a prestação de serviços comunitários, com base no art. 89, § 2º, da Lei nº 9.099/1995 (RHC nº 44912/AL, Rel. Min. Dias Toffoli, DJe de 26.3.2013). 3. Recuso desprovido. (Recurso em Habeas Corpus nº 75655, Acórdão de 15/10/2015, Relator(a) Min. LUCIANA CHRISTINA GUIMARÃES LÓSSIO, Publicação: DJE - Diário de justiça eletrônico, Tomo 221, Data 23/11/2015, Página 89) 8 ELEIÇÕES 2008. AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. CRIME ELEITORAL. CORRUPÇÃO ELEITORAL. SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO. ART. 89 DA LEI Nº 9.096/95. NULIDADE RELATIVA. PRECLUSÃO. DESPROVIMENTO. 1. A jurisprudência deste Tribunal e do Supremo Tribunal Federal é firme no sentido de que, por se tratar de nulidade relativa, a ausência de proposição de suspensão condicional do processo pelo Ministério Público Eleitoral torna a matéria preclusa, se não suscitada pela defesa no momento oportuno. 2. Agravo regimental desprovido. (Agravo Regimental em Recurso Especial Eleitoral nº 4095, Acórdão de 03/08/2015, Relator(a) Min. LUCIANA CHRISTINA GUIMARÃES LÓSSIO, Publicação: DJE - Diário de justiça eletrônico, Tomo 201, Data 22/10/2015, Página 31/32) AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO ESPECIAL. FALTA DE INFIRMAÇÃO DOS FUNDAMENTOS DA DECISÃO AGRAVADA. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 182/STJ. AGRAVO DESPROVIDO. 1. Não é viável, em sede de recurso especial, rever a conclusão de ter sido o agravante o mandante do delito. Súmulas 7 do STJ e 279 do STF. 2. Requerimento de diminuição da pena fixada para a continuidade delitiva. Ausência de prequestionamento. Inviabilidade. 3. Suspensão condicional do processo. Infração penal cometida em continuidade delitiva. Pena aplicada que, pela incidência da majorante, ultrapassa o limite de um ano. Impossibilidade. Súmula 243 do STJ. 4. Alegação de cerceamento de defesa não demonstrada. Agravante regularmente intimado para o interrogatório deixou de comparecer injustificadamente ao ato. 5. Agravo regimental desprovido. (Agravo Regimental em Agravo de Instrumento nº 4374, Acórdão de 05/05/2015, Relator(a) Min. MARIA THEREZA ROCHA DE ASSIS MOURA, Publicação: DJE - Diário de justiça eletrônico, Tomo 104, Data 03/06/2015, Página 13) CRIME ELEITORAL. CORRUPÇÃO ELEITORAL. ART. 353 DO CÓDIGO ELEITORAL. CONFIGURAÇÃO. EMENDATIO LIBELLI. 1. Para modificar a conclusão da Corte de origem no sentido de que ficou comprovado o uso de documento falsificado, seria necessário o reexame dos fatos e das provas dos autos, o que é vedado em sede de recurso especial, nos termos das Súmulas 7 do STJ e 279 do STF. 2. Havendo a simples correção na qualificação jurídica dos fatos narrados na denúncia - emendatio libelli -, é desnecessária a abertura de prazo para manifestação da defesa e produção de provas. Precedentes: REspe nº 21.595, rel. Min. Luiz Carlos Madeira, DJe de 3.6.2005; AgR-REspe nº 28.569, rel. Min. Marcelo Ribeiro, DJe de 20.8.2008. 3. De acordo com a jurisprudência do STJ, não se admite a suspensão condicional do processo se já foi proferida a sentença penal condenatória. Precedentes: HC nº 38.064, rel. Min. José Arnaldo da Fonseca, DJe de 21.2.2005; HC nº 87.182, rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, DJe de 24.11.2008; HC nº 150.229, rel. Min. Laurita Vaz, DJe de 24.5.2010. Agravo regimental a que se nega provimento. (Agravo Regimental em Agravo de Instrumento nº 21251, Acórdão de 28/04/2015, Relator(a) Min. HENRIQUE NEVES DA SILVA, Publicação: DJE - Diário de justiça eletrônico, Tomo 99, Data 27/05/2015, Página 35/36) 6. TIPOS PENAIS ELEITORAIS A análise dos crimes eleitorais previstos no CE ou em leis esparsas demonstra que os vários tipos penais têm como objetividade jurídica a proteção dos diversos aspectos do processo eleitoral, com a finalidade de garantir a efetividade das normas que visam obter a mais legítima manifestação da vontade popular. Assim, vai-se de crimes que protegem a regular formação do corpo de eleitores até aqueles que procuram garantir a igualdade entre os postulantes aos mandatos ou mesmo a liberdade de consciência do eleitor. Em verdade, são vários os bens jurídicos envolvidos, mas todos trazem a nota comum de integrantes do processo eleitoral. Essa diversidade faz surgir na doutrina a variação de classificações dos crimes eleitorais. A lição de Suzana de Camargo Gomes (GOMES, 2010, p. 64) sistematiza a matéria mediante combinação da objetividade jurídica imediata com a fase do processo eleitoral em que se dá a conduta. Nessa compreensão, apenas para fins 9 didáticos, os crimes eleitorais podem ser assim classificados: i) Crimes eleitorais relativos à formação do corpo eleitoral – arts. 289 ao 293 do CE, 295 do CE e 91, parágrafo único, da Lei nº 9.504/1997 (Lei das Eleições (LE)); ii) Crimes eleitorais relativos à formação e ao funcionamento dos partidos políticos – arts. 319 ao 321, 338 e 346 do CE; iii) Crimes eleitorais em matéria de inelegibilidades – art. 25 da LC nº 64/1990; iv) Crimes eleitorais relativos à propaganda eleitoral – arts. 323 ao 327, 331, 332, 334, 335, 336 e 337 do CE, 33, § 4º, 34, §§ 2º e 3º, 39, § 5º, 40, da LE; v) Crimes eleitorais relativos à votação – arts. 297 ao 312 e 316 do CE; vi) Crimes eleitorais relativos à garantia do resultado legítimo do pleito – arts. 313, 314, 317 e 318 do CE e art. 72 da LE; vii) Crimes eleitorais concernentes à organização e ao funcionamento dos serviços eleitorais – arts. 296, 339-345 e 347 do CE; viii) Crimes contra a fé pública eleitoral – arts. 348-354 do CE. 7. CRIMES PREVISTOS NO CÓDIGO ELEITORAL Os delitos previstos no CE estão localizados nos arts. 45, 47, 68, 71, 129 e a partir do art. 289 até o art. 354, totalizando 66 tipos penais, já que foram revogados, sem substituição, os antigos artigos 294, 322, 328 e 329. São estes os tipos penais previstos no CE: Art. 45 (…) §9º Findo esse prazo, sem que o alistando se manifeste, ou logo que seja desprovido o recurso em instância superior, o juiz inutilizará a folha individual de votação assinada pelo requerente, a qual ficará fazendo parte integrante do processo e não poderá, em qualquer tempo, ser substituída, nem dele retirada, sob pena de incorrer o responsável nas sanções previstas no Art. 293. (…) § 11. O título eleitoral e a folha individual de votação somente serão assinados pelo juiz eleitoral depois de preenchidos pelo cartório e de deferido o pedido, sob as penas do artigo 293. Art. 47. As certidões de nascimento ou casamento, quando destinadas ao alistamento eleitoral, serão fornecidas gratuitamente, segundo a ordem dos pedidos apresentados em cartório pelos alistandos ou delegados de partido. (…) § 3º O escrivão, dentro de quinze dias da data do pedido, concederá a certidão, ou justificará, perante o Juiz Eleitoral por que deixa de fazê-lo. § 4º A infração ao disposto neste artigo sujeitará o escrivão às penas do Art. 293. Art. 68 (...) §2º O despacho de pedido de inscrição, transferência, ou segunda via, proferido após esgotado o prazo legal, sujeita o juiz eleitoral às penas do Art. 291. Art. 71 (…) O despacho de pedido de inscrição, transferência, ou segunda via, proferido após esgotado o prazo legal, sujeita o juiz eleitoral às penas do Art. 291. Impedir ou embaraçar o exercício do sufrágio Art. 129. (...) Parágrafo único. O eleitor que inutilizar ou arrebatar as listas afixadas nas cabinas indevassáveis ou nos 10 edifícios onde funcionarem mesas receptoras, incorrerá nas penas do artigo 297.Art. 135. § 5º Não poderão ser localizadas seções eleitorais em fazenda sítio ou qualquer propriedade rural privada, mesmo existindo no local prédio público, incorrendo o juiz nas penas do Art. 312, em caso de infringência. Art. 174 (...) §3º Não poderá ser iniciada a apuração dos votos da urna subsequente sob as penas do Art. 345, sem que os votos em branco da anterior estejam todos registrados pela forma referida no § 1º. Inscrição f raudulenta de e leitor Art. 289. Inscrever-se fraudulentamente eleitor: Pena - Reclusão até cinco anos e pagamento de cinco a 15 dias-multa. Inscrição fraudulenta de eleitor Orientação jurisprudencial RECURSO ELEITORAL. EXCEÇÃO DE INCOMPETÊNCIA. INSCRIÇÃO ELEITORAL FRAUDULENTA. ART. 289 DO CÓDIGO ELEITORAL. AUSÊNCIA DE FINALIDADE ELEITORAL. DELITO FORMAL. DOLO GENÉRICO. COMPETÊNCIA PARA PROCESSAMENTO E JULGAMENTO. JUSTIÇA ELEITORAL. RECURSO IMPROVIDO. 1.Para caracterização do crime previsto no artigo 289 (inscrição fraudulenta) do Código Eleitoral, basta a vontade livre e consciente de inscrever-se fraudulentamente, sendo despicienda a averiguação de resultado ou vantagem para o enquadramento da ação fraudulenta no tipo, porquanto o delito é formal. 2. Caso em que o Recorrente foi denunciado por ter transferido fraudulentamente o seu título eleitoral para o município de Palmas/TO, com a intenção de comprovar o domicílio eleitoral e participar de exame necessário à sua inscrição no quadros da Ordem dos Advogados Brasil (OAB). 3. Conduta violadora da fé pública dos registros eleitorais, competência do Juízo da 29ª Zona Eleitoral para processar e julgar a conduta descrita no delito em espécie, sendo desnecessária perquirir a finalidade especial de agir do infrator para a adequação da ação fraudulenta ao tipo. (TRE-TO - RE: 47927 SP, Relator: JOÃO OLINTO GARCIA DE OLIVEIRA, Data de Julgamento: 11/06/2014, Data de Publicação: DJE - Diário da Justiça Eletrônico, Tomo 104, Data 13/06/2014, Página 3) RECURSO CRIMINAL - ART. 289 DO CÓD. ELEITORAL – INSCRIÇÃO FRAUDULENTA - SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA - PROVA SUFICIENTE PARA A CONDENAÇÃO. 1. PROVA PERICIAL: EXAME GRAFOTÉCNICO COMPROVANDO A APOSIÇÃO DA ASSINATURA DA RÉ NO REQUERIMENTO DE ALISTAMENTO ELEITORAL. 2. DELITO DE CARÁTER FORMAL, O QUAL DISPENSA O DOLO ESPECÍFICO DE FRAUDAR A JUSTIÇA ELEITORAL PARA SUA CONSUMAÇÃO. 3. RECURSO DESPROVIDO.” (TRE-SP, RECURSO CRIMINAL nº 6765, Acórdão de 18/12/2014, Relator(a)ALBERTO ZACHARIAS TORON, Publicação: DJESP - Diário da Justiça Eletrônico do TRE-SP, Data 08/01/2015) Ação penal. Denúncia. Recebimento. 1. Na linha da jurisprudência deste Tribunal, a certidão emitida por Oficial de Justiça - atinente à diligência de verificação da veracidade ou não da residência declarada para fins de transferência de domicílio eleitoral - deve, ao menos, ser considerada como indício para efeito de oferecimento de denúncia, sendo que no curso da ação penal, sob as garantias do contraditório, poderão ser produzidas as provas que, afinal, confirmem ou não o indício apontado. Este Tribunal já entendeu haver justa causa para o prosseguimento da persecução criminal nessa hipótese, conforme decidido no RHC nº 196/PB, rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ de 6.5.1993. 2. No que tange ao argumento relativo à atipicidade da conduta, por se considerar que o tipo do art. 289 do Código Eleitoral atingiria apenas a inscrição originária e não contemplaria a hipótese de transferência de domicílio, a jurisprudência desta Corte Superior, há muito, admite a incidência do mencionado tipo penal também nos atos de transferência do alistamento, pois "a inscrição eleitoral é gênero do qual a transferência é espécie" (AG nº 11.301, rel. desig. Min. Carlos Velloso, DJ de 7.10.94), donde o pedido 11 fraudulento de transferência compreende-se no tipo do art. 289, CE (RHC nº 200, rel. Min. Torquato Jardim). Nesse sentido também: RESPE nº 15177, rel. Min. Maurício Corrêa, DJ de 22.5.1998. 3. Este Tribunal admite o cometimento de inscrição fraudulenta na modalidade de transferência fraudulenta tentada (RHC nº 27/SP, rel. Min. Eduardo Alckmin, DJ de 19.11.1999), razão pela qual o fato de a transferência não se ter concretizado não configura justa causa para o trancamento da ação penal, cabendo ao julgador, se for o caso, desclassificar o delito no momento próprio. Precedentes: Acórdãos nº 13.224, relator Ministro Torquato Jardim, e nº 24, de 2.9.99, rel. Ministro Edson Vidigal. 4. Em relação à fragilidade probatória decorrente de necessidade de oitiva da denunciada no inquérito policial, já se decidiu que o oferecimento de denúncia não está condicionado à existência de inquérito prévio, razão pela qual não se mostra juridicamente possível condicionar o oferecimento da denúncia à prévia oitiva da ré perante a autoridade policial. Precedentes STJ e STF. 5. A aferição do dolo específico da conduta da ré é questão que deve situar-se no âmbito da instrução probatória, por não comportar segura ou precisa análise na fase processual de recebimento da denúncia, que é de formulação de um simples juízo de delibação. 6. A denúncia só deve ser rejeitada quando a atipicidade é patente e pode ser verificada sem a necessidade de produção de outras provas. Havendo um substrato mínimo de prova, que, no presente caso, se verifica da certidão de Oficial de Justiça, a ação penal deve ser aberta, possibilitando as fases de instrução. Recurso especial provido a fim de receber a denúncia.” (TSE, REspe nº 287.477, Rel. Min. Henrique Neves da Silva, D.J.E. 10/09/2013) RECURSO CRIMINAL. DENÚNCIA FEITA COM BASE NA FIGURA TÍPICA DO ART. 289 DO CÓDIGO ELEITORAL. INSCRIÇÃO ELEITORAL FRAUDULENTA. CONDENAÇÃO NA ORIGEM. AGENTE QUE REQUEREU À JUSTIÇA ELEITORAL TRANSFERÊNCIA DE DOMICÍLIO ELEITORAL DECLARANDO ENDEREÇO DIVERSO DA SUA REAL RESIDÊNCIA. AUTORIA E MATERIALIDADE DEMONSTRADAS PELA PROVA DOCUMENTAL E TESTEMUNHAL. CRIME ESSENCIALMENTE FORMAL. INOCORRÊNCIA DO CHAMADO ERRO DE PROIBIÇÃO. DESPROVIMENTO.”(TRE-SP, Recurso Criminal nº 12.555, Rel. Roberto Caruso Costabile e Solimene, DJESP 19/09/2013) Recurso Criminal. Crime de Inscrição Eleitoral Fraudulenta - art. 289 do Código Eleitoral. Suposta fraude na declaração de domicílio para fins de Revisão de Eleitorado em 2007 no Município de Engenheiro Paulo de Frontin. Atipicidade da conduta. Provimento. I - Inexiste fraude na inscrição eleitoral confirmada pelo réu no momento da Revisão de Eleitorado de 2007, já que o acusado, de fato, possuía, à época, vínculo comunitário, patrimonial e afetivo com o endereço informado à Justiça Eleitoral, ainda que ali não residisse. II - O fato de o réu não residir no endereço informado à Justiça Eleitoral quando da Revisão do Eleitorado é insuficiente para se poder concluir que ele não tivesse domicílio eleitoral naquela localidade. Isso porque o conceito de domicílio eleitoral é muito mais abrangente que o de domicílio civil, bastando para a configuração daquele que o eleitor tenha vínculo profissional, patrimonial ou comunitário com determinada localidade (art. 65, caput, da Resolução TSE 21.538/03). Até mesmo o liame familiar ou afetivo é apto a justificar a existência de domicílio eleitoral em determinado local. Doutrina e precedentes do TSE (AgR-AI 7286/PB e RESPE 23721/RJ). III - Provimento do recurso criminal para reformar a sentença recorrida e absolver o réu pela prática do crime previsto no art. 289 do Código Eleitoral. (TRE-RJ - RC: 1351 RJ, Relator: FLAVIO DE ARAUJO WILLEMAN, Data de Julgamento: 16/06/2014, Data de Publicação: DJERJ - Diário da JustiçaEletrônico do TRE- RJ, Tomo 145, Data 07/07/2014, Página 37/46) CRIME ELEITORAL. ART. 350 DO CÓDIGO ELEITORAL. SENTENÇA CONDENATÓRIA. RECAPITULAÇÃO DOS FATOS NARRADOS NA DENÚNCIA (ART. 383, CAPUT, CPP). ART. 289 DO CÓDIGO ELEITORAL. AUTORIA E MATERIALIDADE COMPROVADAS. AFASTADA A ALEGAÇÃO DE AUSÊNCIA DE DOLO. NEGA-SE PROVIMENTO AO RECURSO. 1. DENÚNCIA QUE IMPUTOU AO ACUSADO O CRIME TIPIFICADO NO ART. 350 DO CÓDIGO ELEITORAL. DIANTE DA ERRÔNEA CLASSIFICAÇÃO DO CRIME FEITA NA PEÇA INAUGURAL, CABÍVEL A EMENDATIO LIBELLI (ART. 383, CAPUT, CPP) PARA RECAPITULAR OS FATOS NARRADOS NA INICIAL 12 PARA O CRIME DESCRITO NO ART. 289 DO CÓDIGO ELEITORAL (INSCRIÇÃO FRAUDULENTA DE ELEITOR). 2. OS FATOS NARRADOS NA DENÚNCIA E O CONJUNTO PROBATÓRIO AMEALHADO AOS AUTOS EVIDENCIAM A MATERIALIDADE E A AUTORIA. PRESENTE O DOLO CONSISTENTE NA INTENÇÃO DELIBERADA DO AGENTE EM FRAUDAR E ENGANAR OS SERVIÇOS DA JUSTIÇA ELEITORAL. 3. O RECORRENTE DECLAROU, POR OCASIÃO DO REQUERIMENTO DE TRANSFERÊNCIA DE SUA INSCRIÇÃO ELEITORAL, ENDEREÇO PERTENCENTE A TERCEIRO, DESCONHECIDO SEU, BEM COMO NÃO COMPROVOU QUALQUER VÍNCULO COM A CIDADE DE CANANÉIA. 4. NEGA-SE PROVIMENTO AO RECURSO.” (TRE-SP, Recurso Criminal nº 686, Rel. Antônio Carlos Mathias Coltro, DJESP 23/01/2014) RECURSO ESPECIAL. INSCRIÇÃO FRAUDULENTA DE ELEITOR (CE, art. 289). CRIME DE MÃO PRÓPRIA. PARTICIPAÇÃO POSSÍVEL ATRAVÉS DE CUMPLICIDADE. 1. O crime do artigo 289 do Código Eleitoral é qualificado como crime de mão própria, na medida em que somente pode ser praticado pelo eleitor. Assim sendo, não admite a coautoria, mas é possível a participação. Precedente do TSE. 2. A indução à prática da inscrição fraudulenta perfectibiliza o tipo do artigo 290 do Código Eleitoral. Se, porém, há prestação de auxílio material à conduta delitiva, está caracterizada a participação no delito do artigo 289 do Código Eleitoral. 3. Recurso especial desprovido. (TSE - REspe 571991 RN, Relator: MARIA THEREZA ROCHA DE ASSIS MOURA , Data de Julgamento: 03/03/2015 , Data de Publicação: DJE - Diário de justiça eletrônico, Tomo 58, Data 25/03/2015, Página 37) Inscrição fraudulenta de eleitor Apuração / Diligências recomendadas 1. Identificação das pessoas envolvidas; 2. Obtenção do documento eleitoral, como, por exemplo, requerimento de alistamento eleitoral ou de transferência de domicílio (REspe nº 287.477) utilizado para realização da inscrição fraudulenta; 3. Juntada aos autos de eventuais certidões lavradas pela Justiça Eleitoral acerca dos fatos em apuração; 4. Oitiva das pessoas envolvidas e das testemunhas que possam comprovar os atos delituosos e colher seus padrões gráficos; 5. Realização de perícia grafotécnica no documento eleitoral com a finalidade de identificar a autoria delitiva; 6. Realização de levantamento de informações junto aos bancos de dados acessíveis pelas autoridades de investigação, como Receita Federal do Brasil, CNIS e RAIS, para identificar onde declarou residência e, entre outros, onde manteve vínculos empregatícios. De posse dessas informações, apontar possíveis contradições suficientes a configurar ou não o crime; 7. Igualmente, a depender da localidade, buscar informações cadastrais junto a sindicatos rurais e no CadÚnico; 8. Relato minucioso dos fatos e de suas circunstâncias; e 9. Colher o depoimento, na condição de investigado(s), daquele(s) apontado(s) como autor(es) do delito, sendo importante levantar informações acerca de eventuais vínculos profissionais, patrimoniais, comunitário ou algum tipo de liame familiar ou afetivo com determinada localidade. Induzimento à inscrição de eleitor em infração às normas legais Art. 290 Induzir alguém a se inscrever eleitor com infração de qualquer dispositivo dêste Código. Pena - Reclusão até 2 anos e pagamento de 15 a 30 dias-multa. Inscrição fraudulenta efetivada por Juiz Art. 291. Efetuar o juiz, fraudulentamente, a inscrição de alistando. Pena - Reclusão até 5 anos e pagamento de cinco a quinze dias-multa. Negativa ou retarmaneto de inscrição eleitoral Art. 292. Negar ou retardar a autoridade judiciária, sem fundamento legal, a inscrição requerida: Pena - Pagamento de 30 a 60 dias-multa. 13 Pertubação ou impedimento do alistamento Art. 293. Perturbar ou impedir de qualquer forma o alistamento: Pena - Detenção de 15 dias a seis meses ou pagamento de 30 a 60 dias-multa. Retenção de título eleitoral Art. 295. Reter título eleitoral contra a vontade do eleitor: Pena - Detenção até dois meses ou pagamento de 30 a 60 dias-multa. Promoção de desordem nos trabalhos eleitorais Art. 296. Promover desordem que prejudique os trabalhos eleitorais; Pena - Detenção até dois meses e pagamento de 60 a 90 dias-multa. Impedimento ou embaraço ao exercício do sufrágio Art. 297. Impedir ou embaraçar o exercício do sufrágio: Pena - Detenção até seis meses e pagamento de 60 a 100 dias-multa. Prisão ou dentenção fora das hipóteses legais Art. 298. Prender ou deter eleitor, membro de mesa receptora, fiscal, delegado de partido ou candidato, com violação do disposto no Art. 236: Pena - Reclusão até quatro anos. Corrrupção Eleitoral Art. 299. Dar, oferecer, prometer, solicitar ou receber, para si ou para outrem, dinheiro, dádiva, ou qualquer outra vantagem, para obter ou dar voto e para conseguir ou prometer abstenção, ainda que a oferta não seja aceita: Pena - reclusão até quatro anos e pagamento de cinco a quinze dias-multa. Corrupção Eleitoral Orientação Jurisprudencial AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO ESPECIAL. CONDENAÇÃO CRIMINAL. CORRUPÇÃO ELEITORAL. CÓDIGO ELEITORAL. ART. 299. PROVIMENTO. 1. Para a configuração do crime de corrupção eleitoral, além de ser necessária a ocorrência de dolo específico, qual seja, obter ou dar voto, conseguir ou prometer abstenção, é necessário que a conduta seja direcionada a eleitores identificados ou identificáveis, e que o corruptor eleitoral passivo seja pessoa apta a votar. Precedentes. 2. Não há falar em corrupção eleitoral mediante o oferecimento de serviços odontológicos à população em geral e sem que a denúncia houvesse individualizado os eleitores supostamente aliciados. 3. Agravos regimentais providos. (TSE - AgR-AI: 749719 RJ, Relator: Min. MARIA THEREZA ROCHA DE ASSIS MOURA, Data de Julgamento: 11/12/2014, Data de Publicação: DJE - Diário de justiça eletrônico, Tomo 35, Data 23/02/2015, Página 54) HABEAS CORPUS. RECEBIMENTO DE DENÚNCIA ART. 299 DO CÓDIGO ELEITORAL. ATIPICIDADE. CONCESSÃO. 1. O tipo penal previsto no art. 299 do Código Eleitoral, o qual visa resguardar a vontade do eleitor, não abarca eventuais negociatas entre candidatos, visando à obtenção de renúncia à candidatura e apoio político, em que pese o caráter reprovável da conduta. 2. Ordem concedida.” (TSE, Habeas Corpus nº 3160, Rel. Min. Luciana Christina Guimarães Lóssio, DJE 03/04/2014) RECURSO EM HABEAS CORPUS. CORRUPÇÃO ELEITORAL. CÓDIGO ELEITORAL. ARTIGO 299. DENÚNCIA. REQUISITOS. 1. A denúncia deve conter a exposição do fato criminoso com todas as suas circunstâncias. 2. Na acusação da prática de corrupção eleitoral (Código Eleitoral, art. 299), a peça acusatória deve indicar qual ou quais eleitores teriam sido beneficiados ou aliciados, sem o que o direito de defesa fica comprometido. 3. Recurso em habeas corpus provido. (TSE - RHC: 45224 MG, Relator: Min. LAURITA HILÁRIO VAZ, Data de Julgamento: 26/02/2013, Data de Publicação: DJE - Diário de justiça eletrônico, Tomo 77, Data 25/04/2013, Página 55) 14 HABEAS CORPUS CONCEDIDO DE OFÍCIO. ATIPICIDADE DA CONDUTA. CRIME DE CORRUPÇÃO ELEITORAL. REALIZAÇÃO DE BINGOS COM FINALIDADE ELEITORAL.INADEQUAÇÃO AO TIPO PENAL DO ART. 299 DO CÓDIGO ELEITORAL. ORDEM CONCEDIDA DE OFÍCIO PARA JULGAR IMPROCEDENTE A AÇÃO PENAL. AGRAVOS REGIMENTAIS DESPROVIDOS. RECURSO ESPECIAL. FALTA DE IMPUGNAÇÃO ESPECÍFICA AOS FUNDAMENTOS DA DECISÃO AGRAVADA. SÚMULA Nº 182/STJ. DESPROVIMENTO. 1. Há de se manter a decisão agravada cujos fundamentos não foram especificamente infirmados nas razões do agravo interno (Súmula nº 182/STJ). Precedentes. 2. A configuração do crime de corrupção eleitoral exige a presença do dolo específico, qual seja, obter ou dar voto, conseguir ou prometer abstenção, e que os eleitores corrompidos sejam identificados na denúncia. Precedentes. 3. A realização de bingos, com a distribuição de brindes e pedido de apoio político aos presentes, apesar de não ser conduta legalmente autorizada, não se adéqua ao tipo do art. 299 do Código Eleitoral. 4. As testemunhas arroladas na denúncia, apesar de confirmarem a realização dos eventos dos quais participaram, não afirmaram durante a instrução penal terem aceito ou recebido proposta de doação de vantagem em troca dos seus votos, o que afasta o dolo específico. 5. Agravos regimentais desprovidos e ordem de habeas corpus concedida de ofício para julgar improcedente a ação penal.” (TSE, AgR- REspe nº 445.395, Rel. Min. José Antônio Dias Toffoli, DJE 29/11/2013) RECURSO CRIMINAL. AÇÃO PENAL ELEITORAL. ELEIÇÕES 2010. ART. 299, DO CÓDIGO ELEITORAL. PRELIMINARES PROCESSUAIS AFASTADAS. MÉRITO. CONJUNTO PROBATÓRIO SUFICIENTE PARA O RECONHECIMENTO DO CRIME. ABSOLVIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. PENAS REDIMENSIONADAS. SENTENÇA REFORMADA NESSA EXTENSÃO. RECURSOS PARCIALMENTE PROVIDOS. “O fato de uma denúncia anônima ter servido de base para a expedição de mandado de busca e apreensão não nulifica, por si só, a criticada diligência policial e a prova respectivamente produzida. Ademais, não é informe anônimo que embasou a acusação, mas os elementos de prova apurados no curso da investigação criminal, iniciada com informação policial n2 252/2010 (fls. 07), seguida de mandado de busca e apreensão (fls. 08/12), boletim de ocorrência (fls. 03/06) e informação 256/2010 (fls. 14/15), os quais redundaram na abertura de inquérito policial, instaurado mediante portaria (vide fls. 02). Ressalte-se, a propósito, que o Excelso Supremo Tribunal Federal já firmou jurisprudência no sentido de que denúncia anônima pode deflagrar a persecução penal, desde que esta seja seguida de diligências realizadas para averiguar os fatos nela originariamente noticiados, como é o caso dos autos. Nessa vertente: STF; 2a Turma, AP na 560/SC, Rel. Min. Dias Toffoli, Dje 10.09.2015; 2a Turma, RHC n2 125.392/RJ, Rel. Min. Cármen Lúcia, Dje 20.05.2015; 1a Turma, RHC n2 110436/DF AgR, Rel. Min. Roberto Barroso, Cole 18.11.2014, dentre inúmeros outros.“ “O indeferimento da pergunta formulada à testemunha de acusação Rafael Silva de Oliveira, acerca da forma que se deu a colheita de seu depoimento na fase inquisitorial, não pode implicar no reconhecimento de cerceamento de defesa. Ora, caberia ao interessado fazer consignar seu inconformismo na ata da audiência e, inexistindo tal registro (fls. 257/257vº e 265), não subsiste a possibilidade de reabertura da discussão de referida matéria. É que o artigo 571, inciso VIII, do Código de Processo Penal, determina expressamente que as nulidades ocorrida em audiência deverão ser arguidas logo depois de ocorrerem, sob pena de serem consideradas sanadas, na forma do artigo 572, inciso I, do referido codex. De violação do devido processo legal, pela alegada inobservância do direito de a parte inquirir diretamente as testemunhas, não se cogita. O sistema de inquirição de testemunhas, modificado pela Lei nº 11.690/08, estabeleceu a 'oportunidade de as partes inquirirem diretamente as testemunhas, mas não afastou a intervenção do Magistrado". (TRE-SP, RECURSO CRIMINAL nº 961, Acórdão de 02/02/2016, Relator(a) CLAUDIA LÚCIA FONSECA FANUCCHI, Publicação: DJESP - Diário da Justiça Eletrônico do TRE-SP, Data 11/02/2016) RECURSO CRIMINAL - ARTIGO 299 DO CÓDIGO ELEITORAL – SENTENÇA CONDENATÓRIA - PRELIMINAR DE NULIDADE ARGUIDA POR PELO RECORRENTE GILMAR EM RAZÃO DE SER CIVILMENTE INCAPAZ E TER SIDO OUVIDO NO INQUÉRITO SEM O ACOMPANHAMENTO DE SUA CURADORA - NULIDADE RELATIVA - AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO DE 15 PREJUÍZO - MATÉRIA PRELIMINAR REPELIDA - MÉRITO - DISTRIBUIÇÃO DE VALES COMBUSTÍVEL EM TROCA DA AFIXAÇÃO DE ADESIVOS COM PROPAGANDA ELEITORAL - AUSÊNCIA DE PROVAS SUFICIENTES QUANTO À CONFIGURAÇÃO DOS ILÍCITOS - RECURSOS PROVIDOS PARA ABSOLVER OS RÉUS COM FUNDAMENTO NO ARTIGO 386, VII, DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL.” (RECURSO CRIMINAL nº 40270, Acórdão de 25/08/2015, Relator(a) MÁRIO DEVIENNE FERRAZ, Publicação: DJESP - Diário da Justiça Eletrônico do TRE-SP, Data 03/09/2015) RECURSO CRIMINAL - ART. 299 DO CÓDIGO ELEITORAL - SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA PROVA SUFICIENTE PARA A CONDENAÇÃO. 1. NO CASO EM TELA, O DENUNCIADO AGIU COM DOLO DE ANGARIAR VOTOS AO "EMPRESTAR" SEU NOME A ELEITORES COM RESTRIÇÃO FINANCEIRA, PARA REALIZAR COMPRA DOS MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO EM PERÍODO ELEITORAL. 2. O FATO DE A REPRESENTAÇÃO, A RESPEITO DOS MESMOS, FATOS, TER SIDO JULGADA IMPROCEDENTE, NÃO OBSTA, A PROPOSITURA DA AÇÃO PENAL, TENDO EM VISTA A INDEPENDÊNCIA ENTRE AS ESFERAS CÍVEL-ELEITORAL E A PENAL. PRECEDENTES DO TSE. 3. PROVA TESTEMUNHAL, PRODUZIDA SOB O CRIVO DO CONTRADITÓRIO, DEMONSTROU QUE O RECORRENTE INTERMEDIOU TAL COMPRA DE MATERIAIS A ELEITORES. 4. DESNECESSÁRIO O PEDIDO EXPLÍCITO, BASTANDO A ATUAÇÃO DO CANDIDATO E A EVIDÊNCIA DO ESPECIAL FIM DE ANGARIAR VOTOS. 5. ADEQUADA A FIXAÇÃO DA PENA BASE ACIMA DO LIMITE LEGAL DIANTE DAS CIRCUNSTÂNCIAS E CONSEQUÊNCIAS DO DELITO, INEXISTINDO QUALQUER "BIS IN IDEM". CONFIGURAÇÃO DO TIPO PENAL EM CONTINUIDADE DELITIVA, QUE JUSTIFICA O AUMENTO DE 2/3. MANUTENÇÃO DO VALOR ESTIPULADO NA PENA DE MULTA, PORQUANTO A HIPOSSUFICIÊNCIA DO RECORRENTE NÃO FOI COMPROVADA. 6. RECURSO DESPROVIDO. (TRE-SP, RECURSO CRIMINAL Nº 7349, Acórdão de 03/02/2015, Relator(a) ROBERTO MAIA FILHO, Publicação: DJESP – Diário da Justiça Eletrônico do TRE-SP, Data 12/02/2015) RECURSO CRIMINAL. INÉPCIA DA DENÚNCIA NÃO CONFIGURADA. CORRUPÇÃO ELEITORAL. TRANSPORTE MARÍTIMO GRATUITO DE ELEITORES NA TRAVESSIA ENTRE ILHA GRANDE E ANGRA DOS REIS, NO PERÍODO ELEITORAL. NÃO CONFIGURAÇÃO DO CRIME PREVISTO NO ART. 299 DO CÓDIGO ELEITORAL. AUSÊNCIA DE IDENTIFICAÇÃO DOS ELEITORES, CUJOS VOTOS ESTARIAM SENDO OBJETO DE CORRUPÇÃO ELEITORAL. ATIPICIDADE DA CONDUTA. FATOS QUE CONFIGURAM ABUSO DE PODER POLÍTICO DO ENTÃO PREFEITO, E NÃO CORRUPÇÃO ELEITORAL. RECURSO DESPROVIDO. 1. Da narrativa dos fatos apresentados na denúncia decorre, logicamente, a sua conclusão. As condutas descritas na denúncia configuram, em tese, os ilícitos eleitorais imputados a ambos os recorridos. Imputações que justificaram a instauração de ação penal e a realização de instrução probatória, no curso do processo criminal. Alegação de inépcia da denúncia rejeitada. 2. Com relação aos recorridos, os fatos narrados na denúncia representaram "promessa de campanha", já que o serviço gratuito foi disponibilizado pelo então Prefeito, Fernando Jordão, que não figura no processo, mas foi o responsável pela divulgação do benefício. 3. O crime de corrupção eleitoral pressupõe o oferecimento de vantagens a eleitores, diretamente relacionadas à obtenção do voto dos respectivos beneficiários. Para a caracterização do tipo previsto no art. 299 do Código Eleitoral faz-se impositiva a produção de prova robustapelo Parquet de que a vantagem oferecida a eleitor teria, como contrapartida, a concessão de seu voto em determinada eleição, nos termos da jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE - RespE nº 291 - Petrópolis/RJ - Rel. Min. Maria Thereza Rocha de Assis Moura - DJE 4/3/2015; TSE - RHC nº 142354, Rel. Min. Laurita Vaz - DJE 5.12.2013; TSE - RespE - Ilha Solteira/SP - Rel. Min. Carmen Lúcia Antunes Rocha - DJE 22/11/2013; TSE - RO nº 1522 - São Paulo/SP - Rel. Marcelo Henriques Ribeiro de Oliveira - DJE 10/05/2010). 4. Não foram identificados, dentre os beneficiários do serviço de transporte marítimo gratuito na travessia entre Ilha Grande e Angra dos Reis, eleitores específicos e determinados, o que impossibilita a configuração do crime de corrupção eleitoral, segundo a jurisprudência do e. Tribunal Superior Eleitoral (TSE - AgR-AI nº 749719 - Teresópolis/RJ - Rel. Min. José Antônio Dias Toffoli - DJE 23/02/2015; TSE - HC nº 69358 - Jandira/SP - Rel. Min. 16 José Antônio Dias Toffoli - DJE 09/09/2013; TSE - HC nº 81219 - Miguel Pereira/RJ - Rel. Min. José Antônio Dias Toffoli - DJE 20/03/2013; TSE - HC nº 672 - Jequitinhonha/MG - Rel. Min. Felix Fischer - DJE 24/03/2010). 5. Os fatos comprovados nos autos indicam a prática de grave ilícito cível-eleitoral, possivelmente realizado pelo então Prefeito, Fernando Jordão, além de improbidade administrativa, mas não o crime de corrupção eleitoral, cuja configuração depende de elementos específicos, inexistentes no caso em julgamento. Não há tipicidade penal eleitoral na conduta de conceder, através de terceiro agente público, vantagens a uma coletividade indeterminada de pessoas, ainda que o propósito dos agentes seja o de angariar votos. Trata-se de ilícito cível-eleitoral e administrativo (TRE-RJ - RC: 8010 RJ, Relator: ANA TEREZA BASILIO, Data de Julgamento: 08/06/2015, Data de Publicação: DJERJ - Diário da Justiça Eletrônico do TRE-RJ, Tomo 115, Data 11/06/2015, Página 51/52) RECURSO CRIMINAL APRESENTADO POR DEMÉTRIUS ÍTALO. AÇÃO PENAL ELEITORAL. DENÚNCIA REFERENTE AO CRIME PREVISTO NO ART. 299 DO CÓDIGO ELEITORAL. SENTENÇA CONDENATÓRIA EM RELAÇÃO A ESSE CORRÉU. INCONFORMISMO. PREJUDICIAIS DE INÉPCIA DA DENÚNCIA, CERCEAMENTO DE DEFESA E NULIDADES DA CITAÇÃO, DO INQUÉRITO CIVIL QUE ANTECEDEU A DENÚNCIA A DA PROVA CONSUBSTANCIADA EM GRAVAÇÃO AMBIENTAL. TODAS AFASTADAS. MÉRITO. CONFIGURAÇÃO DO DELITO. INSURGÊNCIA QUANTO À DOSIMETRIA. DESACOLHIMENTO. PREJUDICIAIS AFASTADAS E RECURSO DESPROVIDO. (...). 5. EMBORA O INQUÉRITO CIVIL TENHA POR OBJETIVO, EM PRINCÍPIO, APURAR FATOS QUE PODERÃO ENSEJAR A PROPOSITURA DE AÇÕES DE NATUREZA CIVIL (EXEMPLOS: AÇÃO CIVIL PÚBLICA E AÇÃO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA), POR OUTRO LADO, NÃO HÁ ÓBICE A QUE, CASO POSTERIORMENTE SE ENTENDA HAVER A PRÁTICA DE INFRAÇÃO PENAL, SEJA ELE UTILIZADO COMO SUPORTE PROBATÓRIO DE EVENTUAL AÇÃO PENAL. PRECEDENTES. 6. EM RELAÇÃO AO MÉRITO, ESTÁ SUFICIENTEMENTE DEMONSTRADO QUE O RECORRENTE DEMÉTRIUS ÍTALO, CANDIDATO A VEREADOR E À ÉPOCA PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE SERRA NEGRA, OFERECEU E DEU A RESIDENTES DO SÍTIO SÃO JOSÉ, LOCALIZADO NO BAIRRO TRÊS BARRAS, EM SERRA NEGRA, MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO (PEDRAS) PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA PONTE, BEM COMO COLABOROU PARA QUE UMA MÁQUINA DA PREFEITURA LOCAL FOSSE UTILIZADA NESSA OBRA, SEM A DEVIDA CONTRAPRESTAÇÃO. E FÊ-LO COM ESCOPO DE SENSIBILIZAR E COOPTAR ELEITORES, INCIDINDO, ASSIM, NA FIGURA TÍPICA-PENAL DESCRITA NO ART. 299 DO CÓDIGO ELEITORAL. 7. (...)” (TRE-SP, Recurso criminal nº 100.327, Rel. Silmar Fernandes, DJESP 29/05/2014) RECURSO CRIMINAL. CORRUPÇÃO ELEITORAL (ART. 299 DO CÓDIGO ELEITORAL). ELEITORAS SURPREENDIDAS, NO MOMENTO EM QUE RECEBERIAM DINHEIRO EM TROCA DE VOTOS. TESTEMUNHOS DE DOIS POLICIAIS CIVIS QUE PARTICIPARAM DA AÇÃO E DA PROMOTORA DE JUSTIÇA QUE A COORDENOU. PEQUENAS CONTRADIÇÕES NOS DEPOIMENTOS SÃO DESPREZÍVEIS. PROCEDÊNCIA DA AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO JUDICIAL ELEITORAL QUE APUROU OS MESMOS FATOS. REJEIÇÃO DA PRELIMINAR. RECURSO DESPROVIDO NO MÉRITO. (...) 3. A CORRUPÇÃO ELEITORAL É CRIME QUE PODE SER LEVADO A EFEITO MEDIANTE INTERPOSTA PESSOA. ASSIM SENDO, AFIGURA-SE IRRELEVANTE PERÍCIA GRAFOTÉCNICA EM DOCUMENTO COM OBJETIVO DE COMPROVAR NÃO TER PARTIDO DETERMINADA ASSINATURA DO PUNHO DO PRÓPRIO CANDIDATO SUPOSTAMENTE BENEFICIADO PELO ILÍCITO. PRELIMINAR DE CERCEAMENTO DE DEFESA INDEFERIDA. 4. EXISTÊNCIA DE PEQUENAS CONTRADIÇÕES NOS DEPOIMENTOS PRESTADOS PELAS TESTEMUNHAS DE ACUSAÇÃO PERANTE A AUTORIDADE POLICIAL E EM JUÍZO NÃO TÊM O CONDÃO DE LEVAR À ABSOLVIÇÃO DO RÉU, VEZ QUE OS CRIMES DE COMPRA DE VOTOS SÃO DE DIFÍCIL COMPROVAÇÃO. 5. REJEIÇÃO DA PRELIMINAR E, NO MÉRITO, DESPROVIMENTO DO RECURSO, MANTENDO-SE A SENTENÇA CONDENATÓRIA. (TRE-SP, Recurso criminal nº 96.665, Rel. Luiz Guilherme da Costa Wagner Junior, DJESP 20/03/2014) 17 Corrupção Eleitoral Apuração / Diligências recomendadas 1. Identificação das pessoas envolvidas; 2. Registro da abordagem ou da ocorrência, sempre que possível, por meio audiovisual; 3. Caso tenha sido dado algum bem ou prestado algum serviço para prática do delito, deve-se tentar: 3.1. Obter o registro fotográfico ou filmagem do bem doado; e 3.2. Obter documentos, notas fiscais e recibos de empresas (ou pessoas físicas caso sejam os prestadores de serviços), como lojas de materiais de construção, supermercados, postos de gasolina ou prestadoras de serviços, responsáveis pelo fornecimento do bem ou pela prestação dos serviços; 4. Obtenção de filmagens, fotografias e gravações que comprovem a prática do delito; 5. Identificar se os envolvidos constam como doadores de campanha ou prestadores de serviços contratados por algum candidato; 6. Oitiva das pessoas envolvidas e das testemunhas que possam comprovar os atos delituosos e, sendo o caso, colher seus padrões gráficos; 7. Realização de perícia grafotécnica nos documentos que possam servir de prova; 8. Relato minucioso dos fatos e de suas circunstâncias; e 9. Colher o depoimento, na condição de investigados, daqueles que deram, ofereceram, prometeram, solicitaram ou receberam a vantagem indevida. Coação visando a obtenção de voto ou a abstenção Art. 300. Valer-se o servidor público da sua autoridade para coagir alguém a votar ou não votar em determinado candidato ou partido: Pena - detenção até seis meses e pagamento de 60 a 100 dias-multa. Parágrafo único. Se o agente é membro ou funcionário da Justiça Eleitoral e comete o crime prevalecendo-se do cargo a pena é agravada. Violência ou grave ameaça visando a obtenção de voto ou a abstenção Art. 301. Usar de violência ou grave ameaça para coagir alguém a votar, ou não votar, em determinado candidato ou partido, ainda que os fins visados não sejam conseguidos: Pena - reclusão até quatro anos e pagamento de cinco a quinze dias-multa. Concentração de eleitores para embaraçar ou fraudar o exercício do voto Art. 302. Promover, no dia da eleição, com o fim de impedir, embaraçar ou fraudar o exercício do voto a concentração de eleitores, sob qualquer forma, inclusive o fornecimento gratuito de alimento e transporte coletivo: Pena - reclusão de quatro (4) a seis (6) anos e pagamento de 200 a 300 dias-multa. Majoração de preços de utilidades e serviços necessários à realização das eleições Art. 303. Majorar os preços de utilidades e serviços necessários à realização de eleições, tais como transporte e alimentação de eleitores, impressão, publicidade e divulgação de matéria eleitoral. Pena - pagamento de 250 a 300 dias-multa. Ocultação, sonegação ou recusa de fornecimento de utilidades, alimentos e transporteno dia das eleições Art. 304. Ocultar, sonegar açambarcar ou recusar no dia da eleição o fornecimento, normalmente a todos, de utilidades, alimentação e meios de transporte, ou conceder exclusividade dos mesmos a determinado partido ou candidato: Pena - pagamento de 250 a 300 dias-multa. Intervenção indevida de autoridade junto à mesa receptora Art. 305. Intervir autoridade estranha à mesa receptora, salvo o juiz eleitoral, no seu funcionamento sob qualquer pretexto: Pena - detenção até seis meses e pagamento de 60 a 90 dias-multa. 18 Inobservância da ordem de chamamento dos eleitores para votar Art. 306. Não observar a ordem em que os eleitores devem ser chamados a votar: Pena - pagamento de 15 a 30 dias-multa. Fornecimento ao eleitor de cédula oficial já assinada ou marcada Art. 307. Fornecer ao eleitor cédula oficial já assinalada ou por qualquer forma marcada: Pena - reclusão até cinco anos e pagamento de 5 a 15 dias-multa. Fornecimento de cédula oficial rubricada a destempo Art. 308. Rubricar e fornecer a cédula oficial em outra oportunidade que não a de entrega da mesma ao eleitor. Pena - reclusão até cinco anos e pagamento de 60 a 90 dias-multa. Votação múltipla ou realizada em lugar de outrem Art. 309. Votar ou tentar votar mais de uma vez, ou em lugar de outrem: Pena - reclusão até três anos. Práticas irregulares que determinem a anulação da votação Art. 310. Praticar, ou permitir membro da mesa receptora que seja praticada, qualquer irregularidade que determine a anulação de votação, salvo no caso do Art. 311: Pena - detenção até seis meses ou pagamento de 90 a 120 dias-multa. Votação em seção eleitoral onde não há inscrição ou autorização para votar Art. 311. Votar em seção eleitoral em que não está inscrito, salvo nos casos expressamente previstos, e permitir, o presidente da mesa receptora, que o voto seja admitido: Pena - detenção até um mês ou pagamento de 5 a 15 dias-multa para o eleitor e de 20 a 30 dias-multa para o presidente da mesa. Violação do sigilo do voto Art. 312. Violar ou tentar violar o sigilo do voto: Pena - detenção até dois anos. Omissão na expedição do boletim de apuração Art. 313. Deixar o juiz e os membros da Junta de expedir o boletim de apuração imediatamente após a apuração de cada urna e antes de passar à subseqüente, sob qualquer pretexto e ainda que dispensada a expedição pelos fiscais, delegados ou candidatos presentes: Pena - pagamento de 90 a 120 dias-multa. Parágrafo único. Nas seções eleitorais em que a contagem fôr procedida pela mesa receptora incorrerão na mesma pena o presidente e os mesários que não expedirem imediatamente o respectivo boletim. Omissão no recolhimento das cédulas apuradas, no fechamento e lacração da urna Art. 314. Deixar o juiz e os membros da Junta de recolher as cédulas apuradas na respectiva urna, fechá-la e lacrá-la, assim que terminar a apuração de cada seção e antes de passar à subsequente, sob qualquer pretexto e ainda que dispensada a providência pelos fiscais, delegados ou candidatos presentes: Pena - detenção até dois meses ou pagamento de 90 a 120 dias-multa. Parágrafo único. Nas seções eleitorais em que a contagem dos votos for procedida pela mesa receptora incorrerão na mesma pena o presidente e os mesários que não fecharem e lacrarem a urna após a contagem. Alteração do resutado da votação nos mapas ou boletins de apuração Art. 315. Alterar nos mapas ou nos boletins de apuração a votação obtida por qualquer candidato ou lançar nesses documentos votação que não 19 corresponda às cédulas apuradas: Pena - reclusão até cinco anos e pagamento de 5 a 15 dias-multa. Omissão no recebimento e registro de protestos Art. 316. Não receber ou não mencionar nas atas da eleição ou da apuração os protestos devidamente formulados ou deixar de remetê-los à instância superior: Pena - reclusão até cinco anos e pagamento de 5 a 15 dias-multa. Violação do sigilo da urna ou dos invólucros Art. 317. Violar ou tentar violar o sigilo da urna ou dos invólucros. Pena - reclusão de três a cinco anos. Contagem de votos de eleitores em relação aos quais houve impugnação Art. 318. Efetuar a mesa receptora a contagem dos votos da urna quando qualquer eleitor houver votado sob impugnação (art. 190): Pena - detenção até um mês ou pagamento de 30 a 60 dias-multa. Subscrição de mais de uma ficha de registro de partido Art. 319. Subscrever o eleitor mais de uma ficha de registro de um ou mais partidos: Pena - detenção até 1 mês ou pagamento de 10 a 30 dias-multa. Inscrição simultânea em dois ou mais partidos Art. 320. Inscrever-se o eleitor, simultaneamente, em dois ou mais partidos: Pena - pagamento de 10 a 20 dias-multa. Coleta de assinatura em mais de uma ficha de registro de partido Art. 321. Colher a assinatura do eleitor em mais de uma ficha de registro de partido: Pena - detenção até dois meses ou pagamento de 20 a 40 dias-multa. Divulgação de fatos inverídicos na propaganda eleitoral Art. 323. Divulgar, na propaganda, fatos que sabe inverídicos, em relação a partidos ou candidatos e capazes de exercerem influência perante o eleitorado: Pena - detenção de dois meses a um ano, ou pagamento de 120 a 150 dias-multa. Parágrafo único. A pena é agravada se o crime é cometido pela imprensa, rádio ou televisão. Calúnia na propaganda eleitoral Art. 324. Caluniar alguém, na propaganda eleitoral, ou visando fins de propaganda, imputando-lhe falsamente fato definido como crime: Pena - detenção de seis meses a dois anos, e pagamento de 10 a 40 dias-multa. § 1° Nas mesmas penas incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga. § 2º A prova da verdade do fato imputado exclui o crime, mas não é admitida: I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido, não foi condenado por sentença irrecorrível; II - se o fato é imputado ao Presidente da República ou chefe de governo estrangeiro; III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível. Difamação na propaganda eleitoral Art. 325. Difamar alguém, na propaganda eleitoral, ou visando a fins de propaganda, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação: Pena - detenção de três meses a um ano, e pagamento de 5 a 30 dias-multa. Parágrafo único. A exceção da verdade somente se admite se ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções. 20 Injúria na propaganda eleitoral Art. 326. Injuriar alguém, na propaganda eleitoral, ou visando a fins de propaganda, ofendendo-lhe a dignidade ou o decôro: Pena - detenção até seis meses, ou pagamento de 30 a 60 dias-multa. § 1º O juiz pode deixar de aplicar a pena: I - se o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria; II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria. § 2º Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou meio empregado, se considerem aviltantes: Pena - detenção de três meses a um ano e pagamento de 5 a 20 dias-multa, além das penas correspondentes à violência prevista no Código Penal. Causa de aumento de pena para os crimes de calúnia, difamação e injúria Art. 327. As penas cominadas nos artigos. 324, 325 e 326, aumentam-se de um terço, se qualquer dos crimes é cometido: I - contra o Presidente da República ou chefe de governo estrangeiro; II - contra funcionário público, em razão de suas funções; III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da ofensa. Inutilização, alteração ou perturbação de propaganda Art. 331. Inutilizar, alterar ou perturbar meio de propaganda devidamente empregado: Pena - detenção até seis meses ou pagamento de 90 a 120 dias-multa.
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