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MODULIO IV - SEGURIDADE SOCIAL

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DIREITO PREVIDENCIÁRIO 
Profa. Kalyne Monte 
 
 
MÓDULO IV 
 
PREVIDÊNCIA SOCIAL: REGIMES. SEGURADOS E DEPENDENTES. TRABALHADORES 
EXCLUÍDOS DO REGIME. FILIAÇÃO E INSCRIÇÃO. MANUTENÇÃO E PERDA DA 
QUALIDADE DE SEGURADO 
 
 
1. REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL 
 
 
A PREVIDÊNCIA SOCIAL é organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo 
e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e 
atuarial, e atenderá a: 
 
I - cobertura de eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada; 
II - proteção à maternidade, especialmente à gestante; 
III - proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário; 
IV - salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados 
de baixa renda; e 
V - pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou 
companheiro e dependentes. 
 
A PREVIDÊNCIA SOCIAL compreende três regimes de previdência (Art. 40, 201 e 202 da CF): 
 
a) o Regime Geral de Previdência Social - RGPS; 
b) os Regimes Próprios de Previdência Social – RPPS da União, Estados e 
Municípios, dos servidores públicos e dos militares. 
c) o Regime Complementar de Previdência Social - RCPS, operado pelas entidades 
fechadas (sem fins lucrativos) e por entidades abertas (com fins lucrativos), todos 
autônomos e harmônicos entre si; 
 
• O Regime Geral de Previdência Social - RGPS operado pelo INSS, autarquia 
federal, criada pelo Decreto n. 99.350/90, garante a cobertura de todas as 
situações expressas acima, EXCETO a de desemprego involuntário. Está 
voltado para os trabalhadores em geral e inclusive aqueles regidos pela 
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e nos casos em que o ente da 
federação não tenha instituído regime próprio de previdência, engloba também 
os servidores públicos. 
 
• Os Regimes Próprios de Previdência Social – RPPS´s protegem os servidores 
públicos, cujo ente da federação tenha instituído regime próprio de previdência. A 
instituição desses regimes decorre da competência legislativa concorrente para 
legislar em matéria de previdência social. A União traçou as regras gerais para a 
instituição de regimes próprios na Lei 9.717 de 27/11/1998 e 10.887/2004. 
 
Os Militares de qualquer das Forças Armadas (Exército, Marinha e Aeronáutica) 
observam o regime próprio de previdência social, regido pela Lei 6.880/80 e suas alterações, 
que dispõe sobre o Estatuto dos Militares. 
 
Os Servidores Federais são regidos pela Lei 8.112/90 e suas alterações, que 
também trata de questões previdenciárias. Esses servidores têm regime próprio, de forma que a 
sua contribuição mensal incidirá sobre sua remuneração. A União, autarquias e fundações 
públicas federais participarão do custeio do Plano de Seguridade Social do Servidor por meio: 
a) de contribuição mensal, com recursos do orçamento fiscal, de valor 
idêntico à contribuição de cada servidor; 
b) recursos adicionais, quando necessários, em montante igual à diferença 
entre as despesas relativas ao Plano e as receitas provenientes da 
contribuição dos servidores e da contribuição a que se refere a letra a, 
respeitado o disposto no art. 17 da Lei 8.212. 
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Os Servidores Estaduais e Municipais que adotarem o regime da CLT serão 
regidos pela Lei n. 8212/91 e suas alterações. Quando forem regidos por 
estatuto, seguirão a regra quanto ao sistema previdenciário próprio, utilizando 
à alíquota de 11% (par. 1º. do Art. 149 c/c 203 da CF). 
 
• Os Regimes Complementares são facultativos e estão constituídos pelos 
segmentos aberto e fechado e podem ter natureza pública ou privada. 
Encontram-se disciplinados: no art. 202 da CF/88, regulamentado pelas Leis 
Complementares 108 e 109 de 2001 e art. 40, §§ 14, 15 e 16 da CF/88. 
As entidades de previdência complementar aberta com fins lucrativos não 
podem ser subvencionadas pelo Estado. Em outros termos, não são 
garantidas pelo Estado, que tão-somente fiscaliza o funcionamento destas 
instituições através da Superintendência de Seguros Privados (SUSEP). 
As entidades de previdência complementar fechadas, também chamadas de 
fundo de pensão, podem ser públicas ou privadas. As de natureza pública, 
podem ser instituídas pela União, Estados, Distrito Federal e municípios, 
restritas aos servidores públicos ocupantes de cargo efetivo que sejam 
vinculados a RPPS. 
Já as entidades de previdência complementar fechada e privada são aquelas 
mantidas por uma ou mais empresas de um mesmo grupo econômico, sendo 
beneficiários os funcionários de tais empresa. Nos fundos de pensão, além 
da contribuição do empregado, há também a contribuição da empresa (Ex.: 
Petrus, Celpos, Fachesf, Funcef); 
 
Observações: 
Atualmente administração do Regime Geral de Previdência Social é atribuída ao Ministério da 
Economia, por meio da Secretaria de Previdência Social, sendo exercido pelos órgãos e 
entidades a ele vinculados. 
 
O Plano de Seguridade Social dos Congressistas (PSSC), criado pela Lei nº 9.506/1997, está 
em vigor desde 1º de fevereiro de 1999. Trata-se de um plano de previdência parlamentar de 
participação facultativa. Aquele deputado federal ou senador que não aderir a esse plano 
deverá contribuir ao RGPS ou RPPS que for vinculado. 
 
3. SEGURADOS 
 
➔ Para ser segurado é preciso ter a idade de 16 anos, que é a idade mínima permitida 
para trabalhar (art. 7º., XXXIII da CF). A exceção diz respeito ao aprendiz, que pode 
trabalhar a partir dos 14 anos e ser reconhecido para fins previdenciários. 
➔ Os segurados podem ser divididos em quatro grupos: 
a) Segurados obrigatórios comuns (empregado, empregado doméstico, trabalhador 
avulso); 
b) Segurados obrigatórios individuais (autônomos, equiparados a autônomos, eventuais, 
empresários); 
c) Segurados obrigatórios especiais (produtor rural, pescador artesanal); 
d) Segurados facultativos (dona-de-casa, estudante). 
 
Observação: O aposentado pelo Regime Geral da Previdência Social que estiver 
exercendo ou que voltar a exercer atividade abrangida por este regime é segurado 
obrigatório em relação a essa atividade, ficando sujeito às contribuições previstas na Lei 
8.212/91. 
 
São BENEFICIÁRIOS do Regime Geral de Previdência Social as pessoas físicas classificadas 
como segurados e dependentes. 
 
3.1 SEGURADOS OBRIGATÓRIOS 
 
I - como EMPREGADO (ART. 12 DA LEI 8.212/91): 
 
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a) aquele que presta serviço de natureza urbana ou rural à empresa, em caráter não 
eventual, sob sua subordinação e mediante remuneração, inclusive como diretor 
empregado; 
Observação: 
a. Trabalhador urbano: é a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os 
riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal dos 
serviços do empregado (art. 2º. Da CLT). 
b. Trabalhador rural: é a pessoa física que, em propriedade rural ou prédio rústico, 
presta serviços com continuidade a empregador rural, mediante dependência e 
salário (art. 2º. da Lei .5.889/73). 
c. O atleta profissional de futebol, regido pela lei 6.354/76, é segurado empregado 
da previdência social. A lei 10.220/2001 equiparou o peão de boiadeiro ao atleta 
profissional. 
 
b) aquele que, contratado por empresa de trabalho temporário, definida em legislação 
específica, presta serviço para atender a necessidade transitória de substituição de 
pessoal regular e permanente ou a acréscimo extraordinário de serviços de outras 
empresas; 
 
c) o brasileiro ou estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar como 
empregado em sucursal ou agência de empresa nacional no exterior; 
 
d) aquele que presta serviço no Brasil a missão diplomática ou a repartição consular de 
carreira estrangeira e a órgãos a ela subordinados, ou a membros dessas missões e 
repartições, excluídos o não-brasileiro sem residência permanente no Brasil e o 
brasileiro amparado pela legislação previdenciária do país da respectiva missãodiplomática ou repartição consular; 
 
e) o brasileiro civil que trabalha para a União, no exterior, em organismos oficiais 
brasileiros ou internacionais dos quais o Brasil seja membro efetivo, ainda que lá 
domiciliado e contratado, salvo se segurado na forma da legislação vigente do país do 
domicílio; 
 
f) o brasileiro ou estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar como 
empregado em empresa domiciliada no exterior, cuja maioria do capital votante pertença 
a empresa brasileira de capital nacional; 
 
g) o servidor público ocupante de cargo em comissão, sem vínculo efetivo com a União, 
Autarquias, inclusive em regime especial, e Fundações Públicas Federais; 
 
h) (Execução suspensa pela Resolução do Senado Federal nº 26, de 2005) 
 
i) o empregado de organismo oficial internacional ou estrangeiro em funcionamento no 
Brasil, salvo quando coberto por regime próprio de previdência social; 
 
j) o exercente de mandato eletivo federal, estadual ou municipal, desde que não vinculado 
a regime próprio de previdência social; 
 
 
II - como EMPREGADO DOMÉSTICO: aquele que presta serviço de natureza contínua, 
mediante remuneração, a pessoa ou família, no âmbito residencial desta, em atividade sem 
fins lucrativos; 
 
Observação: A faxineira que vai duas vezes por semana, conforme entendimento do TST, 
não é considerada trabalhadora empregada, mas eventual. Inclui-se como doméstico o 
mordomo, a copeira, a cozinheira, o jardineiro, o motorista. 
 
 
III – como CONTRIBUINTE INDIVIDUAL 
a) a pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade agropecuária, a qualquer 
título, em caráter permanente ou temporário, em área superior a 4 (quatro) 
módulos fiscais; ou, quando em área igual ou inferior a 4 (quatro) módulos fiscais ou 
atividade pesqueira, com auxílio de empregados ou por intermédio de prepostos; ou 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Congresso/ResSF26-05.htm
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ainda nas hipóteses dos §§ 9o e 10 do art. 12 da Lei 8.213/91 com redação dada pela 
Lei nº 11.718/2008. 
 
b) a pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade de extração mineral - 
garimpo, em caráter permanente ou temporário, diretamente ou por intermédio de 
prepostos, com ou sem o auxílio de empregados, utilizados a qualquer título, ainda que 
de forma não contínua; 
 
c) o ministro de confissão religiosa e o membro de instituto de vida consagrada, de 
congregação ou de ordem religiosa; 
 
d) o brasileiro civil que trabalha no exterior para organismo oficial internacional do 
qual o Brasil é membro efetivo, ainda que lá domiciliado e contratado, salvo quando 
coberto por regime próprio de previdência social; 
 
e) o titular de firma individual urbana ou rural, o diretor não empregado e o membro de 
conselho de administração de sociedade anônima, o sócio solidário, o sócio de 
indústria, o sócio gerente e o sócio cotista que recebam remuneração decorrente 
de seu trabalho em empresa urbana ou rural, e o associado eleito para cargo de 
direção em cooperativa, associação ou entidade de qualquer natureza ou finalidade, 
bem como o síndico ou administrador eleito para exercer atividade de direção 
condominial, desde que recebam remuneração; 
 
f) quem presta serviço de natureza urbana ou rural, em caráter eventual, a uma ou 
mais empresas, sem relação de emprego; 
 
g) a pessoa física que exerce, por conta própria, atividade econômica de natureza 
urbana, com fins lucrativos ou não; 
Observação: 
• Diretor Empregado: aquele que, participando ou não do risco econômico do 
empreendimento, seja contratado ou promovido para cargo de direção das sociedades 
anônimas, mantendo as características inerentes à relação de emprego. 
• Diretor não Empregado: aquele que, participando ou não do risco econômico do 
empreendimento, seja eleito, por assembléia geral dos acionistas, para cargo de direção 
das sociedades anônimas, não mantendo as características inerentes à relação de 
emprego. 
• Serviço prestado em caráter não eventual: aquele relacionado direta ou indiretamente 
com as atividades normais da empresa 
 
 
IV - como TRABALHADOR AVULSO: ART. 12 DA LEI 8212/91: aquele que, sindicalizado ou 
não, presta serviço de natureza urbana ou rural, a diversas empresas, SEM VÍNCULO 
EMPREGATÍCIO, com a intermediação obrigatória do órgão gestor de mão-de-obra, ou do 
sindicato da categoria, assim considerados: 
a) o trabalhador que exerce atividade portuária de capatazia, estiva, conferência e conserto 
de carga, vigilância de embarcação e bloco; 
b) o trabalhador de estiva de mercadorias de qualquer natureza, inclusive carvão e minério; 
c) o trabalhador em alvarenga (embarcação para carga e descarga de navios); 
d) o amarrador de embarcação; 
e) o ensacador de café, cacau, sal e similares; 
f) o trabalhador na indústria de extração de sal; 
g) o carregador de bagagem em porto; 
h) o prático de barra em porto; 
i) o guindasteiro; e 
j) o classificador, o movimentador e o empacotador de mercadorias em portos; 
V - como SEGURADO ESPECIAL: a pessoa física residente no imóvel rural ou em aglomerado 
urbano ou rural próximo a ele que, individualmente ou em regime de economia familiar, ainda 
que com o auxílio eventual de terceiros a título de mútua colaboração, na condição de: 
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 a) produtor, seja proprietário, usufrutuário, possuidor, assentado, parceiro ou meeiro 
outorgados, comodatário ou arrendatário rurais, que explore atividade: 
1. agropecuária em área de até 4 (quatro) módulos fiscais; ou 
2. de seringueiro ou extrativista vegetal que exerça suas atividades e faça dessas 
atividades o principal meio de vida; 
b) pescador artesanal ou a este assemelhado, que faça da pesca profissão habitual ou 
principal meio de vida; e 
c) cônjuge ou companheiro, bem como filho maior de 16 (dezesseis) anos de idade ou a este 
equiparado, do segurado de que tratam as alíneas a e b deste inciso, que, comprovadamente, 
trabalhem com o grupo familiar respectivo. 
Observações: 
 
• Regime de economia familiar: a atividade em que o trabalho dos membros da 
família é indispensável à própria subsistência e ao desenvolvimento 
socioeconômico do núcleo familiar e é exercido em condições de mútua 
dependência e colaboração, sem a utilização de empregados permanentes. 
 
• O garimpeiro não é considerado segurado especial, ele passou a ser 
equiparado a trabalhador autônomo e, consequentemente, é contribuinte 
individual; 
 
• O exercício de atividade remunerada SUJEITA A FILIAÇÃO OBRIGATÓRIA 
ao Regime Geral de Previdência Social. 
 
• Aquele que exerce, concomitantemente, mais de uma atividade remunerada 
sujeita ao Regime Geral de Previdência Social É OBRIGATORIAMENTE 
FILIADO em relação a cada uma dessas atividades; 
 
• O aposentado pelo Regime Geral de Previdência Social–RGPS que estiver 
exercendo ou que voltar a exercer atividade abrangida por este Regime é 
segurado obrigatório em relação a essa atividade, ficando sujeito às 
contribuições de que trata a Lei nº 8.212/91, para fins de custeio da Seguridade 
Social. 
 
• O dirigente sindical mantém, durante o exercício do mandato eletivo, o mesmo 
enquadramento no Regime Geral de Previdência Social-RGPS de antes da 
investidura. 
 
• Para serem considerados segurados especiais, o cônjuge ou companheiro e 
os filhos maiores de 16 (dezesseis) anos ou os a estes equiparados deverão 
ter participação ativa nas atividades rurais do grupo familiar. 
 
• O grupo familiar poderá utilizar-se de empregados contratados por prazo 
determinado ou de trabalhador de que trata a alínea g do inciso V do caput do 
art. 11 da Lei 8.213/91, em épocas de safra, à razão de, no máximo, 120 (cento e 
vinte) pessoas/dia no ano civil, em períodos corridos ou intercalados ou, ainda, 
por tempo equivalente em horas de trabalho.• Não descaracteriza a condição de segurado especial: 
I – a outorga, por meio de contrato escrito de parceria, meação ou comodato, de até 
50% (cinqüenta por cento) de imóvel rural cuja área total não seja superior a 4 
(quatro) módulos fiscais, desde que outorgante e outorgado continuem a exercer a 
respectiva atividade, individualmente ou em regime de economia familiar; 
II – a exploração da atividade turística da propriedade rural, inclusive com 
hospedagem, por não mais de 120 (cento e vinte) dias ao ano; 
III – a participação em plano de previdência complementar instituído por entidade 
classista a que seja associado em razão da condição de trabalhador rural ou de 
produtor rural em regime de economia familiar; e 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8212cons.htm
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IV – ser beneficiário ou fazer parte de grupo familiar que tem algum componente que 
seja beneficiário de programa assistencial oficial de governo; 
V – a utilização pelo próprio grupo familiar, na exploração da atividade, de processo 
de beneficiamento ou industrialização artesanal, na forma do § 11 do art. 25 da Lei 
no 8.212/91; e 
VI – a associação em cooperativa agropecuária. 
 
• Não é segurado especial o membro de grupo familiar que possuir outra fonte de 
rendimento, exceto se decorrente de: 
I – benefício de pensão por morte, auxílio-acidente ou auxílio-reclusão, cujo valor 
não supere o do menor benefício de prestação continuada da Previdência Social; 
II – benefício previdenciário pela participação em plano de previdência 
complementar instituído nos termos do inciso IV do § 8o do art. 11 da Lei 8.213/91, 
com redação dada pela Lei 11718/2008; 
III – exercício de atividade remunerada em período de entressafra ou do defeso, não 
superior a 120 (cento e vinte) dias, corridos ou intercalados, no ano civil, observado 
o disposto no § 13 do art. 12 da Lei no 8.212/91 
IV – exercício de mandato eletivo de dirigente sindical de organização da categoria 
de trabalhadores rurais; 
V – exercício de mandato de vereador do Município em que desenvolve a atividade 
rural ou de dirigente de cooperativa rural constituída, exclusivamente, por segurados 
especiais, observado o disposto no § 13 do art. 12 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 
1991; 
VI – parceria ou meação outorgada na forma e condições estabelecidas no inciso I 
do § 8o deste artigo; 
VII – atividade artesanal desenvolvida com matéria-prima produzida pelo respectivo 
grupo familiar, podendo ser utilizada matéria-prima de outra origem, desde que a 
renda mensal obtida na atividade não exceda ao menor benefício de prestação 
continuada da Previdência Social; e 
VIII – atividade artística, desde que em valor mensal inferior ao menor benefício de 
prestação continuada da Previdência Social. 
 
• O segurado especial fica excluído dessa categoria: 
I – a contar do primeiro dia do mês em que: 
✓ deixar de satisfazer as condições estabelecidas no inciso VII do caput 
deste artigo, sem prejuízo do disposto no art. 15 da Lei 8.213/91, ou 
exceder qualquer dos limites estabelecidos no inciso I do § 8o do art. 11 
desta Lei ; 
✓ se enquadrar em qualquer outra categoria de segurado obrigatório do 
Regime Geral de Previdência Social, ressalvado o disposto nos incisos 
III, V, VII e VIII do § 9o do art. 11 da Lei 8.213/91, sem prejuízo do 
disposto no art. 15 desta Lei; e 
✓ tornar-se segurado obrigatório de outro regime previdenciário; 
 
II – a contar do primeiro dia do mês subseqüente ao da ocorrência, quando o grupo 
familiar a que pertence exceder o limite de: 
✓ utilização de terceiros na exploração da atividade a que se refere o § 7o 
do art. 11 da L 8.213/91; 
✓ dias em atividade remunerada estabelecidos no inciso III do § 9o do art. 
11 da L 8.213/91 e 
✓ dias de hospedagem a que se refere o inciso II do § 8o do art. 11 da L 
8.213/91. 
 
• Auxílio eventual de terceiros: o que é exercido ocasionalmente, em condições 
de mútua colaboração, não existindo subordinação nem remuneração. 
 
 
3.2 SEGURADO FACULTATIVO: É a pessoa física que não tem obrigação legal de recolher a 
contribuição previdenciária, mas o faz para poder contar tempo de contribuição. 
 
a) a dona-de-casa; 
b) o síndico de condomínio, quando não remunerado; 
c) o estudante; 
d) o brasileiro que acompanha cônjuge que presta serviço no exterior; 
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e) aquele que deixou de ser segurado obrigatório da previdência social, como 
desempregado; 
f) O titular ou suplente em exercício de mandato eletivo federal, estadual, distrital ou 
municipal, quando não esteja vinculado a qualquer regime de previdência social; 
g) o membro de conselho tutelar, quando não esteja vinculado a qualquer regime de 
previdência social (art. 132 da Lei 8.069/90); 
h) o bolsista e o estagiário que prestam serviços a empresa de acordo com a Lei 
6.494/77; 
i) o bolsista que se dedique em tempo integral a pesquisa, curso de especialização, 
pós graduação, mestrado ou doutorado, no Brasil ou no exterior, desde que não 
esteja vinculado a qualquer regime de previdência social; 
j) o presidiário que não exerce atividade remunerada nem esteja vinculado a qualquer 
regime de previdência social; e 
k) o brasileiro residente ou domiciliado no exterior, salvo se filiado a regime 
previdenciário de país com o qual o Brasil mantenha acordo internacional (Portaria 2.795 
de 22/01/1995 do Ministério da Previdência e Assistência Social. 
 
Observações: 
• O art. 14 da Lei 8.212/91 e o art. 13 da Lei 8.213/91 estabelecem como idade 
mínima para a filiação facultativa 14 anos. Contudo com a EC 20/98, a idade mínima 
para trabalhar e , portanto, tornar-se segurado obrigatório, passou a ser de 16 anos, 
salvo na condição de menor aprendiz. 
 
• É vedada a filiação ao Regime Geral de Previdência Social, na qualidade de 
segurado facultativo, de pessoa participante de regime próprio de previdência 
social, salvo na hipótese de afastamento sem vencimento e desde que não 
permitida, nesta condição, contribuição ao respectivo regime próprio. 
 
• O Segurado facultativo pode não exercer atividade e até não ter remuneração; 
 
• O Servidor público ou militar da União, do Estado, do Distrito Federal ou do 
Município, bem como o das respectivas autarquias e fundações, sujeito a regime 
próprio de previdência social, inclusive aquele que sofreu alteração de regime 
jurídico, ficam impedidos de filiar-se na qualidade de segurados facultativos, exceto 
os brasileiros que acompanham cônjuge para prestar serviços no exterior e os 
bolsistas-pesquisadores. 
 
Em Resumo: Não podem ser segurado facultativo: menor de 16 anos e segurados vinculados a 
outro regime de previdência. 
 
3.3 TRABALHADORES EXCLUÍDOS DO REGIME GERAL 
 
São todos aqueles que, dispondo de Regime Próprio de Previdência Privada, não são 
abrangidos pela Previdência Social: 
 
• os servidores públicos federais, estaduais e municipais (os chamados 
servidores estatutários); 
 
• os militares; 
 
Observação: Caso o servidor ou o militar venham a exercer, concomitantemente, uma ou mais 
atividades abrangidas pelo Regime Geral de Previdência Social, tornar-se-ão segurados 
obrigatórios em relação a essas atividades (Art. 13 da Lei 8213/91). 
 
4. FILIAÇÃO E INSCRIÇÃO 
 
4.1. Da Filiação 
 
Filiação do Segurado é o vínculo que se estabelece entre pessoas que contribuem para a 
previdência social e esta, do qual decorrem direitos e obrigações. 
 
A filiação à previdência social DECORRE AUTOMATICAMENTE do exercício de atividade 
remunerada para os segurados obrigatórios e da inscrição formalizada com o pagamento 
da primeira contribuição para o segurado facultativo. Da Inscrição 
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4.2. Inscrição do Segurado: 
 
É o ato administrativo no qual o segurado É CADASTRADO no Regime Geral de Previdência 
Social, mediante comprovaçãodos dados pessoais e de outros elementos necessários e úteis a 
sua caracterização, na seguinte forma: 
 
a) empregado e trabalhador avulso - pelo preenchimento dos documentos que os 
habilitem ao exercício da atividade, formalizado pelo contrato de trabalho, no caso de 
empregado, e pelo cadastramento e registro no sindicato ou órgão gestor de mão-de-
obra, no caso de trabalhador avulso; 
 
b) empregado doméstico - pela apresentação de documento que comprove a existência 
de contrato de trabalho; 
 
c) contribuinte individual - pela apresentação de documento que caracterize a sua 
condição ou o exercício de atividade profissional, liberal ou não; 
 
d) segurado especial - pela apresentação de documento que comprove o exercício de 
atividade rural; e 
 
e) facultativo - pela apresentação de documento de identidade e declaração expressa de 
que não exerce atividade que o enquadre na categoria de segurado obrigatório. 
 
Observações: 
 
• A inscrição do segurado empregado e do trabalhador avulso será efetuada diretamente 
na empresa, sindicato ou órgão gestor de mão-de-obra e a dos demais no Instituto 
Nacional do Seguro Social. 
 
• A inscrição do segurado em qualquer categoria exige a idade mínima de dezesseis 
anos. 
 
• Todo aquele que exercer, concomitantemente, mais de uma atividade remunerada 
sujeita ao Regime Geral de Previdência Social será obrigatoriamente inscrito em relação 
a cada uma delas. 
 
• Presentes os pressupostos da filiação, admite-se a inscrição post mortem do segurado 
especial. 
 
• A comprovação dos dados pessoais e de outros elementos necessários e úteis à 
caracterização do segurado poderá ser exigida quando da concessão do benefício. 
 
• A inscrição do segurado especial será feita de forma a vinculá-lo ao seu respectivo 
grupo familiar e conterá, além das informações pessoais, a identificação da forma do 
exercício da atividade, se individual ou em regime de economia familiar; da condição no 
grupo familiar, se titular ou componente; do tipo de ocupação do titular de acordo com 
tabela do Código Brasileiro de Ocupações; da forma de ocupação do titular vinculando-o 
à propriedade ou embarcação em que trabalha, da propriedade em que desenvolve a 
atividade, se nela reside ou o município onde reside e, quando for o caso, a identificação 
e inscrição da pessoa responsável pelo grupo familiar. 
 
• O segurado especial integrante de grupo familiar que não seja proprietário do imóvel 
rural ou da embarcação em que desenvolve sua atividade deve informar, no ato da 
inscrição, conforme o caso, o nome e o CPF do parceiro ou meeiro outorgante, 
arrendador, comodante ou assemelhado. 
 
• A inscrição como segurado facultativo é, portanto, uma opção para pessoas que perdem 
o vínculo de emprego e querem manter a sua condição de segurado. 
 
• O tempo de filiação pode ser maior do que o tempo de contribuição. 
o Ex.: auxílio–doença. 
 
4.2.1. Inscrição dos Dependentes 
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Considera-se inscrição de dependente, para os efeitos da previdência social, o ato pelo qual o 
segurado o qualifica perante ela e decorre da apresentação de: 
 
I - para os dependentes preferenciais: 
a) cônjuge e filhos - certidões de casamento e de nascimento; 
b) companheira ou companheiro - documento de identidade e certidão de 
casamento; 
c) equiparado a filho - certidão judicial de tutela e, em se tratando de enteado, 
certidão de casamento do segurado e de nascimento do dependente; 
II - pais - certidão de nascimento do segurado e documentos de identidade dos 
mesmos; 
III - irmão - certidão de nascimento 
 
 
4.2.2. Da Matrícula : 
 
É a inscrição da pessoa jurídica junto ao INSS, que ocorre simultaneamente com a inscrição no 
CNPJ ou no prazo de 30 dias a contar do início de suas atividades (quando não estiver sujeita a 
inscrição no CNPJ). 
 
No caso de obra de construção civil é obrigatória a apresentação de comprovante de matrícula 
no INSS ao órgão municipal para fornecimento de alvará de licenciamento para construção, 
reforma ou acréscimo de edificação. 
 
 
5. AQUISIÇÃO, MANUTENÇÃO E PERDA DA QUALIDADE DE SEGURADO 
 
Adquire-se a qualidade de segurado pelo exercício da atividade que determina 
vinculação à previdência social ou pela inscrição e recolhimento das contribuições no caso de 
segurado facultativo. Em uma palavra, aquisição da qualidade de segurado equivale à filiação. 
No momento em que o cidadão se filia à previdência, adquiriu a qualidade de segurado, o que 
implicará recolhimento de contribuições. A falta do recolhimento das contribuições terá 
conseqüências diversas conforme a espécie de segurado, como adiante se verá. 
 
Em linha de princípio, então, o segurado manterá essa qualidade enquanto estiver 
recolhendo as contribuições. 
 
Cessando o recolhimento das contribuições, a tendência é de que o segurado perca 
esta qualidade. O artigo 15 da Lei 8.213/91, prevê, porém, o denominado “período de graça”, 
durante o qual o segurado mantém esta qualidade independentemente do recolhimento de 
contribuições. Assim é que, sobrevindo o evento no curso do período de graça, ainda estará o 
segurado protegido. 
 
“Art. 15. Mantém a qualidade de segurado, independentemente de contribuições: 
 I - sem limite de prazo, quem está em gozo de benefício; 
 II - até 12 (doze) meses após a cessação das contribuições, o segurado que 
deixar de exercer atividade remunerada abrangida pela Previdência Social ou estiver 
suspenso ou licenciado sem remuneração; 
 III - até 12 (doze) meses após cessar a segregação, o segurado acometido de 
doença de segregação compulsória; 
 IV - até 12 (doze) meses após o livramento, o segurado retido ou recluso; 
 V - até 3 (três) meses após o licenciamento, o segurado incorporado às Forças 
Armadas para prestar serviço militar; 
 VI - até 6 (seis) meses após a cessação das contribuições, o segurado 
facultativo. 
 
 § 1º O prazo do inciso II será prorrogado para até 24 (vinte e quatro) meses se o 
segurado já tiver pago mais de 120 (cento e vinte) contribuições mensais sem 
interrupção que acarrete a perda da qualidade de segurado. 
 
 § 2º Os prazos do inciso II ou do § 1º serão acrescidos de 12 (doze) meses para o 
segurado desempregado, desde que comprovada essa situação pelo registro no órgão 
próprio do Ministério do Trabalho e da Previdência Social. 
Direito Previdenciário 
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 § 3º Durante os prazos deste artigo, o segurado conserva todos os seus direitos 
perante a Previdência Social. 
 . 
 § 4º A perda da qualidade de segurado ocorrerá no dia seguinte ao do término do 
prazo fixado no Plano de Custeio da Seguridade Social para recolhimento da 
contribuição referente ao mês imediatamente posterior ao do final dos prazos fixados 
neste artigo e seus parágrafos. 
 
No caso do inciso I do artigo 15, manterá o segurado a qualidade tendo estado 
efetivamente em gozo de benefício ou comprovando que deveria ter recebido benefício por 
estar incapacitado, uma vez que “Não perde a qualidade de segurado quem deixou de contribuir 
para a previdência social em decorrência de moléstia incapacitante para o trabalho.” (TRF da 4ª 
R., AC nº 95.04.09001-0/RS, Rel. Juiz Nylson Paim de Abreu, 6ª T., DJU 26.3.97, p. 18385) 
 
Exemplificando, imagine-se que o segurado fique impossibilitado de exercer suas 
atividades habituais seis meses após ter rescindido seu último contrato de trabalho. Nesse 
caso, ainda fará jus ao auxílio-doença, apesar de não estar contribuindo quando sobreveio o 
evento. 
 
Veja-se, a propósito do tema, o artigo 102, p. 1, Lei 8.213/91, segundo o qual “a perda 
da qualidade de segurado importa em caducidade dos direitos inerentes a essa qualidade”. 
Entretanto, no § 1º deste artigo há uma ressalva para a concessão de aposentadoria ao 
segurado, que apesar da perda da qualidade, tenha preenchidos todos os requisitos, segundoa 
legislação em vigor à época em que estes requisitos foram atendidos. 
 
No caso de pensão por morte aos dependentes do segurado que falecer após a perda 
desta qualidade, nos termos do art. 15 da Lei 8.213/91, deve-se observar se foram preenchidos 
os requisitos para obtenção da aposentadoria ao segurado falecido, pois neste caso será 
concedida a pensão, com base nos §§ 1º e 2º do referido artigo 102. 
 
Interessante ainda referir a hipótese de suspensão da qualidade de segurado 
introduzida pela Lei nº 8.870/94, que acrescentou o § 7º ao artigo 25 da Lei 8.212/91, no caso 
de omissão na entrega da Declaração Anual das Operações de Venda por parte do produtor 
rural equiparado a autônomo ou segurado especial. Nesse caso, tem-se que a suspensão da 
qualidade não importará perda do direito ao benefício caso sobrevenha o evento durante o 
período da suspensão. Apenas não se pagará o benefício até o cumprimento da obrigação 
tributária acessória consistente na entrega da declaração de venda. 
 
5.2. Dependentes 
 
Os dependentes estão arrolados no artigo 16 da Lei de Benefícios (Lei 8.213/91), 
divididos em classes. 
 
Art.16 - São beneficiários do Regime Geral de Previdência Social, na condição de 
dependentes do segurado: 
 I - o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não emancipado, de qualquer 
condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido; 
 II - os pais; 
 III - o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou 
inválido; 
 
§ 1º A existência de dependente de qualquer das classes deste artigo exclui do direito 
às prestações os das classes seguintes. 
§ 2º O enteado e o menor tutelado equiparam-se a filho mediante declaração do 
segurado e desde que comprovada a dependência econômica na forma estabelecida no 
Regulamento. 
§ 3º Considera-se companheira ou companheiro a pessoa que, sem ser casada, 
mantém união estável com o segurado ou com a segurada, de acordo com o § 3º do art. 
226 da Constituição Federal. 
§ 4º A dependência econômica das pessoas indicadas no inciso I é presumida e a 
das demais deve ser comprovada. 
 
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A primeira classe (inc. I) compreende o cônjuge, a companheira ou companheiro, o 
filho não emancipado menor de vinte e um anos ou inválido e os equiparados a filho (§ 2º), ou 
seja: enteado, menor sob guarda por determinação judicial, menor sob tutela que não possua 
condições para seu próprio sustento e educação. A segunda classe arrola os genitores. A 
terceira, o irmão não emancipado, menor de vinte e um anos ou inválido. Na redação originária 
a lei previa, na quarta classe, a figura da pessoa designada, suprimida pela Lei nº 9.032, de 28 
de abril de 1995. 
 
Cônjuge 
 
Cônjuges são o marido e a mulher, unidos pelo casamento. A novidade aqui fica por 
conta da extensão da qualidade de dependente ao marido, quando no regime anterior somente 
o marido inválido ostentava tal qualidade. Com o advento da Constituição de 1988 e a 
equiparação de homens e mulheres em direitos e obrigações (art. 5º, I), a discriminação em 
relação ao varão passou a ser incompatível com a Lei Maior. 
 
Com relação aos cônjuges, interessante referir os efeitos separação ou divórcio sobre 
a qualidade de dependente. 
 
Em caso de separação - seja judicial ou de fato – bem como de divórcio, o fator 
determinante para a manutenção da qualidade de dependente, pelo sistema da lei, será o 
recebimento ou não de alimentos por conta da separação ou divórcio. Com efeito, o cônjuge 
mantém a qualidade de dependente mesmo após separado ou divorciado, desde que receba 
alimentos por conta da separação ou divórcio, como deflui da leitura dos arts. 17, § 2º e 76, § 
2º. Pela utilização do argumento a contrário, a conclusão é de que, pelo sistema da lei, a 
separação judicial ou divórcio sem direito a alimentos implica perda da qualidade de 
dependente. 
 
Com relação à separação de fato, a conclusão é idêntica. Com efeito, o § 1º do artigo 
76 da LBPS menciona o cônjuge ausente, para condicionar a concessão de pensão, nesse 
caso, à prova de dependência econômica, a qual usualmente é presumida para os dependentes 
da primeira classe, de acordo com o § 4º do artigo 16. O cônjuge ausente, aqui, é o separado 
de fato, não se cuidando do ausente da lei civil, tal como regulado nos artigos 463 e ss. do 
Código Civil. Para a mesma conclusão aponta o § 2º do mesmo artigo 76. 
 
Todavia, nos termos da Súmula 64 do Tribunal Federal de Recursos "A mulher que 
dispensou, no acordo de desquite, a prestação de alimentos, conserva, não obstante, o direito à 
pensão decorrentes do óbito do marido, desde que comprovada a necessidade do benefício." 
 
A idéia, presente em todos os dispositivos,é a da necessidade. A pensão é benefício 
que substitui o provedor da família. Assim, haverá direito a pensão quando o cônjuge vivia com 
o segurado ou quando, apesar de com ele não mais conviver, receber ou tiver direito a receber 
pensão decorrente do direito de família. 
 
Companheiro e Companheira 
 
Segundo o § 3º do art. 16 da LBPS, "Considera-se companheira ou companheiro a 
pessoa que, sem ser casada, mantém união estável com o segurado ou com a segurada, de 
acordo com o § 3º do artigo 226 da Constituição Federal." O § 6º do art. 13 do RBPS conceitua 
a união estável como aquela verificada entre o homem e a mulher como entidade familiar, 
quando forem solteiros, separados judicialmente, divorciados ou viúvos, ou tenham prole em 
comum, enquanto não se separarem. A Lei nº 9.278, de 10 de maio de 1996, que regula o 
dispositivo constitucional acima referido, reconhece como entidade familiar a convivência 
duradoura, pública e contínua, de um homem e uma mulher, estabelecida com o objetivo de 
constituição de família. 
 
Não há, então, exigência de um prazo mínimo de convivência. A existência ou não de 
união estável será aferida pelo administrador ou pelo Juiz diante do requerimento do 
interessado. A idéia, porém, é de reconhecimento do instituto diante de um casal que viva como 
se casados fossem. 
 
A comprovação da existência de união estável se fará por qualquer meio de prova 
admitido em direito, não valendo aqui à restrição à prova exclusivamente testemunhal que o § 
2º do artigo 55 faz exclusivamente para a comprovação do tempo de serviço. O artigo 19 do 
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RBPS enumera, porém, diversos documentos utilizáveis para comprovação da união estável, o 
que deve ser entendido como mera exemplificação. 
 
O companheiro e a companheira perderão a qualidade de segurado pela cessação da 
convivência, a não ser que tenha sido reconhecido o direito à percepção de alimentos (RBPS, 
art. 14, II). 
 
Já é antigo na jurisprudência o reconhecimento do direito da companheira. Aliás, o 
Tribunal Federal de Recursos firmou, através da Súmula 159, o entendimento de que "É 
legítima a divisão da pensão previdenciária entre a esposa e a companheira, atendidos os 
requisitos exigidos." 
 
Quanto ao companheiro, assim como o marido não-inválido, somente teve seu direito 
reconhecido a partir do advento da Constituição Federal de 1988 e, no plano infra 
constitucional, com a edição da Lei nº 8.213/91. 
 
A cessação do convívio deverá se tratada nos mesmos moldes do término da relação 
conjugal. Se ao tempo do óbito a relação havia cessado, sem que o convivente sobrevivente 
estivesse recebendo pensão alimentícia por conta da cessação do convívio, não há que falar 
em pensão previdenciária. Do contrário, ou seja, se havia pensão alimentícia, estará mantida a 
qualidade de segurado e haverá direito à pensão previdenciária, a qual substituirá o ingresso 
que era feito pelo segurado falecido. 
 
Filho 
 
Os filhos são considerados dependentes até a idade de vinte e um anos, quando 
saudáveis, ou até cessar a invalidez, quando inválidos, desde que não sejam emancipados. Por 
imposição constitucional (art. 227, § 4º) os filhos, havidos ounão da relação do casamento, ou 
por adoção, terão os mesmos direitos previdenciários. Assim é que também o pai e o irmão por 
adoção terão os mesmos direitos dos naturais. 
 
Equiparados a filho 
 
O § 2º do artigo 16, em sua redação originária, equiparava a filho o enteado, o menor 
sob guarda e o menor sob tutela do segurado. Enteado é o filho do cônjuge ou companheiro 
com terceiro, mas que convive com o segurado. 
 
A guarda, nos termos dos artigos 33 e ss. do Estatuto da Criança e do Adolescente 
(Lei nº 8.069, de 13.7.90) é uma das modalidades de colocação em família substituta, ao lado 
da tutela e da adoção. Segundo o artigo 33 A guarda obriga à prestação de assistência 
material, moral e educacional à criança ou adolescente, conferindo a seu detentor o direito de 
opor-se a terceiros, inclusive aos pais. (caput); destinando-se, principalmente, a regularizar a 
posse de fato (§ 1º), e conferindo à criança ou adolescente a condição de dependente, para 
todos os fins e efeitos de direito, inclusive previdenciários (§ 3º). Em virtude desse dispositivo 
do ECA, tenho que a nova redação dada ao § 2º do artigo 16 pela Lei n.º 9.528/97, cuja origem 
remonta a Medida Provisória nº 1.523/96, não teve o efeito de excluir o menor sob guarda do rol 
dos dependentes previdenciários. 
 
A tutela é outra modalidade de colocação em família substituta, destinando-se 
principalmente à preservação dos bens do órfão. Nos termos do parágrafo único do artigo 36 do 
ECA pressupõe a prévia decretação da perda ou suspensão do pátrio poder e implica 
necessariamente o dever de guarda. Como se vê, a tutela é um plus em relação a guarda, já 
que esta não requer a perda do pátrio poder. 
 
Em conclusão, os equiparados a filhos devem comprovar a dependência econômica, e 
o fazendo concorrem em igualdade de condições com os beneficiários descritos no inciso I do 
art. 16. 
Classes 
 
Cada um dos incisos do artigo 16 corresponde a uma classe de segurados. A 
existência de dependentes da primeira classe exclui do direito às prestações aqueles da 
segunda, e assim sucessivamente (art. 16, § 1º). Assim, ainda que dependessem do segurado 
falecido seu cônjuge e sua mãe, apenas aquele terá direito à pensão. 
 
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A diferenciação entre as classes se dá também no que diz com a dependência 
econômica, presumida para os dependentes da primeira classe (§ 4º do art. 16). Para alguns, 
esta presunção é absoluta - não se admitindo prova em contrário1, devendo ser provada para 
as demais. Entretanto, em face do disposto nos artigos 17, § 2º, e 76, § 2º, parece-nos que a 
própria lei relativiza esta presunção na hipótese de separação de fato ou de direito, ou do 
divórcio, quando o cônjuge ausente, ou seja, afastado do lar conjugal, deverá comprovar a 
dependência econômica para fazer jus aos benefícios. 
 
PERDA DA QUALIDADE DE DEPENDENTE 
 
Art.17, Decreto 3.048/99 - A perda da qualidade de dependente ocorre: 
 
 I - para o cônjuge, pela separação judicial ou divórcio, enquanto não lhe for assegurada a 
prestação de alimentos, pela anulação do casamento, pelo óbito ou por sentença judicial 
transitada em julgado; 
 II - para a companheira ou companheiro, pela cessação da união estável com o segurado ou 
segurada, enquanto não lhe for garantida a prestação de alimentos; 
 III - para o filho e o irmão, de qualquer condição, ao completarem vinte e um anos de idade, 
salvo se inválidos, ou pela emancipação, ainda que inválido, exceto, neste caso, se a 
emancipação for decorrente de colação de grau científico em curso de ensino superior; e 
 IV - para os dependentes em geral: 
 a) pela cessação da invalidez; ou 
 b) pelo falecimento. 
 
 
Conforme o art. 22 do Decreto 3.048/99, “A inscrição do dependente do segurado será 
promovida quando do requerimento do benefício a que tiver direito, mediante a 
apresentação dos seguintes documentos: 
 
 I - para os dependentes preferenciais: 
a) cônjuge e filhos - certidões de casamento e de nascimento; 
b) companheira ou companheiro - documento de identidade e certidão de casamento com 
averbação da separação judicial ou divórcio, quando um dos companheiros ou ambos já 
tiverem sido casados, ou de óbito, se for o caso; e 
c) equiparado a filho - certidão judicial de tutela e, em se tratando de enteado, certidão de 
casamento do segurado e de nascimento do dependente; 
 
II - pais - certidão de nascimento do segurado e documentos de identidade dos mesmos; e 
 
III - irmão - certidão de nascimento.” 
 
• Para comprovação do vínculo e da dependência econômica, conforme o caso, 
devem ser apresentados no mínimo três dos seguintes documentos: 
 
 I - certidão de nascimento de filho havido em comum; 
 II - certidão de casamento religioso; 
 III - declaração do imposto de renda do segurado, em que conste o interessado como seu 
dependente; 
 IV - disposições testamentárias; 
 VI - declaração especial feita perante tabelião; 
 VII - prova de mesmo domicílio; 
 VIII - prova de encargos domésticos evidentes e existência de sociedade ou comunhão 
nos atos da vida civil; 
 IX - procuração ou fiança reciprocamente outorgada; 
 X - conta bancária conjunta; 
 XI - registro em associação de qualquer natureza, onde conste o interessado como 
dependente do segurado; 
 XII - anotação constante de ficha ou livro de registro de empregados; 
 XIII - apólice de seguro da qual conste o segurado como instituidor do seguro e a pessoa 
interessada como sua beneficiária; 
 
1 Nesse sentido: JOÃO ANTÔNIO G. PEREIRA LEITE, Curso Elementar de Direito Previdenciário, pp. 92-
4, Ed. Ltr, São Paulo, 1977, bem fundamentado; WLADIMIR NOVAES MARTINEZ, Comentários à Lei Básica da 
Previdência Social, p. 131, Ed. Ltr, São Paulo, 1995, 3ª ed. 
Direito Previdenciário 
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 XIV - ficha de tratamento em instituição de assistência médica, da qual conste o segurado 
como responsável; 
 XV - escritura de compra e venda de imóvel pelo segurado em nome de dependente; 
 XVI - declaração de não emancipação do dependente menor de vinte e um anos; ou 
 XVII - quaisquer outros que possam levar à convicção do fato a comprovar. 
 
• O fato superveniente que importe em exclusão ou inclusão de dependente deve ser 
comunicado ao Instituto Nacional do Seguro Social, com as provas cabíveis. 
 
• Somente será exigida a certidão judicial de adoção quando esta for anterior a 14 de 
outubro de 1990, data da vigência da Lei nº 8.069, de 1990. 
 
• No caso de dependente inválido, para fins de inscrição e concessão de benefício, a 
invalidez será comprovada mediante exame médico-pericial a cargo do Instituto 
Nacional do Seguro Social. 
 
• No ato de inscrição, o dependente menor de vinte e um anos deverá apresentar 
declaração de não emancipação. 
 
• Os dependentes excluídos de tal condição em razão de lei têm suas inscrições tornadas 
nulas de pleno direito. 
 
• No caso de equiparado a filho, a inscrição será feita mediante a comprovação da 
equiparação por documento escrito do segurado falecido manifestando essa intenção, 
da dependência econômica e da declaração de que não tenha sido emancipado. 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8069.htm

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