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Princípios do Direito das Obrigações


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Direito das Obrigações
Paulo José Torres
Pontos a serem abordados
Princípios Informadores do Processo;
Princípios Informadores da Jurisdição;
Princípios
Como já vimos anteriormente, os princípios tem uma grande importância no direito processual tanto por sua função informativa do ordenamento jurídico processual, quanto por sua função interpretativa e hermenêutica, a fim de garantir o acesso à justiça.
Considerada a função moderna da principiologia do direito, é possível apontar os princípios tanto como limitadores da atividade legislativa – uma vez que ao elaborar a norma o legislador deve ter em conta os princípios existentes no ordenamento jurídico - como também como informadores da atividade do operador do direito, que tanto interpreta o direito com base nestes princípios como, por vezes, acaba por definir o próprio direito fundamentando-se exclusivamente nestes
Princípios Processuais em Espécie
Devido Processo Legal – Um dos mais importantes princípios processuais, o Devido Processo Legal encontra seu marco legislativo no Art. 5º, LIV e tem como objetivo garantir acesso à uma ordem jurídica justa.
O Devido Processo Legal representa, de maneira sintética, o direito de processar e ser processado de acordo com as normas previamente previstas para tanto, sendo, portanto, um conjunto de garantias constitucionais das quais derivam outros importantes princípios processuais, como o princípio do contraditório, o da ampla defesa e o da duração razoável do processo.
Princípios Processuais em Espécie
Isonomia – Decorrente do próprio princípio constitucional de isonomia, a isonomia processual tem como objetivo restabelecer o equilíbrio entre as partes possibilitando sua efetiva participação no processo.
Consagrada pelo artigo 5º da CF e pelo artigo 7º do CPC, a isonomia processual garante a paridade de armas, conferindo à lei a função precípua de equilibrar as desigualdades (como na inversão do ônus da prova no CDC) e ao magistrado, em caráter excepcional, o adensamento desta conduta.
Princípios Processuais em Espécie
Contraditório e Ampla Defesa – Previsto no artigo 5º LV e no artigo 9º do CPC o contraditório é reputado como um dos mais fundamentais princípios da ordem processual, sendo reputado por autores como Cândido Rangel Dinamarco como sendo indispensável ao processo.
Partindo da premissa de que a oitiva e diálogo das partes é indispensável para um resultado justo decorrente da relação processual, é composto pelo binômio informação e possibilidade de manifestação.
Assim em um conceito bastante reduzido este princípio pode ser conceituado como a garantia da ciência bilateral dos atos e termos do processo (jurisdicional ou não), com a consequente possibilidade de manifestação sobre eles.
Princípios Processuais em Espécie
Juiz Natural – Previsto no texto constitucional no art. 5º, XXXVII e LII, o princípio do juiz natural tem como objetivo evitar a existência de tribunais de exceção e garantir que não haverá nenhum direcionamento ou ingerência na escolha do juiz da causa, manifestando-se pela predeterminação da competência do juiz pelo próprio direito.
Princípios Processuais em Espécie
Inafastabilidade do controle jurisdicional – Previsto no texto constitucional no art. 5º, XXXV este princípio possui múltiplas dimensões pois, ao mesmo tempo que impede que o legislador crie barreiras ao acesso à jurisdição, impõe ao juiz o dever de presta-la e garante às partes o direito de provoca-la por intermédio do direito de ação.
É corrente na doutrina discussão acerca da mitigação deste princípio em face de leis como a que regulamenta a arbitragem, sendo certo que, sobretudo após o tratamento dispensado ao tema pelo artigo 3º do CPC, os meios alternativos de solução de conflito não são, senão, ferramentas – ainda que paraestatais - utilizadas com adequação e efetividade para realização do acesso à justiça.
Princípios Processuais em Espécie
Publicidade dos Atos Processuais – Previsto no texto constitucional no art. 5º, LX e 93, IX, este princípio garante a efetividade do contraditório ao mesmo tempo que institui o controle social da atividade jurisdicional.
Frise-se que não há violação à publicidade dos atos processuais quando o processo tramita em segredo de justiça, isto porque, esta situação, disciplinada no artigo 189 do CPC, embora implique em princípio na tramitação sigilosa dos atos do processo, carece de fundamentação específica para seu deferimento e não pode constituir óbice ao interesse público à informação.
Princípios Processuais em Espécie
Motivação das decisões Judiciais – Também assegurado no artigo 93, IX, a partir desta previsão principiológica fica assegurado aos jurisdicionados que, sob pena de nulidade, todas as decisões em um processo possuirão um fundamento e que este fundamento não há de ser presumido, devendo obrigatoriamente ser explicitado no curso da decisão.
Intimamente ligado com os princípios da publicidade e do contraditório e ampla defesa, este princípio tem por objetivo evitar decisões arbitrárias e, de maneira conexa, possibilitar às partes a fiscalização da atividade jurisdicional e até mesmo a resistência às suas razões.
Princípios Processuais em Espécie
Impulso Oficial do Processo – Disposto no artigo 2º do CPC (com recorrências nos artigos 312 e 490), o impulso oficial do processo preconiza que o processo somente pode ser instaurado pelas partes e somente por estas ser conduzido, cabendo ao magistrado – uma vez instaurado o processo – zelar por sua marcha contínua.
Por força deste mesmo princípio, ao magistrado só é dado atuar nos limites de sua provocação, sendo certo que a inobservância deste preceito leva ao julgamento ultrapetita (além dos limites), citrapetita (aquém dos limites) ou extrapetita (fora dos limites).
Princípios Processuais em Espécie
Livre convencimento motivado – Segundo este princípio consagrado no artigo 371 do CPC, O Juiz da causa, como destinatário das provas do processo, é livre em sua apreciação e formação de seu convencimento fundado em tais elementos probatórios.
Mostra-se como uma alternativa mediana entre os sistemas da prova tarifada e da íntima convicção.
Relaciona-se também com o princípio da Livre Investigação, segundo o qual o juiz pode determinar diligências que julgar necessárias na busca da verdade sem que isto signifique uma desconsideração do princípio do impulso oficial.
Princípios Processuais em Espécie
Duração Razoável do Processo – Sendo o processo o instrumento pelo qual o Estado realiza a Jurisdição, compreende-se que este deve se desenrolar segundo critérios de justiça, o que deu ensejo a conformação do conceito de “processo justo”, no sentido de que o processo deve ser formado de maneira a alcançar os preceitos da Dignidade da Pessoa Humana.
Por força deste conceito o processo deve obedecer todos os princípios anteriormente elencados e, além disso, oferecer uma prestação jurisdicional que corresponda às expectativas sociais, ou , ao menos, que se respeite a Tutela Tempestiva, prevista no artigo 5º, LXXVIII bem como no artigo 4º do CPC.
Princípios Processuais em Espécie
Cooperação – Sendo uma inovação constante da promulgação do Novo Código de Processo Civil, a cooperação prevista no artigo 6º do diploma surge como uma disposição de que as partes cooperem (inclusive entre si) para a solução da lide, sendo certo que quando da promulgação efetiva da norma a redação deste dispositivo foi modificada para suprimir dele a expressa cooperação entre os litigantes.
Compreendendo um adensamento do princípio da boa-fé processual (trazida no código no artigo 5º), o princípio da Cooperação, mais do que um dever de lealdade, compreende uma atitude positiva dos partícipes em direção da solução da lide.
Princípios Processuais em Espécie
Duplo Grau de Jurisdição – O Duplo Grau de Jurisdição constitui um desdobramento do princípio do Contraditório e Ampla Defesa segundo o qual é garantida às partes a possibilidade de reexame de toda decisão judicial.
Não se deve confundir o Duplo Grau de Jurisdiçãocom a Remessa Necessária, instituto tratado no CPC no artigo 496 segundo o qual as sentenças descritas em seus incisos apenas produzirão efeitos após confirmação pelo tribunal.
Princípios da Jurisdição
Territorialidade – Segundo o princípio da territorialidade, os magistrados só tem autoridade nos limites específicos do território da sua jurisdição, justamente por este motivo é preciso que as autoridades judiciárias cooperem entre si a fim de exercer a atividade jurisdicional adequadamente.
Existem, no entanto, ocasiões em que este princípio é mitigado pela própria legislação, como no artigo 60 e 255 do CPC, por exemplo.
Princípios da Jurisdição
Indelegabilidade – A indelegabilidade é o princípio segundo o qual o órgão jurisdicional não poder delegar funções de natureza decisória a outro órgão, violando a competência constitucionalmente estabelecida.
No que concerne a pratica de outros atos que, embora indispensáveis à jurisdição não tem natureza decisória propriamente dita, é possível a delegação, como no caso do artigo 972 do CPC.
Recomendações de Leitura
CÂMARA, Alexandre Freitas. Lições de direito processual civil. 25ª. ed. São Paulo: Ed. Atlas, 2014. Capítulo IV;
DE PINHO, Humberto Dalla Bernardina. Teoria geral do processo civil contemporâneo. Lumen Juris, 2010. Capítulo 5;
GRECO, Leonardo. Instituições de processo civil. Rio de Janeiro: Forense, 2013. Capítulo V;
 JÚNIOR, Humberto Theodoro. Curso de direito processual civil: teoria geral do direito processual civil e processo de conhecimento. Rio de Janeiro: Forense, 2013. Capítulo I, § 4º.