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Patologia Glandular

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PATOLOGIA GLANDULAR 
FUNÇÕES DA SALIVA 
Degrada amido. 
Solubiliza substâncias. 
Faz a lavagem de restos alimentares e bactérias. 
É um sistema de defesa. 
Faz a lubrificação e manutenção da umidade da boca. 
Manutenção do pH. 
Facilita mas�gação, deglu�ção e fonação. 
 
COMPOSIÇÃO 
99% de água e 1% de substâncias orgânicas e inorgânicas. 
A composição varia com fluxo, diferença individual e circunstâncias diferentes em um mesmo 
indivíduo. A produção de saliva diminui durante situações de estresse, uso de medicamentos e ao 
decorrer da noite, por exemplo. 
 
A glândula que produz mais saliva é a submandibular, sendo que, junto com a paró�da e sublingual, 
são responsáveis por 90% do volume de glândula salivar. A paró�da é predominantemente serosa, a 
submandibular predominantemente mucosa e sublingual só mucosa. As menores representam 10% 
do volume de glândula salivar e a maioria é mucosa. 
 
OBS: A REGIÃO ANTERIOR E MEDIANA DO PALATO NÃO TEM GLÂNDULAS SALIVARES MENORES, 
ENTÃO NÃO SE DESCONFIA DE SIALOPATIAS NESSES LOCAIS. 
 
 
ASPECTO HISTOPATOLÓGICO 
Os ácinos podem ser mistos (com células mucosas e 
serosas) ou predominantemente um ou outro. 
Os ácinos mais clarinhos são mucosos e os mais escuros são 
os serosos (em meia lua). 
 
 
 
 
MUCOCELE 
Também é chamado de fenômeno de extravasamento de muco ou reação/escape de muco. É a 
alteração não-neoplásica mais comum da glândula salivar. Normalmente está relacionada ao trauma 
que vai levar ao rompimento do ducto da glândula, levando ao escape de saliva ao tecido conjun�vo. 
Nem sempre relacionada ao trauma, eu posso ter uma debilidade congênita do ducto. 
 
 CISTO DE RETENÇÃO 
O cisto de retenção e a mucocele apresentam aspectos clínicos semelhantes, a 
diferença é que neste o ducto rompe com extravasamento de mucina e no cisto, a 
mucina permanece reves�da pelo epitélio do ducto (que não se rompe), sendo 
classificado como um cisto verdadeiro (mucocele não é um cisto verdadeiro). 
 
 
 
 
 
ASPECTO CLÍNICO: nódulo ou pápula com conteúdo, em forma de cúpula (vem do tecido conjun�vo, 
elevando o epitélio), tem tamanho variável, predominante em pacientes jovens, mas tem uma ampla 
variação de idades, pode ser normocrômica ou azulada, é recorrente (aumenta e diminui de 
tamanho), gos�nho salgado (rompimento com liberação de saliva). Lábio inferior e lateral à linha 
média é o mais comum. 
 
As mucoceles de ventre de língua, que a�ngem glândulas salivares mais profundas, são mais di�ceis 
de re�rar devido músculo da região. 
 
MUCOCELE SUPERFICIAL 
A mucocele superficial é comum na região de assoalho da cavidade oral, mucosa 
jugal, região retromolar e palato mole. É diferente da mucocele normal, pois é 
bem superficial mesmo. Pode fazer diagnós�co diferencial com lesões 
vesiculobolhosas como pênfigo e penfigóide. Não tem necessidade de remoção 
cirúrgica e não tende a voltar. 
 
RÂNULA 
É um �po de mucocele que ocorre no assoalho de boca. Recebe esse nome pois assemelha-se com o 
ventre de uma rã. Acomete glândula sublingual e submandibular. É uma tumefação azulada de 
grandes dimensões , meio translúcida, lateralizada, pode elevar a língua (pode dificultar respiração). 
O diagnós�co diferencial é o cisto dermóide. É reves�do por um tecido de granulação (células 
inflamatórias). 
 
T: excisão cirúrgica simples das glândulas associadas e orientação do paciente. Na rânula, opta-se por 
re�rar a glândula também em uma marsupialização. 
 
SIALOLITÍASE 
Há formação de sialolítos, cálculos salivares ou pedras salivares, ou seja, estruturas calcificadas no 
interior dos ductos das glândulas salivares, podendo estar em qualquer extensão. Tem consistência 
dura e coloração amarelada, pode-se pedir uma radiografia para fins de diagnós�co. Quando está 
presente em uma glândula menor, pode dar origem ao cisto do ducto salivar. Pode ter um sialolíto 
gerando uma sialodenite crônica (inflamação da glândula). A hipossalivação junto à obstrução parcial 
do ducto pode levar a formação do sialolito e a estase salivar também favorece, além da compressão 
por tumor adjacente. NÃO TEM NADA A VER COM CÁLCULO RENAL (TRANSTORNOS SISTÊMICAS). Os 
sialolítos são compostos por substâncias orgânicas e cristais (substâncias inorgânicas) que com o 
tempo formam depósitos concêntricos (visto na histopatologia). Afeta principalmente o ducto 
submandibular (por conta do formato tortuoso e mais longo, favorece acúmulo de bactérias, restos 
orgânicos e inorgânicos). Pode acometer tanto glândulas menores quanto maiores. É mais comum 
em adultos jovens de meia idade. Pode ter episódios de dor (durante alimentação) e tumefação. É 
palpável. U�liza radiografias periapicais, oclusais e panorâmica, visualizando massas radiopacas, 
arredondadas/cilíndricas de vários tamanhos. 
 
T: Trata-se de acordo com localização e tamanho do cálculo salivar. Se superficial, opta-se por 
ordenha da glândula, es�mulação salivar, aumento do fluxo de saliva, alimentos cítricos etc. Quando 
maior e mais próximo da glândula, faz-se a remoção cirúrgica do cálculo. Nas glândulas menores, 
remove-se cálculo e glândula. 
 
 
 
 
ACHADOS HISTOPATOLÓGICOS: depósitos concêntricos, achados bacterianos, parte do ducto, 
glândulas associadas com sialoadenite etc. 
 
 
SIALOMETAPLASIA NECROSANTE 
Nos aspectos histopatológicos, vê-se uma metaplasia das células dos ductos glandulares e tem 
necrose dos ácinos. É um processo reacional e inflamatório das glândulas salivares, incomum e 
localmente destru�vo, tem uma ampla gama de idade, sexo masculino é mais comum e é doloroso. É 
mais frequente no palato. Causa incerta, porém está associado ao AL , injúria traumá�ca, prótese 
mal adaptada, procedimentos cirúrgicos (isquemia que gera necrose). Assemelha-se clínica e 
histopatologicamente a uma neoplasia maligna. 
 
AC: nódulo no palato ulcerado, com sintomatologia dolorosa, tem reparo lento. 
DD: carcinoma de células escamosas, neoplasias de glândulas, úlceras traumá�cas (queimaduras, 
etc) ou infecção crônica. 
 
Não tem tratamento específico, u�liza-se medidas de suporte para alívio dos sintomas e 
esclarecimento ao paciente. Fazer biópsia nos casos de dúvida. Regride de 5 a 6 semanas e o 
prognós�co é favorável. É rela�vamente comum. 
 
HIPOSSALIVAÇÃO E XEROSTOMIAA hipossalivação refere-se a um sinal, em que observa-se a redução do fluxo salivar de forma 
obje�va, enquanto a xerostomia seria um sintoma, a sensação subje�va de boca seca. Os dois não 
são concomitantes e podem aparecer separados (ter um sem ter o outro). Tem-se várias causas: 
paciente que usam radioterapia e quimioterapia, associação de medicamentos, alterações no 
desenvolvimento, falta de es�mulo (pacientes edêntulos), fumo, cigarro, bebidas alcoólicas, 
alimentos ricos em cafeína, açúcares, baixa ingestão de líquidos. Os aspectos clínicos são: mucosa 
extremamente ressecada (luva pode grudar na mucosa), forma fios de saliva na mucosa por conta da 
espessura, língua apresenta fissuras, mais comum em mulheres, atrofia das papilas. Por conta da 
microbiota alterada, pode-se ter desenvolvimento da candidíase, maior propensão à cárie dentária. 
O paciente pode usar sialogogos ou saliva ar�ficial para aumentar esse fluxo. O tratamento muitas 
vezes não é sa�sfatório. 
 
SIALOMETRIA: Avalia a taxa de fluxo salivar. Pode ser não es�mulada e es�mulada. A taxa da não 
es�mulada pode variar um pouco entre 0,3-0,4 mL/min. Pede-se o paciente para cuspir num po�nho 
durante 5 minutos, aferindo quanto te saliva foi produzido (paciente em local sossegado, no mesmo 
horário, em posição reta). Na es�mulada, pede pro paciente marcar um disposi�vo, cuspindo a 
saliva. É um exame obje�vo, com hipossalivação ou não. 
 
SÍNDROME DE SJOGREN 
Pode ser primária ou secundária. Faz-se a biópsia de lábio. Na sialografia, os ductos ficam com 
aspectos de galhos com frutos (e nos pacientes normais aspecto de galhos secos). Considera-se 
sintomas e sinais oculares e de salivação. O den�sta pode atuar no diagnós�co, fazer biópsia, 
encaminhar pro o�almologista. Pode gerar linfomas. 
 
 
 
 
 
 
NEOPLASIAS DE GLÂNDULAS SALIVAR 
O diagnós�co de neoplasias de glândulas pelo aspecto histopatológico é di�cil, pois essas alterações 
podem mime�zar lesões benignas e ainda assim, os achados variam muito, o que dificulta. 
Acometem mais mulheres com 46 anos. O benigno mais comum é o adenoma pleomórfico e o 
maligno mais comum é carcinoma mucoepidermóide. Normalmente a paró�da é mais comum o 
tumor benigno, na submandibular pode ser tumor maligno ou benigno e na sublingual quase não é 
acome�do por tumores, porém quando é, geralmente é maligno. 
 
ADENOMA PLEOMÓRFICO 
É um tumor benigno de glândula que normalmente afeta a glândula paró�da e as glândulas menores 
do palato. As várias formas é vista na histopatologia, pois tem as células do ducto que variam devido 
sua proximidade com os ácinos ou cavidade oral, além das células mioepiteliais (podem lembrar um 
plasmócito). Posso ter achados com os dois ou só com um. Além disso, tem-se o estroma que pode 
ser de várias formas. Nódulo, indolor, de crescimento lento , pode ulcerar, normocrômico. O 
tratamento é a remoção cirúrgica da glândula. Tem risco de recorrência e o risco de transformação 
maligna é baixa (5%). O prognós�co é excelente. 
 
CARCINOMA MUCOEPIDERMÓIDE 
É a neoplasia maligna mais comum de glândula salivar. Tem comportamentos biológicos altamente 
variáveis (alto, intermediário e baixo graus). Acomete mais mulheres, 45 anos. A�nge mais 
comumente a glândula paró�da e glândulas menores pala�nas, além da mucosa jugal. Tem 
irregularidades no formado do nódulo. Pode ter uma variante intraóssea (lesão mista radiolúcida 
com raios radiopacos) rara. Quando no lábio inferior, pode ser confundida com mucocele ou outras 
lesões vasculares (aspecto arroxeado). Assintomá�co. Na histopatologia, vê-se células mucosas, 
epidermóides e intermediárias. O tratamento depende da localização, estadiamento e gradação 
histopatológica. Pode remover a glândula com margem de segurança. Pode ser feito esvaziamento 
cervical (já pode ter sido acome�do pelo tumor). 
 
CARCINOMA ADENÓIDE CÍSTICO 
É um tumor de células epiteliais e mioepiteliais (pode a�ngir vários formados). Tumor maligno das 
glândulas salivares menores (palato é mais comum) e quando na maior, a submandibular é mais 
comum. Tem dor obscura, constante e de baixo grau (tropismo pelos nervos). Pode causar obstrução 
óssea. Apresenta-se como uma massa difusa. Na histopatologia, pode-se aparecer como aspecto 
sólido ou cribiforme. Na glândula submandibular tem o pior prognós�co. Metástase mais comum em 
pulmões e ossos.

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