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artigo literatura II

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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO ESPÍRITO SANTO – CAMPUS COLATINA
CURSO DE GRADUAÇÃO LICENCIATURA LETRAS/PORTUGUÊS
ANDREA ARAUJO COSTA
 
TRISTE FIM DE POLICARPO QUARESMA
COLATINA/ES
2020
“TRISTE FIM DE POLICARPO QUARESMA”
A) Inserção da obra no contexto Pré-modernista
(quais os motivos que fazem da obra uma obra pré-modernista?)
O Romance “Triste fim de Policarpo Quaresma”, de Lima Barreto, publicado em 1911 em folhetim, narra à história do major Quaresma, funcionário público. A obra é dividida em 03 (três) partes: a primeira descreve a vida do personagem como funcionário público na cidade do Rio de Janeiro, já na segunda parte o personagem é apresentado como um proprietário rural e, na terceira parte, o personagem aparece como soldado voluntário na Revolta armada de 1893.
Essa divisão obedece às grandes reformas propostas pelo personagem principal para salvar o Brasil: a reforma pela cultura, pela agricultura e pela política. Contudo, seu sonho de mudar o país termina em final trágico, uma vez que acaba sendo condenado à morte pelos antigos companheiros políticos.
O referido romance é de grande contribuição de Lima Barreto para a literatura brasileira, pois o autor representa os anos conturbados da 1ª República, com movimentos militares, revoltas e perseguições. Nessa obra Lima Barreto faz uma crítica da sociedade urbana da época.
Afonso Henrique de Lima Barreto (1881 – 1922) nasceu no momento em que o Realismo chegava ao Brasil, Morreu no ano de realização da Semana de Arte Moderna e foi responsável por compor um retrato de partes dos centros urbanos ignorados pela elite cultural do país. 
O autor acreditava que a literatura devia ajudar a difundir as “grandes e altas emoções humanas” e a construir a comunhão entre pessoas de todas as raças e classes. 
A obra “Triste fim de Policarpo Quaresma” foi o mais lido e conhecido romance de Lima Barreto. Nela o protagonista, Policarpo Quaresma, na primeira parte, é um major que trabalha como subsecretário do Arsenal de Guerra. Sua cegueira, contudo, é a pátria. Dessa forma o autor propõe embate entre o real e o ideal. O patriotismo é um ideal, assim, Policarpo aparece como visionário, louco, por não pensar em si, por não se interessar por sua carreira ou tentar obter qualquer tipo de vantagem pessoal. Seu único objetivo é o engrandecimento do Brasil. 
Na segunda parte da obra, após se encontrar enfermo sofrendo de alucinações sua irmã, Adelaide, e seu compadre, Coleoni, decidem por sua internação em um hospício. Ao receber alta faz a opção de passar de residir no ‘Sítio do Sossego’, localizado próximo a cidade do Rio. “...O lugar não era feio, mas era desolado” (BARRETO: 1998, p.39). Assim, consegue se reerguer a defender máxima de que “em nesta terra, se plantando tudo dá”, conforme anunciara Pero Vaz de Caminha. Contudo, em razão dos impostos elevados, das perseguições políticas e, ainda, de um ataque decisivo das formigas saúvas, Policarpo perde o encanto pelas terras do Sítio. 
Assim, influenciado pela imprensa no período da Revolta da Armada no Rio de Janeiro, Quaresma decide apresentar-se para a defesa do governo do Marechal Floriano Peixoto. Nesse contexto inicia a terceira parte da obra, na qual o personagem é apresentado como um soldado voluntário na Revolta armada de 1893, defensor dos ideais políticos do Marechal de “Ferro”. 
Contudo o personagem sofre nova decepção na medida em que o movimento armado vai perdendo força, pois, com o fim da revolta, passa servir como carcereiro na Ilha das Enxadas, local onde os opositores políticos são fuzilados e o personagem, perseguindo seu ideal de justiça e de patriótico, denuncia o crimes contra os adversário políticos, encontrando seu triste fim. Dessa forma o “triste fim de Policarpo Quaresma” é a perda de todos os ideais, quando percebe que dedicou sua vida a uma causa inútil.
A desilusão final de Policarpo é a desilusão de Lima Barreto, que morreu acreditando ser o dever dos escritores. 
Por esse motivo, o novo Brasil que surgia nos textos pré-modernistas, marcado por grandes desigualdades sociais, não era um país que motivasse o orgulho dos leitores. Mas era um país real.
A obra pode ser inserida no contexto pré-modernista em razão das características de ruptura com o passado, proporcionando alguns ideais inovadores não vistos em movimentos anteriores. Além disso, o autor denúncia a realidade brasileira, da época criticando pesadamente as visões românticas e parnasianas de um Brasil perfeito, na medida em que o protagonista inventa uma identidade romântica de valorização do índio, da vida do campo, dos animais e da pátria e, em razão das desilusões vivenciadas no dia-a-dia, passa desconstruir essas idealizações. 
Em conclusão na obra Triste Fim de Policarpo Quaresma notam-se traços do pré-modernismo ao tratar de questões como a realidade do país de maneira critica, denunciando fatos que ocorriam naquela época: a vida da população marginalizada a corrupção e o comportamento das elites brasileiras, principalmente a elite carioca pelo seu modo de vida.
Do exposto extrai-se que o pré-modernismo trouxe como consequências grandes mudanças políticas, sociais e econômicas, essa corrente não abriu mais espaço para a idealização. Era o momento de buscar um conhecimento mais real e profundo das condições de vida que podiam ser observadas em um país das dimensões do Brasil.
Referências:
BARRETO, L. Triste fim de Policarpo Quaresma. São Paulo: Scipione, 1998.
COUTINHO, A. Introdução à literatura no Brasil. 17.ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2001.
FISCHER, L. A. “Alguns custos da radicalidade: o romance modernista”. IN: DACANAL, J.H. (org.). O romance modernista: tradição literária e contexto histórico. Porto Alegre : Ed. da UFRGS, 1990.
ZILBERMAN, R. A terra em que nasceste: imagens do Brasil na literatura. Porto Alegre : Ed. da UFRGS, 1994.

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