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FISIOPATO 15.05.2020 Aula 37 1 Valvopatias São doenças que acometem primariamente as valvas cardíacas devido a defeitos congênitos ou por ou por causa de patologia adquirida. A causa primaria das valvopatias são alterações valvares por calcificação associadas à idade e condições hereditárias ou congênitas. Além disso, o aumento da compreensão dos mecanismos biológicos básicos que levam à disfunção valvar oferece uma esperança de intervenções médicas eficazes para prevenir ou retardar o processo da doença num futuro próximo. A doença cardíaca hipertensiva pode afetar tanto o ventrículo esquerdo como o direito; no segundo caso, o distúrbio é mias frequente devido 1ª doença pulmonar primária e é denominado cor pulmonale. Valvas As quatro valvas cardíacas (tricúspide, pulmonar, mitral e aórtica) mantêm o fluxo sanguíneo unidirecional no coração. A função delas depende da mobilidade, flexibilidade e integridade estrutural de suas bordas delicadas, chamadas de folhetos (nas valvas mitral e tricúspide) ou cúspides (nas valvas aórtica e pulmonar, também conhecidas como as valvas semilunares). A função das valvas semilunares depende da integridade e dos movimentos coordenados das inserções valvulares. Assim, a dilatação da raiz da aorta pode dificultar a coaptação das cúspides da valva aórtica durante o fechamento, produzindo regurgitação. Por outro lado, a competência das valvas atrioventriculares não depende somente dos folhetos e de suas inserções, mas também da conexão tendinosa dos músculos papilares da parede ventricular. A dilatação do ventrículo esquerdo, a ruptura de um tendão, ou a disfunção do músculo papilar podem interferir no fechamento da valva mitral, levando à regurgitação. Como elas são finas o suficiente para serem nutridas por difusão do sangue do coração, os folhetos e cúspides normais apresentam pouquíssimos vasos sanguíneos limitados à sua parte proximal. Função de manter o fluxo sanguíneo unidirecional. Função delas depende da mobilidade, flexibilidade e integridade estrutural dos folhetos das valvas atrioventriculares. © Revestimento das Valvas São revestidas por endotélio e apresentam uma arquitetura similar de três camadas. Um núcleo colagenoso denso (fibrosa) na superfície da via de saída e ligado às estruturas de suporte das valvas. Um núcleo central de tecido conjuntivo frouxo (esponjoso). Uma camada rica em elastina (ventricular ou atrial, dependendo da câmara para a qual está voltada), na superfície do fluxo de entrada. Tecido Valvas Todas as quatros valvas apresentam arquitetura similar, em camadas: uma camada de colágeno denso (fibrosa) próxima à superfície do fluxo de saída e contínua com - Atrioventricular direita (Tricúspide) -> Entre o átrio direito e o ventrículo direito; tem três válvulas - - Do tronco pulmonar (Semilunar) -> Entre o ventrículo direito e o tronco pulmonar - Atrioventricular esquerda (Mitral) -> Entre o átrio esquerdo e o ventrículo esquerdo; tem duas válvulas - Da aorta(Semilunar) -> Entre o ventrículo esquerdo e a aorta; tem três válvulas semilunaris - As alvas atrioventricular esquerda (mitral) e da aorta são mais frequentes envolvidas. Principais problemas incluem estenose (estreitamento) ou insuficiência). FISIOPATO 15.05.2020 Aula 37 2 as estruturas que dão suporte às válvulas, uma camada central de tecido conjuntivo frouxo (esponjosa), uma camada rica em elastina (ventricular ou atrial, dependendo de qual câmara que está em contato) situada abaixo da superfície do fluxo de entrada, e um revestimento endotelial. O colágeno é responsável pela integridade mecânica da valva. A valva é composta por células intersticiais, que produzem e reparam continuamente a matriz extracelular, permitindo a resposta e adaptação da valva às condições de alterações mecânicas. O tecido elástico da camada atrial/ventricular confere uma retração rápida, que realiza o fechamento imediato da valva. Dilatação do ventrículo esquerdo, a ruptura de uma corda tendínea, ou a disfunção do músculo papilar podem interferir no fechamento da valva, causando insuficiência valvar. As alterações patológicas das valvas são, em sua maioria, de três tipos: lesão do colágeno com enfraquecimento dos folhetos, exemplificada pelo prolapso da valva mitral; calcificação nodular que se inicia nas células intersticiais, como na estenose aórtica calcificada; e espessamento fibrótico na cardiopatia reumática. Anatomia Coração tem quatro valvas que, juntamente com o miocárdio, estão unidas aos anéis fibrosos de colágeno denso, que compõe o esqueleto fibroso do coração. Primeira bulha (S1): resultado do fechamento das valvas atrioventriculares (tricúspide e mitral) Segunda bulha (S2): resultado do fechamento das valvas do tronco pulmonar e da aorta. Doenças Valvares Estenose -> Incapacidade dela se abrir completamente Insuficiência -> Falta de fechamento completo da valva (Regurgitação) Dupla Lesão -> E a associação de estenose e Insuficiência Anormalidades valvares podem ser congênitas ou adquiridas Estenose valvar adquirida possui relativamente poucas causas Consequência da lesão remota ou crônica das cúspides valvares Insuficiência valvar adquirida pode resultar de doença intrínseca das cúspides valvares, ou da lesão ou distorção das estruturas de suporte o agudo -> ruptura das cordas o Crônico -> distúrbios associados à cicatrização e retração dos folhetos Estenose Aórtica (EAo) Causada por obstrução da via de saída do ventrículo esquerdo, frequentemente se localiza na valva aórtica. Todavia, a obstrução pode ocorrer acima da valva ou abaixo desta, ou ainda ser causada por cardiomiopatia hipertrófica obstrutiva. A EAo valva apresenta três causas principais: valvas bicúspides congênitas com calcificação sobreposta, calcificação de válvula anatomicamente normal tricúspide e doença reumática. Além disso, a EAo pode ter como causa a estenose valvar congênita que se apresenta na infância. O envolvimento reumatoide (da artrite reumatoide) da valva é uma causa rara de EAo e resulta do espessamento nodular dos folhetos valvares e do envolvimento da porção proximal da aorta. Doença Valvar Aórtica Congênita FISIOPATO 15.05.2020 Aula 37 3 As malformações congênitas da valva aórtica podem ser unicúspode, bicúscipide, ou tricúspide, ou podem ainda apresentar-se como um diafragma em forma de domo. A s valvas unicúspeides produzem obstrução grave na infância, sendo malformações encontradas com mais frequência na EAo valvar fatal em crianças menores de um ano de idade. As valvas bicúspides congênitas podem ser estenótica, com fusão comissural observada desde o nascimento, mas em geral elas não são responsáveis por estreitamentos importantes do orifício aórtico durante a infância. Valvopatia Aórtica por Calcificação A EAo calcificada relacionada à idade, inclusive em valvas normais ou bicúspides, hoje em dia é a causa mais comum de EAo em adultos. A esclerose aóstica inicial da doença valvar calcificada, mesmo na ausência de obstrução valvar, está associada a um risco aumentada em 50% de morte cardiovascular e de infarto agudo do miocárdio. A calcificação progressiva, que inicialmente acompanha as linhas de flexão em suas bases, ocasiona a imobilização das cúspides. Também há uma alta prevalência de EAo calcificada em pacientes com doença de Paget e com doença renal em estágio final. A EAo relacionada à idade, ou aquela degenerativa calcificada, compartilha fatores de risco comuns à calcificação do anel mitral, e as duas condições podem coexistir frequentemente. Polimorfismos genéticos têm sido associados à presença de EAo calcificada, incluindo o receptor da vitamina D, alelos da interleucina 10 e o alelo da apoliproteína E4. A (HMG-CoA) redutase (estatina) a uma taxa mais baixa progressiva da EAo calcificada, e esse efeito foi demonstrado em modelos animais de hipercolesterolemia.Em consequência, há um crescente consenso de que a EAo calcifica “degenerativa” compartilhe muitas características fisiopatológicas com a aterosclerose e que medidas agressivas de prevenção podem retardar estes processos. MORFOLOGIA Estenose aórtica calcificada de origem não reumática (que envolve valvas tricúspide ou bicúspide) é a presença de massas e amontoadas dentro das cúspides aórticas. Degeneração valvar calcificada o A – Estenose aórtica calcificada de uma valva previamente normal o B – Estenose aórtica calcificada de uma valva bicúspide de origem congênita o C e D – calcificação do anel mitral, com nódulos calcificados na base. ASPECTOS CLÍNICOS o Pressão do ventrículo esquerdo aumenta para 200 mmHg o Hipertrofia concêntrica do ventrículo esquerdo (sobrecarfa de pressão) o Miocárdio hipertrofiado tende a ser isquêmico – perfusão microcirculatoria reduzida o Estenose aórtica anuncia a descompensarão cardíaca e representa um prognóstico extremamente ruim Exteatose Aórtica Reumática A EAo reumática resulta de adesões e fusões das comissuras, cúspides e vascularização dos folhetos do anel valvar, acarretando retração e enrijecimento dos bordos livres das cúspides. Nódulos calcificados se desenvolvem em ambas as superfícies e o orifício fica reduzido e enrijecimento dos bordos livres das cúspides. Nódulos calcificados se desenvolvem em ambas as superfícies e o orifício fica reduzido a uma pequena abertura arredondada ou triangular. Como consequência, a valvopatia aórtica reumática é, muitas vezes, insuficiente e estenótica. Fisiopatologia FISIOPATO 15.05.2020 Aula 37 4 A sobrecarga pressórica crônica tipicamente em hipertrofia concêntrica de VE com espessamento da parede e tamanho normal das câmaras cardíacas. O espessamento da parede permite a normalização do estresse da parede (pós- carga), de forma que a função contrátil do VE é mantida. No entanto, o aumento da massa de células miocárdicas e da fibrose intersticial resulta em disfunção diastólica, que pode persistir mesmo após a correção da EAo. FIGURA. Principais tipos de estenose da valva aórtica. A, Valva aórtica normal. B, Estenose aórtica bicúspide congênita. Uma falsa rafe está presente às seis horas. C, Estenose aórtica reumática. As comissuras estão fusionadas com orifício central fixo. D, Estenose aórtica degenerativa calcificada. Valva Atrioventricular Esquerda (Mitral) Mixomatosa Predisposição familiar, frequentemente associada com malformações da aorta ou da via de saída do ventrículo esquerdo. Pacientes com idade entre 50 e 60 anos. Clinica será similar à estenose aórtica calcificada. Sua causa predominante é a febre reumática e o envolvimento reumático está presente em 99% das valvas mitrais estenóticas ressecadas ao tempo da troca de valva mitral. A febre reumática resulta em mudanças peculiares da valva mitral, e o espessamento das bordas dos folhetos, a fusão das comissuras e o encurtamento e fusão das cordoalhas são descritos como características diagnósticas. A cicatrização posterior leva a uma deformação característica da valva, com obliteração da arquitetura normal do folheto pela fibrose, neovascularização e aumento no deposito de colágeno e celularidade tecidual. Nos pacientes idosos, a extensa calcificação anular pode resultar na restrição do tamanho e movimento do anel e pode estender-se em direção à base dos folhetos mitrais, resultando na EM funcional, embora a obstrução raramente seja importante. A calcificação do anel mitral muitas vezes desenvolve-se em pacientes com valvopatia aórtica por calcificação. CALCIFICAÇÃO DO ANEL MITRAL FISIOPATO 15.05.2020 Aula 37 5 Clínica será similar àquela descrita anteriormente para a estenose aórtica calcificada. Degeneração mixomatosa da valva atrioventricular esquerda, uma ou ambas as válvulas estão “frouxas” e sofrem prolapso. Degeneração mixomatosa primária é desconhecida. Degeneração mixomatosa da valva é caracterizada pelo abaulamento (deformação me cúpula das válvulas dessa valva). Nas valvas mixomatosas, o colágeno na camada fibrosa está frouxa e desorganizada, a deposição das proteoglicanas (asterisco) na camada esponjosa é acentuadamente expandida, e a elastina na camada atrial está desorganizada. FIGURA. Degeneração mixomatosa da valva mitral. A, Corte que passa pelo longo eixo do ventrículo esquerdo mostra a balonização com prolapso do folheto mitral posterior para o interior do átrio esquerdo (seta). O ventrículo esquerdo esta à direita nessa vista apical das quatro câmaras. B, Valva aberta, mostrando balonização pronunciada do folheto mitral posterior acompanhada de placas trombóticas nos locais onde o folheto entra em contato com o átrio esquerdo (setas). C, Valva aberta com balonização pronunciada em coração de paciente que morreu subita- mente (setas duplas). Observe também a calcificação do anel mitral (cabeça de seta). A valva cardíaca normal (D) e a valva mitral mixomatosa (E) (coloração de pentacromo de Movat, na qual o colágeno é amarelo, a elastina é preta e os proteoglicanos estão em azul). Nas valvas mixoma- tosas, o colágeno na fibrose está perdido e desorganizado, os proteoglicanos (asterisco) são depositados na esponjosa e a elastina nos átrios está desorganizada.
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