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3 0 RESPONSABILIDADE CIVIL - UNIDADE I e II

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RESUMO DE RESPONSABILIDADE CIVIL 
UNIDADE I 
1.0. DA BREVE EVOLUÇÃO HISTÓRICA: 
 
 
 
1.1. DAS FASES / DOS CONTEXTOS HISTÓRICOS: 
PERÍODO HISTÓRICO CARACTERÍSTICAS HISTÓRICAS 
1ª FASE: Vingança Privada 
Vendetta - Autotutela 
 
• A vítima executava o juízo 
sobre o infrator. 
• O Poder Público apenas 
declarar quando e como a vítima 
poderia ter o direito de retaliação, 
para produzir no ofensor um dano 
idêntico ao que experimentou. 
• Confundia-se a 
responsabilidade civil e penal. 
 
 
NÃO SE LEVAVA EM 
CONSIDERAÇÃO A CULPA DO 
AGENTE 
 
A ideia de responsabilizar um indivíduo por seus atos não é algo novo para o ser 
humano, desde o início dos núcleos humanos (famílias, tribos, clãs, cidades...) os 
homens entendem que determinadas atitudes/condutas/gestos/palavras 
acarretam prejuízo/dano para determinada pessoa ou grupo. Portanto, seja por 
uma questão de justiça universal ou princípio moral, há a necessidade de 
reparação desse prejuízo/dano. 
2ª FASE: Composição 
Tarifada 
Lex Aquilia de Damno 
 
 Substituição das penas de 
natureza física por sanções de 
natureza patrimonial ou 
econômica. 
 Divisão entre responsabilidade 
contratual/negocial e 
extracontratual ou aquiliana: 
 CONTRATUAL: decorre do 
dano pelo descumprimento de 
pacto/acordo/contrato; 
 
 AQUILIANA: que decorre da 
inobservância de norma 
jurídica, devendo ainda o dano 
do agente ser analisado pelo 
Princípio damnum iniuria 
datum, onde se entendia que o 
dano que não causava prejuízo 
não podia ensejar indenização 
 
3ª FASE (primeira parte): 
Regra Geral da 
Responsabilidade Civil 
Code Civil des Français em 
1804 
 Foi criada a regra geral da 
responsabilidade civil, com a 
inclusão do elemento culpa 
de forma definitiva; ela se 
tornou, então, o núcleo 
essencial da responsabilidade 
civil. Pela letra da lei, os 
elementos do ato ilícito seriam 
apenas dois: culpa e dano, 
tendo boa parte da doutrina 
francesa assumido a própria 
ilicitude advinda da culpa. 
3ª FASE (segunda parte): 
Responsabilidade Civil 
Objetiva 
1ª e 2ª Revolução Industrial – 
atividades de risco. 
 Nesse contexto surge a 
denominada 
responsabilidade civil 
objetiva, que prescinde da 
culpa. 
 A teoria do risco é o 
fundamento dessa espécie de 
responsabilidade, sendo 
resumida por Sergio Cavalieri 
nas seguintes palavras: “Todo 
prejuízo deve ser atribuído ao 
seu autor e reparado por 
quem o causou 
independente de ter ou não 
agido com culpa. Resolve-se 
o problema na relação de nexo 
de causalidade, dispensável 
qualquer juízo de valor sobre a 
culpa...”. 
 
 
2.0. Da Responsabilidade Moral & Responsabilidade Civil: 
 
Responsabilidade Moral: Responsabilidade Civil: 
Responsabilidade Lato 
Sensu: 
 
É a íntima percepção da 
necessidade de corrigir um 
dano, baseando-se apenas no 
dever interno de fazer o que é 
Responsabilidade Stricto Sensu: 
 
 Constitui-se na obrigação jurídica 
de ressarcir patrimonialmente os 
prejuízos provocados em um nexo 
de causalidade entre o dano em si 
e a conduta que o deu origem. 
certo nas relações entre os 
seres humanos. 
 
Exemplo: Um caçador passeia 
em uma floresta e ouve gritos 
de “socorro” ecoados de uma 
caverna. Independente de 
prestar socorro, há uma 
responsabilidade moral de 
aventurar-se ao salvamento. 
Outrossim, ao realizar a boa 
ação será premiado com o 
sentimento de coragem e honra, 
caso contrário, sentirá 
remorsos pelo não 
atendimento moral, ainda que, 
de fato, não haja alguém 
realmente anelante por 
auxílio. 
 
A responsabilidade moral é 
intrínseca ao indivíduo, logo, 
há obrigação moral com ou 
sem o dano, basta existir o 
dever. O cumprimento da 
obrigação moral visa 
equilibrar, portanto, a 
matemática de justiça e 
bondade de todo o homem e 
mulher. 
Praticada por um ou mais 
infratores, em detrimento de uma 
ou mais vítimas. 
 
Exemplo: Carol, estava conduzindo 
a sua Ferrari e, simultaneamente, 
tentava se embelezar com produtos 
Jequití. Distraída, causou o 
abarrotamento de seu carro com o 
veículo de tração animal de Lucas, o 
que ocasionou no óbito de Pé de 
Pano, seu cavalo. 
 
 Diferentemente da 
responsabilidade moral, a 
responsabilidade civil deriva 
inexoravelmente do dano. 
Lembre-se do Damnum iniuria 
datum, pois, para a 
responsabilidade civil, é 
necessário que haja prejuízo ao 
indivíduo que teve seu direito 
lesado. 
 
 
 
3.0. Da Responsabilidade Penal e Responsabilidade Civil: Tipicidade 
e Autonomia da Responsabilidade Civil com relação a 
Responsabilidade Criminal (Esferas de Autonomia Relativa), 
Culpabilidade e Imputabilidade e Reparação/Pena: 
 
a) O artigo 935 do CC prevê o Princípio da Autonomia da 
Responsabilidade Civil com relação a Criminal: 
 
 
 
 
Da inteligência do artigo podemos concluir que a autonomia da 
responsabilidade civil em relação com a criminal é relativa, uma vez 
que quando a sentença do juízo criminal decidir, transitada em 
julgado, sobre a “existência do fato” (prova da materialidade) e 
“sobre quem seja o seu autor” (indícios de autoria), não será 
possível burlar a coisa julgada penal. 
 
Obs.: 
Segundo o art. 66 do CPP, somente gera obstrução à ação de 
reparação de dano civil com base em coisa julgada penal, a 
sentença que CATEGORICAMENTE reconhecer a inexistência 
da materialidade do fato. Ainda que tal sentença seja absolutória: 
 
Art. 66. Não obstante a sentença absolutória no juízo criminal, a 
ação civil poderá ser proposta quando não tiver sido, 
categoricamente, reconhecida a inexistência material do fato. 
Art. 935 CC. 
A responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendo questionar 
mais sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas 
questões se acharem decididas no juízo criminal. 
 
 
b) Diferenças quanto à Tipicidade: 
Há diferença no que se infere aos institutos jurídicos, uma vez que 
a responsabilidade penal pressupõe a prática de conduta 
criminosa (princípio da legalidade) e a responsabilidade civil, 
além da prática de conduta criminosa, pode surgir de outras 
causas não expressamente positivadas em lei. 
Diferenças dos Atos Ilícitos 
Responsabilidade Penal (1 TIPO) Responsabilidade Civil (2 TIPOS) 
Conduta Tipificada: para que 
determinada conduta seja 
considerada um delito, torna-se 
necessária sua tipificação, o que 
decorre do Princípio da 
Legalidade ou da Reserva Legal 
previsto tanto no artigo 5º, XXXIX, 
da Constituição Federal, quanto no 
artigo 1º do Código Penal, por meio 
do qual não há crime sem lei 
anterior que o defina, nem pena 
sem prévia cominação legal. 
 
 
Ato ilícito Civil: pode-se afirmar que o 
ato ilícito civil é a conduta humana que 
fere direitos subjetivos privados, 
estando em desacordo com a ordem 
jurídica e causando danos a alguém. O 
art. 186 do atual CC tem a seguinte 
redação: 
 
“Art. 186. Aquele que, por ação ou 
omissão voluntária, negligência ou 
imprudência, violar direito e causar 
dano a outrem, ainda que 
exclusivamente moral, comete ato ilícito” 
(destacamos). 
 
Abuso de Direito: há obrigação de 
reparação civil, como se vê do art. 187 do 
CC: 
 
“Art. 187. Também comete ato ilícito o 
titular de um direito que, ao exercê-lo, 
PRÁTICA DE 
CONDUTA 
TIPIFICADA PELA 
LEI COMO CRIME: 
(Homicídio, furto, 
importunação 
sexual...) 
RESPONSABILIDADE 
PENAL 
= 
excede manifestamente os limites 
impostos pelo seu fim econômico e social, 
pela boa-fé ou pelos bons costumes”. 
 
Dos art. 186 e 187 do CC/2002 percebe-
se que o ato ilícito constitui uma soma 
entre lesão de direitos privados e dano 
causado, de acordo com a seguinte 
fórmula: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
OBS 1: É valido ressaltar que no caso de se requerer reparação civil por 
homicídio de familiar, não se está litigando em nome do agora morto, mas se 
busca ressarcir os danosà moral da ENTIDADE FAMILIAR enlutada que sofre 
pelo vazio da saudade de seu ente querido. 
 
OBS 2: A título de diferenciação, não se pode confundir a declaração de 
inexistência do fato com a atipicidade da conduta, pois naquela o juízo 
criminal entende que o fato (tipificado penalmente ou não) não ocorreu, o 
que inibe projeções de responsabilidade no campo cível. Todavia, se tratando 
de coisa julgada que aponta o fato como atípico, este pode ser levantado em 
sede de ação cível. 
 
 
= ATO ILÍCITO CIVIL 
ABUSO DE DIREITO 
RESPONSABILIDADE 
CIVIL 
c) Diferenças entre os meios de Reparação Civil e Sanções 
Penas: 
 
 
Sanções Penais Reparação Civil 
A pena a ser aplicada deve 
corresponder ao tipo penal da 
condenação, sendo essas penas 
de três espécies: 
 
1) Privativa de liberdade, que se 
divide em: a) reclusão; b) 
detenção 
 
2) Restritiva de direito, que 
somente pode ser aplicada em 
substituição às penas privativas 
de liberdade nos casos 
autorizados em lei. 
 
3) Multa, também conhecida 
como pena pecuniária. 
A reparação civil, como forma de ressarcir os 
danos dos atos ilícitos civis, recai, em regra, 
sobre o objeto do patrimônio do infrator. 
(exceções: pensão alimentícia) 
 
Dependendo da causa que propiciou o dano 
podemos traçar limites de razoabilidade na 
aplicação da reparação civil. 
 
IMPORTANTE: Embora existam projetos 
legislativos que busquem “tabelar” os danos 
civis, inclusive os morais. Tal esforço se torna 
inviável de fato, uma vez que apenas as 
circunstâncias do caso concreto são aptas para 
discernir a liquidez e projeção do prejuízo. 
 
 
 
 
d) Imputabilidade Penal e Imputabilidade Civil: 
Imputabilidade Penal: dentro da 
teoria tripartite do crime temos o 
elemento essencial da culpabilidade, 
cujo um dos elementos intrínsecos é a 
Imputabilidade Penal, está pressupõe 
que o agente ativo possui: 
 
Imputabilidade Civil: conforme o art. 3º 
do CC são absolutamente incapazes 
de exercer pessoalmente os atos da 
vida civil os menores de 16 (dezesseis) 
anos. Nesse caso a responsabilidade 
civil será transmitida aos seus 
representantes e, no caso de solvência 
 Maioridade Penal (+18); 
 Sã consciência; 
 Livre vontade 
 Ser pessoa jurídica legalizada 
(em casos de pessoas 
jurídicas). 
 
Na falta de um destes temos uma 
excludente de culpabilidade, visto que 
há uma inimputabilidade penal ao 
indivíduo. 
destes, a responsabilidade pode, em 
último caso, afluir ao patrimônio do 
então infante. 
 
Ainda, para os casos de reativamente 
incapazes, temos, no que nos importa, o 
art. 4º que delimita que são incapazes 
relativamente a certos atos ou à maneira 
de os exercer “os maiores de dezesseis 
e menores de dezoito anos”. Assim, 
para os relativamente incapazes, a 
responsabilidade civil ainda permanece 
para os seus representantes. 
IMPORTANTE: Pontualmente nos 
casos de emancipação, a dinâmica do 
responsável do menor pelo ato ilícito é 
alterada dependendo do tipo de 
emancipação, nos seguintes termos: 
 Emancipação Voluntária: 
respondem pelo dano causado, 
solidariamente, os 
representantes e o menor 
emancipado. 
 Emancipação Judicial: uma vez 
que a jurisdição civil constata a 
autonomia da vontade do 
emancipado, não há 
solidariedade com “ex-
representante”. 
 Emancipação Legal: uma vez 
atingidos os requisitos do artigo 
5º do Código Civil, a maioridade 
civil pode ser alcançada, tais 
condições especiais, são: 
a) pelo casamento, 
b) por emancipação (que só é 
permitida a partir dos 16 anos), 
c) pela colação de grau no ensino 
superior, 
d) pelo exercício de um emprego 
público em caráter efetivo, 
e) por relação de emprego que 
garanta o seu sustento ou pelo 
estabelecimento civil ou 
comercial. 
Nesse caso, assim como na 
emancipação judicial, não há 
solidariedade na reparação civil 
do dano por ato ilícito. 
 
4.0. DOS ELEMENTOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL OU 
PRESSUPOSTO AO DEVER DE INDENIZAR (CONCEITOS 
BÁSICOS): 
 
ATO ÍLICITO CIVIL/ 
CONDUTA 
 
 
A conduta humana pode ser causada por uma ação 
(conduta positiva) ou omissão (conduta negativa). Pela 
presença do elemento volitivo, trata-se de um fato jurígeno. 
 
 Lesão a direito privado + dano 
 
 Abuso de Direito + dano 
 
 
 
 
 
 
RESULTADO/DANO 
 
 Produto do ato ilícito que causa prejuízo (lesão a 
direitos) 
 
 Trata-se da lesão a um interesse jurídico, material ou 
moral. 
 
 Não é qualquer tipo de dano que é indenizável. 
Para que o dano seja indenizável, é preciso o 
preenchimento de 3 requisitos do dano indenizável: 
 
 (1) Atualidade do Dano: o dano dever ser atual, 
assim como os seus efeitos prejudiciais ao lesado; 
 
 (2) Subsistência do Dano: se houve a atuação 
ilícita e o agente já reparou o dano, não há mais o 
que indenizar. Critica-se o presente requisito 
porque inviabilizaria a reparação por lucros 
cessantes; 
 
 (3) Certeza do dano: o dano indenizável é um dano 
certo e exigível, não pode ser um dano abstrato ou 
hipotético. O mero aborrecimento não justifica o 
dano. Veda-se a reparação dos danos hipotéticos 
ou eventuais. 
 
 
 
 
NEXO DE 
CAUSALIDADE 
 
 o nexo é formado pela conduta, cumulada com a 
previsão legal de responsabilidade sem culpa ou pela 
atividade de risco. 
 
- TEORIAS DO NEXO CAUSALIDADE: 
 
 Entre várias condutas que geram resultado, quais 
delas devem gerar responsabilidade civil para a 
reparação do dano? 
 
Resposta de Sergio Cavarieli Filho: “Não há uma 
regra teórica, nenhuma fórmula hipotética para 
resolver o problema, de sorte que a solução terá 
que ser encontrada em cada caso, atentando-se 
para a realidade fática, como bom-senso e 
ponderação.” 
 
Entretanto, surgem diversas teorias que classificam 
nominalmente as hipóteses de análise: 
 
 
 
 
 Teoria da causalidade adequada: 
 
- Dentre todas as causas, deve haver apenas uma 
que gere a responsabilidade. Aqui se analisa a 
conduta determinante para a existência do dano. 
 
Critica-se essa teoria no sentido de que, muitas 
vezes na prática, não há como desatrelar as 
múltiplas causas que dão razão aos danos e 
prejuízos causados. 
 
 
 Teoria da equivalência dos antecedentes: 
 
- Para essa teoria, todas as causas anteriores ao 
dano são iguais, podendo todas estarem elencadas 
como promulgadoras do dano gerador da 
responsabilidade civil. 
 
- Tal teoria é criticada por parte da doutrina, uma 
vez que se pode considerar uma regressão infinita 
de causas, onde todas as causas anteriores são 
causas. 
 
Deve-se, pois, independente da teoria aplicada, se 
utilizar em primeiro lugar a razoabilidade. 
 
 Teoria da Imputação Objetiva: 
 
- Essa teoria busca equilibrar a teoria equivalência 
dos antecedentes. 
 
- Aqui, ainda se analisam mais uma causa ou 
condição para o dano que gera responsabilidade 
civil. 
 
- Todavia, para admitir a causa como anexável ao 
dano, deve ser feita a análise das condições em 
que se aventura o agente causador, excluindo ou 
somando a conduta como causa do dano. 
 
 Diminuição do risco: 
 
- Se o agente cometer um dano, mas ao fazê-
lo diminui a chance de um risco maior. O dano 
mais leve deve ser desconsiderado. 
 
Exemplo: namorado que empurra namorada 
para a salvar de um acidente de carro, mas 
acaba por causar arranhões nela. (o dano 
causado diminuiu o risco de dano maior). 
 
 Aumento do risco permitido: 
 
- O aumento do risco permitido é a situação 
em que um agente, apesar de agir com falta 
de cuidado que lhe era exigível na situação, 
não aumenta o risco permitido, isto é, mesmo 
se tivesse tomado todas as precauções 
exigidas o resultado teria acontecido da 
mesma forma como ocorreu. 
 
- Não poderia, pois, ser imputado ao agente a 
ocorrência do resultado, uma vez que sua 
conduta não majorou o risco anteriormente 
criado.- EXEMPLO: Fugindo com seu carro de um 
tsunami, Maria destrói um boneco de posto 
de gasolina, no mesmo local onde se 
encontrava os restos do boneco, caiu uma 
arvore, em decorrência do tsunami. (mesmo 
que Maria tivesse desviado do boneco, ele 
também seria destruído) 
 
 Entre outras hipóteses... ver tópico 7.0. 
 
Culpa 
 
 Elemento subjetivo da ação ou omissão do agente 
lesador. 
 
 A responsabilidade objetiva não necessita da 
comprovação da culpa, basta-lhe a vinculação ao 
dano. 
 
 Porém, responsabilidade subjetiva constitui regra 
geral em nosso ordenamento jurídico, baseada na 
teoria da culpa. Dessa forma, para que o agente 
indenize, para que responda civilmente, é necessária 
a comprovação da sua culpa genérica, que inclui o 
dolo (intenção de prejudicar) e a culpa em sentido 
restrito (imprudência, negligência ou imperícia). 
 
 
5.0. DAS ESPÉCIES DE RESPONSABILIDADE CIVIL 
 
 
 
 
RESPONSABILIDADE 
CONTRATUAL 
 
Responsabilidade Contratual é derivada 
da existência de um contrato: 
 
Trata-se aqui de uma responsabilidade civil 
que subsiste do rompimento da ordem 
jurídica de um vínculo jurídico específico. 
Tal rompimento se dá por lesão ao 
dispositivo contratual ou por abuso dos 
direitos convencionados. 
 
• Inadimplemento da obrigação 
contratual: 
 
Art. 389. Não cumprida a obrigação, 
responde o devedor por perdas e danos, 
mais juros e atualização monetária segundo 
índices oficiais regularmente estabelecidos, 
e honorários de advogado. 
 
 Abuso de direitos avençados: 
 
Art. 187. 
Também comete ato ilícito o titular de um 
direito que, ao exercê-lo, excede 
manifestamente os limites impostos pelo 
seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou 
pelos bons costumes. 
 
 Início da responsabilidade civil 
contratual: 
 
Art. 397. O inadimplemento da obrigação, 
positiva e líquida, no seu termo, constitui de 
pleno direito em mora o devedor. 
 
Parágrafo único. Não havendo termo, a 
mora se constitui mediante interpelação 
judicial ou extrajudicial. 
 
 Perdas e danos (emergentes e 
cessação do lucro): 
 
Art. 402. Salvo as exceções expressamente 
previstas em lei, as perdas e danos devidas 
ao credor abrangem, além do que ele 
efetivamente perdeu, o que razoavelmente 
deixou de lucrar. 
 
 Ressarcimento 
 
Art. 404. 
As perdas e danos, nas obrigações de 
pagamento em dinheiro, serão pagas com 
atualização monetária segundo índices 
oficiais regularmente estabelecidos, 
abrangendo juros, custas e honorários de 
advogado, sem prejuízo da pena 
convencional. 
 
Parágrafo único. Provado que os juros da 
mora não cobrem o prejuízo, e não havendo 
pena convencional, pode o juiz conceder ao 
credor indenização suplementar. 
 
 Início dos Juros de Mora 
 
Art. 405. Contam-se os juros de mora 
desde a citação inicial. 
 
 
 
 
 
RESPONSABILIDADE 
EXTRACONTRATUAL 
 
 
Trata-se de responsabilidade civil calcada 
em norma estatal que, embora não crie 
vínculo jurídico específico entre os 
cidadãos, gera uma relação jurídica 
genérica de observância do conteúdo da lei. 
 
 
 Lesão a direitos estabelecidos em 
normas estatais: 
 
Art. 186. 
Aquele que, por ação ou omissão voluntária, 
negligência ou imprudência, violar direito e 
causar dano a outrem, ainda que 
exclusivamente moral, comete ato ilícito. 
 
 
 
 
 
RESPONSABILIDADE 
SOLIDÁRIA 
 
 
 
 
 
 
 
Só existe 
quando 
houver 
concorrência 
dos agentes 
do dano. 
 
A responsabilidade em 
reparar o dano é 
solidariamente repartida 
entre os agentes 
ocasionadores do prejuízo. 
 
Ou seja, todos ficam 
responsáveis pela 
 
RESPONSABILIDADE 
DIRETA 
 
 
Também chamada de simples ou por ato 
próprio, é aquela que o agente do dano é o 
responsável por sua reparação. 
 
Deriva de fato causado diretamente pelo 
agente que gerou o dano. 
 
 
RESPONSABILIDADE 
INDIRETA 
 
 
Se promana de ato de terceiro, com o qual 
o agente tem vínculo legal de 
responsabilidade, de vínculo por 
propriedade de animal e de coisas 
inanimadas sob sua guarda. 
 
A responsabilidade civil indireta ou 
complexa ocorre quando o responsável pela 
reparação do dano é pessoa distinta da 
causadora direta da lesão. 
 
 
 
 
 
integralidade da reparação 
civil. 
 
A solidariedade não se 
presume, resulta de lei ou 
da vontade das partes. 
 
 
 
 
 
RESPONSABILIDADE 
SUBSIDIÁRIA 
 
 
Esta forma de repartição da 
responsabilidade se dá em 
virtude da divisão unitária 
das frações da reparação 
civil. 
 
Cada agente causador do 
dano responde por uma 
parte única do montante 
da indenização. 
 
Deve-se aplicar a 
subsidiariedade entre os 
agentes do dano quando 
não se achar hipótese de 
solidariedade. 
 
 
 
 
RESPONSABILIDADE 
SUBJETIVA 
 
 
Necessita da comprovação de CULPA 
(dolo, negligência ou imprudência) 
 
RESPONSABILIDADE 
OBJETIVA 
 
 
É prescindível a existência da culpa, uma 
vez que o elemento subjetivo é substituído 
pelo objeto do risco. 
 
Para que essa substituição seja realizada, 
se faz necessária a existência de 
responsabilidade objetiva por cláusula 
aberta ou, quando a lei o determinar, 
responsabilidade civil por determinação 
legal. 
 
 
 
 
 Risco: 
 
(a) Risco integral: modalidade que não 
admite nenhuma espécie de 
excludente de responsabilidade (caso 
fortuito, força maior nem culpa 
exclusiva da vítima). O ordenamento 
jurídico pátrio apenas autoriza tal 
hipótese em casos de danos 
decorrentes de atividade nuclear e, 
jurisprudencialmente, para danos 
ambientais. 
 
(b) Risco criado: para as demais 
hipóteses de responsabilidade 
objetiva, temos a teoria do risco criado 
para ser aplicada. Esta afasta a 
responsabilidade civil se admitida as 
hipóteses de excludentes (caso 
fortuito, força maior nem culpa 
exclusiva da vítima) 
 
(c) Risco proveito: Importante mencionar, 
no entanto, esta singular e 
significativa exceção à teoria do 
risco criado. A súmula 145 do STJ, 
pela qual: 
 
 “no transporte 
desinteressado, de simples 
cortesia, o transportador só 
será civilmente responsável 
por danos causados ao 
transportado quando incorrer 
dolo ou culpa grave”. 
 
De fato, ao excluir a responsabilidade 
civil em caso de transporte de cortesia 
(carona), configura-se indisfarçável 
adoção da teoria do risco proveito, 
donde resulta concluir que, não sento 
o transporte de cortesia acompanhado 
de vantagem econômica para o 
transportador, sua responsabilidade 
será subjetiva, independentemente de 
se tratar de atividade de risco. 
 
 
 
 
 
6.0. DO DANO: 
 
- A mera VIOLAÇÃO DE UM DIREITO NÃO gera a OBRIGAÇÃO 
DE INDENIZAR. É necessário que haja a violação do direito + 
dano. 
6.1. Espécies de Dano: 
 
 
A) DANO MATERIAL OU PATRIMONIAL: 
 
Dano material é o prejuízo financeiro efetivamente sofrido pela vítima, 
causando diminuição do seu patrimônio. 
 
- Dano Emergente: o que efetivamente o lesado perdeu; 
- Lucro Cessantes: o que razoavelmente deixou de ganhar. 
 
TEORIA DA DIFERENÇA – Trata-se de critério para a definição do valor 
da indenização devida: "Tradicionalmente, define-se dano patrimonial como 
a diferença entre o que se tem e o que se teria, não fosse o evento 
danoso. A assim chamada ‘Teoria da Diferença’ ... converteu o dano numa 
dimensão matemática e, portanto, objetiva e facilmente calculável". 
 
 
 
b) DANO MORAL: 
 
 É o prejuízo que afeta o ÂNIMO PSÍQUICO, MORAL e 
INTELECTUAL da vítima, um dano que ocasiona um DISTÚRBIO 
ANORMAL da vida do indivíduo. SÉRGIO CAVALIERI FILHO: 
 
“É a reação psicológica que a pessoa experimenta em razão de 
uma agressão a um bem integrante de sua personalidade, 
causando-lhe vexame, sofrimento, humilhação e outras dores 
do espírito.” 
 
 É a dor causada em alguma pessoa que representa uma violação a 
um DIREITO INERENTEÀ PERSONALIDADE. 
 
 Para o STJ: 
 
 “só se deve reputar como dano moral a dor, o vexame, o 
sofrimento ou mesmo a humilhação que, fugindo à 
normalidade, interfira intensamente no comportamento 
psicológico do indivíduo, chegando a causar-lhe aflição, 
angústia e desequilíbrio em seu bem estar.” (STJ, REsp 
1234549/SP, Rel. Ministro MASSAMI UYEDA, TERCEIRA 
TURMA, julgado em 01/12/2011, DJe 10/02/2012). 
 
 Meros aborrecimentos e dissabores da vida quotidiana não 
ensejam compensação por danos morais. 
 
 Súmula 37, STJ: São cumuláveis as indenizações por dano material 
e dano moral oriundos do mesmo fato. 
 
 Deve-se utilizar o termo reparação dos danos e não ressarcimento. 
Não há um preço para a dor. 
 
b.1.) PESSOA JURÍDICA X DANO MORAL: 
 
 Súmula 227, STJ: A pessoa jurídica pode sofrer dano moral. 
 
 Segundo o STJ, a pessoa jurídica tem de comprovar dano moral para 
receber indenização: 
 
“1. A pessoa jurídica pode sofrer dano moral desde que 
haja ferimento à sua honra objetiva, ao conceito de que 
goza no meio social. 2. O mero corte no fornecimento de 
energia elétrica não é, a princípio, motivo para 
condenação da empresa concessionária em danos 
morais, exigindo-se, para tanto, demonstração do 
comprometimento da reputação da empresa.” (STJ, 
REsp 1298689/RS, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, 
SEGUNDA TURMA, julgado em 09/04/2013, DJe 
15/04/2013) 
 
 Consoante entendimento do STJ, manifestado no REsp 1.258.398-
PA, não há a possibilidade de se conceder danos morais para 
pessoas jurídicas de direito público. Caso se permitisse, seria uma 
subversão da própria essência dos direitos. 
 
 Assim, teríamos uma confusão/paradoxo em se ter, na mesma 
pessoa, uma idêntica posição jurídica de titular ativo ou passivo, 
fundamentais, uma garantia do particular em face do estado, e não o 
contrário credor e devedor dos direitos fundamentais. 
 
c) DANO ESTÉTICO: 
 
Trata-se de uma alteração morfológica da pessoa natural, tendo como 
parâmetro a medicina estética. Ex.: cortes, cicatrizes, queimaduras, 
deformações, perda de órgãos ou de função. Entende-se que o dano é 
presumido. É modalidade de dano in re ipsa. 
 
 
 
É toda alteração morfológica do indivíduo que implique, sob qualquer 
aspecto, um afeamento da vítima, consistindo numa simples lesão 
desgastante ou num permanente motivo de exposição ao ridículo ou 
de complexo de inferioridade, exercendo ou não influência sobre sua 
capacidade laborativa. Em teoria, a deformidade física pode acarretar 
dano patrimonial (redução da capacidade laborativa) ou dano moral 
(vexame, humilhação). 
 
 AUTONOMIA: 
Na oportunidade da súmula 387, o STJ aceita a cumulação de danos 
estéticos e morais, e, ao mesmo tempo, dá ao dano estético autonomia 
como espécie de dano. 
 
Súmula 387, STJ: É possível a acumulação das indenizações de 
dano estético e moral. 
 
 
D) DANO EXISTENCIAL: 
 
Trata-se de uma criação jurídica utilizada para enquadrar o dano que 
acarreta a mudança brusca e repentina do dia-a-dia da pessoa humana, 
modificando irreversivelmente a sua relação com a sociedade, a família, 
a religião e a liberdade de sua consciência. 
 
 Em suma, é lesão ao direito de ser feliz... impossibilitando a presente 
execução de um projeto de vida no campo pessoal (mulher vítima de erro 
médico que a impede de ter filho; férias não concedidas ao empregado; 
bullying no ambiente escolar ou de trabalho; pais que perdem o filho vítima 
de acidente automobilístico causado por terceiro...). 
 
 
 
E) DANO DIRETO: 
 
É o dano único, simples... dele não se propagam outros danos...nem 
outras vítimas. 
 
 
 
F) DANO INDIRETO: 
 
A doutrina explica que o dano indireto remete à ideia de uma cadeia 
de prejuízos, ou seja, a mesma vítima sofre um dano principal, 
denominado de direto e, em consequência deste, ainda suporta outro, 
indireto. 
 
Trata-se de um dano que é capaz de gerar uma cadeia de outros danos 
ao mesmo lesado: 
 
 
 
 
 
 
 
Obs.: embora haja muitos danos, ocorrem todos em um mesmo 
lesado. (apenas uma vítima) 
 
DANO PRINCIPAL 
(DIRETO) 
DANO SECUNDÁRIO 
(INDIRETO) 
G) DANO REFLEXO OU EM RICOCHETE: 
 
O dano reflexo, por sua vez, é aquele que atinge, além da vítima direta, 
uma terceira pessoa, distinguindo-se do dano indireto exatamente 
porque neste a mesma vítima suporta danos direto e indireto. 
 
Portanto é um dano dirigido para uma vítima apenas, produzindo 
resultados reflexos em UMA ou MAIS pessoas. 
 
 
 
 
h) DANO SOCIAL OU DIFUSO: 
 
- Antônio Junqueira de Azevedo propõe essa nova modalidade. 
 
- Para ele, "os danos sociais, por sua vez, são lesões à sociedade, 
no seu nível de vida, tanto por rebaixamento de seu patrimônio moral 
– principalmente a respeito da segurança – quanto por diminuição 
na qualidade de vida". 
 
 
 
7.0. DAS EXCLUDENTES DE ILICITUDE (excludentes ao dever 
indenizar): 
- As formas que excluem a ilicitude do ato ilícito ou abuso de direito, 
estão listados art.188 do C.C., mas, como veremos, existem outras 
hipóteses não legislativas maquinadas pela doutrina e 
jurisprudência: 
 
Art. 188.Não constituem atos ilícitos: 
 
I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um 
direito reconhecido; 
 
II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a 
pessoa, a fim de remover perigo iminente. 
 
Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente 
quando as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não 
excedendo os limites do indispensável para a remoção do perigo. 
 
 
a) Legítima Defesa 
 
Contra o 
agente 
causador do 
dano 
(agressor). 
 
 
Não há dever de indenização para quem praticou a 
legítima defesa e causou danos. 
 
Exemplo: usar da força para repelir agressor. 
 
 
 
Contra terceiro 
ou seus bens 
Quem se usou da legítima defesa contra terceiro 
deve indenizar este, mas dispõe de ação regressiva 
contra o causador originário do dano. 
 
Legitima 
Defesa 
Putativa 
 
Na legítima defesa putativa a pessoa pressente um 
perigo que, na realidade, não existe e, por isso, age 
imoderadamente, o que não exclui o dever de 
indenizar. 
 
Civil – Dano moral – Legítima defesa putativa. 
A legítima defesa putativa supõe 
negligência na apreciação dos fatos, e por 
isso não exclui a responsabilidade civil 
pelos danos que dela decorram. Recurso 
Especial conhecido e provido” (STJ, REsp 
513.891/RJ, Processo 2003/0032562-7, 3.ª 
Turma, Rel. Min. Ari Pargendler, j. 20.03.2007, 
DJU 16.04.2007, p. 181). 
 
Exemplo, veja a ilustração de Marco Aurélio Bezerra 
de Melo: A legítima defesa putativa, trata-se 
“daquela em que uma pessoa atropela outra que se 
aproxima em um semáforo à noite, pois imagina 
estar na iminência de ser assaltado, quando na 
verdade o lesado se aproximara apenas para pedir 
uma carona ou perguntar as horas” 
 
 
Legítima 
defesa com 
excesso 
 
Deve indenizar, porém de forma proporcional, pois 
subsiste a ilicitude em parte da conduta do agente 
que deu causa a Legítima defesa com excesso. 
 
Exemplo: aquele que, para reprimir lesão corporal 
de agressor desarmado, atira em sua perna, 
causando danos desproporcionais ao agressor 
desarmado. 
 
 
b) Exercício Regular do Direito 
 
Conceito 
Básico 
O art. 188, em seu inciso I, segunda parte, do 
CC/2002, preconiza que não constitui ato ilícito o 
praticado no exercício regular de um direito 
reconhecido. 
 
 
 
Informativo 
n°371 do STJ 
 
Notitia 
Criminis 
 
Carência de 
provas e 
indícios 
 
 
 
 A Notitia Criminis praticada em Exercício 
Regular de Direito: 
 
Se o inquérito policial foi instaurado por provocação 
em iniciativa de Notitia Criminis, reconhecendo o 
infrator de forma equivocada, que foi preso e, 
depois, liberado, com o posterior arquivamento do 
inquérito por falta de provas, mesmo assim, não 
restaconfigurado o dever de indenizar por parte de 
quem levou as informações imprecisas ao 
conhecimento da autoridade policial. 
 
Assim é em virtude de que o cidadão comum não 
possui meios próprios de averiguar a liquidez ou 
veracidade dos fatos, logo, a análise investigativa é 
papel dos órgãos policiais competentes. 
 
Dessa forma, não deve ser impedido o cidadão de 
informar a autoridade competente a possível 
existência de crime, ainda que ele não tenha a 
categórica certeza da materialidade e autoria, não 
consistindo em ato ilícito, para fins de 
responsabilidade civil, se for exercido 
regularmente 
 
Todavia, se a Notitia Criminis foi provada e 
intentada com dolo ou má-fé, acusando o indiciado, 
de forma intencional e falsamente, com o intuito de 
denegrir sua imagem, dessa maneira, há dever de 
indenizar. 
 
 
 
Informativo 
n°499 do STJ 
 
Matéria 
Jornalística 
 
Direito de 
Informar 
 
Liberdade de 
Imprensa. 
 
 
 
 A Liberdade de Expressão praticada em 
Exercício Regular de Direito: 
 
A mídia pode vincular matéria que se sustenha da 
verdade dos fatos ou na busca pela verdade, 
sempre com o oferecimento do contraditório. 
 
 Ainda, pode ser considerado um juízo de valor em 
forma de crítica acerca da realidade dos fatos, 
respeitando os limites da liberdade de expressão, 
para que não se subverta a constitucionalidade em 
abuso de direito. 
 
Para Flávio Tartuce, trata-se de uma “imperiosa 
cláusula de modicidade”, significando que as 
variáveis do caso concreto devem se sopesar com o 
princípio da liberdade de impressa. (depende do 
caso) 
Informativo 
n°553 do STJ 
 
Inscrição 
Devida em 
cadastros de 
proteção ao 
crédito 
 
 
 
 A Inscrição Devida em cadastros de proteção 
ao crédito praticada de exercício regular do 
direito: 
 
Os cadastros de proteção ao crédito são meios 
coercitivos tendentes a compelir o devedor a cumprir 
a obrigação, uma vez que o nome do inadimplente 
estará anunciado nas redes de crédito, 
impossibilitando-o de firma novos compromissos 
econômicos ou até mesmo dilapidando a imagem de 
“bom pagador” do inscrito no cadastro. 
 
Assim, a inscrição do nome do devedor, quando 
devidamente realizada, não gera responsabilidade 
civil ao credor da obrigação que assim o fez. 
 
Vale ressaltar que, uma vez já inscrito devidamente 
em cadastro de proteção ao crédito, não há 
reparação civil em caso de duplicidade de 
inscrições, caso outra instituição reinscreva o 
devedor no rol. 
 
Obs.: por óbvio, a inscrição INDEVIDA gera 
responsabilidade civil objetiva a quem deu causa. 
 
 
c) Estado de Necessidade 
Conceito 
O estado de necessidade, para o direito civil, é 
instituto jurídico que afasta o dever de indenizar o 
dano concretizado. 
 
Este instituto civil está previsto e disciplinado nos art. 
188, II e parágrafo único e art. 929 e 930, todos do 
CC 
 
 
Art. 188, inciso 
II e parágrafo 
único do CC. 
 
Art. 188. 
 
Não constituem atos ilícitos: 
 
(...) 
 
II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou 
a lesão a pessoa, a fim de remover perigo 
iminente. 
 
Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será 
legítimo somente quando as circunstâncias o 
tornarem absolutamente necessário, não 
excedendo os limites do indispensável para a 
remoção do perigo. 
 
 Havendo excesso, tanto poderá estar 
configurado o abuso de direito (art. 187 do 
CC) quanto o ato ilícito propriamente dito (art. 
186 do CC). 
 
Art. 929 do CC 
 Análise de quem 
 
Art. 929. 
 
Se a pessoa lesada, ou o dono da coisa, no caso do 
inciso II do art. 188, não forem culpados do perigo, 
assistir-lhes-á direito à indenização do prejuízo que 
sofreram. 
 
 Exemplo: O namorado que empurra a 
companheira para livrá-la de carro 
desgovernado em alta velocidade e 
acaba por causar ferimentos nela. 
 
 Se a namorada estiver na calçada, 
assume-se que ela não tinha 
concorrido na causa do perigo. 
Portanto, o namorado pode ser 
responsabilizado civilmente pelas 
lesões sofridas pela namorada, ainda 
que tenha a empurrado a fim de 
salvá-la. 
 
 Mas se ela estivesse em rua aberta e 
sabidamente movimentada, ela deu 
causa ao perigo. Neste caso, ela não 
teria direito de requer de seu 
namorado a reparação civil devida. 
 
 OBS: devemos analisar caso a caso. 
 
Flávio Tartuce, nas suas lições, apresenta forte 
crítica acerca da redação deste artigo: 
 
“Na verdade, o art. 929 do CC 
representa um absurdo jurídico, pois, 
entre proteger a vida (a pessoa) e o 
patrimônio, dá prioridade a este 
último. Não há dúvida de que o 
comando legal está em total 
dissonância com a atual tendência do 
Direito Privado, que coloca a pessoa 
no centro do ordenamento jurídico, 
pela regra constante do art. 1.º, III, da 
Constituição Federal (dignidade da 
pessoa humana como fundamento da 
República Federativa do Brasil), a 
acarretar a personalização do Direito 
Civil e a sua consequente 
despatrimonialização.” 
Art. 930 do CC 
Art. 930. 
 
No caso do inciso II do art. 188, se o perigo ocorrer 
por culpa de terceiro, contra este terá o autor do 
dano ação regressiva para haver a importância que 
tiver ressarcido ao lesado. 
 
 Exemplo: O namorado que empurra a 
companheira para livrá-la de carro 
desgovernado em alta velocidade e 
acaba por causar ferimentos leves 
nela. 
 
 Caso a companheira não tenha 
incorrido na culpa e ela ajuíze ação 
contra o namorado por tê-la 
empurrado, ele tem direito a ação de 
regresso contra o motorista do 
veículo, uma vez que ele é o terceiro 
causador do perigo. 
 
 
d) Da cláusula de não indenizar 
Conceito 
Considerada por parte da doutrina como uma 
excludente de responsabilidade, a cláusula de não 
indenizar constitui a previsão contratual pela qual a 
parte exclui totalmente a sua responsabilidade. 
 
Essa cláusula é também denominada cláusula de 
irresponsabilidade ou cláusula de exclusão de 
responsabilidade. 
 
Por razões óbvias, a cláusula somente deve ser 
aplicada à responsabilidade contratual (arts. 389 a 
391 do CC), e não à extracontratual (art. 186 do CC), 
pois envolve preceitos de ordem pública. 
 
Admitida 
- Para a responsabilidade civil contratual, quando 
houver bilateralidade do consentimento, presente 
um contrato paritário ou negociado. 
 
 
- Quando não houver colisão com preceito cogente 
de lei. 
 
Vedada 
– Para os casos envolvendo responsabilidade civil 
extracontratual ou aquiliana; 
 
– Para excluir ou limitar os danos morais; 
 
– Em contratos de adesão; 
 
– Nas relações de consumo; 
 
– Quando se tratar de crime ou de ato lesivo 
doloso; 
 
– Em contrato de transporte (art. 734 do novo CC e 
Súmula 161/STF); 
 
– Nos contratos de guarda. 
 
 
e) Anuência da Vítima 
 
O consentimento da vítima pré-exclui, em geral, a responsabilidade 
civil do agente. 
 
 Para que o consentimento da vítima seja eficaz, é preciso que, além 
da capacidade do agente, o bem jurídico seja disponível. 
 
 
 
8.0. DAS EXCLUDENTES DO NEXO DE CAUSALIDADE: 
 
Culpa Exclusiva da Vítima 
 
Pode romper o nexo de responsabilidade. 
A prova da culpa da vítima deve ser 
necessariamente feita pelo réu (RESP 
439.408/SP). Segundo Silvio Rodrigues, o 
aparente causador do dano é mero 
instrumento do acidente. A boa técnica 
recomenda utilizar fato exclusivo da 
vítima, ao invés de culpa exclusiva. 
Deve-se falar em isenção da 
responsabilidade do causador direto do 
dano, não se devendo tratar como 
ausência de culpa deste. 
 
Culpa ou Fato de Terceiro 
Pessoa totalmente estranha à relação 
jurídica. 
Ex.: acidente de automóvel causado pelo 
assaltante que levou o veículo à mão 
armada. 
Observe-se que a Culpa de Terceiro, 
segundo a redação do artigo 735 do CC, 
não deve ser aplicado como regra nos 
casos de transporte contratado de 
pessoas:Art. 735. A responsabilidade 
contratual do transportador por 
acidente com o passageiro não é 
elidida por culpa de terceiro, 
contra o qual tem ação 
regressiva. 
 
Ex.: Acidente de avião por culpa, ou fato, 
de não manutenção por empresa terceira 
responsável. É o que a doutrina chama de 
responsabilidade civil objetiva 
agravada, em razão da impossibilidade 
de alegação de uma das excludentes. 
 
Veja a súmula 187 do STF: “A 
responsabilidade contratual do 
transportador, pelo acidente com o 
passageiro, não é elidida por culpa de 
terceiro, contra o qual tem ação 
regressiva. “ 
 
Caso Fortuito 
 e 
 
Força Maior Para Orlando Gomes, Cavalieri, Stolze, 
Tartuce: Caso fortuito é o evento 
totalmente imprevisível e força maior é o 
previsível, mas inevitável. 
 
Artigo 393 do CC: 
 
O devedor não responde pelos 
prejuízos resultantes de caso 
fortuito ou força maior, se 
expressamente não se houver por 
eles responsabilizado. 
 
Parágrafo único. O caso fortuito ou 
de força maior verifica-se no fato 
necessário, cujos efeitos não eram 
possíveis evitar ou impedir. 
 
Como se observa do parágrafo único, o 
caso fortuito e a força maior somente 
serão considerados como excludentes da 
responsabilidade civil quando o fato 
gerador do dano não for conexo à 
atividade desenvolvida. 
 
 
 
 
9.0. PRESCRIÇÃO DA RESPONSABILIDADE CIVIL: 
 
Responsabilidade 
Contratual 
Art. 206, §3º, V, do CC: 
Prescreve: 
§ 3o Em três anos: 
V - a pretensão de 
reparação civil; 
 
03 anos 
Responsabilidade 
Extracontratual 
Art. 205 do CC: 
 
 A prescrição ocorre em 
dez anos, quando a lei não 
lhe haja fixado prazo 
menor 
 
10 anos 
Relação de 
Consumo 
 
Art. 27. Prescreve em 
cinco anos a pretensão à 
reparação pelos danos 
causados por fato do 
produto ou do serviço 
prevista na Seção II deste 
Capítulo, iniciando-se a 
contagem do prazo a partir 
do conhecimento do dano 
e de sua autoria. 
 
05 anos 
 
10.0. CONSUMIDOR POR EQUIPARAÇÃO: 
No caso de Fato do Produto ou do Serviço (defeito) é produzido um 
dano, portanto, enseja a responsabilidade civil ao causador do 
dano. Assim, tratando-se de responsabilidade civil em razão de 
defeito de produto ou serviço, se deve observar o disposto no 
artigo 17 do CDC: 
Art. 17. Para os efeitos desta Seção (da 
responsabilidade pelo Fato do Produto e do 
Serviço), equiparam-se aos consumidores 
todas as vítimas do evento. 
Por essa razão o STJ equipara na qualidade de consumidor aqueles 
que, embora não tenham participado diretamente da relação de 
consumo, sofrem as consequências do evento danoso (observe-se 
aos especiais casos de dano indireto, dano em ricochete e 
dano social ou difuso. 
 
 
 
UNIDADE II 
11.0. DA RESPONSABILIDADE CIVIL NAS OBRIGAÇÕES DE 
MEIO E DE RESULTADO: 
 
- CONCEITOS BÁSICOS: 
 
 
 
 
Ocorre quando o devedor NÃO 
se responsabiliza pelo resultado e 
Ocorre quando o devedor se 
responsabiliza pelo atingimento do 
Obrigação de Meio Obrigação de Resultado 
se obriga apenas a empregar 
todos os meios ao seu alcance 
para consegui-lo. (exs: advogados, 
médicos como regra) 
resultado. (ex: médico que faz 
cirurgia plástica embelezadora; mas 
se a cirurgia plástica for para corrigir 
doença, será obrigação de meio). 
 
12.0. DA RESPONSABILIDADE CIVIL DO MÉDICO: 
Segundo o entendimento do STJ, a relação entre médico PRIVADO 
e paciente é CONTRATUAL (responsabilidade civil contratual, 
regida pelo CDC) e termina, em regra, pelo pagamento da 
OBRIGAÇÃO MEIO. 
a) [Regra geral] Na relação entre médico e paciente: 
obrigação de meio: Segundo o entendimento do STJ, a 
relação entre médico e paciente é CONTRATUAL e encerra, 
de modo geral, OBRIGAÇÃO DE MEIO, salvo em casos de 
cirurgias plásticas de natureza exclusivamente estética (REsp 
819.008/PR). 
 
Portanto, na ocorrência de dano, deverá o credor da obrigação 
apresentar prova da culpa do devedor, o qual não empregou 
todos os meios contratados e permitidos (legais) para zelar 
em prol do melhor resultado probabilístico. 
 
Art. 2° do Código de Ética Médica: “O alvo de toda a atenção 
do médico é a saúde do ser humano, em benefício da qual 
deverá agir com o máximo de zelo e o melhor de sua 
capacidade profissional”. 
 
Vide as lições de Cavarieli Filho: “Nenhum médico, por mais 
competente que seja, pode assumir a obrigação de curar o 
doente ou de salvá-lo, mormente quando em estado grave 
ou terminal. A ciência médica, apesar de todo o seu 
desenvolvimento, tem inúmeras limitações, que só poderes 
divinos poderão suprir.” 
 
No mesmo teor, temos o art. 57 do Código de Ética Médica 
apregoa que “é vedado ao médico deixar de utilizar todos os 
meios disponíveis de diagnóstico e tratamento a seu alcance 
em favor do paciente”. Assim, não se obriga a curar, mas, 
prestar cuidados, utilizando todos os recursos 
adequados existentes na medicina. 
 
b) [Exceção] Na relação envolvendo cirurgias de natureza 
exclusivamente estética: A obrigação nas cirurgias 
meramente estéticas é OBRIGAÇÃO DE RESULTADO, 
comprometendo-se o médico com o efeito embelezador 
prometido, pois seu objetivo não é curar, mas é meio 
auxiliar para se chegar ao objetivo previsto. 
 
Dessa forma, na hipótese de prejuízo ao paciente de cirurgia 
puramente estética, deve ser comprovada pelo resultado 
insuficiente do procedimento cirúrgico. 
 
OBS – CIRURGIA PLÁSTICA COM FINALIDADE 
REPARADORA: Na hipótese de cirurgia plástica com 
intuito de corrigir imperfeição de doença ou mal 
acometido ao paciente, será hipótese de OBRIGAÇÃO 
MEIO, pois o médico executara técnicas para restaurar o 
status quo fisiológico do credor. 
 
c) Procedimentos de Natureza estética e reparadora (mista): 
Nas cirurgias de natureza mista (estética e reparadora), como 
no caso de redução de mama, a responsabilidade do médico 
não pode ser generalizada, devendo ser analisada de forma 
fracionada, conforme cada finalidade da intervenção. Assim, 
a responsabilidade do médico será de resultado em relação à 
parcela estética da intervenção e de meio em relação à sua 
parcela reparadora (STJ. 3ª Turma, REsp 1.097.955-MG, Rel. 
Min. Nancy Andrighi, julgado em 27/9/2011). 
 
12.1. DA RESPONSABILIDADE SUBJETIVA DO MÉDICO 
PRIVADO E DO MÉDICO SERVIDOR PÚBLICO: 
 
a) A responsabilidade civil do médico privado é subjetiva e 
contratual, uma vez que responsabilidade pessoal dos 
profissionais liberais será apurada mediante a verificação de 
culpa. (CDC, art. 14, §4º). 
 
b) A responsabilidade civil do médico servidor público é 
subjetiva e extracontratual. TODAVIA, no tocante a 
responsabilidade civil da Administração, se deve aplicar a 
Teoria do Risco Administrativo, o que significa que, existindo 
o dano, a conduta e o nexo de causalidade entre ambos, e 
não havendo nenhuma das causas de exclusão da 
responsabilidade da Administração Pública, o Ente Público 
deverá ser responsabilizado objetivamente. 
 
Nesse caso o Estado será condenado a ressarcir o lesado, 
restando o direito à ação regressiva contra o médico, 
onde, nesse caso, será analisado o elemento da culpa do 
agente. 
 
Nas lições de VENOSA: “Na responsabilidade civil do 
Estado, em matéria de atendimento médico, o que está em 
jogo é a chamada falta do serviço público causadora de 
dano ao particular, e não a responsabilidade de um agente 
público em particular”. 
 
13.0. DA RESPONSABILIDADE CIVIL DO ADVOGADO: 
 
A atividade advocatícia é uma obrigação de meio, e, portanto, deve 
o causídico agir com prudência e proatividade ante ao exercício da 
defesa do seu constituinte, sem que, na hipótese de derrota 
processual, venha a ser configurado o dano. 
OBS: Segundo o STJ (Resp 805919), é possível que os honorários 
contratuais sejam condicionados sob a cláusula de resultado 
(advocacia de cobrança), mas o pagamento ou não dos honorários, 
não implica na análise daresponsabilidade civil por ato ilícito ou 
abuso de direito na atividade advocatícia (pagamento condicionado 
pela vitória ≠ dano processual injustificável pela conduta 
inconsistente do advogado), 
 
13.1. DA RESPONSABILIDADE CIVIL SUBJETIVA E 
CONTRATUAL OU EXTRACONTRATUAL DO 
ADVOGADO NA ATUAÇÃO PROCESSUAL: 
Conforme já analisado anteriormente, a responsabilidade do 
profissional liberal deve ser verificada mediante a existência de culpa, 
trata-se aqui da responsabilidade civil subjetiva. 
Para definir se a responsabilidade do advogado é contratual ou 
aquiliana, será necessário analisar as cláusulas da procuração do 
advogado que foram usurpadas (responsabilidade contratual – 
deve específico de observância – prescrição 10 anos) e, quando 
não forem previstas da contratação, compulsar a natureza do dano 
pela legislação respectiva (responsabilidade aquiliana – dever 
genérico de observação – prescrição 03 anos) 
 
13.2. DO EXAME DA GRAVIDADE: PRECLUSÃO, 
PRESCRIÇÃO E SEGREDO PROFISSIONAL: 
O advogado deverá ser responsabilizado por danos e prejuízos 
que, na administração processual, produzir. O exame da gravidade 
e justificação do dano será realizado pelo magistrado. 
Vejamos alguns exemplos de possíveis danos que podem ser 
atribuídos ao advogado durante sua militância: 
A) Preclusão Se o advogado, intimado ou 
podendo agir, deixa decorrer 
prazos processuais, ocasionando 
a perda de prazo para contestar 
ou recorrer. 
Nesses casos, será 
posto em observação a 
Teoria da Chance 
Perdida. Não se trata 
de uma mera 
possibilidade, mas sim 
de um juízo de 
probabilidade. 
 
B) Prescrição 
ou 
decadência 
Quando o causídico sabe de 
prescrição ou decadência 
iminente e, podendo ou devendo 
sustar a prescrição, deixa-lhe 
concretizar seus efeitos nocivos 
ao direito da parte. 
C) Segredo 
Profissional 
Vide o ensinamento de Venosa: “O segredo profissional é 
outra imposição ao advogado, como em outras profissões 
liberais. Assim, responde perante o cliente se divulgar fatos 
que soube em razão da profissão e, dessa forma, acarretou 
prejuízos à parte. Nesse sentido, é direito do advogado 
recusar-se a depor como testemunha em processo no qual 
funcionou ou deva funcionar, ou sobre fato relacionado com 
pessoa de quem seja ou foi advogado, mesmo quando 
autorizado ou solicitado pelo constituinte, bem como sobre 
fato que constitua sigilo profissional (artigo 7º, XIX da Lei nº 
8.906/94)”. 
 
14.0. DA TEORIA DA PERDA DE UMA CHANCE: 
 
A teoria da perda de uma chance surgiu na França, na década de 
sessenta, e foi muito difundida na Itália. Essa teoria afirma a possibilidade 
de um “novo dano” diferente dos principais danos (moral, material, 
estético, social, existencial), denominado de dano pela perda de uma 
chance. 
OBS: Diferença entre 
dano existencial e 
dano pela perda de 
uma chance. 
DANO EXISTENCIAL: 
A vítima já gozava de 
direito ou situação que 
lhe era benéfica e que 
lhe dava sentido à 
existência. 
DANO PELA PERDA 
DE UMA CHANCE: 
A lesão jurídica opera 
no plano da 
probabilidade de um 
direito ou situação 
ainda não existente, 
mas iminente. 
 
Assim, entende-se que a vítima tem seu futuro alterado pela retirada 
da chance provável e certa de um direito que agora não possui. 
 
14.1. CHANCE: 
O direito considera a “CHANCE” como a probabilidade realística 
de OBTER LUCRO ou EVITAR UMA PERDA. 
Com efeito, a teoria da perda de uma chance visa à 
responsabilização do agente causador não de um dano emergente, 
tampouco de lucros cessantes, mas de algo intermediário (uma 
terceira hipótese) entre um e outro, precisamente a perda da 
possibilidade de se buscar posição mais vantajosa, que muito 
provavelmente se alcançaria, não fosse o ato ilícito praticado. (REsp 
1190180/RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, julgado 
em 16/11/2010) 
 
14.2. ANÁLISE ESTATÍSTICA: 
Para os doutrinadores franceses, a perda se fundamenta em dois 
elementos: a) probabilidade de que haveria um ganho; e b) certeza 
de que a se resultou um prejuízo. 
Em suma, se a probabilidade certa e real da chance perdida 
for estatisticamente provada e dela ocasionar prejuízo, 
constitui-se o dano pela a perda de uma chance. Como se tem 
do Enunciado nº444 da 5ª Jornada de Direito Civil: 
 
"A responsabilidade civil pela perda de uma 
chance não se limita a categoria de danos 
extrapatrimoniais, pois, conforme as 
circunstâncias do caso concreto, a chance perdida 
pode apresentar também a natureza jurídica de 
dano patrimonial. A chance deve ser séria e real, 
não ficando adstrita a percentuais apriorísticos." 
 
14.3. DA REPARAÇÃO DA PERDA DA CHANCE: 
A indenização pela perda da chance não será quantificada pela 
vantagem esperada, mas sim pela chance perdida. Veja o exemplo do 
REsp. nº 788.549 BA de 2005: 
 
a) O caso ocorreu no programa de televisão “Show do Milhão” 
b) O prêmio máximo para o vencedor do programa do programa 
é de R$ 1.000.000,00. 
c) A recorrente errou uma questão com 4 alternativas sobre 
“porcentagem de terras indígenas” por culpa da produção do 
programa, uma vez que não havia resposta correta. 
d) A participante teve reconhecido o dano pela perda da chance, 
uma vez que lhe era impossível acertar a questão. 
e) Contudo, ela não ganhou o prêmio de R$ 1.000.000,00, pois 
na etapa em ela se encontrava a questão só valia R$ 
500.000,00. 
f) Além disso, o STJ considerou que, ainda que a questão fosse 
válida, a recorrente teria uma estatística de 25% de chance de 
acerto, e que, portanto, o quantum indenizatório deveria ser ¼ 
do valor da etapa em que ela se encontrava (R$125.000,00). 
 
RECURSO ESPECIAL. INDENIZAÇÃO. 
IMPROPRIEDADE DE PERGUNTA FORMULADA EM 
PROGRAMA DE TELEVISÃO. PERDA DA 
OPORTUNIDADE. 
1. O questionamento, em programa de perguntas e 
respostas, pela televisão, sem viabilidade lógica, uma 
vez que a Constituição Federal não indica percentual 
relativo às terras reservadas aos índios, acarreta, como 
decidido pelas instâncias ordinárias, a impossibilidade 
da prestação por culpa do devedor, impondo o dever 
de ressarcir o participante pelo que razoavelmente 
haja deixado de lucrar, pela perda da oportunidade. 
2. Recurso conhecido e, em parte, provido. 
 
 
 
 
14.4. Ausência de coleta das células-tronco no momento do 
parto e aplicação da perda de uma chance – Info 549: 
 “Tem direito a ser indenizada, com base na 
teoria da perda de uma chance, a criança que, 
em razão da ausência do preposto da empresa 
contratada por seus pais para coletar o material 
no momento do parto, não teve recolhidas as 
células-tronco embrionárias.” 
 STJ. 3ª Turma. REsp 1.291.247-RJ, Rel. Min. 
Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 
19/8/2014 (Info 549). 
Aqui, temos perdida, definitivamente, a chance de prevenir o 
tratamento de patologias futuras, já que o recém-nascido perdeu a 
chance real e séria e utilizar as suas células-tronco em tratamentos 
mais eficazes. Essa chance perdida é, portanto, o objeto da 
indenização. 
14.5. Teoria da perda pode ser aplicada no caso de erro médico 
– Info 513: 
Segundo decidiu a 3a Turma do STJ, a teoria da perda de uma 
chance pode ser utilizada como critério para a apuração de 
responsabilidade civil ocasionada por erro médico na hipótese em 
que o erro tenha reduzido possibilidades concretas e reais de cura 
de paciente que venha a falecer em razão da doença tratada de 
maneira inadequada pelo médico. 
No caso concreto, o erro médico ocorreu quando o agente optou por 
adotar um procedimento de quadrantectomia (um procedimento 
parcial ao quadro diagnóstico do câncer da paciente), quando, da 
análise pericial, o procedimento deveria ser o da mastectomia 
radical (procedimento evidentemente adequado ao caso). 
 Perda de uma chance clássica X Perda de uma chance por 
conta de erro médico 
Segundo a Min. Nancy Andrighi, a aplicação da teoria daperda de 
uma chance no caso de erro médico possui algumas diferenças da 
aplicação tradicional da teoria da perda de uma chance às demais 
hipóteses: 
Teoria da perda de uma chance 
CLÁSSICA (TRADICIONAL) 
Teoria da perda de uma chance 
no caso de ERRO MÉDICO 
Ocorre quando o agente frustrou a 
oportunidade (estatisticamente 
real) da pessoa de auferir uma 
vantagem. 
Ocorre quando o médico, por 
conta de um erro, fez com que a 
pessoa não tivesse um 
tratamento de saúde adequado 
que poderia tê-la curado e evitado 
a sua morte. 
Há sempre certeza quanto à 
autoria do fato que frustrou a 
oportunidade. Existe incerteza 
quanto à existência/extensão dos 
danos. 
Aqui, a extensão do dano já está 
definida (a pessoa morreu), e o 
que resta saber é se esse dano 
teve como concausa a conduta do 
réu. 
15.0. DA INDENIZAÇÃO: 
Conceito: 
A indenização é a prestação pecuniária devida à obrigação jurídica 
de ressarcir ou reparar prejuízo causado por dano. 
O direito de exigir reparação (polo ativo da obrigação) e a obrigação 
de prestá-la (posso passivo da obrigação) transmitem-se com a 
herança, conforme o Art. 943 do CC. 
OBS – Cálculo de Liquidação do Crédito de Natureza 
Indenizatória: os descontos a título de obrigações tributárias ou 
contribuições previdenciárias não atingem o contribuinte no tocante 
aos valores recebidos na condição de titular do direito de exigir 
indenização, pois tais créditos não possuem natureza salarial. 
Contudo, deve-se atentar para o caso da doação desses valores, no 
que se refere ao ITBI. 
Outrossim, o devedor da obrigação deve, em regra, se ater à 
incidência dos juros de mora (simples e com base na caderneta de 
poupança da Caixa Econômica Federal) e correção monetária (com 
base na data da liquidação) sobre o crédito de natureza 
indenizatória. 
15.1. O grau de culpa e sua influência na fixação da 
indenização: 
De acordo com o ensinamento que veio da Lex Aquilia, a 
culpa, por mais leve que seja, obriga a indenizar. Assim, 
mesmo uma pequena inadvertência ou distração obriga o 
agente a reparar todo o dano sofrido pela vítima. Como ensina 
Silvio Rodrigues: 
Se uma pessoa, no vigésimo andar de 
um prédio, distraidamente se encosta na 
vidraça e esta se desprende para cair na 
rua e matar um chefe de família, aquela 
pessoa, que teve apenas uma 
inadvertência, poderá consumir toda a 
economia de sua família. Pequena culpa, 
gerando enorme e dolorosa 
consequência. Entretanto, essa é a lei, 
pois in lege Aquilia et levissima culpa 
venit 
 
Portanto, o Código Civil de 2002 manteve o entendimento 
doutrinário de que o grau de culpa não deve influir na 
estimativa das perdas e danos. Proclama, com efeito, o art. 
944, caput: 
 
A indenização mede-se pela extensão 
do dano. 
 
Atendendo, no entanto, aos reclamos de que tal regra pode 
mostrar-se injusta em alguns casos (como no caso acima 
narrado), se inovou o diploma civil, acrescentando, o 
parágrafo único: 
 
Se houver excessiva desproporção 
entre a gravidade da culpa e o dano, 
poderá o juiz reduzir, equitativamente, a 
indenização. 
 
Assim, poderá o juiz fixar a indenização que julgar adequada 
ao caso concreto, levando em conta, se necessário, a situação 
econômica do ofensor, o grau de culpa, a existência ou não 
de seguro e outras circunstâncias. 
 
15.2. Culpa concorrente (culpa parcial da vítima): 
 
Algumas vezes a culpa da vítima é apenas parcial ou 
concorrente com a do agente causador do dano. Autor e vítima 
contribuem, ao mesmo tempo, para a produção de um mesmo 
fato danoso. Dispõe o art. 945 do Código Civil: 
 
Se a vítima tiver concorrido 
culposamente para o evento danoso, a 
sua indenização será fixada tendo-se 
em conta a gravidade de sua culpa em 
confronto com a do autor do dano. 
Portanto, no caso de concorrência, o que o Código propõe é 
a partilha dos prejuízos em: 
 
a) em partes iguais, se forem iguais as culpas ou não for 
possível provar o grau de culpabilidade de cada um dos 
coautores; 
 
b) em partes proporcionais aos graus de culpas, quando estas 
forem desiguais. 
 
15.3. Critérios para o quantum indenizatório: 
 
Os critérios para a deliberação do elemento quantitativo da 
reparação civil estão fundados na construção jurisprudencial 
e doutrinária, como já bem assentou o Min. Sálvio de 
Figueredo Teixeira: 
 
A compensação do dano moral deve 
ser fixada em termos razoáveis, não se 
justificando que a reparação venha a 
constituir-se em enriquecimento 
indevido, devendo o arbitramento 
operar com moderação, 
proporcionalmente ao grau de culpa e 
ao porte econômico das partes. 
 
Tais critérios são: 
a) Função compensatória do dano 
Moral; 
b) Capacidade financeira do causador 
do dano; 
c) Análise do grau de culpa, extensão e repercussão do 
dano. 
d) Aplicação da função pedagógica punitiva da sentença 
na reparação do dano moral, se necessária. 
15.4. Liquidação da Indenização por Arbitramento (meios 
de prova: 
 
Quando a obrigação de indenizar não estiver imbuída de 
quantum preestabelecido, deve-se utilizar os meios de prova 
convencionais do CPC: 
 
Art. 946. Se obrigação for 
indeterminada, e não houver na lei ou 
no contrato disposição fixando a 
indenização devida pelo inadimplente, 
apurar-se-á o valor das perdas e danos 
na forma que a lei processual 
determinar. 
 
Dessa forma, o magistrado poderá espreitar-se no largo 
espectro de meios de prova utilizados no processo civil. Em 
especial, se destacam os procedimentos de perícia e inspeção 
judicial. 
15.5. A reparação por equivalente em dinheiro: 
Como na maioria dos casos se torna impossível devolver a 
vítima ao estado em que se encontrava anteriormente, busca-
se uma compensação em forma de pagamento de uma 
indenização monetária. Desse modo, por exemplo, sendo 
impossível devolver a vida à vítima de um crime de homicídio, 
a lei procura remediar a situação, impondo ao homicida a 
obrigação de pagar uma pensão mensal às pessoas a quem 
o defunto sustentava. Dispõe, assim, o art. 947 do Código 
Civil: 
“Se o devedor não puder cumprir a 
prestação na espécie ajustada, 
substituir-se-á pelo seu valor, em 
moeda corrente”. 
 
15.6. Indenização por Crime de Homicídio: 
Art. 948. No caso de homicídio, a 
indenização consiste, sem excluir 
outras reparações: 
I - no pagamento das despesas com o 
tratamento da vítima, seu funeral e o 
luto da família; 
II - na prestação de alimentos às 
pessoas a quem o morto os devia, 
levando-se em conta a duração 
provável da vida da vítima. 
 
 
15.7. Quadro comparativo quanto as espécies de 
prejuízos e a respectiva reparação civil legal: 
Antes de analisar as hipóteses abaixo, vale a pena ressaltar 
que as indenizações abaixo mencionadas não excluem as 
outras decorrentes da conduta do agente causador do dano 
(moral, material, social...). 
Situação Reparação Cível 
Homicídio 
 
Aqui, o agente causador deverá indenizar com: o 
pagamento dos a) tratamentos médicos; b) funeral 
razoável e digno da vítima; e c) pensão não 
vitalícia com termo ajustado na expectativa de vida 
da vítima. 
 
Art. 948. No caso de homicídio, a indenização 
consiste, sem excluir outras reparações: 
I - no pagamento das despesas com o 
tratamento da vítima, seu funeral e o luto da 
família; 
II - na prestação de alimentos às pessoas a 
quem o morto os devia, levando-se em conta 
a duração provável da vida da vítima. 
 
Lesão Corporal ou 
Ofensa à Saúde 
 
 
Lesão LEVE E GRAVE: Art. 949. No caso de 
lesão ou outra ofensa à saúde, o ofensor 
indenizará o ofendido das despesas do 
tratamento e dos lucros cessantes até ao fim 
da convalescença, além de algum outro 
prejuízo que o ofendido prove haver sofrido. 
 
Lesão GRAVÍSSIMA: Art. 950. Se da ofensa 
resultar defeito pelo qual o ofendido não possa 
exercer o seu ofício ou profissão, ou se lhe 
diminua a capacidade de trabalho,a indenização, 
além das despesas do tratamento e lucros 
cessantes até ao fim da convalescença (artigo 
anterior), incluirá pensão correspondente à 
importância do trabalho para que se inabilitou, 
ou da depreciação que ele sofreu (pensão 
vitalícia). 
 
Parágrafo único. O prejudicado, se preferir, 
poderá exigir que a indenização seja arbitrada e 
paga de uma só vez (no caso da pensão 
vitalícia, o prejudicado poderá preferir o 
pagamento único). 
 
ERRO MÉDICO: Art. 951. O disposto nos arts. 
948, 949 e 950 aplica-se ainda no caso de 
indenização devida por aquele que, no exercício 
de atividade profissional, por negligência, 
imprudência ou imperícia, causar a morte do 
paciente, agravar-lhe o mal, causar-lhe lesão, 
ou inabilitá-lo para o trabalho. 
Crimes contra a Honra 
Art. 953. A indenização por injúria, difamação 
ou calúnia consistirá na reparação do dano 
que delas resulte ao ofendido (dano moral, 
social, patrimonial. 
Parágrafo único. Se o ofendido não puder 
provar prejuízo material, caberá ao juiz fixar, 
equitativamente, o valor da indenização, na 
conformidade das circunstâncias do caso. 
Ofensa à liberdade 
pessoal 
Art. 954. A indenização por ofensa à liberdade 
pessoal consistirá no pagamento das perdas e 
danos que sobrevierem ao ofendido, e se este 
não puder provar prejuízo, tem aplicação o 
disposto no parágrafo único do artigo 
antecedente (caberá ao juiz fixar, 
equitativamente, o valor da indenização, na 
conformidade das circunstâncias do caso). 
Parágrafo único. Consideram-se ofensivos da 
liberdade pessoal: 
I - o cárcere privado; 
II - a prisão por queixa ou denúncia falsa e de 
má-fé; 
III - a prisão ilegal. 
Esbulho ou 
Turbação/Usurpação 
 
Art. 952. Havendo usurpação ou esbulho do 
alheio, além da restituição da coisa, a 
indenização consistirá em pagar o valor 
das suas deteriorações e o devido a título de 
lucros cessantes; faltando a coisa, dever-
se-á reembolsar o seu equivalente ao 
prejudicado. 
Parágrafo único. Para se restituir o 
equivalente, quando não exista a própria coisa, 
estimar-se-á ela pelo seu preço ordinário e 
pelo de afeição, contanto que este não se 
avantaje àquele. 
 
ORDINÁRIO ≥ AFETIVO 
 
16.0. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO: 
Responsabilidade Civil do Estado 
Ação Omissão 
Responsabilidade Objetiva Responsabilidade Subjetiva 
Deve ser comprovado: 
 Ato Danoso 
 Prejuízo 
 Nexo Causal 
Deve ser comprovado: 
 Ato Danoso 
 Prejuízo 
 Nexo Causal 
 Culpa/Dolo* 
*A doutrina e a jurisprudência 
têm entendido nos casos de 
OMISSÃO ESPECÍFICA, há 
responsabilidade objetiva. 
 
 
Omissão Específica (objetiva) Omissão Genérica (subjetiva) 
Estado se encontra na condição 
de garante e, por omissão, cria 
situação propícia para a 
ocorrência do evento em 
situação em que tenha o dever 
agir para impedi-lo. 
Pressupõe um dever 
específico do Estado, que o 
obrigue a agir para impedir o 
resultado danoso. 
EX: O dever de garantir a saúde 
de um detento em 
estabelecimento prisional. 
Situações em que não se pode 
exigir do Estado uma atuação 
específica. A inação do Estado 
não se apresenta como causa 
direta e imediata da não 
ocorrência do dano, razão pela 
qual deve o lesado provar que 
a falta do serviço (culpa 
anônima) concorreu para o 
dano. 
EX: um buraco no asfalto que 
faz com que alguém danifique 
seu veículo. 
 
EM SUMA: A responsabilidade civil do estado é objetiva para todo 
o tipo de ação (comissiva) e para a omissão específica, mas é 
tratada como responsabilidade civil objetiva quando se tratar de 
omissões genéricas. 
 
16.1. TEORIA DA DUPLA GARANTIA: 
Trata-se da dupla proteção dada ao (1ª) particular e ao (2ª)servidor: 
A primeira proteção se destina ao particular, que terá assegurado 
demandar diretamente contra a fazenda pública em sujeição; a 
segunda proteção se destina a favor do servidor público, que 
somente responderá perante o ente estatal. 
 
Vale a pena a leitura e análise do art. 37, § 6º, da CRFB, o qual 
prevê a responsabilidade objetiva do Estado. Observe: 
 
“Art. 37. (…) 
§ 6º As pessoas jurídicas de direito 
público e as de direito privado 
prestadoras de serviços públicos 
responderão pelos danos que seus 
agentes, nessa qualidade, causarem a 
terceiros, assegurado o direito de 
regresso contra o responsável nos casos 
de dolo ou culpa”. 
 
16.2. CRONOLOGIA DO DANO 
Nesse sentido, segmenta-se, na cronologia do dano, o retrato dessa 
norma nas seguintes proporções para a aplicação da 
responsabilidade do estado e a dinâmica da dupla garantia: 
a) CONCEITO DE SERVIDOR PÚBLICO E CONTEXTO 
FUNCIONAL DO DANO: 
O servidor público aqui correspondente é aqui conceituado em 
lato sensu, assim trata-se daqueles que desenvolvem 
quaisquer funções públicas independente de seus vínculos 
para com o Estado (art.327 CP), estes, portanto, praticam a 
conduta danosa enquanto na execução de suas atividades 
funcionais. 
 
b) O TERCEIRO É O SUJEITO PASSIVO: 
O dano deve ser causado à terceiro, pois, se o dano for 
causado ao próprio ente público, este buscará meios 
intrínsecos de responsabilizar o servidor público (a exemplo: 
a Sindicância, ou abertura de Processo Administrativo para 
Apuração de Responsabilidade ou a abertura de Processo 
Disciplinar). 
c) CONCEITO DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA NA 
RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA DO ESTADO: 
Como já esclarece a CF, as pessoas jurídicas de direito 
público e as de direito privado prestadoras de serviços 
públicos devem responder pelos danos causados por seus 
agentes. Logo, não há menção sobre a análise da 
culpabilidade aqui como há na responsabilidade subjetiva em 
regresso ao servidor. 
Consequentemente, vale ressaltar a situação jurídica das 
sociedades de economia mista e empresas públicas ante a 
responsabilidade civil do estado, uma vez que, somente as 
pessoas jurídicas direito privado prestadoras de serviços 
públicos serão consideradas objetivamente ante o dano de 
seus empregados: 
 
- Sociedades de Economia Mista ou Empresa Estatal 
Prestadoras de Serviço Público Típico: Supremo Tribunal 
Federal já pacificou o entendimento de que a 
responsabilidade objetiva decorrente de danos causados 
pelas condutas de seus agentes será aplicável em casos de 
vítimas usuárias e também no caso de não ser a vítima 
usuária do serviço prestado. Tal interpretação ampliativa 
decorre do fato de que o intérprete da Carta Magna, no 
entendimento do STF, não deve restringir garantias 
particulares, onde não houve restrição expressa. No entanto, 
é relevante, para responsabilização destas pessoas de direito 
privado, que o prejuízo tenha sido causado na prestação do 
serviço. 
 
- Sociedade de Economia Mista e Empresa Estatal 
Exploradora de Atividade Econômica: a regra estampada no 
art. 37, §6º da Constituição Federal não lhe será aplicável, 
uma vez que atua na atividade privada e segue o regime 
jurídico idêntico àquele aplicado para as empresas privadas. 
Sendo assim, as exploradoras de atividade econômica, não 
obstante sejam integrantes da Administração Indireta, serão 
responsabilizadas nos moldes definidos pelo direito 
privado. 
 
OBS: Nos dois casos há a dupla garantia, o que muda é a 
responsabilidade objetiva sendo aplicada para naquelas e a 
responsabilidade subjetiva sendo aplicada nestas. 
d) DIREITO DE REGRESSO CONTRA O RESPONSÁVEL NOS 
CASOS DE DOLO OU CULPA: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
16.3. RESPONSABILIDADE ESTATAL POR LICITAÇÕES 
DE TERCEIRIZAÇÃO: 
A responsabilidade da administração pública em relação aos 
débitos trabalhistas e previdenciários de seus funcionários 
terceirizados é subsidiária, pois só se aplica quando da insolvência da 
tomadora de serviços. 
 
Contudo, a responsabilidade civil subsidiária da administração 
pública em casos de terceirização não pode ser presumida. Dessa 
maneira, o estado só responde pelos débitos trabalhistas seAÇÃO INDENIZATÓRIA DO PARTICULAR EM FACE DA 
FAZENDA PÚBLICA: 
PRESCRIÇÃO EM 05 ANOS. 
RESPONSABLIDADE CIVIL SOB ANÁLISE OBJETIVA 
O Estado é responsabilizável objetivamente, não sendo 
necessária a comprovação de dolo ou culpa de seu agente 
vinculado. 
AÇÃO REGRESSIVA DE RESSARCIMENTO, PROMOVIDA 
PELO ESTADO EM FACE DO SERVIDOR PÚBLICO: 
IMPRESCRITÍVEL 
RESPONSABLIDADE CIVIL SOB ANÁLISE SUBJETIVA, 
PORTANTO, O ENTE PÚBLICO TERÁ QUE DEMONSTRAR 
DOLO OU CULPA CAUSAIS DO AGENTE. 
Após o pagamento, 
o ente fica autorizado 
na demanda 
regressiva. 
comprovada a omissão ou a negligência dos agentes públicos na 
fiscalização do contrato administrativo. Portanto, trata-se de 
responsabilidade subsidiária e objetiva, mas condicionada à análise 
da omissão específica ou negligência. Sendo despicienda 
responsabilizar o Estado quando, já lhe era ao tempo da fiscalização, 
notória a atividade escrutinadora dos contratos administrativos.

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