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01_Historia

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. 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PM-SP 
Aluno-Oficial PM 
 
 
 
1. MUNDO MODERNO. ....................................................................................................................... 1 
2. MUNDO CONTEMPORÂNEO. ...................................................................................................... 18 
3. BRASIL COLÔNIA. ........................................................................................................................ 84 
4. BRASIL IMPÉRIO. ....................................................................................................................... 103 
5. BRASIL REPÚBLICA. .................................................................................................................. 123 
6. ANTIGUIDADE. ........................................................................................................................... 188 
7. MUNDO MEDIEVAL. ................................................................................................................... 212 
 
 
 
 
 
 
 
Candidatos ao Concurso Público, 
O Instituto Maximize Educação disponibiliza o e-mail professores@maxieduca.com.br para dúvidas 
relacionadas ao conteúdo desta apostila como forma de auxiliá-los nos estudos para um bom 
desempenho na prova. 
As dúvidas serão encaminhadas para os professores responsáveis pela matéria, portanto, ao entrar 
em contato, informe: 
- Apostila (concurso e cargo); 
- Disciplina (matéria); 
- Número da página onde se encontra a dúvida; e 
- Qual a dúvida. 
Caso existam dúvidas em disciplinas diferentes, por favor, encaminhá-las em e-mails separados. O 
professor terá até cinco dias úteis para respondê-la. 
Bons estudos! 
 
1359170 E-book gerado especialmente para VITOR MARCILIO BARBOSA
 
. 1 
 
 
Caro(a) candidato(a), antes de iniciar nosso estudo, queremos nos colocar à sua disposição, durante 
todo o prazo do concurso para auxiliá-lo em suas dúvidas e receber suas sugestões. Muito zelo e técnica 
foram empregados na edição desta obra. No entanto, podem ocorrer erros de digitação ou dúvida 
conceitual. Em qualquer situação, solicitamos a comunicação ao nosso serviço de atendimento ao cliente 
para que possamos esclarecê-lo. Entre em contato conosco pelo e-mail: professores @maxieduca.com.br 
 
A Reforma religiosa 
 
A reforma religiosa começou com Martinho Lutero em 1517, na Alemanha, quando ele protestou contra 
a venda de indulgências e aproveitou para fazer outras críticas à estrutura eclesiástica. 
 
Combatido pelo Papa do, Lutero foi condenado pelo imperador Carlos V na Dieta de Worms e somente 
escapou da execução porque se refugiou na Saxônia, com o duque Frederico, o Sábio. 
 
Uma nova Assembleia foi reunida em Spira, em 1529. O imperador Carlos V impôs o catolicismo 
romano aos príncipes, que se rebelaram. Daí o nome "protestante". Em 1530, em Augsburgo, a doutrina 
de Lutero foi exposta por Melanchton por meio da Confissão de Augsburgo, que se tornou a constituição 
da nova Igreja. Os príncipes protestantes organizaram a Liga de Smalkalde contra o imperador. 
 
Finalmente, em 1555, uma nova Dieta de Augsburgo colocava os príncipes protestantes em vantagem, 
pois estabelecia a teoria de que cada príncipe deveria determinar a religião dos súditos. Terminava, assim, 
a primeira guerra de religião na Alemanha. 
 
A doutrina luterana 
Para o luteranismo, a salvação não se alcança pelas obras, e sim pela fé, pela confiança na bondade 
de Deus, pelo sofrimento interior do fiel. O culto é muito simples: um contato "direto entre fiel e salvador"; 
somente salmos e leituras da Bíblia. 
 
Lutero rejeitou a maior parte dos sacramentos; conservou apenas três, que foram depois reduzidos a 
dois: batismo e eucaristia. Mesmo na eucaristia, a presença de Cristo existe no pão e no vinho, não há 
transformação do corpo e sangue de Cristo em pão e vinho, ou seja, não há transubstanciação, e sim 
consubstanciação. 
 
A revolução de João Calvino 
A Igreja na França sofria os mesmos males da Igreja em toda a Europa, agravados pela Concordata 
de 1516, que transferia para o rei da França o direito de nomear bispos e abades. 
 
Com essa reforma, o rei passou a distribuir as abadias e bispados como forma de recompensa por 
serviços prestados, deixando em segundo plano as preocupações religiosas. 
 
Por outro lado, as ideias de Erasmo haviam se difundido bastante na França, surgindo mesmo 
humanistas admiráveis como Lefèvre d'Etaples, que propunha uma reforma interior e progressiva da 
Igreja. Quando surgiu Calvino, portanto, as ideias de uma reforma humanista e mesmo luterana já haviam 
feito numerosos adeptos na França. 
 
Calvino estudou em Novon. Assimilou os ensinamentos luteranos e, por isso, foi obrigado a refugiar-
se em Estrasburgo, por volta de 1534. Retirou-se depois para Bale, onde publicou sua principal obra, 
Instituição Cristã, que se tornou a constituição de sua reforma. 
 
A ação de Zwinglio havia iniciado a Reforma na Suíça, mas esta falhara. Calvino instalou-se em Gene-
bra em 1536, a convite de Guilherme Farei, que pertencera ao grupo de Lefèvre d'Etaples, dando início à 
Reforma naquela cidade. 
 
1. MUNDO MODERNO. 
1359170 E-book gerado especialmente para VITOR MARCILIO BARBOSA
 
. 2 
A Reforma de Calvino foi bastante radical. Implantou uma censura rígida na cidade, dirigindo-a por 
meio de ordenações eclesiásticas. A intolerância era total. A Igreja reformada compreendia os fiéis, os 
pastores e o conselho dos anciões. Um consistório dirigia a política religiosa e moral de Genebra. 
 
Essas ideias difundiram-se com rapidez. Theodoro de Beza levou-as para Gênova Ele havia dirigido a 
Academia que se ocupava dos problemas teológicos e da difusão da crença. Na França, os artesãos, 
burgueses e mesmo grandes senhores converteram-se à fé de Calvino, que se instalou solidamente na 
Holanda e também penetrou na região do Rio Reno. Na Escócia, João Knox e os nobres escoceses 
impuseram a Reforma à rainha Maria Stuart (1557-1560). Dessa forma, a Igreja Calvinista, extremamente 
igualitária, austera, dirigida por um conselho de pastores e dos anciãos, instalou-se firmemente na 
Escócia. 
 
A doutrina do Calvinismo 
Mesmo em relação à doutrina luterana, a doutrina calvinista é bastante radical. Em relação ao 
catolicismo, então, há enormes diferenças. 
 
Para Calvino, a salvação é conseguida pela predestinação, que a condiciona totalmente à vontade 
de Deus. O amor ao trabalho, o espírito de economia e eventualmente a riqueza material são indícios de 
escolha divina para a salvação. Somente os sacramentos do batismo e da eucaristia foram conservados. 
O culto é de absoluta simplicidade. Não há imagens nem paramentos, apenas uma Bíblia que deve ser 
comentada. 
 
A reforma na Inglaterra 
Henrique VIII, rei da Inglaterra (1509-1547), era católico, inclusive opusera-se violentamente à Reforma 
Luterana. 
 
As divergências de Henrique VIII com a igreja católica começaram em 1527, quando o rei pretendeu 
casar-se com uma dama da corte, Ana Bolena. O problema do desejo de matrimonio do rei é que ele já 
possuía uma esposa, Catarina de Aragão. 
 
Tendo o papa se negado a dissolver o seu casamento anterior com Catarina, o rei rompeu com a igreja 
católica. 
 
Em 1534, o Parlamento promulgou o Ato de Supremacia, pelo qual Henrique VIII se tornava o chefe 
supremo da Igreja na Inglaterra. Assim, a Igreja Anglicana tornou-se uma Igreja nacional, separada de 
Roma. Nenhuma reforma foi efetuada na doutrina ou no culto. Henrique VIII perseguiu tanto os católicos 
quanto os calvinistas (os chamados puritanos). 
 
Sob a influência do bispo Cramer, o calvinismo penetrou na Inglaterra durante o reinado de Eduardo 
VI (1547-1553). Assim, a missa foi suprimida e o casamento dos padres, permitido. O poder passou em 
seguida a uma rainha católica, Maria Tudor (1553-1558), que empreendeu profunda perseguição aos 
calvinistas e anglicanos, restaurando o catolicismo. 
 
Foi somentecom Elizabeth (1558-1603) que se estabeleceu definitivamente a Reforma na Inglaterra. 
Confirmou-se a superioridade do rei nos assuntos religiosos. 
Completou-se a separação de Roma. Foi instituído um livro de orações comuns, e a hierarquia do 
clero, mantida. 
 
Características da doutrina anglicana 
Em termos da doutrina, a salvação pela predestinação, apoio das Sagradas Escrituras, supressão das 
conexões com Roma, manutenção da hierarquia, conservação de dois sacramentos, presença espiritual 
de Cristo na eucaristia, eliminação do sacrifício da missa e preservação da liturgia foram as modificações 
introduzidas. 
 
A Contrarreforma 
A igreja católica passava por disputas internas entre o Papado e o Concílio, envolvidos numa luta pelo 
controle da Igreja. Isso impediu a pronta ação contra o protestantismo, que teve uma expansão tão rápida, 
tão fulminante que a Igreja Católica finalmente percebeu que poderia ser completamente destruída. Daí 
a necessidade de uma reorganização interna. 
1359170 E-book gerado especialmente para VITOR MARCILIO BARBOSA
 
. 3 
O surgimento da Companhia de Jesus, destinada a apoiar o papa, permitiu a convocação do Concilio 
de Trento (1545-1563), no qual se adotaram as principais medidas de defesa da Igreja Católica. O 
Concílio conservou a doutrina tradicional, manteve a autoridade do papa e criou os seminários para 
melhorar a formação do clero. 
 
Confirmou-se o já existente Tribunal da Inquisição e foi criado o índice dos Livros Proibidos (Index 
Librorum Prohibitorum). O Concílio realizou, pois, um trabalho de reestruturação da Igreja Católica, de 
reforma interna da Igreja, condição básica para poder enfrentar os protestantes. 
 
Consequências da Reforma 
No plano econômico, a Reforma Calvinista trouxe consigo a ideia da predestinação (Deus elegia 
previamente os fiéis para a salvação) e de que um dos sinais da escolha divina era o êxito profissional, a 
riqueza. Tal concepção adaptava-se perfeitamente à ética capitalista, ao ideal da acumulação e do inves-
timento. Socialmente, a Reforma deu margem a convulsões sociais, pois em nome da religião os cam-
poneses e artesãos aproveitaram para fazer suas reivindicações específicas. Politicamente, os reis e os 
príncipes transformaram a Reforma em instrumento de luta pelo poder, pois o rompimento com a Igreja 
tornava-os mais fortes. 
 
Expansão Marítima 
 
A Expansão Marítima europeia dos séculos XV e XVI foi liderada por Portugal e Espanha, que 
conquistaram novas terras e rotas de comércio, como o continente americano e o caminho para as Índias 
pelo sul da África. 
 
Desde o Renascimento comercial, durante a Baixa Idade Média, até a expansão ultramarina, as 
cidades italianas foram os principais polos de desenvolvimento econômico europeu. Elas detinham o 
monopólio comercial do mar Mediterrâneo, abastecendo os mercados europeus com os produtos obtidos 
no Oriente (especiarias), especialmente Constantinopla e Alexandria. 
 
Durante a Idade Média, as mercadorias italianas eram levadas por terra para o norte da Europa, 
especialmente para o norte da França e Países Baixos. Contudo, no século XIV, diante da Guerra dos 
Cem Anos e da peste negra, a rota terrestre tornou-se inviável. A partir de então, começou a ser utilizada 
uma nova rota, a rota marítima, ligando a Itália ao mar do Norte, via Mediterrâneo e oceano Atlântico. 
Esta rota transformou Portugal num importante entreposto de abastecimento dos navios italianos que 
iam para o mar do Norte, estimulando o grupo mercantil luso a participar cada vez mais intensamente do 
desenvolvimento comercial europeu. No início do século XV, Portugal partiu para as grandes navegações, 
objetivando contornar a África e alcançar as Índias, para obter diretamente as lucrativas especiarias 
orientais. 
 
A expansão marítima portuguesa foi acompanhada, em seguida, pela espanhola e depois por vários 
outros Estados europeus, integrando quase todo o mundo ao desenvolvimento comercial capitalista da 
Europa. 
 
Motivos para as expansões 
 
Entre as principais razões para a expansão, estavam: 
 
- O desejo de descobrir uma nova rota para o Oriente, com o objetivo de reduzir o custo do produtos 
comercializados na Europa, visto que as cidades italianas detinham o monopólio do mar Mediterrâneo; 
 
- Obter acesso à metais preciosos, que eram necessários para a cunhagem de moedas e para o 
desenvolvimento econômico. Esses metais eram pouco encontrados na Europa; 
 
- Aumento do poder da burguesia (mercadores), que ambicionavam expandir seus negócios; 
 
- Aumento do poder real, fundamental para a organização das expedições marítimas; 
 
- Desenvolvimento de novos instrumentos e técnicas de navegação, como o astrolábio, o quadrante, 
e a bússola, além de melhorias na construção dos navios, permitindo viagens mais longas; 
1359170 E-book gerado especialmente para VITOR MARCILIO BARBOSA
 
. 4 
- Queda de Constantinopla, em 1453, que apesar de ter ocorrido após o início das primeiras expedições 
marítimas, ajudou a acelerar o desejo europeu por novas rotas, já que a cidade era o principal entreposto 
comercial entre Ocidente e Oriente. 
 
Os mitos e as aventuras no mar desconhecido 
 
Uma das barreiras para concretizar as viagens no além-mar eram os medos que os navegantes 
possuíam em relação ao mar aberto, um lugar desconhecido, que na mente de muitos marinheiros era 
povoado por seres extraordinários e criaturas fantásticas, mas também por monstros e horrores. 
 
Esses medos eram originários do imaginário medieval e da falta de conhecimento sobre lugares ainda 
não mapeados, em uma época de pouco ou nenhuma divulgação cultural ou científica. Vale lembrar que 
os europeus, até o século XVI conheciam apenas o norte da África e a região que hoje chamamos de 
Oriente Médio. 
 
 
Fonte: Raisz, Erwin. Cartografia Geral, 1969 
 
O mapa acima é uma reprodução de um tipo de mapa muito comum na Idade Média, conhecido como 
Orbis Terrarum, ou mapa T no O, por sua forma. No mapa é possível perceber a representação do mundo 
conhecido na Idade Média, em que haviam apenas três continentes, não sendo incorporados nem a 
América, a Antártida ou Oceania. Apesar da forma arredondada, a terra era entendida como um disco 
plano, cercada por mares que terminavam em um abismo profundo. Apesar das teorias de que o mundo 
possuía um formato esférico existirem desde a antiguidade, ainda era comum aceitá-lo como uma tábula 
cercada pelos astros celestes. 
 
Outro fator importante a ser notado no mapa é a influência que a religião(cristianismo) exercia sobre 
todos os aspectos da vida dos europeus. A orientação geográfica coloca a Ásia onde o norte está 
localizado, lugar que em um mapa moderno seria ocupado pela Europa. Antes da utilização da bússola 
de maneira definitiva na Europa, o norte não possuía a primazia da parte superior dos mapas e cartas. A 
parte superior era reservada ao Oriente, a terra do Sol nascente, da luz, do paraíso, de onde haviam sido 
expulsos Adão e Eva. Por essa razão, acreditava-se que o paraíso, descrito no livro bíblico de Gênesis, 
estava localizado em algum lugar da Ásia, que não havia sido ainda reencontrado pelos cristãos. 
Jerusalém, cidade de importante significado religioso e alvo de conquista das cruzadas é entendida como 
o centro do mundo. 
 
De acordo com outros mapas do período, a divisão dos continentes seria uma referência aos filhos de 
Noé, como pode ser observado na passagem bíblica: “E os filhos de Noé, que da arca saíram, foram 
Sem, Cão e Jafé; e Cão é o pai de Canaã; Estes três foram os filhos de Noé; e destes se povoou toda a 
terra.” (Gênesis, 9: 18 e 19). Um exemplo pode ser observado na figura abaixo: 
 
 
1359170 E-book gerado especialmente para VITOR MARCILIO BARBOSA
 
. 5 
 
Fonte: PORTO-GONCALVES, DE ARAUJO QUENTAL, Colonialidade do poder e os desafios da integração regional na América Latina. 
 
Como as outras regiões do planeta era praticamente desconhecidas até então, elas eram descritasde 
maneira fantástica e misteriosa, habitadas por seres totalmente diferentes dos encontrados até então na 
Europa. 
 
Um dos exemplos pode ser encontrado na obra As viagens de marco Polo, em que o veneziano 
constrói sua fortuna no longínquo Catai, como era conhecida a região da China. O livro descreve a terra 
distante como um lugar de imensas riquezas, onde inclusive certas habitações seriam feitas inteiramente 
de ouro maciço. 
 
Outras lendas comuns incluíam também o mito da Fonte da Juventude, que dizia que aqueles que 
encontrassem tal fonte poderiam obter cura e vida eterna. O Reino de Preste João, recorrente, 
principalmente em Portugal. Preste João era um pescador e teria desaparecido durante uma pescaria, 
arrastado por peixes. Em uma terra distante, fundou um reino cristão perfeito. Cercado de mistério, o mito 
alimentava a ideia de que um poderoso soberano viria da Ásia e atacaria o Islã. O mito começou a circular 
à época da Primeira Cruzada, por volta do século XI. 
 
A imagem abaixo mostra como eram imaginados alguns dos habitantes destas terras distantes, 
dotados de características físicas totalmente diferentes, com pessoas que possuíam formas animalescas, 
anões de duas cabeças, homens com pés tão grandes que eram capazes de fazerem sombra e serem 
utilizados como abrigo do sol, ciclopes e criaturas com a cabeça no lugar do tronco. 
 
Fonte: Münster, S., Monstra humana. pp. 1080. 
 
No mar também habitavam incertezas. Era comum a ideia de que existiam lugares onde os ventos 
paravam de soprar, ficando os barcos presos em meio ao oceano, sem ter como prosseguir ou voltar. O 
medo do abismo do fim do oceano, localizado após a linha do horizonte, era também uma constante. 
 
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. 6 
Os monstros também teu seu papel de destaque. Krakens, Jörmungandr, Sereias, baleias gigantes, 
navios assombrados, e muitos outros, eram recorrentes nas ilustrações sobre o mundo desconhecido. 
 
 
Fonte: Typus Orbis Universalis - 1561 - Sebastian Munster 
 
Portugal 
Portugal foi o primeiro país a investir na expansão marítima em virtude de uma série de fatores: 
 
- Desenvolvimento comercial, que proporcionou o surgimento de uma burguesia dinâmica e 
economicamente forte; 
 
- Interesse do grupo mercantil em expandir suas transações comerciais; consolidação do poder real 
por meio da Revolução de Avis (1383-85), promovida pela burguesia; 
 
- Aperfeiçoamentos náuticos pela invenção da caravela, utilização da vela triangular ou "latina" e, 
possivelmente, a existência de um centro de estudos náuticos em Sagres; 
 
- Posição geográfica favorável em direção à costa africana. 
 
Os empreendimentos marítimos portugueses são divididos em duas etapas distintas: 
 
-Reconhecimento e exploração do litoral da África e procura de um novo caminho marítimo para o 
Oriente (índias). A primeira foi iniciada pela tomada de Ceuta em 1415, um entreposto mercantil norte-
africano até então controlado pelos mouros(árabes). Nessa fase, durante a qual foram fundadas várias 
feitorias na costa africana para traficar escravos e produtos locais (ouro, marfim, pimenta-vermelha), 
descobriram-se as ilhas atlânticas da Madeira, dos Açores e de Cabo Verde; as ilhas Canárias foram 
descobertas em um período anterior. 
 
- “Périplo africano" - Com a conquista de Constantinopla pelos turcos em 1453, os preços das 
especiarias orientais elevaram-se repentinamente, incentivando ainda mais a busca de uma rota para as 
índias. Assim, com a morte do Infante D. Henrique (1460), que até então dirigira a expansão marítima 
portuguesa, o Estado luso empenhou-se em completar o "périplo africano" (contorno do continente). 
Nessa nova etapa, destacaram-se as viagens de Bartolomeu Dias (Cabo das Tormentas ou Boa 
Esperança, em 1488) e de Vasco da Gama (chegada a Calicute, na índia, em 1498). Pouco depois a 
esquadra de Pedro Álvares Cabral, que chegou ao Brasil, em 1500. 
 
Já no século XVI, sob o comando do almirante Francisco de Almeida, novas tentativas são 
desenvolvidas, mas somente por volta de 1509 os portugueses vêm a conhecer suas vitórias mais 
significativas. Entre esse ano e aproximadamente 1515, o comandante alm. D. Afonso de Albuquerque 
— considerado o formador do Império português nas Índias — passou a ter sucessivas vitórias no Oriente, 
conquistas que atingiram desde a região do Golfo Pérsico (Áden), adentraram a Índia (Calicute, Goa, Diu, 
Damão), a ilha do Ceilão (Sri Lanka) e chegaram até à região da Indochina, onde foi conquistada a 
importante Ilha de Java. 
 
 
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. 7 
Espanha 
 
Para a Espanha, o principal obstáculo foi de ordem político-militar. 
 
A Guerra de Reconquista contra os mouros ocupou os espanhóis durante muitos séculos, terminando 
somente em 1492, após a Batalha de Granada, quando os Reis Católicos expulsaram os muçulmanos de 
seu território. 
 
Logo que os conflitos para unificar o reino espanhol terminam, o navegador Cristovao Colombo 
recebeu auxilio da coroa Espanhola para iniciar sua viagem. Colombo Acreditava que era possível atingir 
"el levante por el poniente" dando a volta ao mundo, viajando de Ocidente para Oriente. Não conseguindo 
apoio financeiro de Portugal, Colombo associou-se aos irmãos Pinzon e recebeu uma pequena ajuda dos 
Reis Católicos, Fernando de Aragão e Isabel de Castela. 
 
Com uma nau (Santa Maria) e duas caravelas (Pinta e Nifla), partiu do Porto de Paios em 3 de agosto 
de 1492. Em 12 de outubro do mesmo ano, avistou a Ilha de Guanahani (atual São Salvador), a sudeste 
da Flórida. Colombo não duvidou em nenhum momento que tivesse descoberto novas terras, por isso 
chamou de "índios" os habitantes das ilhas centro- americanas. Como vice-rei, realizou ainda quatro 
viagens, procurando encontrar os mercados indianos. Descobriu as Pequenas Antilhas, Porto Rico, 
Jamaica, Trinidad, o Continente Sul-Americano na foz do Rio Orinoco e atingiu, finalmente, as costas da 
América Central (atual Panamá). 
 
Américo Vespúcio, comerciante e piloto florentino a serviço de Portugal e Espanha, realizou quatro 
viagens à América, corrigindo o erro de Colombo. Essas investigações de Vespúcio foram confirmadas 
em 1513, quando Vasco Núnez de Balboa descobriu o "Mar do Sul" (Oceano Pacifico). A confirmação da 
hipótese da esfericidade da Terra deve-se ao português Fernão de Magalhães, que, a serviço da 
Espanha, realizou o primeiro périplo mundial, entre 1519 e 1522. Morto nas Filipinas pelos nativos, a 
primeira viagem de circunavegação somente foi completada pelo espanhol Sebastián de Elcano. Os 
espanhóis procuraram dominar rapidamente os impérios indígenas existentes no México (astecas) e no 
Peru (incas), a fim de se apossar do ouro e da prata americanos. 
 
As especiarias 
Entre os produtos cobiçados pelos europeus, estavam as especiarias. Muitos produtos que hoje estão 
presentes na maioria dos lares e das receitas, podendo ser adquiridos por poucos reais, eram 
extremamente valiosos na Europa durante o período das navegações. 
Os europeus buscavam especiarias originadas das regiões tropicais do sul e sudeste asiático. O 
comércio de especiarias existe deste a antiguidade, mas foi expandido a partir das Cruzadas. As 
especiarias eram utilizadas para conservar e melhorar o sabor dos alimentos. Eram utilizadas também 
como perfume, afrodisíaco, incenso, etc. Elas tinham longa durabilidade, suportavam meses de viagem 
sem perder sua qualidade aromática e medicinal. 
 
Com a colonização do território americano, os europeus introduziram nas regiões tropicais o plantio de 
especiarias, barateando o custo. 
 
Entre as principais especiarias cobiçadas pelos europeus estavam: 
 
Pimenta-do-Reino - O comércio da pimenta-do-reino era ativo no subcontinente indiano, de onde 
era trazido ao Ocidente por mercadores muçulmanos. Um quintal de grãos de pimenta (60 kg) chegou a 
valer, à época da expansão marítima, 52 gramasde ouro. 
 
Cravo-da-Índia - O cravo é originário das Ilhas Molucas, na Indonésia. Na China, o cravo era usado 
não só como tempero, mas também como antisséptico bucal. Para conversar com o imperador, o visitante 
tinha que mascar cravo para prevenir o mau hálito. 
 
Canela - Na medicina, é utilizada para curar resfriados. No início do século XVI, era trazida por 
navegadores portugueses diretamente do Ceilão (atual Sri Lanka, Ásia). A partir de 1638, a Companhia 
das Índias Orientais, empresa holandesa, se apropriou das rotas de comércio portuguesas. 
 
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. 8 
Noz-Moscada - Desde a antiguidade até o século XIX, o único lugar onde a noz-moscada era 
encontrada era a Ilha Banda, nas Molucas, Indonésia. Era vendido por mercadores árabes à República 
de Veneza e, então, revendida a preços altíssimos. Em 1511, o português Afonso de Albuquerque, em 
nome do rei de Portugal, conquistou Malaca, o centro de comércio asiático. Em 1512, seus exploradores 
acabaram chegando a Banda, de onde encheram os navios de noz-moscada e cravinho. 
 
Gengibre - O gengibre possui um sabor picante e é originário da Ilha de Java, Índia e China. 
 
As Invenções 
 
Algumas invenções contribuíram para o desenvolvimento do comércio, possibilitando a realização de 
longas viagens marítimas. Entre essas invenções estão: 
 
- A bússola, um instrumento usado para orientação. Consta de uma agulha imantada voltada para o 
Norte. 
 
- As caravelas, que tornaram as viagens mais rápidas. 
 
- O astrolábio, outro instrumento de orientação usado para verificar a altura dos astros. 
 
- A pólvora, usada pelos navegantes para se defenderem dos ataques, durante as viagens. 
 
- O papel e a imprensa, que permitiram a divulgação dos acontecimentos sobre Geografia, ciências e 
Navegações. 
 
A construção dos Estados Nacionais 
 
A construção dos estados nacionais deu-se a partir de um longo processo ocorrido durante a Idade 
Média. 
 
A transição do feudalismo para o capitalismo foi marcada pelo confronto entre a ascendente Burguesia 
capitalista e a decadente Nobreza feudal. A burguesia, interessada na ampliação de seus negócios e, 
sobretudo, em assegurar para si condições estáveis para exercê-los, via a nobreza feudal cada vez mais 
como um obstáculo. 
 
Para a nobreza, o poder político fragmentado era vantajoso, pois permitia: 
 
- A ação de nobres saqueadores, que tornavam incerto o comércio, e inseguras as rotas; 
 
- A coexistência de leis e tribunais diversos, dificultando o estabelecimento e cumprimento de 
contratos; 
 
- A cobrança de tributos diversos encarecendo a prática do comércio; 
 
- Diversidade monetária, pois cada cidade ou região cunhava sua própria moeda. 
 
A nobreza via com desconfiança o crescimento das cidades, berço de um novo poder e polo de atração 
para uma população servil cada vez menos disposta a cumprir as obrigações feudais. 
 
O choque entre burguesia e nobreza foi resolvido com a intervenção dos monarcas, interessados em 
submeter a nobreza feudal à um poder centralizado. 
 
Como forma de assegurar seu domínio, os monarcas aproximaram-se da burguesia, cobrando um 
imposto nacional. Com o dinheiro arrecadado através do imposto, o rei passava a dispor de recursos 
para enfrentar e superar a nobreza, centralizando todo o poder político em suas mãos e fundando o 
Estado Nacional e também o Exército Nacional. 
 
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Durante o processo de formação e centralização do poder, os monarcas europeus tiveram que superar, 
além dos senhores feudais, com seus interesses diversos, as pretensões políticas do Papa, reivindicador 
do poder espiritual universal sobre todo o ocidente. 
 
Cada Estado Nacional teve suas particularidades durante sua formação, que serão apresentadas a 
seguir. 
 
França 
O processo de centralização do poder teve início durante o século X, na dinastia capetíngia, sucessora 
da dinastia carolíngia. Entre os principais monarcas que buscaram o poder centralizado, estavam: 
 
Felipe Augusto (Felipe II – 1180-1223) – O rei aproximou-se da burguesia, iniciando a cobrança de 
impostos e a criação de um exército nacional. Através da utilização de seu exército, Felipe combateu a 
nobreza militar, obtendo vitórias significantes, como a tomada da região da Normandia. Criou cargos de 
fiscais, conhecidos como bailios ou senescais, que percorriam a França, recolhendo impostos e fazendo 
com que a justiça real sobrepujasse a justiça estabelecida localmente pelos senhores feudais. Também 
criou as cartas de franquia para os burgos e manteve um controle firme sobre a nobreza 
 
Luís IX (1226-1270) Responsável por fortalecer os tribunais reais e pela padronização monetária, 
estabelecendo uma moeda única para a França. O rei também teve participação na sétima e na oitava 
cruzada, onde morreu. Posteriormente foi canonizado pela igreja, recebendo o título de São Luís. 
 
Felipe IV, o Belo (1285-1314) Felipe IV gerou atritos com a Igreja, após estabelecer para o clero o 
pagamento de taxas. Por suas atitudes o rei foi ameaçado de excomunhão pelo papa Bonifácio VIII. 
Buscando uma maneira de fortalecer seu poder, o rei criou a Assembleia dos Estados Gerais, que 
reunia alguns representantes da sociedade francesa: clero, nobreza e trabalhadores (burguesia). 
Apesar de possuir um caráter apenas consultivo, a assembleia servia como instrumento de legitimação 
das ações do rei. 
 
Após a morte de Bonifácio VIII, Felipe influenciou na nomeação do um novo papa, o francês Clemente 
V. Além da indicação do papa, o rei transferiu a sede do papado para Avignon, no sul da França. Essa 
transferência ficou conhecida como Cativeiro de Avingnon, e durou de 1307 a 1377. Em 1341 foi eleito 
um novo papa, gerando a divisão da cristandade ocidental em dois papados, criando a Cisma do 
Ocidente. 
 
Inglaterra 
A formação do Estado Nacional Inglês tem origem na dinastia Plantageneta, iniciada em 1154 com a 
chegada de Henrique II ao trono. O sucessor de Henrique, Ricardo I Coração de Leão, que governou 
entre 1189 e 1199, esteve envolvido com o movimento das Cruzadas, e não conseguiu estabelecer a 
centralização do poder. Entre suas tentativas, o aumento constante de impostos deixou a população 
insatisfeita. 
 
João-sem-Terra, que governou entre 1199 e 1216, também não conseguiu atingir a centralização, 
cercado por várias guerras que levaram ao aumento de impostos para financiamento do exército. 
 
A necessidade cada vez maior de recursos levou o rei a confrontar o papa Inocêncio III. Enfraquecido 
pela falta de apoio, o rei foi obrigado a assinar a Magna Carta, proposta tanta pela burguesia quanto pela 
aristocracia. Essa medida submetia os reis da Inglaterra à autoridade de um Grande Conselho de 
Nobres, principalmente no que dizia respeito à cobrança de impostos. O Parlamento inglês teve sua 
origem no Grande Conselho. 
 
Com a submissão do rei à um Conselho, a centralização do poder na Inglaterra tornava-se cada vez 
mais distante, tendo sido concretizada após a Guerra das Duas Rosas, quando a dinastia Tudor chega 
ao poder, já no final do século XV. 
 
Sacro Império Romano Germânico 
O Sacro Império Romano Germânico foi criado no século X, e correspondia aproximadamente aos 
atuais territórios da Itália e Alemanha, mantendo uma estrutura política descentralizada e tipicamente 
feudal. 
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Apesar da existência de um imperador, o Sacro Império era também residência do papa, e gerava 
conflitos entre ambos. O ápice dos conflitos ocorreu durante o pontificado de Gregório VII (1073-1085), 
através do episódio conhecido como Querela das Investiduras. Após esse episódio, os principados 
alemães e das cidades do norte da Itália, que tornaram-se praticamente independentes. A unificação tanto 
da Itália quanto da Alemanha só ocorreria de fato durante o século XIX. 
 
A Península IbéricaA Península Ibérica foi marcada pelas invasões árabes durante o século VII. Com a expansão do 
islamismo na península, os grupos cristãos concentraram-se em quatro pequenos reinos: Leão, Castela, 
Navarra e Aragão. A partir disso, iniciou-se durante o século XI a Guerra de Reconquista, que tinha por 
objetivo expulsar os árabes da região e restabelecer o cristianismo. 
 
A guerra de reconquista teve fim em 1492, quando a cidade de Granada foi dominada. Durante os 
conflitos ao longo de mais de 300 anos, os quatro pequenos reinos foram se expandindo e também 
acabaram por unir-se. O casamento dos “reis católicos”, Isabel de Castela e Fernando de Aragão, em 
1479, foi marco no nascimento da Espanha. 
 
Já Portugal teve suas origens na doação de um feudo, feita pelo rei de Leão, Afonso VI, para o nobre 
francês Henrique de Borgonha, que lutou na Reconquista. Em 1139, o Condado Portucalense adquiriu 
autonomia, através da iniciativa de D. Afonso Henriques, filho de Henrique de Borgonha com D. Teresa. 
Dessa forma foi fundado o reino de Portugal e sua primeira dinastia, a de Borgonha. 
 
Uma das práticas do feudalismo português foi a doação de terras em caráter não hereditário, feita pelo 
rei aos nobres. Com a prática, o rei conseguia manter domínio sobre a nobreza, que dependia de sua 
indicação para adquirir terras. 
 
A Guerra dos Cem Anos contribuiu de maneira excepcional para a centralização do poder em 
Portugal. Com os conflitos, as rotas continentais europeias passaram a cruzar parte do território 
português, criando uma vasta atividade comercial. 
 
Com um rei forte, uma nobreza controlada e um setor mercantil a pleno vapor, Portugal atingiu a 
centralização política antes de seus vizinhos europeus, com a chegada de D. João de Avis ao trono, em 
1385. 
 
A Revolução Inglesa 
 
A dinastia Tudor 
Após o fim da Guerra dos Cem Anos, travada contra a França, a Inglaterra viveu uma forte crise 
dinástica, quando duas famílias de nobres disputaram o trono, envolvendo o país na Guerra das Duas 
Rosas, que foi uma guerra civil ocorrida entre os anos de 1455 e 1485. Os conflitos ocorreram pela 
disputa do trono inglês entre duas importantes famílias nobres britânicas: Lancaster e York. 
 
O nome da guerra vem dos emblemas que representavam estas duas famílias: Casa de Lancaster 
(rosa vermelha) e Casa de York (rosa Branca). 
 
O conflito terminou quando Henrique Tudor foi coroado rei, com o nome de Henrique VII. Nesse 
momento, a autoridade do monarca esbarrou no Parlamento, que restringiu sua atuação e impediu a 
implantação do absolutismo. 
 
Com a morte de Henrique VII, o poder foi transmitido a seu filho Henrique VIII, que começou a impor 
seu poder aos nobres feudais, com a ajuda da burguesia, carente de apoio na sua expansão comercial. 
A partir desse momento, o poder real passou a centralizar-se cada vez mais na figura do rei. 
Este rei rompeu com a Igreja Católica, apoderando-se de todos os seus bens e aumentando seu poder 
político. Por meio do Ato de Supremacia, o Parlamento investiu o rei com a suprema autoridade 
eclesiástica. 
 
O rei governava por decretos que não eram submetidos à sanção parlamentar. O Parlamento era figura 
decorativa, sendo convocado em raras oportunidades. O Conselho real era instrumento fundamental do 
poder monárquico. 
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No governo da rainha Isabel I (Elizabeth), o Parlamento foi mantido com um poder apenas aparente, 
porém o absolutismo foi implantado de fato. 
 
Nesse período, a tensão entre Inglaterra e Espanha cresceu. 
 
Nesse momento, a hegemonia espanhola foi substituída pela hegemonia da Inglaterra, que passou a 
exercer a supremacia comercial no Atlântico. Durante o reinado de Isabel I, foi iniciado o processo de 
"cercamentos", arruinando os pequenos proprietários, que passaram a concentrar-se nas cidades. 
Buscando solucionar a crise social resultante, Isabel I assinou em 1601 a 'Lei dos Pobres", que obrigava 
a população marginalizada e sem ocupação a trabalhar em oficinas, abastecendo o setor manufatureiro 
de grande quantidade de mão de obra barata. 
 
Durante o longo reinado de Isabel, o poder absoluto foi implantado de fato. A próxima dinastia, Stuart, 
tentaria legalizá-lo. Esse esforço dos Stuarts iniciou-se com a ascensão ao trono de Jaime I, primo de 
Isabel e rei da Escócia, e terminaria com a Revolução Gloriosa de 1688. 
 
As etapas da Revolução 
 
As Revoluções Inglesas podem ser separadas nas seguintes fases: 
 
- A Revolução Puritana, de 1642 a 1649; 
 
- O Protetorado de Cromwell, de 1649 a 1658, que corresponde à República; 
 
- Um intervalo de dois anos, bastante confuso, que levou à restauração da Monarquia em 1660; 
 
- A Revolução Gloriosa, completada em 1688. 
 
Todos estes períodos revolucionários constituem um único problema, que é a Revolução Inglesa, 
iniciada em 1640 e completada em 1688. 
 
A revolução da burguesia na Inglaterra contra os entraves ao seu desenvolvimento, representados 
pelo rei, é um marco importantíssimo na história da Inglaterra. Depois da Revolução Gloriosa de 1688, 
nenhuma outra revolução se produziu na Inglaterra, até hoje. Somente por este fato, pode-se perceber a 
sua importância. 
 
No plano da história europeia, as Revoluções Inglesas precederam a Revolução Francesa, 
constituindo um exemplo para esta, com a qual se igualam em importância histórica, e mesmo a 
Revolução Francesa supera-as por ter sido definitiva. 
 
Com a morte de Elisabeth I, a Inglaterra foi governada por Jaime I, iniciando-se a Dinastia dos Stuarts, 
de origem escocesa. Sua atuação absolutista chocou-se contra o Parlamento, que iniciou uma luta política 
com os Stuarts. 
 
Fatores das Revoluções Inglesas 
Na Revolução Inglesa, os problemas econômicos, sociais e políticos misturaram-se aos religiosos. 
 
Com o aumento de importância da agricultura (em 1640 a Inglaterra fornecia quatro quintos do 
consumo europeu, já que o seu intenso comércio estimulou a produção de alimentos e matéria-prima), 
os empresários capitalistas passaram a investir na compra e exploração das terras, adotando 
técnicas e equipamentos que aumentavam a produção. Com os pequenos proprietários, a quem se 
uniram, estavam interessados em expulsar das terras os seus antigos rendeiros. Mas esses rendeiros 
eram protegidos pelo rei, pelos nobres e pelos chefes da Igreja Anglicana, que estavam todos 
ligados à agricultura, também, e em nada queriam alterar a situação vigente. Os monopólios concedidos 
pelo rei a alguns grandes capitalistas, e os privilégios ("herdados" da Idade Média) que tinham as 
corporações na produção de artigos artesanais nas cidades constituíam outros motivos de insatisfação 
para a burguesia. 
 
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Empobrecidos pela concorrência burguesa na agricultura, os nobres viram sua riqueza diminuir 
ainda mais com a inflação (que enriquecia os burgueses); agarraram-se então às rendas do 
Estado, controlando a administração. Os burgueses, por seu lado, controlavam o poder local e 
elegiam seus representantes para o Parlamento. 
 
Ao pretender aumentar os impostos pagos pela burguesia para manter os nobres (seu instrumento 
contra a ascensão burguesa, que ameaçava o poder real), o rei entrou em choque com o Parlamento, 
que se considerava o único com direito a legislar sobre essa matéria. 
 
Rei e burgueses opuseram-se também por questões religiosas. O puritanismo tinha numerosos 
adeptos na burguesia, pois pregava o trabalho e a poupança, tão ao gosto dessa classe social. O 
rei, para quem o c o n t r o l e d a I g r e j a e r a u m instrumento indispensável do poder, protegia 
a Igreja Anglicana e perseguia os que atacavam a rel ig ião oficial. Os conflitos religiosos entre 
puritanos e anglicanos foram, desse modo, a expressão de uma luta mais importante: o choque entre 
burguesia e realeza. A prova é que o primeiro movimento revolucionário pelo controledo poder na 
Inglaterra foi chamado de revolução puritana. 
 
A Revolução Puritana 
A luta entre o Parlamento e o rei começou em 1628, quando o Parlamento impôs a Carlos I a "Petição 
dos Direitos", pela qual problemas relativos a impostos, prisões, julgamentos e convocações do exército 
não poderiam ser executados sem a autorização parlamentar. Carlos I disse que aceitava a imposição, 
mas não a cumpriu. Quando a reunião parlamentar do ano seguinte condenou sua política religiosa e o 
aumento dos impostos, o rei dissolveu o Parlamento e governou sem ele durante onze anos. As decisões 
que tomou durante esse tempo provocaram protestos em toda a Inglaterra. 
 
A revolta começou na Escócia, por causa da tentativa de imposição do anglicanismo aos puritanos e 
presbiterianos, e logo espraiou-se. Os rebeldes, que se negaram a pagar os novos impostos instituídos 
por Carlos I, foram condenados pelos tribunais reais, em 1639 e 1640. 
 
Em 1640, os problemas financeiros obrigaram o rei a convocar o Parlamento; este só funcionou du-
rante um mês, pois foi dissolvido ao negar-se a aumentar os impostos, como queria Carlos I. Ainda nesse 
mesmo ano foi reunido um novo Parlamento, que, durante os dezoito meses nos quais trabalhou, transfor-
mou a administração da Inglaterra, perseguiu ministros do rei e passou a controlar a convocação do 
exército e a política religiosa. 
 
Em 1641, a eclosão de uma revolta separatista na Irlanda forçou a organização de um exército, cujo 
comando foi negado ao rei. Tornou-se, então, obrigatória a reunião do Parlamento pelo menos a cada 
três anos, e o rei perdeu o direito de dissolvê-lo. 
 
Ainda em 1641, porém, o Parlamento dividiu-se entre alguns líderes radicais (que queriam desapropriar 
as terras dos senhores religiosos) e a aristocracia unida aos burgueses capitalistas conservadores (que 
se sentiram ameaçados pelo povo e voltaram-se para o rei, "encarnação" da ordem e da segurança). 
Aproveitando-se disso, Carlos I tentou recuperar seu poder, indo contra as medidas parlamentares. 
Começou então a guerra civil, no início de 1642. 
 
O comando do exército parlamentarista foi dado a Cromwell, que revolucionou a organização militar 
da época, tornando-a muito mais eficiente. A ascensão aos postos começou a ser feita por merecimento, 
e não por nascimento, como antes. O povo pôde participar da revolução, pois foi organizado em grupos 
para discutir os problemas mais importantes. Embora precisasse dele na sua luta contra o rei, a burguesia 
começou a temê-lo, vendo que o povo começava a influir no curso dos acontecimentos. 
 
O exército de Cromwell foi influenciado durante algum tempo pelas ideias democráticas de certos 
grupos artesãos, os "niveladores", que não conseguiram, no entanto, convencê-lo de suas ideias radicais. 
A sua luta pelo poder favoreceu o aparecimento dos "escavadores", proletários urbanos e rurais que não 
possuíam terras. Em 1649, quando se apossaram de terras no condado de Surrey e começaram a escavá-
las, para demonstrar que elas lhes pertenciam, foram dizimados pelos soldados da República. O mesmo 
movimento surgiu em outras regiões da Inglaterra, mas em todas elas foi reprimido. 
 
 
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Muito disciplinado, o exército de Cromwell acabou por tornar-se uma força política poderosa: ocupou 
cidades; pôs em fuga líderes do Parlamento e assumiu o controle da situação; destituiu a Câmara dos 
Lordes; aprisionou e depois mandou decapitar em praça pública o rei. A guerra civil culminou com a 
implantação da República, em 1649. 
 
Commonwealth 
Com a República, começou a segunda fase da Revolução Puritana, a Commonwealth. Em poucos 
anos, Cromwell venceu Carlos II (filho de Carlos I) e dominou todo o Império Britânico. O "Ato de 
Navegação", baixado em 1651 (os produtos importados pela Inglaterra só podiam ser transportados por 
navios britânicos ou pertencentes aos países produtores), provocou a luta com os Países Baixos, cujo 
comércio se baseava no transporte de mercadorias. Esse ato permitiu que fosse estabelecida a su-
premacia inglesa nos mares. 
 
Cromwell governou com intolerância e rigidez, impondo a todos as suas ideias puritanas. Quando, em 
1653, o Parlamento tentou limitar seu poder, Cromwell dissolveu-o e fez-se proclamar "Protetor" da 
Inglaterra, Escócia e Irlanda. A partir daí governou com plenos poderes, até a sua morte, em 1658. 
 
Sucedeu-o seu filho Ricardo, que, não tendo as qualidades do pai, foi considerado incapaz e destituído 
do poder, em 1659. Os burgueses desejavam a segurança, e os irlandeses e escoceses, a volta da 
realeza. O Parlamento procurou então Carlos II, que estava refugiado na Holanda. Ao ser restaurado no 
poder, em 1660, Carlos II prometeu a anistia geral, a tolerância religiosa e o pagamento ao exército. 
Embora tudo parecesse continuar como antes, o Estado tinha sido reorganizado em outras bases: o rei 
era agora uma espécie de funcionário da nação, a Igreja Anglicana deixou de ser um instrumento do 
poder real, e a burguesia já estava bem mais poderosa que a nobreza. 
 
A Revolução Gloriosa 
Sentindo-se totalmente limitado pelo Parlamento (que legislava sobre as finanças, a religião e as 
questões militares), Carlos II uniu-se secretamente a Luís XIV da França, rei católico e absolutista, o que 
o tornou suspeito ao Parlamento. Desse momento em diante, o rei não pôde mais interferir na política 
europeia sem o consentimento parlamentar. 
 
Seu irmão e sucessor, Jaime II, era católico e amigo da França. Como tomasse várias medidas a favor 
dos católicos, o Parlamento revoltou-se e chamou Maria Stuart e seu marido, Guilherme de Orange, dos 
Países Baixos, para assumir o governo em lugar do rei, que fugiu para a França. 
 
Guilherme só foi proclamado rei (com o nome de Guilherme III) depois de ter aceito a Declaração de 
Direitos (Bill of Rights), que limitava muito a sua liberdade e dava ainda mais poder ao Parlamento: o rei 
não podia cancelar as leis parlamentares e o próprio trono podia ser dado pelo Parlamento a quem lhe 
aprouvesse, após a morte do rei em função; as reuniões parlamentares e as eleições seriam regulares; o 
orçamento anual seria votado pelo Parlamento; inspetores controlariam as contas reais; os católicos 
foram afastados da sucessão; a manutenção de um exército permanente em tempo de paz foi 
considerada ilegal. Todas as decisões começaram a ser tomadas pelos ministros, sob a autoridade do 
lorde tesoureiro. O Tesouro passou a ser dirigido por funcionários que, na época das guerras, orientavam 
a política interna e externa. Em 1694, foi criado o Banco da Inglaterra, para emprestar dinheiro ao Tesouro 
e aconselhar seus funcionários. 
 
Ficou assim organizado o tripé do desenvolvimento do capitalismo inglês, montado pela burguesia: o 
Parlamento, o Tesouro e o Banco da Inglaterra. Encerra-se, sem derramamento de sangue, a Revolução 
Gloriosa, que marcou a ascensão da burguesia ao controle total do Estado. Nesse sentido, ela pode ser 
considerada o complemento da Revolução Puritana. 
 
Uma vez estabelecida no poder, a burguesia fez com que fossem retirados os obstáculos à sua 
expansão: a terra foi liberada para os comerciantes e completou-se a expulsão dos rendeiros. O 
desenvolvimento da Inglaterra, depois disso, foi enorme. 
 
A Era Moderna, demarcada tradicionalmente entre 1453 e 1789, constitui uma unidade completa, num 
sistema com uma estrutura própria: o Antigo Regime. 
 
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Na França, o absolutismo evoluiu até o século XVIII, quando a Revolução Francesa e os movimentos 
liberais burgueses do século XIX eliminaram a estrutura do Antigo Regime e, com ele, a Dinastia dos 
Bourbons. Na Inglaterra, a monarquia absolutista transformou-se numa monarquia limitada, quando das 
Revoluções Inglesas do século XVII. 
 
Despotismo Esclarecido 
 
Orientados por filósofos da Ilustração, numerosos príncipes buscaram pôrem prática novas ideias, 
procurando governar de acordo com a razão, segundo os interesses do Estado, mas sem abandonar seu 
poder absoluto. Esta aliança de princípios filosóficos e poder Monárquico deu origem a um regime típico 
do século XVIII: o despotismo esclarecido. 
 Na Prússia, Frederico II concedeu liberdade de culto. Estimulou o ensino básico, tendo ele mesmo 
baixado o princípio de instrução primaria obrigatória para todos. Apesar de os jesuítas estarem sendo 
expulsos de quase todos os países da Europa por suas ligações com o Papado, atraiu-os devidos a suas 
qualidades de educadores. A tortura foi abolida e um novo código de justiça organizado. Exigia obediência 
total às ordens, mas concedia liberdade de expressão. Procurou estimular a economia, adotando medidas 
protecionistas contrárias as ideias iluministas e preservando, assim, a ordem social existente A Prússia 
permaneceu em estado feudal, com servos sujeitos a classe dominante dos proprietários, chamados 
junkers. 
 
Catarina II atraiu os filósofos franceses à sua Corte, mantendo com eles correspondência regular. 
Anunciou grandes reformas que jamais realizou, apesar de ter concedido liberdade religiosa e de se 
preocupar em desenvolver a educação das altas classes sociais. O essencial permaneceu como era ou 
foi agravado, pois a servidão não foi abolida e os direitos dos proprietários sobre os servos da terra foram 
aumentados, incluindo até mesmo a condenação à morte. Melhorou a administração e estimulou a 
colonização da Rússia meridional, na Ucrânia e no Volga. Talvez o resultado único de sua política tenha 
sido a polidez da alta sociedade russa, completamente afrancesada nos usos e costumes. 
 
Jose II da Áustria, foi o tipo mais bem acabado do despotismo esclarecido. Fez numerosas reformas 
ditadas pela razão: aboliu a escravidão; deu igualdade a todos perante a lei; uniformizou a administração 
em todo o Império; deu liberdade de culto e direito de emprego aos católicos. Houve reações às suas 
reformas na Hungria e um levante dos belgas nos Países Baixos. 
 
Na Espanha, o ministro Aranda pôs em execução uma série de reformas: o comércio foi liberado 
internamente; a indústria de luxo e tecidos de algodão foi estimulada: a administração foi dinamizada com 
a criação de intendentes, que fortaleceram o poder do rei Carlos III. 
 
Em Portugal, o Marquês de Pombal, ministro de D. Jose I, fez numerosas reformas que o colocaram 
entre os principais déspotas: a indústria de vinho, peixes, diamantes, seda e chapéus cresceu; o comercio 
passou a ser controlado por companhias que detinham o monopólio comercial nas regiões coloniais; a 
agricultura da cana e da videira foi estimulada; a nobreza e o clero foram perseguidos com o objetivo de 
fortalecer o poder real. 
 
Iluminismo 
O Iluminismo foi um movimento intelectual que surgiu durante o século XVIII na França, que defendia 
o uso da razão contra o antigo regime e pregava maior liberdade econômica e política. O próprio nome 
“iluminismo” faz referência a Idade Média, período este de trevas, no qual o poder e o controle da Igreja 
regravam a cultura e a sociedade. 
 
Esse movimento surgiu no século XVIII, com um grupo de pensadores que começam a se mobilizar 
em torno de ideias que se pautavam na renovação de práticas das instituições vigentes de toda Europa. 
Foram levantas questões filosóficas que pensassem na condição e na felicidade do homem, o movimento 
iluminista atacou sistematicamente tudo àquilo que era considerado contrário à busca da felicidade, da 
justiça e da igualdade. Preocuparam-se em denunciar a injustiça, a dominação religiosa, o estado 
absolutista e os privilégios. A racionalização dos hábitos era uma das grandes ideias defendidas pelo 
iluminismo. 
 
As ideias liberais do Iluminismo se disseminaram rapidamente pela população. Alguns reis 
absolutistas, com medo de perder o governo - ou mesmo a cabeça -, passaram a aceitar algumas ideias 
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iluministas. Estes reis eram denominados Déspotas Esclarecidos, pois tentavam conciliar o jeito de 
governar absolutista com as ideias de progresso iluministas. Alguns representantes do despotismo 
esclarecido foram: Frederico II, da Prússia; Catarina II, da Rússia; e Marquês de Pombal, de Portugal. 
 
Os iluministas defendiam a criação de escolas e a liberdade religiosa. Para divulgar o conhecimento, 
os iluministas idealizaram e concretizaram a ideia da Enciclopédia (impressa entre 1751 e 1780), uma 
obra composta por 35 volumes, na qual estava resumido todo o conhecimento existente até então. 
 
Os principais pensadores iluministas foram: 
 
Montesquieu (1689-1755) – fez parte da primeira geração de iluministas. Sua obra principal foi “O 
espírito das leis”. Antes mesmo de a sociologia surgir, Montesquieu levantou questões sociológicas, e foi 
considerado um dos precursores da sociologia. 
 
Voltaire (1694-1778) – Critico da religião e da Monarquia, Voltaire é o homem símbolo do movimento 
iluminista. Foi um grande agitador, polêmico e propagandista das idéias iluministas. 
 
Diderot (1713-1784) – Dedicou parte de sua vida à organização da primeira Enciclopédia, sendo essa 
a sua principal contribuição. 
 
D’Alembert (1717-1783) – Escreveu e ajudou na organização da enciclopédia. 
 
Rousseau (1712-1778) – redigiu alguns verbetes para a Enciclopédia. Sua principal obra foi “Discurso 
sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens”. 
 
John Locke (1632-1704) – Considerado o “pai do Iluminismo”. Sua principal obra foi “Ensaio sobre o 
entendimento humano”, aonde Locke defende a razão. 
 
Mercantilismo1 
 
O Mercantilismo foi o conjunto de ideias e práticas econômicas, adotadas e desenvolvidas na Europa 
durante a fase do capitalismo comercial. Começou a surgir na Baixa Idade Média (X a XV), época em que 
teve início o processo de formação das monarquias nacionais, mas foi somente na Idade Moderna (XV a 
XVIII) que ele se firmou como política econômica nacional e atingiu o seu desenvolvimento. 
 
Ao passo que as monarquias europeias foram se firmando como Estados modernos, os reis, recebiam 
o apoio da burguesia comercial, que buscava a expansão do comércio para fora das fronteiras do país. 
Além disso, o Estado lhe concedia o monopólio das atividades mercantis e defendia o comércio nacional 
e colonial da interferência de grupos estrangeiros. 
 
Principais Características 
Embora as práticas e ideias não tenham sido aplicados de maneira homogênea, o mercantilismo 
apresentou alguns elementos comuns nas diferentes nações europeias: 
 
- Controle estatal da economia – os reis com o apoio da burguesia mercantil foram assumindo o 
controle da economia nacional, visando fortalecer ainda mais o poder central e obter os recursos 
necessários para expandir o comércio. Dessa forma o controle estatal da economia tornou-se a base do 
mercantilismo; 
- Balança comercial favorável – consistia na ideia de que a riqueza de uma nação estava associada a 
sua capacidade de exportar mais do que importar. Para que as exportações superassem sempre as 
importações (superávit), era necessário que o Estado se ocupasse com o aumento da produção e com a 
busca de mercados externos para a venda dos seus produtos; 
 
- Monopólio – controladores da economia, os governos interessados numa rápida acumulação de 
capital, estabeleceram monopólio sobre as atividades mercantis e manufatureiras, tanto na metrópole 
como nas colônias. Donos do monopólio, o Estado o transferia para a burguesia metropolitana por 
pagamento em dinheiro. A burguesia favorecida pela concessão exclusiva comprava pelo preço mais 
 
1 https://www.todamateria.com.br/mercantilismo/ 
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baixo o que os colonos produziam e vendiam pelo preço mais alto tudo o que os colonos necessitavam. 
Dessa forma, a economia colonial funcionavacomo um complemento da economia da metrópole; 
 
- Protecionismo – era realizado através de barreiras alfandegárias, com o aumento das tarifas, que 
elevava os preços dos produtos importados, e também através da proibição de se exportar matérias-
primas que favorecessem o crescimento industrial do país concorrente; 
 
- Ideal metalista – os mercantilistas defendiam a ideia de que a riqueza de um país era medida pela 
quantidade de ouro e prata que possuíssem. Na prática essa ideia provou não ser verdadeira. 
 
Crise do Sistema Colonial 2 
 
A crise colonial teve como antecedentes as diversas revoluções que ocorreram não só na Europa, mas 
também na América do Norte e uma série de movimentos nativistas realizada na colônia portuguesa. 
 
A burguesia estava em constante Ascenção do poder na Europa e neste período predominava o 
Iluminismo Burguês com racionalismo, liberdade, igualdade e felicidade, ao contrário do que pregava o 
Antigo Regime. Esse pensamento iluminista ajudou ainda a fortalecer e fazer acontecer a Revolução 
Industrial, a Americana e a Francesa. 
 
Para que pudessem explorar mais a colônia, as metrópoles precisavam desenvolvê-las, mas quanto 
mais estas cresciam, mais se aproximavam da independência. Com a chegada da Revolução Industrial 
na Inglaterra, por volta de 1970, os industriais passaram a desejar o fim das colônias modificando as 
relações econômicas. Isso para que estas pudessem consumir os produtos e fornecer matéria-prima 
barata. 
 
Dez anos depois, as Treze Colônias Inglesas tornaram-se independentes com a Revolução Americana 
e em 1789, a Revolução Francesa aconteceu, sendo caracterizada pela ascensão da burguesia e pela 
quebra do antigo sistema colonial. 
 
Questões 
 
01. No final do Século XIV, o único Estado centralizado e livre de guerras, o que lhe permitiu ser o 
pioneiro na expansão ultramarina, era o 
(A) espanhol. 
(B) inglês. 
(C) francês. 
(D) holandês. 
(E) português 
 
02. O Tratado de Tordesilhas, celebrado em 1494 entre as Coroas de Portugal e Espanha, pretendeu 
resolver as disputas por colônias ultramarinas entre esses dois países, estabelecia que 
(A) os espanhóis ficariam com todas as terras descobertas até a data de assinatura do Tratado, e as 
terras descobertas depois ficariam com os portugueses. 
(B) os domínios espanhóis e portugueses seriam separados por um meridiano estabelecido a 370 
léguas a oeste das ilhas de Cabo Verde. 
(C) a Igreja Católica, como patrocinadora do Tratado, arrendaria as terras descobertas pelos 
portugueses e espanhóis nos quinze anos seguintes. 
(D) Portugal e Espanha administrariam juntos as terras descobertas, para fazerem frente à ameaça 
colonialista da Inglaterra, da Holanda e da França. 
(E) portugueses e espanhóis seriam tolerantes com os costumes e as religiões dos povos que 
habitassem as terras descobertas. 
 
03. A aliança entre Rei e Burguesia no final da Idade Média e início da Idade Moderna não teve como 
objetivo: 
(A) o fortalecimento da centralização política contra o particularismo feudal vigente até então; 
(B) a unificação de moedas, pesos e medidas, a fim de facilitar as transações comerciais; 
 
2 http://www.estudopratico.com.br/crise-do-sistema-colonial-como-se-deu-e-independencia-do-brasil/ 
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(C) a definição de fronteiras e, ao mesmo tempo, de mercados internos e externos; 
(D) descentralização administrativa do Estado. Consolidação da monarquia descentralizada 
(E) a imposição de código único de leis para o país em lugar do direito consuetudinário feudal. 
 
04. Ao final da Idade Média, a necessidade de novas rotas de comércio gerou a expansão mercantil e 
marítima desenvolvida pelos países atlânticos. Até então, a principal via comercial européia era o 
Mediterrâneo, cujo monopólio estava concentrado nas mãos dos comerciantes: 
(A) venezianos e pisanos 
(B) espanhóis e muçulmanos 
(C) venezianos e mouros 
(D) italianos e árabes 
(E) italianos e ibérico. 
 
05. A crise europeia dos séculos XIV e XV constituiu um bloqueio ao desenvolvimento da economia 
de mercado. A superação desse processo foi realizada por meio: 
(A) da isenção de tributos para as cidades; 
(B) do fortalecimento das corporações de ofício; 
(C) da Expansão Marítima; 
(D) de incentivo à lavoura feudal; 
(E) das cruzadas. 
 
 06. A Expansão Marítima e Comercial é produto de um conjunto de fatores que marcam a época de 
transição por que passava a Europa. Essa transição caracteriza a passagem de um modo de produção 
em crise para outro, isto é: 
(A) do escravista para o feudal; 
(B) do capitalista para o escravista; 
(C) do feudal para o capitalista; 
(D) do feudal para o escravista; 
(E) do escravista para o capitalista. 
 
07. A expansão marítima e comercial empreendida pelos portugueses nos séculos XV e XVI está 
ligada: 
(A) aos interesses mercantis voltados para as "especiarias" do Oriente, responsáveis inclusive, pela 
não exploração do ouro e do marfim africanos encontrados ainda no século XV; 
(B) à tradição marítima lusitana, direcionada para o "mar Oceano" (Atlântico) em busca de ilhas 
fabulosas e grandes tesouros; 
(C) à existência de planos meticulosos traçados pelos sábios da Escola de Sagres, que previam poder 
alcançar o Oriente navegando para o Ocidente; 
(D) a diversas casualidades que, aliadas aos conhecimentos geográficos muçulmanos, permitiram 
avançar sempre para o Sul e assim, atingir as Índias; 
(E) ao caráter sistemático que assumiu a empresa mercantil, explorando o litoral africano, mas sempre 
em busca da "passagem" que levaria às Índias 
 
Respostas 
 
01. Resposta E. 
A reconquista das terras ocupadas pelos Mouros e a centralização do estado a partir do poder 
concentrado na figura do rei permitiram a Portugal os recursos necessários para se lançar ao mar em 
busca de novas rotas comerciais e novas terras para exploração. 
 
02. Resposta B. 
As disputas por território entre os dois reinos levaram à assinatura do tratado de Tordesilhas. Como 
ponto referencial tomou-se as ilhas de Cabo Verde, localizadas no litoral africano, que haviam sido 
descobertas durante o início do período das navegações. 
 
03. Resposta D. 
O objetivo da aproximação entre o poder real e a burguesia era justamente a unificação do poder para 
garantir um governo forte e centralizado na mão do rei. 
 
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04. Resposta D. 
A região do mar Mediterrâneo era controlada por italianos, e também por árabes. O monopólio das 
rotas terrestres levou muitos europeus, em especial portugueses e espanhóis, que começavam a criar 
estados unificados, a explorar a rota marítima. 
 
05. Resposta C. 
A descoberta de rotas marítimas para o comercio garantiu grandes lucros para os países que 
exploravam a atividade. 
 
06. Resposta C. 
O modo de produção feudal já estava entrando em decadência pelo excesso populacional e pelo 
renascimento comercial e urbano. As novas rotas comerciais marítimas incentivaram ainda mais o 
comercio, o que garantiu a transição completa entre modos de produção nos países que praticavam a 
navegação comercial. 
 
07. Resposta E. 
Apesar das viagens às índias garantirem muito dinheiro, o tempo gasto para fazer a rota poderia levar 
longos meses. Um caminho mais curto garantiria uma maior obtenção de lucros. 
 
 
 
Revolução Francesa 
 
O ano de 1789 marca a divisão entre a Idade Moderna e a Idade Contemporânea. Ao proporem a 
divisão quadripartite da História (Antiguidade, Idade Média, Idade Moderna e Idade Contemporânea), os 
historiadores positivistas do século XIX elegeram a Revolução Francesa como um dos grandes marcos 
divisórios da chamada “História Geral” – baseada na concepção eurocêntrica –, por ter representado uma 
profunda mudança nos padrões de vida e da sociedade da época (sendo os outros divisores: a invenção 
da escrita,a queda do Império Romano do Ocidente e a queda de Constantinopla). 
 
Os antecedentes da revolução 
 
Na França do século XVIII vigorava um sistema de governo conhecido como absolutismo monárquico. 
O rei francês, que no período revolucionário era Luís XVI, personificava o Estado, reunindo em sua pessoa 
os direitos de criar leis, julgar e governar, daí a referência ao poder absoluto. 
 
Dentro da França absolutista havia uma divisão de três grupos diferenciados, chamados de Estados 
Gerais. 
 
O primeiro estado era representado pelos bispos do Alto Clero; o segundo estado tinha como 
representantes a nobreza, ou a aristocracia francesa – que desempenhava funções militares (nobreza 
de espada) ou funções jurídicas (nobreza de toga); o terceiro estado, por sua vez, era representado pela 
burguesia e pelos camponeses, totalizando cerca de 97% da população. 
 
Apesar de representar a maioria esmagadora da população, o terceiro estado possuía direitos limitados 
e estava subordinado aos interesses do primeiro e segundo estados. O Terceiro Estado era bastante 
heterogêneo. Dele faziam parte: 
 
Alta burguesia: banqueiros e grandes empresários; 
 
Média burguesia: profissionais liberais; 
 
Pequena burguesia: artesãos e lojistas; 
 
Sans-culottes: trabalhadores, aprendizes e marginalizados urbanos, 20 milhões de camponeses, dos 
quais, cerca de 4 milhões ainda viviam em estado de servidão feudal. 
 
2. MUNDO CONTEMPORÂNEO. 
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Era sobre o Terceiro Estado que pesava o ônus dos impostos e das contribuições para a manutenção 
do Estado e da Corte. Mesmo sem ter uma unidade, os membros do Terceiro Estado, de uma maneira 
geral, concordavam em reivindicações como o fim dos privilégios de nascimento e que se instaurasse a 
igualdade civil. 
 
Ao longo do século XVIII vários fatores contribuíram para a agitação política e a insatisfação popular 
verificadas no instante da revolução. A Guerra dos Sete Anos (1756-1763), travada contra a Inglaterra, 
contabilizou milhares de mortos, feridos e elevadíssimos gastos e prejuízos materiais para ambos os 
países, além da derrota sofrida pela França. A derrota levou o país a financiar e instigar os colonos 
britânicos da América a buscarem autonomia, o que resultou no processo de independência dos Estados 
Unidos. Ao mesmo tempo, a Corte absolutista francesa, que possuía um alto custo de vida, era financiada 
pelo Estado, que, por sua vez, já gastava bastante seu orçamento com a burocracia que o mantinha em 
funcionamento. Aos fatores destacados ainda vale acrescentar a crise que afetou a produção agrícola 
francesa nas décadas de 1770 e 1780, que resultou em péssimas colheitas e alta da inflação. 
O resultado dos fatores acima destacados gerou uma crise financeira, ao passo em que o Estado 
terminava por arrecadar uma quantidade inferior aos gastos anuais, com uma dívida pública que se 
acumulava, sobretudo pela falta de modernização econômica – principalmente a falta de investimento no 
setor industrial. 
 
Outro fator que deve ser levado em conta é a ascensão da burguesia. Resultado do desenvolvimento 
do capitalismo comercial, essa classe social apresentava duas tendências marcantes: ou procurava 
ingressar na nobreza por meio da compra de títulos, ou tentava afirmar os seus valores, impondo critérios 
econômicos de hierarquização social em substituição ao critério do nascimento e da tradição, típico da 
sociedade estamental. Assim sendo, a ascensão da burguesia rompeu os quadros da sociedade do 
Antigo Regime. 
 
Em meio ao caos econômico vivido pela França, Luis XVI chega ao poder em 1774, enfrentando desde 
o início, o problema de insuficiência na arrecadação de impostos. Turgot, primeiro de seus ministros de 
finanças, no período de 1774 a 1776, tenta cobrar impostos de padres e nobres. Foi obrigado a renunciar. 
Turgot foi substituído por Necker, que incentivou o apoio francês à independência dos Estados Unidos 
como forma de revidar o resultado da Guerra dos Sete Anos. Necker permaneceu até 1781, quando 
contraiu grandes empréstimos para cobrir os gastos com o financiamento da emacipação americana e 
acabou por aumentar a dívida francesa. Calonne, seu sucessor, buscou cobrar impostos sobre as terras 
da nobreza e acabou substituído por Brienne, que teve o mesmo destino. A saída de Brienne gerou uma 
crise ministerial, resolvida com a volta de Necker. 
 
Somente em 1789, durante o mandato de Necker, as autoridades reais abriram portas para o 
movimento reformista. Em maio daquele ano, os Estados-gerais foram convocados para a formação de 
uma assembleia que deveria mudar o conjunto de leis da França. 
 
A Assembleia dos Estados Gerais (em francês États Généraux) era um órgão político de carácter 
consultivo e deliberativo (servia para que o rei consultasse a opinião e poderia também tomar decisões, 
se o rei assim permitisse), constituído por representantes dos três estados. Na contagem dos 
representantes de cada estado, o primeiro estado contava com 291 membros, o segundo com 270 e o 
terceiro estado dispunha de 578 membros votantes. Apesar da maioria absoluta, a forma de voto da 
Assembleia dos Estados Gerais impedia a hegemonia dos interesses do terceiro estado. Conforme 
previsto, os votos eram dados por estados, com isso a aliança de interesses entre o clero e a nobreza 
impedia a aprovação de leis mais transformadoras que beneficiassem o terceiro estado. 
 
Os Estados Gerais reuniram-se em Versalhes, em 5 de maio de 1789. O Terceiro Estado queria 
votações individuais. Os notáveis insistiam em voto por Estado, tendo o apoio do rei. 
 
O Terceiro Estado, revoltado com a situação, reuniu-se separadamente na sala de jogo da péla (um 
jogo de arremesso de bola), em 20 de junho, tendo jurado não se dispersar enquanto o rei não aceitasse 
uma Constituição que limitasse seus poderes. 
 
A partir do juramento do jogo da péla Luís XVI cedeu, mandando o clero e a nobreza juntarem-se ao 
Terceiro Estado, surgindo assim a Assembleia Nacional Constituinte. O rei queria ganhar tempo, pois 
pretendia juntar tropas para dispersar a Assembleia. Os produtos alimentícios começavam a faltar, 
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surgindo revoltas nas cidades e nos campos. Os rumores de composição aristocrática da realeza 
cresciam. O medo do Terceiro Estado era muito grande em julho de 1789. A reunião de tropas, próximo 
a Paris, e a demissão de Necker provocaram a insurreição. 
 
Em 14 de julho de 1789 ocorre a queda da Bastilha. 
 
A Bastilha foi construída em 1370, e era uma fortaleza utilizada pelo regime monárquico como prisão 
de criminosos comuns. Na regência do Cardeal Richelieu, entre 1628 e 1642, o prédio foi transformado 
em prisão de intelectuais e nobres, especialmente os opositores à monarquia, sua política ou mesmo à 
religião católica, oficial no período monárquico. Apesar de ser uma prisão, na data de sua invasão a 
Bastilha contava com apenas sete presos. 
 
Para além do sentido físico de domínio do prédio, a tomada da Bastilha representou a derrota do Antigo 
Regime para a revolta da população, sendo considerada a data de início da Revolução Francesa. 
 
O rei já não tinha mais como controlar a fúria popular e tomou algumas precauções para acalmar o 
povo que invadia, matava e tomava os bens da nobreza: o regime feudal sobre os camponeses foi abolido 
e os privilégios tributários do clero e da nobreza acabaram. 
 
Assembleia Nacional (1789-1791) 
Após a invasão de Bastilha, a Assembleia Geral Nacional se transformou em Assembleia Constituinte, 
onde os deputados elaboraram uma constituição que determinou o fim dos privilégios feudais e de 
nascimento, a igualdade de todos perante a lei e a garantia de propriedade. Foi feito um juramento, que 
deu origem ao lema da Revolução Francesa: liberdade, igualdade e fraternidade. 
 
A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (Déclaration des Droits de l'Hommeet du 
Citoyen), proclamada em 26 de agosto de 1789 determinou o fim das estruturas restantes do Antigo 
Regime. Ela proclama que todos os cidadãos devem ter garantidos os direitos de “liberdade, propriedade, 
segurança, e resistência à opressão”. Isto argumenta que a necessidade da lei provém do facto que “… 
o exercício dos direitos naturais de cada homem tem só aquelas fronteiras que asseguram a outros 
membros da sociedade o desfrutar destes mesmos direitos”. Portanto, a Declaração vê a lei como “uma 
expressão da vontade geral”, que tem a intenção de promover esta igualdade de direitos e proibir “só 
acções prejudiciais para a sociedade”. Sobre ela, o historiador inglês Eric Hobsbawm escreveu: 
 
"Este documento é um manifesto contra a sociedade hierárquica de privilégios nobres, mas não um 
manifesto a favor de uma sociedade democrática e igualitária. Os homens nascem e vivem livres e iguais 
perante as leis”, dizia seu primeiro artigo; mas ela também prevê a existência de distinções sociais, ainda 
que “somente no terreno da utilidade comum”. A propriedade privada era um direito natural sagrado, 
inalienável e inviolável.” 3 
 
Segue abaixo a reprodução do texto da Declaração: 
 
Os representantes do povo francês, reunidos em Assembleia Nacional, tendo em vista que a 
ignorância, o esquecimento ou o desprezo dos direitos do homem são as únicas causas dos males 
públicos e da corrupção dos Governos, resolveram declarar solenemente os direitos naturais, inalienáveis 
e sagrados do homem, a fim de que esta declaração, sempre presente em todos os membros do corpo 
social, lhes lembre permanentemente seus direitos e seus deveres; a fim de que os atos do Poder 
Legislativo e do Poder Executivo, podendo ser a qualquer momento comparados com a finalidade de toda 
a instituição política, sejam por isso mais respeitados; a fim de que as reivindicações dos cidadãos, 
doravante fundadas em princípios simples e incontestáveis, se dirijam sempre à conservação da 
Constituição e à felicidade geral. 
 
Em razão disto, a Assembleia Nacional reconhece e declara, na presença e sob a égide do Ser 
Supremo, os seguintes direitos do homem e do cidadão: 
 
Art.1º. Os homens nascem e são livres e iguais em direitos. As distinções sociais só podem 
fundamentar-se na utilidade comum. 
 
3 Eric Hobsbawm, A ERA DAS REVOULUÇÕES 
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Art. 2º. A finalidade de toda associação política é a conservação dos direitos naturais e imprescritíveis 
do homem. Esses direitos são a liberdade, a propriedade a segurança e a resistência à opressão. 
 
Art. 3º. O princípio de toda a soberania reside, essencialmente, na nação. Nenhuma operação, 
nenhum indivíduo pode exercer autoridade que dela não emane expressamente. 
 
Art. 4º. A liberdade consiste em poder fazer tudo que não prejudique o próximo. Assim, o exercício 
dos direitos naturais de cada homem não tem por limites senão aqueles que asseguram aos outros 
membros da sociedade o gozo dos mesmos direitos. Estes limites apenas podem ser determinados pela 
lei. 
 
Art. 5º. A lei não proíbe senão as ações nocivas à sociedade. Tudo que não é vedado pela lei não 
pode ser obstado e ninguém pode ser constrangido a fazer o que ela não ordene. 
 
Art. 6º. A lei é a expressão da vontade geral. Todos os cidadãos têm o direito de concorrer, 
pessoalmente ou através de mandatários, para a sua formação. Ela deve ser a mesma para todos, seja 
para proteger, seja para punir. Todos os cidadãos são iguais a seus olhos e igualmente admissíveis a 
todas as dignidades, lugares e empregos públicos, segundo a sua capacidade e sem outra distinção que 
não seja a das suas virtudes e dos seus talentos. 
 
Art. 7º. Ninguém pode ser acusado, preso ou detido senão nos casos determinados pela lei e de 
acordo com as formas por esta prescritas. Os que solicitam, expedem, executam ou mandam executar 
ordens arbitrárias devem ser punidos; mas qualquer cidadão convocado ou detido em virtude da lei deve 
obedecer imediatamente, caso contrário torna-se culpado de resistência. 
 
Art. 8º. A lei apenas deve estabelecer penas estrita e evidentemente necessárias e ninguém pode ser 
punido senão por força de uma lei estabelecida e promulgada antes do delito e legalmente aplicada. 
 
Art. 9º. Todo acusado é considerado inocente até ser declarado culpado e, se julgar indispensável 
prendê-lo, todo o rigor desnecessário à guarda da sua pessoa deverá ser severamente reprimido pela lei. 
 
Art. 10º. Ninguém pode ser molestado por suas opiniões, incluindo opiniões religiosas, desde que sua 
manifestação não perturbe a ordem pública estabelecida pela lei. 
Art. 11º. A livre comunicação das ideias e das opiniões é um dos mais preciosos direitos do homem. 
Todo cidadão pode, portanto, falar, escrever, imprimir livremente, respondendo, todavia, pelos abusos 
desta liberdade nos termos previstos na lei. 
 
Art. 12º. A garantia dos direitos do homem e do cidadão necessita de uma força pública. Esta força é, 
pois, instituída para fruição por todos, e não para utilidade particular daqueles a quem é confiada. 
 
Art. 13º. Para a manutenção da força pública e para as despesas de administração é indispensável 
uma contribuição comum que deve ser dividida entre os cidadãos de acordo com suas possibilidades. 
 
Art. 14º. Todos os cidadãos têm direito de verificar, por si ou pelos seus representantes, da 
necessidade da contribuição pública, de consenti-la livremente, de observar o seu emprego e de lhe fixar 
a repartição, a coleta, a cobrança e a duração. 
 
Art. 15º. A sociedade tem o direito de pedir contas a todo agente público pela sua administração. 
 
Art. 16.º A sociedade em que não esteja assegurada a garantia dos direitos nem estabelecida a 
separação dos poderes não tem Constituição. 
 
Art. 17.º Como a propriedade é um direito inviolável e sagrado, ninguém dela pode ser privado, a não 
ser quando a necessidade pública legalmente comprovada o exigir e sob condição de justa e prévia 
indenização. 
 
Luís XVI, mesmo derrotado, se opunha aos decretos e recusava-se a ratificá-los. Tendo o rei se 
recusado a sancionar estes últimos decretos, o povo de Paris, a comuna, marchou em direção ao Palácio 
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de Versalhes, trazendo o rei para a cidade, obrigando-o a assiná-los. Como consequência, a nobreza 
francesa, sentindo-se ameaçada, fugiu para o Império Austríaco. 
 
Em 1790, os bens do clero foram confiscados, servindo de lastro para a emissão dos assignats (papel 
moeda), por intermédio da Constituição Civil do Clero. 
 
A lei visava reorganizar em profundidade a Igreja da França, transformando os párocos em 
"funcionários públicos eclesiásticos”, e serviu de base para a integração da Igreja Católica ao novo 
sistema político em vigor a partir de 1789. 
 
A Lei sobre a Constituição Civil do Clero se compunha de quatro partes, dedicadas aos cargos 
eclesiásticos, o pagamento dos religiosos e outras questões práticas. As circunscrições das dioceses 
foram adaptadas às novas unidades estatais dos départements, cada um destes correspondendo a um 
bispado. A redistribuição reduziu o número de sedes episcopais de 139 para 83. 
 
A Constituição francesa ficou pronta em setembro de 1791, modificando completamente a organização 
social e administrativa da França. O documento concebeu uma forma de governo baseada no princípio 
da separação dos poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário), proposta por Montesquieu. 
 
O poder executivo, responsável por gerir o Estado, foi confiado à monarquia, que agora deveria 
obedecer os princípios determinados na constituição, ou seja, também estava sujeita à força da lei, 
conforme deixavam bem claros os artigos 3 e 4 do capítulo II: 
Artigo 3. Não existe na França autoridade superior à da Lei. O Rei reina por ela e não pode exigir a 
obediência senão em nome da lei.

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