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SIGILO MÉDICO 
O enunciado 13 do II Encontro Nacional de Delegados de Polícia sobre Aperfeiçoamento da Democracia e Direitos Humanos (2015) dispõe que: “O poder requisitório do delegado de polícia abarca o prontuário médico que interesse à investigação policial, não estando albergado por cláusula de reserva de jurisdição, sendo dever do médico ou gestor de saúde atender à ordem no prazo fixado, sob pena de responsabilização criminal”. 
Comente o enunciado acima levando em consideração as hipóteses legais e éticas para quebra do sigilo médico.
O segredo médico tem a finalidade de proteger a intimidade do paciente e possui previsão legal no Código Penal, no Conselho Federal de Medicina, no Código de Ética Médica e também na Constituição Federal em seu artigo 5º, X o qual dispõe que são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação.
No Código Penal, em seu artigo 154 determina que é crime “revelar alguém, sem justa causa, segredo, de que tem ciência em razão de função, ministério, ofício ou profissão, e cuja revelação possa produzir dano a outrem”, podendo sua pena ser aplicada em forma de detenção de três meses a um ano, ou multa”
Neste sentido, o artigo 73 do Código de Ética Médica veda ao médico “revelar fato de que tenha conhecimento em virtude do exercício de sua profissão, salvo por motivo justo, dever legal ou consentimento, por escrito, do paciente”.
Como pode ser visto os médicos podem responder tanto criminalmente, tanto administrativamente nos casos de violação do sigilo médico. No entanto, estes dispositivos supracitados possuem exceção quando diz respeito aos interesses da coletividade, ou seja, interesses públicos aos quais devem ser protegidos quando se sentem ameaçados por algum crime praticado por outrem e/ou que determinado assunto seja a solução de um crime. Cabe, portanto, ao Estado garantir esta proteção prevista na Constituição Federal em prol da segurança da coletividade e da sociedade. 
É conferido, ocasionalmente ao Delegado de Polícia, em alguns casos, solicitar informações e documentos para que possa chegar ao fim de uma investigação criminal e cabe aos profissionais médicos e gestores da saúde fornecer os prontuários médicos com as informações, bem como, as respectivas provas de um determinado fato para auxiliar na solução de um problema criminal. A desobediência no prazo fixado (entende-se até 10 dias) pode ser acarretada como pena de responsabilização criminal, conforme o enunciado 13 do II Encontro Nacional de Delegados de Polícia sobre Aperfeiçoamento da Democracia e Direitos Humanos (2015).
As consequências para aqueles que por alguma razão descumprirem com o prazo sujeitará ao crime de desobediência ou de prevaricação. Este último, caso seja particular ou funcionário público. 
É importante enfatizar que o fornecimento dos dados para a polícia, não significa que estes podem publicar para outrem, como faz parte do decorrer do caminho para obtenção da finalização dos inquéritos, as informações/laudos médicos devem se manter sigilosas. Somente profissionais aptos poderão ter acesso para garantir o direito a segurança da coletividade, 
Em relação ao entendimento jurisprudencial a despeito do sigilo do prontuário médico, PEREIRA e COLEN, assim, esclarecem: 
Sobre o sigilo do prontuário médico, a jurisprudência caminha no sentido de permitir o fornecimento deste documento médico, entendendo-se que tais sigilos não podem ser suscitados contra o próprio paciente ou, em caso de óbito, contra seus familiares, considerando o interesse destes no conhecimento das informações relativas ao de cujus para a preservação de direitos. (PEREIRA; COLEN, 2018)
Resta claro que o sigilo médico, muito embora tenha importância ímpar para proteger aspectos confidenciais do paciente, não é oponível ao delegado de polícia no legítimo exercício de sua atribuição constitucional de investigar infrações penais. (HENRIQUE HOFFMANN MONTEIRO DE CASTRO, 2016). 
Em relação às hipóteses legais e éticas para quebra do sigilo médico, a demonstração acima, foi a primeira hipótese em que pode ser determinado a quebra do sigilo quando há ocasiões de crimes (ou doenças transmissíveis, de acordo com o Artigo 269 do Código Penal (BRASIL, 1940) que podem colocar em risco a segurança da coletividade. 
Outra eventualidade é quando houver consentimento escrito do paciente ou do Conselho Federal de Medicina. Também entra como hipótese o artigo 245 do Estatuto da Criança e do Adolescente (BRASIL, 1990) em casos de abandono e maus tratos contra os infantes. Como pôde ser analisado, o objetivo em questão era abordar sobre a quebra do sigilo médico em fornecer o prontuário médico quando há o interesse policial, porém, também foi exposto brevemente outras hipóteses que poderão ocorrer também, a quebra do sigilo.
Sendo assim, o sigilo médico, como pôde ser visto é protegido pela legislação brasileira e compreende um caráter absoluto de confidencialidade entre o paciente e o médico, podendo portanto, pela própria lei em caráter de exceção, ser rompido quando traz benefícios aos interesses da coletividade que seja mais relevante que manter o sigilo, principalmente quando se relaciona e auxilia com os meios adequados para a finalização de um inquérito policial.
 Bioética e Biodireito 
“Sob a perspectiva dos princípios da Bioética - de beneficência, autonomia e justiça -, a dignidade da pessoa humana deve ser resguardada, em um âmbito de tolerância, para que a mitigação do sofrimento humano possa ser o sustentáculo de decisões judiciais, no sentido de salvaguardar o bem supremo e foco principal do Direito: o ser humano em sua integridade física, psicológica, socioambiental e ético-espiritual.” (STJ, REsp: 1008398 SP 2007/0273360-5, Relator: Ministra Nancy Andrighi, Data de Julgamento: 15/10/2009, Terceira Turma, DJe 18/11/2009) .
O trecho destacado da emenda acima demonstra a relação entre os princípios da Bioética e a efetivação de direitos e princípios fundamentais pelo Direito. Qual a sua opinião a respeito? Por que o Direito deveria (ou não) utilizar princípios Bioéticos ao decidir lides de temas decorrentes do impacto de avanços biotecnológicos no exercício e gozo de direitos?
	Biodireito é uma disciplina extremamente recente e é decorrente da Bioética, que por sua vez, tem sua origem em 1960. A Bioética trata das questões éticas relacionadas ao direito fundamental sobre a vida das pessoas e o impacto das novas modernidades, como a Biotecnologia. 
	Esses impactos surgem de varias formas e é importante o controle pelo Estado do que realmente ocorre na medicina para não afetar de forma desumana e desigual as pessoas. O maior cuidado é para que não ocorram mais situações com uma que trarei necessariamente narrada nessa questão. Temos como exemplo na história desde a 2ª Guerra Mundial, em que foram feitos experiências monstruosas em seres humanos. Como até no caso em que me refiro nesse argumento, que se trata do não devido tratamento pela Saúde Pública dos Estados Unidos, os Tuskgee.
	“Assim, a bioética surge como uma ciência, e em razão da complexidade da matéria abordada apresenta características interdisciplinares” (Fernandes, 2012).
	O início das discussões sobre a bioética se dá com o relatório de Belmont, que foi produzido por uma comissão parlamentar no Congresso Norte Americano em 1978. Esse relatório ocorreu após um caso que marcou e escandalizou não só a comunidade científica como toda a sociedade. 
	O Estudo Tuskgee sobre sífilis, em que, de forma enganosa os médico e enfermeiros do Serviço de Saúde Pública dos Estados Unidos, não trataram uma comunidade economicamente vulnerável, composta por afrodescendentes, em Macon City. O caso chegou a ser noticiado pelo New York Times como "o experimento não terapêutico mais prolongado em seres humanos da história médica". A intenção era avaliar e pesquisar o desenvolvimento da doença, com procedimentos alternativos, e não necessariamente chegar aum tratamento para esses pacientes supramencionados. Com o crescente numero de mortes e pressão pelo público foi criada a Comissão Parlamentar que consequentemente elaborou o relatório.
	Assim notamos a efetiva importância de se estabelecer parâmetros mínimos para pesquisas, no que se refere a seres humanos. Com todo esse fato ocorrido gerou o Relatório de Belmont com Princípios e Diretrizes Éticas para a proteção de pacientes Humanos em pesquisa. A Comissão formada por parlamentares que buscaram trazer os princípios da beneficência, da justiça e do respeito à pessoa que são referencias, utilizada por todos, sobre pesquisas científicas em seres humanos.
	Esses princípios foram aceitos no Brasil, inclusive, com a adoção da Resolução do Conselho Nacional de Saúde Nº 196 de 10 de outubro de 1996.
 Esta Resolução incorpora, sob a ótica do indivíduo e das coletividades, os quatro referenciais básicos da bioética: autonomia, não maleficência, beneficência e justiça, entre outros, e visa assegurar os direitos e deveres que dizem respeito à comunidade científica, aos sujeitos da pesquisa e ao Estado.
	Nossa doutrina transforma em 4 Princípios com o surgimento da Teoria Principialista da Bioética. São eles da autonomia, não maleficência, beneficência e justiça. 
	No princípio da autonomia trás que o indivíduo com capacidade, de forma livre e informada possa deliberar sobre sua escolha pessoal, e ser tratado com respeito em sua decisão. Qualquer ato médico deve ser autorizado pelo paciente, às pessoas tem o direito sobre seu corpo e sua vida e como relacionar com eles.
	No princípio da não maleficência estabelece o não produzir dano, ou seja, o médico deve causar o menor prejuízo à saúde do paciente. Um balanço entre riscos e benefícios daquela intervenção específica, co o fim de reduzir efeitos adversos das ações no ser humano.
	O princípio da beneficência busca sempre o bem estar da pessoa, obrigação ética de trazer o melhor benefício ao paciente com o menor prejuízo.
	Por fim o princípio da Justiça trata cada indivíduo conforme o que é moralmente correto, com ética e adequadamente, dar a cada um, o que lhe é devido, com equidade.
	Esses princípios são de suma importância por se tratarem da principal doutrina bioética. E com elas são baseadas várias normas éticas no mundo inteiro tal sua importância. Contudo esse campo da bioética não chega a regulamentar que fujam das questões éticas. E uma violação ética é responsabilizada dentro de organismo administrativo da classe como Conselhos Federais, Regionais de Medicina e Enfermagem ou de Psicologia.
	Várias das questões estavam emanando para outra área em que o Direito tinha que intervir, e por conta dessa problematização surge o Biodireito.
	Biodireito é a ciência com regulamentação jurídica que tentará solucionar as principais questões que aparecem com os impactos dessas novas biotecnologias sobre os direitos fundamentais das pessoas. Segundo Diniz (2011) o Biodireito regula o desenvolvimento das biotecnologias, seguindo os princípios da bioética, com o propósito de preservar a vida e a dignidade humana.
	
Biodireito, por fim, é a ciência jurídica que estuda as normas jurídicas aplicáveis a bioética e à biogenética, tendo a vida como objeto principal, não podendo a verdade científica sobrepor-se a ética e ao direito nem sequer acobertar, a pretexto do progresso científico, crimes contra a dignidade humana nem estabelecer os destinos da humanidade. (DINIZ, 2011, p. 11)
Por isso, quando tratamos do Biodireito acabamos trazendo a Bioética e seus princípios. Por uma questão, no caso do ordenamento jurídico brasileiro, não ter regulamentação sobre essas questões, são pouquíssimas Leis que abordam essa temática. Para tentar solucionar as questões, teremos que entrar em outras normas e principalmente na Constituição Federal, em seus direitos fundamentais e aplicar uma interpretação complementar relacionado aos princípios bioéticos. Como nos Ensina Fernandes:
A complexidade dos temas abordados pela bioética, inseridos em uma sociedade heterogênea, associada ao seu objetivo de solucionar os dilemas humanos, fez surgir a necessidade de aglutinar diversas disciplinas, como ética, filosofia, medicina, sociologia, biologia, direito, economia, antropologia, para que seu fim seja alcançado (Fernandes, 2012).
Como o Biodireito é mais recente e lida com questões polêmicas, se torna difícil passar pelo processo legislativo, com isso, acabamos acaba sendo utilizados os princípios da bioética como parâmetros também para aplicação e interpretação do direito.
REFERÊNCIAS
CASTRO, Henrique Hoffmann Monteiro de. Academia de Polícia Médico deve fornecer prontuário requisitado pela polícia judiciária. Disponível em: https://www.conjur.com.br/2016-mar-15/academia-policia-medico-fornecer-prontuario-requisitado-policia-judiciaria. Acesso em: 28 de abr. de 2020.
DINIZ, Maria Helena. O estado atual do biodireito. 8ª edição. São Paulo: Saraiva, 2011.
FERNANDES, M. S. Bioética, medicina e direito de propriedade intelectual: relação entre patentes e células-tronco humanas. São Paulo: Saraiva, 2012. Disponível em: http://books.scielo.org/id/qdy26/pdf/mabtum-9788579836602-02.pdf. Acesso em: 02 de mai. de 2020.
PEREIRA, Jeferson Botelho; COLEN, Rodrigo. Prontuário médico: requisição da autoridade policial. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/70504/prontuario-medico-requisicao-da-autoridade-policial/2. Acesso em 28 de abr. de 2020.
BRASIL, [Código Penal, (1940)]. Decreto-Lei Nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Brasília, DF: Presidência da República. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848compilado.htm. Acesso em: 28 de abr. de 2020. 
 (1988) Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presidência da República. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 28 de abr, de 2020.
 (1990) Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Brasília, DF: Presidência da República. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm. Acesso em: 28 de abr de 2020.
 Código de Ética Médica. Disponível em: https://portal.cfm.org.br/images/stories/biblioteca/codigo%20de%20etica%20medica.pdf. Acesso em: 28 de abr. de 2020.
 Inca: CONSELHO NACIONAL DE SAÚDE RESOLUÇÃO Nº 196 DE 10 DE OUTUBRO DE 1996. Disponível em: https://www.inca.gov.br/sites/ufu.sti.inca.local/files//media/document//resolucao-cns-196-96.pdf. Acesso em: 02 de mai. de 2020.

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