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Resenha Crítica - Escândalo da contabilidade Toshiba Como a governança corporativa falhou

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ 
MBA EM ENGENHARIA BIOMPEDICA COM ÊNFASE EM 
ENGENHARIA CLÍNICA 
 
 
Resenha Crítica de Caso 
Aiana Nunes Chagas 
 
 
 
Trabalho da disciplina Governança Corporativa e Excelência Empresarial 
 Tutor: Prof. Ricardo Barbosa da Silveira 
 
 
Valença – Bahia 
2020 
http://portal.estacio.br/
 
 
 
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ESCÂNDALO DA CONTABILIDADE DA TOSHIBA: COMO A GOVERNANÇA 
CORPORATIVA FALHOU 
 
Referência: 
MISAWA, Mitisuri. Estudo da contabilidade da Toshiba: como a governança 
corporativa falhou. Asia Case Reasersch Centre, The University of Hong Kong, 
16/579C, 2016. Disponível em: http://www.pos.estacio.webaula.com.br. Acesso 
em: 15 de abril d 2020. 
 
O artigo proposto para análise crítica traz à luz do conhecimento uma 
situação constrangedora ocorrida na empresa de tecnologia Toshiba. No ano de 
2015 foi apresentado publicamente um conjunto de irregularidades fiscais. O ápice 
do infortúnio foi o fato da empresa elevar artificialmente o lucro operacional ao longe 
de 7 (sete) anos. A informação foi revelada mediante relatório configurado por 
especialistas independentes, no entanto, da própria corporação. O episódio resultou 
na demissão do então diretor executivo, Hisao Tanaka, o vice presidente e mais 
outros membros do conselho. Em substituição temporária o atual presidente 
honorário assume o cargo de presidência e CEO, Masahi Muromachi. Este por sua 
vez, implementa um comitê para realizar novas auditorias com objetivo de averiguar 
a real magnitude das perdas ocasionadas pelas ilegalidades contábeis. 
A partir das novas analises descobriram que a empresa inflacionou os lucros 
em 1,2 bilhões de dólares pelo período antecipadamente mencionado, sofreu uma 
dedução líquida acumulada em 2,14 bilhões de dólares nos sete anos que 
antecederam o ano fiscal que finalizou em março de 2015 e que grande parte dessa 
perda relaciona-se intimamente com a linha computadores pessoais e bens de 
consumo duráveis. A divisão da empresa que a sustentava era o segmento de 
semicondutores. O minucioso trabalho das auditorias concluíram ainda que o 
desastre ocorrido na Central Nuclear de Fukushima, impactou negativamente a 
unidade de energia nuclear da empresa e os altos executivos estabeleceram metas 
inalcançáveis, as outras unidades de negócio, para compensarem a perda 
 
 
 
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expressiva dessa divisão. Por consequência dessa medida surgem os resultados 
irreais das metas que camuflam o verdadeiro alcance. 
É imprescindível, para melhor compreensão do assunto discutido, esclarecer 
antecipadamente os modelos básicos de governança corporativa o anglo-saxão e o 
nipo-germânico. De acordo com Silva (2006), conforme citado por Lia (2007, p.1) a 
variação existente entre os dois principais sistemas analisados, anglo-saxão e nipo – 
germânico está diretamente relacionada às estruturas de controle e propriedade, as 
formas de monitoramento usadas pelos proprietários e suas visões a respeito dos 
objetivos finais. Numa observação mais detalhada o modelo anglo-saxão, onde 
estão enquadradas a maioria das empresas estadunidense, caracteriza-se por 
participações acionárias relativamente pulverizadas, empresa com grande número 
de acionista, alta liquidez, criação de valor voltada para os acionistas (shareholders), 
exige nível elevado de transparência e poder geralmente distribuído uniformemente 
entre os gerentes em cada nível hierárquico podendo os gerentes de níveis 
inferiores questionarem as decisões dos superiores. No modelo nipo-germânico o 
qual as empresas japonesas se utilizam para exercer a governança corporativa, a 
propriedade é mais concentrada e muitas participações acionárias são de longo 
prazo, pequeno grupo de acionistas detém maior parte das ações, baixa liquidez, 
buscam o equilíbrio entre o interesse dos acionistas e outros grupos interessados 
tais como funcionários, clientes e público (stakeholders), nível de transparência 
pouco acima do legal e o pessoal dos níveis mais baixos da administração aguarda 
as decisões dos superiores sem questionamento e com certo grau de confiabilidade. 
A Toshiba Corporation é uma empresa de origem japonesa, logo entende-se 
que a mesma adota o modelo de governança corporativa nipo – germânico. Por um 
longo período a empresa foi referência devido ao exercício de excelência quanto a 
gestão empresarial e comprometimento com o código de governança corporativa do 
Japão em que determina que empresas listadas na bolsa de valores Tóquio deve ter 
pelo menos 2 (dois) diretores independentes em seus conselhos. Após construída 
uma exemplar reputação, principalmente quanto ao sistema de governança 
corporativo, não se imaginava que o comando de uma empresa japonesa fosse 
seduzido pelas práticas ilegais, egocêntricas e artificiais resultando na 
 
 
 
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descredibilidade dos gestores e na falta de confiança dos investidores para com a 
empresa. 
O referido artigo relata sobre a “cultura da trapaça” estabelecida em toda 
corporação. As práticas irregulares contábeis se tornaram um padrão das práticas 
operacionais do grupo e foram realizadas de forma sistemática em toda empresa. 
Fato que foi resultado de ações realizadas por executivos que pressionaram de 
forma enérgica as unidades de negócios da corporação com intenção de alcançar 
metas, no entanto, de lucro irrealistas; pela subordinação dos colaboradores que 
depositavam total confiança na organização e administração de seus gestores 
entendendo as posições hierárquicas, consequência da cultura empresarial. Em 
virtude disto, as decisões superiores não eram questionadas. Tornando-se, portanto, 
habitual revelar resultados incorretos sobre os dados alcançados. 
Após a divulgação da fraude fiscal, a empresa começa a sofrer implicações e 
administrativas por parte dos acionistas, investidores e reguladores devido ao 
declínio das ações em torno de 26%. Os investidores recorrem à justiça com intuito 
de ressarcimento. Órgãos responsáveis do Japão decidiram implementar medidas 
disciplinares administrativas contra a Toshiba. A partir dessa medida, a Bolsa de 
Valores de Tóquio definiu a Toshiba como uma empresa de controles internos fracos 
e inadequados. Uma investigação recaiu também sobre a empresa que prestava os 
serviços de auditoria para a mesma. 
O texto identificou de forma clara e objetiva os pontos que resultaram no 
enfraquecimento da empresa e a forma como surgiu a evidência negativa da mesma 
acumulando fraudes e erros ao longo do tempo. Baseado ainda no que foi exposto, 
compreende-se a importância da transparência de informações, da flexibilidade nas 
relações hierárquicas por meio da comunicação e mútua confiança no setor 
corporativo. 
 
 
 
 
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