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UNIVERSIDADE VILA VELHA UNIDADE ACADÊMICA CAMPUS BOA VISTA CURSO DE FISIOTERAPIA ANANDA DIONISIO, GABRIEL CORDEIRO, LARISSA MOREIRA, MOISÉS GOMES DOENÇAS RELACIONADAS AO METABOLISMO DE GLICOGÊNIO ANANDA DIONISIO, GABRIEL CORDEIRO, LARISSA MOREIRA, MOISES GOMES. DOENÇAS RELACIONADAS AO METABOLISMO DE GLICOGÊNIO Trabalho apresentado para a disciplina Bioquímica, pelo Curso de Fisioterapia da Universidade de Vila Velha – UVV, ministrada pela professora Girlandia Alexandre Brasil. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 4 2 METABOLISMO DO GLICOGÊNIO 5 2.1 Síntese do glicogênio; 2.2 Degradação do glicogênio; 3 GLICOGENOSES 7 3.1 Tipo 0; 3.2 Tipo I (doença de Von Gierke); 3.3 Tipo II (doença de Pompe); 3.4 Tipo III (doença de Cori); 3.5 Tipo IV (síndrome de Andersen); 3.6 Tipo V (doença de McArdle); 3.7 Tipo VI (doença de Hers); 3.8 Tipo VII (doença de Tarui); 3.9 Tipo VIII; 3.10 Tipo IX; 2.1.11 Tipo X; 2.1.12 Tipo XI (síndrome de Fanconi-Bickel); 2.1.13 Tipo XII. 3 CONCLUSÃO 20 REFERÊNCIAS 21 1 INTRODUÇÃO O presente trabalho tem como objetivo revisar o conhecimento previamente adquirido em sala de aula sobre o metabolismo do glicogênio e sua importância, bem como se aprofundar mais no tópico, estudando as implicações que a degradação do glicogênio podem gerar no corpo humano, e as características e diferenciações de cada doença. 2 METABOLISMO DO GLICOGÊNIO O glicogênio é o principal polissacarídeo de reserva e animais, atua como forma de armazenamento de açúcares e regulação dos níveis glicêmicos. É um polímero com estrutura ramificada, constituído por resíduos de glicose unidos por ligações glicosídicas Ⲁ-1,4 e ramificações Ⲁ1-6. No fígado, a produção e degradação do mesmo cumprirão o papel de suprir as necessidades do organismo, cuidando da manutenção da glicemia entre as refeições, tambem sendo usada como reserva para a atividade muscular intensa, e sendo levada tambem para outros orgãos por ter mais de 10% de peso constituído de glicogênio, o tornando o principal tampão de níveis de glicose no sangue. Nos músculos, ele tambem passa pelos processos de síntese e degradação, mas apenas para suprir as necessidades internas do tecido. 2.1 Síntese do glicogênio Ocorre essencialmente através do glicogênio sintase, que vai utilizar a uridina difosfato-glicose (UDP) como um substrato, e o estado final do glicogênio como outro. Inicialmente, a glicose transportada será fosforilada em glicose-6-fosfato através da reação catalizadora glicoquinase. O resultado dessa reação passará pela conversão para glicose-1-fosfato através da enzima fosfoglicomutase. Em seguida acontece a ligação da glicose-1-fosfato a uridina-trifosfato (UTP) que irá formar os produtos UDP e pirofosfato (PPi). Por fim, o UDP será convertido em glicogênio utilizando o glicogênio sintase, como explicado anteriormente. l Fonte: desenvolvimentovirtua 2.2 Degradação do glicogênio Ocorre com a ação da fosforilase, que vai remover um resíduo da glicose, efetuando para isso a quebra de uma ligação Ⲁ-(1,4), gerando a glicose-1-fosfato. Em seguida, o produto da primeira reação então, será convertido em glicose-6-fosfato pela fosfoglicomutase, que vai transferir o grupo fosfato da enzima para o C-6 da glicose-1-fosfato gerando uma glicose intermediária. O fosfato vai retornar a enzima e a regenerar, o que irá liberar a glicose-6-fosfato. Por fim, no fígado, a ação da glicose-6-fosfato irá conduzir a glicogenólise para a criação da glicose livre e a manutenção da concentração da mesma no sangue. Fonte:desenvolvimentovirtual. 3 GLICOGENOSES Deficiências de cunho hereditário, envolvendo enzimas específicas atuantes na síntese ou degradação de glicogênio geralmente de caráter autossômico recessivo, são conhecidas como glicogenoses. A condição foi primeiro constatada por Von Gierke em 1929, e por isso, uma das formas recebe seu nome. A deficiência enzimática resulta em maior concentração do glicogênio em diversos tecidos do organismo. Há várias manifestações diferentes dessas deficiências, podendo ser de cunho muscular (atuante no músculo), hepática (atuante no fígado) ou dos dois tipos. Elas se diferem tambem no efeito enzimático, na idade em que se manifesta e na gravidade que os sintomas afetarão os pacientes. 3.1 Glicogenose Tipo 0 A glicogenose do tipo 0 é caracterizada por uma deficiência na enzima glicogênio sintase. É uma doença extremamente rara, surgindo geralmente na infância ou na primeira infância. A glicogenose do tipo 0 é herdada autossomicamente recessivamente, ou seja, ambos os pais são portadores saudáveis de uma gene que sofreu mutação. Os sintomas incluem fadiga de manhã e hipoglicemia em jejum, associada a hipercetonemia mas sem hiperalaninemia ou hiperlactacidemia e aumento do fígado durante a infância. Após as refeições, é observada maior hiperglicemia associada a aumento de lactato, alanina e hiperlipidemia. Os sintomas surgem porque a falta da enzima glicogênio sintase inibe a formação de glicogênio. O diagnóstico é feito com o teste de sobrecarga de glicose, porém o diagnóstico formal exige uma biópsia hepática mostrando uma concentração de glicogênio ligeiramente diminuída e provas da deficiência enzimática. A análise molecular revelando uma mutação enzimática no gene GYS2 confirma o diagnóstico. O tratamento requer uma dieta que inclui refeições frequentes com alto consumo de proteínas durante o dia e a adição de amidos crus a noite. O prognóstico é bom para maioria das pessoas, mas em crianças que tiverem períodos repetidos de hipoglicemia precocemente, a doença pode levar a danos cerebrais permanentes. 3.2 Glicogenose Tipo I (doença de Von Gierke) A glicogenose tipo I é herdada de forma autossômica recessiva, e tem dois tipos, sendo elas, Ia e Ib que são as formas mais comuns e mais graves de glicogenose hepática. A tipo Ia com deficiência na enzima glucose-6-fosfatase e Ib na enzima glucose-6-fosfato translocase, e são caracterizadas por baixa tolerância ao jejum, atraso do crescimento e hepatomegalia resultantes da acumulação de glicogénio e de gordura no fígado. O tipo IA é o mais frequente, ocorre por uma disfunção no sistema G6P, uma etapa fundamental na regulação da glicemia. O déficit refere-se a subunidade catalítica G6P-alfa (tipo IA) que é restrita a expressão no fígado, rim e intestino, ou ao transportador ubíquo de G6P expresso ( tipo Ib). Manifesta-se entre as idades de 3 a 4 meses, por sintomas de hipoglicemicos (tremores, convulsões, cianose, apneia). É possível observar também, retardo no crescimento e puberdade tardia. O fígado é frequentemente aumentado ao nascer, mas os sintomas, são notados mais tarde quando o aumento do fígado se torna muito perceptível. Períodos prolongados de hipoglicemia ativam mecanismos que levam a muitas sequelas metabólicas. O aumento da produção de lactato, leva, entre outras coisas, a acidose láctica, e ela leva adesconfortos estomacais, dor muscular, fraqueza, falta de energia, inconsciência e tem grande impacto em fatores de crescimento. Além disso, períodos prolongados de hipoglicemia também podem aumentar muito a quantidade de lipídios sanguíneos, como triglicérides e colesterol, especialmente o LDL que é prejudicial a saúde. Outra consequência da hipoglicemia prolongada é que as plaquetas não funcionam bem, afetando a capacidade do sangue de coagular. O aumento da concentração de ácido úrico faz com que cristais de acido acido urico se formem nas articulações do corpo, o que pode levar a episódios de inflamação articular dolorosa, entre outros sintomas temos também, o aumento de sangramento dos rins, é obviamente afetará sua função. O tipo Ib, está relacionado com o transporte deficiente de glicose-6-fosfato, essa enfermidade compromete a glicemia, uma vez que o glicogênio estocado não é metabolizado pelas células hepáticas e renais, contribuindo para o quadro de hipoglicemia, hepatomegalia, retardo no crescimento entre outros. Portanto, o tipo Ib, produz sintomas semelhantes aos do tipo IA, porém são mais leves. O diagnóstico pode ser feito por uma investigação clínica, esse estudo inclui um mapeamento metabólico que é feito através de medições diárias de glicose, lactato e cetona no sangue. O diagnóstico é confirmado pela análise de DNA. O tipo IA e Ib pode ser tratada com dieta, o objetivo é normalizar os níveis de glicose no açúcar no sangue durante todos as horas do dia. Isso é feito adicionando amido de milho ou outros açúcares complexos em intervalos frequentes. O tipo Ib tem uma especificidade, que seria o tratamento com fator de crescimento específico do corpo G-CSF. O transplante de fígado é indicado para casos mais graves. É importante que pessoas com glicogenose hepática sejam monitoradas regularmente ao longo de suas vidas com exames dos órgãos que podem ser afetados pela doença. 3.3 Glicogenose Tipo II (doença de Pompe) A glicogenose tipo II, é uma doença grave e muitas vezes fatal, com característica autossômica recessiva, em que há um acúmulo de glicogênio lisossômico, primordialmente, nas células dos tecidos musculares, como resultado da deficiência da enzima alfa-glicose ácida. A falta de enzima impede o corpo de quebrar o glicogênio armazenado nos lisossomos. A doença é causada por uma mutação no gene GAA. O gene é um modelo para a produção da enzima maltase ácida (alfa-1,4-glicosidase / alfa-1,6-glicosidase). A tarefa dessa da enzima é decompor o glicogênio em glicose nos lisossomos. Esse acúmulo ocorre em muitos tecidos do corpo, causando danos aos tecidos, especialmente nos músculos e no coração. As formas iniciais da glicogenose tipo II, são geralmente divididas em dois tipos, glicogenose tipo IIa (forma infantil clássica) e Glicogenose tipo IIb (forma infantil não clássica). Os dois tipos apresentam insuficiências respiratórias e cardíacas e seu tratamento é feito com a adição de enzimas, porém, mesmo com o tratamento, as crianças têm o coração afetado e podem morrer com insuficiência cardíaca futuramente. 3.3.1 Glicogenose tipo IIa (forma infantil clássica) No tipo IIa os sintomas às vezes aparecem no feto como movimentos fecais fracos, mas geralmente a doença começa durante o período do recém-nascido ou durante os primeiros meses de vida. a característica das crianças com a doença são: dificuldade para respirar e muitas infecções respiratórias, aumento cardíaco, tônus reduzido e as crianças ficam musculosas, a perda auditiva também pode ocorrer, sem o tratamento com a adição da enzima, as crianças precisam de suporte respiratório antes dos seis meses de idade e morrem da doença em um ou dois anos devido a insuficiência cardíaca. 3.3.2 Glicogenose tipo IIb (forma infantil não clássica) No tipo IIb os sintomas aparecem mais tarde no primeiro ano de vida na forma de fraqueza muscular progressiva um pouco mais lenta. Esses sintomas são: aumento nos músculos da panturrilha fraqueza muscular e problemas respiratórios, a função do coração não é tão afetada como no tipo IIa. Como na IIa, o tratamento é feito com adição de enzimas, mas com o tempo o coração pode ser afetado. 3.3.3 Formas de início tardio, diagnóstico e tratamento As formas de início tardio podem aparecer a qualquer momento, desde a primeira infância até os 60 anos. Frequentemente, os sintomas ocorrem nos anos 20-30, sob a forma de uma fraqueza muscular que progride lentamente, com efeito iniciais nos músculos respiratórios. O diagnóstico é feito com vários testes laboratoriais, como por exemplo, exames de sangue na enzima muscular creatina quinase, mas também temos, a biópsia muscular, entre outras formas várias de se obter o diagnóstico, Como tratamento, temos a terapia enzimática, mas ela somente irá retardar a doença, pois nao tem cura. 3.4 Glicogenose Tipo III (doença de Cori) A glicogenose do tipo III (GSD 3) é um transtorno causado pela deficiência da enzima desramificadora do glicogênio que possui dois locais catalíticos: amilo-1,6-glicosidase e 4-alfa-glucanotransferase. É caracterizado por fraqueza muscular e grave hepatopatia. A doença é causada por mutações no gene AGL (1p21), levando a uma deficiência no GDE que se associa a glicogênio fosforilase para catalisar o glicogênio. A deficiência pode ocorrer no fígado e no músculo ( GSD 3a) ou apenas no fígado (GSD3b). A transmissão é autossómica recessiva. Esse distúrbio ocorre geralmente na infância e provoca um acúmulo de glicogênio no citosol celular, dificultando o funcionamento, principalmente do fígado e dos músculos. Existe relato da prevalência dessa patologia na população norte africana com ascendência judaica, e de acordo com os sinais e sintomas, pode ser classificada em quatro subtipos (IIIa, IIIb, IIIc e IIId) acometendo o organismo de formas distintas. Os subtipos IIIa e IIIc afetam as células hepáticas e musculares causando miopatías, os tipos IIIb e IIId afetam somente os hepatócitos. Todos os tipos observa-se a hepatomegalia na infância e a incidência dos subtipos IIIa e IIIb é maior em relaçao os outros subtipos. Como sintomas nos temos, atraso no crescimento, convulsões , hipoglicemia, hipotonia muscular e miocardiopatia hipertrófica. Alguns sintomas podem desaparecer com a idade adulta, como a hepatomegalia, já a fraqueza muscular é lentamente progressiva. Os sintomas geralmente melhoram durante a puberdade, exceto nos poucos casos em que surge cirrose hepática ou miopatia. Os achados biológicos incluem hipoglicemia sem acidose, hipertrigliceridemia e hipertransaminasemia durante a infância. O diagnóstico é baseado na evidência da deficiência enzimática em leucócitos frescos, fibroblastos, ou numa biopsia de figado ou de músculo. Ao contrário da GSD tipo 1, existe uma resposta ao glucagon após as refeições. O diagnóstico pré-natal é possível por teste enzimático e energético. O tratamento é baseado numa dieta específica, com alimentação enteral por sonda nasogástricadurante a noite em caso de hipoglicemia, refeições frequentes e suplementos crus de amido. Para os doentes com miopatia, é também recomendada uma dieta rica em proteínas. Raramente, os doentes desenvolvem complicações como insuficiência hepática ou carcinoma hepatocelular. 3.5 Glicogenose Tipo IV (Síndrome de Andersen) Esta glicogenose está relacionada a deficiência na enzima de ramificação do glicogênio (alfa-1,4-glucano-6-alfa-glicosiltransferase), que causa uma má ramificação do glicogênio. Causando o armazenamento de glicogênio desalinhado em vários órgãos. É um glicogenose herdada de maneira autossômica recessiva. 3.5.1 Descrição Clínica A doença no armazenamento do glicogênio tipo IV pode se manifestar de diversas formas, variando de idade, gravidade, ou característica clínica, podendo afetar o fígado ou o sistema neuromuscular. São dividas em 5 subtipos: Subtipo neuromuscular perinatal fatal: No período pré-natal apresenta diminuição ou ausência de movimentos fetais, polidrâmnio e hidropisia fetal. Ao nascer apresenta artrogripose, hipotonia grave e atrofia muscular. Nesse subtipo a morte ocorre geralmente no período neonatal (entre o nascimento a 28 dias de vida). Subtipo neuromuscular congênito: Inicia no período neonatal apresentando hipotonia, dificuldades para respirar e um mal bombeamento do sangue pelo coração causado por cardiomiopatia dilatada. Neste subtipo a morte ocorre geralmente na primeira infância(de 0 a 4 anos). Subtipo neuromuscular da infância: É raro e de curso variável, variando no início da segunda década de vida com um curso leve apresentando miopatia progressiva crônica e cardiomiopatia dilatada(em alguns indivíduos), que evolui até um curso mais grave da doença, resultando em morte morte na terceira década de vida. Subtipo hepático clássico (progressivo): Os bebês podem aparentar normais ao nascer, mas rapidamente se percebe falhas no desenvolvimento, apresentando hepatomegalia, disfunção hepática, cirrose hepática progressiva com hipertensão portal, ascite e varizes esofágicas, hipotonia e cardiomiopatia. Sem transplante precoce do fígado a morte geralmente ocorre até os cinco anos de idade. Subtipo hepático não progressivo: As crianças que apresentam esse subtipo apresentam disfunção hepática, miopatia e hipotonia na infância, porém a doença não apresenta progressão e é provável que a pessoa sobreviva e podem não apresentar problemas cardíaco, muscular esquelético ou neurológico. 3.5.2 Métodos de Diagnóstico O diagnóstico é baseado nos achados bioquímicos de uma biópsia do tecido hepático ou muscular com acúmulo de glicogênio anormalmente ramificado. Inclui também uma investigação genética e um estudo diário dos corpos de glicose, lactato e cetona no sangue. A confirmação do diagnóstico é feita por teste de DNA(identificando variantes patogênicas bi-alélicas do GBE1), pela confirmação da deficiência da enzima de ramificação do glicogênio(GBE, glycogen branching enzyme) nos fibroblastos do fígado, músculo. O diagnóstico pré-natal é feito por teste enzimático ou genético. Os diagnósticos diferenciais incluem galactosemia, hidropsia fetal, e tirosinemia. 3.5.3 Tratamento Não há tratamento específico. Mas se faz necessário uma equipe multidisciplinar incluindo especialistas em hepatologia, neurologia, nutrição, genética médica ou bioquímica e desenvolvimento infantil. Nas formas hepáticas graves o transplante hepático precoce é a única opção de tratamento. 3.6 Glicogenose Tipo V (doença de McArdle) A glicogenose tipo V (doença de McArdle), também chamada de deficiência de miofosforilase, ocorre devida à falta de função da enzima glicogênio fosforilase encontrada no músculo e comumente chamada de miofosforilase. É uma forma grave da doença de armazenamento de glicogénio caracterizada pela intolerância ao exercício. É causada pela alteração no gene PYMG responsável pela produção da fosforilase, sendo ela uma doença hereditária autossômica recessiva. 3.6.1 Descrição Clínica A doença se manifesta geralmente antes da puberdade, podendo ocorrer no início da infância, aparecendo como um cansaço intenso. Em alguns casos a doença não é diagnosticada até a fase adulta, devido ao lento agravamento da fraqueza muscular e dos demais sintomas. Pessoas afetadas com essa doença apresentam a síndrome de intolerância ao exercício muscular caracterizada por mialgia, cãibras, rigidez e fraqueza nos músculos durante o estresse, por exemplo, ao correr, caminhar, levantar ou carregar. Esses sintomas ocorrem por causa da falta de energia para o trabalho muscular. Isso se deve pois a miofosforilase é responsável pela degradação do glicogênio armazenado em glicose, que é usada para a energia do trabalho muscular, a principal fonte de energia do corpo durante os exercícios de alta intensidade, tanto aeróbios quanto anaeróbios, essa patologia causa a falta de miofosforilase, fazendo com que haja acúmulo de glicogênio no tecido, além de obrigar o corpo a usar mais gorduras e fosfatos (trifosfato de adenosina e fosfocreatina) para a geração de energia. 3.6.2 Métodos de Diagnóstico O diagnóstico é feito com o teste do antebraço onde é observada a ausência do aumento de lactato no sangue. O diagnóstico também é feito com a descoberta do excesso de glicogênio nos tecidos, e a partir de uma biópsia muscular observar se no tecido há a falta da enzima miofosforilase. 3.6.3 Tratamento Não há nenhum tratamento, mas existem várias opções terapêuticas para amenizar os sintomas e aumentar a capacidade de atividade física, como, exercício físico controlado a fim de desenvolver a aptidão cardiorrespiratória e a capacidade oxidativa muscular, e a alta ingestão de carboidratos simples antes das atividades para melhorar a tolerância de atividade. 3.7 Glicogenose Tipo VI (doença de Hers) A doença de armazenamento de glicogénio por deficiência de fosforilase hepática, ou doença de armazenamento de glicogênio tipo de 6b (doença de Hers, GSD 6) é uma forma benigna e rara da doença de armazenamento de glicogénio. A transmissão é autossómica recessiva, e são encontradas mutações no gene PYGL. 3.7.1 Descrição Clínica A glicogenose tipo VI é uma forma mais suave desse distúrbio do armazenamento do glicogênio, que geralmente se apresenta na infância com distensão abdominal, restrição do crescimento e em alguns casos hipoglicemia leve. A hipoglicemia, quando presente, é leve e pode se manifestar após um jejum prolongado. A hipoglicemia cetótica após um jejum noturno é a característica mais aparente da glicogenose tipo VI. Na criança não tratada ocorre hepatomegalia, baixo crescimento, hipoglicemia cetótica, transaminases hepáticas elevadas, hiperlipidemia e baixo nível de pré-albumina. As complicações mais comuns no cenário de controle metabólico abaixo do ideal incluem baixa estatura, puberdade tardia, osteopenia e osteoporose. Após a puberdade, as pessoas com glicogenose tipo VI geralmente não são mais afetadas pela doença. 3.7.2 Métodos de Diagnóstico O exame é baseado em exames que revelam glicogênio em excessoe deficiência parcial da fosforilase total e ativa na biópsia hepática. 3.7.3 Tratamento Para alguns pacientes não há a necessidade de tratamento, mas quando há é feito com a ingestão de amido de milho e proteínas para melhorar o crescimento, a resistência e melhorar as anormalidades bioquímicas, incluindo hipoglicemia e cetose. 3.8 Glicogenose Tipo VII (doença de Tarui) Essa glicogenose do tipo VII é a deficiência da fosfofrutoquinase muscular (PFK), é uma doença rara (cerca de 100 casos em todo o mundo) caracterizada por fadiga e intolerância ao esforço muscular. A patologia é causada por mutações no gene PFKM (12q13) que codifica a isoenzima muscular de PFK, uma enzima importante na quebra da glicose durante o esforço e trabalho muscular anaeróbico. A patologia é autossómica recessiva. 3.8.1 Descrição Clínica A doença de Tarui prejudica a capacidade da célula muscular de degradar glicose, isso é responsável pela célula não conseguir obter energia suficiente para o trabalho muscular podendo romper ou ser danificada. A intolerância ao exercício é mais grave que a intolerância da glicogenose tipo V, a gravidade da doença varia muito de pessoa para pessoa. Os sintomas são dor muscular, fraqueza muscular e a baixa tolerância a exercícios chegando rapidamente a fadiga muscular. Cãibras musculares ocorrem com mais frequência durante o trabalho muscular mais intenso. Na maioria dos casos a doença resulta em maior degradação dos glóbulos vermelhos, o que pode levar a diversos graus de icterícia. A coagulação sanguínea também pode ser afetada, formando coágulos e complicações no coração e nos vasos sanguíneos. 3.8.2 Métodos de Diagnóstico A suspeita da doença, pode ser feita durante a infância quando a criança apresenta dores e câimbras após atividades musculares moderadas. O diagnóstico é feito com testes que demonstram a alta de glicogênio anormal e a deficiência enzimática na biópsia muscular enquanto a taxa de eritrócitos é maior que 50%. 3.8.3 Tratamento O único tratamento possível é evitar exercício físico intenso. Os carboidratos conduzem a um pior desempenho muscular (pela diminuição de ácidos gordos livres e corpos cetónicos). A mioglobinúria pode levar a insuficiência renal. 3.9 Glicogenose Tipo VIII Na glicogenose tipo VIII mesmo contendo a enzima fosforilase-b-quinase, ocorre uma “ineficiência funcional” desta, que consequentemente prejudica o metabolismo de glicogênio. Pode ser causada por mutações em 3 diferentes genes dessa enzima: PHKA2, PHKB e PHKG2 (BURWINKEL et al., 2003). Em geral, é recorrente na infância e os sintomas se encerram ao paciente chegar na puberdade. Estes podendo se manifestar de duas maneiras: a mais comum é a branda em que ocorre um aumento do tamanho do fígado (hepatomegalia), retardo do crescimento, níveis aumentados de lipídeos e aminotransferase. Já na mais grave (e mais rara), se apresentam quadros de hipoglicemia - em períodos de jejum - e até mesmo um crescimento anormal da histologia do fígado, podendo gerar um quadro de cirrose 3.10 Glicogenose Tipo IX Essa glicogênese está relacionada a uma deficiência da enzima fosforilase-quinase hepática ou da fosforilase quinase muscular ambas que participam da glicogenólise. É mais comum em homens por ser uma doença recessiva ligada ao cromossomo X, e tem sua prevalência na infância. A enzima hepática é mais comum e a gravidade de seus sintomas dependem de qual subunidade vai ser afetada (alfa, beta, gama e delta) (BEAUCHAMP et al., 2007). Nesse caso os sintomas vão ser: hepatomegalia precoce, atraso no crescimento e índices altos de cetona no sangue e urina. Agora retratando sobre a falta da enzima muscular -considerada mais rara- na qual ocorre sintomas mais graves como: mialgia, cãibras musculares, fraqueza muscular progressiva entre outros sintomas com relação a musculatura do indivíduo acometido. Esse tipo de glicogênio assim como os tipos III e VI são mais benignos e podem ser controlados por uma alimentação balanceada e sem muito consumo de carboidratos, deve - se evitar principalmente a sacarose e ter um uso frequente e regular de amido de milho cru. 3.11 Glicogenose tipo X A glicogenose tipo X é considerado um raro distúrbio que apresenta uma deficiência na enzima fosfoglicerato mutase, sendo que a falta desta no metabolismo gera um acúmulo de glicogênio nos músculos. nesse caso os principais sintomas são: intolerância aos exercícios, cãibras, mioglobinúria e fraqueza . 3.12 Glicogenose tipo XI (síndrome de Fanconi-Bickel) Essa doença rara afeta o armazenamento de glicogênio, sendo autossômica recessiva e apresenta 34 mutações no gene GLUT2 - ainda não se sabe qual enzima que apresenta defeito nessa patologia. Segundo Setoodeh e Rabbani (2012) Os sintomas dessa patologia são hepatomegalia, acidose tubular renal proximal e retardo de crescimento acentuado. Nesse caso o acúmulo de glicogênio se encontra no fígado e nos rins. 3.13 Glicogenose XII Essa glicogenose está relacionada a substituição de um aminoácido da enzima aldolase - essa que se encontra nos músculos esqueléticos e eritrócitos - gerando assim um quadro de miopatia e anemia hemolítica hereditária. Os principais sintomas característicos da doença são intolerância ao exercício e fraqueza após doença febril. 4 CONCLUSÃO Através do estudo aprofundado que foi conduzido para a construção do presente trabalho, se tornou mais evidente a importância do glicogênio na manutenção do corpo humano, sendo uma grande fonte de glicose que beneficia não apenas os órgãos em que é produzido, majoritariamente pelo fígado e músculos, mas grande parte do corpo, como o cérebro, que consome cerca de 75% da glicose diária através da via aeróbica. Além da produção ele também vai atuar regulando os níveis glicêmicos e serve de reserva em casos de atividades físicas extremas. Cientes de tais informações, foi feita uma observação de como a glicogenose, que se caracteriza por um conjunto de doenças hereditárias que envolvem enzimas presentes no funcionamento adequado do metabolismo do glicogênio, podem gerar complicações ao ser humano, desde problemas mais leves até consequências graves. O trabalho também possibilitou ao grupo um importante entendimento de como os estudos da bioquímica podem ser perceptíveis na vivência estudantil enquanto futuros profissionais da saúde. REFERÊNCIAS BALI, DS et al. Glycogen storage disease type I. GeneReviews. Seattle, Apr, 2006. BEAUCHAMP, N. J et al. Glycogen storage disease type IX: High variability in clinical phenotype. Molecular Genetics and Metabolism, Orlando, v. 92, n. 1-2, p. 88-99, 2007. BURWINKEL, B. et al. Severe phenotype of phosphorylase kinase-deficient liver glycogenosis with mutations in the PHKG2 gene. Pediatric Research, Basel, v. 54, n. 6, p. 834-839, 2003. CARLOS, C,S et al. Glicogenoses: uma revisão geral. Biosci J, Uberlandia, v.30, n.5, p. 1598-1605, Sept/Oct, 2014. COORDENADORIA DE COMUNICAÇÃO DE HCPA. Glicogenoses hepáticas: orientações para pacientes, cuidadores e familiares. Revista Educação em Saúde, vol 124, nov, 2019. DAGLI, A; SENTNER, CP; WEINSTEIN, DA; Glycogen Storage Disease Type III. GeneReviews, Seattle, Mar, 2010. FROISSART, R et al. Glucose-6-phosphatase deficiency. Orphanet J Rare Dis 6, 27 (2011). Disponível em: <https://doi.org/10.1186/1750-1172-6-27.> JOHNSON, Mae et al. Anaesthesia recommendations for patients suffering from McArdle Disease. Orphananesthesia, [s. l.], dez 2017. Disponível em: <https://www.orphananesthesia.eu/en/rare-diseases/published-guidelines/mcardle-di sease/329-mcardle-disease/file.html>. Acesso em: 9 jun. 2020. https://doi.org/10.1186/1750-1172-6-27 LESLIE, N; BAYLEY, L. Pompe Disease. GeneReviews, Seattle, Aug, 2007. SETOODEH, A.; RABBANI, A. Transient neonatal diabetes as a presentation of Fanconi- Bickel Syndrome. Acta Medica Iranica, Teheran, v. 50, n. 12, p. 836-838, 2012. SILVA, A. E et al. Metabolismo do glicogênio muscular durante o exercício físico: mecanismos de regulação. Rev. Nutr. vol.20 no.4 Campinas July/Aug. 2007
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