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GIOVANA COTOMACCI LAZER: Direitos e Acessibilidade das Pessoas com Deficiência ou Necessidades Especiais Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização) apresentado à Coordenação de Extensão da Faculdade de Educação Física da Universidade Estadual de Campinas para obtenção do titulo de Especialista em Atividade Motora Adaptada. Orientador: Paulo Ferreira Araújo Campinas 2007 C8261 FICHA CATALOGRÁFICA ELABI(>RADA PELA BIBLIOTECA FEF- UNidAMP Cotomacc·l, Giovana Lazer: direitos e acessibilidade das pessoas f:om deficiência ou necessidades especiais f Giovana Cotomacci. - campinas, SP: [s.n.], 2~. I Orien!<ldor(a): Paulo Ferreira de Araújo. . Trabalho de Conclusão de Curso (especializa~o) - Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas., 1. Deficiência. 2. Acessibilidade. 3. Lazer. 4. D9ficientes. I. Araújo, Paulo Ferreira de. IL Universidade Estadual de Cam~inas, Faculdade de Educação Flsica. 111. Título. , I asmlfef TCC/UNICAMP CB26L 1290003820/FEF GIOVANA COTOMACCI LAZER: Direitos e Acessibilidade das Pessoas com Deficiência ou Necessidades Especiais Este exemplar corresponde à redação final do Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização) defendido por Giovana Cotomacci e aprovado pela Comissão julgadora em: 18/05/2007. Prol. Dr. Paulo Ferreira Araújo Orientador Prol. Ms. Rita de Fátima da Silva r, . t-\ ~ '-,:f/!'- 1•)1-'\C\ y-,,-- ~-- Fabiana Marques~ ---- --- Campinas 2007 Ao terminar este trabalho realizado no período curto de tempo, aproximadamente em quatro meses, sou grata a Deus que me concedeu a graça da dedicação par alcançar com plenitude o objetivo estabelecido; Com muito carinho, agradeço aos meus pais e minha irmã que possibilitaram a minha presença e conclusão deste curso. Obrigada por tudo; Agradeço ao meu orientador, Prof Paulo Ferreira Araújo, pelo incentivo, atenção, paciência e valorização durante a preparação desse trabalho,· Agradeço a todos os professores do curso de Especialização em Atividade Motora Adaptada, pela dedicação e conhecimentos transmitidos; Aos colegas do curso de Especialização Motora Adaptada do ano de 2006, obrigada pelas trocas de experiência e pelos momentos descontraídos e agradáveis que passamos juntos; As novas amigas: Luciana; Simone; Paola; Arle, Theodora que acompanharam a elaboração dEste trabalho. Obrigada pela força e orientações. Em especial a nova amiga Fabiana que acompanhou mais de perto todas as minhas angústias, preocupações, decepções, vitórias, conquistas no transcorrer deste trabalho. F á, muito obrigada pela preocupação, orientação, carinho, atenção, paciência e estímulo durante todo o período da especialização. Com certeza está amizade será para sempre. COTOMACCI, Giovana.. Direitos e Acessibilidade das Pessoas com Deficiência ou Necessidades Especiais. 2007. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização)-Faculdade de Educação Física. Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2007. RESUMO Neste trabalho, propusemo-nos a estudar a acessibilidade das pessoas com necessidades especiais com relação ao lazer. Dessa forma acreditamos ser necessário identificar os conteúdos culturais (atividades), a freqüência (tempo), em quais locais (espaços) acontecem e qual é a forma de participação e organização das atividades (atitudes) no lazer. Adotamos estes parâmetros na revisão de literatura. As dificuldades que as pessoas encontram para ter acesso ao lazer primeiramente, são as barreiras, podendo ser arquitetônicas ou fisicas, de transporte, atitudinais e de auto aceitação. Ao realizar este estudo acerca das condições acessíveis que interferem no lazer, pretendemos que este possa contribuir para o embasamento de futuras discussões políticas que venham a promover o lazer para as Pessoas deficientes ou aquelas em Condições Especiais corno: idosos, gestantes, impossibilitados temporariamente entre outros. Acreditamos que este trabalho possa servir de reflexão ou como ponto de partida, alertando a importância para a melhoria das condições de lazer tanto em questões políticas corno para as pessoas com necessidades especiais que possam superar ou saberem lidar com suas limitações, sejam fisicas, pessoais, emocionais ou sociais. Palavras-Chaves: Deficiência; Pessoas com Necessidades Especiais, Acessibilidade; Lazer. COTOMACCI, Giovana.. Rights and Accessibility of lhe People with Deficiency or Necessities Special. 2007. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização)-Faculdade de Educação Física. Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2007. ABSTRACT In this work, propusemo-in studying the accessibility of the people with necessities special in the leisure. Of this form we believe to be necessary to identifY the cultural contents ( activities ), the frequency (time), in which places (spaces) they happen and which is the fonn ofparticipation and organization ofthe activities (attitudes) in the leisure. We adopt these parameters in the literature revision. The difficulties that the people find to have access to the leisure first, are the barriers, being able to be physical architectural or, of transport, atitudinais and of auto acceptance. When carrying through this study conceming the accessible conditions that intervene with the leisure, we intend that this can contribute for the basement of future quarrels politics that they come to promete the leisure for the deficient People or those in Conditions Special as: aged, gestantes disabled temporarily among others. We in such a way believe that this work can serve of reflections or as starting point, alerting the importance for the improvement of the conditions o f leisure in questions politics as for the people with necessities special that can surpass or know to deal with its limitations, are physical, personal, emotional or social. Keywords: Deficiency; People with Necessities Special, Accessibility; Leisure. LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS LDB Lei de Diretrizes e Bases MDPD Movimento pelos Direitos das Pessoas Deficientes ONU Organização das Nações Unidas OMS Organização Mundial da Saúde CIDID Classificação Internacional de Deficiência, Incapacidade e Desvantagem CIF Classificação Internacional de Funcionalidade CID Código Internacional de Doenças LER Lesões por Esforços Repetitivos ANSI American National Standards Institute dB Decibéis PAIR Perda Auditiva Induzida por Ruído PIG Pequenos para Idade Gestacional APGAR Escala de Avaliação do Recém-Nascido PNEs Pessoas com Necessidades Especiais SESI Serviço Social da Industria SESC Serviço Social do Comércio AAMR Associação Americana de Deficiência Mental DSM Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais Ql Quociente de Inteligência RH/ABO Tipa2em Sanguínea PDL Pessoa com Dificuldade de Locomoção NBR Norma Brasileira Relistrada ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas CONTRAN Conselho Nacional de Trânsito PPD Pessoa Portadora de Deficiência - SUMARIO INTRODUÇÃO ____________________________________ __ I DEFICIÊNCIA-------------------------------------- 1.1 Um breve histórico da Deficiência no mundo ____________ __ 1.2. Conceito e Classificação da Deficiência ______________ _ 1.3. Pessoas com Deficiência ___________________ __ 1.4. Caracterização das Deficiências _________________ _ 1.4.1. Deficiência Física---------------------- 1.4.1.1. Tipos de Deficiência Física------------------ 1.4.1.2. Dados Estatísticos-------------------- 1.4.1.3. Causas----------------------- 1.4.1.4. Fatores de Risco---------------------- 1.4.1.5. Identificando a Deficiência _________________ _ 1.4.1.6. Exames para ter um Diagnóstico Correto. ____________ __ 1.4.2. Deficiência Visual ___________________ _ 1.4.2.1. Tipos e Classificação de Deficiência Visual ___________ _ 1.4.2.2. Dados Estatísticos----------------------- 1.4.2.3. Causas------------------------ 1.4.2.4. Fatores de Risco--------------------- 1.4.2.5.Identificando a Deficiência------------------ 1.4.2.6. Diagnóstico---------------------- 1.4.3. Deficiência Auditiva ____________________ _ 1.4.3.1. Tipos de Deficiência Auditiva----------------- 1.4.3.2. Dados Estatísticos __________________ _ 1.4.3.3. Causas------------------------ 1.4.3.4. Fatores de Risco---------------------- 1.4.3.5. Identificando a Deficiência _________________ _ 1.4.4. Deficiência Mental _____________________ _ 1.4.4.1. Tipos de Deficiência Mental _________________ _ 09 12 12 17 20 22 22 23 23 23 24 24 25 25 25 26 27 27 28 28 29 30 30 30 31 32 32 33 1.4.4.2. Dados Estatísticos 34 1.4.4.3. Causas e Fatores de Risco 34 1.4.4.4. Identificando a Deficiência 35 1.4.4.5. Diagnóstico 36 1.4.5. Deficiência Mútipla 36 1.4.5.1. Tipo de Deficiência Múltipla 37 1.4.5.2. Dados Estatísticos 38 1.4.5.3. Causas e Sindromes 38 1.4.5.4. Fatores de Risco 38 1.4.5.5. Identificando a Deficiência 39 1.4.5.6. Diagnóstico 39 1.4.6. Pessoa com Mobilidade Reduzida ou com Dificuldade de Locomoção (PDL) 40 2. ACESSIBILIDADE 42 2.1. O direito de ir e vir 43 2.2. Barreiras de Acessibilidade 49 3. O LAZER 58 3 .1. Conhecendo e compreendendo o Lazer 60 3.2. Tempo e Cultura 61 3.3. Construções do Lazer 63 3.4. Formas diversas de uso do tempo livre 65 3.6. Equipamentos e Espaços de Lazer 68 3.5. Classificações do Lazer, segundo Dumazedier 70 3.6. Lazer na vida da pessoa portadora de deficiência e com necessidades especiais_ 75 CONSIDERAÇÕES FINAIS 79 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 82 10 O tema deste trabalho foi escolhido pela escassez dos meios de acesso ao lazer que as cidades disponibilizam para as pessoas portadoras de necessidades especiais. No Brasil, apesar de existir lei que regulamenta a inserção das pessoas portadoras de necessidades especiais na sociedade, muitas especificações contidas nela não são cumpridas. Assim, a maioria destas pessoas sofre exclusão social por não ter o mesmo acesso que as pessoas sem nenhuma limitação. Esta dificuldade de acesso às atividades de lazer se dá ao grande número de barreiras, sendo elas, arquitetônicas, urbanísticas, das edificações, dos transportes e das comunicações existentes nas cidades. O objetivo desta pesquisa é conhecer os diversos tipos e maneiras de acessibilidade às pessoas com necessidades especiais, principalmente nas práticas de lazer, para assim fornecer subsídios de intervenção para possíveis elaborações de programas que possibilitem a implantação e manutenção da acessibilidade às práticas de lazer, oportunizando a utilização adequada da sociedade, como deficientes, idosos, gestantes, obesos, e etc, a essas práticas. Este estudo foi desenvolvido a partir do levantamento bibliográfico acerca dos conceitos de lazer, deficiência e acessibilidade. Segundo Marconi & Lakatos (1991, p. 183 ), a pesquisa bibliográfica tem como finalidade "colocar o pesquisador em contato direto com tudo o que foi escrito sobre determinado assunto". Desta maneira, foram empregadas as seguintes fontes de consulta: livros, teses, dissertações e artigos consultados via Internet relacionadas direta ou indiretamente à questão da acessibilidade ao lazer na vida das pessoas com necessidades especiais, utilizadas então para a elaboração deste trabalho, possibilitando informações importantes para refletir sobre o assunto. O presente trabalho encontra-se desenvolvido basicamente em três capítulos: O primeiro capítulo explicita historicamente sobre a evolução dos conceitos, caracterizações, classificações e particularidades das deficiências. 11 Já segundo capítulo pnonza uma discussão acerca da acessibilidade, identificando conceito, leis e normas, barreiras existentes, sejam arquitetônicas, sócio-culturais, de transporte e etc No terceiro capítulo abordará as questões a cerca do lazer. Como sua importância na sociedade, história, aspectos, tendências, das relações com outras áreas da vida e finalizando com as barreiras encontradas pelas pessoas com necessidades especiais no lazer. Finalizamos com nossas considerações, as quais levam o leitor à reflexão acerca das possibilidades que a pessoa portadora de necessidade especial tem em relação ao lazer. 12 ~ 1 DEFICIENCIA 1.1. Um breve histórico de deficiência no mundo O problema da deficiência acompanha os homens desde os primórdios da civilização e desde então sofre dificuldades na vida cotidiana e os diferentes aspectos são enfatizados de acordo com o momento histórico e sócio-cultural que os deficientes se situavam e ainda situam-se. Para compreendermos melhor a deficiência, é importante sabermos como esta foi construída historicamente e como as pessoas deficientes eram vistas e de que forma lidavam com suas dificuldades. Assim analisaremos quais atitudes e comportamentos em relação às pessoas com deficiências se reproduzem ainda hoje em nossa sociedade. Segundo Ávila (2005, p. 16), a bíblia dá vários exemplos de tais situações, como a deficiência dos escritos de Moisés (Êxodo, 4:1 O) ou da visão e fisica do apóstolo Paulo (Coríntios, cap. 12:7). Na era clássica, esclarece Áurea Ribeiro- (O cidadão portador de deficiência. In: ROBERT, Cinthia (org). O Direito do Deficiente. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 1999, pág. 81.), "Homero"- aquele a quem Platão denominou na República, o maior de todos os poetas - deixou lavrado em seus versos, a tarefa estratégica legada ao Deus Hefesto, que era coxo, ou seja, portador de deficiência física, o mesmo ocorrendo com Platão, que tinha uma desproporcionalidade física de seus ombros e fontes. Ainda Á vila, a estas pessoas, somam-se inúmeras outras como Ludwig Van Beethoven - surdo, ou o Antônio Francisco Lisboa, o «Aleijadinho", que assim ficou conhecido devido à deficiência física que portava. De acordo com Silva apud Cantareli, (1998, p. 32) na antiguidade pode-se observar basicamente dois tipos de atitudes para com as pessoas doentes, idosas ou portadoras de deficiência: uma atitude de aceitação, tolerância, apoto e assimilação; uma outra de eliminação, menosprezo ou destruição. Nas culturas primitivas, para que as pessoas sobrevivessem era preciso ir atrás de alimentos, caçavam e pescavam. Assim as pessoas com dificuldade de locomoção, como os 13 idosos, doentes e pessoas com deficiências colocavam em risco todo o grupo e então era necessário abandonar essas pessoas. Para os Hebreus, "toda a doença crônica quanto à deficiência fisica ou mental, e mesmo qualquer deformação por menor que fosse, indicava um certo grau de impureza ou de pecado". (Silva, 1987, 74). E ainda diziam que qualquer ato errado que acarretasse em desarmonia, o castigo era a amputação de membros. Vê-se que antigamente era comum a amputação dos membros como forma de punir e estigmatizar, a prática objetivava informar a todos que as pessoa.;; portadoras de seqüelas decorrentes das amputações eram escravos, criminosos ou traidores. No Brasil, na população branca, a deficiência surgia na época devido à carência alimentar, era a causa principal para as anomalias, como: cegueira noturna, raquitismo, beribéri e outras. Entre os negros escravos, havia um elevado número de deficientes devido aos castigos fisicos, maus tratos e acidentes de trabalho nos engenhos ou lavouras de cana. De acordo com Silva (1987), no que se refere à história dos deficientes físicos no Brasil, nos períodos colonial e imperial, os historiadores Soutley, Santos Filho descrevem que era raríssimo encontrar aleijados, cegos, surdo-mudos e coxos entre os indígenas nos primórdios da colonização. As poucas anomalias apresentadas, eram resultado de guerras ou acidentes na selva. Nos casos de deficiência congênita, as crianças eram sacrificadas pelos pais após o nascimento. Na Idade Média, marcada pelo Cristianismo, a deficiência era ligada a questões religiosas, quem possuía algumadeficiência era vista como demoníaca e/ou satânica. As pessoas ao invés de buscarem conhecimentos mais científicos aprofundados sobre as doenças e suas causas, viam na fé, na religião a explicação. Então acreditavam que um corpo "defonnado" só podia abrigar uma mente também defonnada. As crianças que nasciam deformadas eram jogadas nos esgotos da Roma Amig: ... Na Idade Média, deficientes encontravam abrigo nas igrejas, o melhor exemplo é o Quasímodo- do livro "O Corcunda de Notre Dame", de Victos Hugo, que vivia isolado na torre da catedral de Paris. Na mesma época, os deficientes mentais eram seres diabólicos que mereciam castigos para serem purificados (Ávila, 2005, p. 29). A partir dos séculos XVII e XVIII com o crescimento do mlllldo e o desenvolvimento do homem, mais pesquisas e estudiosos começaram a desmistificar o conceito 14 de deficiência e a prevenir grande parte de doenças que causavam deficiência, passando então a terem um melhor controle dessas pessoas e encaminhavam à uma grande diversidade de atitudes, como a institucionalização em conventos e hospícios até o ensino especial. No século XIX o capitalismo se fortalece ainda mais, tomando necessário à estruturação de sistemas e ensino para todos, com o objetivo de formar cidadãos produtivos. A atitude pública se vê responsável em atender as necessidades dos deficientes. No século XX, implante-se o capitalismo moderno, financeiro, monopolizado. Este sistema se caracteriza pela existência dos grandes capitalistas, detentores do poder, que definem a força de trabalho da qual necessitam para alcançar os objetivos de aumento de capital. Em sendo assim, criam-se condições para garantir o volume necessário de trabalhadores. A população excedente permanece marginalizada, sem contar com as oportunidades reais de mudança. Multiplicam- se as leituras de deficiência, representadas por diferentes modelos; permanece, em certa proporção o modelo metafísico, coexistindo com o modelo médico, o modelo educacional, o modelo da determinação social e acrescentando-se neste final do século, o modelo sócio-construtivista ou sócio-histórico. A origem do fenômeno, portanto, permanece sendo de natureza sócio político e econômica, embora sua leitura seja feita em diferentes dimensões, aparentemente desvinculada desta realidade. (Ávila, 2005, p. 27). A integração social do deficiente surge por volta do século XX, especialmente após as duas Guerras Mundiais. A pressão para um programa público de reabilitação veio de diferentes fontes. O aumento dos cidadãos deficientes e doentes mentais fez com que a população exigisse uma solução. A Primeira Guerra Mundial impôs mais pressão à necessidade da reabilitação. Foi necessário o suporte, assistência aos soldados feridos na guerra. Com a Segunda Guerra Mundial, os programas de reabilitação aceleraram-se, pois além de aumentar os serviços de atendimentos para os cidadãos deficientes, foram criadas oportunidades de emprego para os mesmos. Começa-se a valorizar o potencial das pessoas portadoras de deficiência. Este século foi chamado por inúmeros pesquisadores de "século da mudança e do conhecimento", pois foi onde mais se estudou, mais se transformou, mais se pesquisou na área das deficiências e onde historicamente temos mais deficientes e doentes devido as Guerras Mundiais. Na década de 60, a guerra do Vietnã foi responsável por um aumento impressionante de deficientes naquele país, que além de comprometimentos 15 físicos, apresentavam problemas graves de adaptação social ao retornar da guerra, em parte por efeitos emocionais de sua participação na guerra, e em parte pela atitude da audiência social, que tinha dificuldade em assumir sua parcela de responsabilidade pela participação do país naquele massacre. O problema do estigma e do isolamento dos deficientes tomou~se tão grave no país, que levou à reação social, através do surgimento de movimentos de defesa dos direitos das minorias e dentre elas, da dos deficientes (Ávila, 2005, p.28). Ainda nos anos 60, no Brasil, a educação especial aparece pela primeira vez na LDB 4024, de 1961, a lei aponta que a educação dos excepcionais deve, no que for possível, enquadrar-se no sistema geral da educação. Nos anos 70 o movimento de integração social vê o início para a vida independente, ou seja, não- dependente da autoridade institucional e familiar. Em 1973, a Associação Americana Nacional para Cidadãos Retardados referiu- se à normalização como ''processo de ajuda ao deficiente, no sentido de garantir a ele a condições de existência o mais próximas do nonnal (estatístico) possível, tornando-lhe disponível os padrões e as condições da vida cotidiana o mais próximos das normas e dos padrões da sociedade ... O modo de vida normativo (ou típico) é em residência individual privada. O arranjo educacional normativo é chamado educação convencional, em sala de aula regular. E o modo típico de trabalho é o emprego competitivo, para auto manutenção. Em marcante contraste com estes arranjos normativos - no extremo anormal do continuo de serviços - encontram-se congregados as instituições totais, a educação domiciliar e o não trabalho" (Braddock apud Ávila, p. 28). A partir de 1979 o movimento das pessoas com deficiência repercutiu a nível nacional. Foi realizado o I congresso Brasileiro de Pessoas Deficientes. Nos anos 80 declarações e tratados mundiais passam a defender a inclusão das pessoas deficientes, principalmente na área educacional. O ano de 1981 foi proclamado pelas Nações Unidas como "Ano Internacional das Pessoas Deficientes". Em 1982, muitas cidades brasileiras sensibilizaram-se e conscientizaram-se da necessidade de se reconhecer os direitos das pessoas com deficiência. Destaca-se a criação por unaminidade do "Dia Nacional de Luta das Pessoas Deficientes". Este movimento foi liderado pelo Sr. Candido Pinto, pernambucano radicado em São Paulo, militante do Movimento pelos Direitos das Pessoas Deficientes (MDPD). Em 1988, no Brasil, a nova Constituição garante atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino. 16 Nos anos 90, a Conferência Mundial sobre Educação para Todos, realizada em março na cidade de Jomtien, na Tailândia, prevê que as necessidades educacionais básicas sejam oferecidas para todos (mulheres, camponeses, refugiados, negros, índios, presos e deficientes) pela universalização do acesso, promoção da igualdade, ampliação dos meios e conteúdos da educação Básica e melhoria do ambiente de estudo (Ávila, 2005, p. 32). Em 1996 é decretada Lei de diretrizes e Bases, dando o direito à educação das pessoas portadoras de necessidades especiais. Ainda nos anos 90, o Brasil aprova o Estatuto da Criança e do Adolescente, que reitera os direitos garantidos na constituição: atendimento educacional especializado para portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino. Bueno apud Cantareli (1998, p. 35) critica a forma com que a educação especial se desenvolveu no Brasil. Segundo ele, " ... a educação especial que nasce sob a bandeira de ampliação de oportunidades educacionais aos que fogem da normalidade, à medida em que não desvela os detenninantes sócio econômico culturais que subjazem às dificuldades de integração do aluno diferente, na escola e na sociedade, serve de instrumento para a legitimação de sua segregação. A situação atual no mundo e especificamente no Brasil em relação às pessoas portadoras de deficiência vem evoluindo e assim melhorando a qualidade de vida dessas pessoas. São Leis decretadas aos direitos das pessoas com deficiências, a população está mais conscientizada e a inclusão e integração dessas pessoas cresce a cada dia. A integração social do deficiente tem sido um tema utilizado com freqüência cada vez mais na literatura especializada brasileira, tanto na área da educação Especial, como na da ReabilitaçãoProfissional. Tem também figurado como um dos principais objetivos na maioria dos Estatutos e Regulamentos das Instituições e Entidades que prestam serviços ao deficiente, bem como se encontra prevista e amparada legalmente, através de sua explicitação como direito, nas Leis Brasileiras nas suas mais variadas formas. Entretanto, a grande maioria dos brasileiros portadores de deficiência permanece, ainda, segregada em Instituições e Escolas Especiais, sem participação ativa na vida da sociedade e incapacitada par ao efetivo exercício de sua cidadania. (Ávila, 2005, p. 25). 17 1.2. Conceito e Classificação da Deficiência Como já vimos anteriormente, a deficiência acompanha os homens desde antigamente. Diferentes aspectos foram priori:zados e importantes de acordo com o momento histórico~ sócio- cultural do momento. Assim, o conceito de deficiência começa a ser discutido devido às modificações de acordo com os valores sociais, éticos, filosóficos e religiosos que a ciência vem desenvolvendo e assumindo. Estes oriundos de novos paradigmas, estando bastante relacionado com o tipo de cultura em que o indivíduo vive. Com o intuito de tentar precisar melhor os "termos", «conceito" e "imagem'', alguns órgãos da Organização das Nações Unidas (ONU) se manifestaram em favor de lançar mundialmente o termo "pessoas deficientes". Surgiu a Declaração dos Direitos das Pessoas Deficientes, aprovada pela Assembléia Geral da ONU, em 9 de dezembro de 1975, proclama em seu artigo 1: "O termo 'pessoas deficientes' refere-se a qualquer pessoa incapaz de assegurar por si mesma, total ou parcialmente, as necessidades de uma vida individual ou social normal, em decorrência de uma deficiência congênita ou não, em suas capacidades fisicas ou mentais" (Ribas, 1993, p. 1 0). Por outro lado, a Organização Mundial de Saúde (OMS) publicou em 1980 uma classificação internacional dos conceitos de Deficiência, Incapacidade e Desvantagem (CIDID), a qual visa complementar a abordagem médica, focando-se nas conseqüências objetivas e sociais da exteriorização da doença, sendo discutido se o uso de instrumentos classificatórios como esse ainda são convenientes, tentando dessa forma clarear os conceitos e imagens relacionadas às pessoas portadoras de deficiência. Deficiência (Impairments): é toda perda ou anormalidade de uma estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica em um órgão ou estrutura do corpo humano e que restringi a execução de uma atividade. Incapacidade (Disabilitics): é toda restrição ou ausência da capacidade de realizar uma atividade de forma ou dentro dos parâmetros considerados normats para um ser humano. 18 A incapacidade existe em função da relação entre as pessoas deficientes e o seu ambiente. Ocorre quando essas pessoas se deparam com barreiras culturais, fisicas ou sociais que impedem os seus acessos aos diversos sistemas da sociedade que se encontram à disposição dos demais cidadãos. Portanto, a incapacidade é a perda, ou a limitação, das oportunidades de participar da vida em igualdade de condições com os demais. (Silva, 2004, p. 41) Desvantagem (Handicap), Impedimento ou Invalidez: uma situação desvantajosa para um detenninado indivíduo em conseqüência de uma deficiência ou incapacidade que o limita ou impede de desempenhar uma função normal no seu caso (levando-se em consideração a idade, sexo e fatores sociais e culturais). De acordo com Cohen apud Silva (2004, p. 42) A deficiência está ligada a possíveis seqüelas que restringiriam a execução de uma atividade, tais como deficiência mental, deficiência visual, deficiência auditiva, deficiência física, deficiência psicológica, deficiência de linguagem etc. A incapacidade diz respeito a uma alteração em um órgão ou estrutura do corpo humano. Dentre os exemplos, pode-se citar: a falta de um braço ou de uma perna; um padrão intelectual reduzido; uma perda de audição ou visão; uma perda de capacidade motora etc. Já a invalidez diz respeito aos obstáculos encontrados pelas "pessoas portadoras de deficiência" em sua integração com a sociedade e exemplifica dizendo que as pessoas que portam alguma deficiência não conseguem freqüentar uma escola por não terem acesso à educação, "portadores de deficiência" não podem freqüentar determinados locais por não serem aceitos pela sociedade, pessoas que se locomovem em cadeira de rodas não conseguem usufruir as ruas de uma cidade por causa de obstáculos físicos encontrados para a sua livre circulação etc. Segundo Ratzka apud Silva (2004, p.42) O handcap acontece quando as Pessoas Portadoras de Deficiência encontram barreiras culturais, físicas ou sociais que dificultam o seu acesso aos vários sistemas da sociedade que está disponível a outros cidadãos ditos comuns. Para ele o handicap não é um problema médico ou técnico e sim, um problema político porque as pessoas inválidas enfrentam barreiras sistêmicas que limitam as oportunidades delas para sua igualdade e participação plena na sociedade. Esta conceituação editada pela OMS trouxe muitas controvérsias entre os profissionais especializados, pois consideravam mais as incapacidades das Pessoas Portadoras de Deficiência do que suas capacidades. Com isso em 1996 aconteceu um "Fórum" para discutir o 19 CIDID. Em 2002, a revista Nacional de Reabilitação informou a aprovação vinda da Europa de um modelo de implantação da "'Classificação Internacional de Funcionalidade" (CIF). Este modelo serviria como um guia de orientação para o uso do CIF nos sistemas de saúde de todo o mundo. De acordo com a revista, as pessoas que estavam em processo de reabilitação eram definidas através do CID (Código Internacional de Doenças), este mostrava apenas um lado da questão, o da doença ou da situação que causou a seqüela e não da capacidade que o indivíduo tem em se relacionar com a sociedade. O CIF irá organizar e padronizar as informações sobre a funcionalidade das pessoas com deficiênci~ segundo a sua capacidade efetiva e ainda representará avanços, fornecendo diretrizes mais precisas para as futuras políticas públicas dos países que a adaptarem. Isto permitiu ações mais específicas e detalhadas no atendimento das necessidades da população carente e de sistemas de apoio, tais corno, vagas acessíveis nos transportes públicos, acessos adaptados em escolas, centros de atendimento e muito mais. Este documento (CIF) representa a verificação do potencial de realização do ser humano está dividido em cinco grandes categorias, fornecendo dados sobre: * a funcionalidade; * estrutura morfológica; * participação na sociedade; * atividades da vida diária; e * ambiente social de cada indivíduo. Estes dados têm o objetivo de retirar do portador de alguma necessidade ou característica especial, a classificação de incapaz e fazer com que estas pessoas sejam compreendidas e reconhecidas pela sociedade, não pela "deficiência", mas sim, pelo que são verdadeiramente capazes de realizar ''(Silva, 2004, p. 43 - 44)". Segundo Araújo (2007), a CIF é neutra em relação à etiologia, de modo que os pesquisadores podem desenvolver inferências causais utilizando métodos e técnicas adequados. Segundo o modelo da CIF, a incapacidade é resultante da interação entre a disfunção, a limitação das atividades, à limitação da participação social e dos fatores ambientais. Duas pessoas com a mesma doença podem ter níveis funcionais diferentes, assim como duas pessoas com o mesmo nível funcional não têm, necessariamente, a mesma doença. O Objetivo da CIF é proporcionar uma linguagem unificada para descrever os estados relacionados à saúde. 20 Ainda Araújo (2007, p.02) diz que a utilização da CIF em hospitais e em outros serviços de saúde, é capaz de possibilitar um melhor entendimento do quadro funcional dos pacientes, além de ajudar a diminuir custos por fornecer um esquema de codificação para os sistemas de informação em saúde. A utilização de umsistema codificado melhora a organização das informações, tornando possível o estabelecimento de uma linguagem comum para a descrição dos estados relacionados à saúde e elaboradores das políticas administrativas. Com este instrumento, os profissionais das áreas de saúde poderão registrar a incapacidade e a desvantagem que as pessoas tem na sociedade, o impacto da deficiência em seu meio ambiente, sua limitação de movimento, preconceitos que vivência em função de sua deficiência, mostrar a estrutura do corpo que está acometida pela deficiência, registrar o grau de atividade, participação social, os fenômenos ambientais envolvidos e a necessidade de intervenção e tecnologia assistida. Em Brasília na Câmara Técnica deste ano após discussões sobre as definições de deficiência e de pessoa com deficiência adotada por diversos países, foi proposto a seguinte definição de pessoa com deficiência: Pessoa com Deficiência é aquela cuja limitação fisica, mental ou sensorial, associada as variáveis ambientais, sociais, econômicas e culturais tem sua autonomia, inclusão e participação plena e efetiva na sociedade impedidas ou restringidas. 1.3. Pessoas com Deficiência Apesar de alguns esforços para buscar uma terminologia mais adequada para definir as pessoas com deficiência, ainda persiste a confusão dos termos. Na nossa sociedade, mesmo que a ONU e a OMS tenham tentado eliminar a incoerência dos "conceitos", a palavra "deficiente" tem um significado muito forte. De certo modo ela se opõe à palavra "eficiente". Ser "deficiente", antes de tudo, é não ser "capaz", não ser "eficaz". Pode até ser que, conhecendo melhor a pessoa, venhamos a perceber que ela não é tão "deficiente" assim. Mas, até lá, até segunda ordem, o "deficiente" é o "não-eficiente". (Ribas~ 1993, p. 12) A expressão "Portadores de Necessidades Especiais" ampliou o grupo de tal forma que fica dificil definir quem é de fato pessoa com ou sem deficiência. Temos que ter cuidado com essa expressão para não transformarmos causas de outras naturezas em deficiência. 21 Assim ressaltamos que toda pessoa deficiente poderá manifestar urna necessidade especial mas nem toda pessoa portadora de necessidade especial possui uma deficiência. Temos como exemplo, os diabéticos, os hipertensos, as gestantes, os idosos, os obesos e etc. Segundo Almeida e Machado (2005) ainda hoje é comum ouvir expressões como: "o fulano é deficiente". No entanto, ressalta-se que o fulano é uma pessoa como todas as demais, que poderá ou não possuir urna determinada deficiência. Pessoa é pessoa, sendo gorda, magra, alta, baixa, negra, branca ou mesmo com deficiência. Portanto, a pessoa deficiente não deixa de ser pessoa em razão de sua deficiência Sendo assim, a expressão ''o fulano é deficiente" não cabe, pois nesse caso o correto seria dizer que o fulano é uma pessoa com deficiência e caracterizar qual a deficiência que ele possui. Em qualquer sociedade existem valores sócio-culturais e estes refletem imediatamente no pensamento, nas imagens dos homens norteando sua ações e também nas palavras com que os homens se exprimem. Assim a palavra "deficiente" em todas as sociedades adquire um valor cultural segundo regras, padrões e normas estabelecidos nas relações sociais. O uso do termo "portador" também vem sendo questionado. Embora ele ainda se encontre na legislação e em boa parte da literatura sobre o assunto, hoje há um consenso de que ele é impróprio. A deficiência não é algo que se carrega, não é um objeto que se porta durante um certo tempo e depois se desfaz. A deficiência é parte constituinte da pessoa. Não tem como a pessoa se desfazer dela por sua simples vontade. Portanto, a pessoa não porta deficiência, ela a possui como integrante de sua identidade, de seu ser. (Almeida e Machado, 2005, p. 31) Entende-se que os termos mrus adequados para caracterizar as pessoas com deficiência são as seguintes: * Deficiência Visual: pessoa com deficiência visual ou cega; * Deficiência Auditiva: pessoa com deficiência auditiva ou surda; * Deficiência Mental: pessoa com deficiência mental; * Deficiência Física: pessoa com deficiência física; e * Quando houver duas ou mais deficiências associadas~ utiliza-se expressão pessoa com deficiência múltipla. Apesar de todos os tipos de deficiência fazerem parte do grupo das pessoas com deficiências, existem características e necessidades bastante distintas entre elas. Como por 22 exemplo à pessoa com deficiência mental possui características e necessidades diferentes de uma pessoa com deficiência física e assim vale para outras deficiências e outras pessoas. Por isso, não é aconselhável comparamos as pessoas com deficiência de wn mesmo tipo e nem de tipos diferentes. Cada pessoa é aquilo que a sua vida lhe possibilitou ser. Portanto, independentemente de uma pessoa possuir ou não deficiência, ela é igual às demais naquilo em que é igual e é diferente das demais naquilo em que é diferente. Uma das maiores preocupações dos profissionais da área da saúde e das próprias pessoas com deficiência é de evitar os rótulos ou carimbos. A partir do momento em que uma determinada pessoa for rotulada com a marca da deficiência, nunca mais será a mesma. Passará a viver em todos os espaços sociais sob o estigma do inválido e do inútil. Numa sociedade que já tem estabelecido um padrão de perfeição, de beleza, de inteligência, de cor, alicerçados sobre valores econômicos, políticos, sociais, culturais, éticos e morais bem-definidos, essa ressalva torna-se por demais importante, pois se entende que o melhor seria evitar a colocação do carimbo "deficiência" do que depois retirar as suas marcas. Vale a pena lembrar, a título de esclarecimento, que o problema da pessoa com deficiência não é a deficiência em si, mas o tratamento que a mesma recebe por parte da sociedade, diante de sua deficiência. (Almeida e Machado, 2005, p. 32 - 33) 1.4. Caracterização das Deficiências 1.4.1. Deficiência Física Entende-se por Deficiência Física qualquer comprometimento no aparelho locomotor que compreende o sistema ósteo-articular, o sistema muscular e o sistema nervoso. E que de alk,JUma forma altera seu funcionamento normal, comprometendo assim a movimentação e a deambulação do indivíduo. A variabilidade é grande das patologias e agravos que alteram a motricidade. Além das alterações anatômicas devemos considerar também as alterações fisiológicas do aparelho locomotor. 23 1.4.1.1. Tipos de Deficiência Física ' Lesão cerebral (paralisia cerebral, ' Patologias degenerativas do sistema hemiplegias) nervoso central (esclerose múltipla, esclerose lateral amiotrófica) *Lesão medular (tetraplegias, paraplegias) * Lesões nervosas periféricas * Miopatias (distrofias musculares) * Amputações * Seqüelas de politraumatismos * Malformações congênitas * Distúrbios posturais da coluna * Artropatias * Reumatismos inflamatórios da coluna e *Lesões por esforços repetitivos (L.E.R.) das articulações * Seqüelas de queimaduras 1.4.1.2. Dados Estatísticos A OMS estima que, em termos de paz, 1 0% da população de países desenvolvidos são constituídos de pessoas com algum tipo de deficiência. Para os países em vias de desenvolvimento estima-se de 12 a 15%. Destes, 20% seriam portadores de deficiência física. Considerando-se o total dos portadores de qualquer deficiência, apenas 2% deles recebem atendimento especializado, público ou privado. (Ministério da Saúde - coordenação de Atenção a Grupos Especiais, 1995 apud entre amigos, 2007) 1.4.1.3. Causas * Paralisia Cerebral: por prematuridade; anóxia perinatal; desnutrição; rubéola; toxoplasmose; trauma de parto; subnutrição; entre outras. 24 * Hemiplegias: por acidente vascular cerebral; aneunsma cerebral; tumor cerebral e outras. * Lesão Medular: por ferimento por arma de fogo; ferimento por anna branca; acidentes de trânsito; mergulho em águas rasas, traumatismos diretos;quedas; processos infecciosos; processos degenerativos e outros. * Amputações: causas vasculares; traumas; malformações congênitas; causas metabólicas e outras. * Mal formações congênitas: por exposição à radiação; uso de drogas; causas desconhecidas. * Artropatias: por processos inflamatórios; processos degenerativos; alterações biomecânicas; hemofilia; distúrbios metabólicos e outros. 1.4.1.4. Fatores de Risco * Violência Urbana * Acidentes Desportivos *Tabagismo * Maus hábitos alimentares * Uso de drogas * Sedentarismo * Epidemias I Endemias * Agentes Tóxicos * Falta de saneamento Básico 1.4.1.5. Identificando a Deficiência * Observar se o bebê está com atraso no desenvolvimento psicomotor, como não firmar a cabeça, não sentar, não falar, no tempo esperado. * Ficar atento se há alteração ou perda dos movimentos, da força ou da sensibilidade dos membros superiores ou inferiores. * Identificar erros inatos do metabolismo. * Identificar doenças infecto-contagiosas e crônico-degenarativas. 25 * Controle da gestação de alto-risco. Identificando precocemente pela família e por exame clínico especializado favorecerá a prevenção primária, secundária e o agravamento da deficiência. 1.4.1.6. Exames para ter um Diagnóstico Correto * Barositometria (Lesados Medulares) * Avaliações Complementares Especializadas e por eqmpe multiprofissional * Potencial Evocado * Urodinâmica * Avaliação Isocinética e *Teste de Propriocepção- Reactor Eletroneuromiografia * Ergoespirometria * Baropodometria * Avaliação Clínica fisiátrica * Laboratório de analise tridimensional do movimento 1.4.2. Deficiência Visual O termo deficiência visual refere-se a uma situação irreversível de diminuição da resposta visual, em virtude de causas congênitas ou hereditárias, mesmo após tratamento clínico e/ou cirúrgico e uso de óculos convencionais. Esta resposta pode ser leve, moderada, severa, profunda (grupo de visão subnormal ou baixa visão) e ausência total da resposta visual (cegueira). O individuo com baixa visão ou vtsao subnormal é aquele que apresenta diminuição das respostas visuais, mesmo após tratamento ou correção óptica. Possui uma acuidade visual menor que 6/18 à percepção de luz ou campo visual menor que 10 graus do seu ponto de fixação, mas que usa ou é potencialmente 26 capaz de usar a visão para o planejamento e/ou execução de uma tarefa. (Amigos, 2007) 1.4.2.1. Tipos e Classificação de Deficiência Visual De acordo com a intensidade da deficiência temos: * Deficiência Visual Leve * Deficiência Visual Moderada * Deficiência Visual Profunda * Deficiência Visual Severa * Perda To tal da Visão De acordo com comprometimento de campo visual temos: * Comprometimento Central * Comprometimento Periférico * Sem Alteração De acordo com a idade de início, temos: * Deficiência Congênita * Deficiência Adquirida *Deficiência Múltipla (associada a outro tipo de deficiência, como surdez) 1.4.2.2. Dados Estatísticos Segundo a OMS-Organização Mundial de saúde, cerca de 1% da população mundial apresenta algum grau de deficiência visual. Mais de 90% encontram-se nos países em desenvolvimento. Nos países desenvolvidos, a população com deficiência visual é composta por cerca de 5% de crianças, enquanto os idosos são 75% desse contingente. Dados oficiais de cada país não estão disponíveis. (Amigos, 2007) 1.4.2.3. Causas As principais causas nos países em desenvolvimento são: * Infecciosas; * Nutricionais; *Traumáticas; * Causadas por doenças como as cataratas. Nos países desenvolvidos, as causas mais importantes são: * Genéticas· , * Degenerativas. De maneira geral as causas pode ser divididas também em: 27 * Congênitas: amaurose congênita de Leber, malformações oculares, glaucoma congênito, catarata congênita. * Adquiridas: traumas oculares, catarata, degeneração senil de mácula, glaucoma, alterações retinianas relacionadas à hipertensão arterial ou diabetes. 1.4.2.4. Fatores de Risco * Histórico familiar por doenças de caráter hereditário, como o glaucoma. * Histórico pessoal de diabetes, hipertensão arterial e outras doenças sistêmicas que podem levar a comprometimento visual, como a esc1erose múltipla. * Senilidade, por exemplo: catarata, degeneração senil de mácula. * Ausência de cuidados pré-natais e prematuridade. * No trabalho, a não utilização de óculos de proteção em determinadas tarefas, como durante o uso de solda elétrica. 28 * Falta de imunização contra rubéola nas mulheres em idade reprodutiva, o que pode levar a maiores chances de rubéola congênita e conseqüente acometimento visual. 3.4.2.5. Identificando a Deficiência Na criança: * Desvio de um dos olhos; * Não seguimento visual de objetos; * Não reconhecimento visual de familiares; * Baixo aproveitamento escolar; * Atraso de desenvolvimento. No adulto: * Barramento súbito ou paulatino da visão. Em ambas fases: Vermelhidão, mancha branca nos olhos, dor, lacrimejamento, flashes, retração do campo de visão que pode provocar esbarrões e tropeços em móveis. Em todos os casos, deve ser realizada avaliação oftalmológica para diagnóstico do processo e possíveis tratamentos, em caráter de urgência. 1.4.2.6. Diagnóstico O diagnóstico é obtido através do exame realizado pelo oftalmologista que também pode recorrer a exames subsidiários. Quando a deficiência já é caracterizada, o 29 oftalmologista especializado em baixa visão fará uma avaliação para indicar o melhor e mais adequado auxílio óptico especial e a orientação a sua adaptação. 1.4.3. Deficiência Auditiva Deficiência Auditiva é considerada genericamente como a diferença existente entre a performance do indivíduo e a habilidade normal para a detecção sonora de acordo com os padrões estabelecidos pela American National Standards Institute (ANSI- 1989). Em geral, considera-se que a audição nonnal corresponde à habilidade para a detecção de sons até 20 dB (decibéis). Os níveis limiares utilizados para caracterizar os graus de severidade da deficiência auditiva podem ter algumas variações entre os diferentes autores. Segundo o critério do Decreto 3.298, de 20 de dezembro de 1999, eles variam de graus e níveis da seguinte forma: Acentuada); e * de O a 24 dB de audição: Audição Normal; *de 25 a 40 dB de audição: Deficiência Auditiva Leve (Surdez Leve); *de 41 a 55 dB de audição: Deficiência Auditiva Moderada (Surdez Moderada); * de 56 a 70 dB de audição: Deficiência Auditiva Acentuada (Surdez * de 71 a 90 dB de audição: Deficiência Auditiva Severa (Surdez Severa); *acima de 91 dB de audição: Deficiência Auditiva Profunda (Surdez Profunda); * Anacusia (surdez total). Indivíduos com níveis de perda auditiva leve, moderada e severa são mats freqüentemente chamados de deficientes auditivos, enquanto os indivíduos com níveis de perda auditiva profunda são chamados de surdos. 30 1.4.3.1. Tipos de Deficiência Auditiva * Deficiência Auditiva Condutiva: qualquer interferência na transmissão do som desde o conduto auditivo externo até a orelha interna ( cóclea). A grande maioria das deficiências auditivas condutivas pode ser corrigida através de tratamento clínico ou cirúrgico. * Deficiência Auditiva Sensório-Neural: Ocorre quando há uma impossibilidade de recepção do som por lesão das células ciliadas da cóclea ou do nervo auditivo. Este tipo de deficiência auditiva é irreversíveL * Deficiência Auditiva Mista: Ocorre quando há urna alteração na condução do som até o órgão terminal sensorial associada à lesão do órgão sensorial ou do nervo auditivo. * Deficiência Auditiva Central, Disfunção Auditiva Central ou Surdez Central: Este tipo de deficiência auditiva não é, necessariamente, acompanhado de diminuição da sensitividade auditiva, mas manifesta-se por diferentes graus de dificuldade na compreensão das informações sonoras. Decorre de alterações nos mecanismos de processamento da informaçãosonora no tronco cerebral (Sistema Nervoso Central). 1.4.3.2. Dados Estatísticos 1.4.3.3. Causas Estima-se que 42 milhões de pessoas acima de 3 anos de idade são portadoras de algum tipo de deficiência auditiva, de moderada a profunda (OMS). Há expectativa que o número de perdas auditivas na população mundial chegue a 57 milhões no ano de 2000. (Amigos, 2007) Deficiência Auditiva Condutiva: * Cerume ou corpos estranhos do conduto auditivo externo; * Otite Externa: infecção bacteriana da pele; * Otite Média: processo infeccioso e/ou inflamatório da orelha média; * Perfurações da membrana tirnpânica; * Malformações congênitas; * Fissuras palatinas. Deficiência Auditiva Sensório-Neural: 31 * Causa pré-natais (origem hereditárias, como surdez monogênica ou associada a aberrações cromossômicas); * Causas perinatais (prematuridade e/ou baixo peso ao nascimento; trauma de parto (fator traumático ou anóxico ); doença hemolítica do recém-nascido); * Causas pós-natais (infecções, como meningite, encefalite, sarampo; drogas ototóxicas; perda auditiva induzida por ruído (PAIR); traumas fisicos que afetam o osso temporal). 1.4.3.4. Fatores de Risco * Antecedentes familiares com deficiência auditiva, levantando-se se há consangüidade entre os pais e/ou hereditariedade; * Infecções congênitas; * Peso no nascimento inferior a 1500g e/ou crianças pequenas para a idade gestacional (PIG); * Asfixia severa no nascimento, com Apgar entre 0-4 no primeiro minuto e 0-6 no quinto minuto; * Meningite, principalmente bacteriana; * Permanência em incubadora por mais de sete dias; * Alcoolismo ou uso de drogas pelos pais, antes e durante a gestação; e * entre outros. 32 1.4.3.5. Identificando a Deficiência * O diagnóstico é feito a partir da avaliação médica e audiológica. * Em geral a primeira suspeita é feita pela famíli~ observam a ausência de reações a sons, comportamentos diferentes do usual e a criança um pouco mais velh~ o não desenvolvimento da linguagem. * O diagnóstico também poderá ser feito através de programas de prevenção das deficiências auditivas na infância (registro de fatores de risco e triagens auditivas). * O profissional de saúde, geralmente o pediatra examinará a cnança e encaminhará ao otorrinolaringologista, assim iniciará o diagnóstico precisamente. * Nos adultos, em geral a queixa de alteração auditiva é do próprio indivíduo e quando se tratar de trabalhadores expostos a situações de risco para a audição, o encaminhamento poderá advir de programas de conservação de audição. 1.4.4. Deficiência Mental A deficiência mental é um termo usado à caracterização dos problemas que ocorrem no cérebro e por conseqüência leva a um baixo rendimento cognitivo, porém não afetam outras regiões ou áreas cerebrais. A deficiência mental é manifestada antes dos 18 anos. A criança com deficiência mental tem suas funções intelectuais abaixo dos padrões considerados normais e assim podem sofrer dificuldades no comportamento adaptativo. Segundo a AAMR (Associação Americana de Deficiência Mental) e DSM-IV (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), por deficiência mental entende-se o estado de redução notável do funcionamento intelectual significativamente inferior à média, associado a limitações pelo menos em dois aspectos do funcionamento adaptativo: comunicação, cuidados pessoais, competência domésticas, habilidades sociais, utilização dos recursos comunitários, autonomia, saúde e segurança, aptidões escolares, lazer e trabalho. (Amigos, 2007) 33 A deficiência mental é caracterizada por um quociente de inteligência (QI) inferior a 70, esse valor é a média apresentada pela população, conforme testes padronizados psicométricos ou por uma defasagem cognitiva em relação às respostas esperadas para a idade e realidade sociocultural, segundo provas, roteiros e escalas, baseados nas teorias psicogenéticas. 1.4.4.1. Tipos de Deficiência Mental Os indivíduos portadores de deficiência mental não são afetados da mesma fonna, pOis cada depende do grau de comprometimento para classificar-se. Assim temos a classificação de acordo com a CID 10 (Classificação futernacional das Doenças) que é baseada no nível do quociente e segue os seguintes critérios: F 70- Deficiência Mental Leve (QI 50 à 69) F 71- Deficiência Mental Moderada (QI 49 à 36) F 72- Deficiência Mental Severa (QJ 35 à 20) F 73 -Deficiência Mental ProfWlda (QI abaixo de 20) Porém está classificação estabelece apenas se a pessoa é portadora de deficiência mental ou não e sua categorização (leve, médio, severo e profundo), assim a nova classificação (AAMR e DSM-IV) proporciona uma avaliação detalhada do individuo e dos apoios de que ele necessita, possui implicações importantes para o sistema de prestação de serviços para essas pessoas e analisa todas as áreas necessárias para providenciar uma intervenção completa, uma vez reconhecida à interdependência do individuo com deficiência mental. Os apoios apresentam diferentes intensidades, como: * Intermitente: apoio ••quando necessário". Caracteriza-se por sua natureza episódica. Assim, a pessoa não precisa sempre de apoio ou requer apoio de curta duração durante momentos de transição em determinados ciclos da vida (por exemplo, perda de emprego ou fase aguda de uma doença). Os apoios intermitentes podem ser de alta ou de baixa intensidade. * Limitado: apoios intensivos caracterizados por sua duração, por tempo limitado, mas não intermitente. Pode requerer um menor número de profissionais e menor custo 34 que outros níveis de apoio mais intensivos (por exemplo, treinamento para o trabalho por tempo limitado ou apoios transitórios durante o período entre a escola e a vida adulta). * Extenso: apoios caracterizados por sua regularidade (por exemplo, diária) em pelo menos em algumas áreas (tais como na vida familiar ou na profissional) e sem limitação temporal (por exemplo, apoio a longo prazo e apoio familiar a longo prazo). * Generalizado: apoios caracterizados por sua constância e elevada intensidade, proporcionados em diferentes áreas, para proporcionar a vida. Estes apoios generalizados exigem mais pessoal e maior intromissão que os apoios extensivos ou os de tempo limitado. 1.4.4.2. Dados Estatísticos Segundo a OMS, 10% da população em países em desenvolvimento, são portadores de algum tipo de deficiência, sendo que metade destes são portadores de deficiência mental. 1.4.4.3. Causas e Fatores de Risco * Pré-Natais: são aqueles que vão incidir desde a concepção até o início do trabalho de parto, como: desnutrição materna; má assistência à gestante; doenças infecciosas (sífilis, rubéola, toxoplasmose ); tóxicos (alcoolismo, consumo de drogas, efeitos colaterais de medicamentos, poluição ambiental, tabagismo); genéticos (alterações cromossômicas, como síndrome de Down; alterações gênicas, como, sindrome de Williams, etc.). 35 * Peri-Natais: os que vão incidir do início do trabalho de parto até o 30° dia de vida do bebê, e podem ser divididos em: podem ser: inseticidas; -má assistência ao parto e traumas de parto; - hipóxia ou anóxia (oxigenação cerebral insuficiente); - prematuridade e baixo peso (PIG- Pequeno para idade Gestacional); -icterícia grave do recém nascido- kernicterus (incompatibilidade RH/ABO). * Pós-Natais: os que vão incidir do 30° dia de vida até o final da adolescência e desnutrição, desidratação grave, carência de estimulação global; infecções: meningoencefalites, sarampo, etc; intoxicações exógenas (envenenamento): remédios, produtos químicos, acidentes: trânsito, afogamento, choque elétrico, asfixia, quedas, etc; infestações: neurocisticircose. 1.4.4.4. Identificando a Deficiência * Atraso no desenvolvimento neuro-psicomotor (a criança demora para firmar a cabeça, sentar, andar, falar); * dificuldade no aprendizado (dificuldade de compreensão de normas e ordens,dificuldade no aprendizado escolar); * É preciso que haja vários sinais para que se suspeite de deficiência mental. Um único aspecto não pode ser considerado como indicativo de qualquer deficiência. 36 1.4.4.5. Diagnóstico * O diagnóstico deve ser feito por uma equipe multiprofissional, como médico, psicólogo, assistente social, entre outros. A equipe avaliando o indivíduo terá mais condições de diagnosticar o caso, pois abrangerá a pessoa na sua totalidade. * Posterionnente, em reunião os profissionais concluirão o melhor tratamento e também orientarão a família que após entender as potencialidades do filho e suas necessidades poderá participar e cooperar nos tratamentos propostos. * O diagnóstico de deficiência mental é muitas vezes difícil; fatores emocionais, alterações de certas atividades nervosas superiores (retardo específico de linguagem ou dislexia, psicoses ou baixo nível sócio econômico ou cultural) podem estar na base da impossibilidade do ajustamento social adaptativo adequado, sem que haja necessariamente deficiência mentaL * Para um bom prognóstico todo o investimento em programas de estimulação precoce, pedagogia e ocupacionais (profissionalizantes ou não) visa sempre o pleno desenvolvimento do potencial apresentado pelo indivíduo e a inserção social do mesmo a sua comunidade. Quanto maior for à integração social da pessoa tanto maior serão as suas oportunidades de aceitação e inclusão na sociedade. 1.4.5. Deficiência Mútipla As pessoas portadoras de deficiência múltipla são aquelas afetadas em duas ou mais áreas, associando diferentes deficiências, com possibilidade ampla de combinações. Este tipo de deficiência é urna situação grave, porém felizmente atinge uma população menor, em termos numéricos. Para um melhor entendimento definiremos a classificação desse tipo de deficiência mais detalhadamente, assim temos: * Surdocegueira: é uma deficiência única que apresenta a perda da audição e visão, criando assim necessidades especiais de comunicação, adaptações importantes para a 37 conquista de metas educacionais, recreativas, vocacionais sociais, a fim de compreender o mundo que o cerca * Múltipla Deficiência Sensorial: é a deficiência auditiva ou a deficiência visual associada a outras deficiências (mental e/ou fisica), como também a distúrbios (neurológico, emocional, linguagem e desenvolvimento global) que causam atraso no desenvolvimento educacional, vocacional, social e emocional, dificultando a sua auto-suficiência. 1.4.5.1. Tipo de Deficiência Múltipla * Surdocegueira: cegueira congênita e surdez adquirida; surdez congênita e cegueira adquirida; cegueira e surdez congênita; cegueira e surdez adquirida; baixa visão com surdez congênita ou adquirida. * Múltipla Deficiência Sensorial: surdez com deficiência mental leve ou severa; surdez com distúrbios neurológicos, de conduta e emocionais; surdez com deficiência fisica (leve ou severa); baixa visão com deficiência mental leve ou severa; baixa visão com distúrbios neurológicos, emocionais e de linguagem e conduta; baixa visão com deficiência fisica (leve ou severa); cegueira com deficiência fisica (leve ou severa); cegueira com deficiência mental (leve ou severa); cegueira com distúrbios emocionais, neurológicos, conduta e linguagem. 38 1.4.5.2. Dados Estatísticos É muito dificil precisar números exatos. A razão principal é que a surdocegueira e a múltipla deficiência sensorial, em geral, ocorrem em conjunto com outras deficiências mascarando a deficiência sensorial. Sendo assim, o Grupo Brasil de apoio ao Surdocego e ao Múltiplo Deficiente Sensorial realizará um censo para mensurar o número exato de surdocegos e múltiplos deficientes sensoriais no Brasil. (Amigos, 2007) 1.4.5.3. Causas e Síndromes * Icterícia * Prematuridade * Sífilis congênita * Otite média crônica *Meningite * West * Citomegalovirus * Medicação ototóxica * Bardet-Bedl's * Falta de oxigênio * Hidro e microcefalia * Lenox Gausteaux *Sarampo *Fator rh * Goldenhar * Traumatismos (acidentes) *Caxumba * Hallgren *Glaucoma * Rubéola materna * Flynn-Aird * Medicação teratogênica * Pierre Robin * Cockayne * Retinose pigmentar *Charge * Amaurose de Leber * Tumor cerebral * Keams-Lavre * Usher * Toxoplasmose * Alstrom *Catarata *Casamentos consangüíneos 1.4.5.4. Fatores de Risco * Epidemias de doenças como rubéola, sarampo, meningite; * Infecções hospitalares; * Falta de saneamento básico; * Doenças venéreas; * Gravidez de risco. 1.4.5.5. Identificando a Deficiência * O individuo pode apresentar movimentos estereotipados e repetitivos; *Não antecipa as atividades; 39 * Não demonstra saber as funções dos objetos ou brinquedos, utilizando-os de maneira inadequada; * Pode rir e chorar sem causa aparente; * Pode apresentar resistência ao contato fisico; * Empurra o olho, provocando sensações; * Movimenta os dedos e as mãos em frente aos olhos; * Não se comunica de maneira convencional; * Pode apresentar distúrbio de sono; * Não explora o ambiente de maneira adequada; * Tropeça muito e bate nos móveis, objetos e etc ... ; * Gosta de ficar em locais com luminosidade; * Pode não reagir a sons. 1.4.5.6. Diagnóstico * Exames laboratoriais; * Avaliações genéticas; * Exames médicos (neurológico, visão, audição e fisico ); * Diagnóstico diferenciaL 40 1.4.6. Pessoa com Mobilidade Reduzida ou com Dificuldade de Locomoção (PDL) A Lei n. 10.098, de 19 de dezembro de 2000, defme pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida "a que temporariamente ou permanentemente tem limitado sua capacidade de relacionar-se com o meio e de utilizá-lo". Pessoa com Mobilidade Reduzida ou com Dificuldade de Locomoção é definido como a pessoa que se movimenta com dificuldade, insegurança, que tem a necessidade de se apoiar, locomover-se com ou sem aparelhos ortopédicos ou próteses, reduzindo efetivamente a mobilidade, a flexibilidade, a coordenação motora e a percepção. Assim, além das pessoas com deficiências podemos enquadrar também às pessoas que necessitam de uma atenção especial, como as pessoas da terceira idade, gestantes, pessoas com deficiência temporária adquiridas, obesos, crianças, diabéticos, hipertensos. Cohen e Duarte apud Silva (2004, p. 50) exemplificam falando que pessoas que se locomovem por meio de cadeiras de rodas ou de muletas, idosos, gestantes, obesos, pessoas com deficiências temporárias, crianças, portadoras de pequenas cargas e/ou carrinhos de bebê e outros grupos, podem ser considerados como pessoas com dificuldade de locomoção (PDL). Nos dias de hoje, por exemplo, com uma perspectiva de vida maior depois da aposentadoria, os idosos estão mais dispostos e procuram cada vez mais atividades fora de casa. Diante disso, eles ficam expostos aos riscos encontrados nas ruas dos centros urbanos. São cada vez mais freqüentes os aumentos de mortes provocadas por quedas em lugares públicos ou acidentes nos meios de transporte. Os PDLs representam uma categoria heterogênea de usuários de uma grande cidade, estes vêem o ambiente a partir de outros ângulos de visão. Por exemplo, uma pessoa que se locomove em cadeira de rodas terá um ângulo de visão, percepção do espaço diferente daquela pessoa que se locomove a pé. Portanto qualquer mobiliário urbano que tenha a altura de SOem se tomará um obstáculo visual para o cadeirante e a percepção da cidade será fragmentada e constituída de muitas surpresas. 41 Outro exemplo, são as gestantes e os idosos que tentam olhar para o chão mas não conseguem ver seus pés, isto poderá gerar uma grande insegurança ao deslocar-se, comprometendo a apreensão do espaço. A percepção espacial destas pessoas se desenvolverá a partir de um diferente caminhar que busca identificar locais livres de barreiras para evitar quedas. A maneira de se deslocar e o ângulo de visão imposto pelas dificuldades no caminhar influenciamsobremaneira a experiência e o afeto pelos lugares. De acordo com Silva (2004), a mobilidade não deve apenas ser considerada como uma vantagem e sim como um direito de que todos devem ter para usufruir o seu direito constitucional de ir e vir. A mobilidade permite que pessoas com dificuldades de locomoção participem da vida política, econômica e cultural do país. 42 2 ACESSIBILIDADE Acessibilidade é definida pela norma NBR (Norma Brasileira Registrada) 9050/94, como sendo "a possibilidade e condição de alcance para utilização, com segurança e autonomia, de edificações, espaços, mobiliários e equipamentos urbanos". A palavra acessibilidade é um conceito moderno de abordar o tema deficiência, este conceito é relatado em diversos países da Europa, da América do Norte e mais recente na América Latina. A acessibilidade pode ser vista de várias maneiras, conforme o enfoque e a área de estudos que está sendo conceituada. Por exemplo quando se pensa em transporte urbano, público, a preocupação é do acesso às pessoas no transporte dentro de sua cidade ou entre cidades. Já na área de geografia urbana, a acessibilidade é vista de uma forma mais abrangente, relacionada à questão da inclusão social e não da segregação. Para Santos (1987, p. 142) a acessibilidade só é garantida quando há cidadania, o que pressupõe que os direitos essenciais à vida humana sejam respeitados, como o direito à cultura, a economia, a sociedade, ao território, a política, ao lazer, a infonnação a saúde e educação, ou seja, a todos os bens e serviços que torne a vida das pessoas mais digna. Assim acreditamos que a acessibilidade não é a mesma em toda parte, depende- se de questões sócio-econômicas, políticas, disponibilização de espaços para que as pessoas sejam inseridas. E para que a cidadania seja exercida na comunidade em que vive é preciso que as pessoas conquistem sua autonomia e independência e um dos fatores que contribui é o meio em que vivem, principalmente para as pessoas com necessidades especiais que precisam de espaços adaptados às suas necessidades. Para Silva (2004, p. 12), hoje, o conceito de acessibilidade evolui e envolve não só mais o ambiente físico, mas também as edificações, os transportes e também, o acesso aos meios de comunicação (rádio, televisão ... ). Um conceito bastante abrangente vê a acessibilidade como o processo de conseguir a igualdade de oportunidades e a participação plena em todas as esferas da sociedade e no desenvolvimento social e econômico do país pelas pessoas portadoras de deficiência. Além de ser uma garantia constitucional, a acessibilidade visa proporcionar acesso a todos os serviços da comunidade, possibilitando a sua 43 plena participação na sociedade, o que pennitiria um ganho de autonomia e de mobilidade a uma gama maior de pessoas, para que usufruam os espaços com mais segurança, confiança e autonomia A falta de acessibilidade é um desafio na vida das pessoas e no meio em que elas vivem. Obstáculos às vezes imperceptíveis para aqueles que não convivem com o problema, mas constrangedor para aqueles que não se encaixam no "padrão de homem" e convivem com essa realidade. As dificuldades enfrentadas, como atravessar avenidas, subir rampas inclinadas, passar por portas estreitas ou conduzir carrinhos de bebês em ruas esburacadas são atitudes normais do dia-a-dia de pessoas idosas, gestantes, crianças, dos incapazes temporários (acidentados), obesos e também das pessoas com deficiência. Destacamos, entretanto, que a questão da acessibilidade ainda carece de regulamentações adequadas, no âmbito dos organismos municipais, no que tange à fiscalização e controle das construções. 2.1. O direito de ir e vir De acordo com a Lei n° 5.296, de 02 de Dezembro de 2004, art. &, A acessibilidade é a possibilidade e condição de alcance para utilização, com segurança e autonomia. total ou assistida, dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das edificações, dos transportes e dos dispositivos, sistemas e meios de comunicação e informação, por pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida A Secretaria dos Transportes Metropolitanos de São Paulo diz que a toda pessoa é garantido o direito universal de ir e vir, estabelecido na Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU e incorporado à Constituição Brasileira. No entanto, nem sempre todos os cidadãos podem exercer este direito. Barreiras ambientais, fisicas, econômicas, sociais e pessoais os impedem. Tais restrições atingem de forma bastante contundente as pessoas com restrição de mobilidade, que sofrem ainda com um outro tipo de barreira atitudinal: o preconceito. O grande desafio dos responsáveis pela construção e manutenção das cidades e seus equipamentos, incluindo o transporte, é projetar com a preocupação do desenho universal, capaz de permitir acessibilidade a todos, sejam eles idosos, obesos, gestantes ou portadores de 44 deficiências ou necessidades especiais. Mas, apenas com a garantia de recursos para que este desenho ooiversal se transforme em realidade, se terá uma mobilidade sustentável. Asseguramos que a conquista da autonomia e independência é uma das características da cidadania, favorecendo assim o bem-estar do indivíduo no meio em que ele vive. A maioria dos ambientes construídos apresenta barreiras visíveis e invisíveis. As barreiras visíveis constituem os impedimentos concretos, as dificuldades aos espaços. E as invisíveis compõem a forma de como as pessoas são vistas pela sociedade, representada, na maioria das vezes, por sua deficiência ou necessidade especial e não pelas suas potencialidades. Eliminando as barreiras visíveis possivelmente contribuirá para a diminuição das barreiras invisíveis. Como diz Prado ( 1997, p. O 1 ), os arquitetos, projetistas e designers devem rever a forma de conceber os espaços, os objetos, de modo que eles possam oferecer mais conforto, segurança e eficãcia. A acessibilidade deve estar presente nas edificações, no meio urbano, nos transportes e nas suas mútuas interações, confonne exigência constitucional. Hoje o moderno conceito de acessibilidade envolve o ambiente fisico, como edificações e os transportes, bem como o acesso aos meios de comunicação pelas pessoas com necessidades especiais. É muito importante que empresas, governos e a população se llllam para viabilizar esta questão que é Lei e que tomará a vida dessas pessoas muito mais práticas, dignas e prazerosas. A seguir explicitaremos as normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida e também apresentaremos as normas estabelecidas pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). O Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva decreta a Lei 5.296 de 02/12/2004 que regulamenta a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida. Das condições gerais da Acessibilidade, Art. go Para os fins de acessibilidade, considera-se que: I - Acessibilidade: condição para utilização, com segurança e autonomia, total ou assistida, dos espaços e equipamentos urbanos, das edificações, dos serviços de transporte e dos dispositivos, sistemas e meios de comunicação e informação, por pessoa portadora de deficiência ou mobilidade reduzida; 45 II - barreiras: qualquer entrave ou obstáculo que limite ou impeça o acesso, a liberdade de movimento, a circulação com segurança e a possibilidade de as pessoas se comunicarem ou terem acesso à informação, classificadas em: a) barreiras urbanísticas: as existentes nas vias públicas e nos espaços de uso público; b) barreiras nas edificações: as existentes no entorno e interior das edificações de uso público e coletivo e no entorno e nas áreas internas de uso comum nas edificações de uso privado multifamiliar; c) barreiras nos transportes: as existentes nos serviços detransportes; c d) barreiras nas comunicações e informações: qualquer entrave ou obstáculo que dificulte ou impossibilite a expressão ou o recebimento de mensagens por intermédio dos dispositivos, meios ou sistemas de comunicação, sejam ou não de massa, bem como aqueles que dificultem ou impossibilitem o acesso à informação; 111 - elemento da urbanização: qualquer componente da obras de urbanização, tais como os referentes à pavimentação, saneamento, distribuição de energia elétrica, iluminação pública, abastecimento e distribuição de água, paisagismo e os que materializam as indicações do planejamento urbanístico; IV - mobiliário urbano: o conjunto de objetos existentes nas vias e espaços públicos, superpostos ou adicionados aos elementos da urbanização ou da edificação, de fonna que sua modificação ou traslado não provoque alterações substanciais nestes elementos, tais corno semáforos, postes de sinalização e similares, telefones e cabines telefônicas, fontes públicas, lixeiras, toldos, marquises, quiosques e quaisquer outros de natureza análoga; V - ajuda técnica: os produtos, instrumentos, equipamentos ou tecnologia adaptados ou especialmente projetados para melhorar a funcionalidade da pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida, favorecendo a autonomia pessoal, total ou assistida; VI - edificações de uso público: aquelas administradas por entidades da administração pública, direta e indireta, ou por empresas prestadoras de serviços públicos e destinadas ao público em geral; VII - edificações de uso coletivo: aquelas destinadas às atividades de natureza comercial, hoteleira, cultural, esportiva, financeira, turística, recreativa, social, religiosa, 46 educacional, industrial e de saúde, inclusive as edificações de prestação de serviços de atividades da mesma natureza; VIII - edificações de uso privado: aquelas destinadas à habilitação, que podem ser classificadas como unifamiliar ou multifamiliar; e IX - desenho universal: concepção de espaços, artefatos e produtos que visam atender simultaneamente todas as pessoas, com diferentes características antropométricas e sensoriais, de forma autônoma, segura e confortável, constituindo-se nos elementos ou soluções que compõem a acessibilidade. Art. 9° - A formulação, implementação e manutenção das ações de acessibilidade atenderão Às seguintes premissas básicas: I -a priorização das necessidades, a programação em cronograma e a reserva de recursos para a implantação das ações: e II - o planejamento, de forma continuada e articulada, entre os setores envolvidos. Art. 1 O. - A concepção e a implantação dos projetos arquitetônicos e urbanísticos devem atender aos princípios do desenho universal, tendo como referências básicas às normas técnicas de acessibilidade da ABNT, legislação específica e as regras contidas neste Decreto. § 1 o Caberá ao Poder Público promover a inclusão de conteúdos temáticos referentes ao desenho universal nas diretrizes curriculares da educação profissional e tecnológica e do ensino superior dos cursos de Engenharia, Arquitetura e correlatos. § 2° Os programas e as linhas de pesquisa a serem desenvolvidos com o apoio de orgarnsmos públicos de auxílio à pesquisa e de agências de fomento deverão incluir temas voltados para o desenho Wliversal. Art. 11. A construção, refonna ou ampliação de edficações de uso público ou coletivo, ou a mudança de destinação para estes tipos de edificação, deverão ser executadas de modo que sejam ou se tornem acessíveis à pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida. § 1 o As entidades de fiscalização profissional da atividade de Engenharia, Arquitetura e correlatas, ao anotarem a responsabilidade técnica dos projetos, exigirão a 47 responsabilidade profissional declarada do atendimento às regras de acessibilidade precisas nas normas técnicas de acessibilidade da ABNT, na legislação específica e neste Decreto. § 2° Para a aprovação ou licenciamento ou emissão de certificado de conclusão de projeto arquitetônico ou urbarústico deverá ser atestado o atendimento às regras de acessibilidade previstas nas nonnas técnicas de acessibilidade da ABNT, na legislação específica e neste Decreto. § 3o O Poder Público, após certificar a acessibilidade de edificação ou serviço, determinará a colocação, em espaços ou locais de ampla visibilidade, do "Símbolo Internacional de Acesso", na forma prevista nas normas técnicas de acessibilidade da ABNT e na Lei n° 7.405, de 12 de novembro de 1985. Art. 12. Em qualquer intervenção nas vtas e logradouros públicos, o Poder Público e as empresas concessionárias responsáveis pela execução das obras e dos serviços garantirão o livre transito e a circulação de fonna segura das pessoas em geral, especialmente das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzid~ durante e após a sua execução, de acordo com o previsto em normas técnicas de acessibilidade da ABNT, na legislação específica e neste Decreto. Art. 13. Orientam-se, no que couber, pelas regras previstas nas normas técnicas brasileiras de acessibilidade, na legislação específic~ observado o disposto na Lei n° 10.257, de 10 de julho de 2001, e neste Decreto: I- os Planos Diretores Municipais e Planos Diretores de Transporte e Trânsito elaborados ou atualizados a partir da publicação deste Decreto; II- o Código de Obras, Código de Postura, a Lei de Uso e Ocupação do Solo e a Lei do Sistema Viário; IH - os estudos prévios de impacto de vizinhança; IV - as atividades de fiscalização e a imposição de sanções, incluindo a vigilância sanitária e ambiental; e V- a previsão orçamentária e os mecanismos tributários e financeiros utilizados em caráter compensatório ou de incentivo. § 1 o Para concessão de alvará de funcionamento ou sua renovação para qualquer atividade, devem ser observadas e certificadas as regras de acessibilidade previstas neste Decreto e nas normas técnicas de acessibilidade da ABNT. 48 § 2° Para emissão de carta de "habite-se" ou habitação equivalente e para sua renovação, quando esta tiver sido emitida anteriormente às exigências de acessibilidade contidas na legislação especifica, devem ser observadas e certificadas as regras de acessibilidade previstas neste Decreto e nas normas técnicas de acessibilidade da ABNT. ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) estabelece que: * NBR (Norma Brasileira Registrada) 14020 (01/12/1997) - Estabelece princípios gerais para a acessibilidade a pessoas portadora de deficiência, de forma segura, em trens de longo percurso. Aplica-se tanto a projetos novos quando às adaptações dos projetos já existentes. * NBR 14273 (30/0l/1999) - Estabelece os padrões e critérios que visam propiciar às pessoas portadoras de deficiência condições adequadas e seguras de acessibilidade autônoma ao espaço aeroportuário e às aeronaves das empresas de transporte aéreo público regular, regional e suplementar. *NBR 14970-1 (02/07/2003)- fixa os requisitos que garantem a acessibilidade no processo de dirigibilidade de veículos automotores para condutores com mobilidade reduzida (c.m.r.). * NBR 14970-3 (02/07/2003)- diretrizes para a avaliação da dirigibilidade do condutor com mobilidade reduzida em veículo automotor apropriado. Fornece as diretrizes para os examinadores de prova prática terem condições de avaliar o processo de dirigibilidade do condutor com mobilidade reduzida (c.m.r) em veículo automotor apropriado. * NBR 14970-2 (30/07/2003) - Diretrizes para avaliação clínica de condutor com mobilidade reduzida. Fornece diretrizes para avaliações clínicas em condutores com mobilidade reduzida, candidatos à obtenção da permissão para dirigir ou da renovação da Carteira Nacional de Habilitação, a serem realizadas por médicos peritos examinadores, conforme Resolução 80/l998 do CONTRAN. * NBR 9050 (31/05/2004) - Estabelece critérios
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