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Prévia do material em texto

GIOVANA COTOMACCI 
LAZER: 
Direitos e Acessibilidade das 
Pessoas com Deficiência ou 
Necessidades Especiais 
Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização) 
apresentado à Coordenação de Extensão da 
Faculdade de Educação Física da Universidade 
Estadual de Campinas para obtenção do titulo de 
Especialista em Atividade Motora Adaptada. 
Orientador: Paulo Ferreira Araújo 
Campinas 
2007 
C8261 
FICHA CATALOGRÁFICA ELABI(>RADA 
PELA BIBLIOTECA FEF- UNidAMP 
Cotomacc·l, Giovana 
Lazer: direitos e acessibilidade das pessoas f:om deficiência ou 
necessidades especiais f Giovana Cotomacci. - campinas, SP: [s.n.], 
2~. I 
Orien!<ldor(a): Paulo Ferreira de Araújo. . 
Trabalho de Conclusão de Curso (especializa~o) - Faculdade de 
Educação Física, Universidade Estadual de Campinas., 
1. Deficiência. 2. Acessibilidade. 3. Lazer. 4. D9ficientes. I. Araújo, 
Paulo Ferreira de. IL Universidade Estadual de Cam~inas, Faculdade de 
Educação Flsica. 111. Título. , 
I 
asmlfef 
TCC/UNICAMP 
CB26L 
1290003820/FEF 
GIOVANA COTOMACCI 
LAZER: 
Direitos e Acessibilidade das 
Pessoas com Deficiência ou 
Necessidades Especiais 
Este exemplar corresponde à redação final do 
Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização) 
defendido por Giovana Cotomacci e aprovado pela 
Comissão julgadora em: 18/05/2007. 
Prol. Dr. Paulo Ferreira Araújo 
Orientador 
Prol. Ms. Rita de Fátima da Silva 
r, . t-\ ~ 
'-,:f/!'- 1•)1-'\C\ y-,,-- ~--
Fabiana Marques~ ---- ---
Campinas 
2007 
Ao terminar este trabalho realizado no período curto de tempo, 
aproximadamente em quatro meses, sou grata a Deus que me concedeu a graça da 
dedicação par alcançar com plenitude o objetivo estabelecido; 
Com muito carinho, agradeço aos meus pais e minha irmã que possibilitaram a 
minha presença e conclusão deste curso. Obrigada por tudo; 
Agradeço ao meu orientador, Prof Paulo Ferreira Araújo, pelo incentivo, 
atenção, paciência e valorização durante a preparação desse trabalho,· 
Agradeço a todos os professores do curso de Especialização em Atividade 
Motora Adaptada, pela dedicação e conhecimentos transmitidos; 
Aos colegas do curso de Especialização Motora Adaptada do ano de 2006, 
obrigada pelas trocas de experiência e pelos momentos descontraídos e agradáveis 
que passamos juntos; 
As novas amigas: Luciana; Simone; Paola; Arle, Theodora que acompanharam 
a elaboração dEste trabalho. Obrigada pela força e orientações. 
Em especial a nova amiga Fabiana que acompanhou mais de perto todas as 
minhas angústias, preocupações, decepções, vitórias, conquistas no transcorrer deste 
trabalho. F á, muito obrigada pela preocupação, orientação, carinho, atenção, 
paciência e estímulo durante todo o período da especialização. Com certeza está 
amizade será para sempre. 
COTOMACCI, Giovana.. Direitos e Acessibilidade das Pessoas com Deficiência ou 
Necessidades Especiais. 2007. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização)-Faculdade de 
Educação Física. Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2007. 
RESUMO 
Neste trabalho, propusemo-nos a estudar a acessibilidade das pessoas com necessidades 
especiais com relação ao lazer. Dessa forma acreditamos ser necessário identificar os conteúdos 
culturais (atividades), a freqüência (tempo), em quais locais (espaços) acontecem e qual é a 
forma de participação e organização das atividades (atitudes) no lazer. Adotamos estes 
parâmetros na revisão de literatura. As dificuldades que as pessoas encontram para ter acesso ao 
lazer primeiramente, são as barreiras, podendo ser arquitetônicas ou fisicas, de transporte, 
atitudinais e de auto aceitação. Ao realizar este estudo acerca das condições acessíveis que 
interferem no lazer, pretendemos que este possa contribuir para o embasamento de futuras 
discussões políticas que venham a promover o lazer para as Pessoas deficientes ou aquelas em 
Condições Especiais corno: idosos, gestantes, impossibilitados temporariamente entre outros. 
Acreditamos que este trabalho possa servir de reflexão ou como ponto de partida, alertando a 
importância para a melhoria das condições de lazer tanto em questões políticas corno para as 
pessoas com necessidades especiais que possam superar ou saberem lidar com suas limitações, 
sejam fisicas, pessoais, emocionais ou sociais. 
Palavras-Chaves: Deficiência; Pessoas com Necessidades Especiais, Acessibilidade; Lazer. 
COTOMACCI, Giovana.. Rights and Accessibility of lhe People with Deficiency or 
Necessities Special. 2007. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização)-Faculdade de 
Educação Física. Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2007. 
ABSTRACT 
In this work, propusemo-in studying the accessibility of the people with necessities special in the 
leisure. Of this form we believe to be necessary to identifY the cultural contents ( activities ), the 
frequency (time), in which places (spaces) they happen and which is the fonn ofparticipation and 
organization ofthe activities (attitudes) in the leisure. We adopt these parameters in the literature 
revision. The difficulties that the people find to have access to the leisure first, are the barriers, 
being able to be physical architectural or, of transport, atitudinais and of auto acceptance. When 
carrying through this study conceming the accessible conditions that intervene with the leisure, 
we intend that this can contribute for the basement of future quarrels politics that they come to 
promete the leisure for the deficient People or those in Conditions Special as: aged, gestantes 
disabled temporarily among others. We in such a way believe that this work can serve of 
reflections or as starting point, alerting the importance for the improvement of the conditions o f 
leisure in questions politics as for the people with necessities special that can surpass or know to 
deal with its limitations, are physical, personal, emotional or social. 
Keywords: Deficiency; People with Necessities Special, Accessibility; Leisure. 
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS 
LDB Lei de Diretrizes e Bases 
MDPD Movimento pelos Direitos das Pessoas Deficientes 
ONU Organização das Nações Unidas 
OMS Organização Mundial da Saúde 
CIDID Classificação Internacional de Deficiência, Incapacidade e 
Desvantagem 
CIF Classificação Internacional de Funcionalidade 
CID Código Internacional de Doenças 
LER Lesões por Esforços Repetitivos 
ANSI American National Standards Institute 
dB Decibéis 
PAIR Perda Auditiva Induzida por Ruído 
PIG Pequenos para Idade Gestacional 
APGAR Escala de Avaliação do Recém-Nascido 
PNEs Pessoas com Necessidades Especiais 
SESI Serviço Social da Industria 
SESC Serviço Social do Comércio 
AAMR Associação Americana de Deficiência Mental 
DSM Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais 
Ql Quociente de Inteligência 
RH/ABO Tipa2em Sanguínea 
PDL Pessoa com Dificuldade de Locomoção 
NBR Norma Brasileira Relistrada 
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas 
CONTRAN Conselho Nacional de Trânsito 
PPD Pessoa Portadora de Deficiência 
-
SUMARIO 
INTRODUÇÃO ____________________________________ __ 
I DEFICIÊNCIA--------------------------------------
1.1 Um breve histórico da Deficiência no mundo ____________ __ 
1.2. Conceito e Classificação da Deficiência ______________ _ 
1.3. Pessoas com Deficiência ___________________ __ 
1.4. Caracterização das Deficiências _________________ _ 
1.4.1. Deficiência Física----------------------
1.4.1.1. Tipos de Deficiência Física------------------
1.4.1.2. Dados Estatísticos--------------------
1.4.1.3. Causas-----------------------
1.4.1.4. Fatores de Risco----------------------
1.4.1.5. Identificando a Deficiência _________________ _ 
1.4.1.6. Exames para ter um Diagnóstico Correto. ____________ __ 
1.4.2. Deficiência Visual ___________________ _ 
1.4.2.1. Tipos e Classificação de Deficiência Visual ___________ _ 
1.4.2.2. Dados Estatísticos-----------------------
1.4.2.3. Causas------------------------
1.4.2.4. Fatores de Risco---------------------
1.4.2.5.Identificando a Deficiência------------------
1.4.2.6. Diagnóstico----------------------
1.4.3. Deficiência Auditiva ____________________ _ 
1.4.3.1. Tipos de Deficiência Auditiva-----------------
1.4.3.2. Dados Estatísticos __________________ _ 
1.4.3.3. Causas------------------------
1.4.3.4. Fatores de Risco----------------------
1.4.3.5. Identificando a Deficiência _________________ _ 
1.4.4. Deficiência Mental _____________________ _ 
1.4.4.1. Tipos de Deficiência Mental _________________ _ 
09 
12 
12 
17 
20 
22 
22 
23 
23 
23 
24 
24 
25 
25 
25 
26 
27 
27 
28 
28 
29 
30 
30 
30 
31 
32 
32 
33 
1.4.4.2. Dados Estatísticos 34 
1.4.4.3. Causas e Fatores de Risco 34 
1.4.4.4. Identificando a Deficiência 35 
1.4.4.5. Diagnóstico 36 
1.4.5. Deficiência Mútipla 36 
1.4.5.1. Tipo de Deficiência Múltipla 37 
1.4.5.2. Dados Estatísticos 38 
1.4.5.3. Causas e Sindromes 38 
1.4.5.4. Fatores de Risco 38 
1.4.5.5. Identificando a Deficiência 39 
1.4.5.6. Diagnóstico 39 
1.4.6. Pessoa com Mobilidade Reduzida ou com Dificuldade de Locomoção (PDL) 40 
2. ACESSIBILIDADE 42 
2.1. O direito de ir e vir 43 
2.2. Barreiras de Acessibilidade 49 
3. O LAZER 58 
3 .1. Conhecendo e compreendendo o Lazer 60 
3.2. Tempo e Cultura 61 
3.3. Construções do Lazer 63 
3.4. Formas diversas de uso do tempo livre 65 
3.6. Equipamentos e Espaços de Lazer 68 
3.5. Classificações do Lazer, segundo Dumazedier 70 
3.6. Lazer na vida da pessoa portadora de deficiência e com necessidades especiais_ 75 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 79 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 82 
10 
O tema deste trabalho foi escolhido pela escassez dos meios de acesso ao lazer 
que as cidades disponibilizam para as pessoas portadoras de necessidades especiais. 
No Brasil, apesar de existir lei que regulamenta a inserção das pessoas 
portadoras de necessidades especiais na sociedade, muitas especificações contidas nela não são 
cumpridas. Assim, a maioria destas pessoas sofre exclusão social por não ter o mesmo acesso que 
as pessoas sem nenhuma limitação. 
Esta dificuldade de acesso às atividades de lazer se dá ao grande número de 
barreiras, sendo elas, arquitetônicas, urbanísticas, das edificações, dos transportes e das 
comunicações existentes nas cidades. 
O objetivo desta pesquisa é conhecer os diversos tipos e maneiras de 
acessibilidade às pessoas com necessidades especiais, principalmente nas práticas de lazer, para 
assim fornecer subsídios de intervenção para possíveis elaborações de programas que 
possibilitem a implantação e manutenção da acessibilidade às práticas de lazer, oportunizando a 
utilização adequada da sociedade, como deficientes, idosos, gestantes, obesos, e etc, a essas 
práticas. 
Este estudo foi desenvolvido a partir do levantamento bibliográfico acerca dos 
conceitos de lazer, deficiência e acessibilidade. Segundo Marconi & Lakatos (1991, p. 183 ), a 
pesquisa bibliográfica tem como finalidade "colocar o pesquisador em contato direto com tudo o 
que foi escrito sobre determinado assunto". 
Desta maneira, foram empregadas as seguintes fontes de consulta: livros, teses, 
dissertações e artigos consultados via Internet relacionadas direta ou indiretamente à questão da 
acessibilidade ao lazer na vida das pessoas com necessidades especiais, utilizadas então para a 
elaboração deste trabalho, possibilitando informações importantes para refletir sobre o assunto. 
O presente trabalho encontra-se desenvolvido basicamente em três capítulos: 
O primeiro capítulo explicita historicamente sobre a evolução dos conceitos, 
caracterizações, classificações e particularidades das deficiências. 
11 
Já segundo capítulo pnonza uma discussão acerca da acessibilidade, 
identificando conceito, leis e normas, barreiras existentes, sejam arquitetônicas, sócio-culturais, 
de transporte e etc 
No terceiro capítulo abordará as questões a cerca do lazer. Como sua 
importância na sociedade, história, aspectos, tendências, das relações com outras áreas da vida e 
finalizando com as barreiras encontradas pelas pessoas com necessidades especiais no lazer. 
Finalizamos com nossas considerações, as quais levam o leitor à reflexão acerca 
das possibilidades que a pessoa portadora de necessidade especial tem em relação ao lazer. 
12 
~ 
1 DEFICIENCIA 
1.1. Um breve histórico de deficiência no mundo 
O problema da deficiência acompanha os homens desde os primórdios da 
civilização e desde então sofre dificuldades na vida cotidiana e os diferentes aspectos são 
enfatizados de acordo com o momento histórico e sócio-cultural que os deficientes se situavam e 
ainda situam-se. 
Para compreendermos melhor a deficiência, é importante sabermos como esta 
foi construída historicamente e como as pessoas deficientes eram vistas e de que forma lidavam 
com suas dificuldades. Assim analisaremos quais atitudes e comportamentos em relação às 
pessoas com deficiências se reproduzem ainda hoje em nossa sociedade. 
Segundo Ávila (2005, p. 16), a bíblia dá vários exemplos de tais situações, 
como a deficiência dos escritos de Moisés (Êxodo, 4:1 O) ou da visão e fisica do 
apóstolo Paulo (Coríntios, cap. 12:7). Na era clássica, esclarece Áurea Ribeiro-
(O cidadão portador de deficiência. In: ROBERT, Cinthia (org). O Direito do 
Deficiente. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 1999, pág. 81.), "Homero"- aquele a 
quem Platão denominou na República, o maior de todos os poetas - deixou 
lavrado em seus versos, a tarefa estratégica legada ao Deus Hefesto, que era 
coxo, ou seja, portador de deficiência física, o mesmo ocorrendo com Platão, 
que tinha uma desproporcionalidade física de seus ombros e fontes. 
Ainda Á vila, a estas pessoas, somam-se inúmeras outras como Ludwig Van 
Beethoven - surdo, ou o Antônio Francisco Lisboa, o «Aleijadinho", que assim ficou conhecido 
devido à deficiência física que portava. 
De acordo com Silva apud Cantareli, (1998, p. 32) na antiguidade pode-se 
observar basicamente dois tipos de atitudes para com as pessoas doentes, idosas 
ou portadoras de deficiência: uma atitude de aceitação, tolerância, apoto e 
assimilação; uma outra de eliminação, menosprezo ou destruição. 
Nas culturas primitivas, para que as pessoas sobrevivessem era preciso ir atrás 
de alimentos, caçavam e pescavam. Assim as pessoas com dificuldade de locomoção, como os 
13 
idosos, doentes e pessoas com deficiências colocavam em risco todo o grupo e então era 
necessário abandonar essas pessoas. 
Para os Hebreus, "toda a doença crônica quanto à deficiência fisica ou mental, e 
mesmo qualquer deformação por menor que fosse, indicava um certo grau de impureza ou de 
pecado". (Silva, 1987, 74). E ainda diziam que qualquer ato errado que acarretasse em 
desarmonia, o castigo era a amputação de membros. 
Vê-se que antigamente era comum a amputação dos membros como forma de 
punir e estigmatizar, a prática objetivava informar a todos que as pessoa.;; portadoras de seqüelas 
decorrentes das amputações eram escravos, criminosos ou traidores. No Brasil, na população 
branca, a deficiência surgia na época devido à carência alimentar, era a causa principal para as 
anomalias, como: cegueira noturna, raquitismo, beribéri e outras. Entre os negros escravos, havia 
um elevado número de deficientes devido aos castigos fisicos, maus tratos e acidentes de trabalho 
nos engenhos ou lavouras de cana. 
De acordo com Silva (1987), no que se refere à história dos deficientes físicos 
no Brasil, nos períodos colonial e imperial, os historiadores Soutley, Santos Filho descrevem que 
era raríssimo encontrar aleijados, cegos, surdo-mudos e coxos entre os indígenas nos primórdios 
da colonização. As poucas anomalias apresentadas, eram resultado de guerras ou acidentes na 
selva. Nos casos de deficiência congênita, as crianças eram sacrificadas pelos pais após o 
nascimento. 
Na Idade Média, marcada pelo Cristianismo, a deficiência era ligada a questões 
religiosas, quem possuía algumadeficiência era vista como demoníaca e/ou satânica. As pessoas 
ao invés de buscarem conhecimentos mais científicos aprofundados sobre as doenças e suas 
causas, viam na fé, na religião a explicação. Então acreditavam que um corpo "defonnado" só 
podia abrigar uma mente também defonnada. 
As crianças que nasciam deformadas eram jogadas nos esgotos da Roma Amig: ... 
Na Idade Média, deficientes encontravam abrigo nas igrejas, o melhor exemplo 
é o Quasímodo- do livro "O Corcunda de Notre Dame", de Victos Hugo, que 
vivia isolado na torre da catedral de Paris. Na mesma época, os deficientes 
mentais eram seres diabólicos que mereciam castigos para serem purificados 
(Ávila, 2005, p. 29). 
A partir dos séculos XVII e XVIII com o crescimento do mlllldo e o 
desenvolvimento do homem, mais pesquisas e estudiosos começaram a desmistificar o conceito 
14 
de deficiência e a prevenir grande parte de doenças que causavam deficiência, passando então a 
terem um melhor controle dessas pessoas e encaminhavam à uma grande diversidade de atitudes, 
como a institucionalização em conventos e hospícios até o ensino especial. 
No século XIX o capitalismo se fortalece ainda mais, tomando necessário à 
estruturação de sistemas e ensino para todos, com o objetivo de formar cidadãos produtivos. A 
atitude pública se vê responsável em atender as necessidades dos deficientes. 
No século XX, implante-se o capitalismo moderno, financeiro, monopolizado. 
Este sistema se caracteriza pela existência dos grandes capitalistas, detentores do 
poder, que definem a força de trabalho da qual necessitam para alcançar os 
objetivos de aumento de capital. Em sendo assim, criam-se condições para 
garantir o volume necessário de trabalhadores. A população excedente permanece 
marginalizada, sem contar com as oportunidades reais de mudança. Multiplicam-
se as leituras de deficiência, representadas por diferentes modelos; permanece, em 
certa proporção o modelo metafísico, coexistindo com o modelo médico, o 
modelo educacional, o modelo da determinação social e acrescentando-se neste 
final do século, o modelo sócio-construtivista ou sócio-histórico. A origem do 
fenômeno, portanto, permanece sendo de natureza sócio político e econômica, 
embora sua leitura seja feita em diferentes dimensões, aparentemente 
desvinculada desta realidade. (Ávila, 2005, p. 27). 
A integração social do deficiente surge por volta do século XX, especialmente 
após as duas Guerras Mundiais. A pressão para um programa público de reabilitação veio de 
diferentes fontes. O aumento dos cidadãos deficientes e doentes mentais fez com que a população 
exigisse uma solução. 
A Primeira Guerra Mundial impôs mais pressão à necessidade da reabilitação. 
Foi necessário o suporte, assistência aos soldados feridos na guerra. Com a Segunda Guerra 
Mundial, os programas de reabilitação aceleraram-se, pois além de aumentar os serviços de 
atendimentos para os cidadãos deficientes, foram criadas oportunidades de emprego para os 
mesmos. Começa-se a valorizar o potencial das pessoas portadoras de deficiência. 
Este século foi chamado por inúmeros pesquisadores de "século da mudança e 
do conhecimento", pois foi onde mais se estudou, mais se transformou, mais se pesquisou na área 
das deficiências e onde historicamente temos mais deficientes e doentes devido as Guerras 
Mundiais. 
Na década de 60, a guerra do Vietnã foi responsável por um aumento 
impressionante de deficientes naquele país, que além de comprometimentos 
15 
físicos, apresentavam problemas graves de adaptação social ao retornar da 
guerra, em parte por efeitos emocionais de sua participação na guerra, e em 
parte pela atitude da audiência social, que tinha dificuldade em assumir sua 
parcela de responsabilidade pela participação do país naquele massacre. O 
problema do estigma e do isolamento dos deficientes tomou~se tão grave no 
país, que levou à reação social, através do surgimento de movimentos de defesa 
dos direitos das minorias e dentre elas, da dos deficientes (Ávila, 2005, p.28). 
Ainda nos anos 60, no Brasil, a educação especial aparece pela primeira vez na 
LDB 4024, de 1961, a lei aponta que a educação dos excepcionais deve, no que for possível, 
enquadrar-se no sistema geral da educação. 
Nos anos 70 o movimento de integração social vê o início para a vida 
independente, ou seja, não- dependente da autoridade institucional e familiar. 
Em 1973, a Associação Americana Nacional para Cidadãos Retardados referiu-
se à normalização como ''processo de ajuda ao deficiente, no sentido de garantir 
a ele a condições de existência o mais próximas do nonnal (estatístico) possível, 
tornando-lhe disponível os padrões e as condições da vida cotidiana o mais 
próximos das normas e dos padrões da sociedade ... O modo de vida normativo 
(ou típico) é em residência individual privada. O arranjo educacional normativo 
é chamado educação convencional, em sala de aula regular. E o modo típico de 
trabalho é o emprego competitivo, para auto manutenção. Em marcante 
contraste com estes arranjos normativos - no extremo anormal do continuo de 
serviços - encontram-se congregados as instituições totais, a educação 
domiciliar e o não trabalho" (Braddock apud Ávila, p. 28). 
A partir de 1979 o movimento das pessoas com deficiência repercutiu a nível 
nacional. Foi realizado o I congresso Brasileiro de Pessoas Deficientes. 
Nos anos 80 declarações e tratados mundiais passam a defender a inclusão das 
pessoas deficientes, principalmente na área educacional. O ano de 1981 foi proclamado pelas 
Nações Unidas como "Ano Internacional das Pessoas Deficientes". 
Em 1982, muitas cidades brasileiras sensibilizaram-se e conscientizaram-se da 
necessidade de se reconhecer os direitos das pessoas com deficiência. Destaca-se a criação por 
unaminidade do "Dia Nacional de Luta das Pessoas Deficientes". Este movimento foi liderado 
pelo Sr. Candido Pinto, pernambucano radicado em São Paulo, militante do Movimento pelos 
Direitos das Pessoas Deficientes (MDPD). 
Em 1988, no Brasil, a nova Constituição garante atendimento educacional 
especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino. 
16 
Nos anos 90, a Conferência Mundial sobre Educação para Todos, realizada em 
março na cidade de Jomtien, na Tailândia, prevê que as necessidades 
educacionais básicas sejam oferecidas para todos (mulheres, camponeses, 
refugiados, negros, índios, presos e deficientes) pela universalização do acesso, 
promoção da igualdade, ampliação dos meios e conteúdos da educação Básica e 
melhoria do ambiente de estudo (Ávila, 2005, p. 32). 
Em 1996 é decretada Lei de diretrizes e Bases, dando o direito à educação das 
pessoas portadoras de necessidades especiais. 
Ainda nos anos 90, o Brasil aprova o Estatuto da Criança e do Adolescente, que 
reitera os direitos garantidos na constituição: atendimento educacional especializado para 
portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino. 
Bueno apud Cantareli (1998, p. 35) critica a forma com que a educação especial 
se desenvolveu no Brasil. Segundo ele, " ... a educação especial que nasce sob a 
bandeira de ampliação de oportunidades educacionais aos que fogem da 
normalidade, à medida em que não desvela os detenninantes sócio econômico 
culturais que subjazem às dificuldades de integração do aluno diferente, na escola 
e na sociedade, serve de instrumento para a legitimação de sua segregação. 
A situação atual no mundo e especificamente no Brasil em relação às pessoas 
portadoras de deficiência vem evoluindo e assim melhorando a qualidade de vida dessas pessoas. 
São Leis decretadas aos direitos das pessoas com deficiências, a população está mais 
conscientizada e a inclusão e integração dessas pessoas cresce a cada dia. 
A integração social do deficiente tem sido um tema utilizado com freqüência cada 
vez mais na literatura especializada brasileira, tanto na área da educação Especial, 
como na da ReabilitaçãoProfissional. Tem também figurado como um dos 
principais objetivos na maioria dos Estatutos e Regulamentos das Instituições e 
Entidades que prestam serviços ao deficiente, bem como se encontra prevista e 
amparada legalmente, através de sua explicitação como direito, nas Leis 
Brasileiras nas suas mais variadas formas. Entretanto, a grande maioria dos 
brasileiros portadores de deficiência permanece, ainda, segregada em Instituições 
e Escolas Especiais, sem participação ativa na vida da sociedade e incapacitada 
par ao efetivo exercício de sua cidadania. (Ávila, 2005, p. 25). 
17 
1.2. Conceito e Classificação da Deficiência 
Como já vimos anteriormente, a deficiência acompanha os homens desde 
antigamente. Diferentes aspectos foram priori:zados e importantes de acordo com o momento 
histórico~ sócio- cultural do momento. 
Assim, o conceito de deficiência começa a ser discutido devido às modificações 
de acordo com os valores sociais, éticos, filosóficos e religiosos que a ciência vem 
desenvolvendo e assumindo. Estes oriundos de novos paradigmas, estando bastante relacionado 
com o tipo de cultura em que o indivíduo vive. 
Com o intuito de tentar precisar melhor os "termos", «conceito" e "imagem'', 
alguns órgãos da Organização das Nações Unidas (ONU) se manifestaram em 
favor de lançar mundialmente o termo "pessoas deficientes". Surgiu a Declaração 
dos Direitos das Pessoas Deficientes, aprovada pela Assembléia Geral da ONU, 
em 9 de dezembro de 1975, proclama em seu artigo 1: "O termo 'pessoas 
deficientes' refere-se a qualquer pessoa incapaz de assegurar por si mesma, total 
ou parcialmente, as necessidades de uma vida individual ou social normal, em 
decorrência de uma deficiência congênita ou não, em suas capacidades fisicas ou 
mentais" (Ribas, 1993, p. 1 0). 
Por outro lado, a Organização Mundial de Saúde (OMS) publicou em 1980 uma 
classificação internacional dos conceitos de Deficiência, Incapacidade e Desvantagem (CIDID), a 
qual visa complementar a abordagem médica, focando-se nas conseqüências objetivas e sociais 
da exteriorização da doença, sendo discutido se o uso de instrumentos classificatórios como esse 
ainda são convenientes, tentando dessa forma clarear os conceitos e imagens relacionadas às 
pessoas portadoras de deficiência. 
Deficiência (Impairments): é toda perda ou anormalidade de uma estrutura ou 
função psicológica, fisiológica ou anatômica em um órgão ou estrutura do corpo humano e que 
restringi a execução de uma atividade. 
Incapacidade (Disabilitics): é toda restrição ou ausência da capacidade de 
realizar uma atividade de forma ou dentro dos parâmetros considerados normats para um ser 
humano. 
18 
A incapacidade existe em função da relação entre as pessoas deficientes e o seu 
ambiente. Ocorre quando essas pessoas se deparam com barreiras culturais, 
fisicas ou sociais que impedem os seus acessos aos diversos sistemas da 
sociedade que se encontram à disposição dos demais cidadãos. Portanto, a 
incapacidade é a perda, ou a limitação, das oportunidades de participar da vida 
em igualdade de condições com os demais. (Silva, 2004, p. 41) 
Desvantagem (Handicap), Impedimento ou Invalidez: uma situação desvantajosa 
para um detenninado indivíduo em conseqüência de uma deficiência ou incapacidade que o 
limita ou impede de desempenhar uma função normal no seu caso (levando-se em consideração a 
idade, sexo e fatores sociais e culturais). 
De acordo com Cohen apud Silva (2004, p. 42) 
A deficiência está ligada a possíveis seqüelas que restringiriam a execução de 
uma atividade, tais como deficiência mental, deficiência visual, deficiência 
auditiva, deficiência física, deficiência psicológica, deficiência de linguagem 
etc. A incapacidade diz respeito a uma alteração em um órgão ou estrutura do 
corpo humano. Dentre os exemplos, pode-se citar: a falta de um braço ou de 
uma perna; um padrão intelectual reduzido; uma perda de audição ou visão; 
uma perda de capacidade motora etc. Já a invalidez diz respeito aos obstáculos 
encontrados pelas "pessoas portadoras de deficiência" em sua integração com a 
sociedade e exemplifica dizendo que as pessoas que portam alguma deficiência 
não conseguem freqüentar uma escola por não terem acesso à educação, 
"portadores de deficiência" não podem freqüentar determinados locais por não 
serem aceitos pela sociedade, pessoas que se locomovem em cadeira de rodas 
não conseguem usufruir as ruas de uma cidade por causa de obstáculos físicos 
encontrados para a sua livre circulação etc. 
Segundo Ratzka apud Silva (2004, p.42) 
O handcap acontece quando as Pessoas Portadoras de Deficiência encontram 
barreiras culturais, físicas ou sociais que dificultam o seu acesso aos vários 
sistemas da sociedade que está disponível a outros cidadãos ditos comuns. Para 
ele o handicap não é um problema médico ou técnico e sim, um problema 
político porque as pessoas inválidas enfrentam barreiras sistêmicas que limitam 
as oportunidades delas para sua igualdade e participação plena na sociedade. 
Esta conceituação editada pela OMS trouxe muitas controvérsias entre os 
profissionais especializados, pois consideravam mais as incapacidades das Pessoas Portadoras de 
Deficiência do que suas capacidades. Com isso em 1996 aconteceu um "Fórum" para discutir o 
19 
CIDID. Em 2002, a revista Nacional de Reabilitação informou a aprovação vinda da Europa de 
um modelo de implantação da "'Classificação Internacional de Funcionalidade" (CIF). 
Este modelo serviria como um guia de orientação para o uso do CIF nos 
sistemas de saúde de todo o mundo. De acordo com a revista, as pessoas que estavam em 
processo de reabilitação eram definidas através do CID (Código Internacional de Doenças), este 
mostrava apenas um lado da questão, o da doença ou da situação que causou a seqüela e não da 
capacidade que o indivíduo tem em se relacionar com a sociedade. 
O CIF irá organizar e padronizar as informações sobre a funcionalidade das 
pessoas com deficiênci~ segundo a sua capacidade efetiva e ainda representará avanços, 
fornecendo diretrizes mais precisas para as futuras políticas públicas dos países que a adaptarem. 
Isto permitiu ações mais específicas e detalhadas no atendimento das necessidades da população 
carente e de sistemas de apoio, tais corno, vagas acessíveis nos transportes públicos, acessos 
adaptados em escolas, centros de atendimento e muito mais. Este documento (CIF) representa a 
verificação do potencial de realização do ser humano está dividido em cinco grandes categorias, 
fornecendo dados sobre: 
* a funcionalidade; 
* estrutura morfológica; 
* participação na sociedade; 
* atividades da vida diária; e 
* ambiente social de cada indivíduo. 
Estes dados têm o objetivo de retirar do portador de alguma necessidade ou 
característica especial, a classificação de incapaz e fazer com que estas pessoas 
sejam compreendidas e reconhecidas pela sociedade, não pela "deficiência", mas 
sim, pelo que são verdadeiramente capazes de realizar ''(Silva, 2004, p. 43 - 44)". 
Segundo Araújo (2007), a CIF é neutra em relação à etiologia, de modo que os 
pesquisadores podem desenvolver inferências causais utilizando métodos e técnicas adequados. 
Segundo o modelo da CIF, a incapacidade é resultante da interação entre a disfunção, a limitação 
das atividades, à limitação da participação social e dos fatores ambientais. Duas pessoas com a 
mesma doença podem ter níveis funcionais diferentes, assim como duas pessoas com o mesmo 
nível funcional não têm, necessariamente, a mesma doença. O Objetivo da CIF é proporcionar 
uma linguagem unificada para descrever os estados relacionados à saúde. 
20 
Ainda Araújo (2007, p.02) diz que a utilização da CIF em hospitais e em outros 
serviços de saúde, é capaz de possibilitar um melhor entendimento do quadro 
funcional dos pacientes, além de ajudar a diminuir custos por fornecer um 
esquema de codificação para os sistemas de informação em saúde. A utilização 
de umsistema codificado melhora a organização das informações, tornando 
possível o estabelecimento de uma linguagem comum para a descrição dos 
estados relacionados à saúde e elaboradores das políticas administrativas. Com 
este instrumento, os profissionais das áreas de saúde poderão registrar a 
incapacidade e a desvantagem que as pessoas tem na sociedade, o impacto da 
deficiência em seu meio ambiente, sua limitação de movimento, preconceitos 
que vivência em função de sua deficiência, mostrar a estrutura do corpo que 
está acometida pela deficiência, registrar o grau de atividade, participação 
social, os fenômenos ambientais envolvidos e a necessidade de intervenção e 
tecnologia assistida. 
Em Brasília na Câmara Técnica deste ano após discussões sobre as definições de 
deficiência e de pessoa com deficiência adotada por diversos países, foi proposto a seguinte 
definição de pessoa com deficiência: Pessoa com Deficiência é aquela cuja limitação fisica, 
mental ou sensorial, associada as variáveis ambientais, sociais, econômicas e culturais tem sua 
autonomia, inclusão e participação plena e efetiva na sociedade impedidas ou restringidas. 
1.3. Pessoas com Deficiência 
Apesar de alguns esforços para buscar uma terminologia mais adequada para 
definir as pessoas com deficiência, ainda persiste a confusão dos termos. 
Na nossa sociedade, mesmo que a ONU e a OMS tenham tentado eliminar a 
incoerência dos "conceitos", a palavra "deficiente" tem um significado muito 
forte. De certo modo ela se opõe à palavra "eficiente". Ser "deficiente", antes de 
tudo, é não ser "capaz", não ser "eficaz". Pode até ser que, conhecendo melhor a 
pessoa, venhamos a perceber que ela não é tão "deficiente" assim. Mas, até lá, até 
segunda ordem, o "deficiente" é o "não-eficiente". (Ribas~ 1993, p. 12) 
A expressão "Portadores de Necessidades Especiais" ampliou o grupo de tal 
forma que fica dificil definir quem é de fato pessoa com ou sem deficiência. Temos que ter 
cuidado com essa expressão para não transformarmos causas de outras naturezas em deficiência. 
21 
Assim ressaltamos que toda pessoa deficiente poderá manifestar urna necessidade especial mas 
nem toda pessoa portadora de necessidade especial possui uma deficiência. Temos como exemplo, 
os diabéticos, os hipertensos, as gestantes, os idosos, os obesos e etc. 
Segundo Almeida e Machado (2005) ainda hoje é comum ouvir expressões 
como: "o fulano é deficiente". No entanto, ressalta-se que o fulano é uma pessoa como todas as 
demais, que poderá ou não possuir urna determinada deficiência. Pessoa é pessoa, sendo gorda, 
magra, alta, baixa, negra, branca ou mesmo com deficiência. Portanto, a pessoa deficiente não 
deixa de ser pessoa em razão de sua deficiência Sendo assim, a expressão ''o fulano é deficiente" 
não cabe, pois nesse caso o correto seria dizer que o fulano é uma pessoa com deficiência e 
caracterizar qual a deficiência que ele possui. 
Em qualquer sociedade existem valores sócio-culturais e estes refletem 
imediatamente no pensamento, nas imagens dos homens norteando sua ações e também nas 
palavras com que os homens se exprimem. Assim a palavra "deficiente" em todas as sociedades 
adquire um valor cultural segundo regras, padrões e normas estabelecidos nas relações sociais. 
O uso do termo "portador" também vem sendo questionado. Embora ele ainda 
se encontre na legislação e em boa parte da literatura sobre o assunto, hoje há 
um consenso de que ele é impróprio. A deficiência não é algo que se carrega, 
não é um objeto que se porta durante um certo tempo e depois se desfaz. A 
deficiência é parte constituinte da pessoa. Não tem como a pessoa se desfazer 
dela por sua simples vontade. Portanto, a pessoa não porta deficiência, ela a 
possui como integrante de sua identidade, de seu ser. (Almeida e Machado, 
2005, p. 31) 
Entende-se que os termos mrus adequados para caracterizar as pessoas com 
deficiência são as seguintes: 
* Deficiência Visual: pessoa com deficiência visual ou cega; 
* Deficiência Auditiva: pessoa com deficiência auditiva ou surda; 
* Deficiência Mental: pessoa com deficiência mental; 
* Deficiência Física: pessoa com deficiência física; e 
* Quando houver duas ou mais deficiências associadas~ utiliza-se expressão 
pessoa com deficiência múltipla. 
Apesar de todos os tipos de deficiência fazerem parte do grupo das pessoas com 
deficiências, existem características e necessidades bastante distintas entre elas. Como por 
22 
exemplo à pessoa com deficiência mental possui características e necessidades diferentes de uma 
pessoa com deficiência física e assim vale para outras deficiências e outras pessoas. 
Por isso, não é aconselhável comparamos as pessoas com deficiência de wn 
mesmo tipo e nem de tipos diferentes. Cada pessoa é aquilo que a sua vida lhe possibilitou ser. 
Portanto, independentemente de uma pessoa possuir ou não deficiência, ela é igual às demais 
naquilo em que é igual e é diferente das demais naquilo em que é diferente. 
Uma das maiores preocupações dos profissionais da área da saúde e das próprias 
pessoas com deficiência é de evitar os rótulos ou carimbos. 
A partir do momento em que uma determinada pessoa for rotulada com a marca 
da deficiência, nunca mais será a mesma. Passará a viver em todos os espaços 
sociais sob o estigma do inválido e do inútil. Numa sociedade que já tem 
estabelecido um padrão de perfeição, de beleza, de inteligência, de cor, 
alicerçados sobre valores econômicos, políticos, sociais, culturais, éticos e morais 
bem-definidos, essa ressalva torna-se por demais importante, pois se entende que 
o melhor seria evitar a colocação do carimbo "deficiência" do que depois retirar 
as suas marcas. Vale a pena lembrar, a título de esclarecimento, que o problema 
da pessoa com deficiência não é a deficiência em si, mas o tratamento que a 
mesma recebe por parte da sociedade, diante de sua deficiência. (Almeida e 
Machado, 2005, p. 32 - 33) 
1.4. Caracterização das Deficiências 
1.4.1. Deficiência Física 
Entende-se por Deficiência Física qualquer comprometimento no aparelho 
locomotor que compreende o sistema ósteo-articular, o sistema muscular e o sistema nervoso. E 
que de alk,JUma forma altera seu funcionamento normal, comprometendo assim a movimentação e 
a deambulação do indivíduo. 
A variabilidade é grande das patologias e agravos que alteram a motricidade. 
Além das alterações anatômicas devemos considerar também as alterações fisiológicas do 
aparelho locomotor. 
23 
1.4.1.1. Tipos de Deficiência Física 
' Lesão cerebral (paralisia cerebral, ' Patologias degenerativas do sistema 
hemiplegias) nervoso central (esclerose múltipla, 
esclerose lateral amiotrófica) 
*Lesão medular (tetraplegias, paraplegias) * Lesões nervosas periféricas 
* Miopatias (distrofias musculares) * Amputações 
* Seqüelas de politraumatismos * Malformações congênitas 
* Distúrbios posturais da coluna * Artropatias 
* Reumatismos inflamatórios da coluna e *Lesões por esforços repetitivos (L.E.R.) 
das articulações 
* Seqüelas de queimaduras 
1.4.1.2. Dados Estatísticos 
A OMS estima que, em termos de paz, 1 0% da população de países 
desenvolvidos são constituídos de pessoas com algum tipo de deficiência. Para 
os países em vias de desenvolvimento estima-se de 12 a 15%. Destes, 20% 
seriam portadores de deficiência física. Considerando-se o total dos portadores 
de qualquer deficiência, apenas 2% deles recebem atendimento especializado, 
público ou privado. (Ministério da Saúde - coordenação de Atenção a Grupos 
Especiais, 1995 apud entre amigos, 2007) 
1.4.1.3. Causas 
* Paralisia Cerebral: por prematuridade; anóxia perinatal; desnutrição; rubéola; 
toxoplasmose; trauma de parto; subnutrição; entre outras. 
24 
* Hemiplegias: por acidente vascular cerebral; aneunsma cerebral; tumor 
cerebral e outras. 
* Lesão Medular: por ferimento por arma de fogo; ferimento por anna branca; 
acidentes de trânsito; mergulho em águas rasas, traumatismos diretos;quedas; processos 
infecciosos; processos degenerativos e outros. 
* Amputações: causas vasculares; traumas; malformações congênitas; causas 
metabólicas e outras. 
* Mal formações congênitas: por exposição à radiação; uso de drogas; causas 
desconhecidas. 
* Artropatias: por processos inflamatórios; processos degenerativos; alterações 
biomecânicas; hemofilia; distúrbios metabólicos e outros. 
1.4.1.4. Fatores de Risco 
* Violência Urbana * Acidentes Desportivos 
*Tabagismo * Maus hábitos alimentares 
* Uso de drogas * Sedentarismo 
* Epidemias I Endemias * Agentes Tóxicos 
* Falta de saneamento Básico 
1.4.1.5. Identificando a Deficiência 
* Observar se o bebê está com atraso no desenvolvimento psicomotor, como não 
firmar a cabeça, não sentar, não falar, no tempo esperado. 
* Ficar atento se há alteração ou perda dos movimentos, da força ou da 
sensibilidade dos membros superiores ou inferiores. 
* Identificar erros inatos do metabolismo. 
* Identificar doenças infecto-contagiosas e crônico-degenarativas. 
25 
* Controle da gestação de alto-risco. 
Identificando precocemente pela família e por exame clínico especializado 
favorecerá a prevenção primária, secundária e o agravamento da deficiência. 
1.4.1.6. Exames para ter um Diagnóstico Correto 
* Barositometria (Lesados Medulares) * Avaliações Complementares 
Especializadas e por eqmpe 
multiprofissional 
* Potencial Evocado * Urodinâmica 
* Avaliação Isocinética e *Teste de Propriocepção- Reactor 
Eletroneuromiografia 
* Ergoespirometria * Baropodometria 
* Avaliação Clínica fisiátrica * Laboratório de analise tridimensional do 
movimento 
1.4.2. Deficiência Visual 
O termo deficiência visual refere-se a uma situação irreversível de diminuição 
da resposta visual, em virtude de causas congênitas ou hereditárias, mesmo após tratamento 
clínico e/ou cirúrgico e uso de óculos convencionais. Esta resposta pode ser leve, moderada, 
severa, profunda (grupo de visão subnormal ou baixa visão) e ausência total da resposta visual 
(cegueira). 
O individuo com baixa visão ou vtsao subnormal é aquele que apresenta 
diminuição das respostas visuais, mesmo após tratamento ou correção óptica. 
Possui uma acuidade visual menor que 6/18 à percepção de luz ou campo visual 
menor que 10 graus do seu ponto de fixação, mas que usa ou é potencialmente 
26 
capaz de usar a visão para o planejamento e/ou execução de uma tarefa. 
(Amigos, 2007) 
1.4.2.1. Tipos e Classificação de Deficiência Visual 
De acordo com a intensidade da deficiência temos: 
* Deficiência Visual Leve 
* Deficiência Visual Moderada 
* Deficiência Visual Profunda 
* Deficiência Visual Severa 
* Perda To tal da Visão 
De acordo com comprometimento de campo visual temos: 
* Comprometimento Central 
* Comprometimento Periférico 
* Sem Alteração 
De acordo com a idade de início, temos: 
* Deficiência Congênita 
* Deficiência Adquirida 
*Deficiência Múltipla (associada a outro tipo de deficiência, como surdez) 
1.4.2.2. Dados Estatísticos 
Segundo a OMS-Organização Mundial de saúde, cerca de 1% da população 
mundial apresenta algum grau de deficiência visual. Mais de 90% encontram-se 
nos países em desenvolvimento. Nos países desenvolvidos, a população com 
deficiência visual é composta por cerca de 5% de crianças, enquanto os idosos 
são 75% desse contingente. Dados oficiais de cada país não estão disponíveis. 
(Amigos, 2007) 
1.4.2.3. Causas 
As principais causas nos países em desenvolvimento são: 
* Infecciosas; 
* Nutricionais; 
*Traumáticas; 
* Causadas por doenças como as cataratas. 
Nos países desenvolvidos, as causas mais importantes são: 
* Genéticas· , 
* Degenerativas. 
De maneira geral as causas pode ser divididas também em: 
27 
* Congênitas: amaurose congênita de Leber, malformações oculares, glaucoma 
congênito, catarata congênita. 
* Adquiridas: traumas oculares, catarata, degeneração senil de mácula, glaucoma, 
alterações retinianas relacionadas à hipertensão arterial ou diabetes. 
1.4.2.4. Fatores de Risco 
* Histórico familiar por doenças de caráter hereditário, como o glaucoma. 
* Histórico pessoal de diabetes, hipertensão arterial e outras doenças sistêmicas 
que podem levar a comprometimento visual, como a esc1erose múltipla. 
* Senilidade, por exemplo: catarata, degeneração senil de mácula. 
* Ausência de cuidados pré-natais e prematuridade. 
* No trabalho, a não utilização de óculos de proteção em determinadas tarefas, 
como durante o uso de solda elétrica. 
28 
* Falta de imunização contra rubéola nas mulheres em idade reprodutiva, o que 
pode levar a maiores chances de rubéola congênita e conseqüente acometimento visual. 
3.4.2.5. Identificando a Deficiência 
Na criança: 
* Desvio de um dos olhos; 
* Não seguimento visual de objetos; 
* Não reconhecimento visual de familiares; 
* Baixo aproveitamento escolar; 
* Atraso de desenvolvimento. 
No adulto: 
* Barramento súbito ou paulatino da visão. 
Em ambas fases: 
Vermelhidão, mancha branca nos olhos, dor, lacrimejamento, flashes, retração 
do campo de visão que pode provocar esbarrões e tropeços em móveis. 
Em todos os casos, deve ser realizada avaliação oftalmológica para diagnóstico 
do processo e possíveis tratamentos, em caráter de urgência. 
1.4.2.6. Diagnóstico 
O diagnóstico é obtido através do exame realizado pelo oftalmologista que 
também pode recorrer a exames subsidiários. Quando a deficiência já é caracterizada, o 
29 
oftalmologista especializado em baixa visão fará uma avaliação para indicar o melhor e mais 
adequado auxílio óptico especial e a orientação a sua adaptação. 
1.4.3. Deficiência Auditiva 
Deficiência Auditiva é considerada genericamente como a diferença existente 
entre a performance do indivíduo e a habilidade normal para a detecção sonora de acordo com os 
padrões estabelecidos pela American National Standards Institute (ANSI- 1989). 
Em geral, considera-se que a audição nonnal corresponde à habilidade para a 
detecção de sons até 20 dB (decibéis). Os níveis limiares utilizados para caracterizar os graus de 
severidade da deficiência auditiva podem ter algumas variações entre os diferentes autores. 
Segundo o critério do Decreto 3.298, de 20 de dezembro de 1999, eles variam de graus e níveis 
da seguinte forma: 
Acentuada); 
e 
* de O a 24 dB de audição: Audição Normal; 
*de 25 a 40 dB de audição: Deficiência Auditiva Leve (Surdez Leve); 
*de 41 a 55 dB de audição: Deficiência Auditiva Moderada (Surdez Moderada); 
* de 56 a 70 dB de audição: Deficiência Auditiva Acentuada (Surdez 
* de 71 a 90 dB de audição: Deficiência Auditiva Severa (Surdez Severa); 
*acima de 91 dB de audição: Deficiência Auditiva Profunda (Surdez Profunda); 
* Anacusia (surdez total). 
Indivíduos com níveis de perda auditiva leve, moderada e severa são mats 
freqüentemente chamados de deficientes auditivos, enquanto os indivíduos com níveis de perda 
auditiva profunda são chamados de surdos. 
30 
1.4.3.1. Tipos de Deficiência Auditiva 
* Deficiência Auditiva Condutiva: qualquer interferência na transmissão do som 
desde o conduto auditivo externo até a orelha interna ( cóclea). A grande maioria das deficiências 
auditivas condutivas pode ser corrigida através de tratamento clínico ou cirúrgico. 
* Deficiência Auditiva Sensório-Neural: Ocorre quando há uma impossibilidade 
de recepção do som por lesão das células ciliadas da cóclea ou do nervo auditivo. Este tipo de 
deficiência auditiva é irreversíveL 
* Deficiência Auditiva Mista: Ocorre quando há urna alteração na condução do 
som até o órgão terminal sensorial associada à lesão do órgão sensorial ou do nervo auditivo. 
* Deficiência Auditiva Central, Disfunção Auditiva Central ou Surdez Central: 
Este tipo de deficiência auditiva não é, necessariamente, acompanhado de diminuição da 
sensitividade auditiva, mas manifesta-se por diferentes graus de dificuldade na compreensão das 
informações sonoras. Decorre de alterações nos mecanismos de processamento da informaçãosonora no tronco cerebral (Sistema Nervoso Central). 
1.4.3.2. Dados Estatísticos 
1.4.3.3. Causas 
Estima-se que 42 milhões de pessoas acima de 3 anos de idade são portadoras 
de algum tipo de deficiência auditiva, de moderada a profunda (OMS). Há 
expectativa que o número de perdas auditivas na população mundial chegue a 
57 milhões no ano de 2000. (Amigos, 2007) 
Deficiência Auditiva Condutiva: 
* Cerume ou corpos estranhos do conduto auditivo externo; 
* Otite Externa: infecção bacteriana da pele; 
* Otite Média: processo infeccioso e/ou inflamatório da orelha média; 
* Perfurações da membrana tirnpânica; 
* Malformações congênitas; 
* Fissuras palatinas. 
Deficiência Auditiva Sensório-Neural: 
31 
* Causa pré-natais (origem hereditárias, como surdez monogênica ou associada 
a aberrações cromossômicas); 
* Causas perinatais (prematuridade e/ou baixo peso ao nascimento; trauma de 
parto (fator traumático ou anóxico ); doença hemolítica do recém-nascido); 
* Causas pós-natais (infecções, como meningite, encefalite, sarampo; drogas 
ototóxicas; perda auditiva induzida por ruído (PAIR); traumas fisicos que afetam o osso 
temporal). 
1.4.3.4. Fatores de Risco 
* Antecedentes familiares com deficiência auditiva, levantando-se se há 
consangüidade entre os pais e/ou hereditariedade; 
* Infecções congênitas; 
* Peso no nascimento inferior a 1500g e/ou crianças pequenas para a idade 
gestacional (PIG); 
* Asfixia severa no nascimento, com Apgar entre 0-4 no primeiro minuto e 0-6 
no quinto minuto; 
* Meningite, principalmente bacteriana; 
* Permanência em incubadora por mais de sete dias; 
* Alcoolismo ou uso de drogas pelos pais, antes e durante a gestação; e 
* entre outros. 
32 
1.4.3.5. Identificando a Deficiência 
* O diagnóstico é feito a partir da avaliação médica e audiológica. 
* Em geral a primeira suspeita é feita pela famíli~ observam a ausência de 
reações a sons, comportamentos diferentes do usual e a criança um pouco mais velh~ o não 
desenvolvimento da linguagem. 
* O diagnóstico também poderá ser feito através de programas de prevenção das 
deficiências auditivas na infância (registro de fatores de risco e triagens auditivas). 
* O profissional de saúde, geralmente o pediatra examinará a cnança e 
encaminhará ao otorrinolaringologista, assim iniciará o diagnóstico precisamente. 
* Nos adultos, em geral a queixa de alteração auditiva é do próprio indivíduo e 
quando se tratar de trabalhadores expostos a situações de risco para a audição, o encaminhamento 
poderá advir de programas de conservação de audição. 
1.4.4. Deficiência Mental 
A deficiência mental é um termo usado à caracterização dos problemas que 
ocorrem no cérebro e por conseqüência leva a um baixo rendimento cognitivo, porém não afetam 
outras regiões ou áreas cerebrais. A deficiência mental é manifestada antes dos 18 anos. A 
criança com deficiência mental tem suas funções intelectuais abaixo dos padrões considerados 
normais e assim podem sofrer dificuldades no comportamento adaptativo. 
Segundo a AAMR (Associação Americana de Deficiência Mental) e DSM-IV 
(Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), por deficiência 
mental entende-se o estado de redução notável do funcionamento intelectual 
significativamente inferior à média, associado a limitações pelo menos em dois 
aspectos do funcionamento adaptativo: comunicação, cuidados pessoais, 
competência domésticas, habilidades sociais, utilização dos recursos 
comunitários, autonomia, saúde e segurança, aptidões escolares, lazer e trabalho. 
(Amigos, 2007) 
33 
A deficiência mental é caracterizada por um quociente de inteligência (QI) 
inferior a 70, esse valor é a média apresentada pela população, conforme testes padronizados 
psicométricos ou por uma defasagem cognitiva em relação às respostas esperadas para a idade e 
realidade sociocultural, segundo provas, roteiros e escalas, baseados nas teorias psicogenéticas. 
1.4.4.1. Tipos de Deficiência Mental 
Os indivíduos portadores de deficiência mental não são afetados da mesma 
fonna, pOis cada depende do grau de comprometimento para classificar-se. Assim temos a 
classificação de acordo com a CID 10 (Classificação futernacional das Doenças) que é baseada 
no nível do quociente e segue os seguintes critérios: 
F 70- Deficiência Mental Leve (QI 50 à 69) 
F 71- Deficiência Mental Moderada (QI 49 à 36) 
F 72- Deficiência Mental Severa (QJ 35 à 20) 
F 73 -Deficiência Mental ProfWlda (QI abaixo de 20) 
Porém está classificação estabelece apenas se a pessoa é portadora de deficiência 
mental ou não e sua categorização (leve, médio, severo e profundo), assim a nova classificação 
(AAMR e DSM-IV) proporciona uma avaliação detalhada do individuo e dos apoios de que ele 
necessita, possui implicações importantes para o sistema de prestação de serviços para essas 
pessoas e analisa todas as áreas necessárias para providenciar uma intervenção completa, uma 
vez reconhecida à interdependência do individuo com deficiência mental. 
Os apoios apresentam diferentes intensidades, como: 
* Intermitente: apoio ••quando necessário". Caracteriza-se por sua natureza 
episódica. Assim, a pessoa não precisa sempre de apoio ou requer apoio de curta duração durante 
momentos de transição em determinados ciclos da vida (por exemplo, perda de emprego ou fase 
aguda de uma doença). Os apoios intermitentes podem ser de alta ou de baixa intensidade. 
* Limitado: apoios intensivos caracterizados por sua duração, por tempo 
limitado, mas não intermitente. Pode requerer um menor número de profissionais e menor custo 
34 
que outros níveis de apoio mais intensivos (por exemplo, treinamento para o trabalho por tempo 
limitado ou apoios transitórios durante o período entre a escola e a vida adulta). 
* Extenso: apoios caracterizados por sua regularidade (por exemplo, diária) em 
pelo menos em algumas áreas (tais como na vida familiar ou na profissional) e sem limitação 
temporal (por exemplo, apoio a longo prazo e apoio familiar a longo prazo). 
* Generalizado: apoios caracterizados por sua constância e elevada intensidade, 
proporcionados em diferentes áreas, para proporcionar a vida. Estes apoios generalizados exigem 
mais pessoal e maior intromissão que os apoios extensivos ou os de tempo limitado. 
1.4.4.2. Dados Estatísticos 
Segundo a OMS, 10% da população em países em desenvolvimento, são 
portadores de algum tipo de deficiência, sendo que metade destes são portadores de deficiência 
mental. 
1.4.4.3. Causas e Fatores de Risco 
* Pré-Natais: são aqueles que vão incidir desde a concepção até o início do 
trabalho de parto, como: 
desnutrição materna; 
má assistência à gestante; 
doenças infecciosas (sífilis, rubéola, toxoplasmose ); 
tóxicos (alcoolismo, consumo de drogas, efeitos colaterais de medicamentos, 
poluição ambiental, tabagismo); 
genéticos (alterações cromossômicas, como síndrome de Down; alterações 
gênicas, como, sindrome de Williams, etc.). 
35 
* Peri-Natais: os que vão incidir do início do trabalho de parto até o 30° dia de 
vida do bebê, e podem ser divididos em: 
podem ser: 
inseticidas; 
-má assistência ao parto e traumas de parto; 
- hipóxia ou anóxia (oxigenação cerebral insuficiente); 
- prematuridade e baixo peso (PIG- Pequeno para idade Gestacional); 
-icterícia grave do recém nascido- kernicterus (incompatibilidade RH/ABO). 
* Pós-Natais: os que vão incidir do 30° dia de vida até o final da adolescência e 
desnutrição, desidratação grave, carência de estimulação global; 
infecções: meningoencefalites, sarampo, etc; 
intoxicações exógenas (envenenamento): remédios, produtos químicos, 
acidentes: trânsito, afogamento, choque elétrico, asfixia, quedas, etc; 
infestações: neurocisticircose. 
1.4.4.4. Identificando a Deficiência 
* Atraso no desenvolvimento neuro-psicomotor (a criança demora para firmar a 
cabeça, sentar, andar, falar); 
* dificuldade no aprendizado (dificuldade de compreensão de normas e ordens,dificuldade no aprendizado escolar); 
* É preciso que haja vários sinais para que se suspeite de deficiência mental. Um 
único aspecto não pode ser considerado como indicativo de qualquer deficiência. 
36 
1.4.4.5. Diagnóstico 
* O diagnóstico deve ser feito por uma equipe multiprofissional, como médico, 
psicólogo, assistente social, entre outros. A equipe avaliando o indivíduo terá mais condições de 
diagnosticar o caso, pois abrangerá a pessoa na sua totalidade. 
* Posterionnente, em reunião os profissionais concluirão o melhor tratamento e 
também orientarão a família que após entender as potencialidades do filho e suas necessidades 
poderá participar e cooperar nos tratamentos propostos. 
* O diagnóstico de deficiência mental é muitas vezes difícil; fatores emocionais, 
alterações de certas atividades nervosas superiores (retardo específico de linguagem ou dislexia, 
psicoses ou baixo nível sócio econômico ou cultural) podem estar na base da impossibilidade do 
ajustamento social adaptativo adequado, sem que haja necessariamente deficiência mentaL 
* Para um bom prognóstico todo o investimento em programas de estimulação 
precoce, pedagogia e ocupacionais (profissionalizantes ou não) visa sempre o pleno 
desenvolvimento do potencial apresentado pelo indivíduo e a inserção social do mesmo a sua 
comunidade. Quanto maior for à integração social da pessoa tanto maior serão as suas 
oportunidades de aceitação e inclusão na sociedade. 
1.4.5. Deficiência Mútipla 
As pessoas portadoras de deficiência múltipla são aquelas afetadas em duas ou 
mais áreas, associando diferentes deficiências, com possibilidade ampla de combinações. Este 
tipo de deficiência é urna situação grave, porém felizmente atinge uma população menor, em 
termos numéricos. 
Para um melhor entendimento definiremos a classificação desse tipo de 
deficiência mais detalhadamente, assim temos: 
* Surdocegueira: é uma deficiência única que apresenta a perda da audição e 
visão, criando assim necessidades especiais de comunicação, adaptações importantes para a 
37 
conquista de metas educacionais, recreativas, vocacionais sociais, a fim de compreender o mundo 
que o cerca 
* Múltipla Deficiência Sensorial: é a deficiência auditiva ou a deficiência visual 
associada a outras deficiências (mental e/ou fisica), como também a distúrbios (neurológico, 
emocional, linguagem e desenvolvimento global) que causam atraso no desenvolvimento 
educacional, vocacional, social e emocional, dificultando a sua auto-suficiência. 
1.4.5.1. Tipo de Deficiência Múltipla 
* Surdocegueira: 
cegueira congênita e surdez adquirida; 
surdez congênita e cegueira adquirida; 
cegueira e surdez congênita; 
cegueira e surdez adquirida; 
baixa visão com surdez congênita ou adquirida. 
* Múltipla Deficiência Sensorial: 
surdez com deficiência mental leve ou severa; 
surdez com distúrbios neurológicos, de conduta e emocionais; 
surdez com deficiência fisica (leve ou severa); 
baixa visão com deficiência mental leve ou severa; 
baixa visão com distúrbios neurológicos, emocionais e de linguagem e conduta; 
baixa visão com deficiência fisica (leve ou severa); 
cegueira com deficiência fisica (leve ou severa); 
cegueira com deficiência mental (leve ou severa); 
cegueira com distúrbios emocionais, neurológicos, conduta e linguagem. 
38 
1.4.5.2. Dados Estatísticos 
É muito dificil precisar números exatos. A razão principal é que a 
surdocegueira e a múltipla deficiência sensorial, em geral, ocorrem em conjunto 
com outras deficiências mascarando a deficiência sensorial. Sendo assim, o 
Grupo Brasil de apoio ao Surdocego e ao Múltiplo Deficiente Sensorial 
realizará um censo para mensurar o número exato de surdocegos e múltiplos 
deficientes sensoriais no Brasil. (Amigos, 2007) 
1.4.5.3. Causas e Síndromes 
* Icterícia * Prematuridade * Sífilis congênita 
* Otite média crônica *Meningite * West 
* Citomegalovirus * Medicação ototóxica * Bardet-Bedl's 
* Falta de oxigênio * Hidro e microcefalia * Lenox Gausteaux 
*Sarampo *Fator rh * Goldenhar 
* Traumatismos (acidentes) *Caxumba * Hallgren 
*Glaucoma * Rubéola materna * Flynn-Aird 
* Medicação teratogênica * Pierre Robin * Cockayne 
* Retinose pigmentar *Charge * Amaurose de Leber 
* Tumor cerebral * Keams-Lavre * Usher 
* Toxoplasmose * Alstrom *Catarata 
*Casamentos consangüíneos 
1.4.5.4. Fatores de Risco 
* Epidemias de doenças como rubéola, sarampo, meningite; 
* Infecções hospitalares; 
* Falta de saneamento básico; 
* Doenças venéreas; 
* Gravidez de risco. 
1.4.5.5. Identificando a Deficiência 
* O individuo pode apresentar movimentos estereotipados e repetitivos; 
*Não antecipa as atividades; 
39 
* Não demonstra saber as funções dos objetos ou brinquedos, utilizando-os de 
maneira inadequada; 
* Pode rir e chorar sem causa aparente; 
* Pode apresentar resistência ao contato fisico; 
* Empurra o olho, provocando sensações; 
* Movimenta os dedos e as mãos em frente aos olhos; 
* Não se comunica de maneira convencional; 
* Pode apresentar distúrbio de sono; 
* Não explora o ambiente de maneira adequada; 
* Tropeça muito e bate nos móveis, objetos e etc ... ; 
* Gosta de ficar em locais com luminosidade; 
* Pode não reagir a sons. 
1.4.5.6. Diagnóstico 
* Exames laboratoriais; 
* Avaliações genéticas; 
* Exames médicos (neurológico, visão, audição e fisico ); 
* Diagnóstico diferenciaL 
40 
1.4.6. Pessoa com Mobilidade Reduzida ou com Dificuldade de Locomoção (PDL) 
A Lei n. 10.098, de 19 de dezembro de 2000, defme pessoa portadora de 
deficiência ou com mobilidade reduzida "a que temporariamente ou permanentemente tem 
limitado sua capacidade de relacionar-se com o meio e de utilizá-lo". 
Pessoa com Mobilidade Reduzida ou com Dificuldade de Locomoção é definido 
como a pessoa que se movimenta com dificuldade, insegurança, que tem a necessidade de se 
apoiar, locomover-se com ou sem aparelhos ortopédicos ou próteses, reduzindo efetivamente a 
mobilidade, a flexibilidade, a coordenação motora e a percepção. 
Assim, além das pessoas com deficiências podemos enquadrar também às 
pessoas que necessitam de uma atenção especial, como as pessoas da terceira idade, gestantes, 
pessoas com deficiência temporária adquiridas, obesos, crianças, diabéticos, hipertensos. 
Cohen e Duarte apud Silva (2004, p. 50) exemplificam falando que pessoas que 
se locomovem por meio de cadeiras de rodas ou de muletas, idosos, gestantes, 
obesos, pessoas com deficiências temporárias, crianças, portadoras de pequenas 
cargas e/ou carrinhos de bebê e outros grupos, podem ser considerados como 
pessoas com dificuldade de locomoção (PDL). 
Nos dias de hoje, por exemplo, com uma perspectiva de vida maior depois da 
aposentadoria, os idosos estão mais dispostos e procuram cada vez mais atividades fora de casa. 
Diante disso, eles ficam expostos aos riscos encontrados nas ruas dos centros urbanos. São cada 
vez mais freqüentes os aumentos de mortes provocadas por quedas em lugares públicos ou 
acidentes nos meios de transporte. 
Os PDLs representam uma categoria heterogênea de usuários de uma grande 
cidade, estes vêem o ambiente a partir de outros ângulos de visão. Por exemplo, uma pessoa que 
se locomove em cadeira de rodas terá um ângulo de visão, percepção do espaço diferente daquela 
pessoa que se locomove a pé. Portanto qualquer mobiliário urbano que tenha a altura de SOem se 
tomará um obstáculo visual para o cadeirante e a percepção da cidade será fragmentada e 
constituída de muitas surpresas. 
41 
Outro exemplo, são as gestantes e os idosos que tentam olhar para o chão mas 
não conseguem ver seus pés, isto poderá gerar uma grande insegurança ao deslocar-se, 
comprometendo a apreensão do espaço. 
A percepção espacial destas pessoas se desenvolverá a partir de um diferente 
caminhar que busca identificar locais livres de barreiras para evitar quedas. A maneira de se 
deslocar e o ângulo de visão imposto pelas dificuldades no caminhar influenciamsobremaneira a 
experiência e o afeto pelos lugares. 
De acordo com Silva (2004), a mobilidade não deve apenas ser considerada 
como uma vantagem e sim como um direito de que todos devem ter para usufruir o seu direito 
constitucional de ir e vir. A mobilidade permite que pessoas com dificuldades de locomoção 
participem da vida política, econômica e cultural do país. 
42 
2 ACESSIBILIDADE 
Acessibilidade é definida pela norma NBR (Norma Brasileira Registrada) 
9050/94, como sendo "a possibilidade e condição de alcance para utilização, com segurança e 
autonomia, de edificações, espaços, mobiliários e equipamentos urbanos". 
A palavra acessibilidade é um conceito moderno de abordar o tema deficiência, 
este conceito é relatado em diversos países da Europa, da América do Norte e mais recente na 
América Latina. 
A acessibilidade pode ser vista de várias maneiras, conforme o enfoque e a área 
de estudos que está sendo conceituada. Por exemplo quando se pensa em transporte urbano, 
público, a preocupação é do acesso às pessoas no transporte dentro de sua cidade ou entre cidades. 
Já na área de geografia urbana, a acessibilidade é vista de uma forma mais abrangente, 
relacionada à questão da inclusão social e não da segregação. 
Para Santos (1987, p. 142) a acessibilidade só é garantida quando há cidadania, o 
que pressupõe que os direitos essenciais à vida humana sejam respeitados, como o 
direito à cultura, a economia, a sociedade, ao território, a política, ao lazer, a 
infonnação a saúde e educação, ou seja, a todos os bens e serviços que torne a 
vida das pessoas mais digna. 
Assim acreditamos que a acessibilidade não é a mesma em toda parte, depende-
se de questões sócio-econômicas, políticas, disponibilização de espaços para que as pessoas 
sejam inseridas. E para que a cidadania seja exercida na comunidade em que vive é preciso que 
as pessoas conquistem sua autonomia e independência e um dos fatores que contribui é o meio 
em que vivem, principalmente para as pessoas com necessidades especiais que precisam de 
espaços adaptados às suas necessidades. 
Para Silva (2004, p. 12), hoje, o conceito de acessibilidade evolui e envolve não 
só mais o ambiente físico, mas também as edificações, os transportes e também, 
o acesso aos meios de comunicação (rádio, televisão ... ). Um conceito bastante 
abrangente vê a acessibilidade como o processo de conseguir a igualdade de 
oportunidades e a participação plena em todas as esferas da sociedade e no 
desenvolvimento social e econômico do país pelas pessoas portadoras de 
deficiência. Além de ser uma garantia constitucional, a acessibilidade visa 
proporcionar acesso a todos os serviços da comunidade, possibilitando a sua 
43 
plena participação na sociedade, o que pennitiria um ganho de autonomia e de 
mobilidade a uma gama maior de pessoas, para que usufruam os espaços com 
mais segurança, confiança e autonomia 
A falta de acessibilidade é um desafio na vida das pessoas e no meio em que elas 
vivem. Obstáculos às vezes imperceptíveis para aqueles que não convivem com o problema, mas 
constrangedor para aqueles que não se encaixam no "padrão de homem" e convivem com essa 
realidade. As dificuldades enfrentadas, como atravessar avenidas, subir rampas inclinadas, passar 
por portas estreitas ou conduzir carrinhos de bebês em ruas esburacadas são atitudes normais do 
dia-a-dia de pessoas idosas, gestantes, crianças, dos incapazes temporários (acidentados), obesos 
e também das pessoas com deficiência. 
Destacamos, entretanto, que a questão da acessibilidade ainda carece de 
regulamentações adequadas, no âmbito dos organismos municipais, no que tange à fiscalização e 
controle das construções. 
2.1. O direito de ir e vir 
De acordo com a Lei n° 5.296, de 02 de Dezembro de 2004, art. &, A 
acessibilidade é a possibilidade e condição de alcance para utilização, com segurança e 
autonomia. total ou assistida, dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das edificações, 
dos transportes e dos dispositivos, sistemas e meios de comunicação e informação, por pessoa 
portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida 
A Secretaria dos Transportes Metropolitanos de São Paulo diz que a toda pessoa 
é garantido o direito universal de ir e vir, estabelecido na Declaração Universal dos Direitos 
Humanos da ONU e incorporado à Constituição Brasileira. No entanto, nem sempre todos os 
cidadãos podem exercer este direito. Barreiras ambientais, fisicas, econômicas, sociais e pessoais 
os impedem. Tais restrições atingem de forma bastante contundente as pessoas com restrição de 
mobilidade, que sofrem ainda com um outro tipo de barreira atitudinal: o preconceito. 
O grande desafio dos responsáveis pela construção e manutenção das cidades e 
seus equipamentos, incluindo o transporte, é projetar com a preocupação do desenho universal, 
capaz de permitir acessibilidade a todos, sejam eles idosos, obesos, gestantes ou portadores de 
44 
deficiências ou necessidades especiais. Mas, apenas com a garantia de recursos para que este 
desenho ooiversal se transforme em realidade, se terá uma mobilidade sustentável. 
Asseguramos que a conquista da autonomia e independência é uma das 
características da cidadania, favorecendo assim o bem-estar do indivíduo no meio em que ele 
vive. A maioria dos ambientes construídos apresenta barreiras visíveis e invisíveis. As barreiras 
visíveis constituem os impedimentos concretos, as dificuldades aos espaços. E as invisíveis 
compõem a forma de como as pessoas são vistas pela sociedade, representada, na maioria das 
vezes, por sua deficiência ou necessidade especial e não pelas suas potencialidades. Eliminando 
as barreiras visíveis possivelmente contribuirá para a diminuição das barreiras invisíveis. 
Como diz Prado ( 1997, p. O 1 ), os arquitetos, projetistas e designers devem rever a 
forma de conceber os espaços, os objetos, de modo que eles possam oferecer mais 
conforto, segurança e eficãcia. A acessibilidade deve estar presente nas 
edificações, no meio urbano, nos transportes e nas suas mútuas interações, 
confonne exigência constitucional. 
Hoje o moderno conceito de acessibilidade envolve o ambiente fisico, como 
edificações e os transportes, bem como o acesso aos meios de comunicação pelas pessoas com 
necessidades especiais. É muito importante que empresas, governos e a população se llllam para 
viabilizar esta questão que é Lei e que tomará a vida dessas pessoas muito mais práticas, dignas e 
prazerosas. 
A seguir explicitaremos as normas gerais e critérios básicos para a promoção da 
acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida e também 
apresentaremos as normas estabelecidas pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). 
O Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva decreta a Lei 5.296 de 
02/12/2004 que regulamenta a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência 
ou com mobilidade reduzida. 
Das condições gerais da Acessibilidade, Art. go Para os fins de acessibilidade, 
considera-se que: 
I - Acessibilidade: condição para utilização, com segurança e autonomia, total 
ou assistida, dos espaços e equipamentos urbanos, das edificações, dos serviços de transporte e 
dos dispositivos, sistemas e meios de comunicação e informação, por pessoa portadora de 
deficiência ou mobilidade reduzida; 
45 
II - barreiras: qualquer entrave ou obstáculo que limite ou impeça o acesso, a 
liberdade de movimento, a circulação com segurança e a possibilidade de as pessoas se 
comunicarem ou terem acesso à informação, classificadas em: 
a) barreiras urbanísticas: as existentes nas vias públicas e nos espaços de uso 
público; 
b) barreiras nas edificações: as existentes no entorno e interior das edificações de 
uso público e coletivo e no entorno e nas áreas internas de uso comum nas edificações de uso 
privado multifamiliar; 
c) barreiras nos transportes: as existentes nos serviços detransportes; c 
d) barreiras nas comunicações e informações: qualquer entrave ou obstáculo que 
dificulte ou impossibilite a expressão ou o recebimento de mensagens por intermédio dos 
dispositivos, meios ou sistemas de comunicação, sejam ou não de massa, bem como aqueles que 
dificultem ou impossibilitem o acesso à informação; 
111 - elemento da urbanização: qualquer componente da obras de urbanização, 
tais como os referentes à pavimentação, saneamento, distribuição de energia elétrica, iluminação 
pública, abastecimento e distribuição de água, paisagismo e os que materializam as indicações do 
planejamento urbanístico; 
IV - mobiliário urbano: o conjunto de objetos existentes nas vias e espaços 
públicos, superpostos ou adicionados aos elementos da urbanização ou da edificação, de fonna 
que sua modificação ou traslado não provoque alterações substanciais nestes elementos, tais 
corno semáforos, postes de sinalização e similares, telefones e cabines telefônicas, fontes públicas, 
lixeiras, toldos, marquises, quiosques e quaisquer outros de natureza análoga; 
V - ajuda técnica: os produtos, instrumentos, equipamentos ou tecnologia 
adaptados ou especialmente projetados para melhorar a funcionalidade da pessoa portadora de 
deficiência ou com mobilidade reduzida, favorecendo a autonomia pessoal, total ou assistida; 
VI - edificações de uso público: aquelas administradas por entidades da 
administração pública, direta e indireta, ou por empresas prestadoras de serviços públicos e 
destinadas ao público em geral; 
VII - edificações de uso coletivo: aquelas destinadas às atividades de natureza 
comercial, hoteleira, cultural, esportiva, financeira, turística, recreativa, social, religiosa, 
46 
educacional, industrial e de saúde, inclusive as edificações de prestação de serviços de atividades 
da mesma natureza; 
VIII - edificações de uso privado: aquelas destinadas à habilitação, que podem 
ser classificadas como unifamiliar ou multifamiliar; e 
IX - desenho universal: concepção de espaços, artefatos e produtos que visam 
atender simultaneamente todas as pessoas, com diferentes características antropométricas e 
sensoriais, de forma autônoma, segura e confortável, constituindo-se nos elementos ou soluções 
que compõem a acessibilidade. 
Art. 9° - A formulação, implementação e manutenção das ações de 
acessibilidade atenderão Às seguintes premissas básicas: 
I -a priorização das necessidades, a programação em cronograma e a reserva de 
recursos para a implantação das ações: e 
II - o planejamento, de forma continuada e articulada, entre os setores 
envolvidos. 
Art. 1 O. - A concepção e a implantação dos projetos arquitetônicos e 
urbanísticos devem atender aos princípios do desenho universal, tendo como referências básicas 
às normas técnicas de acessibilidade da ABNT, legislação específica e as regras contidas neste 
Decreto. 
§ 1 o Caberá ao Poder Público promover a inclusão de conteúdos temáticos 
referentes ao desenho universal nas diretrizes curriculares da educação profissional e tecnológica 
e do ensino superior dos cursos de Engenharia, Arquitetura e correlatos. 
§ 2° Os programas e as linhas de pesquisa a serem desenvolvidos com o apoio de 
orgarnsmos públicos de auxílio à pesquisa e de agências de fomento deverão incluir temas 
voltados para o desenho Wliversal. 
Art. 11. A construção, refonna ou ampliação de edficações de uso público ou 
coletivo, ou a mudança de destinação para estes tipos de edificação, deverão ser executadas de 
modo que sejam ou se tornem acessíveis à pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade 
reduzida. 
§ 1 o As entidades de fiscalização profissional da atividade de Engenharia, 
Arquitetura e correlatas, ao anotarem a responsabilidade técnica dos projetos, exigirão a 
47 
responsabilidade profissional declarada do atendimento às regras de acessibilidade precisas nas 
normas técnicas de acessibilidade da ABNT, na legislação específica e neste Decreto. 
§ 2° Para a aprovação ou licenciamento ou emissão de certificado de conclusão 
de projeto arquitetônico ou urbarústico deverá ser atestado o atendimento às regras de 
acessibilidade previstas nas nonnas técnicas de acessibilidade da ABNT, na legislação específica 
e neste Decreto. 
§ 3o O Poder Público, após certificar a acessibilidade de edificação ou serviço, 
determinará a colocação, em espaços ou locais de ampla visibilidade, do "Símbolo Internacional 
de Acesso", na forma prevista nas normas técnicas de acessibilidade da ABNT e na Lei n° 7.405, 
de 12 de novembro de 1985. 
Art. 12. Em qualquer intervenção nas vtas e logradouros públicos, o Poder 
Público e as empresas concessionárias responsáveis pela execução das obras e dos serviços 
garantirão o livre transito e a circulação de fonna segura das pessoas em geral, especialmente das 
pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzid~ durante e após a sua execução, de 
acordo com o previsto em normas técnicas de acessibilidade da ABNT, na legislação específica e 
neste Decreto. 
Art. 13. Orientam-se, no que couber, pelas regras previstas nas normas técnicas 
brasileiras de acessibilidade, na legislação específic~ observado o disposto na Lei n° 10.257, de 
10 de julho de 2001, e neste Decreto: 
I- os Planos Diretores Municipais e Planos Diretores de Transporte e Trânsito 
elaborados ou atualizados a partir da publicação deste Decreto; 
II- o Código de Obras, Código de Postura, a Lei de Uso e Ocupação do Solo e a 
Lei do Sistema Viário; 
IH - os estudos prévios de impacto de vizinhança; 
IV - as atividades de fiscalização e a imposição de sanções, incluindo a 
vigilância sanitária e ambiental; e 
V- a previsão orçamentária e os mecanismos tributários e financeiros utilizados 
em caráter compensatório ou de incentivo. 
§ 1 o Para concessão de alvará de funcionamento ou sua renovação para qualquer 
atividade, devem ser observadas e certificadas as regras de acessibilidade previstas neste Decreto 
e nas normas técnicas de acessibilidade da ABNT. 
48 
§ 2° Para emissão de carta de "habite-se" ou habitação equivalente e para sua 
renovação, quando esta tiver sido emitida anteriormente às exigências de acessibilidade contidas 
na legislação especifica, devem ser observadas e certificadas as regras de acessibilidade previstas 
neste Decreto e nas normas técnicas de acessibilidade da ABNT. 
ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) estabelece que: 
* NBR (Norma Brasileira Registrada) 14020 (01/12/1997) - Estabelece 
princípios gerais para a acessibilidade a pessoas portadora de deficiência, de forma segura, em 
trens de longo percurso. Aplica-se tanto a projetos novos quando às adaptações dos projetos já 
existentes. 
* NBR 14273 (30/0l/1999) - Estabelece os padrões e critérios que visam 
propiciar às pessoas portadoras de deficiência condições adequadas e seguras de acessibilidade 
autônoma ao espaço aeroportuário e às aeronaves das empresas de transporte aéreo público 
regular, regional e suplementar. 
*NBR 14970-1 (02/07/2003)- fixa os requisitos que garantem a acessibilidade 
no processo de dirigibilidade de veículos automotores para condutores com mobilidade reduzida 
(c.m.r.). 
* NBR 14970-3 (02/07/2003)- diretrizes para a avaliação da dirigibilidade do 
condutor com mobilidade reduzida em veículo automotor apropriado. Fornece as diretrizes para 
os examinadores de prova prática terem condições de avaliar o processo de dirigibilidade do 
condutor com mobilidade reduzida (c.m.r) em veículo automotor apropriado. 
* NBR 14970-2 (30/07/2003) - Diretrizes para avaliação clínica de condutor 
com mobilidade reduzida. Fornece diretrizes para avaliações clínicas em condutores com 
mobilidade reduzida, candidatos à obtenção da permissão para dirigir ou da renovação da 
Carteira Nacional de Habilitação, a serem realizadas por médicos peritos examinadores, 
conforme Resolução 80/l998 do CONTRAN. 
* NBR 9050 (31/05/2004) - Estabelece critérios

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