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ARTIGO AULA 5 - Análise do livro didático

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LIVRO DIDÁTICO (DE MATEMÁTICA): 
DISCUSSÕES, REFLEXÕES E HISTÓRIAS 
 
Herman do Lago Mendes
1
 
 
GT3 – Educação e Ciências Matemáticas, Naturais e Biológicas 
 
Resumo: Este trabalho faz uma breve abordagem histórica do livro (didático da matemática); É uma 
pesquisa bibliográfica que busca: refletir e discutir sobre a relação existente entre livro didático de 
matemática e ensino de matemática na Educação Básica; apresentar discussões referentes ao papel do 
“didático” em livro didático e disso, evidênciar suas características e peculiaridades. Uma delas 
considera o livro didático como um tipo de recurso que mantém pelo menos um objetivo, intencional, 
de fomentar os processos de ensino e de aprendizagem, enquanto que o livro, apesar de ser também 
uma mídia e um artefato tecnológico de registro humano, nem sempre mantém intenção em ensinar 
um objeto de saber a alguém. 
 
Palavras-chave: Livro Didático de Matemática. Educação Básica. Ensino e Aprendizagem de 
Matemática. 
 
 
Abstract: This work is a brief historical approach about a book (didactic of mathematics); It is a 
bibliographic research that seeks to reflect and to discuss the relation between mathematics textbooks 
and mathematics teaching in Basic Education; It presents discussions on the role of "didactic" in 
textbook and also highlights its characteristics and peculiarities. One of these characteristics considers 
the textbook as a kind of resource that holds at least one goal, intentional, to promote the processes of 
teaching and learning, whereas the book, although it is also a media and a technological artifact of 
human record, doesn’t always keep the intention to teach an object of knowledge to someone. 
 
Keywords: Mathematics Textbook. Basic Education. Teaching and Learning Mathematics. 
 
Introdução 
 Acreditamos na hipótese de que o livro surgiu da necessidade do ser humano registrar 
a sua oralidade, seus fenômenos, fatos, descobertas, lendas, histórias, enfim registrar um 
apanhado de ações, vivências, características naturais e até sobrenaturais. Antes do livro 
impresso já existiam outros artefatos tecnológicos de registros: pergaminho (Europa); tabletes 
de argila (Mesopotâmia); papiro (Egito); folha seca de palmeira (Índia); madeira (China) 
(JUNIOR, 2005). “Tijolo de barro (sumérios); material macio existente entre a casca das 
árvores e a madeira (maias e astecas); tábuas de madeira (romanos)” (CALDEIRA, 2013, 
p.1). 
Segundo Alves (2005) o livro na antiguidade era feito de tecidos, fibras vegetais, 
barro cozido. O livro era restrito na Idade Média, somente os sábios ou estudiosos tinham 
acesso às bibliotecas e eram escritas em latim ou em grego. 
 
1
 Professor de matemática efetivo da Secretaria de Estado da Educação de Sergipe. Mestrado em Educação 
Matemática e Tecnológica (UFPE). E-mail: herman2000@zipmail.com.br 
“O livro tem aproximadamente seis mil anos de história para ser contada” 
(CALDEIRA, 2013, p.1) e independentemente da metamorfose que o livro apresente no 
futuro, como é o caso atualmente dos e-books, o livro continuará a desempenhar um papel 
importante como meio de educação, de informação e de lazer. 
Os primeiros livros escritos em português tiveram início em Lisboa por pedido da 
rainha Leonor ao seu primo imperador romano Maximiliano “a fim de produzir a tradução de 
Bernardo de Alcoboça – Sexão – obra do século XIII para dar de presente ao seu marido 
D.João II (HALLEWELL, 2005, p.38). 
A tipografia surgiu por meio de Gutemberg no século XV e que a partir do século 
XIX aumentou o número de leitores na França e na Inglaterra por acreditarem que podiam 
ascender socialmente (ALVES, 2005, p.12). Por esta afirmação somos levados a refletir no 
potencial que a leitura pode oportunizar a uma nação. Não é por acaso que eles são uma das 
maiores potências socioeconômicas da atualidade... 
O livro é um artefato tecnológico de memória humana. Questionamos: Por que ler 
um livro? Neto (et al 1974) nos apresentam duas respostas opostas: o primeiro seria criar com 
a leitura um momento de refúgio, isolamento do mundo entrando em um processo de 
imaginação, de contemplação, de magia; Na segunda resposta o leitor estaria preocupado em 
buscar conhecer a sua realidade, o seu mundo, atualizar-se. O primeiro a banha significados 
de lazer, de distração, de divertimento. Enquanto o segundo motivo trás significados de 
compreensão, de participação, de interação com o seu mundo, buscado está-se informado dos 
acontecimentos, dos fenômenos, das histórias da sua realidade. Sintetizando, o leitor mantém-
se motivações intrínsecas na qual pode estimular ideias e sentimentos e pode potencializar 
modificações e estimulações entre o leitor e os sujeitos a sua volta. Por esse entendimento de 
utilização de livro, somos levados a concordar com Neto (et al 1974) porque o livro é um 
artefato que pode provocar mudanças nos modos de pensar, de agir e de sentir. 
Segundo Hallewell (2005, p.43), “o livro existe para dar expressão literária aos 
valores culturais e ideológicos. Seu aspecto gráfico é o encontro da estética com a tecnologia 
disponível”. Além do mais, comenta que o livro impresso teve início na Europa a partir do 
século XV, feito de papel. E que somente em 1808 no Brasil apareceu a prensa tipográfica no 
Rio de Janeiro. 
Os primeiros livros impressos se destinavam a suprir as necessidades do clero e das 
missões. Assim, segundo Hallewell (2005, p.82), “pelo menos os dois primeiros séculos da 
colonização portuguesa e espanhola, a impressão foi, em toda a parte, auxiliar da igreja 
evangelizadora, implantada em quase todos os casos por iniciativa dos clérigos”. 
O livro é um símbolo cultural porque é dotado de conteúdos, interpretações e 
registros em função de saberes, de descrições, de histórias, de fenômenos, de crenças, de 
artes, de características de determinada cultura. O livro é também considerado como um tipo 
de mídia que pode ser veículo e suporte de difusão de informações; meio capaz de transmitir 
mensagens; recurso portátil que pode ser lido e relido por pelo menos uma pessoa; artefato 
tecnológico que pode proporcionar, ao mesmo tempo, aprendizagem/divertimento, 
informação/emoção e conhecimento/imaginação. 
Para Alves (2005) o livro pode ser considerado como uma mercadoria cultural, com 
maior ou menor significado no contexto socioeconômico em que é publicado. Assim, o livro 
possui uma carga ideológica na qual o autor escreve por algum interesse e disso mantém uma 
postura não neutra; pode proporcionar status, poder, prestígio intelectual e conhecimento. Pois 
são estas qualidades inerentes ao livro que podem ser utilizadas por editoras em manter um 
discurso mercadológico e publicitário editorial enquanto produto de desenvolvimento 
intelectual ou de progresso financeiro. Partindo desse discurso frente ao livro, ou melhor, 
frente à sua editoração Franco (1982) comenta que o livro didático mantém duplos desafios: 
produzir conhecimento ou informação e lucro. Argumenta pelo fato de que o papel 
pedagógico que o livro didático pode assumir, proporcionar é insuficiente, apesar de 
necessária. 
Este trabalho pretende discutir o papel do livro didático (de matemática) no ensino 
escolar. Recorrendo às referencias bibliográficas, busca-se discutir os seguintes 
questionamentos: Existe diferença entre livro didático e livro comum? Todo livro é 
“didático”? O que o faz ser caracterizado como tal? Por que desta categorização: “livro 
didático”? Por que utilizar livro didático de matemática? Que relação mantém a disciplina 
matemática da Educação Básica e o livro didático de matemática? 
Discutiremos a seguir o teor “didático” do livro didático, apresentando uma breve 
história do livro didático de matemática e a sua relação com o ensino de matemática. Por fim, 
sintetizaremos características de ambos (de livro e delivro didático de matemática) nas 
considerações finais. 
 
Livro Didático (de Matemática) 
Segundo Libânio (1994) os livros didáticos, às vezes, encobri ou oculta esforços 
humanos de várias gerações sobre o conhecimento da realidade, não mantém interligação 
social, e até mesmo, histórica de determinado conteúdo. Ou seja, é como se a criação de 
determinado conteúdo surgisse do nada, como “caísse de paraquedas” na história da 
humanidade (MENDES, 2013). 
Nos livros didáticos, não existem verdade absoluta. Ele é um guia teórico e prático 
de conteúdos científicos que necessita ser complementado por outras leituras em diferentes 
mídias, por ponto de vistas e ângulos diferentes do livro (LIBÂNIO, 1994). 
Libânio (1994) recomenda, assim como Mello e Souza, e Bezerra (1984), que os 
docentes evitem sobrecarregar conteúdos. Mello e Souza, e Bezerra (1984) destacam que 
devemos utilizar os livros didáticos por uma ordem psicológica, sugestiva para os alunos e 
não, como de costume, por uma ordem rigorosamente lógica. Estamos de acordo com Mello e 
Souza, e Bezerra (1984) porque muitas vezes nós, docentes, ficamos preocupados em ensinar 
todo o conteúdo pretendido antes da prova. Na verdade nem sempre o tempo que se aprende é 
igual ao tempo que se ensina. Além desse entendimento, Mello e Souza, e Bezerra (1984) 
consideram o livro didático como um veículo estimulador de aprendizagem de tal maneira que 
desperte o interesse do aluno, conduzindo-o à uma aprendizagem realmente construtiva. Para 
tal, é preciso ser um objeto de cuidadosa seleção, organização e aplicação. Essa escolha e uso 
precisam 
 
resultar do exercício consciente da liberdade do professor no planejamento 
cuidadoso das atividades escolares, o que reforçará a posição de sujeito do 
professor em todas as práticas que constituem sua tarefa docente, em cujo 
dia-a-dia ele reescreve o livro didático, reafirmando-se, neste gesto, sujeito 
de sua prática pedagógica e um quase co-autor do livro (MEC, 1996, p.9). 
 
Segundo Brasil (2010, pp.12,13) “o livro didático é um interlocutor que dialoga com 
o professor e aluno, que pode auxiliar no planejamento e na gestão das aulas”. Enfatiza 
dizendo que ele não é o único recurso a ser utilizado em aulas de matemática, mas que precisa 
ser complementado, “pois a variedade de fontes de informação é que contribuirá para o aluno 
ter uma visão ampla do conhecimento” (BRASIL, 2010, 67). “É preciso considerar 
especificidades sociais e culturais de cada ambiente escolar em que o livro é utilizado” 
(BRASIL, 2010, pp.12,13). 
No Brasil, o livro didático é muito utilizado e até mesmo determinante nas escolhas 
dos conteúdos e condicionantes estratégicos de ensino, “marcado, pois, de forma decisiva, o 
que se ensina e como se ensina o que se ensina” (MEC, 1996, p.4). Isto é confirmado por 
nossa percepção na prática escolar frente ao uso do livro didático: a “prisão” ou falta de 
liberdade ou comodismo que o professor e a professora criam com a utilização do livro 
didático. Neste caso o livro didático é quem determina o que o(a) professor(a) deve ensinar, 
como ensinar e em que ordem seguir. Apesar de MEC (1996) comentar sobre a única e 
“idolatrada” utilização do livro didático pela maioria dos professores(as) brasileiros(as) em 
aulas, admite que o livro didático pode ser decisivo para a qualidade do aprendizado 
resultante das atividades escolares
2
. Evitaremos, contudo, “cair na tentação” de todo desenho, 
planejamento, sequência, organização de conteúdos prontos e propostos por um livro didático 
(de matemática) na sua articulação em sala de aula, na prática escolar da professora e do 
professor. 
O acompanhamento e a organização dos processos de ensino e de aprendizagem 
vivenciados na sala de aula por alunos e professores que utilizam este livro didático 
certamente estabelecem uma grande parceria com seus autores. Definir prioridades, localizar, 
decidir quais aspectos das ações educacionais, modificar a sequência de tópicos sugerida, 
ampliar ou reduzir a quantidade das atividades são considerados por nós como uma 
prerrogativa do professor. Consideramos o livro didático como um parceiro a mais no 
cotidiano da sala de aula. Sua influência não pode apresentar obstáculos ao projeto 
pedagógico da escola e à proposta didática realizada pelo professor (CENTURION et al, 
2012, p.5 – Manual do Professor). 
Segundo Marisa Lajolo (MEC, 1996) o adjetivo didático faz sentido quando o livro é 
utilizado no ensino-aprendizagem formal de maneira sistemática em aulas e cursos. Para ser 
didático é preciso ser de forma sistemática, no ensino e na aprendizagem de um determinado 
objeto do conhecimento humano, geralmente caracterizado como disciplina escolar, sendo 
produzido para a aprendizagem coletiva e orientada por algum professor. Portanto, o livro 
didático é um material disponibilizado para dois tipos de leitores: o aluno e o professor
3
. 
Além disso, entendemos o significado do adjetivo didático como sendo a forma 
organizacional, estratégica, metodológica de todo o livro; o que este propõe, quais são as suas 
intenções e finalidades educacionais. O livro didático deverá auxiliar nos aspectos humanos 
(compreensão, aprendizagem, reflexão, pesquisa, treinamento, assimilação), dos 
conhecimentos de quem irá lê-lo; sempre buscando um laço educativo e tentando responder a 
pergunta: Como posso divulgar, arquivar, exercitar, transmitir, fomentar, ilustrar o 
 
2
 Observe na escrita de Marisa Lajolo (MEC, 1996) que o resultado da aprendizagem é decorrente não 
exclusivamente do uso do livro didático, mas sim do trabalho desenvolvido nas atividades escolares (as 
atividades realizadas com o livro didático são uma das atividades realizadas na ou fora da escola). Entendemos 
atividade pelo papel que a pessoa exerce como sujeito, a questão do móbiles. Ai está inserida trabalho, prática e 
ações interligadas. 
3
 Por essa razão, surge denominações, como exemplo, o livro ou manual do professor. Ou seja, este está 
especificamente direcionado para os professores, a linguagem pode ser diferenciada do didático, mas geralmente 
o que diferencia é a presença dos exercícios resolvidos, orientações didáticas e referências de outras leituras. 
 
conhecimento (científico) de maneira mais compreensiva para o leitor? Daí “enxergamos” a 
transposição didática como elemento fundamental e necessário para a seleção, planejamento e 
organização de conteúdos científicos. Partindo do entendimento da existência de distância ou 
nível de complexidade entre o saber científico e o saber escolar, é de extrema importância o 
papel didático para contornar ou amenizar esta complexidade ensinada, apresentada nos livros 
didáticos. Neste sentido, o livro didático é um artefato tecnológico de transposição de saberes: 
a transposição do saber dita científica, acadêmica ao saber dita escolar. 
Segundo Freitag, Metta e Costa (1987) a Lei 1006 de 30/12/1938 define pela 
primeira vez o conceito de livro didático: Art. 29§ 19, “livros de leitura de classe são os livros 
usados para a leitura dos alunos em aula; tais livros também são chamados de livros de texto, 
livros-textos, compêndio escolar, livro escolar, livro de classe, manual, livro didático”. 
Segundo Marisa Lajolo (MEC, 1996, p.5), 
 
[...] todos os componentes do livro didático devem estar em função da 
aprendizagem que ele patrocina [...] tudo precisa estar em função da situação 
coletiva da sala de aula para que com ele aprenda não apenas os seus 
conteúdos, mas também aprenda os seus valores e atitudes especificas. 
 
É exatamente como nós interpretamos o uso de livro didático: não podemos nos 
prender a ele, podemos (e não devemos – sentido de obrigação) utilizar o livro didático em 
função de nossos objetivos, necessidades e planejamento. O sugerido é mantermos o diálogo 
com o livro didático e este conoscoquando for necessário, estratégico para os processos de 
ensino e de aprendizagem. Essa utilização dependerá da aprendizagem dos alunos e das 
alunas, da motivação no momento da aula. Até porque tem dias ou assuntos que é preciso 
mudar a rotina, as atividades, os recursos, os materiais e os locais de aula (por que não?). 
Além do mais, podem ter outras formas de estudar os conteúdos, em diferentes alternativas, 
mais dinâmicas que o livro, sozinho, não pode proporcionar. Como é o caso da utilização de 
softwares de computadores para mostrar uma simulação, por exemplo. 
Segundo Alves (2005) existe um desprestígio com o livro didático devido à 
dificuldade de acesso às fontes, onde muitas vezes especifica a leitura e mostra exercícios de 
aplicação sem valorizar a inserção de produção de conhecimento científico e seus aspectos 
epistemológicos. A partir disso, entendemos que o livro didático passa a ser o fim acabado e 
não um meio de pesquisa. Sendo assim, o livro didático seria um manual de usuário, tendo 
regras postas para serem seguidas fielmente para se obter sucesso. O livro didático seria um 
livro de receitas prontas para o consumo ou degustação. Semelhante a este discurso, MEC 
(1996) no seu texto sob o título “Livro Didático: um quase manual de usuário” também critica 
esta concepção de livro didático. Por outro lado, somos favoráveis que ocorra instrução como 
um manual objetivo em determinados momentos. Assim, nós substituiríamos o “quase um 
manual de usuário” para um “breve manual para o leitor” ou melhor: “o livro didático como 
mais um recurso de pesquisa”. Por esta abordagem entendemos que o primeiro plano seria a 
aprendizagem e o livro didático, os outros recursos, ferramentas e meios educacionais 
estariam em um segundo plano. Mudaria uma concepção metodológica “o que se aprende” 
para “como se aprende”. 
Neto (et al, 1974) comentam que o livro didático mantém pontos fortes e fracos. Para 
suprir esses pontos fracos ou desvantagens, recomendam que o professor, que tem total 
responsabilidade, procurar suprir as suas deficiências por meio de outros recursos e 
atividades. O interessante é apresentar pontos de vistas e interpretações diferentes do livro 
apresentado. Até porque o livro por melhor e mais detalhado que seja apresenta limitações. 
O livro didático pode ainda ser um documento de “vigilância” de ensino da 
professora e do professor, visto que existem muitos familiares de alunos e de alunas que 
verificam, e até mesmo exigem, que o livro didático seja utilizado. Devido a essa cobrança, os 
discentes acabam sendo avaliados, cobrados e/ou chamados à atenção a cumprirem tal 
requisito didático. Infelizmente a utilização ou não do livro didático pode ser um critério 
(positivo-negativo) de avaliação de sua prática de ensino concluindo se os discentes são bons 
ou maus profissionais. Os familiares até certo ponto tem razão quando se referem ao preço 
gasto em livros didáticos (que é muito caro, muitos livros didáticos no Brasil custam cerca de 
1/8 do salário mínimo) e seu filho ou filha não os utilizam em aula. No entanto, não os em 
pedi de utilizá-los em seus estudos em casa, por exemplo. Será que o professor e a professora 
tem a obrigação de lembrá-los de utilizarem os livros didáticos ou é algo que cabe a cada 
aluna e aluno exercer este hábito, esta conscientização ou até mesmo esta escolha? Se 
“direcionarmos” a responsabilidade de aprender ao aluno e á aluna acreditamos que iria anular 
essa concepção de que os exercícios, leitura ou qualquer atividade em livros didáticos 
deveriam ser solicitadas pelo discente. Por outro lado, torna-se complicado porque esses 
familiares possivelmente aprenderam dessa maneira (utilizando livros didáticos) e pode achar 
(com todo o direito, por que não?) que aprender deve ser através do saber-fazer atividades do 
livro didático. 
O livro didático por ser impresso, geralmente de fácil locomoção, pode ser 
consultado quantas vezes quiser. Neto (et al 1974) comentam a vantagem em integrar e 
sistematizar as matérias por meio do livro. Em um único recurso existe a possibilidade de 
organizar temas, assuntos, atividades, exercícios e problemas em um único local impresso. 
Por outro lado traz um perigo. A professora e o professor podem se acomodar com este único 
recurso. Neto (et al 1974) comentam que o momento crucial é a escolha do livro didático, que 
por tê-lo determinados objetivos poderão apresentar características adequadas as necessidades 
dos estudantes de maneira relativa e não absoluta. 
Franco (1982) comenta que os livros didáticos são agentes culturais, apresenta 
parcelas de conhecimento, sequência de informações lógicas, não é neutro e por sua vez 
manifesta inserção de valores, reprodução ideológica, função de conscientização, reflexão e 
questionamentos, problemas sociais. 
Todo e qualquer material escrito possibilita sua utilização como fonte de informação, 
sobre o comportamento humano, dessa forma o livro didático de matemática é um documento, 
uma fonte de pesquisa. Além de trazê-lo consigo representações e valores predominantes na 
sociedade (ALVES, 2005). 
Segundo Franco (1982) o livro didático é mercadoria porque as editoras mantém o 
controle de mercado. São elas quem decidem o caminhar do livro didático. É claro que com a 
ajuda das professoras e dos professores, pesquisadores e outras pessoas que auxiliam na sua 
impressão, editoração e divulgação. Daí o livro didático tem uma dinâmica de consumo 
diferente dos demais livros porque ele é comprado pelos estudantes ou ganho, mas não são 
elas/eles quem escolhe. Quem escolhe o seu livro são as professoras, os professores, demais 
pessoas da escola ou da secretaria de educação de determinado município ou estado. Assim, 
Franco (1982) diz que é comum expandir o livro didático enquanto conteúdo para ser mais 
accessível a população, independente de cultura, de religião, de classe socioeconômica. Dessa 
expansão de conteúdo para retomar proveito na venda, pode deixar de lado aspectos culturais 
e regionais de determinado estado, município. Assim, a editora lança um livro didático que 
abrange conteúdos universais que possam atender aos consumidores (docentes, discentes, 
pessoas afins) de uma maneira geral. Ao nosso entender, esta tentativa de generalizar 
conteúdos de determinada área de conhecimento pode ser prejudicial à aprendizagem, até 
porque quantidade não significa qualidade. É difícil trabalhar aspectos culturais de diversos 
estados do Brasil, país extenso e multicultural, em um único livro didático. Daí parte uma das 
discussões no campo educacional em organizar conteúdos básicos de matemática para serem 
ensinados nas escolas em nível nacional. Isto é possível
4
? 
 
4
 Existe atualmente uma discussão frente ao planejamento da base curricular comum para cada disciplina escolar. 
Mais informações: http://portal.mec.gov.br 
Por essa generalização de conteúdos para atender várias escolas Brasil (2000) é 
contra e sugeri o seguinte: 
 
Ao selecionar um tema, a forma de trabalho deve ser pensada de modo 
integrado à sua escolha, evitando repetir o modelo curricular das listas de 
assuntos enfileirados. As escolhas que serão feitas devem ter no horizonte o 
aluno de cada escola, daí a necessidade de um olhar cuidadoso para esses 
jovens, indivíduos cognitivos, afetivos e sociais, que possuem projetos de 
vida, histórias pessoais e escolares (ibidem, p.120, grifo nosso). 
 
Junior (2005) comenta que o livro didático recebe destaque no cenário nacional 
brasileiro quantitativamente e qualitativamente porque o governo adota milhões de livros 
gratuitos aos estudantes de escolas públicas; porque o Programa Nacional do Livro Didático 
(PNLD) é o maior programa do Estado brasileiro; porque transpõem conhecimentos 
científicos para o conhecimento didático; porque “é o veículo pelo qual as informaçõescientíficas devem ser apresentadas em uma linguagem adequada ao processo de ensino-
aprendizagem e disponível para tal” (JUNIOR, 2005, p.9). Concordamos com Junior (2005) 
em parte. Estamos de acordo que o livro é um veículo e não “o” veículo até porque existem 
outros recursos ou materiais didáticos disponíveis que auxiliam, fomentam, possibilita meios 
aos processos (plural) de ensino e de aprendizagem e não processo de ensino-aprendizagem 
(no singular). Partimos do princípio que só faz sentido ensinar se o aluno e a aluna 
aprenderem, caso contrário a professora ou o professor estarão apenas “catarelando”. De 
maneira análoga, a aluna e o aluno aprendem por intermediação, interdependência de alguém 
ou ainda, por algum artefato tecnológico, que é claro, construída por algum ser humano. Há, 
portanto, a necessidade de alteridade. Estamos de acordo com Junior (2005) que a ideia 
básica do livro didático é proporcionar uma linguagem mais accessível, compreensível para os 
estudantes, para o leitor de uma maneira geral. Mas o livro didático não é útil e objetivo 
apenas ao contato, facilidade, divulgação de conhecimentos científicos, mas também como 
Neto (et al 1974) e Junior (2005) consideram a função dupla do livro: promover a 
compreensão, aproximação, informação, contato do mundo que o cerca, da realidade e 
também como refúgio, isolamento desse mundo, dessa realidade, algo mais recreativo, 
literário e imaginário. É claro que ambos podem constituir-se de informação e lazer ou 
conhecimento e divertimento ou ainda compreensão e imaginação ao mesmo tempo. 
Segundo a pesquisa da Fundação João Pinheiro (2000): aproximadamente 64% da 
produção de livros no Brasil é no setor de livros didáticos, 17% obras gerais e 14% livros 
religiosos (CARVALHO, 2008, p.10). Ou seja, mais da metade de toda a produção de livros 
no Brasil gira em torno de livros didáticos! 
O livro didático pode ajudar na atualização de conteúdos, pode fomentar e agilizar o 
ensino por meio de mapas, gráficos e tabelas, além de servir como um recurso de memória de 
exercícios, de problemas, entre outras opções. Por outro lado, essas qualidades do livro 
didático podem acarretar comodismo em planejar e selecionar assuntos assim como 
negligenciar a busca por outros recursos e matérias didáticos. 
O livro didático é um artefato tecnológico que mantém: status, conhecimento, 
cultura, valores, mercado, política e ideologia. 
 
Breve abordagem histórica de livros didáticos de matemática no Brasil 
“Os primeiros livros escolares publicados aqui no Brasil foram impressos pela 
Impressão Régia” (HALLEWELL, 2005, p.215). O mercado livreiro era pequeno como 
também os métodos primitivos de ensino usados em muitas escolas dispensavam inteiramente 
o uso de livros. Nas três primeiras décadas do século XX o interesse do governo foi destinar 
os livros didáticos exclusivamente para o ensino superior. Cita-se como exemplo a Academia 
Militar do Rio de Janeiro, as faculdades de direito de Olinda e de São Paulo. O ensino 
secundário era constituído de “aulas avulsas”, classes independentes do que escolas regulares. 
O ensino primário era pouco desenvolvido, apenas em 1834 com a abdicação de D.Pedro I foi 
deliberado o ensino público em nível de ensino primário e secundário (ensino fundamental e 
médio respectivamente). Sendo criado o Colégio Pedro II em 1837 no Rio de Janeiro que 
depois foi expandido seu modelo para Pernambuco, São Paulo e Ceará (ibidem). Só em 1823 
pela Constituição Imperial que deliberou educação primária gratuita e universal (ibidem). 
Neto (et al 1974) mencionam dois grandes clássicos mundiais: Os Elementos de 
Euclides sobre Geometria e o Syntaxis Mathematica de Ptolomeu sobre trigonometria. O 
primeiro escrito em 300 a.C que reinaram como livro didático por mais de 1400 anos! Muito 
influentes no ensino de matemática que se tomou um caráter lógico, rígido e sistemático. Com 
a invenção da imprensa no século XVI, Portugal e a Europa de uma maneira geral, 
proliferaram a publicação de livros didáticos, entre estes destacamos os mais antigos 
“compêndios” de matemática escritos em português de Portugal que no geral abordavam 
sobre textos de álgebra, aritmética e geometria. Há a hipótese de que o primeiro livro didático 
de matemática impresso em português foi o Tractado da Pratica da Arismetica do português 
Gaspar Nicolas em 1530. Sendo corrigido e ampliado em 1540 por Manuel de Fiqueredo. 
Outro livro impresso em português foi a Pratica Darimetica Novamente Agora Composta do 
advogado Rodrigo Mendez. 
O primeiro livro de matemática escrito por um brasileiro foi o Exame de Artilheiros 
de José Fernandes Pinto Alpoim em 1744. Ele era engenheiro e artilheiro, escreveu também 
sobre o Exame de Bombeiros. O primeiro livro fala sobre geometria aritmética e artilharia. É 
estruturado por perguntas e respostas e inclui quatro apêndices: 1º perguntas úteis, 2º método 
de contar balas e bombas na pilhas, 3º baterias e o 4º fogos de artifícios. Dão destaque 
também, mencionando duas traduções de brasileiros: Manuel Jacinto Nogueira da Gama de 
Lagrange sob título Reflexões sobre a metafísica do cálculo infinitesimal do matemático 
Carnot e da Teoria das funções analíticas que contém os princípios do cálculo diferencial de 
Lagrange traduzido em 1798 (NETO et al 1974). 
Valente (2008) e Neto (et al 1974) afirmam que os livros didáticos de matemática, 
Exames de Artilharia e Exames de Bombeiros, surgiram da necessidade de “formar” militares 
capazes de defender a colônia de invasores por meio de conhecimentos em fortificações, 
artilharia, bombas, mosteiros, desenho, aritmética, geometria, entre outros. Essas exigências 
faziam parte da Coroa Portuguesa, que em 1699 planejou fortificar a colônia de invasores. 
Os primeiros livros de matemática impressos no Brasil foram Os Elementos de 
Álgebra do matemático suíço Leonhard Euler e os Elementos de Geometria e Tratado de 
Trigonometria do francês Adrien Marie Legendre em 1809. Outro destaque é a Impressão 
Régia sobre Tratado de Aritmética de Lacroix traduzido por Silva Torres em 1812. Durante o 
Império aumentou o número de publicações de livros didáticos de matemática originais e 
traduzidos destinados ao ensino básico (NETO et al, 1974). Estes comentam o atraso cultural 
brasileiro decorrente da colonização com Portugal: 
 
Em virtude das proibições portuguesas que impediam a publicação e o 
funcionamento de tipografias no Brasil, o país conheceu a imprensa 
demasiado tarde. Esta surgiu somente em 1808, quase quatro séculos depois 
do aparecimento, na Europa, dos primeiros impressos. Destinado 
inicialmente a Lisboa, o material gráfico que possibilitou a impressão dos 
nossos primeiros livros acabou vindo para o Brasil graças as providências de 
Antonio de Araújo, futuro Conde da Barca, que se lembrou de traze-los no 
porão de um navio, por ocasião da transferência da corte de D.João VI para o 
Rio de Janeiro. Da tipografia oficial, denominada Impressão Régia, saíram, a 
partir de 1809, várias traduções importantes de textos europeus de 
matemática (NETO et al, 1974, p.74). 
 
Neto (et al 1974) elogiam o livro didático de matemática de Antonio Trajano sobre 
Aritmética Elementar Ilustrada por sua engenhosa obra que conteve 118 edições. Tratava-se 
de matemática para a educação infantil. Comentam que na década de 1920, 1930 existiu a 
transição na educação e no livro didático brasileiro devido as reformais educacionais, que 
condicionaram modificações curriculares, baseado por uma concepção de método heurístico, 
em que o estudante seria levado a descobrir a matemática ao invés de decorá-la. O 
Movimento da Matemática Moderna foi um exemplo oposto desse planejamento... Apesar da 
mudança da Matemática Clássica para a Matemática Moderna: “alguns não diferem muito, em 
aparência e conteúdo, dos livros anteriores a 1960” (NETO et al, 1974, p.83). Resultado 
também confirmadopela pesquisa de Alves (2005). 
Valente (2004, 2008) afirma que a Reforma Francisco Campos foi a primeira 
iniciativa de organização nacional da educação brasileira de maneira geral por se constituir 
como agente a saber de cultura geral escolar, e mais especificamente, tomou-se uma postura 
política e pedagógica no tratamento dado ao ensino de matemática, vista por uma concepção 
de interdisciplinaridade entre os três ramos da Matemática: Aritmética, Geometria e Álgebra, 
que antes de 1930 no Brasil, era constituída por três disciplinas autônomas e independentes 
que teve o seu primeiro teste, e porque não ousadia, na fusão dessas três disciplinas em uma 
única disciplina chamada “matemática” no então renomado Colégio Pedro II por iniciativa de 
Euclides Roxo. Assim, o próprio surgimento da disciplina matemática no Brasil e do livro 
didático de matemática são histórias indissociáveis. 
Alves (2005) realizou uma abordagem histórica da disciplina matemática a partir da 
análise documental de livros didáticos de matemática de 1943 (reorganização do ensino no 
Brasil por estabelecer o ginásio (série finais do ensino fundamental - com quatro anos) a 1995 
(considera a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB). O trabalho buscou 
responder o seguinte questionamento: quais mudanças e/ou permanências se apresentam nos 
livros didáticos de matemática no período de 1943 a 1995? Toma-se como suporte a 
legislação e a História da Matemática. Traz um curioso e reflexivo resultado: praticamente 
todos os conteúdos são fundamentais para o seu ensino enquanto nível básico por opinião 
unânime dos professores investigados o que comprovou a forte tradição de ensino de 
matemática em detrimento de qualquer nova tendência. Além do mais, a forma física, 
abordagem dos conteúdos e principalmente a introdução da teoria dos conjuntos ainda foi 
muito presente nos livros didáticos. Foi diagnosticado três tendências dominantes: 
 a corrente clássica (baseada nos princípios dos Elementos de Euclides); 
 a corrente ativa (resultado da unificação da Geometria, Álgebra e Aritmética em uma única 
disciplina - matemática); 
 a Matemática Moderna (período influenciado pelo movimento escolanovista por meio de 
tendências internacionais principalmente da França e dos Estados Unidos que se consolidou 
com a concepção de desenvolvimento científico e tecnológico por meio de hegemonia 
espacial, como o caso do lançamento do Sputnik em 1957. 
Alves (2005, p.154) conclui seu trabalho afirmando que é falso o discurso de que 
“não se ensina como antigamente” e que enquanto conteúdo, com exceção das unidades de 
medidas monetárias inglesas e medida de tempo que não configuram em uma coleção 
analisada, todas as demais coleções permanecem semelhantes, apenas mudando a série e seus 
respectivos assuntos, visto que as reformas não excluíram conteúdos, mas incluíram outros 
não estudados. 
 
Considerações finais 
Este trabalho é relevante uma vez que existe pouca pesquisa sobre a investigação do 
uso do livro didático de matemática em sala de aula segundo Rosas (2008), Valente (2008) e 
Alves (2005). 
Baseado nas referências bibliográficas deste trabalho, sintetizaremos as 
características frente ao livro didático (de matemática): 
 Primeiro: o livro didático é um recurso auxiliar, e não único, de mediação, divulgação e 
sistematização de conteúdos científicos nas instituições de ensino; 
 Segundo: o livro didático é um vetor de orientação, fundamentação, contextualização, 
motivação, exercitação e registro de conteúdos científicos nas escolas; 
 Terceiro: o livro didático é um produto humano que tem intenção de proporcionar 
aprendizagem, assim como auxiliar o ensino; 
 Quarto: tanto o livro quanto o livro didático são mídias de registro cultural, são uns tipos 
de mídias que podem ser veículo e suporte de difusão de informações de determinada 
sociedade; 
 Quinto: tanto o livro quanto o livro didático são meios capazes de transmitir mensagens; 
 Sexto: tanto o livro quanto o livro didático são recursos portáteis que podem ser lido e 
relido por pelo menos uma pessoa; 
 Sétimo: tanto o livro quanto o livro didático são artefatos tecnológicos que podem 
proporcionar, ao mesmo tempo, aprendizagem e divertimento, informação e emoção, e 
conhecimento e imaginação. 
Foi sugerido que as professoras e os professores relacionassem, contextualizassem e 
aplicassem elementos do mundo dos alunos com os conteúdos dos livros didáticos de 
matemática. 
Portanto, o livro didático (de matemática) é um material disponibilizado para dois 
tipos de leitores: o aluno e o professor; é um artefato tecnológico que mantém intenção de 
fomentar, de auxiliar, de apoiar o ensino. Ou seja, o livro didático (todos os seus 
componentes) deve estar em função da aprendizagem de tal maneira que esteja em função dos 
objetivos firmados pelo sistema escolar, pela disciplina, pelo docente, que favoreça a 
coletividade em sala de aula e que apresente não apenas os seus conteúdos, mas também 
apresente valores e atitudes especificas; é um produto humano de transposição de saberes: do 
saber científico ao saber escolar. Ou seja, é um tipo de mídia hábito a apresentar, divulgar e 
trabalhar sistematicamente, saberes científicos, ou não, de tal maneira que possam ser 
adequados à aprendizagem; é um tipo de recurso destinado ao ensino, que traz consigo: 
representações e valores predominantes de determinada sociedade, cultura. 
Por fim, o livro didático é um tipo de recurso que mantém pelo menos um objetivo, 
intencional, de fomentar os processos de ensino e de aprendizagem, enquanto que o livro, 
apesar de ser também uma mídia e um artefato tecnológico de registros humanos, nem sempre 
mantém intenção em ensinar algum objeto de saber a alguém. Este objetivo específico é o que 
o faz diferenciar de livro. A expressão “didático” organiza ações por meio do livro a serem 
hábitos a ensinar. Ou seja, livro didático é um livro que tem a intenção de ensinar e 
possibilitar aprendizagens. 
 
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