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11 - ROMA O LEME DA IGREJA CATÓLICA José Roberto Pinzan 11 - INÍCIO DA IGREJA CATÓLICA APOSTÓLICA ROMANA O que demonstra ser fundamental na Igreja primitiva, assim também na Igreja Católica de hoje, é seu caráter irrefutável, coletivo, social, sendo que nele o homem sempre se sente pertencente a uma comunidade que comunga os mesmos pensamentos, uma mesma fé, um mesmo rito universal e cognoscível, nunca se sentindo deslocado e só. Jesus Cristo ao mesmo tempo em que se comunica intimamente com cada um de seus filhos por meio do Espírito Santo presente no coração de cada batizado, nos liga fraternalmente num comum amor mútuo e coletivo com toda sua Igreja. Sua promessa de salvação, não é de maneira alguma seletiva ou egoísta, pois ninguém se salva sozinho, sendo que cada membro de sua Igreja é responsável por todos seus irmãos comungantes da mesma fé. O que demonstra que a Igreja Católica, sua Igreja, não é seletiva e sempre será comunitária, são as próprias Epístolas apostólicas que sempre se dirigiram às comunidades e nunca apenas e exclusivamente a alguma pessoa em particular. Encontramos o mesmo fato, também nas cartas redigidas pelos antigos Bispos ou “Padres da Igreja” escritores e teólogos, pois sempre se dirigiram a toda Igreja ou pelo menos, a alguma comunidade que necessitasse de alguma orientação específica e oportuna. A nossa Igreja é uma entidade sagrada, cujos membros, estão intimamente e misticamente unidos através do Espírito Santo, por uma promessa e fidelidade ao mesmo Batismo e consequentemente a Jesus o Cristo. Igreja, termo derivado do grego “Ekklēsia” que quer dizer “assembleia de cidadãos” se tornou muito mais profundo do que um simples agrupamento de pessoas que possam estar intimamente ligados ou não, por um mesmo ideal ou pensamento comum. Historicamente a igreja nasceu dentro da sinagoga (Synagōgē) e os primeiros membros da Igreja cristã frequentavam as sinagogas, como o próprio Jesus o fez. Com o passar do tempo os discípulos de Jesus foram se afastando cada vez mais da ortodoxia judaica ao ponto de serem considerados como outro povo e de outra religião. São Paulo a este propósito define Igreja, sobretudo, como a presença mística de Jesus Cristo na terra e no céu, na multidão daqueles que Ele salvou, e continua salvando. Como até hoje, “comungamos a mesma consciência dos antigos cristãos católicos, sentindo-nos diferentes das outras crenças religiosas” que, como por exemplo, a judaica nas quais suas sinagogas agrupam seus crentes pela sua origem geográfica, pelas suas afinidades ou facções religiosas e também por sua categoria social, não sendo este exemplo e fato, um acontecimento que se dá somente com o judaísmo, sendo também às “Igrejas” oriundas do protestantismo, que por sua própria desagregação doutrinária, motivou suas diversas subdivisões denominadas, por eles mesmos como seitas, que se encontram hoje por todas as cidades e se multiplicam baseadas a bel-prazer de seus “Pastores”, cada uma com sua “verdade” sobre Jesus Salvador e celeiro de todas as benesses desejadas por seus fiéis; um Jesus a serviço do homem através da oração de seus “ditos Pastores”, desde que seus fiéis cumpram seus compromissos promulgados por próprias e particulares “Igrejas”. Todos nós, “cristãos católicos”, estejamos onde estivermos, em que país nos encontremos, temos a certeza de que pertencemos às mesmas Igrejas locais, às mesmas realidades de fé e à mesma “liturgia do dia” e, isto só pode ser encontrado dentro de uma explicação sobrenatural, a qual nos une e nos dá verdadeira confiança em nossa Fé Católica. O que demonstra este natural sentimento de segurança, desde o princípio, são seu alicerçamento sobre a rocha da qual é constituída: a unicidade, a universalidade, a apostolicidade e sua santidade. Este sentimento de Igreja brilhará ao longo de toda sua história e não prevalecerão quaisquer heresias ou cismas. A nossa Igreja é una e corresponde aos anseios do próprio Cristo em sua última oração: “Que todos sejam um, como tu, Pai, estás em mim, e eu em ti. Que eles estejam em nós, a fim de que o mundo creia que tu me enviaste” (Jo 17, 21). Santo Inácio de Antioquia (Inácio foi bispo de Antioquia da Síria entre 68 e 100 ou 107, foi discípulo do apóstolo João, também conheceu São Paulo e foi sucessor de São Pedro na igreja em Antioquia. Segundo Eusébio de Cesareia, Inácio foi o terceiro Bispo de Antioquia da Síria e segundo Orígenes teria sido o segundo bispo da cidade) nos diz: “Onde deve estar a coletividade, onde está Jesus Cristo, lá está a Igreja Católica”. A universalidade ou coletividade conservar-se-á sempre como ideia-força da Igreja até nossos dias. Reconhece-se acima de tudo a única e verdadeiramente apostólica, por descender sem qualquer sombra de dúvida, diretamente da sucessão dos Apóstolos e, por conseguinte ao próprio fundador que é o Cristo Jesus. Sobre isto escreve o Bispo Clemente I (também conhecido como Clemente Romano, que foi o quarto Bispo do Cristianismo da Igreja Romana, entre 88 e 97. Nascido em Roma, nos arredores do Coliseu, de família hebraica, foi um dos primeiros a receber o batismo de São Pedro), “Cristo vem de Deus e os Apóstolos vêm de Cristo e foram eles que, haurindo no Espírito as primícias, instituíram alguns Bispos”. Assim como para os primeiros cristãos e também para nós, sempre será Santa e este é seu fundamento. Santa por ter sido fundada pelo próprio Cristo Messias, porque é ela que se prolongou sobre a terra por mais de 2.000 anos, porque ela é sua Esposa e o seu Corpo, porque foi, e é a Nova e Eterna Aliança entre Deus Pai e a humanidade, originada pela sua morte na cruz e, por seu próprio sangue, como nos diz na instituição da Eucaristia, para a remissão de nossos pecados, além disto, abrindo para nós a possibilidade da verdadeira reconciliação, através do arrependimento e perdão de nossas faltas para com o Pai e a Ele podermos chegar um dia após nossa morte física. A Igreja é assim Una por seu próprio fundador, por seu Espírito que vive nela, nos unindo num só corpo, é Santa e assim sempre o será, por Cristo nela estar verdadeiramente presente e amá-la como sua Esposa e Deus sempre a ela será fiel. Embora imperfeita, por nós sermos pecadores e também dela fazemos parte, sendo que é por isso que se diz que a Igreja é Santa e Pecadora, “Santa por Cristo” e “Pecadora por nós todos”, sejam eles os leigos e o próprio clero, assim nos atestando São João: “Se dissermos que não temos pecado, estamos enganando a nós mesmos, e a verdade não está em nós. Se reconhecemos nossos pecados, então Deus se mostra fiel e justo, para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça. Se dissermos que nunca pecamos, fazemos dele um mentiroso e sua palavra não está em nós” (1 Jo 1, 8-10). A Igreja é assim essa simbiose salvívica da qual somos chamados a participar para nossa salvação e podermos adentrar ao Reino de Deus. A igreja, nos seus primórdios, além da natural hierarquia interna que foi aos poucos se materializando, foi fundamentada pelos Apóstolos, pelos profetas, pelos doutores e acima de tudo pelo próprio Espírito Santo que nela faz sua morada e ao mesmo tempo em nossos batizados corações. Os Apóstolos saíram pelo mundo, ordenados pelo próprio Cristo, a pregar suas palavras, sua Santa Doutrina, a todos os povos e nações, mas não possuíam ainda uma casa-mãe que seria a futura Igreja que aos poucos foi tomando forma e vida. Os profetas, existentes por obra do Espírito Santo, já no Antigo Testamento, mas os novos se originaram do maior deles, do Batista, e não foram somente homens, existiram também muitas mulheres profetizas como podemos ver nos Atos dos Apóstolos, as quatro filhas do diácono Felipe. Foram vários os Santos que proferiram as palavras do próprio Deus, movidos pelo Espírito Santo, como Santo Inácio, Bispo de Antioquia, que afirma em suas cartas possuir um conhecimento direto das coisas do céu. A própria Didaqué nos diz que é necessário receber a mensagem dos profetas, porque eles agem “em virtude da existência cósmicada Igreja”. Mas a Igreja sempre agiu e age com esses dons e carismas com prudência apesar de os repeitar. Os doutores, na sua maioria teólogos, sempre estiveram presentes na vida da igreja. Mas encontramos diversos religiosos que se tornaram Santos Doutores, sem que fossem teólogos de formação, alguns deles até analfabetos, o que prova a existência da ação do Espírito Santo onde e em quem quer, sendo que suas obras literárias constituíram-se verdadeiros tratados teológicos, que até nossos dias, orientam e baseiam a Santa Doutrina da Igreja. Foi pela existência dessas três importantes categorias que a Igreja se tornou o que é hoje, homens e mulheres que dedicaram suas vidas inteiras e muitos, até seu próprio sangue a Jesus Cristo. E os membros da hierarquia, daí originados, são os guardiões e continuadores de suas obras na Igreja. Os Apóstolos semearam, os profetas participaram com seus carismas em uma obra apocalíptica e escatológica e os doutores são os servidores do Verbo Divino, por isso a Igreja cresceu e crescerá até o final dos tempos. Existe já assim na Igreja, desde seus primórdios, um sentimento profundo de uma obra grandiosa que se expande rapidamente por todos os lugares, guardando os mesmos fundamentos e princípios básicos que lhes garante sua sobrevivência, independente das perseguições ainda reinantes naqueles tempos (se bem que nossa Igreja ainda hoje sofre perseguições), mas que guardava a fé e confiança, e hoje ainda as guarda, nas palavras do próprio Mestre que atesta: “Por isso, eu te digo: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as forças do Inferno não poderão vencê-la” (Mt 16, 18), pois sempre estará com ela. (1Cor 12,13-31; Ef 5, 22-33; 1Pd 2, 5-10; Col 1,18). A primeira fase da história do cristianismo, que começa por volta do ano 30-33 d.C, ou seja, poucos anos após a morte e ressurreição de Jesus, indo até por volta de 325 d.C, é chamada de Era Apostólica ou de Igreja Primitiva. Esta é a fase em que o Cristianismo experimenta sua primeira expansão, com a fundação das primeiras comunidades cristãs. O termo Igreja Primitiva é a primeira fase da história do cristianismo e é utilizado para se referir a um período histórico de sua inicial formação. O termo Igreja Primitiva refere-se à Instituição e Cristianismo Primitivo às suas doutrinas. Neste período a Igreja estava engajada em diversas discussões acerca dos conceitos cristãos. Inicialmente cinco cidades surgiram como importantes centros da Igreja: Jerusalém (que durou até a dispersão dos cristãos após a morte do diácono Estevão), Antioquia, Roma, Alexandria e Constantinopla. A unidade da Igreja é comprovada nos Atos dos Apóstolos, no episódio do Concílio de Jerusalém, por volta do ano 48 d.C., pois a igreja de Antioquia, de Corinto, de Éfeso mesmo estando separadas geograficamente, não são independentes, tendo de acatar a decisão do Concílio como uma só Igreja. A Igreja Primitiva passou a se nomear Católica (que significa "Universal"), ainda no século I, o termo foi utilizado pela primeira vez pelo Bispo Inácio de Antioquia, discípulo do apóstolo João, que foi ordenado pelo próprio Pedro. O termo Igreja Católica invoca o princípio de que desde o começo a Igreja foi universal, aberta aos gentios; em 200 d.C. o termo já era comumente utilizado. No início do cristianismo, depois de Cristo, as igrejas locais ainda estavam em formação e, em sua maioria, estavam localidades próximas a Jerusalém, na Judeia e na Samaria, sob a orientação dos apóstolos, com destaque para os Apóstolos Pedro, André, João e Tiago. Nas comunidades primitivas, os cristãos continuavam ainda a ler as Sagradas Escrituras do Velho Testamento (Torah) em grego ou aramaico. Não havia nada escrito a respeito de Jesus Cristo, tudo era oralmente divulgado ou pregado, devido à proximidade com os acontecimentos marcantes do cristianismo, ou seja, Jesus o Messias esperado, sua vida, ensinamentos, morte e ressurreição, pentecostes e assunção aos céus voltando ao Pai, além disso, o início do cristianismo primitivo é marcado pela crença na volta iminente de Jesus. Na Antioquia, onde Pedro e Paulo haviam fundado uma importante comunidade cristã (42 d.C), no seu início, continuava ligada por um cordão umbilical à Jerusalém, mas após a morte de Estevão, devido a perseguição dos cristãos, tanto judaizantes como os helenistas, como citado em textos anteriores, seus líderes e suas bases fundamentais foram para ai transferidos, sendo que foi de lá que realmente se iniciou a grande difusão do cristianismo “a todas as gentes”. Ainda no século I várias comunidades cristãs são estabelecidas com suas próprias Igrejas, sendo algumas estabelecidas pelos próprios Apóstolos. Mas será nos séculos II, III e parte do século IV, apesar de muitas perseguições sofridas pelos cristãos, que muitas importantes Igrejas serão fundadas em várias e importantes cidades. O livro dos Atos dos Apóstolos, as Epístolas apostólicas e também no livro do Apocalipse de João, nos citam várias Igrejas, como a de Antioquia, Damasco, Chipre, Salamina, Pafos, Perge, Panfília, Antioquia da Pisídia, Icônio, Derbe, Tolemaida, Tarso, Tiro, Listra, Frigia, Laodicéia, Corinto, Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Filipos, Tessalônica, Tiatira, Trôade, Neápolis, Sárdis, Filadélfia, Anatólia, Bitinia, Ponto, Patara, Alexandria, Cartago, Etiópia, Malta, Roma e muitas outras mais. Ainda no século I e começo do século II, ainda guardando proximidade estreita com os acontecimentos fundadores, que foi a presença entre nós naquela época, do próprio Deus feito homem, e divulgadas pelos Apóstolos e seus discípulos, as igrejas estavam organizadas independentemente uma das outras, unidas pela mesma fé, mas possuindo seu próprio clero, instituído em sua maioria pelos próprios Apóstolos, sua organização ecumênica local, suas obras sociais próprias, seus próprios carismas e também, muitas vezes sua distinta liturgia. Mas acima de tudo, mesmo sendo locais e independentes, mantinham a consciência de pertença a uma coisa bem maior, sentida e testemunhada, que é a presença inconteste de Jesus Cristo em seu meio, lhes garantindo suas ligações intimas com suas coirmãs de outras localidades. As comunidades mantinham laços concretos de amizade, conversavam, comunicavam-se entre si, mas não passavam de uma “federação de Igrejas”, espalhadas por um amplo território, que com esforço procuravam manter intacto o depositório da fé e por manter os princípios básicos doutrinários como a caridade, a irmandade no Senhor, mantendo o sentido espiritual da unidade cristã. Apesar de todas as comunidades terem a Cristo como cabeça, principalmente na época pós-apostólica, se sentia a necessidade de união de suas práticas, principalmente as litúrgicas, serem em comum, isto é, “falarem a mesma língua”, e esta ser comum e aceita por todas as Igrejas, através da instituição de um comando ou liderança central, que além de a todos representarem, possuir e ser aceito como último e balizado interprete de todos. Como podemos ver até aqui, estes antigos sinais de unidade necessitavam de algo a mais, que mais tarde se daria com a instituição do Papado tendo como sede Roma. A Igreja foi formando de maneira gradual sua hierarquia, tendo como sua primeira figura os Anciãos ou Presbíteros como nos atesta São Paulo em diversas de suas Cartas e nos Atos dos Apóstolos, além dos Diáconos que eram seus auxiliares, mas que possuíam também, a importante função de bem conhecerem e serem pregadores das palavras de Jesus. Verificamos nas comunidades cristãs, que serão, primeiramente, dos Anciãos mais velhos, respeitados e experientes que surgirão as figuras denominadas de Bispos (episkopos), que serão os pastores responsáveis pelo rebanho, ou seja, pela própria Igreja local, que as supervisionarão e a liderarão, por possuírem um conhecimento sobre o cristianismo pregado, em sua maioria, diretamente pelos próprios Apóstolos. Paulo e outros Apóstolos nomearam Anciãos (ou Presbíteros) em todas as comunidades cristãs por onde passavam e confirmavam aBoa Nova ou pelas que eles próprios haviam fundado, constituindo assim, representantes maiores para as Igrejas. Paulo, como exemplo de como era esta nomeação, fora nomeado por Ananias em sua conversão: “Então Ananias saiu, entrou na casa e impôs-lhe as mãos, dizendo: Saul, meu irmão, o Senhor Jesus, que te apareceu quando vinha pela estrada mandou-me aqui para que tu recobres a vista e fiques cheio do Espírito Santo” (At 9,17). As nomeações de representantes das Igrejas que Paulo realizou como podemos ver em Atos 13:1-3, sem dúvida, ocorriam da mesma forma que fora nomeado: “Havia então na Igreja de Antioquia profetas e doutores, entre eles Barnabé, Simão, apelidado o Negro, Lúcio de Cirene, Manaém, companheiro de infância do tetrarca Herodes, e Saulo. Enquanto celebravam o culto do Senhor, depois de terem jejuado, disse-lhes o Espírito Santo: Separai-me Barnabé e Saulo para a obra a que os tenho destinado. Então, jejuando e orando, impuseram-lhes as mãos e os despediram”. Através de oração e jejum, o Espírito Santo deixa claro quem deve ser nomeado, e então os líderes colocam as mãos sobre eles e os nomeia, sendo assim, as nomeações que os Apóstolos realizavam, não eram exclusivamente por seus próprios desejos e sim por uma ordenação do próprio Espírito Santo que com eles permanecia. Os Bispos da Igreja Pós-Apostólica, além da função de oficiarem os cultos locais, principalmente o Batismo e a Ceia Eucarística, serem os responsáveis pela difusão da verdadeira palavra de Jesus (catequese), tornaram-se os administradores ou supervisores das Igrejas locais e de suas populações urbanas cristãs, pois os Apóstolos não permaneceram na terra para sempre, nas várias regiões aonde a palavra de Jesus fora oralmente pregada e difundida, pois neste tempo ainda não existia a palavra escrita e assim, foram instituídos os Bispos, seus representantes diretos, que deveriam cuidar ou pastorear o rebanho de Cristo na ausência deles. Episcopado é o nome que se dá ao ministério dos Bispos. O Episcopado tem origem no ministério dos Apóstolos, isto é, foi o próprio Cristo que instituiu os Apóstolos como Bispos da Sua Igreja. Com efeito, a Bíblia ensina que Nosso Senhor Jesus Cristo deu o governo da Igreja aos Santos Apóstolos: “Quem vos escuta, a mim escuta; e quem vos despreza, a mim despreza; ora, quem me despreza, despreza Aquele que me enviou” (Lc 10,16). A organização eclesiástica cristã, como citado, ainda no século I estava se organizando após as grandes comunidades terem sido fundadas pelos Apóstolos, como Antioquia, Alexandria e principalmente Roma, onde Pedro, o Príncipe dos Apóstolos e Paulo, o Apóstolo dos Gentios, que foi o responsável desbravador praticamente de todo o ocidente, levando a palavra de Cristo a todas as gentes, foram ai martirizados e enterrados. Portanto, Roma, por ser a capital do Império Romano, desde o século I, destacar-se-á de maneira proeminente das demais Igrejas ou comunidades cristãs da época e por Pedro, que fora sempre respeitado e aceito como líder e porta-voz dos demais Apóstolos, ter ai estabelecido sua sede e ai falecido, por isso a Capital do Império já possuía um status acima das demais grandes comunidades. O livro de Atos dos Apóstolos termina com a chegada de Paulo a Roma. Além disso, já numa época remota a igreja de Roma tornara-se a maior e a mais respeitada por toda a cristandade ocidental. Ao contrário da região oriental, em que várias grandes comunidades como as de Antioquia (fundada por Pedro e Paulo), Alexandria (fundada por Marcos) e Constantinopla (fundada por André) (sendo que Jerusalém nem mais contava como líder que fora, desde a morte de Estevão e de sua posterior destruição nos anos 70), competiam pela supremacia da direção da cristandade em virtude de suas antiguidades e conexões apostólicas, no Ocidente a igreja de Roma, pelos motivos acima citados, desde o início foi praticamente a líder inconteste. Assim aos poucos surgiu a consciência do primado do Bispo de Roma, que seria a luz para toda cristandade católica, aquele “algo a mais” citado e desejado anteriormente. Primado este, ainda não absoluto, mas um primado de respeito e que era consultado em várias questões ligadas às praxes administrativas, clericais e ortodoxia católica. Somente bem mais tarde, com o imperador Constantino I o Grande (272-337), que foi o primeiro Imperador romano convertido ao cristianismo e responsável pelo fim da proibição do culto no início do século quarto, fato que fez seu nome entrar para a História (na época era Bispo São Silvestre I) e, posteriormente, um pouco mais tarde, com o Imperador Teodósio I (347-395), no final do século IV, que a Religião Católica será oficializada como a Religião do Estado. LISTA DOS BISPOS (“PAPAS”) CATÓLICOS DE ROMA DO SÉCULO I AO SÉCULO IV: (Obs.: Já são denominados “Papas” pela Igreja Católica todos os Bispos do ocidente, pois etimologicamente, a palavra “papa” se originou diretamente a partir do latim pappa, que pode ser traduzido como uma forma carinhosa de “papai” ou “pai”, ou responsável, embora não se trata-se de um privilégio e oficialmente como hoje o é o Sumo Pontífice da Igreja Católica Apostólica Romana, no Vaticano em Roma. A Igreja Católica e seus Bispos, não tiveram sua sede (Sé) sempre em Roma, pois fora transladada pelo Imperador Constantino I no século IV, transferida para a nova capital do Império Romano para Bizâncio (Constantinopla) porque a cidade era a mais prospera de todo o Império e por isso fez de Bizâncio a nova capital do Império Romano. No século XIV a Igreja tinha como sede Avignon na França e só depois retornou para Roma no Vaticano). BISPOS DA IGREJA DE ROMA NO SÉCULO I APÓS A IGREJA SER GOVERNADA POR SÃO PEDRO, O SEU PRIMEIRO BISPO, ORDENAMENTO PELO PRÓPRIO JESUS CRISTO. Visão histórica romana: Inicia-se a fase imperial romana ((27 a.C - 476 d.C.) e como o próprio nome sugere, o poder foi exercido pelos imperadores, figuras que detinham o mando político, militar e religioso sobre todo o território romano. O tripé do poder político em Roma passava pelo imperador, responsável pela administração de todo o império; pelo exército, responsável pela manutenção da ordem interna e das campanhas de conquistas; e pelos governos das províncias conquistadas, figuras essenciais na manutenção do poder nessas regiões. O período Imperial, tradicionalmente, costuma ser dividido em dois momentos: Alto Império: período em que Roma alcançou grande esplendor (estende-se até o século III d.C.). Baixo Império: fase marcada por crises que conduziram a desagregação do Império Romano (do século III ao século V). Após a morte de Otavio Augusto primeiro imperador romano (27-14 d.C.) até o fim do século II, quatro dinastias se sucederam no poder. São elas: Dinastia Júlio-Claudiana (14-68): Com os imperadores Tibério, Calígula, Cláudio e Nero, essa dinastia esteve ligada à aristocracia patrícia romana. Principal característica dessa fase: os constantes conflitos entre o Senado e os imperadores. Dinastia Flávia (68-96): Com os imperadores Vespasiano, Tito e Domiciano, apoiados pelo exército, o Senado foi totalmente submetido. Dinastia Antonina (96 – 193): Com Nerva, Trajano, Adriano, Antonio Pio, Marco Aurélio e Cômodo, assinalou-se uma fase de grande brilho do Império Romano. Os imperadores dessa dinastia, exceto o último, procuraram adotar uma atitude conciliatória em relação ao Senado. Dinastia Severa (193 – 235): Com Sétimo Severo, Caracala, Macrino, Heliogábalo e Severo Alexandre, caracterizou-se pelo inicio de crises internas e pressões externas, exercidas por povos diversos, prenunciando o fim do Império Romano, a partir do século III da era cristã. São Lino (30-76) Segundo Bispo apostólico da Igreja Cristã de Roma (67-76), que segundo a tradição foi indicado como sucessor pelo próprio Pedro, conhecido por tradição católica como o primeiro Papa, por ser o príncipe dos apóstolos de Cristo. Depois que os Apóstolos Pedro e Paulo fundaram e organizaram a Igreja em Roma, passaram o exercício da administração da Igreja de Roma aele. Seu nome aparece mencionado na Bíblia Católica, no texto da Epístola de São Paulo em 2 Timóteo 4, 21. Combateu firmemente os falsos missionários que tentavam adulterar a doutrina cristã. Conta que sagrou 15 bispos e 18 sacerdotes em duas ordenações coletivas, retransmitindo-lhes os ensinamentos cristãos deixados por seu criador, Jesus Cristo e pelos próprios Apóstolos. Como Bispo testemunhou a queda de três imperadores romanos e a destruição de Jerusalém no ano de 70 d.C.. Nasceu quando Calígula (37-41), considerado um doente mental era o Imperador e um fato marcante foi "primeira ruptura aberta entre Roma e os judeus"; Imperador Cláudio (41-54), restabeleceu os cultos que haviam sido abandonados em Roma e combateu aqueles que eram considerados supersticiosos, para isso, expulsou os astrólogos e os judeus; Imperador Nero (54-68) em Roma os cristãos foram perseguidos pelo imperador Nero, que os transformou em bodes expiatórios para o grande incêndio que consumiu a cidade. É possível que depois disso, a perseguição se tenha estendido às províncias pelo exemplo, porque os governadores romanos se baseavam no precedente de Nero, que dispensava aos cristãos o tratamento previsto para os criminosos. Nesta época foram martirizados os dois apóstolos: Paulo e Pedro; Imperador Vespasiano (69-79) confiou ao filho Tito a tarefa de sufocar uma revolta dos judeus (67-70). Anacleto I (45-88) Terceiro Bispo da Igreja Cristã em Roma (76-88) de origem grega, que sucedeu São Lino. Durante onze anos de intensas atividades no trono de São Pedro, aproveitou um tempo de paz concedida aos cristãos sob o reinado do imperador Vespasiano para organizar o crescimento da Igreja. Ordenou 25 sacerdotes em Roma, sancionou a veneração ao túmulo de São Pedro, erigindo um monumento sobre a sepultura do apóstolo de Cristo. Distribuiu uma série de orientações que condenavam o culto de objetos mágicos e de feitiçaria e outras cerimônias envolvendo deuses pagãos. Foi Bispo sobe o reinado do Imperador Tito (79-81) e recaiu sobre Tito a responsabilidade de acabar com os judeus sediciosos, tarefa realizada satisfatoriamente após sitiar e destruir Jerusalém (70), cujo Templo foi demolido no incêndio. Clemente I (35-97) Quarto Bispo da Igreja Cristã em Roma (88-97), discípulo de Pedro e Paulo. Estabeleceu normas precisas referentes à ordem eclesiástica hierárquica, base da autoridade apostólica para o clero (Bispos, Presbíteros, Diáconos) e se sentindo responsável pelas outras Igrejas da época, estabelece o Primado Universal da Igreja de Roma sob as outras Sés apostólicas e estas passaram a lhe acatar, passando a lhe solicitar conselhos sobre questões sobre a ortodoxia da Igreja nascente. Restabeleceu o uso da Crisma, seguindo o rito de São Pedro e iniciou o uso nas cerimônias religiosas da palavra Amém. É conhecido pela carta que escreveu para a comunidade de Corinto combatendo a divisão dos cristãos que estava ai ocorrendo, na qual com uma convicta censura, mas guardando uma humildade de mestre, convocava-lhes a paz e a obediência à hierarquia eclesiástica desta Igreja, devida, sobretudo às discórdias entre seus fiéis (constava que os presbíteros mais jovens teriam expulsado do meio dos cristãos os Bispos nomeados pela Igreja de Roma). Neste pontificado ocorreu uma forte segunda perseguição aos cristãos, pelo imperador Domiciano. Entre 92 d. C. e 96 d. C., persegue os cristãos devido a acusação de ateísmo (impietas), recusa em adorar os deuses de Roma e o imperador, que exigia ser chamado de “dominus et deus” (Senhor e Deus) e se a perseguição infligida por Nero foi desumana, mais tarde o Imperador Domiciano o superará nesta crueldade. Bispo Santo Evaristo (31-107) Quinto Bispo da Igreja Cristã em Roma (98-107), nascido em Belém, Palestina, exerceu o pontificado na passagem do primeiro século Cristão. Seu nome original era Aristus e as informações a seu respeito são muito incertas. Consta que fez três ordenações coletivas criando 17 sacerdotes, 9 diáconos e 15 bispos, destinados a diferentes igrejas dividiu Roma em paróquias, a atribuição de um responsável (sacerdote com as funções hoje de ‘padre’) para cada uma. Foi tido por seus contemporâneos como um homem de grande fé em Cristo e de incansável ânimo missionário, e também grande administrador. Foi durante seu pontificado que faleceu o mais jovem dos apóstolos, São João Evangelista. Roma era governada nesta época pelo imperador Trajano (98-117), que apesar de manter a mesma política de seus antecessores, foi, contudo, mais brando para com os cristãos. Mesmo o cristianismo continuando como religião ilícita, estes não seriam mais procurados ou perseguidos a não ser que houvesse denúncias contra eles, também não deveria levar em conta as denúncias anônimas. BISPOS DA IGREJA DE ROMA NO SÉCULO II Visão histórica romana entre os séculos II e III: O Império foi herdeiro da expansão territorial vivenciada por Roma nos últimos séculos tendo o seu apogeu no século II d.C.. Muitos povos foram incorporados ao Império dando a ele um aspecto multicultural, já que muitos desses eram considerados muitas vezes cidadãos: No oriente Médio, os hebreus, os gauleses na França, os bretões na Inglaterra, e na região do Mediterrâneo os gregos e os egípcios. Esses povos formavam a novo aspecto em Roma, pois aqueles que não eram incorporados como cidadãos, deviam pagar tributos que rendiam muito ao Estado. Até parte do século II d.C., o Império Romano viveu um período de relativa paz e grande prosperidade, que ficou conhecido como Paz Romana. O final desse período foi marcado pela morte do imperador Marco Aurélio em 180 d.C., iniciando, assim, a decadência romana, que se estendeu até a fragmentação da parte ocidental do império em 476. Era fundamental para a economia romana que as províncias mantivessem uma produção de riquezas constante. Por isso, o poder centralizado em Roma intervia constantemente nelas como forma de garantir a sua produtividade e as suas riquezas. A decadência do Império Romano estava relacionada, primeiramente, com a crise do sistema escravista, iniciada na transição do século II para o século III d.C. Esse sistema era parte essencial da economia romana, que contava com a renovação da população de escravos do império por meio das guerras de conquista e expansão, típicas da história romana. No entanto, essas guerras de conquista não aconteciam desde o século II d.C., com a última grande vitória romana contra os Dácios (Originários da Trácia , atual Bulgária, os dácios ocupavam a montanhosa região da Dácia, área que corresponde hoje à Romênia, na Europa Oriental. A diplomacia dácia também era bastante refinada. Feito o acordo de paz com os romanos em 89, os assaltos ao império cessaram e não foram mais retomados, sinal da disciplina das tropas e do rígido controle do rei sobre seu exército). Após essa posse de parte da Dácia, os romanos não realizaram novas conquistas e, com isso, a obtenção de novos escravos foi interrompida. Com a diminuição na quantidade de escravos e como não havia a renovação natural dessa população, a disponibilidade dessa mão de obra no império começou a diminuir. Esse processo afetou a economia romana e causou a diminuição de sua produtividade, provocando, consequentemente, um aumento no custo de vida em todo o império. Além da crise do sistema escravista e da economia, a crise política também contribuiu para o enfraquecimento do império. Por fim, o crescimento do cristianismo foi um outro fator de relevância para o agravamento dessa crise, uma vez que o avanço dessa religião provocou o enfraquecimento da figura do imperador, já que os cristãos não aceitavam prestar-lhe culto religioso, como era o costume na época. Além disso, os cristãos eram contrários à escravidão, e o crescimento dessa religião contribuiu para enfraquecer ainda mais uma instituição já debilitada. Todos esses fatores foram ampliados com a ação dos povos germânicos que, especialmente a partir do século II d.C., atacavam constantemente as fronteiras do Império Romano. Os germânicos,que constituíam uma variedade de povos, habitavam as regiões ao norte da Europa (principalmente onde hoje fica a Alemanha) e desde muito já lutavam contra os romanos. Os “Bárbaros”, assim chamados pelos romanos, eram povos germânicos que não habitavam o Império Romano. Entre eles estão os francos, os lombardos, os hunos, os visigodos, os vikings e os ostrogodos. Cada povo possuía política e organização social própria, termo de conotação pejorativa que faz menção ao fato de esses povos não possuírem as mesmas práticas e cultura dos romanos. A partir do século II d.C., as migrações germânicas intensificaram-se e, com o enfraquecimento do poder romano, as fronteiras do império ficaram mais frágeis assim como o próprio exército romano motivado principalmente pela crise econômica, as crise assim aumentaram sobremaneira. Bispo Alexandre I (77-115) Quinto Bispo católico em Roma de 107 a 115. Apesar de apenas 30 anos de idade, exercia já grande influência sobre as pessoas, pela sua extrema piedade e reconhecida santidade, e foi o responsável pela conversão de centenas de pessoas, muitos senadores e grande parte da nobreza romana, dentre os quais um prefeito de nome Hermes e de seus entes. Durante seu bispado, estabeleceu que durante a celebração da Eucaristia fosse usado na consagração, pão sem fermento, e também decretou que antes da consagração do cálice com vinho, este fosse misturado há um pouco de água, significando a união de Cristo com sua Igreja. Pronunciou a excomunhão contra todos os que impedissem aos legados apostólicos de cumprirem as ordens do “Sumo Pontífice ou Papa”, pois “considerava que os Bispos de Roma assim o fossem sobre toda a Igreja Católica, assim como Roma fosse a Sé do cristianismo’. Consagrou cinco bispos, presbíteros e diáconos e escreveu três epístolas, conhecidas como “O primeiro tomo dos Concílios”, com decretos e ordens, a bênção da água com sal em cerimônias que até hoje a Igreja celebra. Quanto aos cristãos o governo do Imperador romano Trajano continuou com sua política religiosa. Bispo Sisto I (42–126) Sexto Bispo da Igreja Cristã Romana (115-126) em seu mandato como Bispo procurou fazer uma organização melhor da Igreja. Sistematizou e normalizou vários procedimentos sagrados nos cerimônias religiosas, como o de que qualquer objeto sagrado só poderia ser tocado por ministros sacramentados. A ele atribui-se a introdução do tríplice canto do ‘Sanctus’ na missa, as cartas apócrifas que tratam da doutrina da Trindade Católica e ao Primado da Igreja de Roma. Também entrou em conflito com alguns procedimentos da Igreja da Ásia. Os mártires cristãos puderam contar com o seu auxílio paternal e ele próprio sofreu o martírio. O Imperador Adriano (117 a 138) era o governador romano nesta época e continuam as perseguições, mas com a mesma brandura do governo de Trajano. Bispo Telésforo (? -136) Sétimo Bispo da igreja cristã romana (125-136) nascido em Roma em ano incerto. Governou a Igreja em um período de paz, quando os imperadores Adriano e Antonino não publicaram editos de perseguição aos cristãos. Desenvolveu seu pontificado marcado por conflitos com as comunidades não cristãs. Embora os imperadores tenham publicado editos de certa forma generosos com relação aos cristãos, os pagãos não descansavam em acusar os cristãos, pois também pretendiam se apossar de seus bens e, em virtude desse furor, muitos cristãos foram jogados aos leões. São atribuídos ao seu governo da igreja, a tradição da Missa do Galo, a celebração da Páscoa aos domingos, a manutenção de sete semanas para a Quaresma antes da Páscoa e o cantar do ‘Glória’. O fragmento de uma carta de Santo Irineu ao Bispo Vitor I durante a controvérsia da Páscoa no final do sec. II, também preservado por Eusébio, atesta que Telésforo era um dos bispos de Roma que comemoravam a Páscoa aos domingos, em vez dos outros dias da semana de acordo com o cálculo da Páscoa Judaica. Ao contrário de Vítor, porém, Telésforo permaneceu em comunhão com aquelas comunidades que não seguiam este costume. O Imperador Adriano continuava no poder com a mesma política que atuara com os cristãos durante o bispado anterior. Bispo São Higino (74-140) Oitavo Bispo da Igreja Cristã Romana (136-140) nascido em Atenas, na Grécia. Ficou conhecido por tornar mais precisa a questão da hierarquia na Igreja e no governo esmerou-se na preservação da integridade do ensinamento evangélico, mexeu nas estruturas hierárquicas e na cerimônia do batismo, estabelecendo o costume de haver padrinho e madrinha no mesmo, instituiu as ordens menores para melhorar o serviço da Igreja e preparação do sacerdócio. Governou a Igreja por quatro anos e teve um pontificado perturbado pelas perseguições aos cristãos e pelos focos de heresia que começavam a nascer na Igreja dos primeiros tempos. Contando com a ajuda do filósofo São Justino, condenou as heresias e os heresiarcas, e conseguiu triunfar com êxito diante desses perigos. De acordo com Santo Irineu e Eusébio de Cesaréia, como Bispo teve de enfrentar um movimento gnóstico do qual fizeram parte Valentim e Cerdão. Ambos ousaram enfrentar Roma, espalhando a heresia do gnosticismo, mistura de doutrinas e práticas religiosas com filosofia e mistérios, cujo princípio fundamental era haver uma fé comum que seria suficiente aos incultos, mas que existiria uma ciência reservada aos doutores que ofereceria a explicação filosófica da fé comum. Os dois hereges foram excomungados pelo Bispo (Papa), que também era um notável filósofo de origem ateniense. O governante romano neste tempo era o Imperador Antonio Pio e neste governo os cristãos tiveram finalmente sossego, apesar de haver casos esporádicos de perseguições. Contudo os cristãos tinham liberdade de anunciar o evangelho. O cristianismo foi levado a várias partes do império. Bispo Pio I (81-154) Nono Bispo da igreja cristã romana (141-154), nascido em Aquiléia, norte da Itália, eleito após três dias de jejum e oração dedicados pelos fiéis romanos na escolha do novo Bispo. Seu pontificado foi marcado por questões envolvendo judeus convertidos e com heresiarcas como os gnósticos Valentino e Cerdão e Márcião, criador das heresias marcionitas, que propagaram doutrinas de fé conflitantes com os ensinamentos da Igreja Cristã defendida pelos Bispos católicos. Valentino, que já tinha aparecido durante o papado de Higino, aparentemente não progrediu. O gnóstico Cerdão foi mais ativo em Roma em seu período e Marcião chegou a Roma para divulgar suas heresias marcionitas. Por não serem convencidos pelo Bispo romano a mudarem seus ensinamentos, todos foram excluídos da comunidade e excomungados. (A teologia chamada Marcionismo propunha dois deuses distintos, um no Antigo Testamento e outro no Novo Testamento, já o Gnosticismo foi um movimento de teor religioso que, possuindo caráter sincrético ou esotérico, criado nos séculos iniciais do calendário cristão, pautando-se no cristianismo convencional, juntamente com o misticismo e especulação filosófica, sendo o conhecimento alcançado a partir das verdades divinas e da rejeição da matéria. O gnosticismo está relacionado com ensinamentos esotéricos da cultura grega e helenística, que expõe aos seus iniciados um caminho de salvação que tem como base o conhecimento de certas verdades ocultas a respeito de Deus, do homem e do mundo). Continua o governo romano sob o comando do Imperador Antonio Pio. Bispo Aniceto (110-166) Décimo primeiro Bispo católico (155-166), nascido na Síria. Tradicionalmente considerado de perfeita inteligência e santidade de vida, destacando-se por ter sido o primeiro Bispo romano a condenar oficialmente uma doutrina como heresia, em concreto e o Montanismo (foi uma heresia do século II, por Montano da Frígia que, com suas auxiliares Priscila e Maximila, anunciavam o fim do mundo e a volta iminente de Cristo. Pregavam um rigorismo moral: jejum perpétuo, proibiam o casamento, pregavam o martírio, minimizavam o papel dos bispos. Montano se dizia a encarnação do Espírito Santo, chegava a batizar em “Nome do Pai, do Filhoe de Montano”). O papa São Zeferino (199-205) condenou a heresia. Nessa época disseminavam-se perigosas heresias e seitas que punham em perigo o futuro da Igreja. Mas o Bispo envidou todos os esforços catequéticos para impedir o progresso das obras heréticas e reconduzir ao seio da Igreja os pobres desviados. Reuniu-se com São Policarpo, um discípulo de São João Evangelista, quando este visitou Roma, para tratar de questões disciplinares que atormentavam a unidade da Igreja. Ambos concluíram e deram demonstrações públicas que a Igreja de Roma, na doutrina, era idêntica a de Jerusalém e estas declarações causou grande impacto entre os hereges e promoveram muitas conversões. Como único ponto de divergência entre ele e Policarpo fosse o tempo da celebração da Páscoa, o papa deixou aos cristãos orientais toda a liberdade na celebração da Festa da Páscoa, como eram acostumados desde os dias de São João Evangelista. ). O governo deste pontífice coincidiu com o tempo do imperador romano Antônio e, além das perseguições oficiais por parte do governo romano, Deparou-se com a heresia do Gnosticismo, o racionalismo cristão, uma supervalorização do conhecimento, onde bastava isso para a Salvação. Contou muito com a ajuda do filósofo cristão São Justino e do bispo Policarpo. Auxiliado por esses doutores, combateram esse racionalismo. Aniceto destaca-se por ter sido o primeiro papa a condenar oficialmente uma doutrina como heresia, em concreto o montanismo. Papa São Sotero Papa São Sotero – ( ? – 175) Papa de origem grega da igreja cristã romana (166-175) nascido em Nápolis, substituto de Aniceto cujo pontificado coincidiu com o reinado de Marco Aurélio, o imperador filósofo, sob o qual os cristãos foram cruelmente perseguidos. Conhece-se muito pouco deste papa, a não ser que seu governo foi marcado pela prática da caridade, o zelo e a compaixão pelos mais humildes e a firmeza da fé com relação aos hereges, como se pode concluir pelos fragmentos de uma interessante carta a ele dirigida por São Dionisio de Corinto. Tradicionalmente é lembrado pelo seu costume de fazer o bem para todos os irmãos em muitas formas, e enviar esmolas para muitas igrejas em toda cidade, aliviando a pobreza dos que enviavam pedidos e dos irmãos de fé. Dar esmolas já era um velho e tradicional hábito dos romanos que o santo pontífice não só preservou, mas incentivou, além de consolar com palavras abençoadas todos os irmãos que vieram a ele, como um pai amoroso as suas crianças. Coibiu os abusos e ensinou com caridade a verdade. O papa de número 12 morreu em Roma e foi substituído por São Eleutério (175-189). Os mártires cristãos puderam contar com o seu auxílio paternal e ele próprio sofreu o martírio e, canonizado, é comemorado a 22 de abril, juntamente com outro papa, mas não mártir, São Caio (283-296). Alguns pesquisadores acham que a Segunda Epístola de Clemente,.foi um dos textos de sua autoria Papa Eleutério Papa Eleutério – (~ 130 – 189) Papa de origem grega da igreja cristã (175-189) nascido em Nicópolis do Épiro, Grécia, sucessor de São Sóter (166-175), que com seu empenho e grandes exemplos a todos os cristãos, atingiu na sua evangelização todas as classes, desde as mais pobres até aos altos escalões sociais, como por exemplo,obteve a conversão de vários nobres romanos, enviou missionários a Inglaterra, combateu as heresias e libertou a Igreja cristã de doutrinas e práticas judaicas. Seu pontificado foi pacífico no início, especialmente por que o extravagante imperador Cômodo, filho de Marco Aurélio, odiado pela alta classe dominante, foi benigno para com os Cristãos. Conta-se que recebeu cartas de Lúcio, rei de uma parte da Bretanha, pedindo sacerdotes que o instruíssem na fé cristã. Seria esse o primeiro chefe bárbaro europeu a se converter ao Cristianismo. Na sua grandiosa obra de conversão e extremo empenho na evangelização de todos, pobres e poderosos, fez com que mandasse os Santos Damião e Fugácio como missionários para a Inglaterra, que por sua vez batizaram o rei Lúcio (São), sua esposa e grande parte da população. Este papa resolveu a questão, de origem judaica, sobre a distinção entre alimentos puros e impuros. Certos alimentos, por exemplo a carne de porco, não são usados pelos judeus até hoje e esta tradição deve-se às normas erradas de Montano, um herege que pregava em Pepúcia, Frígia, Ásia Menor, com um rigor exagerado, um novo reino de Deus, idealizando para os montanistas um desapego completo, que consistia num jejum quase contínuo, na proibição total das artes, dos espetáculos, das festas, em restrições proibitivas do matrimônio, na necessidade do martírio para se conseguir o Céu. Nessa ocasião os fiéis de Lião, França, enviaram Santo Irineu a Roma para tratar do assunto com o Papa, em um dos primeiros gestos do mundo cristão de recorrer ao santo padre para solução de uma questão de fé, estabelecendo o costume de se considerar o Sucessor de Pedro, como autoridade máxima da Igreja. Também estabeleceu as normas mais antigas que se conhecem das festas de Páscoa. Papa de número 13, morreu martirizado em 25 de setembro (1534), em Roma, e foi sucedido por Paulo III (1534-1549). Sua data celebra-se em 26 de maio e diz uma lenda que durante seu pontificado ocorreu o milagre da legião fulminante, toda ela de cristãos, que levavam sobre ele uma chuva indispensável para lhes aplacar a sede, e sobre os inimigos uma tempestade de raios que os batia em retirada. Papa Vítor I Papa Vítor I – ( ? – 199) Papa e santo afro-italiano da igreja apostólica cristã (189-199) nascido no norte da África, indicado papa em substituição a São Eleutério, cujo feito mais tradicional foi declarar que água comum, de fonte, de poço, de chuva, do mar etc… pode, no caso de necessidade, servir para a administração do batismo, em substituição ao emprego de água benta, já tradicional nas cerimônias à época, para a bênção das pias batismais. Filho de Félix, é algo incerta a cronologia deste papa, sendo que alguns, seguindo o historiador Eusébio, relatam seu pontificado como até o ano 202. Teria morrido mártir na quinta perseguição, que foi movida nesse ano pelo imperador Sétimo Severo, ou então pouco antes, em uma sublevação de pagãos. Sob seu reinado a questão da data pascoal, de novo agitada, deu mais brilho à supremacia do Bispo de Roma. A Igreja conservara do ritual judaico o uso de se consagrarem a Deus vários dias de festas. O sábado, tradição judaica, foi cedo substituído pelo domingo em memória do dia da Ressurreição do Senhor. As festas hebraicas caíram em desuso, menos Pentecostes e Páscoa. Por esta é que se estabelecia todo o calendário judaico cristão. Na Ásia era a Páscoa celebrada no 14o dia do plenilúnio de março. Em Roma pretendia-se que a festa fosse sempre num domingo. Os orientais e sobretudo a metrópole de Éfeso, com seu velho e enérgico bispo dos antigos judaizantes, obstinavam-se na conservação do seu costume. O papa, examinando a opinião das demais Igrejas, fixou a Páscoa para o domingo seguinte ao 13o dia do plenilúnio de março e, 130 anos depois, o memorável Concílio de Nicéia (325) confirmou sua decisão. Santificado seu dia é celebrado em 28 de julho. Papa Zeferino Papa Zeferino – ( ? – 199) Papa da igreja cristã romana (199-217) nascido em Roma, eleito após a morte de São Vítor, pelos fiéis de Roma diante de um angustiosa expectativa em que recorreram à oração, por causa das expectativas pessimistas que ameaçavam desabar sobre a Igreja de Deus. Homem de poucas instruções, eleito decretou, entre outras coisas, o uso de pátenas de vidro e que se consagrasse o Precioso Sangue em vasos de cristal, e não de madeira, como o faziam algumas comunidades pela extrema pobreza dos cristãos. Nomeou seu auxiliar Anzio Calisto, seu futuro substituto como papa, e o encarregou de ampliar o cemitério de Via Apia, onde se encontravam os túmulos de ilustres mártires como São Pretextato e Santa Domitila, parenta do imperador Domiciano. Este célebre cemitério, até hoje conhecido sob o nome de São Calisto, tornou-se ilustre por sua extensãoe por possuir local distinto para os sumos pontífices. O imperador Severo, no seu governo (193-211) desencadeou (203-211) uma furiosa perseguição aos Cristãos. Nesta quinta perseguição, só abrandada após a morte do imperador (211), o papa foi fundamental na manutenção da fé e no conforto aos fiéis. Segundo exclamava Tertuliano, na sua fé inabalável,O sangue dos mártires é semente de novos cristãos, até a consumação dos séculos. Passados estes dias de insegurança, o papa empenhou-se em livrar a Igreja da heresia montanista, mas não definiu claramente a sua crença na trindade divina. Recebeu em Roma o fenômeno intelectual daquele tempo, o grande Orígenes. Morreu em Roma, foi enterrado junto ao túmulo de São Tarcísio, e tem sua festa celebrada em 26 de agosto. BISPOS DA IGREJA DE ROMA NO SÉCULO III Papa São Calisto I PUBLICIDADE Papa São Calisto I (155 – 222) Papa (217-222) e santo da Igreja Cristã Romana nascido em Roma, sucessor do papa Zeferino, cujo pontificado foi marcado pelo início do cisma que colocou Hipólito de Roma como antipapa. Era diácono durante o pontificado de São Zeferino e, eleito (217), durante cinco anos, lutou contra a heresia do presbítero e teólogo Hipólito, para preservar a doutrina. Mandou construir as famosas catacumbas da Via Apia, onde foram enterrados 46 Papas e uns 200.000 mártires. Foi acusado por Tertuliano e Hipólito de ser demasiado indulgente ao administrar o sacramento da penitência, quando o papa concedeu a absolvição aos pecadores de adultério, homicídio e apostasia. Até então esta absolvição só era dada uma vez na vida e após uma dura penitência pública, enquanto os reincidentes eram excluídos da comunhão eclesial. Acrescentaram-se às divergências pessoais de oposição, a inveja de Hipólito, que nunca se conformou em ser preferido a ele como sucessor do Papa Zeferino. Hipólito chegou mesmo à ruptura total e fez-se ordenar bispo e fundou uma igreja própria, arrastando no cisma parte do clero e do povo de Roma, defendendo sua radical condenação em relação aos adúlteros, para os quais não aceitava a reconciliação e o perdão, que por sua vez eram concedidos pelo Papa. Inconformado continuou fomentando as acusações, calúnias e interpretações de desprezo à pessoa e ao trabalho do papa. Assim, durante uma rebelião popular, o papa foi espancado e, ainda vivo, jogado em um poço onde hoje se acha a Igreja de Santa Maria, em Trastevere. Enterrado como mártir, em Roma, o local de seu sepulcro gerou o histórico sítio denominado de Catacumbas de São Calisto. O termo catacumba é a denominação dos primitivos cemitérios cristãos, constituídas por galerias, cubículos e outras cavidades. Escavados sob os cemitérios ou terrenos baldios situados fora dos muros das cidades, as catacumbas, numerosas sobretudo em Roma como as de Calisto, Domitilae Priscila, também são encontradas em outras localidades do Império Romano, como Marselha, Sevilha, Siracusa, Poitiers. O cisma continuou durante o pontificado de Ponciano, que contudo conseguiu, com a sua magnanimidade trazer Hipólito e o seu grupo de volta à Igreja, depois de 20 anos de separação. Papa Urbano I Papa Urbano I – ( ~ 270 – 230) PUBLICIDADE Papa Igreja Cristã Romana (222-230) nascido em Roma, sucedendo São Calisto I (217-222) e cujo pontificado coincidiu com a época de tolerância (222-235) do imperador Alexandre Severo. Não se conhece quase nada de sua vida e de seu papado e, ao que parece, durante seu papado a Igreja gozava de Paz, mas a sua crescente grandeza excitava o ódio dos pagãos. Determinou que as esmolas e os legados ofertados à Igreja fossem aplicados exclusivamente no sustento dos pobres e do culto divino. Estabeleceu pioneiramente o uso de ouro, prata e pedras preciosas em patenas, cálices e vasos sagrados, destinados ao uso do sacrossanto Sacrifício da Missa e decretou também que o sacramento da Confirmação fosse ministrado, após o Batismo, pelas mãos de um bispo. Organizou a Igreja de Roma em 25 unidades eclesiásticas, as paróquias de Roma e consentiu que a Igreja adquirisse bens. Interveio nas disputas sobre o cisma de Hipólito de Roma e ordenou que o patrimônio da igreja doado pelos fiéis não pudesse ser usado, em hipótese alguma, para outros fins a não ser para o sustento dos próprios missionários. Foi um dos grandes pontífices do início do cristianismo, caluniado e perseguido pelo prefeito Almáquio, de Roma, sob o império de Alexandre Severo, durante seus oito anos de defensor máximo da doutrina cristã, distinguiu-se pelo zelo apostólico. Foi responsável por inúmeras conversões, inclusive, de pessoas de alta classe social, dentre os quais Valeriano, esposo de Santa Cecília, convertida e martirizada, e de Tibúrcio, seu irmão. No local do martírio de Santa Cecília, em Trastevere, fez construir a Igreja onde repousam os restos da padroeira dos músicos, que primeiramente tinha sido sepultada no cemitério de Calisto. Papa de número 160, morreu em Roma e foi sepultado no cemitério de Pretextato, na Vila Ápia, e foi sucedido por São Ponciano (230-235). Papa Ponciano Papa Ponciano – ( ? – 235) PUBLICIDADE Papa (230-235) e santo da Igreja Cristã de Roma nascido em Roma, sucessor de Urbano I e que pois fim ao cisma iniciado com Calixto I e que continuava durante o seu pontificado. Eleito papa ainda durante o período do cisma, ordenou o canto dos Salmos, a recitação do confiteor Deo e o uso do Dominus vobiscum e pôs fim à heresia de Hipólito. Em cinco anos de pontificado, de grande ação pastoral, de oposições, de luta contra a heresia, apesar das pressões do seu irredutível opositor Hipólito (217-235), sacerdote romano, antipapa, personalidade de destaque na Roma cristã do 3º século, teólogo do clero de Roma, mas uma figura controversa pelas suas atitudes de intransigência e oposição à autoridade do pontífice, inclusive já entrara em contraste com o papa São Calisto (217-220), pelo seu rigorismo em relação aos adúlteros, aos quais recusava a reconciliação e o perdão, que por sua vez eram concedidos pelo papa. Foi vítima do Imperador Maximiniano, que iniciou uma era de perseguições, que o aprisionou, condenou e deportou (235) para a Sardenha para cumprir trabalhos forçados nas pedreiras da Sardenha. Demitiu-se do pontificado pouco depois de ter chegado à ilha, sendo esta a primeira vez que isso aconteceu na história dos papas. Sua renúncia tinha o magnânimo objetivo de não criar dificuldades à Igreja de Roma para a reconciliação com os seguidores de Hipólito, que chegou mesmo à ruptura total, autordenando-se bispo e fundando uma igreja própria, arrastando no cisma parte do clero e do povo de Rom. Hipólito, que também tinha sido condenado ao exílio e ao trabalho forçado nas minas, e o seu grupo foi reconduzido à Igreja de Roma, pondo fim ao cisma que durou vinte anos, e o papa morreu martirizado de sofrimentos na ilha de Tavolara, Sassari. O papa de número 18 foi sucedido pelo papa Santo Antero (235-236), de origem grega, que permaneceu na prisão durante seu brevíssimo pontificado. Papa Santo Antero PUBLICIDADE ( ~ 200 – 236) Papa (235-236) e santo da Igreja Cristã de Roma nascido na Magna Grécia, escolhido para suceder o Papa São Ponciano (230-235) e seu brevíssimo pontificado que durou apenas 43 dias, de 21 de novembro a 3 de janeiro do ano seguinte, foi transcorrido na prisão e foi sucedido pelo Papa São Fabiano. Sua eleição foi marcada pelo enfrentamento da oposição de um sacerdote de nome Nereu de Chipre, que desejava o trono de São Pedro, mas não reuniu adeptos em número suficiente para apoiar as suas pretensões. Apesar de pouco mais de um mês como papa, este santo de origem grega, ordenou também a compilação de documentos canônicos oficiais, recolhidos e conservados na Igreja, em um lugar chamado scrinium. Muitas recompilações foram queimadas por ordem do imperador Diocleciano, mas voltaram a ser redigidas para desaparecerem novamente nos tempos do Papa Honório III (1225). Promoveu a coleção de Os Atos dos Mártires, uma ordenação das atas concernentes aos mártires da Igreja, determinando que fossem lavradas cópiaspara serem guardadas nas igrejas. Sua iniciativa irritou o imperador romano Máximiano, um bárbaro da Trácia, que o levou à condenação e execução, tendo seu corpo sido sepultado junto às catacumbas de São Calixto. Sua morte violenta, associada a sua humildade e grande carisma pessoal, resultou em milhares de conversões entre os romanos e gregos pagãos e até entre a guarda pessoal do imperador. O papa de número 19 da Igreja de Roma foi substituído por São Fabiano (236-250). Apesar do curto período em que permaneceu à frente da Igreja, seu nome ficou marcado pelo importante empenho na preservação do acervo documental católico, permitindo aos historiadores o acesso à diversas informações escritas da Igreja primitiva e por causa isto, foram mantidas as bases de conhecimento de muitas coleções redigidas pelos notários. Papa São Fabiano PUBLICIDADE Papa São Fabiano ( ? – 250) Papa (236-250) e santo da Igreja Cristã Romana nascido em Roma, que morreu mártir (250) durante a perseguição do Imperador Décio. Fazendeiro de origem, foi ao túmulo de São Pedro para orar e pessoas juraram que viram um sinal do Espírito Santo sobre sua cabeça. Foi eleito e ordenado diácono, presbítero, bispo e eleito papa no mesmo dia. O seu pontificado coincidiu, exceto no início e no final, com um período excepcional de paz, prosperidade e desenvolvimento da Igreja. Foi administrador enérgico e de grande visão e no censo que realizou na Igreja de Roma, contabilizou que na cidade, havia sete circunscrições eclesiásticas, com sete bispos, quarenta e seis presbíteros, sete diáconos, cinqüenta e dois exorcistas, leitores e porteiros, mil e quinhentas viúvas sob a proteção da Igreja, e um total de quarenta mil cristãos. Pelo Liber Pontificalis, a coleção de biografias papais, mandou fazer muitos trabalhos nas catacumbas, inclusive a ampliação da de S. Calisto. O termo catacumba é a denominação dos primitivos cemitérios cristãos, constituídas por galerias, cubículos e outras cavidades. Admirado por São Cipriano, foi venerado no Oriente como grande santo milagreiro. Segundo o autor Eusébio, em sua História Eclesiástica, Orígenes endereçou-lhe um tratado em que se defendia da acusação de heresia. O Imperador Décio desencadeou uma ferrenha perseguição contra a Igreja (246) e ele fugiu de Roma e deu início à vida eremita, com os anacoretas. Preso, no final de seu pontificado sustentou inflexível o processo na presença do imperador Décio, de quem se diz ter pronunciado no final do julgamento: Prefiro ter um rival no império do que um bispo em Roma. Martirizado em Roma, o pontificado ficou 14 meses sem ocupação, devido à violenta perseguição de Décio, inclusive porque seus possíveis sucessores estavam todos na prisão por ordem do imperador. Durante este período o principal interlocutor do clero de Roma foi um eclesiástico chamado Novaciano. Quando a situação permitiu a grande maioria escolheu o romano Cornélio, não por iniciativa própria, mas pela sua reconhecida humildade, prudência e bondade. Papa São Cornélio PUBLICIDADE Papa São Cornélio ( ? – 253) Papa e santo da Igreja Cristã Romana (251-253) nascido em Roma, sucessor de São Fabião ou Fabiano (236-250) e que mostrou uma atitude conciliadora para com os cristãos que haviam abjurado durante a perseguição do imperador Décio, os chamados lapsos, que pediam para ser readmitidos à comunhão da Igreja. Escolhido 14 meses depois da morte de Fabiano, devido à violenta perseguição de Décio, foi descrito por Cipriano de Cartago como um homem sem ambições e que tinha percorrido todos os graus do serviço eclesiástico. Foi eleito não por iniciativa própria, mas pela sua humildade, prudência e bondade, foi extremamente combatido pelo preterido Novaciano, principal interlocutor do clero de Roma junto ao governo imperial no período anterior. Novaciano, que esperava ser o sucessor de Fabiano, fez-se consagrar bispo e proclamou-se Papa. O segundo antipapa da Igreja iniciou, assim, com um pequeno grupo de seguidores, um primeiro e verdadeiro cisma, inclusive com a atitude oposta em relação aos lapsos. Trabalhou com energia e habilidade para fazer-se reconhecer como bispo pelas principais Igrejas cristãs, enquanto em Roma o grupo de Novaciano recusava-lhe a obediência. Com a ajuda de Cipriano de Cartago e Dionísio de Alexandria, o papa a venceu a oposição novaciana e convocou (251), um sínodo celebrado em Roma, contando 60 bispos e clero, em que Novaciano e seus seguidores foram excomungados, face a negativa destes em fazer as pazes com o pontífice. Também ficou conhecido por suas cartas escritas às outras igrejas sobre o problema do cisma, inclusive uma conhecida endereçada a Eusébio de Cesaréia, em que fornecia uma estatística detalhada, de grande valor histórico, sobre o clero dos vários graus na Igreja de Roma daquele tempo. Com a chegada ao poder do imperador Treboniano Galo (251-253), recomeçaram as perseguições e (252) o papa foi preso e exilado a Centocelle, atual Civitavecchia, onde morreu em junho do ano seguinte, e foi sucedido por São Lúcio I (253-254). Seu corpo foi logo transportado a Roma e sepultado na cripta de Lucina nas catacumbas de S. Calisto. A inscrição de sua tumba é o primeiro epitáfio papal escrito em latim, que chegou intacta até aos tempos contemporâneos. São Lúcio I PUBLICIDADE São Lúcio I ( ? – 254) Papa e santo da Igreja Cristã Romana (253-254) nascido em Roma, elegeu-se papa em 25 de junho (253) como sucessor de São Cornélio (251-253). Depois de pouco tempo de ser eleito foi exilado por ordem do Imperador Galo que morreria poucos meses depois em sua luta contra o general rebelde Emiliano, que, por sua vez foi assassinado por seus soldados. O sucessor de Galo, o imperador Valeriano, que no princípio de seu reinado mostrou-se benévolo com os cristãos e permitiu o papa regressar a Roma. De costumes rigorosos, proibiu viverem juntos homens e mulheres não consangüíneas fora do casamento e impôs aos eclesiásticos a ordem de não conviverem com as diaconisas que lhes davam hospitalidade por sentimentos caritativos. Condenou os hereges novacianos, que não aceitavam a absolvição e a comunhão dos pecadores arrependidos. Publicou que o papa, em suas viagens para as sagradas funções, se fizesse acompanhar de três diáconos e com pelo menos dois sacerdotes. O papa de número 22, morreu morte natural em Roma, oito meses após sua eleição, em 5 de março (254), e foi sucedido por São Estêvão I (254-257). Foi enterrado na cripta dos papas das Catacumbas de São Calisto, onde hoje fica a Igreja romana de Santa Cecília, enquanto suas relíquias são conservadas em Bologna. Na Catedral de Roeskilde, próxima de Copenhague, venerou-se durante muito tempo a cabeça deste papa, o padroeiro da cidade. Papa Santo Estêvão I PUBLICIDADE Papa Santo Estêvão I ( ? – 257) Papa e santo da Igreja Cristã de Roma (254-257) nascido em Roma, eleito papa em 12 de maio (254) sucessor de Lúcio I (253-254), que reinou no período em que a controvérsia com a Igreja africana entrava em seu período mais crítico. Foi eleito papa depois de uma vacância do cargo por dois meses. Afirmou insistentemente o primado do papa, para resolver problemas que se relacionavam com a disciplina eclesiástica ou questões teológicas, como a da validade do batismo administrado por heréticos e a questão dos lapsos, cristãos que, no tempo das perseguições, tinham renegado a fé cristã pelo temor de perderem seus bens, enfrentar o exílio e os tormentos ou a morte, porém passado o perigo, arrependidos da apostasia, pediam para ser readmitidos na Igreja. . Acreditava que esse batismo era válido, no que foi contestado pelo bispo Cipriano, de Cartago, que convocou dois sínodos para afirmar a não validade do batismo dos heréticos. O papa recusou-se a receber os enviados de Cipriano, para o qual rebatizar era contrário à tradição e isso não podia ser tolerado. O perigo de ruptura da Igreja era tão grande que levou Dionísio de Alexandria, que embora apoiasse a posição do papa, sentiu a necessidade de escreveu ao pontífice suplicando que adotasse uma linhamenos intransigente. As divergências entre papa e o bispo africano, levou a realização do Concílio africano (256) que reprovou o procedimento do pontífice e seus métodos excessivamente autoritários. O conflito estava em seu ponto mais alto quando foi interrompido com a morte do papa (257). Foi decapitado pelos soldados de Valeriano, na cadeira pontifícia, durante uma cerimônia religiosa realizada na Catacumba de São Calisto. Autoritário e intransigente, plenamente consciente da sua autoridade e prerrogativa especial, foi o primeiro papa a se assumir com a missão confiada ao apóstolo Pedro por Jesus Cristo, como referido no Evangelho de S. Mateus. Foi sepultado na cripta dos papas nas catacumbas de São Calisto. Sob seu pontificado, também se intensificaram as lutas cismáticas dos seguidores do antipapa Novaciano. Papa Dinis Dionisio Papa Dinis Dionisio – (~ 220 – 268) PUBLICIDADE Papa (259-268) e santo da Igreja Cristã de Roma provavelmente nascido na Grécia, sucessor de Sisto II, que manteve uma longa correspondência com Dionísio de Alexandria acerca da doutrina ortodoxa da Trindade. Sua origem grega não é de todo confirmada, nem se sabe com exatidão informações sobre sua formação anterior. Foi eleito (259), um ano após a morte do seu antecessor, por causa das perseguições desenvolvidas contra a Igreja pelo Imperador Valeriano I. Coube ao seu pontificado a missão de reorganizar a Igreja Romana em meio a graves desordens e em um momento em que os bárbaros se acercavam das portas do Império Romano. Reorganizou as paróquias romanas e enviou grande quantidade de dinheiro aos cristãos da Capadócia, para reequilibrar suas comunidades e restaurar os templos que haviam sido devastados pelos persas. Estabeleceu a paz com o Imperador Galieno, e obteve deste a liberdade para os cristãos com a publicação de um editto di tolleranza por parte do governo. Papa de número 25, morreu em 26 de dezembro (268), de morte natural e foi sepultado na Catacumba de São Calisto. Foi o primeiro papa a não ser indicado claramente como mártir e foi substituído por São Félix I (269-274). Papa São Félix I PUBLICIDADE Papa São Félix I ( ? – 274) Papa (269-274) e santo da Igreja Cristã de Roma nascido nesta cidade, que foi escolhido para suceder São Dionísio (260-268), sendo as informações sobre sua vida poucas e confusas. Interveio na questão da deposição de Paulo de Samósata, bispo de Antioquia no século III, que foi condenado por suas doutrinas trinitárias e cristológicas no sínodo de Antioquia (268). Esse bispo pregava que o Cristo-Logos e o Espírito Santo significavam apenas qualidades de único Deus: o Jesus homem obtinha inspiração do Alto e, quanto mais homem se tornava, tanto mais recebia o Espírito acabando por identificar-se com o Pai quando da ressurreição. O Liber pontificalis atribui a este papa, um decreto com que se autorizava a celebração da missa sobre os túmulos dos mártires. Durante o Concílio de Éfeso (431), teria pronunciado que Jesus Cristo, filho de Deus, nascido da Virgem Maria, é homem e Deus em uma única pessoa, afirmando a divindade e a humanidade de Cristo e as duas naturezas distintas em uma só pessoa. Juntou-se aos fiéis nas catacumbas, para escapar à perseguição do Imperador Aureliano. Iniciou o sepultamento dos mártires sob o altar e a celebração da missa sobre seu túmulos. Segundo a tradição, o papa de número 26 teria morrido martirizado em 30 de dezembro (274), sepultado na Catacumba de São Calisto, na Via Ápia, e foi sucedido por São Eutiquiano (275-283). Papa Eutiquiano Papa Eutiquiano – ( ? – 283) PUBLICIDADE Papa da Igreja Cristã de Roma (275-283) nascido em Luni, Ligúria, eleito em 4 de janeiro (275) como sucessor de Félix I (269-274), o último papa a ser sepultado na cripta dos papas. Pouco se sabe de preciso desse papa como de seu sucessor. Governou a Igreja durante oito anos, período em que ordenou que os mártires fossem objeto de grandes honras e seus corpos cobertos pela dalmática, uma túnica roxa similar aos usados pelos Imperadores Romanos, hoje vestimenta dos diáconos nas cerimônias solenes, e instituiu a benção da colheita nos campos. Para evitar que o Santíssimo Sacramento fosse profanado, proibia aos leigos até mesmo de portar as Sagradas Espécies aos doentes: Nullus præsumat tradere communionem laico vel femminæ ad deferendum infirmo, ou seja, Ninguém ouse entregar a comunhão a um leigo ou a uma mulher para portá-la a um enfermo. Papa de número 27, morreu martirizado em 7 de dezembro (283), em Roma, foi sepultado na cripta dos papas, nas catacumbas de São Calisto, Via Ápia, e sucedido por São Caio (283-296). Papa São Marcelino PUBLICIDADE (? – 304) Papa São Marcelino Papa e santo da Igreja Cristã Romana (296-304) nascido em Roma, sucessor de São Caio (283-296), que durante o seu pontificado, teve de enfrentar a perseguição de Diocleciano. Após cinco anos de paz, teve que esconder-se nas catacumbas, onde confortava os cristãos, para fugir à perseguição de Diocleciano, que condenara à morte toda pessoa que professasse a religião cristã. O seu nome porém, é recordado na famosa inscrição do diácono Severo, que se encontra nas Catacumbas de São Calisto, na Via Ápia. Em hexâmetros latinos, Severo descreveu a construção de um cubículo com arcossólios como tranqüila morada na paz para si e seus caros, autorizado pelo seu papa Marcelino. O termo papa, como sinônimo do bispo de Roma aparece pela primeira vez nessa inscrição, com a sigla abreviada PP, usada ainda hoje pelos papas em suas assinaturas. O papa de número 29, morreu em Verona, na durante a perseguição de Diocleciano, mas não como mártir, embora seu nome figure na lista dos mártires do imperador, e foi sepultado na Catacumba de Priscila, e foi sucedido por São Marcelo I (308-309), quatro anos depois. No século V, os donatistas africanos julgaram-no traidor da fé, mas foi reabilitado em conseqüência da perseguição a que foi submetido pelo Imperador que, no clímax da violência, incendiou Igrejas e queimou textos sagrados e deixou entre suas vítimas, mártires como Santa Lúcia, Santa Inês, Santa Bibiana, São Sebastião e São Luciano. BISPOS DA IGREJA DE ROMA NO SÉCULO IV Papa São Marcelo I PUBLICIDADE (? – 309) Papa São Marcelo I Papa e santo da Igreja Cristã Romana (308-309) nascido em Roma, eleito quatro anos após a morte de Marcelino I (296-304) devido às terríveis condições em que viviam os cristãos perseguidos por Diocleciano. Em seu breve mandato dedicou-se à recomposição da comunidade de Roma, e tomou duas decisões importantes. Na primeira proibiu a realização de concílios sem a expressa autorização do papa. Na segunda, embora mantivesse uma atitude severa para com os lapsi, cristãos que tinham renegado a fé, durante a perseguição do imperador, estabelecia condições a respeitar nos casos em que se concedesse o perdão a essas pessoas. Essa difícil decisão de conceder o perdão para os lapsos, gerou intensos tumultos que apressaram a intervenção do imperador Massêncio, retirando todos os seus poderes. Preso e acusado de tentar reorganizar a Igreja, foi condenado a servir nos estábulos imperiais com o objetivo de humilhar-lhe. Libertado pelos cristãos, refugiou-se na casa da matrona Lucina que transformara sua casa e uma igreja. Descoberto, foi novamente condenado, preso precisamente na igreja que receberam de Lucila e que foi transformado em um estábulo, onde morreu vítima de privações e humilhações. O papa de número 30 morreu martirizado em Roma, recebeu uma sepultura no Cemitério de Priscila e foi sucedido por São Eusébio (309-310). Papa Santo Eusébio PUBLICIDADE Papa Santo Eusébio (? – 310) Papa e santo da Igreja Cristã Romana (309-310) de origem grega nascido em Casano Jônico, eleito em 18 de abril (309) como sucessor de São Marcelo I, o papa mais amado e venerado pelos cristãos do seu tempo devido à sua grande bondade e misericórdia demonstradas nos poucos meses de pontificado. Foi eleito durante a perseguição de Diocleciano (284-305) e enfrentou com coragem e decisão a espinhosa questão dos lapsos, cristãos que,no tempo das perseguições, tinham renegado a fé cristã pelo temor de perderem seus bens, enfrentar o exílio, os tormentos ou a morte, porém passado o perigo, arrependidos da apostasia, pediam para ser readmitidos na Igreja. Enfrentou as polêmicas sobre estas apostasias que levaram a Igreja à iminência de um cisma e conseguiu unir a firmeza de posições em favor do perdão a uma grande caridade. Parte do clero de Roma, chefiada por Heráclio, influente dignitário da Igreja, era absolutamente contrária, enquanto o papa tinha-se declarado abertamente favorável ao perdão. A luta desembocou até em luta aberta, tanto que o imperador Maxêncio exilou os expoentes das duas facções opostas, atestada pelo papa Dâmaso na inscrição colocada diante da sua tumba: vetuit lapsos peccata dolere. Eusebius miseros docuit sua crimina flere. Exilado na Sicília, enviado pelo Imperador Maxêncio em 17 de setembro (309), morreu martirizado e vítima das privações, principalmente fome. Logo o papa de número 31 foi considerado mártir pela Igreja de Roma e seu corpo foi transladado à capital e sepultado nas Catacumbas de São Calisto. A cripta, que dele recebe o nome, adornada de mármore e tornada preciosa pela inscrição do papa Dâmaso, foi uma das mais visitadas pelos peregrinos daqueles tempos. Outros papas mártires foram Ponciano, Fabiano, Cornélio e Sisto II, e foi o último papa a ser sepultado em São Calisto, numa cripta que traz o seu nome, e foi sucedido por São Miltíades (311-314). Papa Melquíades Papa Melquíades ( ? – 314) PUBLICIDADE Papa (311-314) e santo da Igreja Cristã Romana nascido na África, sucessor de Eusébio, foi papa que durante o seu pontificado o imperador Constantino concedeu liberdade de culto aos cristãos, passando de papa da perseguição para o papa da liberdade dos cristãos. De origem africana, fez parte do clero Romano, até que com o falecimento do Papa Eusébio, foi eleito sucessor de São Pedro. No período de seu governo, sofreu com a perseguição aos cristãos, que só teve um descanso quando o Imperador Constantino venceu a histórica batalha de Roma (312) a qual atribuiu ao Deus dos cristãos. Por meio do Edito de Tolerância de Milão (313), os cristãos receberam do Imperador, movido pela visão do in hoc signo vinces, a liberdade de culto para praticar sua religião. Constantino, além de converter o cristianismo na religião oficial do Estado, cedeu seu próprio palácio, em Latrão, para ser a residência oficial do Papa. Este palácio permaneceu como residência oficial dos Papas por 770 anos (313-1083). No mesmo ano realizou o sínodo em Latrão, em que foi condenado o bispo Donato de Cartago. Durante os quatro anos de pontificado foi um grande defensor da fé e combateu principalmenteas as ameaças que nasciam do interior da Igreja com os hereges. Aproveitou a liberdade religiosa para organizar as sedes paroquiais em Roma e recuperar os bens da Igrejas perdidos durante a perseguição. Recebeu de volta os bens da Igreja confiscados durante as perseguições do passado e construiu a Basílica de São João e, através da Eucaristia, semeou a unidade da Igreja de Roma com as demais igrejas. O papa de número 32 morreu em Roma, em 2 de janeiro (314) e foi sucedido por São Silvestre I (314-335). Papa Silvestre I Papa Silvestre I – (293 – 335) PUBLICIDADE Papa italiano da igreja cristã romana (314-335) nascido em Roma, eleito papa em substituição a São Milcíades, o primeiro a usar a coroa. Cabendo-lhe a tarefa não pequena de iniciar a organização da vida da Igreja em condições de normalidade às quais ela não estava habituada, depois de 250 anos de clandestinidade, foi sob seu pontificado que começaram a ser estabelecidas, como locais de culto, as grandes basílicas romanas. Durante seu pontificado, o Imperador Constantino, sob a influência da mãe, Santa Helena, tornou-se o protetor da Igreja, decretou o fim da crucificação e da perseguição aos cristãos. Realizou o primeiro Concílio Ecumênico, de Nicéia (325), que formulou o Credo e condenou a heresia ariana, que negava a divindade de Jesus Cristo. Criou a Coroa de Ferro, com um cravo da Cruz, e converteu a basílica de São João em Catedral. Antes dois outros concílios também foram realizados em seu Pontificado, o de Arles e o de Ancira (314). Nesses concílios, a Igreja defendeu sua integridade contra os erros e desvios suscitados, naqueles tempos, como em todos os séculos, pelo demônio, na tentativa de atingir a integridade do Corpo Místico de Jesus Cristo, e reafirmando a promessa de seu Divino Fundador, de que a Igreja é imortal e perdurará até à consumação dos séculos. Homem capaz e influente, convenceu Constantino a libertar todos os escravos, instituir o domingo como feriado universal, para recordar a Ressurreição, dispensar o clero dos impostos públicos e criar hospitais para os doentes. O clero e os bispos da Itália e das províncias receberam permissão para usar o transporte imperial gratuitamente e, assim, podiam mais facilmente peregrinar a Roma e encontrar-se com o Papa. Santa Helena construiu uma igreja para venerar as relíquias da Santa Cruz, que ela trouxera de Jerusalém. O Imperador também mandou construir uma basílica sobre o túmulo de São Pedro (333) e, pessoalmente, contribui para a construção de outras Igrejas. Papa Marcos Papa Marcos – ( ? – 336) PUBLICIDADE Papa por menos de um ano e santo da Igreja Cristã Romana nascido em Roma, que eleito em 18 de janeiro em substituição a São Silvestre I (314-335), foi titular do trono de São Pedro, a sede apostólica romana, apenas até o dia 7 de outubro do mesmo ano. Pouco se conhece da sua vida e como foi educado, mas que trabalhou pela Igreja durante o pontificado de Silvestre, e tornou-se pastor da Igreja de Roma e promotor do seu calendário litúrgico. Deu seguimento a construção das basílicas de São Marcos e de Santa Balbina e estabeleceu que os papas seriam consagrados pelos Bispos de Óstia. Instituiu o pálio, tecido com lã branca de cordeiro e com cruzes negras, como paramento papal e organizou o primeiro calendário com as festas religiosas. Aparentemente as mais antigas listas conhecidas de papas e mártires, como Depositio episcoparum e Depositio martyrum, começaram a ser compiladas no seu pontificado. O papa de número 34 morreu em Roma e foi sucedido por São Júlio I (337-352) e depois por Líbero (352-366). Papa São Júlio I PUBLICIDADE (280 – 352) Papa (337-352) e santo da Igreja Cristã Romana nascido em Roma, que sucedeu Marcos no trono pontifício (337) e governou a Igreja durante uma das fases mais conturbadas da controvérsia ariana. Filho de um romano de nome Rustico, e teve seu pontificado mascado principalmente por sua firme e conscienciosa intervenção nas controvérsias arianas, cujos ensinamentos tinham sido condenados no Concílio de Nicéia. Depois da morte de Constantino o Grande (337), seu filho Constantino II, Governador de Gália, permitiu ao exilado Atanásio, também chamado de Anastácio, regressar para Alexandria. Pressionado pelos bispos do Egito e de Alexandria, convocou um outro concílio em Roma (340), do qual participaram aproximadamente cinqüenta bispos e no qual Atanásio foi reabilitado. Os eusebianos, seus ferrenhos adversários, recusaram-se a intervir no concílio e reuniram-se em sínodo em Antioquia, voltaram a condenar Atanásio, que passou a morrer em Roma e divulgar os costumes da Igreja do Egito, e elegeram um novo bispo de Alexandria. Durante o seu pontificado, deu-se impulso à organização eclesiástica e construíram-se algumas catacumbas, como o de São Valentino e São Félix, e as igrejas dos Santos Apóstolos e de Santa Maria. Fixou em 25 de dezembro a solenidade do Natal, para a Igreja do Oriente e é considerado o fundador do arquivo da Santa Sé, porque ordenou a conservação dos documentos. No seu pontificado duplicou o número de cristãos em Roma e morreu em 12 de abril (352). Foi enterrado nas catacumbas de Calepodius, na Vía Aurelia, e logo depois de sua morte passou a ser venerado como santo. Seu corpo foi trasladado a Santa María, no Trastevere, uma das igrejas que ele havia construído,e tem sua festa votiva em 12 de Abril. Papa São Líbero ou Libério PUBLICIDADE ( ? – 366) Papa da Igreja Cristã Romana (352-366) nascido em Roma, eleito em 17 de maio (352) como sucessor de São Júlio I (337-352), durante catorze anos de pontificado, tudo fez para proteger a Igreja da heresia ariana, à qual aderira o Imperador Constâncio II, por quem foi desterrado para Berea de Trácia (358). Fez as primeiras fundações da Basílica de Santa Maria Maior, um projeto que ele mesmo traçou. As polêmicas com os arianos levaram à eleição do antipapa Félix II e ao exílio do papa de número 36. No seu desejo de morrer como mártir, pouco tempo depois, regressou à Roma (358) e combateu e expulsou o Antipapa Félix II, imposto pelo imperador. Faleceu oito anos depois, em 24 de setembro de 366 e foi sucedido por São Damaso I (366-383). Foi o papa que instituiu oficialmente a festa do Natal na data de 25 de dezembro (354). Provavelmente a adoção de 25 de dezembro não refere-se aniversário cronológico de Jesus, mas ao fato de que os primeiros cristãos desejaram que a data coincidisse com a festa pagã dos romanos dedicada ao nascimento do sol inconquistado, que comemorava o solstício de inverno. A escolha é bastante plausível visto que no mundo romano, a Saturnália, comemorada em 17 de dezembro, era um período de alegria e de troca de presentes. 25 de dezembro também era tido como o dia do nascimento do misterioso deus iraniano Mitra, o Sol da Virtude. Sua festa votiva é comemorada em 23 de setembro. Papa São Dâmaso I PUBLICIDADE Papa São Dâmaso I (304 – 384) Papa da Igreja Cristã Romana (366-383) nascido na Espanha, eleito em 1º de outubro (366) como sucessor de Líbero (352-366), e foi o primeiro papa espanhol. Para se firmar no trono manteve longas e sangrentas contendas contra o diácono e usurpador Ursino. Durante o seu pontificado, realizaram-se vários concílios em Roma e em Constantinopla, inclusive um ecumênico (381). Colaborou com Santo Ambrósio na ação contra os bispos arianos ocidentais. Fez traduzir do hebraico as Sagradas Escrituras, fixou o cânon bíblico e valeu-se da obra de São Jerônimo para corrigir a Bíblia latina (374). Era um erudito e como um historiador, escreveu as vidas dos Papas, de Pedro a Libério. Foi autor das primeiras decretais e autorizou o canto dos Salmos em dois coros, o rito ambrosiano, instituído por Santo Ambrósio. Além disso, empreendeu importantes escavações para encontrar os túmulos dos mártires e cuidou de colocar inscrições nos túmulos dos mártires que podem ser lidas até hoje. Construiu inúmeras igrejas, dentre as quais a basílica de San Lorenzo, denominada de Dâmaso, e introduziu o uso da palavra hebraica Aleluia. Proclamou o 2o Concílio Ecumênico. O papa de número 37 morreu em em Roma, e foi sucedido por SãoSírico (384-399) Papa Sirício Papa Sirício – (334 – 399) PUBLICIDADE Papa da Igreja Cristã Romana (384-399) nascido em Roma, eleito em 15 de dezembro (384) como sucessor de São Damaso I (366-383), que favorável ao decreto imperial contra os maniqueus (389), durante o seu pontificado foi resolvido o cisma antioqueno e foi o primeiro depois de São Pedro a adotar o título de Papa. Bispo de Roma (384-399), após a sua eleição deu continuidade à política religiosa de Dâmaso I e empenhou-se em afirmar a autoridade papal sobre os bispos de todo o Ocidente. Convocou um sínodo em Roma (386), em que tomou providências canônicas a respeito do episcopado africano, interveio junto ao usurpador Máximo em favor de Prisciliano e consolidou a supremacia papal sobre a Igreja da Ilíria. O celibato, prescrito inicialmente para o clero da Espanha, foi estendido para os sacerdotes e diáconos de toda a igreja do Ocidente por ele durante o sínodo romano (386), porém foi rejeitado pelos bispos do Oriente, onde vigorou apenas a proibição de núpcias para os que recebiam solteiros as sagradas ordenações. Foi nessa época que São Jerônimo partiu para Jerusalém, a fim de traduzir a Bíblia para o latim. Transformou em basílica a cripta do cemitério de Comodila, na via das Sete Igrejas, próximo à Basílica de São Paulo fora dos muros, onde estavam sepultados dois santos martirizados, Félix e Adauto, que, sucessivamente foi ampliada e decorada de afrescos pelos papas João I e Leão III, tornando-se meta de peregrinações e de devotos até além da Idade Média, quando catacumbas e santuários caíram no esquecimento ou foram devastados. Papa de número 38, morreu em 26 de novembro (399), em Roma, e foi sucedido por São Anastácio I (399-401). Papa Anastácio I PUBLICIDADE ( ~ 350 – 401) Papa (399-401) e santo da Igreja Cristã Romana nascido em Roma, eleito para ser o papa para suceder São Sírico ou Sirício (384-399), tradicionalmente conhecido por condenar o maniqueísmo, o donatismo e, especialmente o origenismo, tendência teológica cristã iniciada com Orígenes, teólogo de Alexandria, no século III, a qual misturava elementos da gnose do platonismo e do cristianismo, afirmando, especialmente, uma restauração final de todos os seres, inclusive o demônio e os condenados. Praticamente o que se sabe deste papa vem do conteúdo das cartas de São Jerônimo. Eleito em 27 de novembro (399), conciliou os cismas entre Roma e a Igreja de Antióquia. Combateu tenazmente os seguidores de costumes imorais, que estavam convencidos de que também na matéria se escondia a divindade. Prescreveu que os sacerdotes permanecessem de pé durante o Evangelho. Papa de número 39, morreu em 19 de dezembro, em Roma e foi sucedido por São Inocêncio I (401-417). Segundo o Martirológio Romano, pouco depois de sua morte Roma foi tomada e saqueada pelos Godos, um povo germânico originário das regiões meridionais da Escandinávia, que se distinguiam por usarem escudos redondos e espadas curtas e obedecerem fielmente a seus reis. BISPOS DA IGREJA DE ROMA NO SÉCULO V Papa Inocêncio I PUBLICIDADE Papa Inocêncio I ( ? – 417) Papa e santo da Igreja Cristã Romana (401-417) nascido em Albano, Itália, que subiu ao trono pontifício (401), eleito em 22 de dezembro como sucessor de.São Anastácio I (399-401), foi um dos primeiros a sustentar o primado da Igreja romana. Cresceu em Roma e eleito papa teve que enfrentar os lordes bárbaros do norte da Itália e a heresia de Pelágio. Quando a heresia de Pelágio foi difundida, isolou o arcebispo de Cesaréia que aprovara a sua ação, obteve o apoio do imperador contra os hereges e teve a seu lado toda a Igreja africana. Reafirmou a autoridade romana sobre a Ilíria oriental, nomeando o bispo de Tessalônica como seu vigário, o que suscitou atritos com a Igreja oriental, que se agravaram quando interveio em favor de João Crisóstomo, que havia sido deposto da sé patriarcal de Constantinopla. Visando fortalecer o primado romano com base nos costumes de Roma, estabeleceu a observância do ritos romanos no Ocidente, o catálogo do livros canônicos e as regras monásticas. Durante seu pontificado, o acontecimento de maior acontecimento político foi a tomada de Roma pelos godos chefiados por Alarico (410), que saquearam a cidade. Também obteve do imperador Honório a proibição das lutas de gladiadores. Papa de número 40, morreu em 12 de março (417), em Roma, e foi sucedido por São Zósimo (417-418). Papa Zósimo Papa Zósimo – ( ? – 418) PUBLICIDADE Papa Igreja Cristã Romana (417-418) nascido em Masuraca, Grécia, eleito em 18 de março (417) como sucessor de Inocêncio I (401-417), exerceu um pontificado breve e atormentado pela difusão da heresia pelagiana. De origem grega, em seu reinado prescreveu que os filhos ilegítimos não podiam ser ordenados sacerdotes. De temperamento forte, reivindicou o poder da igreja contra as interferências alheias. Enviou vigários para a Galiléia e combateu o pelagianismo, heresia que ensinava que as pessoas podiam se salvar sem a graça de Deus. A reação da Igreja de África, dirigida por S. Agostinho, que absolveu Pelagio, levou a uma nova condenação da doutrina pelagiana. Papa de número 41, morreu em 26 de dezembro (418), em Roma, e foi sucedido por São Bonifácio I (418-422), porém esta substituição nãofoi tranquila. Depois da morte do papa (418), uma parte insatisfeita do clero, apoiada por Carlos de Ravena, elegeu um antipapa de nome Eulálio, que disputou a tiara com o papa legítimo Bonifácio I. Símaco, prefeito de Roma, requereu o direito de árbitro em função de seu cargo político. Influenciado pelo prefeito, o imperador Honório decidiu apoiar o antipapa e seus partidários, colocou o antipapa na basílica de São João do Latrão e expulsou Bonifácio de Roma. Os partidários de Bonifácio foram ao imperador contra o prefeito de Roma. O imperador Honório convocou os dois papas a seu tribunal, interferindo mais ainda a sério numa questão, que não deveria lhe dizer respeito. Eulálio não obedeceu o chamamento do imperador, preferindo tomar a basílica de São João de Latrão pela força das armas. Os cismáticos foram expulsos por ordem do imperador, e finalmente Bonifácio pode assumir o trono que tinha direito legítimo (420). A partir desse epsódio, a intervenção de Carlos de Ravena, se deu início a um grande período de ingerência do poder civil na eleição do papa. Papa Bonifácio I Papa Bonifácio I – (~ 360 – 422) PUBLICIDADE Papa italiano (418-422) da santa igreja apostólica fundada por Jesus Cristo nascido em Roma, eleito após a morte de Zósimo (417-418) para substituí-lo. Filho de um conhecido presbítero de nome Jocundo, foi ordenado pelo papa Damásio I (366-383) e serviu como representante de Inocêncio I em Constantinopla (405). O início de seu papado foi marcado por uma intensa disputa pela tiara papal visto que uma parte do clero, apoiada por Carlos de Ravena, elegeu Eulálio como novo papa (418) e essa tumultuosa disputa, que envolveu eclesiásticos, população e políticos romanos, durou por cerca de dois anos (418-420). Depois da morte do papa Zózimo I (418), o antipapa Eulálio, disputou a tiara com o papa considerado legítimo. Símaco, prefeito de Roma, requereu o direito de árbitro em função de seu cargo político. Influenciado pelo prefeito, o imperador Honório decidiu apoiar o antipapa e seus partidários, colocou o antipapa na basílica de São João do Latrão e expulsou o papa de Roma. Os partidários do deposto foram ao imperador contra o prefeito de Roma. O imperador Honório convocou os dois papas a seu tribunal, interferindo mais ainda a sério numa questão que não deveria lhe dizer respeito. Eulálio não obedeceu o chamamento do imperador e resolver tomar a basílica de São João de Latrão pela força das armas. Os cismáticos foram expulsos por ordem do imperador, e finalmente ele pode assumir o trono que tinha direito legítimo. Com a intervenção de Carlos de Ravena, começa a ingerência do poder civil na eleição do papa. O novo papa teve dificuldades com vários arcebispados e para administrar a Igreja na África, em particular, o caso de Apiário (419), onde teve de interferir pessoalmente. Seus esforços no entanto garantiram o respeito ao papa como autoridade máxima da Igreja. No plano religioso renovou a legislação do papa Sotero, que proibia as mulheres tocarem os linhos sagrados ou auxiliar na queima de incenso, e manteve as leis que proibiam escravos de se tornarem clérigos. Papa de número 42, morreu em Roma, foi enterrado no cemitério de Maximus, no Por Salaria, e foi sucedido por São Celestino I (422-432). A Igreja promove sua festa no dia 25 outubro. Papa Celestino I PUBLICIDADE Papa Celestino I ( ? – 432) Papa da Igreja Cristã Romana (422-432) nascido em Roma, eleito em 10 de setembro (422) para suceder SãoBonifácio I (418-422), continuou a política eclesiástica de seu predecessor: nas controvérsias dogmáticas daqueles anos, especialmente quando lançou o dogma da Maternidade Divina de Nossa Senhora. Depois de ter vivido vários anos em Milão junto de santo Ambrósio, foi eleito papa. Enfrentou as doutrinas pelagianas, que se haviam difundido sobretudo nas Gálias e na Britânia. Confiou a Cirilode Alexandria a tarefa de renegar Nestório, Patriarca de Constantinopla e conseguiu a condenação do nestorianismo, primeiramente no sínodo de Roma (430). De acordo com Nestório, Jesus não era Deus quando nasceu e, portanto, Maria não era Mãe de Deus, mas apenas Mãe de Cristo. Por ordem do Papa foi instaurado na Ásia Menor, o Concílio de Éfeso, entre os dias 22 de Junho a 31 de Julho, no qual foi reconhecida e proclamada oficialmente a Maternidade Divina de Maria. No dia 5 de Agosto, em Roma, Sua Santidade celebrou uma Santa Missa festiva e leu o texto do dogma da Maternidade Divina de Nossa Senhora. Construiu a basílica de Santa Maria Maior, para comemorar a vitória do Concílio. Assim, durante seu pontificado foram finalmente condenados os nestorianistas. Enviou São Patrício à Irlanda e São Germano à Bretanha e foi o primeiro papa a enviar missionários para a Escócia. Papa de número 43, em seu pontificado pela primeira vez citou-se o bastão pastoral, morreu em 27 de setembro, em Roma e foi sucedido por São Sixto III (432-440), que edificou, no monte Esquilino, outro templo em honra de Nossa Senhora, com uma sólida e bem dimensionada estrutura, formosas colunas jônicas e três magníficas naves, que permanecem até hoje.. . Papa Sisto III Papa Sisto III – ( ? – 440) PUBLICIDADE Papa da Igreja Cristã Romana (432-440) nascido em Roma, eleito em 31 de julho (432) sucessor de São Celestino I (422-432), que durante o seu papado promoveu uma intensa atividade edificadora, dentre outras, a ampliação e embelezamento da basílica de Santa Maria Maior com os mosaicos que até hoje são admirados e a construção da igreja de São Lourenço, em Lucina. Adotou uma posição neutra na controvérsia entre pelagianos e semipelagianos do sul da Gália, especialmente contra Cassiano. Realizou o Concílio de Éfeso (431), depois do qual conduziu uma ação mais conciliadora em relação a Nestório, levando a termo a controvérsia entre João de Antioquiae Cirilo, patriarca de Constantinopla. Assim resolveu a disputa que se formara entre os bispos de Constantinopla e Antioquia. Em seguida, demonstrou a sua firme autoridade papal com o patriarca Proclo acerca da jurisdição sobre a Ilíria. Foi autor de várias epístolas e manteve a jurisdição de Roma sobre a llíria, contra o Imperador do Oriente, que queria torná-la dependente de Constantinopla. Papa de número 44, morreu em 19 de agosto (440), em Roma, e foi sucedido por São Leão I Magno (440-461). São Leão Magno – papa e doutor da Igreja O papa Leão, nascido na Toscana no fim do século IV, é lembrado nos textos de história pelo prestígio moral e político dos quais deu prova diante das ameaças dos hunos de Átila (que conseguiu prender no Míncio) e dos vândalos de Genserico (de quem amansou a ferocidade no saque de Roma de 455). Elevado ao trono pontifício em 440, Leão, nos vinte e um anos de pontificado (morreu a 10 de novembro de 461), realizou em torno de sua sede a unidade de toda Igreja, impedindo a usurpação de jurisdição, eliminando abusos do poder, temperando as ambições do patriarcado constantinopolitano e do vicariato de Arles. Não temos muitas notícias biográficas dele. O papa Leão não gostava de falar de si em seus escritos. Tinha uma ideia altíssima de suas funções: sabia assumir a dignidade, o poder e a solidão de Pedro, chefe dos apóstolos. Mas as suas atitudes, constante e rigidamente sacerdotais, hieráticas, não fazem um pano de fundo ao calor humano e também ao entusiasmo, que transparecem dos 96 Sermões e das 173 Cartas chegados até nós. De modo especial as homilias nos mostram o papa, um dos maiores da história da Igreja, paternalmente dedicado ao bem espiritual dos seus filhos, aos quais fala com linguagem acessível, traduzindo seu pensamento em fórmulas sóbrias e eficazes para a prática da vida cristã. As suas cartas, dado o estilo culto, atento a certas cadências eficazes, dão a medida de sua rica personalidade. Espírito muito compreensivo e de larga visão, não se apega a detalhes de uma questão doutrinal. Todavia participa ativamente na elaboração dogmática do grave problema teológico tratado no concílio de Calcedônia, convocado pelo imperador do Oriente para a condenação domonofisismo. A sua célebre Epístola dogmática a Flaviano, lida pelos delegados romanos que presidiam a assembleia, forneceu o sentido e, às vezes, as fórmulas da definição conciliar, criando assim unidade efetiva e solidariedade com a sede de Roma, caso único na história da Igreja, desde aquele período até hoje. Leão foi o primeiro papa que recebeu dos pósteros o apelido de Magno (grande),’ não só pelas qualidades literárias e pela firmeza com que sustentou o decadente império do Ocidente, mas pela estabilidade dogmática que transparece das suas cartas, dos seus sermões e das orações litúrgicas da época em que são evidentes a sobriedade e a precisão tipicamente leoninas. S. Leão Magno, um dos papas mais importantes da história No ano de 440 há na Gália quase uma guerra civil entre as duas mais altas autoridades romanas: o general Ezio e o prefeito do pretório Albino. O poder imperial é de tal forma frágil, que para os pacificar é enviado um homem da Igreja, o diácono romano Leão, que reconcilia os dois. Mais tarde sabe que o papa Sisto III morreu e que o elegeram a ele, Leão. Nos seus 21 anos de pontificado sucedem-se quatro imperadores, um rapidamente removido e os restantes assassinados. O Império Romano está em agonia e a jovem Igreja é atravessa por confrontos doutrinais e discórdias. Com energia e persuasão, Leão reforça no Ocidente a autoridade da Sede de Pedro e enfrenta duras lutas doutrinais. O abade oriental Eutíquio, influente em Constantinopla, defende que em Cristo existe uma só natureza (monofisismo), contra a doutrina da Igreja sobre as duas naturezas, distintas mas não separadas, na mesma pessoa. Eutíquio consegue que o Imperador Teodósio convoque, em 449, um concílio em Éfeso, na Ásia Menor, onde só têm voz os partidários daquela corrente herética, que conquistam novos prosélitos, não sendo ouvidos os legados de Leão. Negando a validade a este concílio, o papa convence o novo imperador Marciano a convocar outro, em 451, que se tornará o grande concílio de Calcedónia, perto de Bizâncio, o quarto ecuménico, que aprova solenemente a doutrina das duas naturezas. Todavia, nem todos aceitam a decisão, e ocorrem graves desordens, sobretudo na Palestina. Entretanto, no Ocidente vivem-se tempos de terror. O Império deixou de ter um verdadeiro exército. Os Hunos, de Átila, derrotados por Ezio em 451, reorganizam-se e caem sobre a Alta Itália em 452. O estado, impotente, pede ao papa Leão para ir ao encontro de Átila com uma delegação do Senado. O pontífice convence o chefe huno a deixar o território (a lenda falará depois de uma visão celeste que aterroriza Átila). Três anos volvidos, os Vândalos, de África, estão diante de Roma. A defender a cidade apenas está Leão, que não consegue impedir o saque, mas obtém a incolumidade da população e evita o incêndio na urbe. Leão sente fortemente a responsabilidade de ser sucessor de Pedro. Enriquece a Igreja com o seu ensinamento, especialmente sobre a Encarnação de Cristo. Pede obediência aos bispos mas apoia-os com conselhos pessoais, orienta-os doutrinalmente no esplêndido latim dos seus escritos para que «tenham a justiça com constância» e ofereçam «generosamente a clemência». Não há notícias sobre os últimos tempos do pontífice, a quem os romanos chamavam “Leão Magno”, o Grande. Morreu a 10 de novembro de 461. Em 1754 o papa Bento XIV proclamou-o Doutor da Igreja. Bento XVI qualificou o pontificado de Leão, o primeiro de doze papas com o mesmo nome, como «um dos mais importantes na história da Igreja». «Conhecemos bem a ação do Papa Leão, graças aos belíssimos sermões, deles estão conservados quase 100 num latim maravilhoso e claro, e graças às suas cartas, cerca de 150. Nestes textos o Pontífice manifesta-se em toda a sua grandeza, dirigido ao serviço da verdade na caridade, através de uma prática assídua da palavra, que o mostra ao mesmo tempo teólogo e pastor», recordou Bento XVI em 2008. Leão, «constantemente solícito pelos seus fiéis e pelo povo de Roma, mas também pela comunhão entre as diversas Igrejas e pelas suas necessidades, foi defensor e promotor incansável da primazia romana, propondo-se como herdeiro autêntico do apóstolo Pedro», acrescentou. «Soube estar próximo do povo e dos fiéis com a ação pastoral e com a pregação. Incentivou a caridade numa Roma provada pelas carestias, pela afluência dos prófugos, pelas injustiças e pela pobreza. Contrastou as superstições pagãs e a ação dos grupos maniqueus. Relacionou a liturgia com a vida quotidiana dos cristãos: por exemplo, unindo a prática do jejum com a caridade e com a esmola», prosseguiu Bento XVI numa das audiências gerais das quartas-feiras que dedicou às figuras de destaque dos primeiros séculos da Igreja. Com S. Leão Magno, a Igreja de todos os tempos aprende «a crer em Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro Homem», realizando essa fé «todos os dias na ação pela paz e no amor ao próximo». Papa Hilário Papa Hilário – (395 – 461) PUBLICIDADE Papa da Igreja Católica (440-461) nascido na Toscana, Itália, cujo pontificado teve como objetivo fundamental a defesa da unidade e da ortodoxia na igreja ocidental, com à desintegração do Império Romano. Eleito sucessor do papa Sisto III (440), defendeu com firmeza o primado de Roma na jurisdição da igreja e sustentou ter sido esse poder outorgado por Cristo somente a São Pedro, que o transmitiu a seus sucessores. Combateu vigorosamente as heresias, como o nestorianismo e o pelagianismo, por meio de uma formulação sistemática da doutrina ortodoxa. Sua defesa da doutrina da encarnação de Cristo, num documento contra o teólogo Eutiques de Constantinopla, foi aceita como verdade dogmática pelo Concílio de Calcedônia (451). Entrou para a história como um gênio da diplomacia e angariou tamanho prestígio que com os bárbaros as porta de Roma, reuniu-se com Átila e conseguiu impedir que os hunos atacassem Roma (452), bem como que os vândalos saqueassem a cidade, após a ocupação (455) e, mais que isso, fazendo com a Igreja sobreviesse à quada do Império Romano. O papa de número 46 faleceu em Roma e foi São Hilário (461-468). São conservadas 432 cartas e quase cem sermões de sua autoria, expondo sua teorias e doutrinas, foi declarado doutor da igreja por Bento XIV e tem sua festa celebrada em 11 de abril. Papa Simplício Papa Simplício – ( ? – 483) PUBLICIDADE Papa da Igreja Cristã Romana (468-483) nascido em Tívoli, Itália, eleito em 3 de abril (468) como sucessor de São Hilário (461-468), em cujo pontificado sucumbiu o Império do Ocidente, e dedicou-se à organização do patrimônio da Santa Sé, dando prova de ser um excelente administrador. Roma, depois de resistir às invasões de godos, visigodos, hunos, vândalos e outros povos bárbaros, acabou sucumbindo aos hérulos, chefiados pelo rei bárbaro Odoacro, que era adepto do arianismo e depôs o imperador Rômulo Augusto. A partir daí, conquistadores de todos os tipos se instalaram, depredaram, destruíram e repartiram aquele Império, tido como o centro do mundo. Para impedir as desordens na próxima vacância da Sé Apostólica, o papa pediu segurança a Odoacro, se fosse necessário. Odoacro não perdeu ocasião de manifestar seu poder e promulgou uma lei proibindo futuras eleições papais sem a sua autorização.Roma, que era sua capital, então sobreviveu e nesse melancólico final, a única autoridade moral restante, a que ficou do lado do povo e acolheu, socorreu, escondeu e ajudou a enfrentar o terror, foi a do Papa. Ao contrário do que se podia esperar, teve um dos pontificados mais longos do seu tempo. Enfrentou o cisma que ocasionou a fundação das igrejas da Armênia, Síria e Egito. Frente à miséria que se formou para a Igreja em Roma e em Constantinopla, organizou a distribuição das esmolas aos peregrinos e às novas igrejas. Papa de número 47, morreu em 10 de março (483), em Roma, e foi sucedido por São Felix III (II) (483-492). Santo de pouca tradição no Brasil, é devocionado no dia 2 de março. Papa São Félix II PUBLICIDADE Papa São Félix II ( ? – 492) Papa da Igreja Cristã Romana (483-492) nascido em Roma,eleito em 13 de março (483) como sucessor de São Simplício (468-483), em um momento particularmente difícil das controvérsias cristológicas. Descendente da nobre família Anicia de senadores de Roma, o papa de número 48, também é chamado de Félix III na lista de papas que inclui ilegítimos, ou enquanto sucessor do antipapa homônimo. Eleito por proposta de Odoacro e consagrado no trono, tratou de estabelecer a paz no Oriente e empenhou-se na luta para purificar a doutrina cristã da heresia de Êutiques, o monofisismo, doutrina daqueles que admitiam em Jesus Cristo uma só natureza, que somente terminaria no século seguinte (518). Enviou embaixadores a Constantinopla para que procurassem entrar em acordo com Acácio, patriarca daquela cidade, que inspirara o tal documento. Um ano antes de sua posse, o imperador do Oriente, Zenão, promulgara o Henetikon, documento cujos termos equívocos pareciam favorecer o monofisismo, que o Concílio de Calcedônia condenara (451). Embaixo da proteção imperial, Acácio não abdicou de seus ideais e tentou corromper os legados pontifícios e, por isso, foi excomungado. Iniciava-se, assim, as desavenças com o patriarcado de Constantinopla, originando o cisma da Igreja oriental, também chamado de Cisma de Acácio. Zenão incentivou Teodorico, rei dos ostrogodos, a lutar contra Odoacro, amigo e protetor do papa. Teodorico venceu e se tornou rei da Itália, porém tanto o imperador como o papa já haviam morrido. Teve filhos, um dos quais foi o pai do famoso São Gregório Magno. Foi considerado, erroneamente, um santo mártir, mas aparentemente morreu naturalmente em 1º de março (492) e foi sucedido por São Gelásio I (492-496). É o único papa que está enterrado na basílica de S. Pablo Extramuros. Papa São Gelásio I PUBLICIDADE Papa São Gelásio I ( ~ 420 – 496) Papa da Igreja Cristã Romana (492-496) nascido na África, eleito em 1º de março (492) como sucessor de São Felix III (II) (483-492) de quem havia sido conselheiro, em cujo pontificado tentou conciliar a Igreja do Oriente com a Igreja do Ocidente, mas não conseguiu por causa da oposição do imperador Anastácio I. Assim deu continuidade à política inamistosa do antecessor em relação ao imperador Anastácio I e ao patriarca de Constantinopla, que o cisma causado por Zenão havia afastado de Roma. Ganhou interesse histórico uma carta sua para Anastácio I, na qual se faz uma nítida distinção entre poder político e poder religioso. Defendeu a supremacia da Igreja e permaneceu firme contra as heresias do Oriente, tomando atitudes enérgicas em tentativas de eliminar às heresias maniquéia e pelagiana. Publicou um código litúrgico, o Sacramentarium Gelasianum ou Sacramentário gelasiano, coletânea de orações para recitar durante a missa, uniformizando funções e ritos das várias Igrejas. Usou às posses da Igreja para ajudar o povo nas épocas de fome e de peste. Levam o seu nome, mesmo sendo de autoria incerta, um importante Decretum Gelasianum tratando sobre as Sés patriarcais, o Espírito Santo, os Sínodos ecumênicos e os Livros aprovados e não-aprovados. Amou os pobres e viveu na pobreza e, por sua caridade, foi chamado Pai dos pobres. Viveu em oração e insistia com os presbíteros para que fizessem o mesmo. O papa de número 49, morreu em 21 de novembro (496), em Roma, e foi sucedido por Anastácio II (496-498). Papa Anastácio II PUBLICIDADE ( ? – 498) Papa da Igreja Cristã Romana (496-498) nascido em Roma, indicado como sucessor de São Gelásio I (492-496), que numa atitude polêmica, acolheu em Roma o diácono Fotino de Tessalônica e foi com ele acusado de heresia, por pregar que o Espírito Santo não procedia do Pai e que o Pai era maior que o Filho. Também procedeu a um gesto tradicionalmente importante, ao tentar reabilitar o bispo de Constantinopla, Acácio, que havia sido excomungado, ao mesmo tempo em que tentava entrar em acordo com o imperador do Oriente Anastácio I, favorável ao monofisismo, e restaurar a unidade da Igreja, sem abrir mão da discordância das teorias de Acácio, demonstrando mais uma vez ser fraco com os cismáticos. Interferiu na conversão do rei do Francos e de seu povo. Foi fraco com os cismáticos. Interferiu na conversão do rei do Francos e de seu povo, mas foi fraco com os cismáticos e acusado de heresia. Inclusive Dante Alighieri, na Divina Comédia, colocou-o no Inferno. Papa de número 50, morreu em 19 de novembro, em Roma e foi sucedido por São Símaco (498-514). Com sua morte (498) seus opositores elegeram Símaco como pontífice, enquanto um outro grupo de padres e cidadãos queriam o Arcebispo Lourenço. As duas facções entraram em choque e o bárbaro ostrogodo Teodorico, chamado a intervir, confirmou a escolha de Símaco. O arcebispo aceitou à decisão, mas grande parte de seus partidários não, o que resultou em uma luta fratricida durante quatro anos, com derramamento de muito sangue pelas ruas de Roma. Papa Símaco Papa Símaco – ( ~ 450 – 514) PUBLICIDADE Papa da Igreja Cristã Romana (498-514) nascido na Sardenha, eleito em 22 de novembro (498) como sucessor de Anastácio II (496-498), a quem é atribuído a construção do primeiro núcleo do Palácio Vaticano e o costume de cantar o Glória a Deus nas alturas na Santa Missa. Quando era apenas diácono, participou da oposição ao antipapa Lourenço. Eleito, contra sua consagração levantou-se o cardeal Lourenço, cismático, simpático ao imperador Anastácio, do Oriente. O cisma durou três anos e provocou uma sangrenta guerra civil em Roma. Com o prolongamento da guerra, os dois partidos resolveram invocar a arbitragem do rei Teodorico, rei ariano, simpatizante da Igreja, mas não católico. Um paradoxo inaceitável nos dias de hoje: m rei ariano chamado a intervir numa questão vital para a Igreja Católica Romana. Os dois rivais comparecem a Ravena, onde se achava instalada a corte de Teodorico, na tentativa de se parar com as lutas fratricidas e sacrílegas em Roma. O rei decidiu que seria reconhecido como papa legítimo aquele que tinha sido eleito primeiro e pelo maior número de eleitores. Assim, com as duas condições lhes sendo favoráveis foi reconhecido como o legítimo sucessor no trono de São Pedro, iniciou seu pontificado de verdadeiramente. Consolidou os bens eclesiásticos, considerando-os benefícios estáveis para usufruto dos clérigos. Convocou uma assembléia na basílica de São Pedro para estabelecer normas para as futuras eleições, da qual participaram 72 bispos e mais 66 padres. Com o consenso unânime da assembléia, o papa publicou que ficaria terminantemente proibido procurar votos para o futuro pontífice e que na falta de regulamentar a sucessão, seria eleito quem tivesse os votos de todo o clero, ou da maioria. Estas medidas foram fundamentais para deixar a disputa sucessória apenas para o clero e acabar com tumultos, desordens, intrigas e violência comuns nas assembléias populares. Resgatou todos os escravos, dando-lhes a liberdade, e concluiu a primeira construção do Palácio do Vaticano. Papa de número 51, morreu em 19 de julho (514), em Roma, e foi sucedido por São Hormisdas (514-523). Santo de pouca tradição no Brasil, é devocionado no dia 19 de julho. NOME ORIGEM E DURAÇÃO DO PAPADO São Pedro Betsaida, papa de 30 a 67 São Lino Túscia, papa de 67 a 76 Santo Anacleto Roma, papa de 76 a 88 São Clemente I Roma, papa de 88 a 97 Santo Evaristo Grécia, papa de 97 a 105 Século 1 NOME ORIGEM E DURAÇÃO DO PAPADO Santo Alexandre I Roma, papa de 105 a 115 São Sisto I Roma, papa de 115 a 125 São Telésforo Grécia, papa de 125 a 136 Santo Higino Grécia, papa de 136 a 140 São Pio I Aquiléia, papa de 140 a 155 Santo Aniceto Síria, papa de 155 a 166 São Sotero Campânia, papa de 166 a 175 Santo Eleutério Epiro, papa de 175 a 189 São Vitor I África, papa de 189 a 199 São Zeferino Roma, papa de 199 a 217 Século 2 https://catolicanet.net/wp-cnet/268-2/papas/ NOME ORIGEM E DURAÇÃO DO PAPADO São Calisto I Roma, papa de 217 a 222 Santo Urbano I Roma, papa de 222 a 230 São PoncianoRoma, papa de 230 a 235 Santo Antero Grécia, papa de 235 a 236 São Fabiano Roma, papa de 236 a 250 São Cornélio Roma, papa de 251 a 253 São Lúcio I Roma, papa de 253 a 254 Santo Estevão I Roma, papa de 254 a 257 São Sisto II Dionísio Grécia, papa de 257 a 258 São Dionísio papa de 259 a 268 São Félix I Roma, papa de 269 a 274 Santo Eutiquiano Luni, papa de 275 a 283 São Caio Dalmácia, papa de 283 a 296 São Marcelino Roma, papa de 296 a 304 Século 3 NOME ORIGEM E DURAÇÃO DO PAPADO São Marcelo I Roma, papa de 308 a 309 Santo Eusébio Grécia, papa de 309 a 309 São Melquíades África, papa de 311 a 314 São Silvestre I Roma, papa de 314 a 335 São Marcos Roma, papa de 336 a 336 São Júlio I Roma, papa de 337 a 352 Libério Roma, papa de 352 a 366 São Dâmaso I Espanha, papa de 366 a 384 São Sirício Roma, papa de 384 a 399 Santo Anastácio I Roma, papa de 399 a 401 Século 4 NOME ORIGEM E DURAÇÃO DO PAPADO Santo Inocêncio I Albano, papa de 401 a 417 São Zósimo Grécia, papa de 417 a 418 São Bonifácio I Roma, papa de 418 a 422 São Celestino I Campânia, papa de 422 a 432 São Sisto III Roma, papa de 432 a 440 São Leão Magno Túscia, papa de 440 a 461 Santo Hilário Sardenha, papa de 461 a 468 São Simplício Tivoli, papa de 468 a 483 São Félix III (II)* Roma, papa de 483 a 492 São Galásio I África, papa de 492 a 496 Anastácio II Roma, papa de 496 a 498 São Símaco Sardenha, papa de 498 a 514 *Félix II (papa de 355 a 365) é considerado um antipapa e não figura na lista de pontífices. No seu conjunto, o papado tem sido uma instituição predominantemente benéfica para a Igreja Católica, dando-lhe um notável senso de unidade, propósito e identidade. Muitos pronunciamentos papais sobre temas sociais e éticos têm sido altamente relevantes em um mundo secularizado e materialista. O poder político romano viu no cristianismo um perigo, pelo fato de que este último reclamava um âmbito de liberdade de consciência das pessoas em relação à autoridade estatal; os seguidores de Cristo tiveram que suportar numerosas perseguições, que a muitos conduziram ao martírio: a última, e mais cruel delas, teve lugar nos inícios do séc. IV por obra dos imperadores Diocleciano e Galério. No ano 313, o imperador Constantino I, favorável à nova religião, concedeu aos cristãos a liberdade de professar sua fé, e iniciou uma política bastante benévola em relação a eles. Com o imperador Teodósio I (379-395), o cristianismo se converteu em religião oficial do Império Romano. Enquanto isso, em fins do séc. IV, os cristãos eram já a maioria da população do Império Romano. A partir do século II d. C., o Império Romano começou a esboçar sua fragilidade decorrente das guerras civis, das disputas internas pelo poder político e das invasões externas de estrangeiros. No ano de 330, século IV d. C., Constantinopla foi construída pelo imperador Constantino. A cidade (atual cidade turca de Istambul) se encontra localizada no estreito de Bósforo, entre o Oriente e o Ocidente, na confluência de importantes rotas comerciais. Inicialmente, a construção de Constantinopla (pelo imperador Constantino, no ano de 330) e, posteriormente, a divisão do Império em duas partes (executada pelo imperador Teodósio, em 395) tinham como principal objetivo evitar, controlar e manter a preponderância do Império Romano. A construção de Constantinopla foi realizada no local onde existira a cidade grega de Bizâncio. Constantino, na época, comprometeu-se com o desenvolvimento cultural, artístico e social da cidade. O imperador deslocou pinturas e esculturas de diferentes regiões do mundo para a cidade. Arquivos e documentos da Antiguidade Clássica (Grécia) foram preservados e incorporados às bibliotecas, passando a fazer parte dos seus acervos. Constantinopla, por se localizar em estratégica rota comercial, ficou conhecida como uma cidade cosmopolita, com influências culturais tanto do Ocidente quanto do Oriente. No século VI d. C., a cidade viveu seu apogeu e sua população chegou a aproximadamente 1 milhão de pessoas. No ano de 395, tentando controlar a crise, o imperador romano Teodósio dividiu o império em duas partes: o Império Romano do Ocidente, com a capital em Milão; e o Império Romano do Oriente, cuja capital era Constantinopla. Além disso, Teodósio entregou o Império dividido para seus dois filhos: Honório e Arcádio. Assim, o Império Romano do Ocidente foi governado inicialmente por seu filho Honório; enquanto Arcádio governou o Império Romano do Oriente, cuja capital, Constantinopla, foi erguida para contemplar a nova capital do Império Romano, isto é, para ser a Nova Roma. Assim, a história da Roma antiga pode ser dividia em três períodos. O primeiro deles foi a Monarquia, que vigorou desde a fundação até 509 A.C. O segundo período foi a República, quando os patrícios se revoltaram contra os - povo do norte - e instauraram a República, sendo liderados por Brutus, o líder dos que se revoltaram e também o primeiro líder da nova República. A República romana durou até o ano de 27 a.C., quando houve a formação do Império Romano, que caracteriza o terceiro período. O Império romano durou até 395 d.C., quando foi dividido em Império Romano do Ocidente e Império Romano do Oriente, o primeiro com capital em Roma e o segundo com capital em Constantinopla. No início do século IV, os cristãos eram aproximadamente 15% da população do Império, e estavam concentrados nas cidades e na parte oriental do Estado romano. A nova religião se difundiu de todos os modos, também para além dessas fronteiras: na Armênia, Arábia, Etiópia, Pérsia, Índia. 4. O “primado” de Roma, o papado “As instruções que te dei... devem ser seguidas com afinco. Zela para que os bispos não se metam em assuntos seculares, a não ser quando seja necessário para defender os pobres” (Gregório, o Grande. O bispo de Roma, considerado agora “bispo dos bispos”, a partir de Vitor I, reivindica também a posição de “sucessor de Pedro”, com Leão I (440-461). Mas, neste momento, o império já estava dividido e Roma estava preste a cair nas mãos dos “bárbaros”, principalmente os hunos, sob o governo de Átila. O certo é que com Leão, chamado também de “Leão I, o Grande”, e os bispos de Roma ou (agora) papas, que lhe sucedem, estes conseguiram manter certa estabilidade em Roma, após sua desintegração pelos bárbaros, e assim prossegue por toda a Idade Média. Mas é do norte da África – a África Latina –, com o bispo de Cartago, Cipriano (248-258), que surgiu a expressão “papa” para um bispo, a partir da posição dele em que toda a igreja deveria se reunir em torno de um único bispo. Este, segundo Cipriano, tinha o poder e era o portador do Espírito Santo. Não havia, portanto, para ele, diferença entre a autoridade do bispo e a do Espírito Santo. “Com o correr do tempo, no entanto, suas ideias contribuíram para que os bispos de Roma reivindicassem o ‘primado’. Essa reivindicação começou a ser feita na época de Cipriano e, subsequentemente, resultou na doutrina papal – que o papa é o vigário de Cristo na terra” (HÄGGLUND: Op. Cit., p. 92). Posteriormente, o bispo Estêvão (254-257) concluiu que o bispo de Roma era sucessor do apóstolo Pedro, e, portanto, “... tinha a supremacia sobre todos os demais bispos. Reivindicou esse poder para si mesmo e dramatizou sua reivindicação exigindo a obediência dos outros bispos, e designando pessoalmente bispos na Gália e na Espanha. Reivindicava a ‘cátedra de Pedro’ com fundamento na sucessão e fala do ‘primado’ do bispo de Roma” (Ibidem: p. 92). O fundamento teológico inicial usado pelo clero católico para a defesa de que o papado tenha sua origem na pessoa do apóstolo Pedro é o texto de Mateus 16.16-19. Sobre a questão se o “tú és Pedro”, expressão dita por Jesus, refere-se à “pedra” sobre a qual a igreja está edificada, não quero me aprofundar aqui, mas o certo é que com o tempo, a passagem em referência foi usada para dar sustentação ao papadocomo “primado de Pedro”. No entanto, como destaca o teólogo católico Eduardo HOONAERT (Op. Cit.), este texto de Mateus não dá base para se chegar a esta conclusão. Ele cita Eusébio, que a exemplo de outros teólogos comprometidos com a “ideologia imperial romana” forçaram a interpretação do texto de Mateus isolando o verso 18 de seu contexto e 04/06/2020 O depósito da fé: cânon, sucessão apostólica, tradição e outras considerações https://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/religiao/o-deposito-da-fe-canon-sucessao-apostolica-tradicao-outras-consideracoes. ideologia imperial romana forçaram a interpretação do texto de Mateus, isolando o verso 18 de seu contexto, e dando um significado diferente às palavras de Mateus. “Trata-se, conforme o historiador, de um elogio de Jesus dirigido a Pedro. Quando este afirma que Jesus não é um profeta entre outros, mas o ungido de Deus, ele mostra que Jesus não segue a tradicional maneira de agir dos profetas do antigo testamento, que ameaçavam e intimidavam as pessoas falando da ira de Deus por causa dos pecados e da necessidade de penitência. Pedro entende que Jesus, que não ameaça nem condena, mas aponta para o reino de Deus, a graça, a misericórdia, o perdão, é diferente. Além de isolar o verso 18 dos demais para dar outra interpretação ao texto de Mateus, Eusébio também, segundo Hoornaert, redigiu listas de sucessivos bispos das principais cidades do império, “... na tentativa de adaptar o sistema cristão ao modelo sacerdotal romano.” E, ao fazer isto, em referência aos bispos de Roma, como Lino e Anacleto, por exemplo, “ninguém sabe donde Eusébio tirou esses nomes, trezentos anos após os acontecimentos.” Por isto, Eusébio é tido como um historiador suspeito. A despeito de sua grande erudição, mesmo assim a suspeita por parte dos historiadores devia-se também ao fato de que “... Eusébio capitulou diante do poder imperial (...), era homem de caráter débil que, ao se ver rodeado da pompa do Império, se dobrou diante dela, e se pôs a servir aos interesses do imperador mais que aos de Jesus Cristo” (GONZÁLEZ: 1995b, p. 47). Desta forma, no inicio do século IV, principalmente após o Edito de Milão (313), que estabeleceu a tolerância religiosa aos cristãos, e o Primeiro Concílio de Niceia (325), que dentre outras medidas, estabeleceu a doutrina papal, além da proclamação do Cristianismo como sendo a religião oficial do império (380), por Teodósio I, vemos uma igreja oficial chamada Igreja Católica Apostólica Romana, mas ao mesmo tempo a não aceitação desta supremacia de Roma por parte de vários grupos. Em resumo, o formato da Igreja Católica que se segue daí por diante, já se define por volta do final do século IV, com sua organização de hierárquica completa, o clero exercendo demasiado domínio espiritual sobre o povo, os concílios criando leis eclesiásticas, o culto impressionante e cheio de mistérios, seus dogmas autoritários e a condenação, como hereges, dos cristãos que não concordam ou não se conformam com eles. Além disso, foi aceita a doutrina de Agostinho a respeito de Igreja Católica. Ele cria que os primeiros bispos da igreja foram escolhidos pelos apóstolos. Estes receberam de Jesus os dons do Espírito Santo para cuidarem da igreja e legarem esses dons aos seus sucessores, os primeiros bispos, que receberam seus encargos numa sucessão regular, possuindo, todos eles, desde o primeiro, a plenitude desses dons do Espírito (...) Agostinho ensinava que a verdadeira igreja se caracterizava por seus bispos possuírem a legitima sucessão apostólica. Somente na Igreja Católica, a Igreja desses bispos, havia salvação (NICLHOLS: 1995, pp. 52-53). Bem, a igreja ocidental e papal, vê o seu poder aumentado ainda mais com a aliança que faz com os francos, principalmente a partir da coroação de Carlos Magno em 800. “... Os papas romanos sempre mais elevam o tom da voz e, por conseguinte, as relações com os patriarcas orientais (principalmente com o patriarca de Constantinopla) se tornam sempre mais tensas” (HOONAERT), culminando com o chamado Cisma do Oriente, em 1054. Agora, se têm: Igreja Católica do Ocidente, sob a autoridade do papa, e Igreja Ortodoxa do Oriente, sob a autoridade do patriarca. PRINCIPAIS IMPERADORES ROMANOS • Nome: Otavio Augusto (primeiro imperador de Roma) Local de Nascimento: Roma Reinado: 27 a. a.C. a 14 d.C. • Nome: Tibério Cláudio Nero César Local de Nascimento: Roma Reinado: 14 a 37 • Nome: Calígula - Caio Júlio César Augusto Germânico, também conhecido como Caio César ou Calígula Local de Nascimento: Anzio - Itália Reinado: 37 a 41 • Nome: Cláudio - Tibério Cláudio César Augusto Germânico Local de Nascimento: Gália (região da atual França) Reinado: 41 a 54 • Nome: Nero - Nero Cláudio César Augusto Germânico Local de Nascimento: Anzio - Itália Reinado: 54 a 68 • Nome: Vespasiano - Tito Flávio Vespasiano Local de Nascimento: Falacrina - Itália Reinado: 69 a 79 • Nome: Tito Flávio - Tito Flávio César Vespasiano Augusto Local de Nascimento: Roma Reinado: 79 a 81 • Nome: Domiciano - Tito Flávio Domiciano Local de Nascimento: Roma Reinado: 81 a 96 • Nome: Trajano - Marco Úlpio Nerva Trajano Local de Nascimento: Italica, Hispânia Baetica (província romana) - atual Santiponce - Espanha) Reinado: 98 a 117 • Nome: Adriano - Públio Élio Adriano Local de Nascimento: Hispânia Baetica Reinado: 117 a 138 • Nome: Antonio Pio Local de Nascimento: Lanuvio - Itália Reinado: 138 a 161 • Nome: Marco Aurélio Local de Nascimento: Roma - Itália • Reinado: 161 a 180 Nome: Cômodo - Lúcio Aurélio Cômodo Local de Nascimento: Lanúvio - Itália Reinado: 177 a 192 • Nome: Septímio Severo - Lúcio Septímio Severo Local de Nascimento: Leptis Magna (província romana da África) Reinado: 193 a 211 • Nome: Caracala - César Marco Aurélio Antonino Augusto - Ficou conhecido pelo Édito de Caracala em 212 d.C., em que decretou que todos os habitantes livres do Império Romano, onde quer que vivessem, eram cidadãos romanos. Local de Nascimento: Gália (atual França) Reinado: 198 a 217 • Nome: Alexandre Severo - Marco Aurélio Severo Alexandre Local de Nascimento: Arca Caesarea - Judéia Reinado: 222 a 235 • Nome: Filipe, o árabe - Marco Júlio Filipe - Nascido em uma cidade da província de Arábia Pétrea Local de Nascimento: Shahba - Síria Reinado: 244 a 249 • Nome: Décio - Caio Méssio Quinto Trajano Décio Local de Nascimento: Budalia - Panônia Reinado: 249 a 251 • Nome: Valeriano I - Públio Licínio Valeriano Local de Nascimento: desconhecido Reinado: 253 a 260 • Nome: Galiano - Públio Licínio Inácio Galiano Local de Nascimento: desconhecido Reinado: 253 a 268 • Nome: Póstumo - Marco Cassiânio Latínio Póstumo Local de Nascimento: Gália (atual França) Reinado: 260 a 269 • Nome: Cláudio II - Marco Aurélio Valério Cláudio Local de Nascimento: Mésia Reinado: 268 a 270 • Nome: Aureliano - Lúcio Domício G.Aureliano Local de Nascimento: Dácia Reinado: 270 a 275 • Nome: Tácito - Públio Cornélio Tácito ou Caio Cornélio Tácito Local de Nascimento: Interamna - Itália Reinado: 275 a 276 • Nome: Próbo - Marco Aurélio Probo Local de Nascimento: Panônia Reinado: 276 a 282 • Nome: Diocleciano - Caio Aurélio Valério Diocleciano Augusto Local de Nascimento: Dalmácia Reinado: 284 a 305 • Nome: Maximiano - Marco Aurélio Valério Maximiano Hercúleo Augusto Local de Nascimento: Panônia (atual Sérvia) Reinado: 286 a 305 • Nome: Galério - Galério Maximiano Local de Nascimento: Dácia Aureliana Reinado: 305 a 311 • Nome: Constantino I - Constantino Magno ou Constantino, o Grande Local de Nascimento: Naissus Reinado: 307 a 337 • Nome: Licínio - Gaius Valerius Licinianus Licinius Augustus Local de Nascimento: Moésia Reinado: 308 a 324 • Nome: Constâncio II - Flávio Júlio Constâncio Local de Nascimento: Panônia Reinado: 337 a 361 • Nome: Juliano - Flávio Cláudio Juliano Local de Nascimento: Constantinopla Reinado: 361 a 363 • Nome: Valentiniano - Flávio Valentiniano Local de Nascimento: Panônia Reinado: 364 a 378 • Nome: Graciano - Flávio Graciano Local de Nascimento: Panônia Reinado: 367 a 383 • Nome: Valentiniano II- Flavius Valentinianus Junior Local de Nascimento: Mediolanum - Itália Reinado: 375 a 392 • Nome: Teodósio I - Teodósio I, dito o Grande - No que diz respeito à política religiosa, tomou a transcendental decisão de fazer do cristianismo niceno ou catolicismo a religião oficial do Império mediante o Édito de Tessalônica de 380. Local de Nascimento: Hispânia Reinado: 379 a 395 1. As perseguições. Começaram em 64 sob o Imperador Nero. Eram inevitáveis, pois os cristãos professavam um só Deus dentro de um mundo em que todas as instituições (até mesmo as do lar e da família) eram marcadas pelo paganismo. Os cristãos, heroicos pela graça de Deus, foram mais fortes do que os adversários não porque tivessem armas ou dinheiro, mas porque possuíam em seu favor a verdade do Evangelho, que eles traduziam corajosamente em vida fiel e coerente. 2. A época de Constantino (306-337), após o Edito de Milão, permitiu a ação missionária mais dilatada. A Igreja se manteve sempre alheia às práticas pagãs; um dos exemplos mais típicos é o do Bispo S. Ambrósio, de Milão, que em 390 censurou energicamente os desmandos do Imperador Teodósio, levando-o à penitência. 3. A elaboração das grandes verdades de fé referentes à SS. Trindade, a Jesus Cristo, à Igreja, ao pecado e à graça foi realizada pelos grandes Bispos e teólogos e que foram rejeitadas pelos Concílios Ecumênicos (assembleias de Bispos de toda a Igreja) em Niceia (325), Constantinopla (381), Éfeso (431), Calcedônia (451), Constantinopla II (553), Constantinopla III (680/1). 4. A fundação do Estado Pontifício. Em 330 Constantino transferiu a capital do Império de Roma para Bizâncio no Oriente (Istambul, na Turquia de hoje). O Ocidente de Europa foi então entregue aos bárbaros invasores, que causavam grandes desordens. Nesse cenário confuso, ia sendo cada vez mais respeitada e solicitada a autoridade do Bispo de Roma (o Papa), pois este exercia a função de protetor das populações devastadas pela guerra. Também acontecia que muitos nobres, ao morrer, doavam suas terras ao Pontífice. Isto tudo deu ocasião a que se formasse em torno da Sé de Roma um território governado pelo Papa a título de Pastor dos fiéis. Tal estado de coisas foi-se consolidando, visto que os bizantinos se desinteressavam sempre mais pelos ocidentais. Diante destes fatos, Pepino o Breve, mordomo do palácio do rei dos Francos, mas na realidade chefe do reino, que se ia impondo no Ocidente, resolveu reconhecer o Papa como soberano do Estado Pontifício (Patrimônio de São Pedro, como se chamava) em 756; em resposta, o Papa Estevão II o reconheceu não mais como mordomo da casa do Rei, mas como Rei dos Francos. Com Constantino: Aparecimento e Crescimento do Poder Papal Em 325, quando se reuniu o primeiro Concílio Ecumênico Constantinopla, o cristianismo tinha assumido várias características. O reconhecimento dos bispos como o corpo reinante da Igreja. Todas estas características se encontram hoje nos grupos que são chamados Católicos Romanos, Católicos Gregos e Anglicanos. Antes do ano 325, não obstante ser o bispo de Roma igual aos outros bispos em autoridade foi mais digno por estar entre os bispos mais hábeis do mundo. A posição geográfica de Roma. Era privilegiada pela localização de sua área. Mudança da capital imperial. No ano 330, Constantino mudou a capital do Império de Roma para a cidade de Bizâncio, que foi chamada de Constantinopla, o que em lugar de enfraquecer a posição do bispo romano, melhorou a sua situação. Com a presença do imperador, o bispo ocupava o segundo lugar, mas com a saída do mesmo ele tornava-se bispo dos bispos e rei secular ao mesmo tempo. Com Teodósio I: O enfrentamento dessa temática requer muita cautela, pois o imperador Teodósio, apesar de ter oficializado um tipo de cristianismo, o niceno, não pode ter sua imagem subordinada aos preceitos dessa doutrina e de seus representantes, os bispos. Desse modo, as práticas político-religiosas desse imperador não devem ser generalizadas: ora o governante apoiava determinados grupos de cristãos, ora favorecia outros. Sendo assim, este estudo propõe como recorte temático a análise da relação bispo-imperador a partir do favorecimento imperial ao cristianismo niceno assim configurado aos olhos dos partidários do bispo niceno Gregório de Nissa (335/340-394 d.C.) por meio da atuação desse eclesiástico junto ao imperador Teodósio na tentativa de se opor ao cristianismo ariano anomoiano de Eunômio de Cízico. A interpretação da relação do poder imperial com o cristianismo, condicionada a essa ideia de cristianização, refletiu na historiografia que retratou a imagem dos imperadores, ora cristianizando-os, como algo positivo, ora paganizando-os, como algo negativo. As duas grandes imagens de imperadores cristãos encontradas na historiografia são as de Constantino, responsável pela legalização do cristianismo no início do século IV, e Teodósio I, responsável pela oficialização dessa crença no final do mesmo século. "Teodósio foi um imperador romano governando sob condições e contexto específicos para manter seu Império. E nisso, parece ter sido laudado tanto por João Crisóstomo como por Libânio, por cristãos e não cristãos" Ao adotar ideias ligadas à cristianização ou não levar em consideração os vários cristianismos existentes no século IV, a historiografia contribuiu, em nossa opinião, para que as análises do discurso cristão e do processo de afirmação dos seus dogmas fossem vistas como conteúdos estanques e acabados, ao passo que compreendemos os cristianismos enquanto discursos inseridos em processos históricos e em um Império Romano plural. Ao introduzirmos tais dogmas no processo histórico, compreendemos que o século IV não foi um período de "paz na igreja", uma vez que há uma pluralidade de questionamentos acerca das interpretações das Escrituras e da própria estrutura eclesiástica nesse período. Durante o seu processo de afirmação, amadurecimento e hierarquização a partir das estruturas administrativas do Império Romano, o cristianismo esteve envolto de pluralismos. A variedade teológica que vários grupos cristãos defenderam também nos permite compreender esse período a partir de várias correntes cristãs que disputavam o título de ortodoxia, levando-nos a pensar em cristianismos. O cristianismo como política administrativa do Império Romano A intersecção entre as esferas administrativa, política, econômica, social, religiosa e militar durante a Antiguidade Tardia proporcionou, cada vez mais, o encontro do religioso com o político. Na ótica da legalidade, o período tornou-se favorável às discussões teológicas e, na tentativa de terem suas interpretações vitoriosas, esses grupos cristãos tentavam se aproximar do poder imperial por meio dos bispos e da esfera administrativa. Assim, o próprio contexto político e econômico, conjuntamente com o poder legal, que também estava se aprimorando nesse período, proporcionaram essa intersecção, conforme nos corrobora Jill Harries (2004, p. 38). De acordo com John Curran (2008, p. 101), após a morte do imperador Valente, em 378, e durante batalhas de contingenciamento do limes, o imperador Graciano convocou o militar Teodósio para ser governante do Império Romano, fato ocorrido em inícios de 379 na cidade de Sírmio. Antes de adentrar a capital do Império pela primeira vez como imperador (o que só ocorreria no final de 380), os imperadores Graciano e Teodósio partiram com suas tropas para a cidade de Tessalônica em uma campanha militar contra os visigodos (WILLIAMS; FRIELL, 1994, p. 18). Foi dessa cidade que os dois imperadores, Graciano e Teodósio, enviaram um edito para a capital imperial, datado de 380, em nome dos três imperadores: os dois citados e Valentiniano II. Esse edito está compilado na forma da constitutio 2, do primeiro capítulo do livro 16 do Código Teodosiano (COD. THEOD. XVI, 1, 2), cujo conteúdo declara o cristianismo niceno como Fide Catolica, como pode ser conferido abaixo: (28 de fevereiro de 380) Edito dos Imperadores Graciano, Valentiniano [II] e Teodósio [I],Augustos, ao povo da cidade de Constantinopla. Queremos que todos os povos governados pela administração de nossa clemência sejam conduzidos à religião que a tradição proclama ter sido transmitida aos Romanos pelo divino apóstolo Pedro e pregada desde ele até nossos dias. Religião aderida pelo Bispo Damaso e pelo Bispo Pedro de Alexandria, homem de santidade apostólica; ou seja, de acordo com os ensinamentos dos apóstolos e da doutrina evangélica, cremos em uma divindade única do Pai, do Filho e do Espírito em igual majestade e uma santa trindade. Ordenamos que aqueles que seguem essa lei sejam lembrados sob o nome de Cristãos Católicos. Quanto aos outros, insensatos e desviados, julgamos que eles devem suportar a infâmia ligada ao dogma herético. Os seus locais de reunião não poderão receber o nome de igrejas e eles deverão ser punidos, em primeiro lugar, pela vingança divina, seguida por aquela de nossa vontade que nós recebemos da vontade celestial. Dado pelo terceiro dia das kalendas de março, em Tessalônica, no quinto consulado de Graciano e no primeiro de Teodósio, Augustos (COD. THEOD. XVI, 1, 2).1 Ressaltamos, então, que a aplicabilidade dessa lei, assim como tantas outras que compõem a legislação do Império Romano, ocorria de forma fluida. A lei não foi exercida de maneira semelhante em todos os locais do Império e dependia, muitas vezes, do alcance e do interesse do poder imperial, por meio de seus funcionários, em aplicar tal obrigatoriedade nas cidades e províncias, uma vez que podemos detectar a continuidade dessas querelas religiosas após a constitutio. No decorrer do processo histórico, o conteúdo dessa lei ficou conhecida pela e na historiografia como a oficialização do cristianismo. Compreendendo os eventos que marcaram a nomeação e coroação do imperador Teodósio I, percebe-se que tal edito ocorreu na cidade de Tessalônica, em plena campanha contra os povos visigodos. Sendo assim, observa-se a importância que a promulgação da lei tinha face à governança político-militar daquele contexto. Nesse sentido, ao falarmos em favorecimento aos cristãos nicenos estamos levando em consideração que tal apoio não estava envolto somente de aspectos religiosos aos olhos do poder central, mas a defesa dessa posição historiográfica não pode deixar de levar em consideração que a lei favoreceu um determinado grupo cujas interpretações teológicas eram defendidas pelos cristãos nicenos. O edito declara que a "divindade única do Pai, do Filho e do Espírito" estava "em igual majestade e uma santa trindade" sendo, em nossa opinião, uma clara tentativa de direcionar essa querela político-religiosa para que se enquadrasse nos propósitos de Império daquele contexto. As estratégias dos discursos cristãos que envolveram a discussão a respeito do dogma trinitário, mais especificamente dos cristãos nicenos e dos cristãos arianos, durante a segunda metade do século IV, convertiam para a tentativa de patrocínio imperial com o objetivo de alcançarem a legitimidade de seu grupo junto ao poder central. O patrocínio imperial, em oposição a uma ideia de intervenção, foi reclamado pelos próprios bispos, uma vez que não existia, antes do Concílio de Constantinopla de 381, a supremacia de bispados e/ou sedes episcopais, nem mesmo daqueles localizados na velha ou na nova capital do Império. Os bispos procuravam na esfera imperial a legitimidade não outorgada pela vacância em uma autoridade eclesiástica desconhecida, que só se faria presente após 381 e a longo prazo, autoridade cedida ao bispo de Roma. Assim sendo, não havia nesse período uma hierarquia legítima de determinados bispos, muito menos uma autoridade eclesiástica capaz de corroborar as decisões de determinado bispado em nome de sua cidade. O estudo de caso que elenca o bispo niceno Gregório de Nissa e sua tentativa de projeção e busca do apoio de Teodósio I revela a estratégia de discurso desses bispos escritores de se autoprojetarem a fim de promoverem o seu cristianismo. Tal estratégia pode ser conferida por meio da circulação dos livros 1 a 3 do discurso Contra Eunômio(Eunômio de Cízico, foi um dos líderes dos arianos (O arianismo foi uma visão cristológica antitrinitaria sustentada pelos seguidores de Ário, presbítero cristão de Alexandria nos primeiros tempos da Igreja primitiva, que negava a existência da consubstancialidade entre Jesus e Deus Pai, que os igualasse, concebendo Cristo como um ser pré-existente e criado, embora a primeira e mais excelsa de todas as criaturas, que encarnara em Jesus de Nazaré. Jesus então, seria subordinado a Deus Pai, sendo Ele (Jesus) não o próprio Deus em si e por si mesmo. Segundo Ário, só existe um Deus e Jesus é seu filho e não o próprio Deus. Ao mesmo tempo afirmava que Deus seria um grande eterno mistério, oculto em si mesmo, e que nenhuma criatura conseguiria revelá-lo, visto que Ele não pode revelar a si mesmo.) extremos ou anomoeanos (Os anomeanos (anomoeanos), também conhecidos por anomeanos, heterusianos, aecianos ou eunomeanos, eram uma seita do arianismo no século IV que afirmava que Jesus (o Filho) era de uma natureza diferente e - de forma nenhuma - similar a Deus (o Pai). Eles acreditavam que as opiniões de Ário, como expressadas originalmente por ele, estavam corretas, mas eles rejeitaram suas ideias posteriores, que ele adotou para poder se readmitido na Igreja. É a forma mais extrema de arianismo.), nasceu em Dacora, na Capadócia, no século IV.), de Gregório de Nissa, datado de 380. Essa circulação pode ser detectada por intermédio de testemunhos contidos em suas cartas 15, 26 e 27: "Eu vos envio a minuciosa obra [...] e que ela seja para vós, que estais no vigor da juventude, um encorajamento para engajá-los na luta contra os adversários" (GREGÓRIO DE NISSA, Carta 15, 3 datada entre 382-383 d.C.). Enfim, por meio do exemplo do que considera um mau governo e mau governante, em tom de ameaça, Gregório manda sua mensagem ao imperador Teodósio, caso ele não venha a apoiar a sua causa: Nosso mestre [Basílio de Cesareia] declarou que a adesão do imperador vigente à nossa igreja estaria entre as coisas mais importantes para nós e para ele. Salvar a sua alma seria uma grande coisa, não porque ela pertence a um imperador, mas por pertencer a um homem que pode evitar que o império seja como uma torrente, distanciando a si mesmo e o seu império do mal e das poderosas e abundantes ondas de calamidades que podem se impor [...] (GREGÓRIO DE NISSA, Contra Eunômio I, 137-138). Como já mencionado, a constitutio De Fide Catolica foi enviada à capital do Império no início de 380 por Teodósio e Graciano em meio à campanha militar. O imperador Teodósio estava coroado desde o início de 379 e não temos notícias de que ele estivera em Constantinopla, capital do Império, desde então. De acordo com a interpretação de Curran (2008, p. 78), Teodósio I, enquanto imperador, adentrou a capital pela primeira vez no final de 380, após uma vitoriosa campanha militar contra os godos. No mesmo ano, o imperador Graciano teria se dirigido ao norte da Península Itálica, em Milão, residência imperial onde normalmente permanecia. Nesse momento, os bispos nicenos Gregório de Nissa e Gregório de Nazianzo já se encontravam na capital para os preparativos do Concílio de Constantinopla, que ocorreria no início do ano seguinte, 381. Após a chegada de Teodósio I à capital, mesmo após a promulgação da De Fide Catolica, o bispo ariano eunomiano Demófilo estava à frente da sede episcopal da capital, ao que parece, com apoio de parte da população e do clero da cidade. Por meio de uma intervenção do imperador, uma escolta armada retirou o ariano anomoiano Demófilo de sua posição e confirmou o novo bispo da Sede Episcopal de Constantinopla: Gregório de Nazianzo, que estava na capital desde 379 após o Sínodo de Antioquia daquele ano. Durante o Concílio de Constantinopla, convocado pelo imperador Teodósio, Gregório de Nazianzo foi declarado bispo da Sede Episcopal de Constantinopla. Entretanto, por motivos que ainda requerem a nossa investigação, elenão angariou suporte político-religioso para permanecer em tal cargo e renunciou ainda em 381. Os testemunhos dos padres capadócios então vivos, Gregório de Nissa e Gregório de Nazianzo, nos legaram informações do cenário conflitante vivenciado por eles naquela cidade. Ambos os testemunhos demonstram preocupações e receios com o avanço crescente do prestígio dos arianos (GREGÓRIO DE NISSA, Cartas, Vida de Santa Macrina e Contra Eunômio 1; GREGÓRIO DE NAZIANZO, Poemas pessoais, Autobiografia, Carta 81). Após essas práticas de Teodósio I - desde o envio do edito de Tessalônica, como também ficou conhecido, passando pelo favorecimento ao niceno Gregório de Nazianzo em detrimento do bispo eleito, o ariano Demófilo, e a convocação do Concílio de Constantinopla de 381, que reafirmou o acordado no Concílio de Niceia de 325 -, Teodósio, em nossa opinião, exerce outra importante ação para tentar minimizar essas querelas que adquiriam contornos e projeções em toda a porção oriental do Império. A tentativa do concílio de 381 de fixar supremacias e hierarquizar as sedes episcopais não contentou a todos, e as contendas ganhavam proporções cada vez maiores. Em meados de 381 é promulgada a constitutio 3, do primeiro capítulo do livro 16 do Código Teodosiano (COD. THEOD. XVI, 1, 3), datada em 30 de julho de 381, na qual podemos conferir nomes de bispos nicenos como referencial daquilo considerado como ortodoxia e dever cívico pelo poder central. Ressalta-se que o bispo Gregório de Nissa, dentre outros, é citado nominalmente como referencial da ortodoxia, como pode ser observado pelo excerto abaixo: Dos Imperadores Graciano, Valentiniano [II] e Teodósio [I], Augustos, a Auxônio, procônsul da Ásia. Ordenamos transmitir para todas as igrejas que os bispos confessem que o Pai, o Filho e o Santo Espírito são somente uma majestade, uma única energia, uma glória. Que eles não estabeleçam nenhuma diferença por uma distinção ímpia, mas que reconheçam o decreto da Trindade pela existência das pessoas e pela unidade da divindade. Que esses bispos manifestem sua comunhão com Nectário, Bispo da igreja de Constantinopla [que assumiu após renúncia de Gregório de Nazianzo], assim como com aqueles que, no Egito, estão associados a Timóteo, bispo da cidade de Alexandria; àqueles bispos que [...] estão em comunhão com Pelágio, bispo de Laodiceia, Diodoro, bispo de Tarso; na Ásia Proconsular e na Diocese da Ásia, com Anfilóquio, bispo de Icônio, Ótimo, bispo de Ancira; na diocese do Ponto, com o bispo Heládio de Cesareia, Otreio de Melitene, Gregório de Nissa, Terênio, bispo de Sítia, Mármário, bispo de Marcianópolis. Eles devem obter o encargo das igrejas católicas, já que estão em comunhão e associação com esses bispos de vida recomendável. Todos aqueles que estão em desacordo com a comunhão de fé dos bispos citados serão expulsos das igrejas como heréticos notórios. Doravante, esses heréticos não poderão mais exercer a autoridade e obter os recursos das igrejas. Que os santos ministros mantenham a verdade na lei de Niceia e que depois desse mandamento ninguém faça, nem receba, uma manobra fraudulenta (COD. THEOD. XVI, 1, 3). Os nomes dessas personagens não foram citados ao acaso. Esses bispos foram escolhidos para integrar o conteúdo dessa lei por terem desempenhado um papel que lhes proporcionasse tal patamar. Logo, não foram escolhas aleatórias e sim calculadas para que suas imagens atingissem o público-alvo naquele momento e naquele espaço de circulação: a porção oriental do Império Romano. Nossa proposta interpretativa é amenizar o peso dado pela historiografia à oficialização do cristianismo proporcionada pelo imperador Teodósio I, pois essas ações que influem diretamente no religioso, ligadas ao imperador Teodósio, a cargo do Oriente, devem ser entendidas enquanto práticas político-culturais que faziam parte da proposta de governança desse imperador e que poderiam representar algum tipo de desvio na capital do Império (BASLEZ, 2007). Em nome desse favorecimento é que os bispos nicenos utilizavam a chancela do próprio imperador em suas disputas religiosas. Para além de uma retórica vista como um mero recurso estilístico e estrategista, enquanto algo pejorativo e manipulador, Teodósio não só determinou o que era correto, como também citou nomes de bispos que podiam falar em seu nome. Dentre esses religiosos, o bispo Gregório de Nissa, juntamente com outros quatro bispos, tornaram-se responsáveis pela Diocese do Ponto (onde está localizada a Província da Capadócia e a cidade de Nissa) para regular os assuntos da fé nicena. A serviço desse cargo, Gregório viajou por várias cidades do Império Romano com o intuito de conter disputas teológicas entre nicenos e arianos, principalmente contra Eunômio e seus discípulos. Nas cartas 1 e 2 Gregório utiliza o cargo recebido pelo Imperador como legitimidade para suas viagens e ações que envolviam uma missão na Arábia, como citamos: Então, como o tão devoto Imperador [Teodósio] nos possibilitou as facilidades para o trajeto graças ao transporte público [δƞμοσίοѵὀxήματος], sofremos somente o necessário comparado a outras formas de fazer o mesmo trajeto, pois o transporte foi para nós como uma igreja e um mosteiro, nos quais, durante todo o percurso oramos e jejuamos pelo Senhor (GREGÓRIO DE NISSA, Carta 2,13 datada após 381). Eu recebi esse cargo durante o santo concílio [de Constantinopla, em 381], das mãos do devoto Imperador, para ir a essas regiões, a fim de restabelecer a ordem na igreja da Arábia. Como a Arábia faz fronteira com a região de Jerusalém, prometi aos chefes das santas igrejas de Jerusalém fazer uma correção da conturbada situação em que eles se encontravam, já que eles necessitavam de um mediador (GREGÓRIO DE NISSA, Carta 2,12 datada após 381). Tais práticas imperiais levaram ao posterior favorecimento em prol de um grupo e forneceram a chancela imperial para que determinados indivíduos falassem em nome do imperador, reunindo cada vez mais legitimidade a sua ambitio e ao seu grupo. A mensagem incutida na lei do Código Teodosiano XVI, 1, 3 foi direcionada a um local específico: o Oriente, haja vista ser esta a parte do Império cujos bispos citados eram conhecidos e tinham as suas imagens reconhecidas perante seus pares e comunidades. Quem foi o último imperador romano? Ele foi obrigado a se exilar após a deposição Rômulo Augusto, que governou apenas dois anos: 475 e 476. Seu nome, em latim, era Flavius Momilus Romulus Augustus, mas ele ficou mais conhecido pelo diminutivo Romulus Augustulus, que, em latim, significa “Rômulo, o pequeno Augusto”. Quando ele assumiu o poder já fazia décadas que o Império Romano havia sido dividido em dois – desde o ano 395, mais precisamente. O Império do Ocidente – comandado por Rômulo sem ser reconhecido pelo imperador oriental – sofria, então, sucessivas invasões de povos bárbaros do norte da Europa. Foi numa dessas que Rômulo Augústulo acabou deposto por Odoacro, líder de um desses povos germânicos. Era só o que faltava para a metade ocidental do império deixar de existir, dando lugar a vários pequenos reinos criados pelos invasores. Na parte oriental, porém, o império não ruiu. “Ele subsistiu, dando origem ao Império Bizantino. Mas Rômulo costuma ser considerado pelos historiadores o último imperador”, diz a historiadora Maria Luiza Corassin, da USP. Ele foi obrigado a se exilar após a deposição, mas Odoacro até que foi generoso, concedendo-lhe uma pensão em dinheiro. Os últimos anos da vida de Rômulo não são muito conhecidos – sabe-se apenas que morreu pouco depois do ano 511. Divisão do Império O Império Romano passou por uma severa crise no terceiro século. A partir desse momento a manutenção de seu território e a sustentação do império foram difíceis, e foi preciso pensar em estratégias para a saída da crise. A defesa de um território extenso custava caro aos cofres públicos e demandava atenção do exército romano. As invasões a terras do Império passaram a ser constantes, gerando disputas contra os povos invasores, o que onerava tambéma administração do Império. Enfrentando uma crise financeira e de defesa do território, o Império Romano precisou pensar em alternativas para sua manutenção e sustentação. Diocleciano tentou salvar o Império Romano a partir da sua divisão em quatro regiões, que seriam comandadas por quatro imperadores. Era o regime de tetrarquia. Estipuladas quatro capitais, cada uma recebia um imperador e uma coroa próprios, responsáveis por administrar as terras, oferecer segurança, e defender a região. No entanto a tetrarquia também não foi suficiente para solucionar os problemas do Império. Além das constantes disputas entre os próprios imperadores, o sistema custava caro, pois previa a instalação de quatro centros de administração pública com seus funcionários e sua guarda, não resolvendo também a questão financeira. Isso levou a uma nova crise que, somada às invasões bárbaras, ocasionou na divisão do Império Romano. Em 395, o imperador Teodósio dividiu o império em duas partes: Império Romano do ocidente, com capital em Roma; e Império Romano do Oriente, com capital em Constantinopla. Com essa medida, acreditava que fortaleceria o império. Achava, por exemplo, que seria mais fácil proteger as fronteiras contra ataques de povos invasores. Os romanos chamavam esses povos de bárbaros, por terem costumes diferentes dos seus. A divisão estabelecida por Teodósio não surtiu o efeito esperado. Diversos povos passaram a ocupar o território romano. Em 476, os hérulos, povo de origem germânica, invadiram Roma e, comandados por Odoacro, depuseram o imperador Rômulo Augústulo. Costuma-se afirmar que esse acontecimento marca a desagregação do Império Romano. Na verdade, isso refere-se ao Império Romano do Ocidente , pois a parte oriental ainda sobreviveu até o século XV. Os cristãos, até então, mantendo-se humildes e discretos, por reconhecerem sua insignificância religiosa perante os romanos, não faziam qualquer tentativa de formular uma teoria das relações entre a igreja e o Estado ou entrar em choque direto com o Império romano no período Pré-Constantiniano. Nos primeiros séculos, embora não tivessem o direito legal de existir, por promulgações de leis romanas que assim o impediam, os cristãos em geral seguiram a risca a admoestação de Paulo de sujeição às autoridades superiores (Rm 13:1-2), exceto quando tal sujeição entrava em conflito direto com preceitos ditados por sua grandiosa fé cristã (At 5:29) e quando isso se dava, na grande maioria eram martirizados. Durante cerca de 250 anos, a relação da igreja nascente com o império foi em geral tensa e muitas vezes abertamente conflitiva. Nesse período, a recusa dos cristãos em participar do culto imperial atraiu muitas vezes a ira e a hostilidade do estado. A sucessão de Pedro, como Bispo de Roma (30-67) se deu por sua própria nomeação de Lino que governou a Igreja romana dos anos 67 a 76, NOME ORIGEM E DURAÇÃO DO PAPADO São Pedro Betsaida, papa de 30 a 67 São Lino Túscia, papa de 67 a 76 Santo Anacleto Roma, papa de 76 a 88 São Clemente I Roma, papa de 88 a 97 Santo Evaristo Grécia, papa de 97 a 105 Século 1 NOME ORIGEM E DURAÇÃO DO PAPADO Santo Alexandre I Roma, papa de 105 a 115 São Sisto I Roma, papa de 115 a 125 São Telésforo Grécia, papa de 125 a 136 Santo Higino Grécia, papa de 136 a 140 São Pio I Aquiléia, papa de 140 a 155 Santo Aniceto Síria, papa de 155 a 166 São Sotero Campânia, papa de 166 a 175 Santo Eleutério Epiro, papa de 175 a 189 São Vitor I África, papa de 189 a 199 São Zeferino Roma, papa de 199 a 217 NOME ORIGEM E DURAÇÃO DO PAPADO São Calisto I Roma, papa de 217 a 222 Santo Urbano I Roma, papa de 222 a 230 São Ponciano Roma, papa de 230 a 235 Santo Antero Grécia, papa de 235 a 236 São Fabiano Roma, papa de 236 a 250 São Cornélio Roma, papa de 251 a 253 São Lúcio I Roma, papa de 253 a 254 Santo Estevão I Roma, papa de 254 a 257 São Sisto II Grécia, papa de 257 a 258 São Dionísio papa de 259 a 268 São Félix I Roma, papa de 269 a 274 Santo Eutiquiano Luni, papa de 275 a 283 São Caio Dalmácia, papa de 283 a 296 São Marcelino Roma, papa de 296 a 304 Século 3 NOME ORIGEM E DURAÇÃO DO PAPADO São Marcelo I Roma, papa de 308 a 309 Santo Eusébio Grécia, papa de 309 a 309 São Melquíades África, papa de 311 a 314 São Silvestre I Roma, papa de 314 a 335 São Marcos Roma, papa de 336 a 336 São Júlio I Roma, papa de 337 a 352 Libério Roma, papa de 352 a 366 São Dâmaso I Espanha, papa de 366 a 384 São Sirício Roma, papa de 384 a 399 Santo Anastácio I Roma, papa de 399 a 401 Século 4 https://www.portalsaofrancisco.com.br/historia-geral/papa-pio-i Papa São Calisto I PUBLICIDADE Papa São Calisto I (155 – 222) Papa (217-222) e santo da Igreja Cristã Romana nascido em Roma, sucessor do papa Zeferino, cujo pontificado foi marcado pelo início do cisma que colocou Hipólito de Roma como antipapa. Era diácono durante o pontificado de São Zeferino e, eleito (217), durante cinco anos, lutou contra a heresia do presbítero e teólogo Hipólito, para preservar a doutrina. Mandou construir as famosas catacumbas da Via Apia, onde foram enterrados 46 Papas e uns 200.000 mártires. Foi acusado por Tertuliano e Hipólito de ser demasiado indulgente ao administrar o sacramento da penitência, quando o papa concedeu a absolvição aos pecadores de adultério, homicídio e apostasia. Até então esta absolvição só era dada uma vez na vida e após uma dura penitência pública, enquanto os reincidentes eram excluídos da comunhão eclesial. Acrescentaram-se às divergências pessoais de oposição, a inveja de Hipólito, que nunca se conformou em ser preferido a ele como sucessor do Papa Zeferino. Hipólito chegou mesmo à ruptura total e fez-se ordenar bispo e fundou uma igreja própria, arrastando no cisma parte do clero e do povo de Roma, defendendo sua radical condenação em relação aos adúlteros, para os quais não aceitava a reconciliação e o perdão, que por sua vez eram concedidos pelo Papa. Inconformado continuou fomentando as acusações, calúnias e interpretações de desprezo à pessoa e ao trabalho do papa. Assim, durante uma rebelião popular, o papa foi espancado e, ainda vivo, jogado em um poço onde hoje se acha a Igreja de Santa Maria, em Trastevere. Enterrado como mártir, em Roma, o local de seu sepulcro gerou o histórico sítio denominado de Catacumbas de São Calisto. O termo catacumba é a denominação dos primitivos cemitérios cristãos, constituídas por galerias, cubículos e outras cavidades. Escavados sob os cemitérios ou terrenos baldios situados fora dos muros das cidades, as catacumbas, numerosas sobretudo em Roma como as de Calisto, Domitilae Priscila, também são encontradas em outras localidades do Império Romano, como Marselha, Sevilha, Siracusa, Poitiers. O cisma continuou durante o pontificado de Ponciano, que contudo conseguiu, com a sua magnanimidade trazer Hipólito e o seu grupo de volta à Igreja, depois de 20 anos de separação. Papa Urbano I Papa Urbano I – ( ~ 270 – 230) PUBLICIDADE Papa Igreja Cristã Romana (222-230) nascido em Roma, sucedendo São Calisto I (217-222) e cujo pontificado coincidiu com a época de tolerância (222-235) do imperador Alexandre Severo. Não se conhece quase nada de sua vida e de seu papado e, ao que parece, durante seu papado a Igreja gozava de Paz, mas a sua crescente grandeza excitava o ódio dos pagãos. Determinou que as esmolas e os legados ofertados à Igreja fossem aplicados exclusivamente no sustento dos pobres e do culto divino. Estabeleceu pioneiramente o uso de ouro, prata e pedras preciosas em patenas, cálices e vasos sagrados, destinados ao uso do sacrossanto Sacrifício da Missa e decretou também que o sacramento da Confirmação fosse ministrado, após o Batismo, pelas mãos de um bispo. Organizou a Igreja de Roma em 25 unidades eclesiásticas, as paróquias de Roma e consentiu que a Igreja adquirisse bens. Interveio nas disputas sobre o cisma de Hipólito de Romae ordenou que o patrimônio da igreja doado pelos fiéis não pudesse ser usado, em hipótese alguma, para outros fins a não ser para o sustento dos próprios missionários. Foi um dos grandes pontífices do início do cristianismo, caluniado e perseguido pelo prefeito Almáquio, de Roma, sob o império de Alexandre Severo, durante seus oito anos de defensor máximo da doutrina cristã, distinguiu-se pelo zelo apostólico. Foi responsável por inúmeras conversões, inclusive, de pessoas de alta classe social, dentre os quais Valeriano, esposo de Santa Cecília, convertida e martirizada, e de Tibúrcio, seu irmão. No local do martírio de Santa Cecília, em Trastevere, fez construir a Igreja onde repousam os restos da padroeira dos músicos, que primeiramente tinha sido sepultada no cemitério de Calisto. Papa de número 160, morreu em Roma e foi sepultado no cemitério de Pretextato, na Vila Ápia, e foi sucedido por São Ponciano (230-235). Papa Ponciano Papa Ponciano – ( ? – 235) PUBLICIDADE Papa (230-235) e santo da Igreja Cristã de Roma nascido em Roma, sucessor de Urbano I e que pois fim ao cisma iniciado com Calixto I e que continuava durante o seu pontificado. Eleito papa ainda durante o período do cisma, ordenou o canto dos Salmos, a recitação do confiteor Deo e o uso do Dominus vobiscum e pôs fim à heresia de Hipólito. Em cinco anos de pontificado, de grande ação pastoral, de oposições, de luta contra a heresia, apesar das pressões do seu irredutível opositor Hipólito (217-235), sacerdote romano, antipapa, personalidade de destaque na Roma cristã do 3º século, teólogo do clero de Roma, mas uma figura controversa pelas suas atitudes de intransigência e oposição à autoridade do pontífice, inclusive já entrara em contraste com o papa São Calisto (217-220), pelo seu rigorismo em relação aos adúlteros, aos quais recusava a reconciliação e o perdão, que por sua vez eram concedidos pelo papa. Foi vítima do Imperador Maximiniano, que iniciou uma era de perseguições, que o aprisionou, condenou e deportou (235) para a Sardenha para cumprir trabalhos forçados nas pedreiras da Sardenha. Demitiu-se do pontificado pouco depois de ter chegado à ilha, sendo esta a primeira vez que isso aconteceu na história dos papas. Sua renúncia tinha o magnânimo objetivo de não criar dificuldades à Igreja de Roma para a reconciliação com os seguidores de Hipólito, que chegou mesmo à ruptura total, autordenando-se bispo e fundando uma igreja própria, arrastando no cisma parte do clero e do povo de Rom. Hipólito, que também tinha sido condenado ao exílio e ao trabalho forçado nas minas, e o seu grupo foi reconduzido à Igreja de Roma, pondo fim ao cisma que durou vinte anos, e o papa morreu martirizado de sofrimentos na ilha de Tavolara, Sassari. O papa de número 18 foi sucedido pelo papa Santo Antero (235-236), de origem grega, que permaneceu na prisão durante seu brevíssimo pontificado. Papa Santo Antero PUBLICIDADE ( ~ 200 – 236) Papa (235-236) e santo da Igreja Cristã de Roma nascido na Magna Grécia, escolhido para suceder o Papa São Ponciano (230-235) e seu brevíssimo pontificado que durou apenas 43 dias, de 21 de novembro a 3 de janeiro do ano seguinte, foi transcorrido na prisão e foi sucedido pelo Papa São Fabiano. Sua eleição foi marcada pelo enfrentamento da oposição de um sacerdote de nome Nereu de Chipre, que desejava o trono de São Pedro, mas não reuniu adeptos em número suficiente para apoiar as suas pretensões. Apesar de pouco mais de um mês como papa, este santo de origem grega, ordenou também a compilação de documentos canônicos oficiais, recolhidos e conservados na Igreja, em um lugar chamado scrinium. Muitas recompilações foram queimadas por ordem do imperador Diocleciano, mas voltaram a ser redigidas para desaparecerem novamente nos tempos do Papa Honório III (1225). Promoveu a coleção de Os Atos dos Mártires, uma ordenação das atas concernentes aos mártires da Igreja, determinando que fossem lavradas cópias para serem guardadas nas igrejas. Sua iniciativa irritou o imperador romano Máximiano, um bárbaro da Trácia, que o levou à condenação e execução, tendo seu corpo sido sepultado junto às catacumbas de São Calixto. Sua morte violenta, associada a sua humildade e grande carisma pessoal, resultou em milhares de conversões entre os romanos e gregos pagãos e até entre a guarda pessoal do imperador. O papa de número 19 da Igreja de Roma foi substituído por São Fabiano (236-250). Apesar do curto período em que permaneceu à frente da Igreja, seu nome ficou marcado pelo importante empenho na preservação do acervo documental católico, permitindo aos historiadores o acesso à diversas informações escritas da Igreja primitiva e por causa isto, foram mantidas as bases de conhecimento de muitas coleções redigidas pelos notários. Líderes cristãos do segundo século, como Clemente, Policarpo Bispo de Esmirna no sec. II (69-155), Inácio 3º Bispo de Antioquia (35-107), também afirma em suas cartas o primado da Sé de Roma: "Roma preside a Igreja na caridade", e Barnabé, que ficaram conhecidos como pais apostólicos, foram os imediatos seguidores dos apóstolos e ouviram destes, instruções para a igreja. Estavam, portanto, em posições altamente privilegiadas e autorizadas para dar suas opiniões acerca do que era ou não uma heresia ou matéria de fé cristã. Mas apesar desta proximidade com os apóstolos percebem-se diferenças consideráveis entre eles. O bispo de Roma, considerado agora “bispo dos bispos”, a partir de Vitor I, reivindica também a posição de “sucessor de Pedro”, com Leão I (440-461). Mas, neste momento, o império já estava dividido e Roma estava preste a cair nas mãos dos “bárbaros”, principalmente os hunos, sob o governo de Átila. O certo é que com Leão, chamado também de “Leão I, o Grande”, e os bispos de Roma ou (agora) papas, que lhe sucedem, estes conseguiram manter certa estabilidade em Roma, após sua desintegração pelos bárbaros, e assim prossegue por toda a Idade Média. Mas é do norte da África – a África Latina –, com o bispo de Cartago, Cipriano (248-258), que surgiu a expressão “papa” para um bispo, a partir da posição dele em que toda a igreja deveria se reunir em torno de um único bispo. Este, segundo Cipriano, tinha o poder e era o portador do Espírito Santo. Não havia, portanto, para ele, diferença entre a autoridade do bispo e a do Espírito Santo. “Com o correr do tempo, no entanto, suas ideias contribuíram para que os bispos de Roma reivindicassem o ‘primado’. Essa reivindicação começou a ser feita na época de Cipriano e, subsequentemente, resultou na doutrina papal – que o papa é o vigário de Cristo na terra” (HÄGGLUND: Op. Cit., p. 92). Posteriormente, o bispo Estêvão (254-257) concluiu que o bispo de Roma era sucessor do apóstolo Pedro, e, portanto, “... tinha a supremacia sobre todos os demais bispos. Reivindicou esse poder para si mesmo e dramatizou sua reivindicação exigindo a obediência dos outros bispos, e designando pessoalmente bispos na Gália e na Espanha. Reivindicava a ‘cátedra de Pedro’ com fundamento na sucessão e fala do ‘primado’ do bispo de Roma” (Ibidem: p. 92). O fundamento teológico inicial usado pelo clero católico para a defesa de que o papado tenha sua origem na pessoa do apóstolo Pedro é o texto de Mateus 16.16-19. Sobre a questão se o “tú és Pedro”, expressão dita por Jesus, refere-se à “pedra” sobre a qual a igreja está edificada, não quero me aprofundar aqui, mas o certo é que com o tempo, a passagem em referência foi usada para dar sustentação ao papado como “primado de Pedro”. Desta forma, no inicio do século IV, principalmente após o Edito de Milão (313), que estabeleceu a tolerância religiosa aos cristãos, e o Primeiro Concílio de Niceia (325), que dentre outras medidas, estabeleceu a doutrina papal, além da proclamação do Cristianismo como sendo a religião oficial do império (380), por Teodósio I, vemos uma igreja oficial chamada Igreja Católica Apostólica Romana, mas ao mesmo tempo a não aceitação desta supremacia de Roma por parte de vários grupos. Em resumo, o formatoda Igreja Católica que se segue daí por diante, já se define por volta do final do século IV, com sua organização de hierárquica completa, o clero exercendo demasiado domínio espiritual sobre o povo, os concílios criando leis eclesiásticas, o culto impressionante e cheio de mistérios, seus dogmas autoritários e a condenação, como hereges, dos cristãos que não concordam ou não se conformam com eles. Além disso, foi aceita a doutrina de Agostinho a respeito de Igreja Católica. Ele cria que os primeiros bispos da igreja foram escolhidos pelos apóstolos. Estes receberam de Jesus os dons do Espírito Santo para cuidarem da igreja e legarem esses dons aos seus sucessores, os primeiros bispos, que receberam seus encargos numa sucessão regular, possuindo, todos eles, desde o primeiro, a plenitude desses dons do Espírito (...) Agostinho ensinava que a verdadeira igreja se caracterizava por seus bispos possuírem a legitima sucessão apostólica. Somente na Igreja Católica, a Igreja desses bispos, havia salvação (NICLHOLS: 1995, pp. 52-53). ‘Os laços de fidelidade com o povo judeu se mantiveram, pois foram através das primitivas comunidades da Palestina que se cumpriram as palavras do Mestre e Senhor, e por meio delas que foram estabelecidos esses laços até hoje com a Igreja católica’. Em 325, Constantino I convocou o Concílio de Niceia, onde foi organizado o primeiro encontro ecumênico da História. Lá, foram reunidos importantes bispos do Cristianismo Primitivo para a reformulação e estruturação do dogma dos adoradores de Cristo. Foram tratados temas como datas, a canonização bíblica, políticas oficiais de batismo e de conversão, além de outros temas relevantes. Sua relevância geopolítica foi gigante. "Esse primeiro concílio em Niceia foi importante não apenas para a formulação da doutrina cristã, mas como o primeiro exemplo de cesaro-papismo”. A conversão religiosa foi também o primeiro passo para o desenvolvimento da fé em Cristo enquanto igreja, um processo longo e descontínuo. Por fim, seu legado possibilitou que, em 380, o então imperador Teodósio I declarasse o Cristianismo religião oficial do Império Romano, característica que ganhou destaque durante a queda do Estado romano e a transição para a Idade Média. A relação entre o imperador Teodósio e a Igreja, no fim do século IV, foi, apesar de tensa, decisiva para a formação da Europa Ocidental. Um dos momentos mais importantes da história do Cristianismo e, por consequência, da formação da civilização europeia foi a oficialização da Religião Católica pelo imperador Teodósio, o Grande, (imperador do Ocidente) em 380 d.C. Foi esse processo de oficialização que permitiu a institucionalização do que hoje conhecemos como catolicismo. Entretanto, apesar de ter promovido essa oficialização, a relação de Teodósio com os então bispos da Igreja foi tumultuada e cheia de embates. O motivo principal era o fato de os Bispos não aceitarem a sobreposição de poder que o imperador queria impor sobre a Igreja. Para compreender essa relação complexa entre poder temporal (império) e poder espiritual (igreja), é necessário que nos situemos em seu contexto. É sabido que, no mundo antigo, sobretudo nos séculos II e III d.C., o número de pessoas convertidas à religião cristã era bastante alto nos domínios do Império Romano. Em razão de uma gama de fatores, entre eles a não prestação de culto ao imperador (considerado deus pelos romanos), os cristãos passaram a ser brutalmente perseguidos e assassinados pelas autoridades de Roma. A situação dos cristãos no mundo antigo só passou a mudar efetivamente no século IV, quando o Império Romano já se encontrava dividido entre a porção ocidental e a oriental. Em 312 d.C., Constantino, imperador do Oriente, converteu-se ao cristianismo e instituiu a tolerância a essa crença dentro do Império Romano Oriental. Constantino também convocou o Concílio Ecumênico, realizado em Niceia, que foi de fundamental importância para a definição dos dogmas. Mas a oficialização do cristianismo como religião do Império Romano só ocorreu mesmo com Teodósio. Teodósio, por meio do Édito da Tessalônia, não apenas tornou o cristianismo oficial, mas proibiu os cultos pagãos greco-romanos, de modo que, pouco a pouco, todo o simbolismo pagão passou a ser assimilado pelo cristianismo, como a data do Natal. Entretanto, Teodósio pensava e agia como herdeiro das estirpes de imperadores e, em um caso especial, a insensatez e a fúria dominaram-lhe a razão: uma pessoa foi presa na Tessalônia, em 388 d.C., acusada de pederastia (relação homossexual entre pessoas do sexo masculino – prática condenada moralmente pelo cristianismo e legalmente pelo Império). A população (de maioria pagã) exigiu que o sujeito fosse libertado. Não ocorrendo isso, entraram na prisão, liberam-no e acabaram por linchar o general que o havia encarcerado. Em represália, Teodósio ordenou que o exército massacrasse a população de Tessalônia. Milhares de pessoas foram mortas quando assistiam às corridas de bigas no circo da cidade. Após esse acontecimento, o imperador foi a Milão com o objetivo de ir à missa, celebrada pelo então bispo Ambrósio (que depois seria canonizado como santo). Ambrósio, entretanto, em um ato de coragem em defesa dos princípios de sua religião, impediu que o imperador adentrasse a igreja de Milão e disse que não admitiria a presença do imperador na missa enquanto este não se arrependesse publicamente do massacre de Tessalônia. Depois de alguns meses, o imperador, ameaçado de excomunhão por Santo Ambrósio, colocou uma veste de penitência e humilhou-se pedindo perdão pelo massacre e outros pecados cometidos. Ambrósio, com sua autoridade de bispo, absolveu Teodósio. Em uma de suas epístolas, é possível ler uma reflexão de Santo Ambrósio a respeito do caso: O que poderia eu fazer? Não escutar? Mas não poderia fechar os ouvidos com cera, como contam as antigas fábulas. Devo dizer o que ouvi? Mas fui obrigado a evitar justamente o que temia pudesse ser provocado por suas ordens, ou seja, um massacre. Devo silenciar? Mas a pior coisa que poderia acontecer seria confinar minha consciência e minhas palavras. Onde estaria? Quando um sacerdote não admoesta um pecador, este morrerá com seu pecado, e o sacerdote será culpado de falhar em corrigi-lo (Epístola 51, 3) Esse acontecimento é importante porque acentua algo característico do catolicismo: a primazia do poder espiritual sobre o poder temporal, ao contrário do que ocorreu no cristianismo ortodoxo do Oriente com o fenômeno do Cesaropapismo. No que diz respeito à política religiosa, tomou a transcendental decisão de fazer do cristianismo niceno (O Primeiro Concílio de Niceia foi um concílio de bispos cristãos, reunidos na cidade de Niceia da Bitínia (atual İznik, província de Bursa, Turquia) pelo Imperador Romano Constantino I em 325. Constantino I organizou o concílio nos moldes do senado romano e o presidiu, mas não votou oficialmente. Este concílio ecumênico foi a primeira tentativa de alcançar um consenso na Igreja através de uma assembléia representando toda a cristandade. Ósio, bispo de Córdoba, provavelmente um legado papal, pode ter presidido suas deliberações. Seus principais feitos foram a resolução da questão cristológica da natureza divina de Jesus e sua relação com Deus Pai, a construção da primeira parte do Credo Niceno; a fixação da data da Páscoa e a promulgação da lei canônica em sua primeira forma) ou catolicismo a religião oficial do Império mediante o Édito de Tessalônica de 380 (O Édito de Tessalônica ou Tessalónica, também conhecido como Cunctos Populos ou De Fide Catolica foi decretado pelo imperador romano Teodósio I a 27 de fevereiro de 380 d.C pelo qual estabeleceu que o cristianismo tornar-se-ia, exclusivamente, a religião de estado, no Império Romano, abolindo todas as práticas politeístas dentro do império e fechando templos pagãos). O Didaqué, documento anônimo do século II, diz que o bispo era um sucessor dos apóstolos e líder da Igreja em cada cidade. O bispo também podia ministrar a eucaristia eo batismo, assim como os padres, com o requisito de que este poder lhes tivesse sido delegado pelo bispo. A ORGANIZAÇÃO DA IGREJA PRIMITIVA: Na Igreja primitiva, destacava-se o grupo apostólico. Sua autoridade fundava-se no mistério pascal de Jesus Cristo, do qual o grupo foi testemunha. Os apóstolos foram convocados por Cristo e estiveram com Ele. Os Apóstolos: Exerciam sua autoridade, não como poder, mas como ministério e como serviço. Pela imposição das mãos, constituíam representantes seus nas comunidades fundadas e lhes conferiam autoridade para o governo da comunidade e serviço litúrgico. São os apóstolos quem escolhem os diáconos. São eles os primeiros responsáveis pela obra de evangelização. Depois da morte dos apóstolos, os seus representantes tornam-se seus sucessores. Começa então na Igreja uma nova era, a Era Apostólica, o tempo dos Santos Padres. Deste modo, aos poucos as comunidades recebem uma nova forma de organização, mas não ainda hierárquica. Bispos e presbíteros (Padre). Padre, sacerdote, pároco. Existiam os bispos e presbíteros, os doutores, os anciãos, profetas, diáconos e outros ministérios naturais. O papel do bispo não se revestia ainda da importância que teria mais tarde. Bispos e padres exerciam o governo das comunidades de modo colegiado; estavam em condição de equivalência. Nas maiores comunidades, um Conselho de Presbíteros cuidava de sua direção. Somente depois de 200 anos, o ministério do bispo vai ficando restrita a uma única pessoa. A comunidade cristã participa da autoridade dos apóstolos e de seus sucessores. Existe a corresponsabilidade. No século II, começou-se a definir-se o ministério do bispo. Eram estas as suas funções principais: • É o bispo quem convoca os presbíteros e lhes confere autoridade. • É ele quem dirige a vida das comunidades, especialmente a vida litúrgico-sacramental. • É ele o responsável pelo ensino, pela incorporação ou mesmo pela expulsão de algum membro da comunidade. • É o bispo quem também se torna responsável pela formação dos candidatos ao sacerdócio. Ministérios e serviços Desde o tempo dos apóstolos, já existiam os ministérios nas comunidades. Mas, à medida em que o ministério eclesiástico foi ganhando importância, foram surgindo normas mais preciosas para a pessoa que passasse a assumir algum serviço ou ministério na comunidade. Veio a exigência do celibato, da virgindade consagrada e da dedicação em tempo integral às funções eclesiásticas. Porém, uma coisa era bastante clara: quanto mais baseada na fraternidade, menor era a necessidade de uma autoridade forte como se daria em épocas subsequentes. A grande preocupação estava na unidade da Igreja. Para ser cristão era preciso, em primeiro lugar, a Profissão de Fé e a participação na vida litúrgico-sacramental da comunidade. Era necessária a unidade da comunidade com o bispo, da comunidade entre si e da comunidade com as outras Igrejas locais. A expressão mais visível desta unidade eram os Símbolos (Profissão de Fé), os concílios e as coletas que se faziam para auxiliar as comunidades mais necessitadas. Aos poucos surgiu a consciência do primado do bispo de Roma. Como consequência da vida interna da Igreja, do apostolado e da evangelização, lá pelo ano 100 da Era Cristã, já existiam cerca de 50 comunidades cristãs, espalhadas pela Ásia, Oriente Médio, África e Europa. No ano 200, as comunidades seriam cerca de 100, concentradas especialmente nas cidades. . O papel dos bispos na sucessão apostólica “Olhai, pois, por vós e por todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue” (At 20.28). Sobre a “mensagem única” dos e para os cristãos, vimos que sua base, com o tempo, passou a ser o cânon. Mas quem eram ou são os líderes responsáveis para ensinar ou transmitir esta mensagem? Sobre a sucessão apostólica, esta tem sido objeto de muita discordância para os cristãos daquela época e ainda hoje. Quem estava no lugar dos apóstolos uma vez que estes já tinham morrido? Os hereges, a exemplo dos líderes dos movimentos vistos acima, queriam para si esta primazia, afirmando ter recebido os verdadeiros ensinos de Jesus passados a eles por algum apóstolo e através de uma “tradição secreta”, enquanto outros mestres afirmavam possuir o evangelho original e os verdadeiros ensinos de Jesus. Em tais circunstâncias, o argumento da sucessão apostólica assumiu especial importância. O que este argumento dizia era simplesmente que, se Jesus tinha algum ensino secreto para comunicar aos seus discípulos, o mais lógico seria supor que confiaria tal ensino aos próprios apóstolos a quem confiou a direção da igreja. E, se tais apóstolos por sua vez tinham recebido algum segredo, seria de se esperar que o transmitissem não a algum estranho, mas às mesmas pessoas a quem confiaram a direção das igrejas que iam fundando (GONZÁLEZ: 1995a, p. 105-106). Mas os que iam fundando igrejas e, consequentemente, tornando-se os líderes destas comunidades, negavam ter recebido alguma “tradição secreta” dos apóstolos de Jesus. E quem eram estes líderes destas novas igrejas: Bispos? Anciãos? Presbíteros? Diáconos? E suas igrejas eram apostólicas, no sentido de ser continuadora da mensagem dos apóstolos? Na Igreja Apostólica (até aproximadamente o ano 100), segundo o historiador Robert Hastings NICHOLS (1985: p. 24-25), são conhecidos os oficiais responsáveis pelo “ministério da pregação e ensino”, como os apóstolos, os profetas e os mestres (ou doutores), e os oficiais responsáveis pelo “ministério dos negócios da igreja”, como os anciãos, os presbíteros e os diáconos. Anciãos, presbíteros e bispos eram termos sinônimos, e “... tinham o encargo do pastorado, da disciplina e dos negócios econômicos. (...) Presidiam à Mesa do Senhor e pregavam quando não estava presente algum apóstolo, profeta ou mestre. Esses oficiais eram escolhidos pelo povo porque revelavam os dons e a vocação do Espírito Santo para esse trabalho” (Ibidem: p. 24). Esse modelo de governo da igreja cristã, no entanto, vai mudando aos poucos a partir do século II. Tendo a sinagoga judaica como modelo, surge o clericalismo, sistema que diferencia pessoas com cargos eclesiásticos, de pessoas leigas ou comuns da igreja. O clericalismo começa com a distinção entre bispos e presbíteros e também com a ênfase na ideia de sacerdócio distinto do leigo, desconhecida no primeiro século. Agora, bispos, presbíteros e diáconos ocupam lugares distintos em relação aos demais membros da igreja. Líderes cristãos do segundo século, como Clemente, Policarpo, Inácio e Barnabé, que ficaram conhecidos como pais apostólicos, foram os imediatos seguidores dos apóstolos e ouviram destes, instruções para a igreja. Estavam, portanto, em posições altamente privilegiadas e autorizadas para dar suas opiniões acerca do que era ou não uma heresia ou matéria de fé cristã. Mas apesar desta proximidade com os apóstolos percebem-se diferenças consideráveis entre eles. Inácio, bispo de Antioquia, só para dar um exemplo, escreve sete cartas a caminho de Roma em direção ao seu martírio. E em todas as suas cartas dá grande ênfase à pessoa do bispo como um representante da igreja. “O cargo de bispo desenvolveu-se a ponto de distinguir-se do colégio dos anciãos. Segundo Inácio, o bispo era o símbolo da unidade cristã e o portador da tradição apostólica. As congregações, em vista disso, eram admoestadas a aterem-se firmemente a seus bispos e a lhes obedecerem.” (HÄGGLUND, Op. Cit., p. 19). O historiador Andrew MILLER, depois de descrever as posições enfáticas de Inácio sobre o cargo de bispo, como sucessor da tradição dos apóstolos, em suas cartas, afirma: “... que ele era um cristão piedoso e cheio de zelo religioso, ninguém pode duvidar, mas que estava grandemente enganado nesta e em outras questões também não resta dúvida (...). indubitavelmente, Inácio ansiava pelo bem-estar da igreja, e temendo os efeitos das ‘divisões’ às quais se refere, é provável que tenha pensado que um governo forte, nas mãosde líderes, seria o melhor meio de preservá-la da invasão dos erros”. (Op. Cit., p. 192). O historiador reconhece que já neste momento, muitos bispos, portadores de posições privilegiadas, tinham deixado que a voz do Espírito Santo tivesse primazia na liderança da assembleia e com isto, “... à medida que a voz da inspiração se torna cada vez mais silenciosa na igreja, ouvimos a voz dos novos mestres gritando e exigindo que as maiores honras e o supremo lugar sejam concedidos aos bispos” (Ibidem: p.191). Vimos então que nesta altura do século II os bispos já são vistos como sucessores dos apóstolos e, portanto, autoridade máxima na igreja. Mas o episcopado como autoridade centralizada e individual apareceu antes no Oriente, e ainda no primeiro século. Aliás, era muito comum as igrejas asiáticas reivindicarem para si a força de sua tradição ligada a algum apóstolo, entrando em atritos constantes com Roma nesta questão. O primeiro ponto alto da discussão sobre a autoridade do bispo de Roma sobre os demais, fora da Itália, aparece no final do segundo século e início do terceiro, quando o bispo Vítor I (193-202) passa a “... interferir nas dioceses de outras igrejas fora da Itália. Ele sentiu ter autoridade para excomungar as igrejas da Ásia Menor.” (R. J. STURZ. In: ELWELL, Vol. III: 1990, p. 92). E ainda que a questão que levou o bispo de Roma a se contrapor às igrejas da Ásia – como a discordância em relação à data da Páscoa –, tenha prevalecido no Concílio de Niceia (325), os bispos asiáticos nunca cederam ou capitularam com Roma. Mas aqui neste concílio, há um interlocutor estranho, a nosso ver, em matéria eclesiástica e que deveria, pela sua natureza, estar fora destas discussões teológicas, que era a pessoa do imperador. “O imperador Constantino considerava-se bispo e até bispo dos bispos, em assuntos formais ou mesmo doutrinários. Sem sua permissão, não se podia reunir um sínodo. Sua atuação preparou o caminho para que o bispo de Roma se tornasse episcopum episcoporum. A mudança do governo para Constantinopla também contribuiu para fortalecer o bispo de Roma, levando para longe a interferência do imperador. Com sua independência relativa, Roma exerceu o papel de árbitro entre as igrejas” (Ibidem: p. 92). 4. O “primado” de Roma, o papado “As instruções que te dei... devem ser seguidas com afinco. Zela para que os bispos não se metam em assuntos seculares, a não ser quando seja necessário para defender os pobres” (Gregório, o Grande). O bispo de Roma, considerado agora “bispo dos bispos”, a partir de Vitor I, reivindica também a posição de “sucessor de Pedro”, com Leão I (440-461). Mas, neste momento, o império já estava dividido e Roma estava preste a cair nas mãos dos “bárbaros”, principalmente os hunos, sob o governo de Átila. O certo é que com Leão, chamado também de “Leão I, o Grande”, e os bispos de Roma ou (agora) papas, que lhe sucedem, estes conseguiram manter certa estabilidade em Roma, após sua desintegração pelos bárbaros, e assim prossegue por toda a Idade Média. Mas é do norte da África – a África Latina –, com o bispo de Cartago, Cipriano (248-258), que surgiu a expressão “papa” para um bispo, a partir da posição dele em que toda a igreja deveria se reunir em torno de um único bispo. Este, segundo Cipriano, tinha o poder e era o portador do Espírito Santo. Não havia, portanto, para ele, diferença entre a autoridade do bispo e a do Espírito Santo. “Com o correr do tempo, no entanto, suas ideias contribuíram para que os bispos de Roma reivindicassem o ‘primado’. Essa reivindicação começou a ser feita na época de Cipriano e, subsequentemente, resultou na doutrina papal – que o papa é o vigário de Cristo na terra” (HÄGGLUND: Op. Cit., p. 92). Posteriormente, o bispo Estêvão (254-257) concluiu que o bispo de Roma era sucessor do apóstolo Pedro, e, portanto, “... tinha a supremacia sobre todos os demais bispos. Reivindicou esse poder para si mesmo e dramatizou sua reivindicação exigindo a obediência dos outros bispos, e designando pessoalmente bispos na Gália e na Espanha. Reivindicava a ‘cátedra de Pedro’ com fundamento na sucessão e fala do ‘primado’ do bispo de Roma” (Ibidem: p. 92). O fundamento teológico inicial usado pelo clero católico para a defesa de que o papado tenha sua origem na pessoa do apóstolo Pedro é o texto de Mateus 16.16-19. Sobre a questão se o “tú és Pedro”, expressão dita por Jesus, refere-se à “pedra” sobre a qual a igreja está edificada, não quero me aprofundar aqui, mas o certo é que com o tempo, a passagem em referência foi usada para dar sustentação ao papado como “primado de Pedro”. No entanto, como destaca o teólogo católico Eduardo HOONAERT (Op. Cit.), este texto de Mateus não dá base para se chegar a esta conclusão. Ele cita Eusébio, que a exemplo de outros teólogos comprometidos com a “ideologia imperial romana” forçaram a interpretação do texto de Mateus, isolando o verso 18 de seu contexto, e dando um significado diferente às palavras de Mateus. “Trata-se, conforme o historiador, de um elogio de Jesus dirigido a Pedro. Quando este afirma que Jesus não é um profeta entre outros, mas o ungido de Deus, ele mostra que Jesus não segue a tradicional maneira de agir dos profetas do antigo testamento, que ameaçavam e intimidavam as pessoas falando da ira de Deus por causa dos pecados e da necessidade de penitência. Pedro entende que Jesus, que não ameaça nem condena, mas aponta para o reino de Deus, a graça, a misericórdia, o perdão, é diferente. Além de isolar o verso 18 dos demais para dar outra interpretação ao texto de Mateus, Eusébio também, segundo Hoornaert, redigiu listas de sucessivos bispos das principais cidades do império, “... na tentativa de adaptar o sistema cristão ao modelo sacerdotal romano.” E, ao fazer isto, em referência aos bispos de Roma, como Lino e Anacleto, por exemplo, “ninguém sabe donde Eusébio tirou esses nomes, trezentos anos após os acontecimentos.” Por isto, Eusébio é tido como um historiador suspeito. A despeito de sua grande erudição, mesmo assim a suspeita por parte dos historiadores devia-se também ao fato de que “... Eusébio capitulou diante do poder imperial (...), era homem de caráter débil que, ao se ver rodeado da pompa do Império, se dobrou diante dela, e se pôs a servir aos interesses do imperador mais que aos de Jesus Cristo” (GONZÁLEZ: 1995b, p. 47). Desta forma, no inicio do século IV, principalmente após o Edito de Milão (313), que estabeleceu a tolerância religiosa aos cristãos, e o Primeiro Concílio de Niceia (325), que dentre outras medidas, estabeleceu a doutrina papal, além da proclamação do Cristianismo como sendo a religião oficial do império (380), por Teodósio I, vemos uma igreja oficial chamada Igreja Católica Apostólica Romana, mas ao mesmo tempo a não aceitação desta supremacia de Roma por parte de vários grupos. Em resumo, o formato da Igreja Católica que se segue daí por diante, já se define por volta do final do século IV, com sua organização de hierárquica completa, o clero exercendo demasiado domínio espiritual sobre o povo, os concílios criando leis eclesiásticas, o culto impressionante e cheio de mistérios, seus dogmas autoritários e a condenação, como hereges, dos cristãos que não concordam ou não se conformam com eles. Além disso, foi aceita a doutrina de Agostinho a respeito de Igreja Católica. Ele cria que os primeiros bispos da igreja foram escolhidos pelos apóstolos. Estes receberam de Jesus os dons do Espírito Santo para cuidarem da igreja e legarem esses dons aos seus sucessores, os primeiros bispos, que receberam seus encargos numa sucessão regular, possuindo, todos eles, desde o primeiro, a plenitude desses dons do Espírito (...) Agostinho ensinava que a verdadeira igreja se caracterizava por seus bispos possuírem a legitima sucessão apostólica. Somente na Igreja Católica, a Igreja desses bispos, havia salvação (NICLHOLS: 1995, pp. 52-53). Bem, a igreja ocidental e papal, vê o seu poder aumentado ainda mais com a aliança que faz com os francos, principalmente a partir da coroaçãode Carlos Magno em 800. “... Os papas romanos sempre mais elevam o tom da voz e, por conseguinte, as relações com os patriarcas orientais (principalmente com o patriarca de Constantinopla) se tornam sempre mais tensas” (HOONAERT), culminando com o chamado Cisma do Oriente, em 1054. Agora, se têm: Igreja Católica do Ocidente, sob a autoridade do papa, e Igreja Ortodoxa do Oriente, sob a autoridade do patriarca. Devemos, a partir deste momento, distinguir, além da igreja cristã romana ou papal, da igreja do oriente, também a presença de vários movimentos, considerados heréticos pela igreja oficial, como o donatismo, o nestorianismo, o monofisismo, petrobrussianos, cataritas, valdenses, albigenses e outros. Estes movimentos eram realmente heréticos? E sob o ponto de vista de quem, eram vistos como tal? Na verdade, movimentos heréticos, supõem-se que sejam seguidores de práticas doutrinárias contrárias à ortodoxia cristã, como o marcionismo e gnosticismo, como vimos acima, ocorridos na igreja pós-apostólica, por exemplo. Mas o que se vê na Idade Média não era bem assim. Desviar-se dos rumos que a igreja tinha tomado significava, sim, para esta, um tipo de heresia, e, portanto, sujeito às penas da Inquisição, mas o (pseudo) herético entendia estar, através de suas práticas religiosas, defendendo a verdade cristã, uma vez que a igreja oficial tinha desviado o foco de sua verdadeira missão. “A ideia [de heresia] foi definida de um ponto inquisitorial, e não teológico. A ‘heresia’ era definida em termos de desafios à autoridade da igreja, da perspectiva daqueles que estavam sendo desafiados” (MCGRATH. Apud: CARVALHO: 2017, p. 140). Desta forma, o conceito de heresia na Idade Média deixou de ser um desvio da verdadeira ortodoxia cristã, propriamente dita, e passou a ter rotulação jurídica, ou seja, a heresia era entendida “... em termos de rejeição da autoridade eclesiástica, especialmente da autoridade papal” (Ibidem: p. 140). Em outras palavras, vendo como um protestante do século XXI, muitos daqueles movimentos que eram tratados como heréticos, eram na verdade, defensores da verdadeira ortodoxia. Embora alguns destes movimentos se distanciavam, em alguns pontos, dos princípios pós-apostólicos, o cânon, o certo é que demonstravam, na prática, grande descontentamento com a igreja oficial do ocidente. E em resposta a isto, vemos, por exemplo, a atuação do Tribunal da Inquisição, criado por Inocêncio III, em 1209, para conter o impulso e crescimento destes movimentos. E o papa, no Ocidente, até à Reforma Protestante, no século XVI, continua com grande poder, não só em matéria eclesiástica, como também politica, contradizendo a instrução do papa Gregório, o Grande, de não se “meterem em assuntos seculares”, a não ser que fossem em prol dos pobres, mas este é um debate que deixaremos para outro momento. História Eclesiástica era estabelecer a sucessão dos líderes das principais sedes da cristandade, remontando até a época dos apóstolos uma linha de continuidade ininterrupta que vinculava, em última instância, a autoridade dos bispos de sua própria época à tradição apostólica. A figura do bispo (ao menos em sua condição de líder exclusivo da comunidade e que exercia seu poder de forma “monárquica”) só surgiu nas comunidades cristãs em finais do século II e início do século III, sendo que antes elas eram presididas por um conselho de presbíteros responsáveis pela disciplina e instrução dos fiéis. Para levar a cabo seu intento, o clérigo palestino recorreu a listas episcopais existentes tanto na biblioteca de Cesareia como nos arquivos da sede de Jerusalém, e mesmo assim ele só pôde reconstituir as sucessões episcopais completas das cidades de Roma, Alexandria, Jerusalém e Antioquia. Outras sedes importantes, como Laodicéia e Éfeso https://www.portalsaofrancisco.com.br/historia-geral/papa-pio-i A partir de começos do século III, surgem os concílios provinciais, isto é, reuniões de bispos de uma região com objetivo de defesa da ortodoxia cristã. O primeiro concílio universal, ou ecuménico, reunindo bispos de todo o Império, foi o de Niceia, em 325, convocado pelo imperador Constantino, importante para a organização da Igreja, pois criou os fundamentos da organização das províncias eclesiásticas, metropolitas, lideradas por arcebispos, das quais as mais antigas, como Antioquia, Alexandria, como também Constantinopla, Jerusalém e a própria Roma passarão a patriarcados. O bispo de Roma, patriarca, primaz da nova Cristandade, só receberá o título de papa a partir do século V. Roma, a mais importante metrópole do Ocidente, ganha o título de Sede Apostólica, primaz do Ocidente, já que no Oriente apenas lhe reconheciam supremacia honorífica e não disciplinar ou em termos de doutrina. Os Patriarcas da Igreja viam a Igreja Católica como a Igreja de Pedro Tímidos eles podem ser, um por um, mas pelo menos eles são muitos, e são provenientes muitas vezes de vários países e, assim, servem para ilustrar um ao outro, e formam um corpo coeso de prova. S. Pedro e as Chaves do Reino de Deus Assim, São Clemente, em nome da Igreja de Roma, escreve uma carta aos Coríntios, quando eles estavam sem um bispo, S. Inácio de Antioquia escreve para a Igreja Romana, e, só a ela dentre as Igrejas para as quais ele escreve, como: “a Igreja que tem o Primeiro Assento, no lugar do país dos romanos”, São Policarpo de Esmirna desloca-se até o Bispo de Roma sobre a questão da Páscoa, o herége Marcion, excomungado em Pontus, desloca-se à Roma; Soter, Bispo de Roma, envia esmola, segundo o costume da sua Igreja, para as Igrejas por todo o império, e, nas palavras de Eusébio, “carinhosamente exorta aqueles que vieram à Roma, como um pai aos seus filhos”, o montanistas da Frígia vieram à Roma para ganhar o rosto de seu bispo; Praxeas, da África, tenta o mesmo, e por um tempo é bem-sucedido; São Vítor, bispo de Roma, ameaça excomungar as Igrejas da Ásia; Santo Irineu fala de Roma como “a maior Igreja, a mais antiga, a mais notável, e fundada e estabelecida por Pedro e Paulo”, apela à sua tradição, não ao contrário de fato, mas de preferência ao de outras Igrejas, e declara que “nesta Igreja, cada Igreja, isto é, os fiéis de todos os lados devem congregar-se” ou “em comum acordo, principalitatem potiorem propter.” “O Igreja, feliz em sua posição”, diz Tertuliano, “em que os Apóstolos derramaram, juntamente com o seu sangue, sua doutrina inteira.” Os presbíteros de São Dionísio, Bispo de Alexandria, queixam-se da sua doutrina a São Dionísio de Roma, este último expostulou com ele, e ele mesmo explica: O imperador Aureliano deixa “para os bispos da Itália e de Roma” a decisão, ou não, se Paulo de Samósata será desalojado da casa Sé em Antioquia; São Cipriano fala de Roma como “a Sé de Pedro e a Igreja Principal, onde a unidade do sacerdócio, teve a sua origem, cuja fé tem sido elogiada pelos Apóstolos, e à quem falta a fé não pode ter acesso.” Santo Estevão se recusa a receber delegação de São Cipriano, e separa-se de várias Igrejas do Oriente; Fortunato e Felix, depostos por São Cipriano, tiveram de recorrer à Roma, Basilides, deposto em Espanha, desloca-se à Roma, e ganha ouvidos de Santo Estêvão. Quaisquer acusações que possam ser feitas a este ou aquele fato em particular, e eu não acho que qualquer valor válido possa ser levantado, ainda, no seu conjunto, considero um argumento cumulativo […] que os escritores dos séculos quarto e quinto afirmaram sem medo, ou francamente permitiram, que as prerrogativas dos romanos eram provenientes de tempos apostólicos, e por isso era a Sé de São Pedro. – St John Henry Newman A distinção entre bispos e presbíteros, entre uma ordem sacerdotal e o comum sacerdócio de todo povo de Deus, e a multiplicação de cargos eclesiásticos, rapidamente se seguiram como consequência. A Origem das Dioceses Os bispos que viviam nas cidades eram, quer pelas suas próprias pregações, quer pela pregação dos outros – presbíteros, diáconos ou o povo – os responsáveis pelo surgimento de novas igrejas nas cidadese vilas vizinhas. Essas assembleias jovens, muito naturalmente, continuavam sob o cuidado e proteção das igrejas das cidades por meio das quais eles tinham recebido o evangelho e se tornado em novas igrejas. Províncias eclesiásticas eram, assim, formadas gradualmente, o que os gregos mais tarde denominaram dioceses. Os bispos das cidades reivindicavam o privilégio de nomear ofícios e cargos a essas “igrejas rurais”; e as pessoas a quem eles concediam suas instruções e cuidados eram chamados de bispos distritais. Estes formavam uma nova classe que ficava entre os bispos e presbíteros, sendo considerados inferiores àqueles e superiores a estes. Assim foram criadas novas distinções e divisões, e os ofícios e cargos se multiplicaram. Anciaos, Presbiteros [Bispos] e Guias Com exceção do apostolado, que é um caso à parte, existem apenas dois ofícios na igreja. Um é o de presbítero (no sentido de supervisor, às vezes traduzido como bispo, ancião ou guia), e outro é o de diácono. O ofício de presbítero (bispo, ancião ou guia) é o meio normalmente usado pelo Senhor para dirigir uma assembleia local em suas responsabilidades administrativas. O foco do seu trabalho está particularmente no bem-estar espiritual de uma assembleia local. As palavras usadas nas epístolas para os que atuam neste ofício são "presbíteros", "anciãos" e "guias" (ou "líderes", "pastores", "dirigentes" ou "condutores", dependendo da tradução). Todas estas palavras podem ser usadas de forma intercambiável para designar o mesmo ofício. Compare Atos 20:17 com 20:28, Tito 1:5 com 1:7 e 1 Pd 5:1-2 com 5:5. O termo "anciãos" (do grego "Presbuteroi") descreve a maturidade e experiência, qualidades que deveriam ser a marca daqueles que ocupam tal ofício. A palavra se refere àqueles de mais idade, todavia nem todos os homens mais velhos na assembleia necessariamente atuam nessa posição de liderança responsável (1 Tm 5:1; Tt 2:2). A razão é que nem todos podem ter a experiência, o exercício, ou ainda as qualificações morais necessárias (1 Tm 3:1-7; Tt 1:6-9). O termo "bispos" (gr. Episkopoi) descreve o trabalho de supervisão que eles executam, ou seja, sua função é pastorear o rebanho (1 Pd 5:2; At 20:28), zelando por suas almas (Hb 13:17), admoestando (1 Ts 5:13) etc. O termo "guias" ou "líderes" (gr. Hegoumenos) descreve o trabalho de liderança que eles devem efetuar na assembleia local. Ao se referirem às pessoas que ocupam essa posição, as Escrituras usam expressões como "os que trabalham entre vós e que presidem sobre vós no Senhor, e vos admoestam" (1 Ts 5:12-13; Hb 13:7, 17, 24; 1 Co 16:15-18; 1 Tm 5:17). Repare que são "os que trabalham... que presidem", e não "o que trabalha... que preside". Sempre que eles são citados na função em que atuam, é usada a forma plural. Às vezes eles podem ser citados no singular, quando o assunto for o caráter pessoal de cada um (1 Tm 3:1-7), mas quando se trata do trabalho que efetuam, a forma é sempre plural. Isto demonstra que, em condições normais, este trabalho não é para ser efetuado por um só homem. Deus tem o cuidado de prover para que exista mais de um ancião atuando numa assembleia local, para que nenhum indivíduo tente se levantar e presidir sobre a assembleia. É triste admitir, mas este cuidado nem sempre é respeitado e às vezes indivíduos acabam se levantando e contaminando suas assembleias locais (At 20:30). Algumas traduções, como a citada acima, trazem "presidem sobre vós no Senhor" (1 Ts 5:12), o que pode dar a ideia de que esses homens estariam acima do rebanho de Deus. Todavia, isto não é correto. Uma melhor tradução para estes versículos seria "que presidem entre vós", como ocorre no início da passagem, "os que trabalham entre vós". O sentido é que eles, assim como todos os outros membros do corpo de Cristo, têm um lugar "entre" os que fazem parte do rebanho. O único lugar nas Escrituras onde encontramos alguém presidindo sobre uma assembleia local é o caso de Diótrefes, um homem mau (3 Jo 9-10). Quão diferente é isso quando comparado à ordem adotada nas denominações inventadas pelo homem. O modo como Deus determinou é que existissem alguns bispos em uma igreja ou assembleia local (Fp 1:1; At 20:28; Tt 1:5), mas a maneira do homem é ter um bispo sobre muitas igrejas ou assembleias! Estar entre os "que presidem entre vós" não implica necessariamente ensinar ou pregar em público, mas sim cuidar das questões administrativas da assembleia. Repito: confundir estas duas coisas é não entender a diferença entre um dom e um ofício. Todavia estes homens devem ser "aptos para ensinar" (1 Tm 3:2). Isto significa que eles devem ser capazes de expor a Palavra da maneira como foram ensinados, mesmo que não sejam necessariamente dotados para serem mestres ou doutores (Tt 1:9). Alguns dos "que presidem" talvez nunca ensinem em público, mas é muito bom e proveitoso quando podem fazê-lo. Esses também devem ser "dignos de duplicada honra" quando governam bem (1 Tm 5:17). Aqueles que ocupam esta posição de liderança responsável são vistos, simbolicamente falando, como "estrelas" e como o "anjo da igreja" no livro de Apocalipse (Ap 1:20; 2:1, 8, 12; 3:1, 7, 14). Em seu papel de "estrelas", eles devem dar testemunho da verdade de Deus (os princípios da Palavra), sendo portadores da luz na assembleia local. Isto mostra que devem ser instruídos na Palavra (Tt 1:9). Quando a assembleia for confrontada com um problema ou dificuldade, eles devem ser capazes de derramar a luz da Palavra de Deus para determinarem como a assembleia deve agir. Em Atos 15 temos um exemplo do seu trabalho. Depois de ouvirem falar de um problema que estava atribulando a assembleia, Pedro e Tiago, fazendo seu papel de "estrelas", derramaram luz sobre o assunto. Tiago aplicou um princípio tirado da Palavra de Deus, e então deu o seu parecer quanto ao que ele acreditava que o Senhor gostaria que eles fizessem (At 15:15-21). Em seu papel de "anjo da igreja", os mesmos que ocupam esse lugar de responsabilidade agem como mensageiros, a fim de apresentarem a vontade de Deus na assembleia no desempenho das decisões que são tomadas. Isto também é ilustrado em Atos 15. Depois de determinarem o que acreditavam ser a vontade do Senhor em relação ao problema, eles presidiram na assembleia local, no sentido de colocar em prática a vontade de Deus. Eles apresentaram suas conclusões diante da assembleia, evitando assim agirem independentes dos demais irmãos, que também acreditavam ser aquela a vontade do Senhor. Em seguida foi enviada uma carta aos irmãos de Antioquia a fim de notificar os irmãos ali acerca de como o problema tinha sido resolvido (At 15:22-33). Em certo sentido o trabalho dos pastores (dons) e dos anciãos (ofícios) é semelhante. Ambos têm a responsabilidade de cuidar do rebanho e alimentá-lo. Mas os dois nunca são tratados como iguais. O pastor não limita sua atuação à assembleia local, ao contrário do que faz o ancião, presbítero ou guia. 2. A Origem da Hierarquia na Igreja Nos escritos da Igreja Primitiva do início do séc. II é possível observarmos que a mesma já estava organizada hierarquicamente em bispos, presbíteros e diáconos. O Bispo era o chefe de uma diocese, isto é, o chefe de um conjunto de paróquias geograficamente organizadas. Cada paróquia tinha como ministro um presbítero. Este era o sacerdote responsável por ministrar os sacramentos e orientar os fiéis na doutrina. Ele normalmente era auxiliado por diáconos. Tudo isto é testificado, por exemplo, nas sete cartas de Santo Inácio de Antioquia (1) datadas em 107 d.C. Santo Inácio foi Bispo de Antioquia e discípulo pessoal dos Apóstolos Pedro e Paulo. 3. O Episcopado tem origem na Sucessão dos Apóstolos Eles eram aqueles que estariam agora sentados na Cadeira de Moisés, no lugar dos escribas e Fariseus (cf. Mt 23,2-3). Por isto, o próprio Cristo deu a eles a autoridade que outrora foi dada a Moisés: ligar e desligar. Isto significa: definir o que é Certo e o que é Errado (cf. Mt 18,18). Por esta razão São Paulo ensina que “a Igreja do DeusVivo é a Coluna e o Fundamento da Verdade” (cf. 1Tm 3,15). Talvez o testemunho histórico mais antigo sobre isto, esteja na Primeira Carta de São Clemente aos Coríntios (2). Escrita pelo ano de 90 d.C., Clemente que então era o 4o. Bispo de Roma na sucessão de Pedro, assim se expressa: "42. Os apóstolos receberam do Senhor Jesus Cristo o Evangelho que nos pregaram. Jesus Cristo foi enviado por Deus. Cristo, portanto vem de Deus, e os apóstolos vêm de Cristo. As duas coisas, em ordem, provêm da vontade de Deus. Eles receberam instruções e, repletos de certeza, por causa da ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo, fortificados pela palavra de Deus e com plena certeza dada pelo Espírito Santo, saíram anunciando que o Reino de Deus estava para chegar. Pregavam pelos campos e cidades, e aí produziam suas primícias, provando-as pelo Espírito, a fim de instituir com elas bispos e diáconos dos futuros fiéis. Isso não era algo novo: desde há muito tempo, a Escritura falava dos bispos e dos diáconos. Com efeito, em algum lugar está escrito: ‘Estabelecerei seus bispos na justiça e seus diáconos na fé’". "44. Nossos apóstolos conheciam, da parte do Senhor Jesus Cristo, que haveria disputas por causa da função episcopal. Por esse motivo, prevendo exatamente o futuro, instituíram aqueles de quem falávamos antes, e ordenaram que, por ocasião da morte desses, outros homens provados lhes sucedessem no ministério". Como se vê, segundo a o ensinamento que os Apóstolos comunicaram a seus discípulos, os Bispos da Igreja são sucessores diretos dos Apóstolos. Isto quer dizer que fora da sucessão dos apóstolos não há Episcopado, logo não há Igreja de fato. Eusébio de Cesareia, Bispo e Historiador da Igreja dos primeiros quatro séculos, em sua obra “A História Eclesiástica” registra para a posteridade a realidade histórica da sucessão dos apóstolos. Daremos uma pequena amostra da Verdade ao leitor, transcrevendo os testemunhos históricos sobre a sucessão regular dos Bispos em Roma, pois os protestantes alegam que o Papa não é sucessor de Pedro, pois nunca existiu sucessão dos apóstolos na Igreja Primitiva. Vejamos: "No atinente a seus outros companheiros, Paulo testemunha ter sido Clemente enviado às Gálias (2Tm 4,10); quanto a Lino, cuja presença junto dele em Roma foi registrada na 2ª carta a Timóteo (2Tm 4,21), depois de Pedro foi o primeiro a obter ali o episcopado" (HE III,4,8). "A Vespasiano, depois de ter reinado 10 anos, sucedeu Tito, seu filho, como imperador. No segundo ano de seu reinado, o bispo Lino, depois de ter exercido durante doze anos o ministério da Igreja de Roma, transmitiu-o a Anacleto" (HE III,13). "No décimo segundo ano do mesmo império [de Domiciano, irmão de Tito], Anacleto que foi bispo da Igreja de Roma durante doze anos, foi substituído por Clemente, que o Apóstolo [Paulo], na carta aos Filipenses, informa ter sido seu colaborador, nesses termos: ‘Em companhia de Clemente e dos demais auxiliadores meus, cujos nomes estão no livro da vida’" (Fl 4,3). "Relativamente aos bispos de Roma, no terceiro ano do reinado do supracitado imperador [Trajano], Clemente terminou a vida, passando seu múnus a Evaristo. No total, durante nove anos exercera o magistério da palavra de Deus" (HE III,34). "Cerca do duodécimo ano do reinado de Trajano (…) Evaristo completado seu oitavo ano, Alexandre recebeu o episcopado em Roma, sendo o quinto na sucessão de Pedro e Paulo" (HE IV,1). "No terceiro ano do mesmo governo [do imperador Aélio Adriano, sucessor de Trajano], Alexandre, bispo de Roma morreu, tendo completado o décimo ano de sua administração. Teve Xisto como sucessor" (HE IV,4). "Ao atingir o império de Adriano já o duodécimo ano, Xisto, tendo completado o décimo ao de episcopado em Roma, teve Telésforo por sucessor, o sétimo depois dos apóstolos" (HE IV,5,5). "Tendo ele [Aélio Adriano] cumprido sua incumbência, após vinte e um anos de reinado, sucedeu-lhe no governo do império romano Antonino, o Pio. No primeiro ano deste, Telésforo deixou a presente vida, no undécio ano de seu múnus e coube a Higino a herança do episcopado em Roma" (HE IV,10). "Tendo Higino falecido após o quarto ano de episcopado, Pio tomou em mãos o ministério em Roma" (HE IV,11,6). "E na cidade de Roma, tendo morrido Pio no décimo quinto ano de episcopado, Aniceto presidiu aos fiéis desta cidade" (HE IV,11,7). "Já atingira o oitavo ano o império de que tratamos [Antonino Vero], quando Sotero sucedeu a Aniceto, que completara onze anos de episcopado na Igreja de Roma"(HE IV,19). "Sotero, bispo da Igreja de Roma, chegou ao termo de sua vida no decurso do oitavo ano de episcopado. Sucedeu-lhe Eleutério, o décimo segundo a contar dos Apóstolos, no décimo sétimo ano do imperador Antonino Vero" (HE V,Introdução,1) . "No décimo ano do império de Cômodo, Vítor sucedeu a Eleutério, que havia exercido o episcopado durante treze anos […]" (HE V,22). Basta percorrer os vários escritos deixados pelos discípulos dos Apóstolos que não faltarão provas e testemunhos históricos da sucessão dos apóstolos. Hoje podemos considerar que todos os bispos são também presbíteros, mas nem todos os presbíteros se tornarão bispos. Em ambos os casos, não é tanto a estrutura da igreja que está em jogo, como são os títulos que se aplicam dentro daquela estrutura. No primeiro caso, "presbítero" é um título amplo, aplicando-se tanto a bispos como diáconos. No outro caso, "presbítero" é um termo mais intercambiável com "bispo". 3.3.2 Os outros dois locais onde o termo "ancião" (ou presbítero) aparece nas cartas de Paulo está em 1 Timóteo 5:17 e 19. Em 5:3-16, Paulo descreve os procedimentos a serem seguidos ao cuidar de viúvas na igreja. "Verdadeiras viúvas," isto é, piedosas, mulheres idosas que não tem parentes para cuidar delas, devem ser sustentadas pela igreja (5:3, 9, 16). Elas devem, portanto, serem honradas. Então, nos versos 17 e 18 Paulo diz, "Os presbíteros que governam bem sejam estimados por dignos de duplicada honra, principalmente os que trabalham na palavra e na doutrina. Outra questão é levantada pela frase, "principalmente os que trabalham na palavra e na doutrina" (verso 17). Isso parece implicar que existem alguns presbíteros que trabalham na palavra e ensinam, e alguns que não. J.N.D. Kelly sugere em seu comentário que aqueles que ensinam são os assim chamados "supervisores" ou "bispos", e aqueles que não, são os diáconos. Em outras palavras, ele acha que o termo "ancião" (ou presbítero) envolve tanto bispos como diáconos. Essa solução tem a seu favor que, toda vez que o papel do bispo é descrito nas epístolas pastorais, ele inclui a habilidade de ensinar (1 Timóteo 3:2; Tito 1:9), e quando o papel do diácono é descrito, ele não inclui (1 Timóteo 3:8-13). O problema com essa visão é que, como dissemos, Tito 1:5-7 parece igualar presbítero e bispo. Mas talvez, em retrospecto, devemos dizer que Tito 1:5-7 não precisa implicar uma identificação do presbítero com bispo, mas somente uma sobreposição dos termos. Isto é, todos os bispos são presbíteros, mas nem todos os presbíteros são bispos. Eu acho que não podemos ter certeza absoluta nesse ponto. Em ambos os casos, não é tanto a estrutura da igreja que está em jogo, como são os títulos que se aplicam dentro daquela estrutura. No primeiro caso, "presbítero" é um título amplo, aplicando-se tanto a bispos como diáconos. No outro caso, "presbítero" é um termo mais intercambiável com "bispo." Duas novas características sobre o ministério dos presbíteros surgem em 1 Timóteo 5:17-22. O trabalho deles é descrito como governo. A palavra grega significa permanecer diante de (proistemi). Foi usada por Paulo em 1 Tessalonicenses 5:12, "E rogamo-vos, irmãos, que reconheçais os que trabalham entre vós, e que presidem sobre vós no Senhor, e vos admoestam." Talvez o significado seja melhor em 1 Timóteo 3:4, 5 e 12, onde a palavra é traduzida como "guiar" (NTLH) ou "liderar" (NVI) e se refere a função de um pai na família. Portanto, os presbíteros são para a igreja o que um pai é para a sua família: ele lidera, guiaos assuntos e supervisiona. Uma segunda característica do ministério dos presbíteros que nós não vimos antes, é que eles são, aparentemente, ordenados pela imposição de mãos. Depois de dizer a Timóteo como lidar com um presbítero que persiste no pecado, Paulo avisa Timóteo: "não tenha pressa de colocar as mãos sobre alguém" (5:22). Em outras palavras, não faça decisões precipitadas sobre quem ordenar como presbítero. (Para a própria ordenação de Timóteo pela imposição de mãos, veja 1 Timóteo 4:14; 1:18; 2 Timóteo 1:6.) 3.4.1 Em 1 Timóteo 3:1-7 Paulo dá as qualificações para aquele que "aspira ao ofício de bispo" (episkopēs). Elas são similares àquelas listadas em Tito 1:5-9. A tarefa de ensinar, é novamente mencionada (versículo 2) e a função do bispo é resumida no verso 5 como "cuidar da igreja de Deus." Essa supervisão da igreja, envolve guardar o rebanho espiritualmente, como um pastor guarda o seu rebanho dos lobos (Atos 20:28), e apascentar o rebanho. A alimentação ocorre conforme os presbíteros "trabalham na Palavra e na doutrina" (1 Timóteo 5:17; 3:2, Tito 1:9; Atos 20:27, 32). Mas, 1 Timóteo 5:17 pode significar que existiam presbíteros que governavam, que não estavam envolvidos na pregação e na doutrina. Além do ministério espiritual, os presbíteros estavam também responsáveis por certas necessidades físicas do rebanho (Atos 20:35). Finalmente, é evidente que cada cidade, cada igreja, tinha vários presbíteros ao invés de apenas um. Provavelmente, no princípio, ser um presbítero não era um trabalho de tempo integral e foi realizado em adição a uma vocação. Mas, no momento em que Paulo escreveu 1 Timóteo, os presbíteros em Éfeso deviam ser pagos pelo seu trabalho. Ora, aqui em 1 Pedro 5:3, Pedro avisa os presbíteros (como um presbítero que tinha visto os sofrimentos de Cristo) que eles não devem ser motivados por um amor ao louvor ou poder humano. Ao contrário, eles devem assumir o humilde papel do exemplo exatamente como Jesus fez em Lucas 22:24-30 e João 13:1-20. A glória irá então, acompanhar, e não de homens, mas do próprio Cristo, e não uma glória humana perecível, mas uma imperecível. Assegurada essa glória imperecível, os presbíteros podem certamente abandonar todos os motivos mundanos, como dinheiro e poder, e ansiosamente exercer sua supervisão como exemplo ao rebanho, um exemplo humilde e parecido com Cristo. Que o próprio Cristo é o padrão apropriado para o presbítero/bispo, é visto de forma clara, não somente da alusão ao seu ensinamento na terra no 5:3, mas também de 1 Pedro 2:25. Ali Pedro diz, "Porque éreis como ovelhas desgarradas; mas, agora, tendes voltado ao Pastor e Bispo (episkapon) da vossa alma". Cristo é o "Sumo Pastor" como o 5:4 diz, mas ele é também o "Bispo Supremo" (2:25), e também não devemos dizer, "o Sumo Presbítero"? Essa é maior coisa que pode ser dita do papel do presbítero na igreja. É um convocação de Cristo (pelo seu Espírito) fazer seu trabalho com ele à sua imagem e por amor a ele. 1. Para os antigos escritores, como: 1. Ignácio que viveu no ano 71 depois de Cristo falou dos presbíteros naqueles tempos, “e os anciãos são como o tribunal conciliar de Deus, e a combinação dos apóstolos de Cristo”, etc.; e ainda disse que “a santa assembleia, os conselheiros e assessores dos bispos”. Quais expressões podem ser indiferentemente agregadas aos presbíteros regentes bem como aos presbíteros pregadores, se respeitamos a amplitude e abrangência da frase. 2. No ano 103 alguns observam algo de Baronius Annals que é um notável Registro, Gest a Purgation is Caeciliani & Felicis, temos estas palavras episcopi, presbyteri, diacones, seniores, i.e. bispos, presbíteros, diáconos e anciãos. Aqui os anciãos são enumerados distintamente dos bispos, presbíteros e diáconos. Quem seriam estes senão os anciãos regentes? E um pouco depois (como a carta de Purpurius para Silvanus o expressou) “Acrescento-lhe os colegas clérigos e os anciãos do povo, homens eclesiásticos, e deixe-os inquirir diligentemente acerca das dissensões”. Diversas cartas foram produzidas e lidas naquela Conferência. Uma foi destinada “Aos clero e presbíteros”. Outra “Aos clérigos e aos presbíteros”. E ainda, “Maximus disse: falo em nome dos anciãos do povo cristão, da Lei Católica”. Todas estas passagens devem ser consideradas, parecem imprimir [declare] o ancião regente e sua parceria no governo eclesiástico naquele período; “anciãos” sendo mencionado distinto do “clérigo”. 3. Presbítero no Novo Testamento refere-se a um líder nas congregações cristãs locais, com referência ao "presbyteros" grego significando ancião/senhor e "episkopos" significando supervisor, referindo-se exclusivamente ao ofício de Bispo, mas com presbíteros sendo entendidos por muitos como se referindo a mesma pessoa que realiza a função de administrador. 4. No uso moderno Católico e Ortodoxo, presbítero, diferente de bispo, é sinônimo de Sacerdote. 5. O termo presbítero muitas vezes ainda não era claramente distinguido do termo superintendente (ἐπίσκοποι episkopoi, mais tarde usado exclusivamente como significando de bispo), como em Atos 20,17, Tito 1, 5-7, e 1 Pedro 5,1. 6. O substantivo padre foi dado aos Bispo no século II pela atitude paternal com que tratavam os subordinados. 7. Na Igreja Católica, o presbítero (padre) é aquele que recebe o Sacramento da Ordem em seu segundo grau, sendo o primeiro grau o de Diácono e o terceiro grau o de Bispo. Portanto, é considerado um estágio intermediário na hierarquia do clero católico. Usa o título religioso de padre, do latim pater, que significa "pai [num sentido religioso]". Dependendo da sua função em uma paróquia, caso esteja funcionando em uma, pode ser um pároco, se é a autoridade religiosa máxima na paróquia, ou vigário, caso se encontre subordinado a outro padre na mesma paróquia. No cristianismo primitivo havia a figura do presbítero grego, πρεσβυτερος, presbyteros), que era originalmente um dirigente de uma igreja congregação local, e o termo episcopos grego: ἐπίσκοπος, supervisor, de onde veio o termo português bispo) era usado intercambiamente até os meados do século II, quando surgiu a distinção entre bispo (supervisor sobre várias congregações) e presbítero (líder de uma comunidade local) nas igrejas de então. 8. O termo diácono (do grego antigo διάκονος, "ministro", "servo", "ajudante") é aplicado aos clérigos de Igrejas de origem cristãs, nas suas várias denominações. A forma feminina chama-se diaconisa. 9. Dependendo da tradição denominacional, o diácono pode ser permanente ou um estágio para a ordenação presbiterial. Na Igreja Católica Romana, os diáconos podem ser de duas naturezas, uma delas transitória e outra permanente. A diaconia transitória é exercida pelos aspirantes ao prelado, que tendo feito votos celibatários atuam a serviço da Igreja antes de serem ordenados como padres, e a diaconia permanente é exercida por leigos fiéis, sem a necessidade de votos do celibato, podendo ser casados. Pároco é o presbítero da Igreja católica responsável por administrar uma Paróquia. Padre é o título atribuído ao ministro religioso na Igreja Católica Romana, Ortodoxa e Anglicana. Presbítero (do grego πρεσβύτερος,: "ancião" ou "sacerdote" usado no cristianismo) no Novo Testamento refere-se a um líder nas congregações cristãs locais, com referência ao "presbyteros" grego significando ancião/senhor e "episkopos" significando supervisor, referindo-se exclusivamente ao ofício de Bispo, mas com presbíteros sendo entendidos por muitos como se referindo a mesma pessoa que realiza a função de administrador. No uso moderno Católico e Ortodoxo, presbítero, diferente de bispo, é sinônimo de Sacerdote. 10. Sacerdote (do latim Sacerdos – sagrado; e otis – representante, portando "representante do sagrado") é uma autoridade ou ministro religioso, habilitado para dirigir ou participar em rituais sagrados de uma religião em particular. Eles também têm a autoridade ou o poder de administrar os ritos religiosos, em especial, os ritos de sacrifício e expiação de uma divindade ou divindades.Seu cargo ou posição é chamado de Sacerdócio, um termo que pode também se aplicar a essas pessoas coletivamente. Os apóstolos criaram o sistema de ministérios e, a seguir, criaram o sistema de governo. Cada igreja escolheria seus bispos (pastores) e diáconos. Os apóstolos seriam os supervisores, utilizando evangelistas, profetas, etc. e depois de tornaram os primeiros (Bispos), e Presbíteros (pastores), além dos Diáconos (servos). Mas isso aconteceu lentamente e em diferentes momentos para diferentes localidades. Todos possuem a missão de santificar, ensinar e governar, a eles confiada no âmbito de uma circunscrição e definida por seus superiores e dentro de suas atribuições definidas pela Igreja. Clemente, Bispo de Roma, refere-se na sua carta i Clemente aos líderes da igreja de Corinto como bispos e presbíteros, indistintamente, e também diz que os bispos estão a conduzir o rebanho de Deus para o pastor chefe (presbítero), Jesus Cristo. Os escritores do N.T., também usam os termos diáconos, presbíteros e anciãos de forma intercambiável. Com a expansão do cristianismo, alguns membros bem-educados que faziam parte do círculos do mundo helenístico vieram a se tornar bispos e líderes da igreja. Eles produziram dois tipos de obras: teológicas e apologéticas. Estas últimas eram destinadas a defender a fé usando a razão para refutar os argumentos contra a veracidade do cristianismo. Esses autores são conhecidos como os Padres da Igreja, e o estudo de suas obras é chamado de patrística. Entre os notáveis padres desse período estão Inácio de Antioquia,,Policarpo de Esmirna, Justino Mártir, Irineu de Lyon, Tertuliano, Clemente de Alexandria e Orígenes de Alexandria. Os bispos católicos são os sucessores dos apóstolos, recebendo com a ordenação episcopal Com o fortalecimento do cristianismo do rei, no século III d.C., o Bispo de Roma (que mais tarde passaria a ser chamado de Papa) tornou-se a maior autoridade religiosa na Europa Ocidental. Clemente I, o quarto Bispo de Roma, deu inicio ao rito papado sendo o primeiro Papa instituído oficialmente. É conhecido pela carta que escreveu para a comunidade de Corinto, na qual rezava uma convicta censura à igreja, devida sobretudo às discórdias entre os fiéis (consta que os presbíteros mais jovens teriam expulsado do meio dos cristãos os bispos nomeados pela Igreja de Roma), estabeleceu normas precisas referentes à ordem eclesiástica hierárquica (bispos, presbíteros, diáconos) e ao primado da Igreja de Roma. Texto 9 ‘Pedro, Príncipe dos Apóstolos, foi o primeiro líder da Igreja nomeado por Jesus e essa missão está descrita no Evangelho de Mateus: “Eu te digo que tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra ela; e eu te darei as chaves do reino dos céus; e tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus” (Mt 16, 17-19). ‘São Clemente, papa e mártir, terceiro sucessor de São Pedro, que em uma carta dirigida aos Corintos por volta dos anos 95 d.C, fala claramente do martírio de Pedro e Paulo em Roma. Pesquisas arqueológicas atestam que no decurso do século III, os cristãos das catacumbas veneravam a memória dos dois mártires Apóstolos, havendo apenas, por parte dos historiadores dúvidas quanto as datas do ocorrido com os dois’. A igreja universal é dividida em duas partes: igreja militante e igreja triunfante. A distinção entre igreja militante e igreja triunfantes significa que há um grupo de cristãos verdadeiros na terra que ainda lutam contra o pecado, o mundo e o diabo, e um grupo de cristãos verdadeiros nos céus que já venceram o pecado, o mundo e o diabo e agora estão com Cristo em glória aguardando a ressurreição do corpo físico. Essa distinção entre igreja visível e igreja invisível foi primeiramente desenvolvida em profundidade por Agostinho e se tornou consagrada no cristianismo em geral. Essa distinção foi feita por Agostinho porque ele percebeu que a igreja, como observada humanamente, é um (corpus permixtum) corpo misto, onde há uma mistura de cristãos verdadeiros e falsos. A igreja enquanto grupo de pessoas ou instituição organizada, possui um conjunto de membros ou fiéis visível na terra, contudo, nosso conhecimento humano de quem compõe a igreja de Cristo é imperfeito, pois, hora consideramos como cristão aquele que de fato não o é, e hora consideramos como não cristão aquele que de fato o é. Essa seria a igreja visível. Por isso, Agostinho também estabeleceu o conceito de "igreja invisível", que se refere à igreja como conhecida perfeitamente por Deus. Somente o Senhor da Igreja vê e conhece perfeitamente aqueles que são seus, pois ele vê o coração e espírito. Segundo Agostinho, a igreja invisível é encontrada substancialmente dentro da igreja visível, como se fossem dois círculos concêntricos no qual o maior círculo é a igreja visível e o menor interior, é a igreja invisível.[15][17] A igreja verdadeira invisível sempre terá uma manifestação visível e conhecida nesse mundo, contudo essa visibilidade é sempre imperfeita. Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre. O Martírio de São Pedro (Santa Maria del Popolo, Roma, Caravaggio, 1600). Existe grande controvérsia entre os historiadores sobre a história do papado durante o cristianismo primitivo, destacando-se a questão da veracidade do martírio de Pedro e Paulo em Roma; sobre a organização da Igreja Romana no século I e princípio do século II, e o exercício da primazia papal. Alguns historiadores argumentam que Pedro nunca foi realmente a Roma, e que essa crença se originou somente mais tarde.[9][10] No entanto, outros estudiosos citando os documentos cristãos primitivos (mais proeminentemente, a descrição da morte Pedro e Paulo em Roma nas cartas de Clemente em c. 96,[11][12] Santo Inácio de Antioquia em c. 107,[13] Dionísio de Corinto entre 166 e 176,[12] e Irineu de Lyon, em torno de 180 d.C.[14]) concluem que Pedro foi de fato martirizado em Roma.[15][16][17] Uma vez que no século I os termos “presbíteros e bispos” eram sinônimos usados para os líderes das igrejas locais submetidos a um apóstolo;[20] muitos argumentam que no final do século I e até a metade do século II, a Igreja Romana não possuía uma organização monoepiscopal (um só Bispo como chefe da igreja local), mas uma forma colegiada de liderança,[9][18][21] sendo que o monoepiscopado começou somente mais tarde, e assim, originalmente o ministério papal não existia. No entanto, outros estudiosos discordam, defendendo que os apóstolos designaram seus sucessores na liderança das igrejas locais (originalmente também chamados de "apóstolos" e no início do século II, de “bispos”),[20] como por exemplo, Tito e Timóteo investidos por Paulo de Tarso, e nos escritos posteriores de Clemente de Roma,[22] Inácio,[23][24] e Irineu,[25] que prematuramente atestaram a sucessão linear de Bispos desde a época dos apóstolos.[20] Alguns historiadores afirmam que os papas não possuíam direitos ou privilégios primaciais no cristianismo primitivo sobre a Igreja Universal,[26] no entanto, uma vez que em muitas ocasiões os Bispos de Roma intervieram em comunidades locais, como Clemente I,[27] ou tentaram estabelecer uma doutrina vinculativa a Igreja Universal como Vítor I (sobre a controvérsia quartodecimana),[28] a visão predominante entre os historiadores, é que a Sé e o Bispo de Roma possuíam nesse período uma proeminência em questões relacionadas aos assuntos da Igreja Católica,[4][16][27][29][30][31][32] mas esse papel se desenvolveu e se acentuou profundamente nos séculos seguintes, especialmente a partir do século V e após o XI.[21] Cristianismo primitivo (c. 30-325 Policarpo de Esmirna, um dos primeiros pais da Igreja. O primeiro documento fornecido por um papa, é de Clemente I no final do século I, em que interveio em uma disputa em Corinto, na Grécia,[33] Clemente foi o primeiro Pai Apostólico da Igreja,[34] fundando o período eclesiástico patrístico, que duraria até o século VIII. No século II os bispos romanos erigirammonumentos aos apóstolos Pedro e Paulo, davam esmolas às igrejas pobres[27] e lutaram contra gnósticos e montanistas na Ásia Menor.[27] No final do mesmo século, o Papa Vítor I ameaça de excomunhão os bispos orientais que continuarem praticando a Páscoa em 14 de Nisã (quartodecimanismo).[28] Nessa época Santo Inácio,[35][36] e algum tempo depois Santo Ireneu,[37] enfatizam a posição única do bispo de Roma. No século III os papas preocuparam-se em afirmar a possibilidade do perdão dos pecados, se os fiéis se arrependessem e fizessem penitência (ao contrário do que pregava o novacionismo), como pode ser observado nos decretos de Calixto I e Cornélio I. No final desse século, papas como Estêvão I[38] e Sisto II[39] condenaram o rebatismo, como pregava a heresia do donatismo.[carece de fontes] Muitos aspectos da vida dos papas primitivos, especialmente os primeiros, permanece envolta em mistério, como São Lino, que teria sido o segundo papa, cuja vida e ações como Bispo de Roma é incerta e desconhecida.[40] Devido a perseguição aos cristãos pelo Império Romano, os livros da vida dos santos de Roma afirmam que foram mártires todos os Papas dessa época,[41] sendo a maioria dos pontificados curto (embora exista incerteza sobre a morte de muitos Bispos de Roma, cujos relatos de martírio surgiram apenas muito tempo depois de sua morte, como por exemplo, São Clemente I, que viveu no final do século I, mas a história de seu martírio remonta apenas ao século IV).[42] Alexandria e Antioquia também eram centros importantes para o cristianismo e seus bispos possuíam jurisdição sobre certos territórios. Muitos historiadores tem sugerido que seus poderes especiais provieram do fato de que as três comunidades foram chefiadas por São Pedro (Roma e Antioquia foram, segundo a Sagrada Escritura e Tradição fundadas por Pedro e Alexandria por seu discípulo São Marcos).[43][44] A Igreja de Antioquia traça suas origens à comunidade cristã fundada pelos apóstolos Pedro e Paulo. Posteriormente, ela se tornou um dos cinco grandes Patriarcados, parte da Pentarquia. Na Bíblia, de acordo com Atos 11:19-26, a comunidade cristã de Antioquia começou quando cristãos que foram expulsos de Jerusalém fugiram para lá. A eles se juntaram cristãos vindos de Chipre e Cirenaica, que migraram também para a cidade. Foi ali que os seguidores de Jesus passaram a ser chamados de "cristãos". E lá também Paulo iniciou as suas três viagens missionárias, tema principal dos Atos dos Apóstolos. Na dispersão da igreja original de Jerusalém, logo após os problemas originados das corajosas ações de Estevão, alguns judeus cipriotas e cirenaicos, que tinham sido criados em terras de cultura helênica e tinham uma visão de mundo mais ampla do que os judeus palestinos, vieram para Antioquia. Lá, eles "inovaram", convidando não apenas judeus, mas também gregos. Há duas possibilidades sobre isto. A primeira, de que realmente houve pregação ativa aos gregos e muitos deles se converteram e se juntaram à Igreja. Ou, que a inovação se deu em passos mais lentos, sendo que os primeiros gregos a ouvirem as pregações eram prosélitos que iam à sinagoga[1]. Antioquia está intimamente conectada com a história inicial do cristianismo. Lá era o grande ponto central de onde os missionários para os Gentios gentios eram enviados (provavelmente após a Grande Comissão). “Quando se pergunta pela origem do papa, é preciso refletir: está se pensando numa autoridade política, além de religiosa? Se assim for, teríamos de localizá-la no século 5, onde se destaca a figura de Leão Magno, que teve papel fundamental no contexto da queda do Império Romano”. Também é importante lembrar que a palavra “papa” – que vem do grego pappas, “pai” – foi durante vários séculos usada para designar todos os bispos do Ocidente. Apenas no ano 1073, por ordem do papa Gregório VII, ela se tornou de uso exclusivo para o bispo de Roma, autoridade máxima da Igreja Católica. A única exceção é o patriarca de Alexandria, autoridade da Igreja Ortodoxa Grega, que também mantém o título até hoje. papa Gregório VII O Papa São Gregório VII, nascido Hildebrando, (Sovana, Itália, circa 1020/1025 — Salerno, 25 de maio de 1085) foi o 157º papa da Igreja Católica de 22 de abril de 1073 até à sua morte, tendo sido um dos mais influentes e decisivos pontífices a se sentar no trono papal ao longo da história. Política interna e reformas[editar | editar código-fonte] Teve sua vida e obra conduzidas pela convicção da Igreja como obra divina e encarregada de abraçar toda a humanidade, para a qual a vontade de Deus é a lei única, e que, na faculdade de instituição divina, a Igreja coloca-se sobre todas as estruturas humanas, em particular sobre o estado secular. A superioridade da Igreja era para Gregório VII um fato indiscutível. Em 1075, Gregório VII publica o Dictatus Papae, que são 27 proposições onde expressa as suas ideias sobre o papel do Pontífice na sua relação com os poderes temporais, especialmente com os imperadores do Sacro Império. Estas ideias poderão resumir-se em três pontos principais: O Papa é senhor absoluto da Igreja, estando acima dos fiéis, dos clérigos e dos bispos, e acima das Igrejas locais, regionais e nacionais, e acima dos concílio; O Papa é senhor único e supremo do mundo, todos lhe devem submissão em questões religiosas, incluindo os príncipes, reis e imperadores (entretanto, como diria Harold J. Berman,[7] o Poder Central Eclesiástico tomou para si, além da "espada eclesiástica", a "espada secular"; ou seja, o papa tornou-se a autoridade suprema no espectro espiritual e temporal). A Igreja romana não cometeu nunca erros. Historiadores como Walter Ullmann[8] e Ian Stuart Robinson[9] afirmam que Gregório centralizava em Roma todas as querelas importantes para intermediação, coincidindo naturalmente numa diminuição do poder dos bispos locais, o que motivou algumas lutas contra as esferas mais altas do clero. Recentemente, esta caracterização do governo gregoriano com marco da centralização política e administrativa da Igreja medieval foi colocada em xeque.[6] Esta batalha pelos fundamentos da supremacia papal tem o seu apogeu na obrigatoriedade do celibato do clero e no ataque à simonia. Gregório VII não introduziu o celibato mas conduziu a batalha por tal com maior energia do que os seus antecessores. Em 1074 publicou uma encíclica dispensando da obediência aos bispos que permitiam o casamento dos sacerdotes. No ano seguinte, sob fortes protestos e resistência, encoraja medidas contra estes, privando-os dos rendimentos. O seu pontificado decorreu até 25 de maio de 1085, dia em que morreu em Salerno, abandonado pelos romanos e pela maior parte dos seus apoiantes. No quinto século, destacou-se sobremaneira a figura de Leão I (440-461), considerado por muitos “o primeiro papa”. Leão exerceu um papel estratégico na defesa de Roma contra as invasões bárbaras e escreveu um importante documento teológico sobre a pessoa de Cristo (o Tomo) que exerceu influência decisiva nas resoluções do Concílio de Calcedônia (451). Além disso, ele defendeu explicitamente a autoridade papal, articulando mais plenamente o texto de Mateus 16.18 como fundamento da autoridade dos bispos de Roma como sucessores de Pedro. Seu sucessor Gelásio I (492-496) expôs a célebre teoria das duas espadas: dentre os dois poderes legítimos que Deus criou para governar no mundo, o poder espiritual – representado pelo papa – tinha supremacia sobre o poder secular sempre que os dois entravam em conflito. O apogeu do papado antigo ocorreu no pontificado do notável Gregório I ou Gregório Magno (590-604), o primeiro monge a ocupar o trono papal. Sua lista de realizações é impressionante. Ele supervisionou as defesas romanas contra os ataques dos lombardos, realizou complicadas negociações com o imperador bizantino, saneou as finanças da Igreja e reorganizou os limites e responsabilidades das dioceses ocidentais. Ele foi também um dedicado estudioso das Escrituras: suas exposições bíblicas, especialmente um comentário do livrode Jó, foram muito lidas em toda a Idade Média. Seus escritos sobre os deveres dos bispos deram forte ênfase ao cuidado pastoral como uma atividade prioritária. Ele reformou a liturgia, regularizou as celebrações do calendário cristão e promoveu a música sacra (“canto gregoriano”). Finalmente, Gregório foi um grande promotor de missões, enviando missionários para vários centros estratégicos do norte e do oeste da Europa e expandindo a área de jurisdição do papado. 4.4 Os concílios e o nascimento da teologia cristã Para enfrentar esses desafios, já no final do século II e durante todo o século III, as Igrejas realizam reuniões com seus dirigentes, para buscar resolver os problemas e encontrar a unidade nas coisas essenciais. São os sínodos ou concílios. Nesse sentido, o encontro ocorrido em Jerusalém, por volta do ano 49 dC, é considerado, simbolicamente, o primeiro concílio do cristianismo. Esses concílios tratavam de questões doutrinais e questões da vida prática. No final, davam determinações sobre os aspectos tratados, através dos cânones dogmáticos e disciplinares, com uma “carta sinodal” a ser enviada às Igrejas irmãs. Baseado nessa feliz experiência, o Imperador Constantino convocará, em 325, o 1º Concílio Ecumênico, para enfrentar o problema do Arianismo. Na busca de compreender o Cristo e sua mensagem, a salvação, o significado da Igreja, dando respostas às heresias e dissensões, aprofundando a fé cristã, desenvolve-se a teologia cristã. Nesse sentido, o processo de elaboração da doutrina cristã usará dos recursos culturais da civilização greco-romana: a língua grega e latina, a retórica, a filosofia, o direito, práticas, costumes, instituições. A esse apropriar-se da cultura, utilizando o que ela tem de melhor para expressar a mensagem de Cristo, desde dentro, comumente chama-se enculturação. Esse fenômeno será uma característica constante da expansão cristã. A próxima etapa dar-se-á no mundo germânico. Concílios da Igreja Indivisa ANO CONCÍLIO ASSUNTO PRINCIPAL 50 C. de Jerusalém As leis judaicas e os cristãos 325 1º C. de Niceia Contra o arianismo. Credo 381 1º Constantinopla Finalização do Credo 432 C. de Éfeso Contra o nestorianismo 451 C. de Calcedônia Contra o monofisitismo princípio da união hipostática 553 2º Constantinopla Contra os nestorianos 681 3º Constantinopla Contra o monotelitismo 767 2º C. de Niceia Legaliza veneração de imagens 867 e 1064 Cismas entre as Igrejas Romana e Ortodoxas