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RESUMO AULA 12

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Universidade Estácio de Sá. 
Prof. Michel Arnoso 
Michel.arnoso@hotmail.com 
PROCESSO CIVIL 1 – AULA 12 (2019.1) 
FONTE DO MATERIAL: LIVRO DE DIREITO PROCESSUAL CIVIL I - LD573; Manual de Direito 
Processual Civil de Daniel Amorim Assumpção Neves; Alexandre Freitas Câmara – O Novo 
Processo Civil Brasileiro - 2017 
ESTRUTURA DO CONTEÚDO DA AULA: 
Tutela Provisória. Conceito. Espécies. 
2 e 3. Tutela Provisória de Urgência Antecipada e cautelar. Conceito. Cabimento. 
Requisitos. 
4. Tutela Provisória de Evidência. Conceito. Cabimento. 
5. Tutela Antecedente e Incidente. Conceito. Cabimento. 
6. Tutela Inibitória. Conceito. Cabimento. 
 
 
Tutela Provisória. Conceito. Espécies. 
 
O Novo Código de Processo Civil destina um capítulo ao tratamento 
da tutela provisória, dividida em tutela provisória de urgência (cautelar e 
antecipada) e da evidência. 
 
A tutela provisória é proferida mediante cognição sumária, ou 
seja, o juiz, ao concedê-la, ainda não tem acesso a todos os elementos de 
convicção a respeito da controvérsia jurídica. Excepcionalmente, entretanto, 
essa espécie de tutela poderá ser concedida mediante cognição exauriente, 
quando o juiz a concede em sentença. A concessão da tutela provisória é 
fundada em juízo de probabilidade, ou seja, não há certeza da existência do 
direito da parte, mas uma aparência de que esse direito exista. É 
consequência natural da cognição sumária realizada pelo juiz na concessão dessa 
espécie de tutela. Se ainda não teve acesso a todos os elementos de convicção, 
sua decisão não será fundada na certeza, mas na mera aparência - ou 
probabilidade - de o direito existir. 
Ser provisória significa que a tutela provisória de urgência tem um 
tempo de duração predeterminado, não sendo projetada para durar para 
sempre. A duração da tutela de urgência depende da demora para a obtenção 
da tutela definitiva, porque, uma vez concedida ou denegada, a tutela de urgência 
deixará de existir. 
Valendo-se da origem no latim (liminaris, de limen), o termo "liminar" 
pode ser utilizado para designar algo que se faça inicialmente, logo no início. O 
termo liminar, nesse sentido, significa limiar, soleira, entrada, sendo aplicado a 
atos praticados inaudita altera parte, ou seja, antes da citação do demandado. 
Aplicado às espécies de tutelas provisórias, a liminar, nesse sentido, significa a 
concessão de uma tutela antecipada, cautelar ou da evidência antes da 
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citação do demandado. A liminar assumiria, portanto, uma característica 
meramente topológica, levando-se em conta somente o momento de prolação 
da tutela provisória, e não o seu conteúdo, função ou natureza. 
 
Por outro lado, é preciso reconhecer que, no momento anterior à 
adoção da tutela antecipada pelo nosso sistema processual, as liminares 
eram consideradas uma espécie de tutela de urgência, sendo a única forma 
prevista em lei para a obtenção de uma tutela de urgência satisfativa. Nesses 
termos, sempre que prevista expressamente em um determinado procedimento, 
o termo "liminar" assume a condição de espécie de tutela de urgência satisfativa 
específica'. 
Seriam, assim, três as espécies de tutela de urgência: 
(a) tutela cautelar, genérica para assegurar a utilidade do resultado 
final; 
(b) tutela antecipada, genérica para satisfazer faticamente o direito; 
(e) tutela liminar, específica para satisfazer faticamente o direito. 
 
Em feliz expressão doutrinária, a tutela antecipada é a generalização 
das liminares'. 
Pretendendo a parte obter uma tutela provisória de urgência 
satisfativa e havendo uma expressa previsão de liminar no procedimento 
adotado, o correto é requerer a concessão dessa liminar, inclusive demonstrando 
os requisitos específicos para a sua concessão; não havendo tal previsão, a parte 
valer-se-á da tutela antecipada, que em razão de sua generalidade e amplitude 
não fica condicionada a determinados procedimentos. Em resumo: caberá tutela 
antecipada quando não houver previsão de liminar. 
O art. 300, § 2°, do Novo CPC, prevê que a tutela de urgência pode 
ser concedida liminarmente ou apôs justificação prévia. Fica claro nesse 
dispositivo que o legislador se valeu do termo liminar para designar o momento 
de concessão da tutela de urgência, havendo, portanto, a possibilidade de tutela 
cautelar liminar e tutela antecipada liminar. O mesmo se diga do art. 311, 
parágrafo único do Novo CPC, que prevê ser possível a concessão liminar da 
tutela da evidência prevista nos incisos II e III do art. 311 do mesmo diploma legal. 
Dessa forma, o Novo Código de Processo Civil contribui para o esclarecimento 
da função da "liminar" nas tutelas provisórias. Infelizmente, entretanto, ainda 
existem procedimentos especiais de legislação extravagante que continuam a 
prever a liminar como espécie de tutela de urgência satisfativa. 
 
2 e 3. Tutela Provisória de Urgência Antecipada e cautelar. Conceito. Cabimento. 
Requisitos. 
 
Tutelas provisórias são tutelas jurisdicionais não definitivas, fundadas 
em cognição sumária (isto é, fundadas em um exame menos profundo da causa, 
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capaz de levar à prolação de decisões baseadas em juízo de probabilidade e não 
de certeza). Podem fundar-se em urgência ou em evidência (daí por que se falar 
em tutela de urgência e em tutela da evidência). 
Uma vez deferida a tutela provisória, ela conserva sua eficácia durante 
toda a pendência do processo (art. 296), ainda que este se encontre suspenso (e 
salvo decisão expressa em sentido contrário, nos termos do art. 296, parágrafo 
único). Exatamente por ser provisória, porém, pode ela ser revogada ou 
modificada a qualquer tempo (art. 296, parte final). A modificação ou revogação 
da tutela provisória poderá ocorrer por conta do possível surgimento de novos 
elementos, não considerados no momento da decisão que a deferiu, o que se 
revela possível dado o fato de que a cognição a ser exercida pelo juiz ao longo 
do processo tende a aprofundar-se, tornando-se exauriente (isto é, uma cognição 
capaz de permitir a formação de decisões fundadas em juízos de certeza). 
 
Tutela de Urgência 
 
A tutela de urgência pode ser cautelar ou satisfativa (esta também 
conhecida como tutela antecipada de urgência), nos termos do que dispõe o art. 
294, parágrafo único. Chama-se tutela cautelar à tutela de urgência do 
processo, isto é, à tutela provisória urgente destinada a assegurar o futuro 
resultado útil do processo, nos casos em que uma situação de perigo ponha em 
risco sua efetividade. Pense-se, por exemplo, no caso de um devedor que, antes 
de vencida sua dívida, tente desfazer-se de todos os bens penhoráveis. Não 
obstante a alienação desses bens não comprometa a existência do direito de 
crédito, certo é que o futuro processo de execução não será capaz de realizar na 
prática o direito substancial do credor se não houver no patrimônio do devedor 
bens suficientes para a realização do crédito. Verifica-se, aí, uma situação de 
perigo para a efetividade do processo, isto é, para a aptidão que o processo deve 
ter para realizar na prática o direito substancial que efetivamente exista 
(podendo-se falar, aí, em perigo de infrutuosidade). Em casos assim, faz-se 
necessária a previsão de mecanismos processuais destinados a assegurar a 
efetividade do processo, garantindo a futura produção de seus resultados úteis. 
A tutela provisória cautelar, portanto, não é uma tutela de 
urgência satisfativado direito (isto é, uma tutela de urgência capaz de 
viabilizar a imediata realização prática do direito), mas uma tutela de 
urgência não satisfativa, destinada a proteger a capacidade do processo de 
produzir resultados úteis. Na hipótese que acaba de ser figurada como exemplo 
a tutela provisória deverá consistir na apreensão de tantos bens do devedor 
quantos bastem para assegurar a futura execução. 
 
Já a tutela de urgência satisfativa (tutela antecipada de urgência) 
se destina a permitir a imediata realização prática do direito alegado pelo 
demandante, revelando-se adequada em casos nos quais se afigure presente 
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uma situação de perigo iminente para o próprio direito substancial (perigo 
de morosidade). Pense-se, por exemplo, no caso de alguém postular a fixação 
de uma prestação alimentícia, em caso no qual a demora do processo pode 
acarretar grave dano à própria subsistência do demandante. Para casos assim, 
impõe-se a existência de mecanismos capazes de viabilizar a concessão, em 
caráter provisório, da própria providência final postulada, a qual é concedida em 
caráter antecipado (daí falar-se em tutela antecipada de urgência), permitindo-se 
uma satisfação provisória da pretensão deduzida pelo demandante. 
Ambas as modalidades de tutela de urgência, portanto, têm como 
requisito essencial de concessão a existência de uma situação de perigo de 
dano iminente, resultante da demora do processo (periculum in mora). Este 
perigo pode ter por alvo a própria existência do direito material (caso em que 
será adequada a tutela de urgência satisfativa) ou a efetividade do processo 
(hipótese na qual adequada será a tutela cautelar). 
O periculum in mora, porém, embora essencial, não é requisito 
suficiente para a concessão de tutela de urgência. Esta, por se fundar em cognição 
sumária, exige também a probabilidade de existência do direito (conhecida 
como fumus boni iuris), como se pode verificar pelo texto do art. 300, segundo 
o qual “[a] tutela de urgência será concedida quando houver elementos que 
evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado 
útil do processo”. 
O nível de profundidade da cognição a ser desenvolvida pelo juiz 
para proferir a decisão acerca do requerimento de tutela de urgência é 
sempre o mesmo, seja a medida postulada de natureza cautelar ou 
satisfativa. Tanto num caso como no outro deve a decisão ser apoiada em 
cognição sumária, a qual leva à prolação de decisão baseada em juízo de 
probabilidade (fumus boni iuris). O que distingue os casos de cabimento da 
tutela de urgência cautelar daqueles em que cabível a tutela de urgência 
satisfativa é o tipo de situação de perigo existente: havendo risco de que a 
demora do processo produza dano ao direito material, será cabível a tutela de 
urgência satisfativa; existindo risco de que da demora do processo resulte dano 
para sua efetividade, caberá tutela de urgência cautelar. 
“Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver 
elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de 
dano ou o risco ao resultado útil do processo. 
§ 1 o Para a concessão da tutela de urgência, o juiz pode, conforme o 
caso, exigir caução real ou fidejussória idônea para ressarcir os danos 
que a outra parte possa vir a sofrer, podendo a caução ser dispensada 
se a parte economicamente hipossuficiente não puder oferecê-la. 
§ 2º A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou após 
justificação prévia. 
§ 3º A tutela de urgência de natureza antecipada não será concedida 
quando houver perigo de irreversibilidade dos efeitos da decisão. “ 
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Além dos dois requisitos já examinados (probabilidade de existência 
do direito e perigo de dano iminente), a tutela de urgência satisfativa exige 
mais um requisito para ser concedida. Trata-se de um requisito negativo: 
não se admite tutela de urgência satisfativa que seja capaz de produzir 
efeitos irreversíveis (art. 300, § 3º). É que não se revela compatível com uma 
decisão baseada em cognição sumária (e que, por isso mesmo, é provisória) a 
produção de resultados definitivos, irreversíveis. Pense-se, por exemplo, em uma 
decisão concessiva de tutela provisória que determinasse a demolição de um 
edifício ou a destruição de um documento. Pois em casos assim é, a princípio, 
vedada a concessão da medida. 
Não se pode, porém, afastar a possibilidade de concessão de outra 
medida que, sem produzir efeitos irreversíveis, se revele adequada como 
ensejadora de tutela provisória (como seriam a interdição ao uso de um edifício 
ou a determinação de que um documento fique custodiado em cartório, para 
fazer alusão aos exemplos mencionados há pouco). Além disso, casos há em 
que, não obstante a vedação encontrada no texto normativo, será possível 
a concessão de tutela provisória urgente satisfativa que produza efeitos 
irreversíveis (FPPC, enunciado 419: “Não é absoluta a regra que proíbe a 
tutela provisória com efeitos irreversíveis”). Basta pensar na fixação de 
alimentos provisórios (os quais, como sabido, são irrepetíveis), ou nos casos 
em que, através de tutela provisória de urgência, se autoriza a realização de 
intervenção cirúrgica ou o fornecimento de medicamento. 
 
É preciso, então, perceber a lógica por trás da regra que veda a 
concessão de tutela provisória satisfativa irreversível, o que permitirá 
compreender as exceções a ela. É que a vedação à concessão de tutela de 
urgência satisfativa irreversível resulta da necessidade de impedir que uma 
decisão provisória produza efeitos definitivos. Casos há, porém, em que se estará 
diante da situação conhecida como de irreversibilidade recíproca. Consiste isso 
na hipótese em que o juiz verifica que a concessão da medida produziria efeitos 
irreversíveis, mas sua denegação também teria efeitos irreversíveis. É o que se dá, 
por exemplo, no caso da fixação de alimentos provisórios. Neste caso, a 
concessão da medida produz efeitos irreversíveis (uma vez que se posteriormente 
se vier a constatar que não eram devidos alimentos, aqueles que tenham sido 
pagos não serão devolvidos, por força da incidência da regra da irrepetibilidade 
do indébito alimentar). De outro lado, porém, a denegação da medida produzirá 
efeitos irreversíveis sobre a própria subsistência do demandante, que afirma 
precisar da prestação alimentícia para prover seu sustento. Pois em casos assim 
(e em muitos outros, como o da tutela de urgência satisfativa que determina o 
fornecimento de medicamentos, caso em que a concessão produz efeitos 
irreversíveis, já que os medicamentos serão consumidos, mas também a 
denegação da medida produz efeitos irreversíveis, já que a pessoa que necessita 
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do fornecimento gratuito de medicamentos pode até mesmo morrer se os não 
receber) cessa a vedação e passa a ser possível – desde que presentes os outros 
dois requisitos – a concessão da tutela de urgência satisfativa 
A concessão de tutela de urgência – em qualquer de suas 
modalidades – exigirá a prestação de uma caução de contracautela, que 
pode ser real ou fidejussória, a fim de proteger a parte contrária contra o 
risco de que venha a sofrer danos indevidos (art. 300, § 1º). Trata-se de 
medida destinada a acautelar contra o assim chamado periculum in mora inverso, 
istoé, o perigo de que o demandado sofra, em razão da demora do processo, 
um dano de difícil ou impossível reparação (que só será identificado quando se 
verificar que, não obstante provável, o direito do demandante na verdade não 
existia). Deve-se, porém, dispensar a caução de contracautela nos casos em 
que o demandante, por ser economicamente hipossuficiente, não puder 
oferecê-la (art. 300, § 1º, parte final). Afinal, não se pode criar obstáculo 
econômico ao acesso à justiça, que não é garantido só aos fortes 
economicamente, mas é assegurado universalmente. 
A tutela de urgência pode ser deferida antes da oitiva da parte 
contrária (inaudita altera parte), liminarmente ou após a realização de uma 
audiência de justificação prévia (em que se permita ao demandante produzir 
prova oral destinada a demonstrar a presença dos requisitos de sua concessão). 
 
Por ser baseada em cognição sumária (e, por esta razão, ser provisória), 
a decisão concessiva de tutela de urgência pode gerar para a parte contrária dano 
indevido. Assim, e independentemente da responsabilidade por dano processual 
(resultante, por exemplo, da configuração da litigância de má-fé), responde o 
requerente pela lesão que indevidamente o demandado tenha sofrido em 
razão da efetivação da tutela de urgência em alguns casos expressamente 
previstos em lei (art. 302). 
 
 
“Art. 301. A tutela de urgência de natureza cautelar pode ser efetivada mediante 
arresto, sequestro, arrolamento de bens, registro de protesto contra alienação de bem e qualquer 
outra medida idônea para asseguração do direito.” 
Sequestro, arresto e arrolamento de bens são todas as medidas cautelares, dentre 
outras, que constituem um processo de garantia para os bens de pagamento e configuram-se 
como um processo cautelar 
 
ARRESTO 
O arresto é a apreensão e depósito judiciais de bens pertencentes ao devedor, visando garantir a 
obrigação por ele assumida. 
SEQUESTRO 
Trata-se, também, de uma apreensão judicial para a garantia do cumprimento de uma obrigação 
assumida pelo devedor, tal como o arresto. 
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Difere deste, porém, para que seja requerido, a lei não exige prova literal da 
obrigação. Além disso, difere do arresto porque, enquanto este pode recair em quaisquer bens 
do devedor, o sequestro sé pode incidir nos bens litigiosos. 
Arrolamento de bens 
Acontecerá sempre que houver fundado receio de extravio ou dissipação de bens, direito que 
assistirá a todo aquele que tenha interesse na conservação dos bens. 
O arrolamento de bens não cabe nos casos de garantia de crédito, pois para tal, já existem 
medidas específicas, como o arresto e o sequestro, entre outras. Portanto, os credores só poderão 
valer-se dessa medida nos casos em que caiba a arrecadação da herança. O juiz ao decidir 
favoravelmente o pedido de arrolamento de bens, nomeará um depositário dos bens, que deverá 
lavrar um auto circunstanciado ao recebê-los. 
 
4. Tutela Provisória de Evidência. Conceito. Cabimento. 
 
Denomina-se tutelada evidência à tutela provisória, de natureza 
satisfativa, cuja concessão prescinde do requisito da urgência (art. 311). 
 
“Art. 311. A tutela da evidência será concedida, independentemente da 
demonstração de perigo de dano ou de risco ao resultado útil do 
processo, quando: 
I - ficar caracterizado o abuso do direito de defesa ou o manifesto 
propósito protelatório da parte; 
II - as alegações de fato puderem ser comprovadas apenas 
documentalmente e houver tese firmada em julgamento de casos 
repetitivos ou em súmula vinculante; 
III - se tratar de pedido reipersecutório fundado em prova documental 
adequada do contrato de depósito, caso em que será decretada a 
ordem de entrega do objeto custodiado, sob cominação de multa; 
IV - a petição inicial for instruída com prova documental suficiente dos 
fatos constitutivos do direito do autor, a que o réu não oponha prova 
capaz de gerar dúvida razoável. 
Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o juiz poderá decidir 
liminarmente. “ 
 
Trata-se, então, de uma tutela antecipada não urgente, isto é, de uma 
medida destinada a antecipar o próprio resultado prático final do processo, 
satisfazendo-se na prática o direito do demandante, independentemente da 
presença de periculum in mora. Está-se, aí, pois, diante de uma técnica de 
aceleração do resultado do processo, criada para casos em que se afigura 
evidente (isto é, dotada de probabilidade máxima) a existência do direito material. 
Prevê o art. 311 um rol de quatro hipóteses em que será concedida tutela da 
evidência. Em todos esses casos, portanto, será possível deferir-se, 
provisoriamente, ao demandante o próprio bem jurídico que ele almeja obter 
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Nota
Trata de tutela documentada, fundada em contrato de depósito, que nada mais é a ação de depósito, com pedido de devolução imediata do bem (pedido reipersecutório).
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com o resultado final do processo, satisfazendo-se antecipadamente sua 
pretensão. 
 
Defere-se a tutela da evidência quando “ficar caracterizado o 
abuso do direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório da parte” 
(art. 311, I). Trata-se, aqui, da previsão de uma tutela provisória sancionatória, 
por força da qual a aceleração do resultado do processo se apresenta como uma 
sanção imposta àquele demandado que exerce seu direito de defesa de forma 
abusiva, com o único intuito de protelar o andamento do processo. Exemplo: 
recurso interposto com base em lei já declarada inconstitucional; no caso de uma 
defesa que não é sério, como na hipótese de responsabilidade objetiva, o réu 
apresenta defesa alegando ausência de culpa. 
Outra hipótese de tutela da evidência (art. 311, II) é aquela em que 
as alegações de fato deduzidas pelo autor “puderem ser comprovadas apenas 
documentalmente e houver tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou 
em súmula vinculante”. Aqui, a concessão da tutela da evidência exige a presença 
cumulativa de dois requisitos: suficiência da prova documental pré-constituída e 
existência de tese firmada em precedente ou súmula vinculante. 
O terceiro caso de concessão de tutela da evidência (art. 311, III) 
é o da “ação de depósito” (nome tradicionalmente empregado para designar a 
demanda que, fundada em prova documental do contrato de depósito, tem por 
objeto a restituição da coisa depositada). Afirma o dispositivo legal que será 
deferida a tutela da evidência quando “se tratar de pedido reipersecutório 
(pedido para devolver bem de patrimônio do autor) fundado em prova 
documental adequada do contrato de depósito, caso em que será decretada a 
ordem de entrega do objeto custodiado, sob cominação de multa”. Afirma a lei 
processual que será deferida a tutela da evidência quando o demandante tiver 
postulado a restituição da coisa depositada, fundando seu pedido em “prova 
documental adequada” do contrato de depósito. Vale aqui recordar, porém, que 
o depósito voluntário só se prova por escrito (art. 646 do CC), regra também 
aplicável ao contrato de depósito necessário legal (arts. 647, I e 648 do CC). O 
depósito miserável (art. 647, II, do CC) é demonstrável por qualquer meio de 
prova (art. 648, parágrafo único, do CC). Assim, nos casos de demanda fundada 
em contrato de depósito voluntário ou de depósito necessário legal, a “prova 
documental adequada” a que se refere o art. 311, III terá, necessariamente, de ser 
prova escrita. Já no caso de demanda fundada em depósito miserável, será 
admitida qualquer prova documental, ainda que não escrita (como, por exemplo, 
fotografias ou vídeos) 
Por último (art. 311, IV), é cabívela tutela da evidência quando “a 
petição inicial for instruída com prova documental suficiente dos fatos 
constitutivos do direito do autor, a que o réu não oponha prova capaz de 
gerar dúvida razoável”. Trata-se de mais um caso de tutela da evidência 
fundada em direito líquido e certo (isto é, em direito cujo fato constitutivo é 
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demonstrável através de prova documental pré-constituída), mas, 
diferentemente do que se prevê no inciso II deste mesmo art. 311, aqui não há 
precedente ou enunciado de súmula vinculante aplicável ao caso. Nesta hipótese, 
então, a tutela da evidência exige que, além da prova documental suficiente a 
acompanhar a petição inicial, não tenha o demandado sido capaz de apresentar, 
com a contestação, elementos de prova capazes de gerar dúvida razoável acerca 
da veracidade das alegações feitas pelo autor a respeito dos fatos da causa. Pois 
nesse caso, da soma dos elementos probatórios trazidos pelo autor e da falta de 
elementos convincentes trazidos pelo réu extrai-se a probabilidade 
máxima(evidência) da existência do direito substancial alegado pelo demandante. 
A tutela da evidência é sempre incidental ao processo em que se 
tenha formulado o pedido de tutela final, e nos casos previstos nos incisos I 
e IV do art. 311 só pode ser deferida depois do oferecimento da contestação 
(o que resulta da óbvia razão segundo a qual só se pode cogitar de abuso do 
direito de defesa depois que esta tenha sido oferecida, assim como só se pode 
afirmar que o réu não trouxe provas capazes de gerar dúvida razoável sobre o 
material probatório produzido pelo autor depois que o demandado tenha tido 
oportunidade para apresentar as suas alegações e provas). Permite a lei 
processual, porém, que a tutela da evidência seja deferida, nos casos 
previstos nos incisos II e III do art. 311, inaudita altera parte (arts. 9º, 
parágrafo único, II e 311, parágrafo único). 
 
5. Tutela Antecedente e Incidente. Conceito. Cabimento. 
 
A tutela de urgência antecedente e cautelar tem sua previsão nos 
artigos 303 a 310 do CPC. 
Como já visto, a tutela de urgência pode ser requerida em caráter 
incidental ou antecedente (art. 294, parágrafo único). O requerimento 
incidental não se submete a qualquer formalidade, podendo ser deduzido na 
própria petição inicial (ou na contestação que sirva também como petição de 
oferecimento da reconvenção) ou em qualquer outra petição que venha a ser 
apresentada nos autos. O requerimento de tutela de urgência antecedente, 
porém, se submete a normas específicas, já que formulado em um momento 
anterior àquele em que se deduz a demanda principal. Exatamente por isso há, 
no CPC, disposições específicas a respeito do procedimento a ser observado 
quando se pretenda requerer tutela de urgência em caráter antecedente 
Trata a lei processual, primeiramente, da tutela de urgência satisfativa 
requerida em caráter antecedente (e aqui o CPC emprega a expressão tutela 
antecipada como sinônima de tutela de urgência satisfativa, como se vê, por 
exemplo, no texto do art. 303). 
O procedimento previsto nos arts. 303 e 304 será empregado apenas 
naqueles casos em que “a urgência for contemporânea à propositura da ação”, 
hipótese em que, havendo urgência extrema, poderá o demandante limitar-se a, 
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na petição inicial, requerer a tutela de urgência satisfativa, com a indicação do 
pedido de tutela final, a exposição sumária da causa, do direito que se busca 
realizar e da situação de perigo de dano iminente (art. 303), além do valor da 
causa (art. 303, § 4º ). 
Tem-se aí uma previsão que será muito útil, por exemplo, 
naqueles casos em que a necessidade de se propor a demanda surge fora do 
horário normal do expediente forense, quando a petição inicial muitas vezes 
tem de ser elaborada às pressas para ser examinada em primeiro lugar por 
um juiz plantonista (o qual, como notório, só pode examinar requerimentos 
extremamente urgentes, que não podem sequer esperar pela reabertura dos 
trabalhos ordinários do fórum). Imagine-se, por exemplo, o caso de alguém 
que, passando mal durante a madrugada, precisa ser submetido a uma cirurgia 
de emergência e, por qualquer razão, a operadora de seu plano de saúde não 
autoriza a intervenção. Seria um rematado absurdo exigir do demandante (e de 
seu advogado) a elaboração de uma petição inicial completa, formalmente 
perfeita, que preenchesse todos os requisitos impostos por lei. Pois é 
fundamental que a lei processual admita, em casos assim, uma petição inicial 
“incompleta”, mas que se revele suficiente para permitir a apreciação do 
requerimento de tutela de urgência satisfativa. 
 
6. Tutela Inibitória. Conceito. Cabimento. 
 
A tutela inibitória, ou tutela jurisdicional preventiva de natureza 
inibitória, é uma atuação jurisdicional que tem como objetivo prevenir a 
prática do ilícito, entendido como ato contrário ao direito material. A 
previsão legal está no artigo 497 do CPC e no artigo 84 do CDC. 
A tutela inibitória preventiva é uma alternativa preferida à tutela 
ressarcitória, cuja técnica é indenizar pelo equivalente, mais perdas e danos. Sua 
principal característica é a não exigência da ocorrência do dano. Para o cabimento 
da tutela inibitória basta a existência de uma ação ilícita. Se houver dano a tutela 
cabível será a tutela ressarcitória ou reparatória, embora a inibitória também 
caiba para cessar o dano. 
Para inibir a continuidade do ilícito, a moderna ciência processual 
admite a aplicação do novo instituto que disciplina a tutela a ser dada nesse caso, 
classificando essa tutela como "inibitória Deste modo, podemos entender que, 
através dessa tutela, pode-se pedir ao juiz que determine ao réu que cumpra uma 
obrigação de fazer, qual seja, a de se comportar de tal maneira que faça cessar a 
conduta ilícita que vinha se perpetuando no tempo, ou de não fazer, também 
com o mesmo escopo: a inibição da continuidade do ilícito. 
 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Jurisdi%C3%A7%C3%A3o
https://pt.wikipedia.org/wiki/Il%C3%ADcito
https://pt.wikipedia.org/wiki/Dano
miche
Realce
miche
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Universidade Estácio de Sá. 
Prof. Michel Arnoso 
Michel.arnoso@hotmail.com 
“Art. 497. Na ação que tenha por objeto a prestação de fazer ou de não 
fazer, o juiz, se procedente o pedido, concederá a tutela específica ou 
determinará providências que assegurem a obtenção de tutela pelo 
resultado prático equivalente. 
Parágrafo único. Para a concessão da tutela específica destinada a inibir 
a prática, a reiteração ou a continuação de um ilícito, ou a sua remoção, 
é irrelevante a demonstração da ocorrência de dano ou da existência 
de culpa ou dolo. 
Art. 84. Na ação que tenha por objeto o cumprimento da obrigação de 
fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou 
determinará providências que assegurem o resultado prático 
equivalente ao do adimplemento. 
 § 1° A conversão da obrigação em perdas e danos somente será 
admissível se por elas optar o autor ou se impossível a tutela específica 
ou a obtenção do resultado prático correspondente. 
 § 2° A indenização por perdas e danos se fará sem prejuízo da 
multa (art. 287, do Código de Processo Civil). 
 § 3° Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo 
justificado receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz 
conceder a tutela liminarmente ou após justificação prévia, citado o réu. 
 § 4° O juiz poderá, na hipótese do § 3° ou na sentença, impor multa 
diária ao réu, independentemente de pedido do autor, se for suficiente 
ou compatível com a obrigação, fixando prazo razoável para o 
cumprimentodo preceito. 
 § 5° Para a tutela específica ou para a obtenção do resultado 
prático equivalente, poderá o juiz determinar as medidas necessárias, 
tais como busca e apreensão, remoção de coisas e pessoas, 
desfazimento de obra, impedimento de atividade nociva, além de 
requisição de força policial.” 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5869.htm#art287
miche
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