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Aristóteles aula 4

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Aristóteles (384 AC – 322 AC)
Breve biografia 
· Nascido em Estagira na Macedônia
· Em 343 foi tutor de Alexandre da Macedônia (O grande), um dos grandes conquistadores. 
· Aluno de Platão na Academia de Atenas (foi enviado para lá aos 18 anos para estudar)
· Em 335 funda sua própria escola, o Liceu. Essa escola era chamada de peripatética por Aristoteles gostar de ensinar conversando com seus discípulos enquanto caminhava. Peripatético vem do termo grego “peripatos” que significa “caminho”.
· Aristóteles deixou Atenas em 323 após a morte de Alexandre, pois prevalecia então um grande sentimento anti-macedônico
Pensamento aristotélico
· A crítica de Aristóteles a Platão centra na crítica ao dualismo platônico. Aristóteles defende o monismo em contraposição ao dualismo, na teoria das ideias: O que existe e a substância individual: constituinte ultimo da realidade. Essa substância individual é composta de matéria + forma. 
· Aristóteles aqui propõe uma teoria do ser. Aristóteles propõe uma “filosofia primeira”. Essa filosofia primeira é a “ontologia”, que é “estudo do ser enquanto ser” (tó on). Nesse sentido Aristóteles se ocupa de uma metafísica que para ele é “ciência mãe de todas as ciências” pois esta se ocupa do ser enquanto ser. “Meta física” significa “além da física” pois Aristóteles entendia essa ciência como a filosofia “primeira” por ela ser “independente” de qualquer conteúdo sensorial e experiencia empírica. Ou seja, é o estudo do todo e não de uma parte. 
· A metafisica aristotélica se ocupa em quatro sentidos: 
1. Arqueologia (arché: principio): busca das causas primeiras;
2. Ontologia: discussão do ser enquanto ser; 
3. Substancia: a substância como principal sentida do ser, ao qual todos os outros remetem, ou no qual se baseiam; 
4. Teologia: A ciência do ser perfeito e imóvel que Aristóteles denomina Deus, que é também causa primeira e primeiro motor. 
· Não existe forma/ideia pura como em Platão, a partir do mundo inteligível. Em Aristóteles a matéria só existe se ela tiver certa forma e a forma é sempre forma e um objeto material concreto. Todos os indivíduos tem a mesma forma, mas são diferentes do ponto de vista da matéria, já que somos “indivíduos” distintos. O dualismo é jogado para dentro do indivíduo, na composição de sua substância. 
· A diferença de Aristóteles pra Platão na questão da explicação do ser é que em Aristóteles essas duas coisas “matéria e forma” compõem uma unidade. Mas o intelecto humano, a partir da capacidade de abstração, separa a matéria e a forma. Pois pegamos objetos com a mesma forma e fazemos abstrações a partir de sua matéria, criando tipos gerais a partir de suas particularidades. (raças de animais, espécies de mamíferos, etc. são criados a partir de nosso intelecto.
· Por isso não existe “o cavalo”, mas este cavalo x e aquele cavalo y. O “Cavalo” como um “tipo ideal” e geral é desenvolvido a partir de nossa abstração intelectual. O que existe é a substancia. E as formas não existem em um mundo separado, como mundo inteligível, independente do mundo sensível. A “ideia” de homem é uma natureza “comum” a todos os homens, então não pode existir de forma isolada. A ideia e a forma são princípios de determinação que permitem enquadrar os seres a determinada espécie. Mas o que existe de fato é a substância, pois sem os seres, não existiria também nem os gêneros, nem espécies que enquadramos. Explicar aqui a relação entre ideia e matéria a partir da diferença com Platão
Nesse sentido existem três aspectos da teoria do ser:
1) Essência e acidente
2) Necessidade e contingencia
3) Ato e potência
1) essência é aquilo que faz com que o ser seja o que é: a unidade que sustenta o predicado: é o sujeito dos predicados: por isso os latinos trauziram “ousia” (essência) como “substantia”: daqui advem substantino: eles nomeam os seres, atribuem ao ser seu significado. Aquilo que se você tirar do ser ele deixa de ser o que É. O acidente são os atributos que são apenas mutáveis e variáveis do ser, mas que não afetam a sua substancia. Sócrates é homem: essência. Sócrates e cabeludo: acidente. Ele nem sempre foi assim e pode deixar de ser
2) Se relaciona com essência e acidente. Sócrates é necessariamente humano, mas ele ser cabeludo ou calvo é contingente
3) Aristóteles aqui quer explicar a questão das mudanças e transformações do ser. Para Aristóteles uma coisa pode ser una e múltipla ao mesmo tempo. A partir de ato e potência: A semente é uma semente essencialmente, em ato ela e semente. Mas em potência é uma arvore. Pois as coisas tem tanto o que elas são em ato como o que elas podem vir a ser, essas características já estão contidas nelas mesmas, e a partir delas se verificará a transformação de ato em potência (Aristóteles chama de actualização) Uma arvore é arvore em ato, mas ela contém nela mesma o que permite que ela se transforme em lenha, então ela é potencialmente lenha. O ato de transformar árvore em lenha é a actualização
Teoria da causalidade
Aristóteles pensa que os filósofos anteriores não distinguiram as causas. Ele separa em quatro causas diferentes:
1) Causa formal
2) Causa material
3) Causa eficiente
4) Causa final
1)O que é? A forma que faz com que a coisa seja o que é
2) De que é feito? O elemento constituinte da coisa, a matéria de que ela é feita
3) Por que x é x? A fonte primária da coisa, seu agente transformador. Ou “Por que x virou y”
4) Para que? O objetivo da coisa, sua finalidade. Aqui Aristóteles cria uma teleologia (telos é finalidade), pois para ele toda realidade teria uma finalidade, isto é, explicar as coisas através de seus fins. Aqui a natureza não implica em acaso, mas tudo tem um propósito, uma ordem, uma regularidade.
- Aristoteles do exemplo de uma estátua de uma deusa
Causa formal: modelo que serve para dar forma à estátua
Causa material: mármore ou bronze	, o material usado pra construir a estátua. Quantidade x de matéria serve para dar forma para a estátua
Causa eficiente: O que faz com que a matéria adquira determinada forma: o escultor com suas ferramentas dá forma para o mármore
Causa final: o objetivo que a estatua foi feita: culto, adoração, homenagem a alguém, etc.
Logica aristotélica
A lógica em Aristóteles não é ciência mas sim um instrumento para o pensar adequao. Por isso seu tratado sobre logica tem o nome de “Organon” que significa “instrumento”. Seu objeto é o silogismo
Princípio da não-contradição
Aristóteles introduz o significado de princípio no livro quinto da Metafísica, onde inicia introduzindo seis significados distintos de “princípio”, os quais, nestes seis significados, podemos encontrar algo de semelhante entre eles, que é o fato de ser o “primeiro termo a partir de algo do qual ou é gerado ou conhecido”, ou seja, aquilo do qual a coisa deriva.
Nesse sentido, embora seja válido apontar aqui que Aristóteles identifica quatro significados de causa (causa eficiente, causa formal, causa material e causa final), o significado de princípio também se confunde com os significados de causa, como o próprio Aristóteles aponta, quando diz que todas as causas são princípios, à medida em que causa também indica de onde a coisa deriva. Isso também indica que o princípio é o ponto de partida de algo, e, portanto, não pode ser igual ao que se causou, como por exemplo, a cadeira não é idêntica à madeira.
Podendo prosseguir nisso, Aristóteles indica um princípio, mais firme de todos, e que é o princípio de todos os demais axiomas, aquele que sendo o mais firme de todos, é impossível enganar-se. Além disso, este necessariamente deveria possuir duas características: ser o mais cognoscível de todos (por ser impossível enganar-se acerca deste princípio), e ser não-hipotético, o que indica que ele não deve ser antecedido por outro princípio. É este princípio que o filósofo deve se debruçar para investigar o que é e o que não é, aquele que é prévio a qualquer investigação particular. Tal princípio se chama de princípio da não contradição
Este princípio pode ser identificado através do enunciado segundo o qual é impossívelque o mesmo seja e não seja ao mesmo tempo em um único aspecto, ou que o mesmo atributo pertença e não pertença ao mesmo item em um único sentido, ou seja a proposição P exclui a proposição nP. Conforme Aristóteles desenvolve, “dado que não é possível que os contrários ao mesmo tempo pertençam a uma mesma coisa (considerem-se acrescentados por nós, nesta premissa, todos os acréscimos de costume), e dado que são contrárias entre si as opiniões contraditórias, evidentemente é impossível que um mesmo homem, ao mesmo tempo, conceba que o mesmo fato é e não é”. Ademais, este princípio também é, por natureza, o princípio de todos os demais axiomas
Contudo, Aristóteles afirma que quem exige a demonstração desse princípio carece de formação, pois não compreendam quais coisas precisam de demonstração e quais não precisam. Se existe algo que não necessita demonstração, esse algo é o Princípio da não contradição, pois dado este ser o princípio de todas as demonstrações, isso equivaleria a demonstração de tudo, de uma demonstração até o infinito. Contudo, caso o adversário (do princípio em questão) se pronuncie em oposição, é possível realizar uma demonstração diferente da demonstração “pura”, como Aristóteles indica no parágrafo 1006a15, mas uma demonstração do princípio através da refutação. No caminho lógico refutativo de Aristóteles, ele visa demonstrar a impossibilidade de seus opositores negarem o princípio de não contradição, partindo de seus argumentos e os reduzindo ao absurdo. Aristóteles levanta que “ser” e “não ser” se referem a coisas determinadas. Para haver significação, deve haver algo determinado ao nome. Além disso, seu significado é único. Quando delimito “homem” como o “animal bípede”, estou delimitando uma fronteira entre esse significado e qualquer outro significado possível, assim qualquer coisa que seja “homem” não se confunde com o que não é homem. Quando nego o princípio de não-contradição, não tenho como fazer esse tipo de recorte de significado.
Aristóteles também demonstra como aqueles que negam o princípio da não contradição, estão fazendo a confusão entre predicado essencial e acidental, suprimindo a própria ideia de essência. Se isso se sucedesse de tal forma, todas as coisas seriam apenas uma só: Aristóteles cita como exemplo o homem, o trirreme e o muro, todos estes seriam apenas uma coisa só. Tal argumento é defendido por Protágoras e seus defensores. Pensar aqui também a questão do atributo de animal em homem e gato e isso não ser a substancia de nenhum nem outro.
Aristóteles também introduz o princípio do terceiro excluído, que se correlaciona com o princípio da não-contradição, princípio este que se baseia na verdade segundo a qual se existe um verdadeiro e um falso, é impossível um intermediário entre as duas partes; por isso um terceiro excluído da proposição. Aristóteles refuta as teses segundo a qual nada é verdadeiro ou tudo é verdadeiro, como vemos o próprio: “De fato, quem afirma que tudo é verdadeiro faz verdadeiro inclusive o enunciado contrário ao seu, de modo que faz o seu próprio não verdadeiro (pois o enunciado contrário não o admite como verdadeiro). Por outro lado, quem diz que tudo é falso faz falso também a si mesmo.
Aqui Aristóteles estabelece o valor de verdade ou falsidade das coisas
As proposições classificam-se em:
Afirmativas: S é P;
Negativas: S não é P;
Universais: Todo S é P (afirmativa) ou Nenhum S é P (negativa);
Particulares: Alguns S são P (afirmativa) ou Alguns S não são P (negativa);
Singulares: Este S é P (afirmativa) ou Este S não é P (negativa);
Necessárias: quando o predicado está incluso no sujeito (Todo triângulo tem três lados);
Não necessárias ou impossíveis: o predicado jamais poderá ser atributo de um sujeito (Nenhum triângulo tem quatro lados);
Possíveis: o predicado pode ou não ser atributo (Todos os homens são justos).
O silogismo é composto de, no mínimo, duas proposições das quais é extraída uma conclusão. É necessário que entre as premissas (P) haja um termo que faça a mediação (termo médio sujeito de uma P1 e predicado da P2 ou vice-versa). Sua forma lógica é a seguinte:
P1 - Todo homem é mortal (V)
P2 - Sócrates é homem (V)
C - Logo, Sócrates é mortal (V).
A relação entre as proposições acontece da seguinte maneira:
· Proposições Contraditórias: quando se diz que Todo S é P e Alguns S não são P ou Nenhum S é P e Alguns S são P
· Proposições contrárias: quando se diz que Todo S é P e Nenhum S é P ou Alguns S são P e Alguns S não são P
· Subalternas: quando se diz que Todo S é P e Alguns S são P ou Nenhum S é P e Alguns S não são P
O silogismo, portanto, é o estudo da correção (validade) ou incorreção (invalidade) dos argumentos encadeados segundo premissas das quais é licito se extrair uma conclusão. Sua validade depende da Forma e não da verdade ou falsidade das premissas. Desse modo, é possível distinguir argumentos bem feitos, formalmente válidos, dos falaciosos, ainda que a aparência nos induza a enganos. Por exemplo:
P1 - Todo homem é mortal (V)
P2 - Sócrates é homem (V)
C - Logo, Sócrates é mortal (V).
O argumento é válido não porque a conclusão é verdadeira, mas por estar no modelo formal de “todo A é C; S é A; logo S é C”
Outro exemplo:
P1 – Todos os mamíferos são mortais (V)
P2 – Todos os cães são mortais (V)
C – Logo, todos os cães são mamíferos (V).
Ora, embora as premissas e a conclusão sejam verdadeiras, não houve inferência, já que por não estarem formalmente adequadas, as premissas não têm relação com a conclusão.
Formalmente o argumento é A é B
C é B
Logo, A é C, argumento falacioso, já que o termo médio não faz ligação entre os outros termos.
Aqui reside a explicação do que é uma falácia: uma conclusão verdadeira que não pode ser tirada das premissas

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