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1 Políticas de Comércio Exterior – Unidade nº 2 – Questões Cambiais Políticas de Comércio Exterior Unidade Nº 2 – Questões Cambiais Frederico Teixeira Costa 2 Políticas de Comércio Exterior – Unidade nº 2 – Questões Cambiais Introdução Para questões concernentes à execução de trocas comerciais entre diferentes nações, será sempre preponderante a observação da regulação desses trânsitos financeiros, para além de somente a mudança de moeda entre um país e outro. É evidente a regulação e observação dos impostos que recaem em cada situação comercial, bem como as políticas cambiais definidas por cada país em consequência da orientação econômica que o governo em vigência adote para as trocas internacionais e para a tarifação. Sendo assim, nessa unidade nos ateremos ao estudo das questões cambiais. Bons estudos! 1. Política Cambial Ao falar de câmbio, é mister definir o que é uma taxa de câmbio. “Uma taxa de câmbio é o preço da moeda de um país em termos da moeda de outro país. Na prática, quase toda a negociação de moedas ocorre em termos de dólares americanos.” (ROSS, S. WESTERFIELD, R. 2007, p.699). Trata-se tão somente de uma relação entre duas moedas distintas, obviamente de duas nações distintas. Frequentemente, a relação é feita de forma a calcular uma moeda local contra uma moeda internacional ou as chamadas divisas – moedas fortes. A noção de taxa de câmbio é a de uma precificação de uma mercadoria. Sim, a moeda neste sentido é uma mercadoria com preço e está sujeita a variações de preços ao longo do tempo, ou seja, parte de uma curva de oferta e demanda. 3 Políticas de Comércio Exterior – Unidade nº 2 – Questões Cambiais Devido ao movimento de compra e venda de moedas no mercado mundial em alguns países, a taxa de câmbio tende a sair do seu patamar de realidade. Isto devido às características do país, tais como inflação, disponibilidade de moeda, custos de transações etc. Assim, há uma diferença entre taxa real e taxa nominal. “A taxa de câmbio nominal é a taxa à qual uma pessoa pode trocar a moeda de um país pela de outro. (...) A taxa de câmbio real é a taxa à qual uma pessoa poderá trocar os bens e serviços de um país pelos bens e serviços de outro pais.” (Mankiw, G. 2008, p.686). O câmbio é de extrema importância para a política comercial das nações, uma vez que a interface de uma nação com outros países ou com o mercado externo é contabilizada por meio de seu Balanço de Pagamentos. E este é contabilizado em dólares americanos, moeda fiduciária mundial desde que os EUA interromperam o sistema de Bretton Woods, acabando com a conversibilidade do dólar em ouro. “Porém, também outros fatores que afetam a oferta e procura de moedas podem ser identificados, alterando dessa forma as taxas de câmbio e, por sua vez, os resultados. Exercem pressões sobre a oferta de moeda no mercado de divisas: Exportadores de bens e serviços; Receptores de investimentos diretos estrangeiros no Brasil (a exemplo das filiais das empresas transnacionais); Os tomadores de empréstimos e financiamentos internacionais. Estes agentes pressionam a oferta por divisas porque, ao receberem suas ordens de pagamento, as trocam por moeda brasileiras, em operações de câmbio realizadas por meio de instituições financeiras. Em poder do BACEN ( Banco Central), estas entradas de divisas estrangeiras elevam as reservas internacionais. 4 Políticas de Comércio Exterior – Unidade nº 2 – Questões Cambiais Por ouro lado, são agentes que pressionam a procura de moeda: Os importadores; As empresas que horam a liquidação de suas obrigações em moeda estrangeira. Estes agentes recolhem moeda brasileira para obter divisas estrangeiras e, assim, diminuem as reservas internacionais.” (Carvalho, G. 2007, p.44). Depreende-se, então, que a política cambial de uma nação sofrerá fortíssima influência da política comercial adotada. Quanto mais a nação for aberta ao mercado, tanto maior será a atração por investimentos e atuação no comércio internacional de bens e serviços. Tanto mais empresas nacionais tornarem-se multinacionais, maior a entrada de capitais externos, via recepção de parte do lucro internacional destas companhias. 1.1. Os regimes cambiais Os Bancos Centrais dos países são, em primeiro lugar, os responsáveis pela condução da política monetária de um país. E é o governo de uma nação quem decide o regime de câmbio a ser adotado, a política cambial que melhor lhe convier, ou seja, as formas como as flutuações das taxas de câmbio hão de se comportar, se haverá uma taxa fixa, flutuação suja ou flutuante. “O regime cambial é como se chama o referencial conceitual utilizado pelo país para ordenar as transações no mercado de câmbio em sua economia. O regime cambia define a forma de atuar no mercado, bem como a forma pela qual a autoridade monetária do país emissor da moeda intervém neste mercado.” (idem, p. 40-41). Há taxa de câmbio fixa, ou regime de câmbio fixo quando o governo mantém uma intervenção total na economia. A formação da taxa de câmbio não segue o movimento de mercado de oferta e demanda por moedas 5 Políticas de Comércio Exterior – Unidade nº 2 – Questões Cambiais internacionais. Simplesmente o governo determina uma taxa e a fixa em valor para as transações entre moedas. Um padrão frequentemente visto em países com crises em seus Balanços de Pagamentos ou em nações onde há maior intervenção do Estado na regulação do mercado. Há taxa de câmbio flutuante, ou regime de câmbio flutuante quando o governo não intervém nas taxas de câmbio que seguem livres conforme a oferta e demanda de moedas no mercado de câmbio. Assim, o mercado é quem determina as taxas de compra e venda de moedas. Mas, em verdade, nenhum governo, em qualquer país cujo regime de câmbio seja flutuante, não se deixará a taxa totalmente livre ao sabor do mercado. Em momentos em que se perceba uma intensa valorização ou desvalorização de sua moeda, ou um agressivo ataque especulativo a esta, a fim de regular o mercado e impedir problemas econômicos derivados destas intensas flutuações, o governo intervém a fim de conter a situação de alta volatilidade da moeda local frente às moedas internacionais. A taxa é livre, mas não muito, há uma leve intervenção estatal e tal regime recebe a alcunha de dirty floating ou flutuação suja. Assim, é um regime de livre cambismo, no entanto, com uma pequena e pontual intervenção do governo no mercado quando julgar necessário. Há outras formas distintas de regimes cambiais, mas as básicas são estas três, sendo as demais variações destes três tipos. 1.2. O comportamento das taxas de câmbio “O FX – ou mercado de câmbio – é o ambiente ou plataforma em que se dá a liquidação financeira as moedas dos vários países e das divisas internacionais. É também nesse mercado que ocorrem as compensações financeiras derivadas de transações havidas no comércio internacional havidas 6 Políticas de Comércio Exterior – Unidade nº 2 – Questões Cambiais em decorrência de compromissos bilaterais entre países. Esses compromissos incluem principalmente as operações de importação e exportação ente países, além de movimentação de capitais de um país para o outro em casos de financiamentos ou investimentos internacionais.” (idem, p. 21). Como o mercado de câmbio não difere em essência dos demais mercados, a lei da oferta e da demanda obviamente também se aplicará a ele. Neste caso será de oferta e demanda por divisas, moedas internacionais. A taxa de câmbio, a qual é anunciada nos jornais com base nas informações diárias prestadas pelo BACEN, é aquela na qual, a determinado preço e quantidade, os ofertantes desejam vender e os demandantes querem comprar. Mas por ser um mercado extremamente dinâmico estas taxas flutuam diversas vezes durante o diaaté o fechamento do mercado, mostrando este movimento dinâmico entre vendedores e compradores. Exceto em alguns casos em que o BACEN intervém no mercado, seja para enxugar a quantidade de moeda estrangeiras, comprando-a; seja para pôr moeda estrangeira no mercado, ofertando-a. Ambos os movimentos para conter baixa expressiva em seu valor ou altas expressivas, respectivamente. Assim, por esta ideia da oferta e demanda pode-se entender que o preço determina as quantidades vendidas e compradas, quando a oferta se igualar a demanda. De onde se conclui que a taxa de câmbio a determinado momento é o preço em que os ofertantes e demandantes aceitam para troca de determinada quantidade de moeda. Isto levando-se em conta que o país adote taxas de câmbio flutuante ou a flutuação suja. 1.3. Como manter vantagem no comércio internacional através do câmbio? As vantagens se darão exatamente pelas variações cambiais de uma nação. Mormente, a liberdade econômica de um país e permite que variações 7 Políticas de Comércio Exterior – Unidade nº 2 – Questões Cambiais nas taxas cambiais lhe permitam um aporte maior de IDE ou maior entrada nos mercados globais. “A justificativa básica para que haja um mercado onde se transacionam moedas é o fato de que estas são trocas fundamentais, sem as quais seriam inviáveis as transações internacionais nos mercados de mercadorias, serviços e ativos. O comércio internacional destes bens e serviços exige a adoção de um denominador comum para as suas trocas; e é a moeda o instrumento de troca eleito para tanto. Em outras palavras, a existência de transações de câmbio decorre diretamente da existência de transações comerciais.” (idem, p. 21). No entanto, isto não impede que um país onde o câmbio seja fixo tais oportunidades não sejam vistas, vide o exemplo da China, um país sob o rígido controle político e social estadista, mas que dá certa “liberdade” econômica a certos agentes. Uma taxa de câmbio fixa pode dar a nação, maior vantagem competitiva nos mercados globais, estando depreciada ao comando do Estado, levando os bens e serviços desta nação a este mercado, em valores menores, garantindo-lhe a supremacia, trazendo divisas ao país por meio das exportações. No entanto, perderá investimentos, uma vez que será mais caro entrar neste país. Com relação a economias nas quais haja uma maior liberdade cambial, por haver variações frequentes – dirty floating ou flutuante – haverá momentos em que a moeda local, ou nacional, estará apreciada em relação às divisas. Ou seja, com menos moeda local compra-se mais divisas internacionais, é momento em que as importações serão benéficas a este país. Isto porque poder-se comprar no exterior, nos mercados globais a um preço baixo, com isso o industrial local poderá melhorar o parque do país adquirindo tecnologia de ponta, produzida nos maiores mercados globais desenvolvedores deste tipo de bem. Não obstante, é um momento propício, em termos de análise 8 Políticas de Comércio Exterior – Unidade nº 2 – Questões Cambiais cambial, as empresas se internacionalizarem, pois, os ativos internacionais estarão mais baratos. A tendência na Conta Corrente do país será de déficit. Em sentido contrário, ao se inverter a tendência cambial e a moeda local tornar-se depreciada, com mais moeda nacional compra-se menos divisas internacionais. É o momento ideal às exportações e ao IDE no país, pois os ativos desta nação estarão a valores melhores nos mercados globais. A tendência do saldo em Conta Corrente no Balanço de Pagamentos será de superávit, país exportando mais e recebendo IDEs. 2. Os mecanismos regulatórios financeiros e monetários “Um sistema financeiro pode ser definido como o conjunto de instituições, regras, capacidades e práticas disponíveis para permitir o pleno funcionamento da economia e, dentro desta, mais específica e concretamente, a rentabilização da poupança e a obtenção de financiamentos para investimentos e despesas. A definição tanto vale para os sistemas financeiros nacionais quanto para os sistemas financeiros internacionais (SFI), que cumpre esta função em nível mundial.” (idem, p. 61). Para começar o estudo do sistema monetário internacional, ter em mente que o mundo atual está sob a égide das flutuações monetárias é fundamental. Isto porque no pós-Guerra as nações partiram para a adoção de um sistema de câmbio flexível, ou no máximo de flutuação suja – com poucas intervenções estatais (Banco Central) no mercado internacional de divisas – tornou-se regra. Abandonando o padrão-ouro e o câmbio fixo. Assim, as moedas internacionais passam a seguir a lei de Oferta e Demanda. Isto tem causado as crescentes volatilidades neste mercado. 9 Políticas de Comércio Exterior – Unidade nº 2 – Questões Cambiais A quem entende de oferta e demanda, compreende que a lei de mercado servirá também para o mercado de trocas de bens e serviços internacionais, bem como no mercado de troca de moedas. Pois são mercadorias precificadas. Ora, se precificadas, haverá o encontro entre a quantidade demandada e a ofertada. Ou seja, o equilíbrio ocorrerá no ponto em que a determinado preço, a quantidade que os demandantes querem adquirir é a mesma onde os ofertantes querem ofertar. Levando isto para o mercado de divisas, USD 1,00 é igual a R$ 3,6784, ou seja, no dia 05 de fevereiro de 2019 os ofertantes e demandantes por dólares americanos aceitam negociar um valor de 3,6784 reais por dólar. E um mercado livre de intervenções estatais está sujeito à vontade do mercado, portanto, a ofertantes e demandantes. A exceção a esta regra é vista em países comunistas, ou como preferem alguns, socialista, cujo controle estatal político, social e econômico é total, não há, na maior parte dos casos, a liberdade de agir dos agentes econômicos. Assim, os negócios internacionais e governos – players no mercado financeiro internacional – enfrentam diariamente, em suas operações financeiras internacionais, esta volatilidade nas taxas de câmbio entre moedas tidas como fortes, as chamadas divisas, e as suas respectivas moedas nacionais. E isto foi bom. Porque tal cenário ensejou a criação de políticas que busquem prevenir e reagir a esta volatilidade monetária, mecanismos criados por empresas multinacionais e governos para que suas perdas sejam minimizadas nas operações financeiras internacionais diárias. Pois em um mercado onde há a liberdade de ações dos agentes – com poucas ou quase nenhuma intervenção do Estado – as moedas vão mudando de valor de acordo com a necessidade dos negociantes ou questões políticas de cada nação. 10 Políticas de Comércio Exterior – Unidade nº 2 – Questões Cambiais É neste cenário em que empresas multinacionais, bancos internacionais, corretores de câmbio, negócios, mesmo os pequenos, cujo trabalho cotidiano é focado em logística internacional ou comércio exterior, bem como os diversos Estados Nacionais estão envolvidos e operando todos os dias, negociando compra e venda de um ativo precioso no mundo moderno: as moedas estrangeiras, ou como são conhecidas no mercado: divisas. Sendo elas a principal nas trocas e transações internacionais o dólar americano. “A conferência de Bretton Woods, em 1944, criou duas instituições irmãs: o Bird – Banco Interamericano para Reconstrução e Desenvolvimento, hoje incorporado as instituições que compõem o Grupo Banco Mundial; e o FMI – Fundo Monetário Internacional. Ambas passaram, com o tempo, a ser conhecidas como ‘as instituições multilaterais de Bretton Woods’. A criação dessas duas instituições pode ser considerada um marco histórico na cooperação internacional entre as nações.” (idem, p. 78). 2.1. O financiamento e criação de riqueza mundial No ciclo econômico global, há a total necessidade (e dependência) da criação e do uso de fundos, capitais mais precisamente,para circular nos mais distintos mercados financeiros globais. Diariamente eles se movimentam entre grandes corporações, organizações e nações. Esta movimentação de capitais se dá por meio de três distintas formas: comércio internacional, câmbio de moedas e investimentos. Será sempre que tais movimentações irão se dar entre os chamados residentes e não- residentes de uma nação. Mas podemos trazer uma noção mais abrangente sob a forma de ampliar nossa discussão, pensando que este fluxo internacional de fundos, ou capitais, acontece entre diferentes nações ou blocos econômicos, ou empresas em diferentes partes do globo terrestre – as 11 Políticas de Comércio Exterior – Unidade nº 2 – Questões Cambiais que possuem operações em diferentes partes do mundo – ou entre organizações e organismos internacionais. A ideia primaz para entendermos o que são Finanças Internacionais é compreendermos que há um fluxo de capitais ao redor de nosso planeta que irá suprir as nações com investimentos, ou possibilitar o investimento de uma nação em outra; fomentar o comércio internacional entre países ou blocos econômicos, permitindo a troca de bens e serviços entre as nações; e como há distintas moedas entre nações, há que se operar com a devida equivalência entre cada uma delas, para que as trocas de moedas possam ser efetivadas de maneira a manter a paridade entre distintas moedas, assim, o mercado internacional de câmbio será o terceiro ator nesta seara de estudos. Então, para sedimentar a definição de Finanças Internacionais, podemos entender que este campo de estudo irá tratar do movimento de capital ao redor do mundo, um fluxo monetário que servirá a atividade econômica global. Percebemos, pelo exposto, que as Finanças Internacionais fazem parte de um grande sistema que é a Economia Global. Como parte de um todo estará intimamente ligada a ela, logo, impactado pelas mudanças perpetradas na Economia Global. Está aqui o motivo de os capitais mundiais serem tão voláteis e buscarem mercados que apresentem melhores condições de rentabilidade. Está aqui o motivo de os chamados BRICS serem as grandes vedetes da economia mundial em nossa era, por apresentarem maiores desenvolvimentos socioeconômicos criando maiores possibilidades de retornos ao capital investido. Ora, podemos facilmente compreender que este fluxo de capitais promovido pelas Finanças Internacionais é o responsável pela distribuição de fundos ao redor do globo terrestre. Sendo, então, esta a sua função, a redistribuição de renda, de fundos, de capital entre as nações e empresas ao 12 Políticas de Comércio Exterior – Unidade nº 2 – Questões Cambiais longo deste mercado global e globalizado. Por esta função puramente distributiva, o fluxo de capitais, que tratam as finanças internacionais, irá ser o promotor da produção mundial e o desenvolvimento de setores econômicos mais diversos, bem como economias locais pelo mundo. Não obstante, as Finanças Internacionais têm como pilar o denominado o ambiente financeiro internacional, que congrega alguns sistemas que possibilitam o fluxo internacional de fundos. Aqui se poderá ver, como pequeno resumo, os sistemas que unidos serão os fomentadores dos fluxos internacionais de capitais: 1. Sistema monetário internacional: baseado nas trocas internacionais de moedas entre as nações, basicamente é o mercado internacional de câmbio, no qual são perpetradas as trocas internacionais de moedas entre as nações; 2. Pagamentos internacionais: tais pagamentos serão feitos para cumprir obrigações referentes à troca de bens, serviços e demais fatores de produção entre nações, bem como irá fazer acontecer diretamente as transações do Balanço de Pagamentos dos diversos países. Havendo pagamentos e recebimentos de capitais há uma operação de pagamento internacional; 3. Mercados financeiros internacionais: é o mercado no qual são operados – por meio de trocas – de produtos financeiros entre nações e empresas, tais como seguros, moedas, empréstimos e financiamentos. Notadamente é a seara dos bancos comerciais internacionais; 4. Tributação internacional: aqui serão observados os sistemas de tributação internacional, inclusive as questões relativas ao Tranfer Price (Preços de Transferência); 13 Políticas de Comércio Exterior – Unidade nº 2 – Questões Cambiais 5. O Gerenciamento das Finanças Internacionais: é praticamente o campo da gestão de finanças das empresas – Finanças Corporativas – mas esta, em especial, aplicada ao mercado internacional ou, melhor dizendo, a gestão das finanças de uma empresa internacional, na qual se verá operação relativa a investimento direto estrangeiro, gerenciamento de riscos e fluxos de caixa, decisões sobre financiamento e ampliação do investimento internacional, etc. 2.2. A globalização financeira Com o advento de uma união dos mercados financeiros globais, os sistemas financeiros nacionais unem-se a um sistema financeiro mundial, que por sua vez criou uma globalização das finanças. Essa globalização financeira gera os fluxos financeiros de capital, os quais são efetuados e efetivados a todo o momento nos diversos mercados internacionais. Isto porque há (diversas) operações realizadas no ambiente financeiro internacional feitas a todo minuto, diariamente, no mundo inteiro. No entanto, este movimento internacional de capitais não acontece por mero acaso. São somas vultosas de dinheiro, na maior parte dos casos, e para tal os administradores financeiros, CFOs e responsáveis por finanças internacionais em nações e organismos internacionais tomam suas decisões com base em alguns aspectos ou critérios, principalmente quando se trata de um investimento direto estrangeiro – de maior vulto e de retorno em longo prazo. Assim são analisadas as atividade econômica do país e a estrutura de seu balanço de pagamentos, as relações internacionais e econômicas entre as duas nações ou organizações, os termos para as transações financeiras e monetárias, segurança jurídica, dentre outros. Os principais fatores que podemos elencar para a globalização financeira e a ampliação do fluxo internacional de capitais são: 14 Políticas de Comércio Exterior – Unidade nº 2 – Questões Cambiais 1. Economia global, a sua condição no momento, tais como crescimento econômico, taxa de ampliação do comércio internacional; 2. Redução das barreiras comerciais, quanto menores, maiores os fluxos de capitais percebidos por um estado nacional; 3. Diferenças nas taxas de crescimento econômico entre as nações, permitindo que o fluxo de capitais siga a nações que lhes deem maior retorno aos seus investimentos de acordo com o risco percebido pelo investidor; 4. Reestruturação das economias ao logo do mundo, exemplo de algumas economias do mundo islâmico e africano; 5. Os níveis de inflação de uma nação e a taxa de juros praticada por seus Bancos Centrais, esta é quem define o custo do capital de um país; 6. A comparação entre o nível de entrada do estado nacional nos mercados globais, por meio de seu comércio exterior, e os fluxos de capitais; 7. Abertura comercial de uma nação, ampliando o comércio internacional de bens e serviços; 8. Atração de investimentos diretos estrangeiros para um país que possibilite a entrada de capitais de boa qualidade, para investimentos em novas operações industriais, compra de ativos por meio de privatizações ou de fusões e aquisições de empresas; 9. Mudanças no paradigma industrial do país, saindo de uma nação extrativista, com uso intensivo de mão de obra, para uma economia mais direcionada a produção do conhecimento e atividade industrial; 10. A ampliação do balanço de pagamento das nações; 15 Políticas de Comércio Exterior – Unidade nº 2 – Questões Cambiais 11. A diversificação das indústrias nacionais, mudando o foco de seus investimentos parao mercado externo, tornando-se empresa multi ou transnacional. A ideia principal na decisão pelo aumento dos fluxos de capitais se dá no campo das oportunidades oferecidas ou percebidas pelos agentes econômicos. Notadamente em países que decidem por abrir mais a sua economia ao empreendedorismo global e aos capitais internacionais. É ululante que tais movimentos são operacionalizados pelos bancos internacionais, operadoras de câmbio, instituições que promovam créditos e financiamentos, bolsas de valores, formatando assim o mercado financeiro global. Já podemos ter a compreensão daquilo que produz fluxos de capitais e quais fatores lhes são atraentes. Falta-nos ter agora em mente quais serão os canais de distribuição destes fluxos de capitais internacionais. Assim os capitais internacionais se darão por meio de moedas – nas trocas internacionais de bens e serviços, créditos e financiamentos –, investimento direto estrangeiro – em formação de capital fixo ou capital flutuante (investimento no mercado financeiro local) –, transações com moedas – divisas internacionais – transações por meio de produtos financeiros e, por fim, as assistências entre as nações e contribuições entre as mais diversas organizações e organismos internacionais. 3. As transformações tecnológicas e produtivas no Comércio Internacional O modelo fordista de produção criou a produção em massa, com sua linha de montagem móvel. Uma enorme inovação à época. “A linha de 16 Políticas de Comércio Exterior – Unidade nº 2 – Questões Cambiais montagem móvel, na qual o produto em processo desloca-se ao longo de um percurso, enquanto os operadores ficam parados, desenvolveu-se rapidamente. (...) As consequências forma espantosas. O tempo médio de ciclo foi reduzido para 1.19 minuto, por causa da imobilidade do trabalhador. A nova tecnologia também reduziria a necessidade de investimento de capital. A velocidade maior da produção reduziria também os custos de estoque de peças à espera da montagem. Melhor de tudo, quanto mais carros eram fabricados, mais baratos eles ficavam.” (Maximiano, A. 2005, p. 68). Com esta ideia, os japoneses criaram um sistema de redução de estoques – de matéria- prima e de produtos acabados – o que deu uma maior agilidade e redução de custos de produção, foi o sistema Just-in-Time. Ao mesmo tempo em que desenvolviam fornecedores ao longo do sudeste asiático, partes da China e Coréia do Sul, criando uma cadeia de suprimentos fora do Japão. Com base nestas três inovações, diante de um mundo que se internacionalizou e melhorou as condições para o comércio internacional. Nasce um processo novo, de produção sobre a base do modelo fordista de produção, aliado ao Just-in-Time, em que cada parte de um bem é produzida em diferentes partes do mundo, com baixos estoques de produtos em transformação, de insumos e produtos finais. Uma linha de montagem móvel ao longo dos cinco continentes. “A globalização promoveu um novo dinamismo na economia mundial, o surgimento dos blocos de integração econômica regional, a expansão do dos fluxos globais de investimentos e financeiros, a convergência de estilos de vida e necessidade dos consumidores e a globalização da produção. No nível empresarial, esse fenômeno leva à reconfiguração das cadeias globais de valor das empresas – a sequência de atividades de valor agregado, como suprimentos, manufatura, marketing e distribuição – em escala global.” 17 Políticas de Comércio Exterior – Unidade nº 2 – Questões Cambiais (CAVUSGIL, T. 2010, p. 44). Assim a concepção de design de um bem poderá ser feita na Europa, seus componentes, partes do produto final, virem do México, do Brasil, da Austrália, sua montagem na China, seu sistema operacional e software dos EUA e, ao fim da montagem, sua distribuição ser capitaneada por uma empresa da Coreia do Sul. A este processo de produção a nível global foi lhe dado o nome de Cadeias Globais de Valor – Global Value Chains. 3.1. Inovações e o comércio internacional No ano de 2014, cem anos após a inauguração do canal do Panamá, o governo panamenho anunciava a ampliação de seu importantíssimo canal. A inauguração só ocorreu dois anos após, mas a ideia mantinha-se firme, um canal em que pudesse transitar navios maiores, com maior capacidade de carga, mais inovadores. Foi a inovação nos transportes internacionais ao longo do século XX que permitiu, também, um maior acréscimo do comércio global. “É provável que os mais importantes fatores da globalização dos mercados, a partir da década de 1980, sejam os avanços tecnológicos em comunicações, informação, manufatura e transporte. Se, por um lado, a globalização torna a internacionalização imperativa, por outro, os avanços tecnológicos fornecem os meios para que ela ocorra.” (idem, p. 29). Ao longo do século passado, o avião a jato e de proporções maiores possibilitou um maior transporte de cargas internacionais ao longo dos ares. Navios com capacidades de carga e específicos para cada tipo de produto possibilitaram a segmentação de mercado e, com isso, maior aproveitamento do transporte marítimo mundial. A invenção do container foi algo que deu um salto de produtividade ao comércio mundial de mercadorias, pois possibilitou a unitização de cargas em um único volume, facilitando sobremaneira as operações portuárias, agilizando-as. 18 Políticas de Comércio Exterior – Unidade nº 2 – Questões Cambiais As inovações nas formas de comunicações e transmissão de dados foram outro ponto crucia para a ampliação da globalização dos mercados e um maior incremento do comércio mundial. As filiais de empresas espalhadas pelo mundo passaram a ter um poder e capacidade de comunicação muito maior, agilizando as suas decisões em todas as partes onde a organização opere. Obviamente que o mercado financeiro mundial acompanhou estas evoluções, tanto que as transferências monetárias entre organizações, bancos e demais players deste mercado se tornaram mais precisas, ágeis e de maior volume de transações. Produtos e serviços se beneficiaram de todo este arcabouço de inovação, puderam alcançar outros mercados que outrora não alcançavam. Melhorar suas performances e unir inovações as suas características. Além desta revolução criar a possibilidade de novos produtos e serviços que transformaram o modo de vida das pessoas no mundo moderno. 3.2. A revolução tecnológica Ao abordar revoluções no âmbito industrial, vem à cabeça a lembrança da Revolução Industrial do século XVIII. Desde este momento da história da humanidade, os modelos econômicos e industriais vêm se aperfeiçoando e, evoluindo. Hoje o mundo chega à era de uma nova revolução. “A revolução digital é uma mudança de paradigma resultante dos avanços tecnológicos que permite a digitalização (exemplo, conversão do código binário) de fontes de informações analógicas, sons e imagem. As origens da revolução digital datam da metade do século XX.” (KEEGAN, W. 2013, p. 491). Foi este pioneirismo no pós-Guerra, aliás mais um deles, que possibilitou toda uma evolução no campo tecnológico, com ramificações nas telecomunicações, e que impactam e hão de impactar em um futuro bem próximo toda a cadeia industrial mundial. 19 Políticas de Comércio Exterior – Unidade nº 2 – Questões Cambiais A tecnologia moderna possibilitou que as comunicações entre as mais distantes nações pudessem se encurtar ou, ao menos, tornarem-se menos custosas e burocráticas. Inimaginável há, pelo menos, 20 anos atrás uma conversa entre Brasil e Portugal por meio de imagens como é feito hoje em dia por Skype, sem contar poder se comunicar por internet em um aplicativo instalado em um telefone celular com uma pessoa em Tokyo no momento que se ande pela Avenida Rio Branco. Coisa jamais vista exceto em filmes como 2001: Uma Odisseia no Espaço, de Stanley Kubrick.Hoje o mundo encontra-se na Era da Convergência. “Convergência é um termo que se refere à união de indústrias previamente separadas em categoriasde produtos.” A figura abaixo ilustra a convergência: Além da convergência, algo que só possível a ela, há uma nova perspectiva nos mercados mundial da internet das coisas (IoT – Internet of Things). Ou seja, a internet em todos os dispositivos que as pessoas utilizam, em suas casas, seus carros, etc. É a IoT quem permitirá, dentro em breve, a Industria 4.0, a indústria interligada pela internet. Novas revoluções e emoções virão. 3.3. E-commerce 20 Políticas de Comércio Exterior – Unidade nº 2 – Questões Cambiais “O temo e-commerce refere-se de modo geral a troca de produtos e serviços feita através da internet ou de outra rede on-line similar como um canal de vendas.” (KEEGAN, W. 2013, p. 495). Uma ferramenta de vendas e de entrada em mercados bastante utilizada nos últimos tempos, sem contar agora em que a internet e possibilidades enormes de interação estão nos bolsos ou mãos das pessoas ao redor do mundo por meio de seus smartphones. Alguns autores de internacionalização de negócios já têm mencionado em seus livros e estudos o e-commerce como sendo uma das estratégias de internacionalização, tornando-se, então, um estágio anterior às exportações, mais intimamente ligado a esta. Isto porque se pode alcançar os mercados globais por meio de vendas pela internet, onde os clientes buscam em sites de compra e, esta empresa, faz a entrega no local indicado por este comprador – casa ou local de trabalho. E não só o cliente final. O mesmo pode ser observado entre empresas. “As atividades de e-commerce poder sem divididas em três amplas categorias: mercado para o consumidor (B2C), mercado para mercado (B2B) e consumidor para consumidor (P2P). Muitas pessoas associam o e-commerce aos já conhecidos sites de compras como Amazon, ITunes Stores e eBay. Porém, o comércio de mercado para mercado constitui a maior parte da economia da internet e continuará a ser em um futuro próximo.” (KEEGAN, W. 2013, p. 499). Com isso pode-se entender que como a primeira estratégia de entrada, a capilaridade de contatos na internet, inclusive por meio de relacionamentos em redes sociais, é enorme. O que dá a qualquer homem de negócios ou gestor internacional a possibilidade de obter contato, por meio da rede, com diversas pessoas ao redor do planeta. Tanto vender para o mundo 21 Políticas de Comércio Exterior – Unidade nº 2 – Questões Cambiais quanto comprar do mundo pode ser feito pela internet, muito antes de a empresa iniciar firmemente uma exportação ou importação. Este fenômeno, ou, para muitos, esta revolução, fez com que as grandes empresas mundiais focassem parte de seus esforços financeiros, de RH e marketing à rede. Inicialmente utilizando a internet como uma excelente ferramenta de marketing e comunicação com seus mercados. Mas uma mudança de paradigma aconteceu na década passada, com a emergência das redes sociais, houve uma mudança que traçou profundas alterações no comportamento das pessoas ao redor do planeta Terra. Na era atual, as organizações mundiais buscam intermediarem-se com as pessoas por meio de redes sociais, há o contato direto da marca, produto ou serviços com seus clientes ou potenciais consumidores. Uma ambiente onde podem ser construídos relacionamentos, obtenção de informações sobre a performance da empresa junto a seus mercados, mas com um efeito colateral devastador, a reputação de uma marca, produto ou serviço pode ser destruída em minutos. Tal amplitude da internet por meio do B2C, B2B e P2P foi o motor impulsionador de algumas das empresas born globals, empresas que nascem sem se preocuparem com as “amarras” do mercado pátrio, desde sua concepção. São empresas que em seu DNA já há descrito a atuação e operação global. 4. Aspectos analíticos do Comércio Internacional O primeiro e mais importante indicador do comércio internacional a uma nação é o índice de liberdade econômica, que, dentre outras coisas, mede o grau de abertura de seu mercado e facilidade para fazer negócios. Países com pouca ou nenhuma liberdade econômica tendem a ter uma atuação muito pífia do comércio global de bens e serviços, além de serem 22 Políticas de Comércio Exterior – Unidade nº 2 – Questões Cambiais pouco atrativos aos investimentos estrangeiros. É difícil fazer negócios nestes países. Outro índice é o volume de transações que esta nação faz com resto do mundo. Este está determinado dentro do Balanço de Pagamentos de um país, na sua conta de transações correntes, ou conta corrente, onde será verificada a sua Balança Comercial. Aqui não importa se será deficitária ou superavitária, o que realmente importa é o volume de transações feitas por esta nação ao longo de um ano ou em períodos mais longos. Pela lista de países exportadores deste ano podemos ver a situação do Brasil, a 9ª economia mundial tem uma participação em 27ª no comércio global. Por fim, há que se analisar a quantidade de empresas nacionais que exportam – ou desejam fazê-lo – e que adquirem bens nos mercados globais. Percebe-se que este ímpeto não é muito grande nas empresas brasileiras, se compararmos as nações do G20, o Brasil fica muito atrás. Isto porque há uma tendência consolidada no mercado interno no Brasil. Além deste padrão, há que se analisar também a quantidade de multinacionais de raiz brasileira, neste ponto, o Brasil também não se destaca muito em relação a seus pares do G20. As empresas brasileiras não têm o ímpeto de internacionalizarem, o Brasil forma poucas multinacionais. Um comportamento que necessita ser mudado para que tenhamos um aumento nas nossas transações de Balanço de Pagamentos. 4.1. Ambiente regulatório A regulação do comércio exterior no Brasil fica sob a guarda do MDIC – Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços. No entanto, as operações de comércio exterior – tributação no comércio exterior brasileiro, importação, exportação e regimes aduaneiros especiais – estão todas sob a 23 Políticas de Comércio Exterior – Unidade nº 2 – Questões Cambiais tutela da RFB – Recita Federal do Brasil – que comumente edita INs – Instruções Normativas – que versem sobre despachos aduaneiros, tributos, operações de comércio exterior e regimes aduaneiros especiais. O documento regulador de todas as operações de comércio exterior no Brasil é o regulamento aduaneiro, Decreto 6.759/09, onde são definidas as questões fiscais, tributárias e aduaneiras, a partir dele a autoridade aduaneira define normas infralegais para regular todas as demandas de comércio exterior destacadas neste decreto. Outro documento legal importantíssimo ao comércio exterior brasileiro é a Portaria Secex 23. Que também irá regular as burocracias operacionais do comercio exterior brasileiro. 4.2. Os regimes aduaneiros especiais – suspensão tributária no ambiente político-legal brasileiro Os regimes especiais gozam de algumas características gerais, embora cada um deles possua as suas especificidades. No entanto, há algumas normas gerais aplicáveis a todos os regimes. A ação dos regimes aduaneiros especiais é única e exclusivamente afeta os bens, mercadorias e equipamentos. Não sendo, então, aplicável a serviços. Como primeira característica geral destes regimes, temos suspensão dos tributos federais e no caso do tributo estadual ICMS, o qual dependerá de convênio firmado pela Administração Pública Estadual. Este é o principal foco dos regimes aduaneiros especiais: suspensão das obrigações tributárias federais e, por convênio, das obrigações tributárias estaduais. No caso específico do Estado do Rio de Janeiro, a opção se dá pela regra da suspensão tributária do ICMS, firmada por convênio entre as Administrações Públicas 24 Políticas de ComércioExterior – Unidade nº 2 – Questões Cambiais Federais e Estadual. Por suspensão tributária entende-se que por determinado prazo os tributos não serão pagos, a autoridade aduaneira não poderá exigir os tributos relacionados à importação ou exportação do contribuinte ou a ele equiparado. Condicionando a exigência do tributo a uma condição futura – uma postergação com vistas a um evento futuro. Entende- se, então, que a principal abrangência dos regimes são os tributos federais e, dependendo do Estado da Federação, do ICMS. A segunda característica a ser observada nos regimes diz respeito ao prazo de concessão do regime. Há, como regra geral, um prazo de suspensão das obrigações tributárias por um ano prorrogável até cinco anos. A exceção se configura com a possibilidade da prorrogação ocorrer por mais de cinco anos, todavia carece de regulamentação por parte do Ministério da Fazenda. Em se tratando de vinculação entre a mercadoria em regime aduaneiro especial e um contrato de prestação de serviço, o prazo de suspensão das obrigações tributárias será o descrito no contrato, com as regras de ser um contrato por prazo certo e haver interesse nacional. A prorrogação será na mesma medida de tempo do contrato. A terceira característica geral dos regimes é a necessidade em se formalizar o compromisso com o adimplemento das regras do regime no que diz respeito à tributação, há a necessidade, para isso, em se firmar um termo de responsabilidade. A próxima característica geral dos regimes é também a suspensão (ou isenção) de uma taxa federal de uso de serviços públicos, trata-se de suspensão do Adicional ao Frete para Renovação de Frota de Marinha Mercante (AFRMM). Isto para o caso do importador realizar a sua logística internacional por via marítima (de longo curso), entretanto não se menciona a suspensão de outra taxa com relação à logística internacional por via aérea, o 25 Políticas de Comércio Exterior – Unidade nº 2 – Questões Cambiais ATAEREO. Para este tributo federal não há previsão de suspensão ou isenção. Entretanto, cabe a suspensão de tal taxa devido à exoneração do ICMS caso haja convênio entre a receita federal e receita estadual. Assim, havendo suspensão de ICMS não haverá necessidade de pagamento de ATAEREO. 4.3. Regimes cambiais A taxa de câmbio é a taxa, o valor que mede a troca de uma determinada moeda nacional por uma divisa internacional, normalmente o dólar americano. Um valor de compra de uma moeda por outra. “Como a taxa de câmbio é um preço, ela se altera ao longo do tempo. Essas alterações são denominadas valorização ou apreciação, quando o poder de compra da moeda doméstica aumenta, ou seja, quando são necessárias menos unidades da moeda interna para adquirir a moeda externa; e desvalorização ou depreciação, quando o poder de compra da moeda doméstica diminui.” (TRIPOLI, A., p.120). Em um regime de taxas de câmbio livre ou dirty floating este movimento é visto com bastante frequência. “Quando as autoridades monetárias não adotam nenhum mecanismo que interfira no mercado cambial, estamos diante do regime de câmbio livre ou flutuante. Essa denominação expressa que o mercado cambial é livre para que o preço possa oscilar ou flutuar conforme as forças de oferta e demanda por divisas. Nesse regime, são justamente as forças de oferta e demanda que determinam o preço da moeda estrangeira, como se fosse um bem qualquer no mercado.” (TRIPOLI, A., p.125-126). Neste regime cambial, a autoridade monetária local não se intromete de forma alguma nas leis de oferta e demanda por divisas, o mercado segue livre negociando os valores das divisas sem quaisquer interferências estatais, não há regulação de valores por parte da autoridade monetária da nação. A questão é que há momentos em que uma moeda local pode sofrer algum tipo de ataque especulativo ou os agentes 26 Políticas de Comércio Exterior – Unidade nº 2 – Questões Cambiais econômicos podem não achar válido manterem seu capital nesta nação, saem do mercado forçando a um desequilíbrio monetário. É, em verdade, uma política cambial altamente liberal, os países, por mais liberais que sejam, não utilizam este regime. É na possibilidade de ocorrência de fatos como estes que nasce um híbrido do regime de câmbio livre. Uma profilaxia a desequilíbrios cambiais, assim “o regime é sujo quando a autoridade monetária, em algum momento de desequilíbrio (taxa cambial extremamente elevada, decorrente de uma forte oscilação, por exemplo), interfere no mercado, podendo comprar ou vender.” (TRIPOLI, A., p.126). A maior parte das nações utiliza este regime cambial, com interferências pontuais. Pode ser uma nação não tenha o feito por uns 20 anos, isto não quer dizer que o regime é de câmbio livre, somente diz que não houve necessidade em a nação intervir no mercado. “Um regime é classificado como de bandas cambiais quando a autoridade monetária adota os valores máximo e mínimo, os quais determina os limites (superior e inferior, respectivamente) que o preço da moeda estrangeira pode ter.” (idem). “O último é o regime de câmbio fixo, termo utilizado quando o governo determina qual é o valor da conversão da moeda nacional em moeda estrangeira.” (idem). A influência da tecnologia no comércio internacional Tecnologia Influência Resultado Container Maior produtividade no transporte de mercadorias e operações portuárias Aumento do comércio de bens 27 Políticas de Comércio Exterior – Unidade nº 2 – Questões Cambiais Navios Neo-Panamax Aumento da capacidade de carga Maior quantidade de bens que puderam ser transacionados Superpetroleiros Possibilidade de carregar um maior volume de petróleo bruto, a maior fonte de energia do século Suprimento de energia aos países importadores de petróleo, aumento do poder econômico e político dos países exportadores Cadeias Globais de Valor Segmentação da produção ao redor do mundo Maior especialização das nações em termos de competitividade, maiores transações comerciais internacionais Internet e telecomunicações Maior amplitude de comunicações Possibilidade de ampliar os contatos e negociações entre empresas e pessoas. Compra e venda on- line. 28 Políticas de Comércio Exterior – Unidade nº 2 – Questões Cambiais Síntese: Chegamos ao fim desta unidade. Aprofundamos nossos conhecimentos acerca do funcionamento do câmbio no cenário do comércio internacional, suas implicações à economia dos países e as diferentes políticas que podem ser adotadas pelos países e as diferentes consequências destas decisões interna e externamente, comercialmente falando. Nesta unidade você teve a oportunidade de: Associar o câmbio ao cenário do comércio internacional; Diferenciar os tipos de regimes cambiais existentes; Saber mensurar o comportamento das taxas cambiais; Entender como se mantém vantagem no comércio internacional a partir das taxas de câmbio; Situar-se quanto aos mecanismos regulatórios monetários e financeiros internacionais; Entender as transformações tecnológicas e produtivas no comércio internacional; Aprender diferentes aspectos analíticos relevantes para as transações internacionais de comércio. 29 Políticas de Comércio Exterior – Unidade nº 2 – Questões Cambiais Bibliografia: CARVALHO, Genésio de. Introdução às finanças internacionais. Ed. Pearson Prentice Hall, 2007, São Paulo. CAVUSGIL, S. Tamer. Negócios internacionais: estratégia, gestão e novas realidades. São Paulo, Pearson Prentice Hall, 2010. KEEGAN, Warren J. Marketing global. São Paulo, Ed. Saraiva, 2013. MANKIW, N. Gregory. Introdução à Economia. Ed. Cengage Learning, 2008. São Paulo. MAXIMIANO, Antônio Cesar Amaru. Teoria geral da administração: da revolução urbana à revolução digital. 5ª edição.São Paulo: Atlas, 2005. ROSS, Stephen e Westerfield, Randolph. Administração financeira: Corporate Finance. Ed. Atlas, 2007, São Paulo. TRIPOLI, Angela Cristina Kichinsky, Comércio exterior: teoria e prática. Ed. Intersaberes, Curitiba.
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