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Unidade 2 Questões Cambiais

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1 Políticas de Comércio Exterior – Unidade nº 2 – Questões Cambiais 
 
 
Políticas de 
Comércio Exterior 
 
Unidade Nº 2 – Questões Cambiais 
 
 
Frederico Teixeira Costa 
 
 
 
2 Políticas de Comércio Exterior – Unidade nº 2 – Questões Cambiais 
Introdução 
 Para questões concernentes à execução de trocas comerciais 
entre diferentes nações, será sempre preponderante a observação da 
regulação desses trânsitos financeiros, para além de somente a mudança de 
moeda entre um país e outro. 
É evidente a regulação e observação dos impostos que recaem em cada 
situação comercial, bem como as políticas cambiais definidas por cada país em 
consequência da orientação econômica que o governo em vigência adote para 
as trocas internacionais e para a tarifação. 
Sendo assim, nessa unidade nos ateremos ao estudo das questões 
cambiais. 
Bons estudos! 
1. Política Cambial 
Ao falar de câmbio, é mister definir o que é uma taxa de câmbio. “Uma 
taxa de câmbio é o preço da moeda de um país em termos da moeda de 
outro país. Na prática, quase toda a negociação de moedas ocorre em termos 
de dólares americanos.” (ROSS, S. WESTERFIELD, R. 2007, p.699). Trata-se tão 
somente de uma relação entre duas moedas distintas, obviamente de duas 
nações distintas. Frequentemente, a relação é feita de forma a calcular uma 
moeda local contra uma moeda internacional ou as chamadas divisas – 
moedas fortes. A noção de taxa de câmbio é a de uma precificação de uma 
mercadoria. Sim, a moeda neste sentido é uma mercadoria com preço e está 
sujeita a variações de preços ao longo do tempo, ou seja, parte de uma curva 
de oferta e demanda. 
 
 
3 Políticas de Comércio Exterior – Unidade nº 2 – Questões Cambiais 
Devido ao movimento de compra e venda de moedas no mercado 
mundial em alguns países, a taxa de câmbio tende a sair do seu patamar de 
realidade. Isto devido às características do país, tais como inflação, 
disponibilidade de moeda, custos de transações etc. Assim, há uma diferença 
entre taxa real e taxa nominal. “A taxa de câmbio nominal é a taxa à qual uma 
pessoa pode trocar a moeda de um país pela de outro. (...) A taxa de câmbio 
real é a taxa à qual uma pessoa poderá trocar os bens e serviços de um país 
pelos bens e serviços de outro pais.” (Mankiw, G. 2008, p.686). 
O câmbio é de extrema importância para a política comercial das 
nações, uma vez que a interface de uma nação com outros países ou com o 
mercado externo é contabilizada por meio de seu Balanço de Pagamentos. E 
este é contabilizado em dólares americanos, moeda fiduciária mundial desde 
que os EUA interromperam o sistema de Bretton Woods, acabando com a 
conversibilidade do dólar em ouro. 
 “Porém, também outros fatores que afetam a oferta e procura de 
moedas podem ser identificados, alterando dessa forma as taxas de câmbio e, 
por sua vez, os resultados. Exercem pressões sobre a oferta de moeda no 
mercado de divisas: 
 Exportadores de bens e serviços; 
 Receptores de investimentos diretos estrangeiros no Brasil (a 
exemplo das filiais das empresas transnacionais); 
 Os tomadores de empréstimos e financiamentos internacionais. 
Estes agentes pressionam a oferta por divisas porque, ao receberem 
suas ordens de pagamento, as trocam por moeda brasileiras, em operações 
de câmbio realizadas por meio de instituições financeiras. Em poder do BACEN 
( Banco Central), estas entradas de divisas estrangeiras elevam as reservas 
internacionais. 
 
 
4 Políticas de Comércio Exterior – Unidade nº 2 – Questões Cambiais 
Por ouro lado, são agentes que pressionam a procura de moeda: 
 Os importadores; 
 As empresas que horam a liquidação de suas obrigações em 
moeda estrangeira. 
Estes agentes recolhem moeda brasileira para obter divisas 
estrangeiras e, assim, diminuem as reservas internacionais.” (Carvalho, G. 
2007, p.44). 
Depreende-se, então, que a política cambial de uma nação sofrerá 
fortíssima influência da política comercial adotada. Quanto mais a nação for 
aberta ao mercado, tanto maior será a atração por investimentos e atuação no 
comércio internacional de bens e serviços. Tanto mais empresas nacionais 
tornarem-se multinacionais, maior a entrada de capitais externos, via recepção 
de parte do lucro internacional destas companhias. 
1.1. Os regimes cambiais 
Os Bancos Centrais dos países são, em primeiro lugar, os responsáveis 
pela condução da política monetária de um país. E é o governo de uma nação 
quem decide o regime de câmbio a ser adotado, a política cambial que melhor 
lhe convier, ou seja, as formas como as flutuações das taxas de câmbio hão de 
se comportar, se haverá uma taxa fixa, flutuação suja ou flutuante. “O regime 
cambial é como se chama o referencial conceitual utilizado pelo país para 
ordenar as transações no mercado de câmbio em sua economia. O regime 
cambia define a forma de atuar no mercado, bem como a forma pela qual a 
autoridade monetária do país emissor da moeda intervém neste mercado.” 
(idem, p. 40-41). 
Há taxa de câmbio fixa, ou regime de câmbio fixo quando o governo 
mantém uma intervenção total na economia. A formação da taxa de câmbio 
não segue o movimento de mercado de oferta e demanda por moedas 
 
 
5 Políticas de Comércio Exterior – Unidade nº 2 – Questões Cambiais 
internacionais. Simplesmente o governo determina uma taxa e a fixa em valor 
para as transações entre moedas. Um padrão frequentemente visto em países 
com crises em seus Balanços de Pagamentos ou em nações onde há maior 
intervenção do Estado na regulação do mercado. 
Há taxa de câmbio flutuante, ou regime de câmbio flutuante quando o 
governo não intervém nas taxas de câmbio que seguem livres conforme a 
oferta e demanda de moedas no mercado de câmbio. Assim, o mercado é 
quem determina as taxas de compra e venda de moedas. 
Mas, em verdade, nenhum governo, em qualquer país cujo regime de 
câmbio seja flutuante, não se deixará a taxa totalmente livre ao sabor do 
mercado. Em momentos em que se perceba uma intensa valorização ou 
desvalorização de sua moeda, ou um agressivo ataque especulativo a esta, a 
fim de regular o mercado e impedir problemas econômicos derivados destas 
intensas flutuações, o governo intervém a fim de conter a situação de alta 
volatilidade da moeda local frente às moedas internacionais. A taxa é livre, mas 
não muito, há uma leve intervenção estatal e tal regime recebe a alcunha de 
dirty floating ou flutuação suja. Assim, é um regime de livre cambismo, no 
entanto, com uma pequena e pontual intervenção do governo no mercado 
quando julgar necessário. 
Há outras formas distintas de regimes cambiais, mas as básicas são 
estas três, sendo as demais variações destes três tipos. 
1.2. O comportamento das taxas de câmbio 
“O FX – ou mercado de câmbio – é o ambiente ou plataforma em que se 
dá a liquidação financeira as moedas dos vários países e das divisas 
internacionais. É também nesse mercado que ocorrem as compensações 
financeiras derivadas de transações havidas no comércio internacional havidas 
 
 
6 Políticas de Comércio Exterior – Unidade nº 2 – Questões Cambiais 
em decorrência de compromissos bilaterais entre países. Esses compromissos 
incluem principalmente as operações de importação e exportação ente países, 
além de movimentação de capitais de um país para o outro em casos de 
financiamentos ou investimentos internacionais.” (idem, p. 21). Como o 
mercado de câmbio não difere em essência dos demais mercados, a lei da 
oferta e da demanda obviamente também se aplicará a ele. Neste caso será 
de oferta e demanda por divisas, moedas internacionais. 
A taxa de câmbio, a qual é anunciada nos jornais com base nas 
informações diárias prestadas pelo BACEN, é aquela na qual, a determinado 
preço e quantidade, os ofertantes desejam vender e os demandantes querem 
comprar. Mas por ser um mercado extremamente dinâmico estas taxas 
flutuam diversas vezes durante o diaaté o fechamento do mercado, 
mostrando este movimento dinâmico entre vendedores e compradores. 
Exceto em alguns casos em que o BACEN intervém no mercado, seja para 
enxugar a quantidade de moeda estrangeiras, comprando-a; seja para pôr 
moeda estrangeira no mercado, ofertando-a. Ambos os movimentos para 
conter baixa expressiva em seu valor ou altas expressivas, respectivamente. 
Assim, por esta ideia da oferta e demanda pode-se entender que o 
preço determina as quantidades vendidas e compradas, quando a oferta se 
igualar a demanda. De onde se conclui que a taxa de câmbio a determinado 
momento é o preço em que os ofertantes e demandantes aceitam para troca 
de determinada quantidade de moeda. Isto levando-se em conta que o país 
adote taxas de câmbio flutuante ou a flutuação suja. 
1.3. Como manter vantagem no comércio internacional através do 
câmbio? 
As vantagens se darão exatamente pelas variações cambiais de uma 
nação. Mormente, a liberdade econômica de um país e permite que variações 
 
 
7 Políticas de Comércio Exterior – Unidade nº 2 – Questões Cambiais 
nas taxas cambiais lhe permitam um aporte maior de IDE ou maior entrada 
nos mercados globais. “A justificativa básica para que haja um mercado onde 
se transacionam moedas é o fato de que estas são trocas fundamentais, sem 
as quais seriam inviáveis as transações internacionais nos mercados de 
mercadorias, serviços e ativos. O comércio internacional destes bens e 
serviços exige a adoção de um denominador comum para as suas trocas; e é a 
moeda o instrumento de troca eleito para tanto. Em outras palavras, a 
existência de transações de câmbio decorre diretamente da existência de 
transações comerciais.” (idem, p. 21). 
No entanto, isto não impede que um país onde o câmbio seja fixo tais 
oportunidades não sejam vistas, vide o exemplo da China, um país sob o rígido 
controle político e social estadista, mas que dá certa “liberdade” econômica a 
certos agentes. Uma taxa de câmbio fixa pode dar a nação, maior vantagem 
competitiva nos mercados globais, estando depreciada ao comando do 
Estado, levando os bens e serviços desta nação a este mercado, em valores 
menores, garantindo-lhe a supremacia, trazendo divisas ao país por meio das 
exportações. No entanto, perderá investimentos, uma vez que será mais caro 
entrar neste país. 
Com relação a economias nas quais haja uma maior liberdade cambial, 
por haver variações frequentes – dirty floating ou flutuante – haverá momentos 
em que a moeda local, ou nacional, estará apreciada em relação às divisas. Ou 
seja, com menos moeda local compra-se mais divisas internacionais, é 
momento em que as importações serão benéficas a este país. Isto porque 
poder-se comprar no exterior, nos mercados globais a um preço baixo, com 
isso o industrial local poderá melhorar o parque do país adquirindo tecnologia 
de ponta, produzida nos maiores mercados globais desenvolvedores deste 
tipo de bem. Não obstante, é um momento propício, em termos de análise 
 
 
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cambial, as empresas se internacionalizarem, pois, os ativos internacionais 
estarão mais baratos. A tendência na Conta Corrente do país será de déficit. 
Em sentido contrário, ao se inverter a tendência cambial e a moeda 
local tornar-se depreciada, com mais moeda nacional compra-se menos 
divisas internacionais. É o momento ideal às exportações e ao IDE no país, pois 
os ativos desta nação estarão a valores melhores nos mercados globais. A 
tendência do saldo em Conta Corrente no Balanço de Pagamentos será de 
superávit, país exportando mais e recebendo IDEs. 
2. Os mecanismos regulatórios financeiros e 
monetários 
 “Um sistema financeiro pode ser definido como o conjunto de 
instituições, regras, capacidades e práticas disponíveis para permitir o pleno 
funcionamento da economia e, dentro desta, mais específica e concretamente, 
a rentabilização da poupança e a obtenção de financiamentos para 
investimentos e despesas. A definição tanto vale para os sistemas financeiros 
nacionais quanto para os sistemas financeiros internacionais (SFI), que cumpre 
esta função em nível mundial.” (idem, p. 61). 
Para começar o estudo do sistema monetário internacional, ter em 
mente que o mundo atual está sob a égide das flutuações monetárias é 
fundamental. Isto porque no pós-Guerra as nações partiram para a adoção de 
um sistema de câmbio flexível, ou no máximo de flutuação suja – com poucas 
intervenções estatais (Banco Central) no mercado internacional de divisas – 
tornou-se regra. Abandonando o padrão-ouro e o câmbio fixo. Assim, as 
moedas internacionais passam a seguir a lei de Oferta e Demanda. Isto tem 
causado as crescentes volatilidades neste mercado. 
 
 
9 Políticas de Comércio Exterior – Unidade nº 2 – Questões Cambiais 
A quem entende de oferta e demanda, compreende que a lei de 
mercado servirá também para o mercado de trocas de bens e serviços 
internacionais, bem como no mercado de troca de moedas. Pois são 
mercadorias precificadas. Ora, se precificadas, haverá o encontro entre a 
quantidade demandada e a ofertada. Ou seja, o equilíbrio ocorrerá no ponto 
em que a determinado preço, a quantidade que os demandantes querem 
adquirir é a mesma onde os ofertantes querem ofertar. Levando isto para o 
mercado de divisas, USD 1,00 é igual a R$ 3,6784, ou seja, no dia 05 de 
fevereiro de 2019 os ofertantes e demandantes por dólares americanos 
aceitam negociar um valor de 3,6784 reais por dólar. E um mercado livre de 
intervenções estatais está sujeito à vontade do mercado, portanto, a 
ofertantes e demandantes. A exceção a esta regra é vista em países 
comunistas, ou como preferem alguns, socialista, cujo controle estatal político, 
social e econômico é total, não há, na maior parte dos casos, a liberdade de 
agir dos agentes econômicos. 
Assim, os negócios internacionais e governos – players no mercado 
financeiro internacional – enfrentam diariamente, em suas operações 
financeiras internacionais, esta volatilidade nas taxas de câmbio entre moedas 
tidas como fortes, as chamadas divisas, e as suas respectivas moedas 
nacionais. E isto foi bom. Porque tal cenário ensejou a criação de políticas que 
busquem prevenir e reagir a esta volatilidade monetária, mecanismos criados 
por empresas multinacionais e governos para que suas perdas sejam 
minimizadas nas operações financeiras internacionais diárias. Pois em um 
mercado onde há a liberdade de ações dos agentes – com poucas ou quase 
nenhuma intervenção do Estado – as moedas vão mudando de valor de 
acordo com a necessidade dos negociantes ou questões políticas de cada 
nação. 
 
 
10 Políticas de Comércio Exterior – Unidade nº 2 – Questões Cambiais 
É neste cenário em que empresas multinacionais, bancos 
internacionais, corretores de câmbio, negócios, mesmo os pequenos, cujo 
trabalho cotidiano é focado em logística internacional ou comércio exterior, 
bem como os diversos Estados Nacionais estão envolvidos e operando todos 
os dias, negociando compra e venda de um ativo precioso no mundo 
moderno: as moedas estrangeiras, ou como são conhecidas no mercado: 
divisas. Sendo elas a principal nas trocas e transações internacionais o dólar 
americano. 
“A conferência de Bretton Woods, em 1944, criou duas instituições 
irmãs: o Bird – Banco Interamericano para Reconstrução e Desenvolvimento, 
hoje incorporado as instituições que compõem o Grupo Banco Mundial; e o 
FMI – Fundo Monetário Internacional. Ambas passaram, com o tempo, a ser 
conhecidas como ‘as instituições multilaterais de Bretton Woods’. A criação 
dessas duas instituições pode ser considerada um marco histórico na 
cooperação internacional entre as nações.” (idem, p. 78). 
2.1. O financiamento e criação de riqueza mundial 
No ciclo econômico global, há a total necessidade (e dependência) da 
criação e do uso de fundos, capitais mais precisamente,para circular nos mais 
distintos mercados financeiros globais. Diariamente eles se movimentam entre 
grandes corporações, organizações e nações. 
Esta movimentação de capitais se dá por meio de três distintas formas: 
comércio internacional, câmbio de moedas e investimentos. Será sempre que 
tais movimentações irão se dar entre os chamados residentes e não-
residentes de uma nação. Mas podemos trazer uma noção mais abrangente 
sob a forma de ampliar nossa discussão, pensando que este fluxo 
internacional de fundos, ou capitais, acontece entre diferentes nações ou 
blocos econômicos, ou empresas em diferentes partes do globo terrestre – as 
 
 
11 Políticas de Comércio Exterior – Unidade nº 2 – Questões Cambiais 
que possuem operações em diferentes partes do mundo – ou entre 
organizações e organismos internacionais. 
A ideia primaz para entendermos o que são Finanças Internacionais é 
compreendermos que há um fluxo de capitais ao redor de nosso planeta que 
irá suprir as nações com investimentos, ou possibilitar o investimento de uma 
nação em outra; fomentar o comércio internacional entre países ou blocos 
econômicos, permitindo a troca de bens e serviços entre as nações; e como há 
distintas moedas entre nações, há que se operar com a devida equivalência 
entre cada uma delas, para que as trocas de moedas possam ser efetivadas de 
maneira a manter a paridade entre distintas moedas, assim, o mercado 
internacional de câmbio será o terceiro ator nesta seara de estudos. Então, 
para sedimentar a definição de Finanças Internacionais, podemos entender 
que este campo de estudo irá tratar do movimento de capital ao redor do 
mundo, um fluxo monetário que servirá a atividade econômica global. 
Percebemos, pelo exposto, que as Finanças Internacionais fazem parte 
de um grande sistema que é a Economia Global. Como parte de um todo 
estará intimamente ligada a ela, logo, impactado pelas mudanças perpetradas 
na Economia Global. Está aqui o motivo de os capitais mundiais serem tão 
voláteis e buscarem mercados que apresentem melhores condições de 
rentabilidade. Está aqui o motivo de os chamados BRICS serem as grandes 
vedetes da economia mundial em nossa era, por apresentarem maiores 
desenvolvimentos socioeconômicos criando maiores possibilidades de 
retornos ao capital investido. 
Ora, podemos facilmente compreender que este fluxo de capitais 
promovido pelas Finanças Internacionais é o responsável pela distribuição de 
fundos ao redor do globo terrestre. Sendo, então, esta a sua função, a 
redistribuição de renda, de fundos, de capital entre as nações e empresas ao 
 
 
12 Políticas de Comércio Exterior – Unidade nº 2 – Questões Cambiais 
longo deste mercado global e globalizado. Por esta função puramente 
distributiva, o fluxo de capitais, que tratam as finanças internacionais, irá ser o 
promotor da produção mundial e o desenvolvimento de setores econômicos 
mais diversos, bem como economias locais pelo mundo. 
Não obstante, as Finanças Internacionais têm como pilar o denominado 
o ambiente financeiro internacional, que congrega alguns sistemas que 
possibilitam o fluxo internacional de fundos. 
Aqui se poderá ver, como pequeno resumo, os sistemas que unidos 
serão os fomentadores dos fluxos internacionais de capitais: 
1. Sistema monetário internacional: baseado nas trocas 
internacionais de moedas entre as nações, basicamente é o mercado 
internacional de câmbio, no qual são perpetradas as trocas internacionais de 
moedas entre as nações; 
2. Pagamentos internacionais: tais pagamentos serão feitos para 
cumprir obrigações referentes à troca de bens, serviços e demais fatores de 
produção entre nações, bem como irá fazer acontecer diretamente as 
transações do Balanço de Pagamentos dos diversos países. Havendo 
pagamentos e recebimentos de capitais há uma operação de pagamento 
internacional; 
3. Mercados financeiros internacionais: é o mercado no qual são 
operados – por meio de trocas – de produtos financeiros entre nações e 
empresas, tais como seguros, moedas, empréstimos e financiamentos. 
Notadamente é a seara dos bancos comerciais internacionais; 
4. Tributação internacional: aqui serão observados os sistemas de 
tributação internacional, inclusive as questões relativas ao Tranfer Price 
(Preços de Transferência); 
 
 
13 Políticas de Comércio Exterior – Unidade nº 2 – Questões Cambiais 
5. O Gerenciamento das Finanças Internacionais: é praticamente o 
campo da gestão de finanças das empresas – Finanças Corporativas – mas 
esta, em especial, aplicada ao mercado internacional ou, melhor dizendo, a 
gestão das finanças de uma empresa internacional, na qual se verá operação 
relativa a investimento direto estrangeiro, gerenciamento de riscos e fluxos de 
caixa, decisões sobre financiamento e ampliação do investimento 
internacional, etc. 
2.2. A globalização financeira 
Com o advento de uma união dos mercados financeiros globais, os 
sistemas financeiros nacionais unem-se a um sistema financeiro mundial, que 
por sua vez criou uma globalização das finanças. Essa globalização financeira 
gera os fluxos financeiros de capital, os quais são efetuados e efetivados a 
todo o momento nos diversos mercados internacionais. Isto porque há 
(diversas) operações realizadas no ambiente financeiro internacional feitas a 
todo minuto, diariamente, no mundo inteiro. 
No entanto, este movimento internacional de capitais não acontece por 
mero acaso. São somas vultosas de dinheiro, na maior parte dos casos, e para 
tal os administradores financeiros, CFOs e responsáveis por finanças 
internacionais em nações e organismos internacionais tomam suas decisões 
com base em alguns aspectos ou critérios, principalmente quando se trata de 
um investimento direto estrangeiro – de maior vulto e de retorno em longo 
prazo. Assim são analisadas as atividade econômica do país e a estrutura de 
seu balanço de pagamentos, as relações internacionais e econômicas entre as 
duas nações ou organizações, os termos para as transações financeiras e 
monetárias, segurança jurídica, dentre outros. 
Os principais fatores que podemos elencar para a globalização 
financeira e a ampliação do fluxo internacional de capitais são: 
 
 
14 Políticas de Comércio Exterior – Unidade nº 2 – Questões Cambiais 
1. Economia global, a sua condição no momento, tais como 
crescimento econômico, taxa de ampliação do comércio internacional; 
2. Redução das barreiras comerciais, quanto menores, maiores os 
fluxos de capitais percebidos por um estado nacional; 
3. Diferenças nas taxas de crescimento econômico entre as nações, 
permitindo que o fluxo de capitais siga a nações que lhes deem maior retorno 
aos seus investimentos de acordo com o risco percebido pelo investidor; 
4. Reestruturação das economias ao logo do mundo, exemplo de 
algumas economias do mundo islâmico e africano; 
5. Os níveis de inflação de uma nação e a taxa de juros praticada 
por seus Bancos Centrais, esta é quem define o custo do capital de um país; 
6. A comparação entre o nível de entrada do estado nacional nos 
mercados globais, por meio de seu comércio exterior, e os fluxos de capitais; 
7. Abertura comercial de uma nação, ampliando o comércio 
internacional de bens e serviços; 
8. Atração de investimentos diretos estrangeiros para um país que 
possibilite a entrada de capitais de boa qualidade, para investimentos em 
novas operações industriais, compra de ativos por meio de privatizações ou de 
fusões e aquisições de empresas; 
9. Mudanças no paradigma industrial do país, saindo de uma nação 
extrativista, com uso intensivo de mão de obra, para uma economia mais 
direcionada a produção do conhecimento e atividade industrial; 
10. A ampliação do balanço de pagamento das nações; 
 
 
15 Políticas de Comércio Exterior – Unidade nº 2 – Questões Cambiais 
11. A diversificação das indústrias nacionais, mudando o foco de 
seus investimentos parao mercado externo, tornando-se empresa multi ou 
transnacional. 
A ideia principal na decisão pelo aumento dos fluxos de capitais se dá 
no campo das oportunidades oferecidas ou percebidas pelos agentes 
econômicos. Notadamente em países que decidem por abrir mais a sua 
economia ao empreendedorismo global e aos capitais internacionais. É 
ululante que tais movimentos são operacionalizados pelos bancos 
internacionais, operadoras de câmbio, instituições que promovam créditos e 
financiamentos, bolsas de valores, formatando assim o mercado financeiro 
global. 
Já podemos ter a compreensão daquilo que produz fluxos de capitais e 
quais fatores lhes são atraentes. Falta-nos ter agora em mente quais serão os 
canais de distribuição destes fluxos de capitais internacionais. Assim os 
capitais internacionais se darão por meio de moedas – nas trocas 
internacionais de bens e serviços, créditos e financiamentos –, investimento 
direto estrangeiro – em formação de capital fixo ou capital flutuante 
(investimento no mercado financeiro local) –, transações com moedas – divisas 
internacionais – transações por meio de produtos financeiros e, por fim, as 
assistências entre as nações e contribuições entre as mais diversas 
organizações e organismos internacionais. 
3. As transformações tecnológicas e produtivas no 
Comércio Internacional 
 
O modelo fordista de produção criou a produção em massa, com sua 
linha de montagem móvel. Uma enorme inovação à época. “A linha de 
 
 
16 Políticas de Comércio Exterior – Unidade nº 2 – Questões Cambiais 
montagem móvel, na qual o produto em processo desloca-se ao longo de um 
percurso, enquanto os operadores ficam parados, desenvolveu-se 
rapidamente. (...) As consequências forma espantosas. O tempo médio de ciclo 
foi reduzido para 1.19 minuto, por causa da imobilidade do trabalhador. A 
nova tecnologia também reduziria a necessidade de investimento de capital. A 
velocidade maior da produção reduziria também os custos de estoque de 
peças à espera da montagem. Melhor de tudo, quanto mais carros eram 
fabricados, mais baratos eles ficavam.” (Maximiano, A. 2005, p. 68). Com esta 
ideia, os japoneses criaram um sistema de redução de estoques – de matéria-
prima e de produtos acabados – o que deu uma maior agilidade e redução de 
custos de produção, foi o sistema Just-in-Time. Ao mesmo tempo em que 
desenvolviam fornecedores ao longo do sudeste asiático, partes da China e 
Coréia do Sul, criando uma cadeia de suprimentos fora do Japão. 
Com base nestas três inovações, diante de um mundo que se 
internacionalizou e melhorou as condições para o comércio internacional. 
Nasce um processo novo, de produção sobre a base do modelo fordista de 
produção, aliado ao Just-in-Time, em que cada parte de um bem é produzida 
em diferentes partes do mundo, com baixos estoques de produtos em 
transformação, de insumos e produtos finais. Uma linha de montagem móvel 
ao longo dos cinco continentes. 
“A globalização promoveu um novo dinamismo na economia mundial, o 
surgimento dos blocos de integração econômica regional, a expansão do dos 
fluxos globais de investimentos e financeiros, a convergência de estilos de vida 
e necessidade dos consumidores e a globalização da produção. No nível 
empresarial, esse fenômeno leva à reconfiguração das cadeias globais de valor 
das empresas – a sequência de atividades de valor agregado, como 
suprimentos, manufatura, marketing e distribuição – em escala global.” 
 
 
17 Políticas de Comércio Exterior – Unidade nº 2 – Questões Cambiais 
(CAVUSGIL, T. 2010, p. 44). Assim a concepção de design de um bem poderá 
ser feita na Europa, seus componentes, partes do produto final, virem do 
México, do Brasil, da Austrália, sua montagem na China, seu sistema 
operacional e software dos EUA e, ao fim da montagem, sua distribuição ser 
capitaneada por uma empresa da Coreia do Sul. 
A este processo de produção a nível global foi lhe dado o nome de 
Cadeias Globais de Valor – Global Value Chains. 
3.1. Inovações e o comércio internacional 
No ano de 2014, cem anos após a inauguração do canal do Panamá, o 
governo panamenho anunciava a ampliação de seu importantíssimo canal. A 
inauguração só ocorreu dois anos após, mas a ideia mantinha-se firme, um 
canal em que pudesse transitar navios maiores, com maior capacidade de 
carga, mais inovadores. Foi a inovação nos transportes internacionais ao longo 
do século XX que permitiu, também, um maior acréscimo do comércio global. 
“É provável que os mais importantes fatores da globalização dos 
mercados, a partir da década de 1980, sejam os avanços tecnológicos em 
comunicações, informação, manufatura e transporte. Se, por um lado, a 
globalização torna a internacionalização imperativa, por outro, os avanços 
tecnológicos fornecem os meios para que ela ocorra.” (idem, p. 29). Ao longo 
do século passado, o avião a jato e de proporções maiores possibilitou um 
maior transporte de cargas internacionais ao longo dos ares. Navios com 
capacidades de carga e específicos para cada tipo de produto possibilitaram a 
segmentação de mercado e, com isso, maior aproveitamento do transporte 
marítimo mundial. A invenção do container foi algo que deu um salto de 
produtividade ao comércio mundial de mercadorias, pois possibilitou a 
unitização de cargas em um único volume, facilitando sobremaneira as 
operações portuárias, agilizando-as. 
 
 
18 Políticas de Comércio Exterior – Unidade nº 2 – Questões Cambiais 
As inovações nas formas de comunicações e transmissão de dados 
foram outro ponto crucia para a ampliação da globalização dos mercados e 
um maior incremento do comércio mundial. As filiais de empresas espalhadas 
pelo mundo passaram a ter um poder e capacidade de comunicação muito 
maior, agilizando as suas decisões em todas as partes onde a organização 
opere. Obviamente que o mercado financeiro mundial acompanhou estas 
evoluções, tanto que as transferências monetárias entre organizações, bancos 
e demais players deste mercado se tornaram mais precisas, ágeis e de maior 
volume de transações. 
Produtos e serviços se beneficiaram de todo este arcabouço de 
inovação, puderam alcançar outros mercados que outrora não alcançavam. 
Melhorar suas performances e unir inovações as suas características. Além 
desta revolução criar a possibilidade de novos produtos e serviços que 
transformaram o modo de vida das pessoas no mundo moderno. 
3.2. A revolução tecnológica 
Ao abordar revoluções no âmbito industrial, vem à cabeça a lembrança 
da Revolução Industrial do século XVIII. Desde este momento da história da 
humanidade, os modelos econômicos e industriais vêm se aperfeiçoando e, 
evoluindo. Hoje o mundo chega à era de uma nova revolução. “A revolução 
digital é uma mudança de paradigma resultante dos avanços tecnológicos que 
permite a digitalização (exemplo, conversão do código binário) de fontes de 
informações analógicas, sons e imagem. As origens da revolução digital datam 
da metade do século XX.” (KEEGAN, W. 2013, p. 491). Foi este pioneirismo no 
pós-Guerra, aliás mais um deles, que possibilitou toda uma evolução no 
campo tecnológico, com ramificações nas telecomunicações, e que impactam 
e hão de impactar em um futuro bem próximo toda a cadeia industrial 
mundial. 
 
 
19 Políticas de Comércio Exterior – Unidade nº 2 – Questões Cambiais 
A tecnologia moderna possibilitou que as comunicações entre as mais 
distantes nações pudessem se encurtar ou, ao menos, tornarem-se menos 
custosas e burocráticas. Inimaginável há, pelo menos, 20 anos atrás uma 
conversa entre Brasil e Portugal por meio de imagens como é feito hoje em dia 
por Skype, sem contar poder se comunicar por internet em um aplicativo 
instalado em um telefone celular com uma pessoa em Tokyo no momento que 
se ande pela Avenida Rio Branco. Coisa jamais vista exceto em filmes como 
2001: Uma Odisseia no Espaço, de Stanley Kubrick.Hoje o mundo encontra-se na Era da Convergência. “Convergência é um 
termo que se refere à união de indústrias previamente separadas em 
categoriasde produtos.” A figura abaixo ilustra a convergência: 
Além da convergência, algo que só possível a ela, há uma nova 
perspectiva nos mercados mundial da internet das coisas (IoT – Internet of 
Things). Ou seja, a internet em todos os dispositivos que as pessoas utilizam, 
em suas casas, seus carros, etc. É a IoT quem permitirá, dentro em breve, a 
Industria 4.0, a indústria interligada pela internet. Novas revoluções e emoções 
virão. 
3.3. E-commerce 
 
 
20 Políticas de Comércio Exterior – Unidade nº 2 – Questões Cambiais 
“O temo e-commerce refere-se de modo geral a troca de produtos e 
serviços feita através da internet ou de outra rede on-line similar como um 
canal de vendas.” (KEEGAN, W. 2013, p. 495). Uma ferramenta de vendas e de 
entrada em mercados bastante utilizada nos últimos tempos, sem contar 
agora em que a internet e possibilidades enormes de interação estão nos 
bolsos ou mãos das pessoas ao redor do mundo por meio de seus 
smartphones. 
Alguns autores de internacionalização de negócios já têm mencionado 
em seus livros e estudos o e-commerce como sendo uma das estratégias de 
internacionalização, tornando-se, então, um estágio anterior às exportações, 
mais intimamente ligado a esta. Isto porque se pode alcançar os mercados 
globais por meio de vendas pela internet, onde os clientes buscam em sites de 
compra e, esta empresa, faz a entrega no local indicado por este comprador – 
casa ou local de trabalho. E não só o cliente final. O mesmo pode ser 
observado entre empresas. 
“As atividades de e-commerce poder sem divididas em três amplas 
categorias: mercado para o consumidor (B2C), mercado para mercado (B2B) e 
consumidor para consumidor (P2P). Muitas pessoas associam o e-commerce 
aos já conhecidos sites de compras como Amazon, ITunes Stores e eBay. 
Porém, o comércio de mercado para mercado constitui a maior parte da 
economia da internet e continuará a ser em um futuro próximo.” (KEEGAN, W. 
2013, p. 499). Com isso pode-se entender que como a primeira estratégia de 
entrada, a capilaridade de contatos na internet, inclusive por meio de 
relacionamentos em redes sociais, é enorme. O que dá a qualquer homem de 
negócios ou gestor internacional a possibilidade de obter contato, por meio da 
rede, com diversas pessoas ao redor do planeta. Tanto vender para o mundo 
 
 
21 Políticas de Comércio Exterior – Unidade nº 2 – Questões Cambiais 
quanto comprar do mundo pode ser feito pela internet, muito antes de a 
empresa iniciar firmemente uma exportação ou importação. 
Este fenômeno, ou, para muitos, esta revolução, fez com que as grandes 
empresas mundiais focassem parte de seus esforços financeiros, de RH e 
marketing à rede. Inicialmente utilizando a internet como uma excelente 
ferramenta de marketing e comunicação com seus mercados. Mas uma 
mudança de paradigma aconteceu na década passada, com a emergência das 
redes sociais, houve uma mudança que traçou profundas alterações no 
comportamento das pessoas ao redor do planeta Terra. Na era atual, as 
organizações mundiais buscam intermediarem-se com as pessoas por meio 
de redes sociais, há o contato direto da marca, produto ou serviços com seus 
clientes ou potenciais consumidores. Uma ambiente onde podem ser 
construídos relacionamentos, obtenção de informações sobre a performance 
da empresa junto a seus mercados, mas com um efeito colateral devastador, a 
reputação de uma marca, produto ou serviço pode ser destruída em minutos. 
Tal amplitude da internet por meio do B2C, B2B e P2P foi o motor 
impulsionador de algumas das empresas born globals, empresas que nascem 
sem se preocuparem com as “amarras” do mercado pátrio, desde sua 
concepção. São empresas que em seu DNA já há descrito a atuação e 
operação global. 
4. Aspectos analíticos do Comércio Internacional 
O primeiro e mais importante indicador do comércio internacional a 
uma nação é o índice de liberdade econômica, que, dentre outras coisas, 
mede o grau de abertura de seu mercado e facilidade para fazer negócios. 
Países com pouca ou nenhuma liberdade econômica tendem a ter uma 
atuação muito pífia do comércio global de bens e serviços, além de serem 
 
 
22 Políticas de Comércio Exterior – Unidade nº 2 – Questões Cambiais 
pouco atrativos aos investimentos estrangeiros. É difícil fazer negócios nestes 
países. 
Outro índice é o volume de transações que esta nação faz com resto do 
mundo. Este está determinado dentro do Balanço de Pagamentos de um país, 
na sua conta de transações correntes, ou conta corrente, onde será verificada 
a sua Balança Comercial. Aqui não importa se será deficitária ou superavitária, 
o que realmente importa é o volume de transações feitas por esta nação ao 
longo de um ano ou em períodos mais longos. Pela lista de países 
exportadores deste ano podemos ver a situação do Brasil, a 9ª economia 
mundial tem uma participação em 27ª no comércio global. 
Por fim, há que se analisar a quantidade de empresas nacionais que 
exportam – ou desejam fazê-lo – e que adquirem bens nos mercados globais. 
Percebe-se que este ímpeto não é muito grande nas empresas brasileiras, se 
compararmos as nações do G20, o Brasil fica muito atrás. Isto porque há uma 
tendência consolidada no mercado interno no Brasil. Além deste padrão, há 
que se analisar também a quantidade de multinacionais de raiz brasileira, 
neste ponto, o Brasil também não se destaca muito em relação a seus pares 
do G20. As empresas brasileiras não têm o ímpeto de internacionalizarem, o 
Brasil forma poucas multinacionais. Um comportamento que necessita ser 
mudado para que tenhamos um aumento nas nossas transações de Balanço 
de Pagamentos. 
 
4.1. Ambiente regulatório 
A regulação do comércio exterior no Brasil fica sob a guarda do MDIC – 
Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços. No entanto, as 
operações de comércio exterior – tributação no comércio exterior brasileiro, 
importação, exportação e regimes aduaneiros especiais – estão todas sob a 
 
 
23 Políticas de Comércio Exterior – Unidade nº 2 – Questões Cambiais 
tutela da RFB – Recita Federal do Brasil – que comumente edita INs – 
Instruções Normativas – que versem sobre despachos aduaneiros, tributos, 
operações de comércio exterior e regimes aduaneiros especiais. 
O documento regulador de todas as operações de comércio exterior no 
Brasil é o regulamento aduaneiro, Decreto 6.759/09, onde são definidas as 
questões fiscais, tributárias e aduaneiras, a partir dele a autoridade aduaneira 
define normas infralegais para regular todas as demandas de comércio 
exterior destacadas neste decreto. 
Outro documento legal importantíssimo ao comércio exterior brasileiro 
é a Portaria Secex 23. Que também irá regular as burocracias operacionais do 
comercio exterior brasileiro. 
 
4.2. Os regimes aduaneiros especiais – suspensão tributária no ambiente 
político-legal brasileiro 
Os regimes especiais gozam de algumas características gerais, embora 
cada um deles possua as suas especificidades. No entanto, há algumas 
normas gerais aplicáveis a todos os regimes. A ação dos regimes aduaneiros 
especiais é única e exclusivamente afeta os bens, mercadorias e 
equipamentos. Não sendo, então, aplicável a serviços. 
Como primeira característica geral destes regimes, temos suspensão 
dos tributos federais e no caso do tributo estadual ICMS, o qual dependerá de 
convênio firmado pela Administração Pública Estadual. Este é o principal foco 
dos regimes aduaneiros especiais: suspensão das obrigações tributárias 
federais e, por convênio, das obrigações tributárias estaduais. No caso 
específico do Estado do Rio de Janeiro, a opção se dá pela regra da suspensão 
tributária do ICMS, firmada por convênio entre as Administrações Públicas 
 
 
24 Políticas de ComércioExterior – Unidade nº 2 – Questões Cambiais 
Federais e Estadual. Por suspensão tributária entende-se que por 
determinado prazo os tributos não serão pagos, a autoridade aduaneira não 
poderá exigir os tributos relacionados à importação ou exportação do 
contribuinte ou a ele equiparado. Condicionando a exigência do tributo a uma 
condição futura – uma postergação com vistas a um evento futuro. Entende-
se, então, que a principal abrangência dos regimes são os tributos federais e, 
dependendo do Estado da Federação, do ICMS. 
A segunda característica a ser observada nos regimes diz respeito ao 
prazo de concessão do regime. Há, como regra geral, um prazo de suspensão 
das obrigações tributárias por um ano prorrogável até cinco anos. A exceção 
se configura com a possibilidade da prorrogação ocorrer por mais de cinco 
anos, todavia carece de regulamentação por parte do Ministério da Fazenda. 
Em se tratando de vinculação entre a mercadoria em regime aduaneiro 
especial e um contrato de prestação de serviço, o prazo de suspensão das 
obrigações tributárias será o descrito no contrato, com as regras de ser um 
contrato por prazo certo e haver interesse nacional. A prorrogação será na 
mesma medida de tempo do contrato. 
A terceira característica geral dos regimes é a necessidade em se 
formalizar o compromisso com o adimplemento das regras do regime no que 
diz respeito à tributação, há a necessidade, para isso, em se firmar um termo 
de responsabilidade. 
A próxima característica geral dos regimes é também a suspensão (ou 
isenção) de uma taxa federal de uso de serviços públicos, trata-se de 
suspensão do Adicional ao Frete para Renovação de Frota de Marinha 
Mercante (AFRMM). Isto para o caso do importador realizar a sua logística 
internacional por via marítima (de longo curso), entretanto não se menciona a 
suspensão de outra taxa com relação à logística internacional por via aérea, o 
 
 
25 Políticas de Comércio Exterior – Unidade nº 2 – Questões Cambiais 
ATAEREO. Para este tributo federal não há previsão de suspensão ou isenção. 
Entretanto, cabe a suspensão de tal taxa devido à exoneração do ICMS caso 
haja convênio entre a receita federal e receita estadual. Assim, havendo 
suspensão de ICMS não haverá necessidade de pagamento de ATAEREO. 
4.3. Regimes cambiais 
A taxa de câmbio é a taxa, o valor que mede a troca de uma 
determinada moeda nacional por uma divisa internacional, normalmente o 
dólar americano. Um valor de compra de uma moeda por outra. “Como a taxa 
de câmbio é um preço, ela se altera ao longo do tempo. Essas alterações são 
denominadas valorização ou apreciação, quando o poder de compra da 
moeda doméstica aumenta, ou seja, quando são necessárias menos unidades 
da moeda interna para adquirir a moeda externa; e desvalorização ou 
depreciação, quando o poder de compra da moeda doméstica diminui.” 
(TRIPOLI, A., p.120). Em um regime de taxas de câmbio livre ou dirty floating 
este movimento é visto com bastante frequência. 
“Quando as autoridades monetárias não adotam nenhum mecanismo 
que interfira no mercado cambial, estamos diante do regime de câmbio livre 
ou flutuante. Essa denominação expressa que o mercado cambial é livre para 
que o preço possa oscilar ou flutuar conforme as forças de oferta e demanda 
por divisas. Nesse regime, são justamente as forças de oferta e demanda que 
determinam o preço da moeda estrangeira, como se fosse um bem qualquer 
no mercado.” (TRIPOLI, A., p.125-126). Neste regime cambial, a autoridade 
monetária local não se intromete de forma alguma nas leis de oferta e 
demanda por divisas, o mercado segue livre negociando os valores das divisas 
sem quaisquer interferências estatais, não há regulação de valores por parte 
da autoridade monetária da nação. A questão é que há momentos em que 
uma moeda local pode sofrer algum tipo de ataque especulativo ou os agentes 
 
 
26 Políticas de Comércio Exterior – Unidade nº 2 – Questões Cambiais 
econômicos podem não achar válido manterem seu capital nesta nação, saem 
do mercado forçando a um desequilíbrio monetário. É, em verdade, uma 
política cambial altamente liberal, os países, por mais liberais que sejam, não 
utilizam este regime. 
É na possibilidade de ocorrência de fatos como estes que nasce um 
híbrido do regime de câmbio livre. Uma profilaxia a desequilíbrios cambiais, 
assim “o regime é sujo quando a autoridade monetária, em algum momento 
de desequilíbrio (taxa cambial extremamente elevada, decorrente de uma 
forte oscilação, por exemplo), interfere no mercado, podendo comprar ou 
vender.” (TRIPOLI, A., p.126). A maior parte das nações utiliza este regime 
cambial, com interferências pontuais. Pode ser uma nação não tenha o feito 
por uns 20 anos, isto não quer dizer que o regime é de câmbio livre, somente 
diz que não houve necessidade em a nação intervir no mercado. 
“Um regime é classificado como de bandas cambiais quando a 
autoridade monetária adota os valores máximo e mínimo, os quais determina 
os limites (superior e inferior, respectivamente) que o preço da moeda 
estrangeira pode ter.” (idem). 
“O último é o regime de câmbio fixo, termo utilizado quando o governo 
determina qual é o valor da conversão da moeda nacional em moeda 
estrangeira.” (idem). 
 
A influência da tecnologia no comércio internacional 
Tecnologia Influência Resultado 
Container 
Maior produtividade no 
transporte de 
mercadorias e 
operações portuárias 
Aumento do comércio 
de bens 
 
 
27 Políticas de Comércio Exterior – Unidade nº 2 – Questões Cambiais 
Navios Neo-Panamax 
Aumento da capacidade 
de carga 
Maior quantidade de 
bens que puderam ser 
transacionados 
Superpetroleiros 
Possibilidade de 
carregar um maior 
volume de petróleo 
bruto, a maior fonte de 
energia do século 
Suprimento de energia 
aos países 
importadores de 
petróleo, aumento do 
poder econômico e 
político dos países 
exportadores 
Cadeias Globais de 
Valor 
Segmentação da 
produção ao redor do 
mundo 
Maior especialização 
das nações em termos 
de competitividade, 
maiores transações 
comerciais 
internacionais 
Internet e 
telecomunicações 
Maior amplitude de 
comunicações 
Possibilidade de 
ampliar os contatos e 
negociações entre 
empresas e pessoas. 
Compra e venda on-
line. 
 
 
 
 
 
28 Políticas de Comércio Exterior – Unidade nº 2 – Questões Cambiais 
 
Síntese: 
Chegamos ao fim desta unidade. Aprofundamos nossos conhecimentos 
acerca do funcionamento do câmbio no cenário do comércio internacional, 
suas implicações à economia dos países e as diferentes políticas que podem 
ser adotadas pelos países e as diferentes consequências destas decisões 
interna e externamente, comercialmente falando. 
Nesta unidade você teve a oportunidade de: 
 Associar o câmbio ao cenário do comércio internacional; 
 Diferenciar os tipos de regimes cambiais existentes; 
 Saber mensurar o comportamento das taxas cambiais; 
 Entender como se mantém vantagem no comércio internacional a partir 
das taxas de câmbio; 
 Situar-se quanto aos mecanismos regulatórios monetários e financeiros 
internacionais; 
 Entender as transformações tecnológicas e produtivas no comércio 
internacional; 
 Aprender diferentes aspectos analíticos relevantes para as transações 
internacionais de comércio. 
 
 
 
29 Políticas de Comércio Exterior – Unidade nº 2 – Questões Cambiais 
Bibliografia: 
CARVALHO, Genésio de. Introdução às finanças internacionais. Ed. Pearson 
Prentice Hall, 2007, São Paulo. 
CAVUSGIL, S. Tamer. Negócios internacionais: estratégia, gestão e novas 
realidades. São Paulo, Pearson Prentice Hall, 2010. 
KEEGAN, Warren J. Marketing global. São Paulo, Ed. Saraiva, 2013. 
MANKIW, N. Gregory. Introdução à Economia. Ed. Cengage Learning, 2008. São 
Paulo. 
MAXIMIANO, Antônio Cesar Amaru. Teoria geral da administração: da 
revolução urbana à revolução digital. 5ª edição.São Paulo: Atlas, 2005. 
ROSS, Stephen e Westerfield, Randolph. Administração financeira: Corporate 
Finance. Ed. Atlas, 2007, São Paulo. 
TRIPOLI, Angela Cristina Kichinsky, Comércio exterior: teoria e prática. Ed. 
Intersaberes, Curitiba.

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