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Unidade 1 - O Comércio Internacional

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1 Políticas de comércio internacional – Unidade I – O Comércio Internacional 
 
 
 
Políticas de comércio 
internacional 
 
Unidade I – O Comércio Internacional 
 
Frederico Teixeira Crespo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 Políticas de comércio internacional – Unidade I – O Comércio Internacional 
 
1. O Comércio Internacional na vida humana 
Não há como negar que a atividade comercial acompanha a humanidade desde 
a fundação das civilizações mais antigas. Afinal, as necessidades humanas, mesmo nas 
épocas mais remotas, precisavam ser satisfeitas. Condição inerente à natureza 
humana. Não raro deixamos de ver diversas referências ao comércio descritas no 
Antigo Testamento cristão. 
No princípio, estava esta atividade relegada apenas às trocas locais entre uma 
população muito restrita. Por óbvio, a medida que as populações iam crescendo e se 
aglomerando em vilarejos e cidades, incrementavam-se as trocas comerciais. As 
necessidades se ampliavam. E assim se deu na proporção do desenvolvimento destas 
sociedades. 
A melhor noção que podemos ter de uma modernidade na história do 
Comércio Internacional terá inicio e marco com as Grandes Navegações. Avançando 
então ao século XV, identificamos o processo de expansão do Velho Mundo, 
capitaneado por Portugal, que buscava ampliar seus domínios, sua fé e religião, bem 
como abrir novas rotas de comércio, principalmente um caminho alternativo às Índias. 
Esta expansão, depois, foi seguida por outras nações. O resultado, em termos bastante 
resumidos, foi o domínio sobre um Novo Mundo – as Américas –, a expansão da fé 
cristã para este e a mudança na forma de fazer comércio entre as nações. A bem ou 
mal, todos estes fatos mudaram o curso da história do mundo sobremaneira. Não 
obstante ainda, a estrutura de transportes para o Comércio Internacional que se 
instalaria ter sido criada neste período. Isso porque rotas comerciais com regras de 
navegação foram criadas e impulsionadas nestes tempos. 
Ao avançar para o século XIX, após a consolidação da segunda revolução 
industrial, o mundo passa por enormes transformações e os negócios entre as nações 
estão a pleno vapor, tão fortes quanto uma estrutura em aço. Mas esta forja provou 
não ser tão forte assim, visto ao fim do século uma obscuridade sinistra parecer pairar 
sobre a Europa. Não havia entendimento possível entre os países, impulsionando 
disputas de poder em demasia. Rumores de guerra eram ouvidos nos quatro cantos do 
continente, reverberando no Norte da África e Oriente Médio. No limiar do século 
 
 
3 Políticas de comércio internacional – Unidade I – O Comércio Internacional 
seguinte, no ano de 1914, um acontecimento muda radicalmente a paz mundial e toda 
a ordem econômica vigente: a Primeira Grande Guerra Mundial. “O continente 
europeu estava em paz na manhã de domingo, 28 de junho de 1914, quando o 
arquiduque Francisco Ferdinando e sua mulher, Sophie Chotek, chegaram à estação de 
trem de Sarajevo. Trinta e sete dias depois, estava em guerra. O conflito que começou 
naquele verão mobilizou 65 milhões de soldados e deixou um saldo de três Impérios 
desbaratados, 20 milhões de militares e civis mortos e 21 milhões de feridos. Os 
horrores do século XX na Europa nasceram dessa catástrofe1.” 
Antes de a guerra eclodir, já havia uma onda de expansão global das nações, 
principalmente pelo comércio mundial. Não à toa a criação de dois canais artificiais – o 
de Suez e o do Panamá – como forma de encurtar as rotas comerciais marítimas. No 
entanto, o mundo passa por tempos de rupturas e conflitos, atravessando duas 
guerras de proporções mundiais e contando apenas com curtíssimo período de paz de 
21 anos – um grão de areia em termos históricos. Pouco antes do fim da Segunda 
Guerra, as nações aliadas já sabiam que se sagrariam vencedoras. E mesmo sem 
saberem como e quando, e iniciaram as negociações para uma governança global. Isso 
porque também a eclosão de ambas as guerras deu-se por motivos econômicos e, 
sendo assim, era necessário garantir uma governança que evitasse novas rupturas 
brutais. 
Em 1944, portanto antes do fim da Guerra, as decisões tomadas em Breton 
Woods definiram a bases do que haveria de vir com relação às finanças mundiais e o 
comércio global. 
É a partir de então que nascem alguns organismos internacionais para o auxílio 
às nações e melhora da governança global. Foi criada a ONU – Organização das Nações 
Unidas – e alguns organismos de apoio e segurança financeira, tais como o BID – Banco 
Interamericano Desenvolvimento – e o FMI – Fundo Monetário Internacional. Em 
sintonia com esta estruturação global de finanças, vieram as instituições financeiras 
internacionais com a estruturação do sistema de pagamentos e recebimentos e o 
financiamento do comércio internacional com a expansão das empresas pelo mundo. 
Um arcabouço financeiro para o mundo! 
 
1 Clark, Christopher. Os Sonâmbulos. Como eclodiu a Primeira Guerra Mundial. 
 
 
4 Políticas de comércio internacional – Unidade I – O Comércio Internacional 
Pois bem, as rotas marítimas estavam estruturadas desde o século XV, as 
finanças internacionais estavam organizadas e com meios de distribuição ao longo do 
planeta. Mas ainda faltava estruturar o comércio internacional, propriamente dito. 
Embora em Breton Woods houvesse a intenção em criar a OIC – Organização 
Internacional do Comércio, esta não foi para frente. Em verdade, nasceu apenas nos 
anos 90 com outro nome e roupagem, com a criação da OMC – Organização Mundial 
de Comércio. Contudo, algo de bom emergiu neste tempo, um acordo que visava 
reduzir as tarifas (tributos sobre as importações) e liberalizar o comércio entre as 
nações. Foi a gênese do GATT – Acordo Geral de Tarifas e Comércio, em português. 
Estava pronta a pedra basilar para a melhoria do comércio global, com a 
formação de uma governança entre as nações, rotas marítimas mundiais definidas, 
finanças globais estruturadas e um acordo que auxiliaria as trocas comerciais entre as 
nações. 
O comércio entre as nações tomou uma nova forma, diversos mercados haviam 
se unido pelo elemento que os separava, os mares e oceanos. A quantidade de bens e 
trocas entre “nações” cresceram como antes jamais se havia visto – mesmo 
comparado ao movimento comercial percebido no mar Mediterrâneo na época do 
Império Romano. Grandes impérios foram criados e as bases do Comércio 
Internacional, que vemos hoje, nasceram neste período da história humana. 
Este fenômeno criou uma nova ideia de mercado. É o mercado, nas sociedades 
modernas, sob as suas mais diversas formas, onde as trocas comerciais se efetivam. A 
questão hoje é que os mercados são globais, as trocas comerciais são feitas pelas mais 
diversas nações e culturas do mundo. Isto porque as demandas também se tornaram 
globais. As empresas internacionalizaram-se, como forma de suas expansões, mas 
também para atenderem as demandas de consumidores das mais diversas culturas e 
comportamentos de consumo. É o inicio da chamada globalização, que vai se 
intensificando ao fim da II Guerra Mundial e cria uma nova face nas relações 
comerciais mundiais. Então podemos dizer que a “globalização é um processo mais ou 
menos natural, espontâneo e inevitável à medida que se intensificam as relações 
diplomáticas, comerciais entre os vários países e também o próprio progresso da 
 
 
5 Políticas de comércio internacional – Unidade I – O Comércio Internacional 
tecnologia que facilita esta realidade de comunicação que temos no momento2.” 
Embora tal fenômeno tenha sido visto algumas vezes pela humanidade – a ascensão 
do Império Romano, o domínio da Cristandade, as expansões ultramarinas – é a partir 
da segunda metade do século XX que a globalização toma a forma mais intensa vista 
pela humanidade. Isto porque desta vez não só os Estados Nacionais estão nela 
envolvidos,mas empresas, organizações e pessoas, mas o traço mais marcante desta 
nova onda de globalização no mundo é caracterizado pela intensidade do 
desenvolvimento tecnológico nas áreas de telecomunicações e informatização. 
Tal incremento tecnológico permitiu o nascimento de novos e mais sofisticados 
mercados. Essa é a era atual, a era da informação instantânea. A era dos mercados 
virtuais. 
Uma dedução que fica clara, principalmente para aqueles que se inteiram e 
compreendem fatos históricos, é que o incremento do comércio, da atividade 
comercial, criou uma melhoria no bem-estar das sociedades ao logo do tempo. Não foi 
à toa que veio se desenvolvendo junto com as sociedades ao longo dos tempos, 
sempre a acompanhando. “Uma das características essenciais do comércio é que ele 
melhora o bem-estar dos envolvidos, ou seja, as pessoas de tornam mais satisfeitas 
por meio da transação realizada – caso contrário, não haveria razão que o 
justificasse”3. 
Outro ponto de entendimento a ser salientado no estudo do Comércio 
Internacional, é o fato de o comércio ser baseado em uma transação de troca. Nas 
sociedades mais primitivas, as trocas eram feitas sob a forma de escambo, trocas de 
bens por bens. Não havia o elemento monetário, como o conhecemos em nosso 
tempo. Nos dias atuais tais trocas ficaram bem mais sofisticadas, bens, produtos, 
mercadorias ou serviços são trocados por dinheiro. As trocas internacionais são ainda 
mais sofisticadas, pois além da troca de um bem, por exemplo, contra um pagamento 
em moeda, há outra troca, entre moedas diferentes de diferentes nações. Uma vez 
mais estas trocas – parte inerente do comércio – visam tão somente prover as 
necessidades das pessoas. E, como há moeda e bens envolvidos, há troca de riquezas, 
 
2 de Carvalho, Olavo Luiz Pimentel. Hangout sobre Globalismo e globalização. 
3 Tripoli, Angela Cristina Kichinsky, p. 17. 
 
 
6 Políticas de comércio internacional – Unidade I – O Comércio Internacional 
aumentando o bem-estar das nações, empresas e pessoas envolvidas nos processos de 
compra e venda internacionais. 
Ora, se há uma troca onde é envolvido um pagamento por um bem ou serviço, 
teremos a caracterização de uma transação comercial de compra e venda, onde uma 
parte oferta um bem ou serviço a determinado valor monetário, esta oferta fica 
disponível a um mercado – grupo de consumidores que desejam suprir uma 
necessidade ou desejo. Este mercado demanda certos bens e serviços, e, para suprir as 
suas necessidades ou desejos, pagam pela aquisição destes. A Teoria de Oferta e 
Demanda da Microeconomia afirma que a determinado preço e quantidade os 
demandantes desejam comprar e os ofertantes querem vender. É neste ponto de uma 
curva de oferta e demanda que ocorre a troca comercial entre os entes – produtores e 
consumidores. “De maneira mais precisa, o comércio pode ser compreendido como a 
transferência de propriedade de um bem ou serviço para outro agente, cuja 
movimentação implica o recebimento de um valor monetário ou outro bem ou 
serviço4.” 
É disso que realmente trata o comércio global: compra e venda de mercadorias. 
Ou, na linguagem corrente do comércio exterior, importações (compras internacionais) 
e exportações (vendas internacionais). Neste processo está incrustrado a troca de 
moedas, o que forma o mercado internacional de câmbio, bem como os pagamentos e 
recebimentos internacionais, por meio de um mercado financeiro internacional. 
Mercadorias precisam ser transportadas de um ponto a outro, entra em cena os 
transportes de cargas internacionais, marítimo, aéreo, rodoviário e ferroviário 
transfronteiriço. 
Uma transação de compra e venda, com envolvimento monetário, gera lucro 
aos ofertantes e, por conseguinte, satisfação aos demandantes. Aumentando o bem-
estar de ambos. É o esforço das organizações pelo lucro e sua consequente 
acumulação que, ao longo dos tempos, fez com que as empresas buscassem atender 
outros mercados além daqueles os quais elas inicialmente se estabeleciam. À medida 
que obtinham lucros ao satisfazerem as necessidades e desejos de seus mercados, os 
negócios se ampliavam, ao ponto de não caberem mais dentro do espaço de seus 
 
4 Tripoli, Angela Cristina Kichinsky, p. 16. 
 
 
7 Políticas de comércio internacional – Unidade I – O Comércio Internacional 
mercados pátrios, ou melhor dizendo, dentro do Estado Nacional onde nasceram. 
Havia a necessidade de ampliarem seus domínios. 
Os investimentos em novos mercados ou estabelecimento de negócios em 
mercados globais somente foram possíveis com a acumulação de capital e a 
viabilização de financiamento do comércio e dos negócios internacionais. Os 
investidores puderam ampliar seus capitais e negócios para fora de suas fronteiras 
pátrias, a novas sendas que ansiavam por novos produtos. Nasceram os mercados 
globais e os produtos consumidos nos principais mercados do mundo, os verdadeiros 
produtos globais, alicerçados por marcas globais. 
A produção se fragmenta pelo mundo, formando uma linha de montagem 
móvel por diversos países do mundo, uma espécie de modelo fordista de produção 
global. Da mesma forma que os povos ibéricos no início da expansão ultramarina, as 
organizações se internacionalizam perseguindo mercados. Vão ao desconhecido: 
culturas e povos diferentes, com padrões de consumo diversos. As organizações 
passam então a seguir “por mares de antes nunca navegados5”. 
 
2. Economia de escala e a internacionalização da 
produção 
 
2.1 Conceitos Básicos sobre o PIB e o Balanço de Pagamentos 
Com as políticas de governança mundial que facilitaram o comércio 
internacional no pós-Guerra as nações e organizações começaram a buscar os 
mercados internacionais de uma forma mais contundente. Mesmo porque, a Europa 
inteira necessitava de uma reconstrução, parques industriais a serem recompostos, 
infraestruturas a serem reerguidas, pessoas a serem cuidadas. O esforço para tudo isto 
careceu de investimentos públicos e privados na reconstrução do Velho Mundo. 
As finanças internacionais foram repensadas nas negociações em Bretton 
Woods, criando inclusive uma fórmula de cálculo da produção de riquezas nos países, 
nascendo o conceito de contas nacionais e balanço de pagamentos. Este medindo a 
 
5 Camões, Luís. Os Lusíadas. 
 
 
8 Políticas de comércio internacional – Unidade I – O Comércio Internacional 
relação de uma nação com o resto do mundo, aquele medindo a geração de riquezas 
pela própria nação. 
Assim, as nações basicamente passam a calcular a criação de suas riquezas, em 
determinado período de tempo, com base no cálculo do PIB (Produto Interno Bruto). 
“O produto interno bruto, ou PIB, é o valor total de todos os bens e serviços finais 
produzidos na economia durante um dado período, normalmente um ano” 6. Um erro 
bastante comum, apenas para frisá-lo, é que o PIB trata somente de bens e serviços 
finais, não faz contagem de bens e serviços intermediários. Ou seja, contabiliza o avião 
fabricado pela Embarer, sem levar em conta o aço, poltronas, painel de instrumentos, 
etc. Isto acontece para evitar uma dupla contagem. 
E porque falar em contabilidade nacional em um estudo sobre comércio 
internacional? É porque uma das variáveis que contabilizam o PIB está relacionada ao 
comércio exterior de uma nação. Ou seja, as exportações (X) e importações (M) 
estarão contempladas no cálculo do PIB, juntamente com o consumo das famílias (C), 
gastos/consumo do governo (G) e os investimentos (I), todos agrupados sob a fórmula: 
PIB (Y7) = C + G + I + (X – M) 
Mas para que se chegue aos valores de exportações e importações, há que se 
adentrar ao cálculo das transações de um país com o resto do mundo. Esta função 
caberá ao Balanço de Pagamentos. “Ascontas do Balanço de Pagamentos de um país 
registram os pagamentos e os ingressos procedentes do exterior. Qualquer transação 
que se traduza em um pagamento ao exterior será anotada no Balanço de Pagamentos 
como um débito e será acompanhado pelo sinal negativo (-). Qualquer transação que 
se traduza em um recebimento do exterior será anotada como um crédito e será 
acompanhado por um sinal positivo (+)8.” Basicamente trata-se de uma peça contábil, 
com transações a débito e crédito, esta relacionando-se a saída de divisas do país, 
aquela, a entrada. 
Como se trata de uma peça contábil, a soma de suas contas é igual a zero, isto 
porque as entradas de capitais serão idênticas às saídas. Exatamente como o princípio 
 
66 KRUGMAN, Paul R. Introdução à economia. p. 488 
7 Y – A anotação de letra Y refere-se à Renda Nacional 
8 KRUGMAN, Paul R.; OBSTFELD, Maurice; MELITZ, Marc J. Economia Internacional. p.311 
 
 
9 Políticas de comércio internacional – Unidade I – O Comércio Internacional 
das partidas dobradas visto nas Ciências Contáveis. Portanto, a identidade básica de 
um balanço de pagamentos é: 
Conta Corrente (CC) + Conta Financeira (CF) + Conta de Capital (CK) = 0 
Aqui estão as bases para o entendimento da internacionalização da produção, 
ao se chegar no estudo de Política Cambial estes conceitos das contas do Balanço de 
Pagamentos dever-se-ão ampliar. Por hora, basta o entendimento de que os valores da 
Conta Corrente, também conhecida por Balança Comercial, serão transmitidos ao 
cálculo do PIB, visto que é nesta conta que constam os valores das exportações e 
importações, e o valor líquido ou exportações líquidas – exportações menos as 
importações – é o saldo da Balança Comercial. “Como fora visto, a Balança Comercial 
indica as exportações líquidas de bens e serviços de um país9.” 
 
2.2 A Vantagem Comparativa 
A ideia de vantagens comparativas está intimamente liga ao conceito de custo 
de oportunidade, uma decisão entre o que seria a melhor escolha em detrimento a 
outra possibilidade. Não há a possibilidade de se ter ambas as coisas, assim, há que se 
fazer uma escolha. Não se trata, por isso, de um custo efetivamente contabilizado, mas 
de uma melhor escolha a ser feita de acordo com as condições e informações 
disponíveis em determinado momento. “Suponha, por exemplo, que os Estados 
Unidos cultivem atualmente 10 milhões de rosas para serem vendidas no dia de São 
Valentino, e que os recursos utilizados para cultivar estas rosas poderiam, em lugar 
disso, haver produzido 100.000 computadores pessoais. Portanto, o custo de 
oportunidade destas 10 milhões de rosas são 100.000 PCs (De forma inversa, se 
houvessem produzido PCs, o custo de oportunidade desses 100.000 PCs seriam 10 
milhões de rosas)10.” Embora os EUA possam mercantilizar flores, mesmo que com 
maior produtividade, ainda assim lhe é menos vantajoso, pois ganhará mais ao 
produzir PCs; então a melhor alternativa é – segundo a teoria – buscar suprir-se no 
mercado internacional. 
Uma escolha acompanhada de uma renúncia. Pelo exemplo apresentado na 
referência a Paul Krugman, fica claro que as nações, ao organizarem suas políticas 
 
9 KRUGMAN, Paul R.; OBSTFELD, Maurice; MELITZ, Marc J. Economia Internacional, p. 314 
10 KRUGMAN, Paul R.; OBSTFELD, Maurice; MELITZ, Marc J. Economia Internacional, p. 28 
 
 
10 Políticas de comércio internacional – Unidade I – O Comércio Internacional 
industriais e comerciais, irão levar em conta quais os custos de oportunidades entre as 
suas produções – bens e serviços. O que lhes será melhor produzir, quais cestas de 
bens e serviços irão lhes dar maior vantagem nos seus mercados ao satisfazer 
consumidores e trazer maior bem-estar a sua população, ampliando suas riquezas. Isto 
tendo em vista as suas condições em termos de disponibilidade de mão de obra 
qualificada, potencial de investimentos e produtividade industrial. 
Se uma nação não fizer este tipo de escolha, acabará por produzir aquilo que 
lhe ofereça um maior custo de oportunidade, ao invés de optar por aquilo que lhe 
renda um maior custo de oportunidade. Ou seja, terá uma produção menor, será 
menos produtivo se comparada a um país onde a produtividade deste bem ou serviço 
seja maior. Resultado: menor bem-estar de sua população, menor contribuição ao 
comércio e a formação de riquezas mundiais. E uma das funções do comércio 
internacional é exatamente o incremento da riqueza mundial. 
O que irá denotar a vantagem comparativa, então, será a medida do custo de 
oportunidade que cada nação irá possuir, em termos de produção de um bem ou 
serviço, ao menor custo, ou seja, aquilo que seja melhor produzir em determinado 
país, sob a troca daquilo o que seja menos adequado. Este é o elã da vantagem 
comparativa. 
Depreende-se, de forma inequívoca, que esta escolha tenderá a aumentar a 
produtividade e obrigar a esta nação a adquirir bens que não possua vantagem 
comparativa de outros países, que a possua. Esta concentração, de cada nação no que 
lhe é mais produtivo, que lhe dê maior vantagem comparativa, gera uma reordenação 
da produção, em níveis globais. E se cada nação se concentrar no que é mais produtiva 
e buscar no mercado externo aqueles de que não possua vantagem? “Dispomos, 
assim, de uma intuição essencial acerca das vantagens comparativas e o comércio 
internacional: o comércio entre dois países pode beneficiar a ambos países se cada um 
exporta os bens os quais possui uma vantagem comparativa11.” 
Uma nação ao produzir bens e serviços em que melhor possua vantagem 
comparativa, ofertando-os ao mundo por meio de exportações, importando bens e 
serviços que incorrem em maiores custos de oportunidade, está auxiliando ao 
incremento do comércio mundial, sua riqueza e a de outras nações. Esta especialização 
 
11 KRUGMAN, Paul R.; OBSTFELD, Maurice; MELITZ, Marc J. Economia Internacional. p.29 
 
 
11 Políticas de comércio internacional – Unidade I – O Comércio Internacional 
na produção e trabalho é o agente impulsionador para o aumento da produção 
mundial, pois permite que cada país se especialize no que tem maior vantagem 
comparativa, dando a oportunidade a outro país especializar-se de igual forma. A 
tendência é que haja um aumento de transações entre as nações e, 
consequentemente, aumento de riqueza e bem-estar. 
Pelo princípio das vantagens comparativas pode-se, facilmente, compreender o 
porquê de a produção mundial, nos dias atuais, ser fragmentada, com a emergência 
das chamadas Cadeias Globais de Valor. Um dos fatores preponderantes para o 
advento de uma maior fragmentação da produção mundial foram as decisões tomadas 
pelos líderes de potencias mundiais em Breton Woods para consolidar acordos e 
aprendizados sobre o capitalismo obtidos ao longo da primeira metade do século XX. 
Bem como suas conseguintes implementações, que desamarraram o comércio global e 
possibilitaram maiores IDEs – Investimentos Diretos no Exterior. 
 
2.3 Internacionalização da Produção 
Levando-se em consideração as demais variáveis de composição do cálculo do 
PIB – Produto Interno Bruto, e pelo exposto acima fica manifesto que há relação de 
causa e efeito entre o aumento do comércio internacional de uma nação e o aumento 
de seu bem-estar. As compras e vendas de bens e serviços em determinado período 
para uma nação, suas operações de comércio exteriores propriamente ditas, figuram o 
cálculo de seu PIB. E quanto maior a atuação neste campo, maior o incremento no PIB, 
principalmente se esta nação possui superávits na balança comercial. Outro fator de 
aumento da possibilidade de crescimento de uma nação é o fato de o país focar-se em 
suas vantagens comparativas, suprindo o mundo de bens e serviços em que gozam de 
maior produtividade,optando por adquirir os em que possuir menos produtividade. 
Com maior riqueza, tanto maior será a capacidade de investimento e promoção do 
investimento em empresas nacionais, pois poderá, de certo, ofertar um custo de 
capital menor. 
Ainda outro ponto a salientar foram os desenrolares dos fatos no pós-Guerra, 
os quais facilitaram o comércio e as finanças internacionais. Ampliando a capacidade 
de acúmulo de riqueza das nações por aumentar suas transações internacionais. 
 
 
12 Políticas de comércio internacional – Unidade I – O Comércio Internacional 
Tais fatos permitiram um fenômeno amplamente visto pouco após a segunda 
metade do século XX: a emergência dos negócios internacionais. 
As empresas passaram a se instalar além de suas fronteiras, talvez pela 
necessidade de reconstrução da Europa e Japão – completamente devastados pela 
guerra –, talvez pelos ditames de Breton Wood, quem sabe pelo fim do Padrão-Ouro, o 
que de fato aconteceu foi um “boom” de empresas que buscaram os mercados 
internacionais a partir de 1950. 
Uma empresa ingressa “por mares de antes nunca navegados”, lança-se ao 
mercado internacional no momento em que decide por atender a uma demanda de 
um mercado externo. É quando decide exportar parte de sua produção. Este é o 
primeiro passo de uma organização rumo ao mercado internacional. Exportando para 
países limítrofes geograficamente ou com culturas bastante similares as de seu país 
pátrio, as empresas têm a tendência a se lançarem no mercado externo pela porta da 
exportação. Isto por que o investimento não é tão alto – se comparado com a 
montagem de uma operação em outro país – e a operação do negócio mantém-se no 
país pátrio. 
No entanto, as organizações decidem por ir além, aventurarem-se em um 
mercado diverso de seu mercado pátrio. É neste ponto, neste passo à frente, que as 
empresas iniciam uma operação fora de seu país, tornando-se uma empresa 
multinacional. A partir deste passo, a empresa, o negócio, passa a ser verdadeiramente 
de um negócio internacional. Isto porque a empresa faz o chamado IDE – Investimento 
Direto Estrangeiro – seja do tipo greenfield – iniciar uma operação do zero –, seja da 
forma browfield – por meio de fusões e aquisições. “O investimento internacional 
refere-se à transferência de ativos para outro país ou a aquisição deles nesse país. 
Esses ativos, que incluem capital, tecnologia, talento gerencial e estrutura 
manufatureira, são denominados pelos economistas de fatores de produção. Com o 
comércio, bens e serviços cruzam fronteiras nacionais. Por outro lado, no caso do 
investimento, a própria empresa atravessa fronteiras para asseguras a propriedade de 
ativos localizados no exterior12.” 
Assim se faz a internacionalização de um negócio, o seu limiar, quem sabe por 
uma venda por meio de uma loja virtual ou pelo início de uma exportação ao seu 
 
12 Cavusgi, S Tamer. Negócios Internacionai. p. 4 
 
 
13 Políticas de comércio internacional – Unidade I – O Comércio Internacional 
apogeu: a montagem de operações em países fora do país pátrio e original do negócio. 
Tal decisão é responsável pela diversificação do negócio, ampliação da divisão do 
trabalho, busca por novos conhecimentos e ampliação da riqueza do negócio e do país, 
pois ao remitir lucros ao país pátrio a empresa melhora o balanço de pagamentos de 
seu país. 
“As empresas e as nações trocam muitos ativos físicos e intelectuais, como bens, 
serviços, capital, tecnologia, know-how e mão-de-obra13”. É esta a tônica do mundo atual. Este 
é o legado do pós-Guerra. 
 
3. Políticas de Comércio Internacional 
 
3.1 A Questão Tarifária no Pós-Guerra 
Um dos grandes legados de Breton Wood para o Comércio Internacional foi a 
criação do GATT, sigla em inglês para General Agreement for Trade and Tariffs, ou 
Acordo Geral sobre Comércio e Tarifas. Embora a proposta inicial tenha sido um 
organismo internacional próximo aos moldes da OMC – Organização Mundial do 
Comércio –, fato que somente ocorreu nos anos 90 do século XX, a criação de um 
acordo que visava à liberalização do comércio e a redução de tarifas foi um grande 
diferencial para a governança global. O elã do GATT era a redução de tarifas – tributo 
sobre as importações – como forma de liberalização do comércio global. 
É imperativo que, à redução tributária, se siga a redução de custo de aquisição 
de um bem ou serviço e, por consequência lógica, aumento do volume de transações 
internacionais. Pois para haver a venda, há de haver a compra. Ao reduzir o custo de 
compra, amplia-se a possibilidade de venda. E através das rodadas de negociações, 
chegou-se a um limite, um teto, para a aplicação da tarifa nos países signatários. Tal 
cláusula do GATT permitiu a redução dos custos nas transações internacionais, a ideia 
de criar uma redução tarifária, visava ampliar as movimentações de bens e serviços no 
mundo, por meio de mais transações comerciais. 
E foi exatamente o que aconteceu com o advento deste acordo. Os países 
signatários do GATT gozaram, a partir de então, de um incremento em suas transações 
 
13 CAVUSGI, S Tamer. Negócios Internacionai. p. 3 
 
 
14 Políticas de comércio internacional – Unidade I – O Comércio Internacional 
internacionais, com melhoras significativas em seus balanços de pagamentos. Os 
céticos podem até afirmar que ao importar bens e serviços a balança comercial de uma 
nação fica deficitária, o que incorre em redução da formação de riqueza do país, 
redução do PIB. Mas, no entanto, como uma nação irá exportar sem operar no 
caminho inverso? E a vantagem comparativa, como fica? Vale a pena fechar seu 
mercado? A redução tarifária é eficaz ou ineficaz? 
As questões relativas às políticas comerciais estão ligadas umbilicalmente a 
intervenção estatal na economia. Isto porque todas as políticas comerciais de uma 
nação são intervenções que os governos fazem nas importações e exportações. Por 
óbvio, se há uma intervenção estatal, havendo restrições sobre o comércio 
internacional de bens e serviços, há uma direta ameaça ao livre comércio, há um 
desequilíbrio nas transações internacionais. 
 
3.2 Política Tarifária 
“Uma tarifa, a mais simples de todas as políticas comerciais, é um imposto 
aplicado quando se importa um bem14.” Onde se lê tarifas, entenda tributos nas 
importações. No Brasil, há pacificado na CF – Constituição Federal – e no CTN – Código 
Tributário Nacional – o Imposto sobre as Importações, conhecido no jargão do 
comércio exterior como II. Uma fonte de receitas para o Estado, por este motivo é a 
mais básica política comercial. 
Em verdade, o II é uma “proteção” ao mercado interno contra os bens 
provindos do mercado externo. Faz-se uma taxação de bens estrangeiro com o intuito 
de “igualar” seus valores aos bens similares no mercado nacional, concorrentes entre 
si. De forma bem sucinta, a tarifa – imposto sobre as importações – como instrumento 
de política comercial de uma nação, serve para tornarem iguais em valor os bens 
nacionais e estrangeiros, mas tal política é utilizada pelos Estados Nacionais como 
forma de “proteger” suas indústrias nacionais e seu mercado da “invasão” de produtos 
estrangeiros, taxando-os a fim de que, ou possuam o mesmo valor de um similar 
nacional, ou com valor mais elevado. 
 
14 
 
 
15 Políticas de comércio internacional – Unidade I – O Comércio Internacional 
A facilidade com que os governos têm para utilizar a tarifa como política 
comercial é enorme, primeiro porque podem majorar ou reduzir as alíquotas deste 
tributo, segundo, por gozarem do Princípio de Soberania de seus Estados. “As tarifas 
são as políticas comerciais mais simples. No mundo moderno, a maioria das 
intervenções do governo no comércio internacional tomaoutras formas: subsídios à 
exportação, cotas de importação, restrições voluntárias à exportação e necessidade de 
conteúdo local, entre outras. Felizmente, uma vez entendidas as tarifas, não é tão 
difícil compreender esses e outros instrumentos do comércio.15” 
Por este motivo, por muitos anos, a tarifa foi, para algumas nações, a sua 
principal fonte de ingressos públicos. O que, ao advento do GATT, foi de difícil 
discussão a redução da base tarifária de algumas nações, tendo em vista o objetivo 
maior de liberalização do comércio mundial. Infelizmente, para algumas nações, até 
hoje, é muito difícil reduzirem suas tarifas exatamente por este motivo: são a forma 
principal, por vezes única, para a arrecadação de receitas públicas. 
 
3.3 As Barreiras Não Tarifárias 
Comecemos pelo subsídio: Esta é a chamada tarifa ao contrário, isto porque 
visa reduzir os preços de bens e serviços a serem exportados. Assim, os governos, para 
incrementar as exportações em determinados setores, fazem um pagamento a uma 
empresa, setor econômico ou pessoa a fim de que o preço de exportação seja menor 
que o praticado no mercado interno. O Estado, com esta política, amplia o seu gasto 
em prol das exportações. Uma intervenção estatal que desequilibra o livre comércio. 
“Quando o governo oferece subsídios, os exportadores exportam o bem até o ponto 
em que o preço doméstico excede o preço estrangeiros pelo montante do subsídio16.” 
Embora os produtores tenham ganho, pois seus bens tornam-se mais baratos e tem a 
possibilidade de alcance dos mercados globais, os consumidores tem perdas, pois tal 
política não visa a redução de preços para o mercado nacional e, devido ao gasto 
público, a sociedade é que irá pagar pelo ganho dos produtores. 
 
15 KRUGMAN, Paul R.; OBSTFELD, Maurice; MELITZ, Marc J. Economia Internacional. p.145 
16 KRUGMAN, Paul R.; OBSTFELD, Maurice; MELITZ, Marc J. Economia Internacional. p.145 
 
 
16 Políticas de comércio internacional – Unidade I – O Comércio Internacional 
Deve-se levar em conta que no mundo atual é visto uma série de confrontações 
políticas entre as nações no âmbito da OMC17 relativas às questões focadas em 
subsídios. Pois algumas nações sentem-se prejudicadas com os subsídios de alguns 
países em suas produções, levando a uma redução do valor do bem exportado, 
criando, com isso, uma deslealdade em vendas no mercado externo. 
Cotas de Importações: Outra ação estatal que visa restringir a entrada de 
determinados bens ou grupos de bens no país. Uma ação direta nas importações com 
o fim de determinar a quantidade que será autorizada a entrar neste país. Tal 
instrumento se efetiva por meio de emissão de licenças de importações, até o ponto 
em que a quantidade firmada é alcançada, neste ponto não há mais a possibilidade de 
importações dos bens, objeto da cota. O efeito é a redução da oferta do bem no 
mercado interno, o que pode causar, pela ideia na teoria de oferta e demanda, o efeito 
de aumentar o preço no mercado interno, pois os produtores nacionais sabem que não 
sofrerão tanta concorrência assim dos produtos internacionais, por ter o condão de 
controlar a quantidade de bens no mercado interno. 
Restrições Voluntárias à Exportação: Uma política bastante rara de acontecer, 
pois nenhuma nação deseja não vender aos mercados internacionais e não trazer 
divisas a seu país, não aumentando riqueza. No entanto, nos últimos anos, tem sido 
amplamente utilizada pelas nações no âmbito de suas negociações internacionais. 
“Uma RVE constitui uma cota sobre o comércio imposta pelo país exportador, não pelo 
importador. Seu exemplo mais famoso é a limitação às exportações de automóveis 
para os EUA aplicada pelo Japão após 198118.” Isso porque se trata de um tema 
bastante delicado e pode criar algumas outras restrições ao comércio entre as nações 
envolvidas neste processo. Por isto, trata-se de um acordo entre as partes – país 
importador com país exportador – com o objetivo de não se chegar a outras restrições 
entre os países no futuro e não vir a abalar as relações internacionais entre ambos. 
Necessidade de Conteúdo Local: Intervenção estatal perpetrada pela Lei. Trata-
se de criar uma lei que demandará que um quinhão de um bem tenha sua produção 
executada em território nacional, ou ainda, que um projeto tenha parte de seus 
componentes oriundos da indústria nacional. Uma política que, também, visa certa 
 
17 Organização Mundial do Comércio 
18 KRUGMAN, Paul R.; OBSTFELD, Maurice; MELITZ, Marc J. Economia Internacional. p.147 
 
 
17 Políticas de comércio internacional – Unidade I – O Comércio Internacional 
substituição de importações, pois pode vir a forçar as organizações a se instalarem no 
mercado nacional que exige conteúdo local. O problema: e se a nação não oferece 
competitividade aos negócios ou não haja vantagem comparativa alguma para a 
produção neste local? A solução vista no mundo é a representação comercial desta 
empresa como forma de estratégia de internacionalização para fintar esta demanda 
legal. O elã da política de conteúdo local é, tal qual as cotas de importação, a proteção 
da indústria local. “Do ponto de vista dos fabricantes nacionais de autopeças uma 
regulamentação de conteúdo local protege tanto quanto uma cota de importação. 
Entretanto, do ponto de vista das empresas que devem comprar domesticamente, os 
efeitos são bastante diferentes. O conteúdo local não impõe um limite estrito às 
importações. Ele permite até que as empresas importem mais, desde que também 
comprem mais no mercado doméstico. Isso significa que, para o fabricante, o preço 
efetivo dos insumos será a média entre o preço dos insumos internacionais e dos 
nacionais”19. 
 
4. O Ambiente Regulatório do Comércio Internacional 
 
4.1 A OIC e o GATT 
Dos três organismos internacionais decididos pela criação em Breton Woods no 
ano de 1944, um não foi à frente, a OIC – Organização Internacional do Comércio. Mas 
das discussões da criação da OIC saiu um acordo básico chamado de GATT (General 
Agreement on Tariff and Trade) – Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio. “A terceira 
fase da globalização começou após o fim da Segunda Guerra Mundial. Quando a 
guerra terminou em 1945, havia uma considerada demanda reprimida por bens de 
consumo, bem como insumos para a reconstrução da Europa e do Japão. Os Estados 
Unidos foram o país menos afetado pela guerra e que se tornou a economia mundial 
dominante. Uma ajuda governamental maciça contribuiu para estimular a atividade 
econômica na Europa. Antes da guerra, as tarifas e outras barreiras comerciais eram 
altas, e havia controle rigoroso sobre a movimentação de moeda e capital. Vários 
países industrializados, como a Austrália, Inglaterra e Estados Unidos, buscaram de 
 
19 KRUGMAN, Paul R.; OBSTFELD, Maurice; MELITZ, Marc J. Economia Internacional. p.149 
 
 
18 Políticas de comércio internacional – Unidade I – O Comércio Internacional 
forma sistemática reduzir barreiras ao comércio internacional. O resultado desse 
esforço foi o Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (GATT, do inglês General 
Agreement on Tariff and Trade). Instituído na conferência de Bretton Woods, que 
reuniu 23 nações em 1947, o GATT serviu como fórum global de negociação para a 
liberalização de barreiras comerciais.”20 
A ideia primaz do GATT era a de criar um gradualismo nas relações comerciais 
entre as nações signatárias do acordo. Assim, para criar este gradualismo, os objetivos 
eram a liberalização do comércio mundial, o qual seriam discutidos por meio de 
rodadas de negociações com a participação, inferências, discussões e análises de todos 
os membros signatários do GATT. Outro ponto presente nas negociações do GATT era, 
também, a liberalização dos investimentos.Os organismos responsáveis pelas finanças 
internacionais já haviam sido criados, faltava, então, os estímulos e a queda de 
barreiras ao IDE – Investimento Direto no Estrangeiro. 
Até o presente momento foram realizadas 17 rodadas, sendo a mais 
significativa a Rodada do Uruguai, onde, de fato, nasce o organismo de comércio 
mundial: a OMC – Organização Mundial do Comércio. E as rodadas forma bem-
sucedidas, pois a partir do fim da Segunda Guerra Mundial as transações comerciais 
entre as nações se incrementaram e os IDEs foram crescentes. 
Um acordo comercial que foi capaz de reger todo um sistema multilateral de 
comércio durante 50 anos, até a sua substituição pela OMC em 1995. 
 
4.2 A Rodadas de Negociações do GATT 
As primeiras rodadas de negociações do GATT diziam respeito tão somente a 
tarifas. Assim se sucedeu nas rodadas de Genebra, Annecy, Torquay, Genebra e Dillon, 
que foram realizadas entre 1947 e 1961. 
A partir de então a pauta foi mais extensa, tendo em vista a adoção de algumas 
barreiras não tarifárias por algumas nações, que começaram a “travar” o comércio 
mundial, foi discutida as questões relativas a dupping na Rodada Kennedy, ocorrida de 
1964 e 1967. O resultado dessa discussão foram as medidas antidumping e a definição 
de esta pratica ser tomada como uma medida desleal de comércio. 
 
20 Cavusgi, S Tamer. Negócios Internacionai. p. 4 
 
 
19 Políticas de comércio internacional – Unidade I – O Comércio Internacional 
Em uma nova rodada de negociações, os países signatários do GATT ampliaram 
as suas discussões, agora ainda mais abrangentes, pois levaram em conta as discussões 
acerca de barreiras não tarifárias. É na Rodada de Tóquio em 1973 e 1979 que os 
países buscam resoluções para as barreiras não tarifárias, acordos plurilaterais de 
comércio e nasce a cláusula de habilitação. Era um tempo de turbulência mundial, 
onde o mundo inteiro se deparou em uma enorme crise, os choques do petróleo. Tal 
choque gerou uma enorme turbulência no mundo e as nações partiram para a 
“proteção” de seus mercados internos e indústrias. 
A rodada seguinte – a Rodada de Uruguai – foi a mais importante em todas as 
demais rodadas do GATT. Continuou-se a discussão acerca de barreiras tarifárias e não 
tarifárias, no entanto algumas inovações foram incluídas tais como o início das 
discussões sobre o comércio de serviços e direitos de propriedade intelectual, 
comércio agrícola mundial e a forma como seriam resolvidas as soluções de 
controvérsias. Mas o ponto culminante desta rodada se deu na cidade de Marrakesh 
no Marrocos, onde, no ano de 1994, os membros signatários tomaram a decisão da 
criação de um organismo internacional que regulasse o comércio global. Nascia, assim, 
a Organização Mundial do Comércio – OMC. 
 
4.3 A OMC 
A tão esperada organização internacional para implementar, desenvolver e 
regular o comércio mundial havia nascido. Para as finanças dos países o organismo já 
havia sido criado em 1944, o FMI – Fundo Monetário Internacional – assim como o 
organismo responsável pelo desenvolvimento dos países o BID – Banco Interamericano 
de Desenvolvimento. “O GATT acabou transformando-se na Organização Mundial do 
Comércio (OMC), à medida que mais países aderiram a esse órgão multinacional. A 
Organização Mundial do Comércio representa um órgão um órgão governamental 
multilateral com poder de regulamentar o comércio e o investimento internacionais. A 
OMC visa assegurar que as transações internacionais sejam justas e eficientes e 
atualmente reúnem cerca de 150 nações21.” O ciclo para a governança global estava, 
finalmente, fechado. 
 
21 Cavusgi, S Tamer. Negócios Internacionai. p. 25 
 
 
20 Políticas de comércio internacional – Unidade I – O Comércio Internacional 
A OMC possui algumas funções, mas sua principal é a de desenvolvedora do 
comércio global. Mas também administrar os mais diversos acordos internacionais 
entre as nações membros da OMC; atuar como mediar por ser ir como um fórum para 
as negociações internacionais entre nações; buscar a solução de controvérsias entre os 
seus membros, procurando solucioná-las. Como o comércio internacional é uma área 
de conhecimento e negócios bastante dinâmica, essa organização também age quanto 
à revisão das políticas comerciais dos países membros. Além de executar a formulação 
de políticas econômicas globais voltadas ao comércio e a cooperação com os mais 
diversos organismos internacionais. 
Como o GATT passou a ser gerido pela OMC, as rodadas de negociação 
continuaram ocorrendo. Assim, em 1996, houve a Rodada de Singapura. Esta firmou 
um acordo relativo ao comércio de produtos de tecnologia da informação e discutiu 
temas sobre: comércio e investimento; comércio e política de concorrência; facilitação 
de comércio; e transparência em compras governamentais. 
No ano de 1998, a Rodada de Genebra tratou sobre o comércio eletrônico. A 
rodada seguinte, Rodada de Seattle, a Rodada do Milênio tratou do comércio de 
produtos agrícolas em 1999. Em 2001, inicia-se a Rodada de Doha. Foi chamada de 
Rodada do Desenvolvimento, pois versou sobre a busca do desenvolvimento de nações 
menos favorecidas. A Rodada de Cancun, em 2003, reafirma os compromissos de 
Doha. Assim como, em 2005, na Rodada de Hong Kong. 
Em meio a brutal crise econômica internacional dos Subprime, a nova Rodada 
de Genebra, em 2009, discute a recuperação econômica, tema de enorme importância 
à época, bem como a redução da pobreza nos países em desenvolvimento. A nova 
rodada em Genebra tem por tema as mudanças climáticas e eliminação de obstáculos 
ao comércio de bens e serviços ambientais, no ano de 2011. O ano de 2013 trouxe ao 
mundo a Rodada de Bali, onde o tema quente foi a simplificação do comércio global, 
com a ideia de buscar permitir aos países em desenvolvimento mais opções para 
garantir segurança alimentar, volta-se aos países menos desenvolvidos com as políticas 
direcionadas à evolução de seus comércios. 
Em 2015, a Rodada de Nairobi a qual traz mais uma vez o tema de comércio de 
países menos favorecidos, mas conta com decisões sobre agricultura. 
 
 
21 Políticas de comércio internacional – Unidade I – O Comércio Internacional 
A estrutura organizacional da OMC tem em seu topo a Conferência Ministerial 
seguida pelo Conselho Geral, seguem-se então os Comitês e os Conselhos. 
 
Cláusula da Nação mais Favorecida 
Uma importante cláusula firmada na primeira reunião do GATT, onde se define um 
padrão de igualdade de comércio entre os países signatários. “Qualquer vantagem, 
favor, imunidade ou privilégio concedido por uma Parte Contratante em relação a um 
produto originário de ou destinado a qualquer outro país, será imediata e 
incondicionalmente estendido ao produtor similar, originário do território de cada uma 
das outras Partes Contratantes ou ao mesmo destinado22.” Esta cláusula denota um 
princípio de não discriminação com relação à origem de determinado bem, uma 
reciprocidade a todos os Estados signatários. 
 
4.4 Sistema de Solução de Controvérsias 
À criação da OMC pelo Acordo de Marrakesh nasce um acordo multilateral com 
o objetivo de solucionar controvérsias ente os Estados membros da OMC. Tal acordo 
cria normas relativas a normas e procedimentos para a solução de controvérsias. 
A primeira regra do acordo é a do consenso negativo, onde prevê que a decisão 
sobre uma controvérsia somente terá valia com a concordância de todos os membros 
da OMC. Assim, caso haja alguma controvérsia, para dirimi-la, é necessário que todos 
os membros estejam de acordo com a medida a ser tomada. 
A segunda diz respeito à criação do órgão de apelação, que busca reavaliar a 
controvérsia e rediscutir. Na verdade, trata-se de um órgão de revisão de decisões 
antes da implementação da medida relativa à controvérsia.O desenho de um processo de controvérsia no âmbito da OMC segue a 
seguinte linha lógica. Primeiro há a consulta, onde ocorrem as discussões e 
negociações diretas sobre a controvérsia. Segue-se ao painel, momento em que um 
grupo fará o exame da controvérsia, suas defesas e argumentações em favor. Então, 
vai-se ao relatório final deste grupo, uma decisão sobre a controvérsia. A partir de 
então, virá o exame do órgão de apelação. E, por fim, a implementação da medida. 
 
22 Fonte: Acordo do GATT 
 
 
22 Políticas de comércio internacional – Unidade I – O Comércio Internacional 
 
Síntese 
Chegamos ao fim desta unidade. Aprofundamos nossos conhecimentos acerca do 
histórico, do terreno e dos acontecimentos no campo das políticas de comércio 
internacional. Pudemos conhecer alguns órgãos regulatórios, bem como marcos 
importantes para a relação entre as nações. 
 
Neste capítulo tivemos a oportunidade de: 
 Aperceber a inserção do comércio internacional no desenvolvimento da 
humanidade; 
 Afixar conceitos a respeito da economia de escala e entendimentos acerca da 
internacionalização da produção; 
 Entender os legados das políticas de comércio internacional do século XX e a 
atualidade; 
 Destacar as barreiras não tarifárias em vigor nas políticas internacionais; 
 Aprofundar-se acerca do ambiente regulatório do comércio internacional (OIC 
e GATT); 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
23 Políticas de comércio internacional – Unidade I – O Comércio Internacional 
Bibliografia 
 
ESTEVIS, Emerson G. Z; BOECHART, Andréia M. da F; LEITE, Ademir C. Relações Econômicas 
Internacionais. Londrina. Editora e Distribuidora Educacional. 2017. 
 
KRUGMAN, Paul R.; OBSTFELD, Maurice; MELITZ, Marc J. Economia Internacional. 2015. 
[Minha Biblioteca]. 
 
TRIPOLI, Angela Cristina Kichinski. Comércio Internacional: teoria e prática. Curitiba. 
Intersaberes. 2016. [Minha Biblioteca].

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