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Artigo sobre elementos norteadores do planejamento escolar

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Artigo sobre elementos norteadores do planejamento escolar
É notória a expansão e consolidação da educação a distância no sistema educacional brasileiro, especialmente ao final da década de 90, bem como de suas múltiplas possibilidades e caminhos. Nessa perspectiva, esse artigo apresenta um processo de estudo realizado por um grupo de alunos mediados por uma professora pesquisadora do programa de pós-graduação stricto sensu de uma Universidade particular de grande porte do Estado do Paraná. O estudo se inseriu na Linha de Pesquisa Teoria e Prática Pedagógica na Formação de Professores, em torno da temática Educação a Distância, durante quinze encontros semanais envolvendo onze alunos/pesquisadores, provenientes da educação básica e ensino superior, com práticas de EaD. A partir de leituras, discussões e troca de experiências como encaminhamento metodológico com o grupo de estudos, percebemos que muitos dos problemas nos cursos/programas de EaD, advém da falta de consistência, ou mesmo da ausência do planejamento. O que, geralmente, resulta em descontinuidade, falta de recursos humanos e materiais, desconsideração das reais necessidades dos alunos, falta de significância dos materiais didáticos, inadequação das tecnologias e dos modelos de acompanhamento e avaliação. Esse trabalho, a partir deste contexto, objetiva refletir sobre o planejamento, enquanto elemento norteador do processo ensino e aprendizagem na modalidade de EaD a partir de quatro dimensões: a dimensão conceitual, a dimensão didático-pedagógica, a dimensão administrativa e a dimensão de autorregulação. A atenção a essas dimensões, além de possibilitar coerência teórica e metodológica ao curso e fidelidade aos princípios filosóficos institucionais, ainda esclarece aos alunos e aos profissionais envolvidos o percurso a ser percorrido e suas exigências. Consideramos que o planejamento em EaD constitui instrumento essencial para a efetivação de um processo de ensino e aprendizagem amplo, contextualizado e significativo.
De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) 9394/96, art. 1º, “a educação abrange processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais”. O grupo de estudos percebe que essa visão ampla de educação, concebida como processos formativos e proporcionada por uma diversidade de lugares e instituições, pode ser elucidativa para a educação a distância (EaD). São essas possibilidades que caracterizam o surgimento da EaD no Brasil na década de 1970, seja como alternativa encontrada pelo Governo Federal para tentar diminuir o analfabetismo no país, seja pelo fato de os meios de comunicação, já naquela época, mostrarem-se favoráveis a essa modalidade de ensino. Alarcão (2001) nos lembra que o objetivo da educação é a educação para a vida e, Garcia (1999), complementa afirmando que essa educação constitui um processo que perdura a vida toda. Sendo assim, pelas diferentes possibilidades pedagógicas que oferece, mediação das tecnologias da informação e comunicação, pelas características de abertura, flexibilidade, democratização, interatividade, individualização e colaboração, a EaD apresenta potencial significativo no contexto educacional contemporâneo.
As atividades realizadas pelo grupo de estudos como leituras, reflexões e troca de experiências, possibilitaram a eleição de quatro dimensões a serem abordadas num planejamento de EaD: a dimensão conceitual; a dimensão didático-pedagógica; a dimensão administrativa e a dimensão de autorregulação. O bom êxito dos cursos/programas de EaD depende da elaboração prévia dessas dimensões e da necessária integração. A atenção a essas dimensões, além de possibilitar coerência teórica e metodológica ao curso e fidelidade aos princípios filosóficos institucionais, ainda esclarece aos alunos e profissionais sobre o percurso a ser percorrido e suas exigências. Nesse sentido, contribui para diminuir a separação física entre professores e alunos e clarifica a forma de apropriação das tecnologias e de integração entre os agentes do processo.
Planejamento em educação a distância Assim como para qualquer projeto, seja ele pessoal ou profissional, como construir uma casa, fazer uma viagem ou desenvolver uma pesquisa, o planejamento deve ser parte integrante e presente em todos os passos em direção ao objetivo a ser alcançado. É preciso definir claramente o porquê, para quê, para quem, com quem, onde, quando, como e com o quê fazer. Na EaD não é diferente, é imprescindível um minucioso planejamento de todas as ações envolvidas na concepção, produção e implementação dos cursos ou programas.
Conclusão
 Percebe-se, diante do exposto e dos estudos realizados, que o planejamento permeia todos os momentos de um curso/programa na modalidade a distância, desde sua concepção a sua avaliação, incluindo sua gestão e operacionalização. As dimensões destacadas pelo grupo de estudos neste processo de investigação, se bem atendidas, garantem coerência teórica e metodológica, antes, durante e após a realização do curso, mantendo fidelidade aos princípios e objetivos propostos pela instituição. Sendo assim, consideramos que o planejamento em EaD constitui instrumento fundamental para a efetivação de uma educação ampla, contextualizada e significativa, possibilitando à instituição (professores, alunos e os profissionais envolvidos no projeto), clareza sobre o caminho percorrido, os recursos disponíveis e o horizonte a ser perseguido, assegurando a corresponsabilidade de cada um na realização da EaD. Ou seja, é um elemento norteador para a qualidade da EaD. Por isso, a improvisação, a falta de um planejamento consistente por parte de diversas instituições que oferecem a EaD, como pudemos notar por meio da análise da literatura, das discussões e reflexões do grupo de estudos, é que, muitas vezes, faz com que ainda existam muitas pessoas/profissionais que não acreditem nesta modalidade. É urgente reconhecer sua importância e buscar a sua qualidade, não somente por uma exigência legal, mas por uma questão moral e de responsabilidade, como professores e educadores que somos.
REFERÊNCIAS
7 ALARCÃO, Isabel. Escola Reflexiva e nova racionalidade. Porto Alegre: Artmed, 2001.
 ARNOLD, Stela Beatris Tôrres. Planejamento em educação a distância. In: GIUSTA, A. da S.; FRANCO, I. M. (Org.) Educação a distância: uma articulação entre teoria e prática. Belo Horizonte: PUC Minas Virtual, 2003. P.177-200. 
BRASIL, Referenciais de Qualidade para o Ensino Superior a Distância, Brasília: SEED: MEC, 2007.

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