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Apoptose Profa Dra Ana Lúcia Kern Biologia Celular Apoptose Também conhecida como morte celular programada É um processo fisiológico comum no desenvolvimento embrionário; para remodelar tecidos ou remover células desnecessárias, danificadas, envelhecidas ou potencialmente perigosas (tumorais, infectadas), etc. Existem diversos processos distintos, além da apoptose, que resultam em morte celular como: autofagia, necrose e senescência Autofagia É um processo celular que degrada e recicla componentes do citosol e organelas celulares danificadas, em condições adversas (privação de nutrientes, presença de patógenos e toxinas). Porções do citoplasma são encapsuladas por membrana, originando os autofagossomos que irão se fusionar com os lisossomos; a seguir, o conteúdo dos autofagossomos é degradado pelas hidrolases lisossomais Senescência Processo metabólico ativo essencial para o envelhecimento Ocorre uma programação genética que envolve deterioração dos telômeros e ativação de genes supressores tumorais As células que entram em senescência perdem a capacidade proliferativa após um determinado número de divisões celulares Necrose É um tipo de morte na qual as células sofrem um insulto que resulta: no aumento do volume celular agregação da cromatina desorganização do citoplasma perda da integridade da membrana plasmática e conseqüente ruptura celular O conteúdo celular é liberado, causando dano às células vizinhas e reação inflamatória É considerada uma resposta passiva à injúria celular; entretanto, estudos recentes sugerem que a necrose também pode ser regulada geneticamente Necrose É a morte celular estimulada por fatores como falta de nutrientes, toxinas ou anóxia (falta de oxigênio). Por exemplo: o infarto do miocárdio impede a chegada de sangue, e consequentemente, de oxigênio e nutrientes às fibras musculares cardíacas, impedindo o movimento de sístole (contração), afetando toda a distribuição de sangue no organismo, podendo levar à morte. Apoptose Em 1964 - proposto o termo “morte celular programada” para designar o processo que ocorre de uma forma não acidental Em 1972 - Kerr, Wyllie e Currie sugeriram o nome apoptose para este processo Apoptose Ocorre em células defeituosas (lesão no material genético) Não atinge células vizinhas (contrário da necrose) Citoesqueleto é destruído Núcleo é degradado Fragmentação do DNA Superfície da célula é alterada – fagocitose da célula por macrófagos e células vizinhas Os processos bioquímicos da apoptose Apoptose (Liberam enzimas) APOPTOSE NECROSE CRITÉRIOS MORFOLÓGICOS E BIOQUÍMICOS Destruição de cel. únicas Morte de grupos de células Membrana íntegra Perda da integridade da membrana Encolhimento da célula (Corpos apoptóticos) Células “inchadas” e lisas Sem resposta inflamatória Significante resposta inflamatória Fagocitose por células normais adjacentes e alguns macrófagos Fagocitose somente por macrófagos Lisossomos intactos Lisossomos ativados Compactação uniforme da cromatina formando densas massas Agregação bem definida de cromatina Induzida por distúrbios fisiológicos Evocada por distúrbios patológicos Requer energia e síntese de macromoléculas Sem energia e não há síntese de macromoléculas Transcripção de gene Sem transcripção de genes Fragmentação não randômica de DNA Digestão randômica de DNA APOPTOSE x NECROSE A necrose é caracterizada pela perda de integridade da membrana plasmática, floculação da cromatina, inchaço seguido de lise celular com extravasamento do conteúdo intracelular e desintegração das organelas Apoptose envolve alteração de permeabilidade de membranas, condensação cromatínica, fragmentação do DNA, encolhimento celular, formação de corpos apoptóticos sem desintegração de organelas Controle da apoptose A apoptose em condições biológicas é uma resposta celular a variações No meio extracelular Na membrana citoplasmática No interior da célula O mesmo estímulo pode desencadear apoptose num tipo de célula, ser inócuo noutro, e desencadear a proliferação noutro A resposta de um tipo de célula a um dado estímulo pode ser variável pois depende de outros fatores celulares (ex:fase de maturação) e ambientais (outros estímulos) Funções da apoptose Moldar os tecidos na embriogênese Eliminar células alteradas Eliminar células que deixaram de ser necessárias (ex. Sistema Imunológico) Apoptose Apoptose durante a metamorfose de um girino em rã Apoptose na pata de um camundongo em desenvolvimento (embriogênese) Processos fisiológicas em que ocorre apoptose Apoptose auxilia no ajuste do número de neurônios em desenvolvimento ao de células-alvo com as quais fazem contato Apoptose - Patológica Estímulos lesivos variados Vírus Atrofia patológica Morte celulares em tumores Acompanhando a necrose Apoptose Ocorre a síntese de proteases ativadas por sinais que induzem a morte CASPASES: grupo de enzimas envolvidas na Apoptose Apoptose CASPASES A maioria das Caspases ocorrem na forma inativa no citosol: pró-caspases que são ativadas por clivagem clivagem protéica (proteólise) Podem também ser encontradas no espaço intermembrana da mitocôndria (caspases 2 , 3 e 9) Apoptose CASPASES Existem 3 tipos de caspases: INICIADORAS (2, 8, 9 e 10) – ativam outras caspases EFETORAS (ou executoras: caspases 3, 6 e 7) – são ativadas pelas iniciadoras , clivam proteínas que processam a apoptose Grupo de caspases com função inflamatória (caspases 1, 4 e 5)- seu papel no processo apoptótico não está bem definido Apoptose CASPASES Clivam/degradam proteínas requeridas para a função normal da célula: proteínas estruturais do citoesqueleto, proteínas do núcleo, enzimas de reparo do DNA e outras São responsáveis pelas alterações morfológicas e bioquímicas das células apoptóticas Ativam outras enzimas degradativas, como as enzimas DNAses, que clivam o DNA nuclear (fragmentação do DNA) Ativação de caspases Apoptose A ativação da apoptose pode ser iniciada por duas vias básicas: pela via intrínseca (ou mitocondrial) pela via extrínseca (ou receptores de morte) Apoptose Tanto a via intrínseca quanto a extrínseca apresentam 3 fases: Iniciação Decisão Degradação Via intrínseca Inicia na mitocôndria Agentes químicos, físicos ou biológicos podem convergir para a mitocôndria e iniciar o processo apoptótico Pode ser ativado por vários agentes: Exposição à radiação Exposição à drogas químicas (genotóxicas) Exposição viral Privação de fatores de crescimento ou inanição Estresse oxidativo induzido por radicais livres Via intrínseca Ativação de caspase 3 ou 9 Na mitocôndria ocorre um aumento na permeabilidade das membranas pela indução de diversas proteínas, formando um megaporo (poro de transição de permeabilidade mitocondrial) Através desse poro ocorre a liberação do citocromo c e outras proteínas – as pró-caspases 3 e 9 para o citoplasma (desacoplamento da cadeia respiratória) Via intrínseca Ativação da caspase-9 No citosol, o citocromo c forma um complexo com a APAF-1 (Apoptotic Protease-Activating Factor -1; proteína citosólica) e com a pró-caspase-9, formando um apoptossomo, ocorre a clivagem da pró-caspase-9, ativando-a A caspase-9 ativada, ativa outra caspases efetoras (caspase-3 e caspase 7) induzindo a apoptose da célula- alvo; também induz a ativação de outras caspases (6 e 2) Via intrínseca da apoptose via mitocôndrial 2. Ligação do citocromo c em Apaf 1 formando um complexo 1. Mitocôndria recebe um estímulo apoptótico e libera citocromo c no citosol 5. Caspase 9 ativa as procaspases executoras que induzem apoptose 3. Formação de um apotossomo (várias moléculas de complexo (Apaf1-cit c) 4. Ativação de uma procaspase 9 que se torna ativa Via intrínseca da apoptose via mitocôndrial Recentemente, foi descrita a participação, na via mitocondrial, de uma flavoproteína conhecida por Fator Indutor de Apoptose (AIF). Este fator migra da mitocôndria para o núcleo da célulaapós um estímulo e induz a condensação da cromatina e fragmentação do DNA independente da ativação das caspases Via extrínseca Ativação de caspases associados à “receptores de morte” que incluem: Receptores de necrose tumoral (TNF1), Receptores Fas (também chamado de CD95 ou Apo-1) TRAIL ( TNF-Related Apoptosis-Inducing Ligand) Granzima B (produzido por linfócitos T citotóxicos) Via extrínseca Ativação de caspase-8 (ou 10) Quando os receptores de morte celular (tipo Fas) presentes na membrana celular reconhecem um ligante específico, os seus domínios interagem com moléculas que têm a capacidade de ativar e recrutar a Caspase-8 (ativadora) que, por sua vez, irá ativar a Caspase-3 (executora) promovendo a apoptose Via extrínseca da apoptose ativada por receptores Fas 1. Ligante Faz (FasL) na superfície de um linfócito matador ativa receptor de membrana na célula alvo 2. Fas recruta uma proteína adaptadora que recruta procaspases iniciadoras (8 e/ou10) 3. Complexo formado entre todas as proteínas envolvidas na apoptose 5. Caspases executoras são ativadas e iniciam o processo apoptótico 4. Ativação das procaspases Família de proteínas reguladores da apoptose Família de proteínas BCL Anti-apoptóticos: proteínas presentes na membrana mitocondrial externa: Bcl-2, Bcl-xl – reprime a resposta suicida frente aos danos celulares Pró-apoptóticos: proteínas Bax e Bad presentes no citoplasma – induz apoptose Reguladores da apoptose Proteínas Inibidoras de apoptose: IAP- inibem a ativação de caspases. Proteína p53- Supressor de tumor. Regulador da proliferação e apoptose; regula a família BCL-2 p53 e apoptose A proteína p53 pode interromper o ciclo celular em G1 para reparar o dano ao DNA ou induzir apoptose A apoptose está aumentada na maioria dos tumores malignos Imagens de eritrócitos de serpentes submetidos ao teste cometa. a. Controle. b. Apoptose. c. Necrose (experimental) Fonte: Carvalho e Recco-Pimentel (2007) Referências Alberts, B.; Bray, D.; Hopkin, K. et al. Fundamentos da Biologia Celular: uma Introdução à Biologia Molecular da Célula. 2ª edição. Porto Alegre: Artmed, 2006. 740 p. Cooper, G. M. A Célula - Uma Abordagem Molecular. 2ª edição Porto Alegre: Artmed, 2001. 712 p Carvalho, H.F.; Recco-Pimentel. A célula, 2ª ed. São Paulo: Manole, 2007. 380 p. Anazetti, M.C & Melo, P.S. Morte Celular por Apoptose: uma visão bioquímica e molecular. Metrocamp Pesquisa, v. 1, n. 1, p. 37-58, 2007. Disponível em: www.metrocamp.com.br/pesquisa
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