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MÉTODO, OBJETO, SISTEMA E FUNÇÕES DA CRIMINOLOGIA.
Cabe definir a Criminologia como ciência empírica e interdisciplinar, que se ocupa do estudo do crime, da pessoa do infrator, da vítima e do controle social do comportamento delitivo, e que trata de subministrar uma informação válida, contrastada, sobre a gênese, dinâmica e variáveis principais do crime, contemplado este como problema individual e como problema social, assim como sobre os programas de prevenção eficaz do mesmo e técnicas de intervenção positiva no homem delinqüente e nos diversos modelos ou sistemas de resposta ao delito.
Esta aproximação ao conceito de Criminologia apresenta, desde logo, algumas das características fundamentais do seu método (empirismo e interdisciplinaridade), antecipando o objeto (análise do delito, do delinqüente, da vítima e do controle social) e suas funções (explicar e prevenir o crime e intervir na pessoa do infrator e avaliar os diferentes modelos de resposta ao crime). 
Diferentemente de outras definições convencionais, a definição proposta corresponde a uma imagem moderna da Criminologia, em plena sintonia com os conhecimentos e tendências atuais do saber empírico. Mas pretende respeitar, ao mesmo tempo, as origens desta disciplina e a experiência acumulada por ela depois de um século. Por isso, pode-se observar que: 
a) Parte da caracterização do crime como "problema", ressaltando assim sua base conflitual e enigmática e sua face humana e dolorosa, com as transcendentais implicações de toda ordem que derivam de tal análise; 
b) Amplia o âmbito tradicional da Criminologia, incorporando em seu objeto as investigações sobre a "vítima" do delito e o denominado "controle social", que deram à noção clássica da Criminologia um moderado giro sociológico, que compensa o desmedido biologismo positivista sob cujos auspícios ela nasceu; 
c) Acentua a orientação "prevencionista" do saber criminológico, frente à obsessão repressiva explícita em outras definições convencionais. Porque interessa prevenir eficazmente o delito, não castigá-lo cada vez mais ou melhor; 
d) Substitui o conceito de "tratamento", que tem inequívocas conotações clínicas e individualistas, pelo de "intervenção", que possui uma noção mais dinâmica, complexa e pluridimensional, em consonância com o substrato real, individual e comunitário do fenômeno delitivo;
e) Destaca a análise e avaliação dos modelos de reação ao delito como um dos objetos da criminologia; 
f) Não renuncia, porém, a uma análise "etiológica" do delito (da "desviação primária") no marco do ordenamento jurídico como referência última. Com isso se distancia das conhecidas orientações radicais, fortemente ideologizadas, que concebem a Criminologia como mera teoria da desviação e do controle social, isto é, como apêndice da Sociologia (teorias da criminalização). A definição sugerida atende, assim, tanto à gênese e etiologia do crime (teorias da criminalidade) como ao exame dos processos de criminalização. 
A Criminologia é uma ciência. Reúne uma informação válida, confiável e contrastada sobre o problema criminal, que é obtida graças a um método (empírico) que se baseia na análise e observação da realidade. Não se trata, pois, de uma "arte" ou de uma "práxis", senão de uma genuína "ciência". Precisamente por isso a Criminologia dispõe de um objeto de conhecimento próprio, de um método ou métodos e de um sólido corpo doutrinário sobre o fenômeno delitivo, confirmado, por certo, por mais de um século de investigações. 
Mas isso não significa que a informação subministrada pela Criminologia deva ser reputada exata, concludente ou definitiva. Pois a Criminologia é uma ciência empírica, uma ciência do "ser", não uma ciência "exata". Pode-se inclusive afirmar que o próprio modelo ou paradigma de ciência hoje dominante dista muito do causal-explicativo acolhido pelo positivismo naturalista, com base em pretensões de segurança e certeza. 
A Criminologia, em primeiro lugar, não esgota sua tarefa na mera acumulação de "dados" sobre o delito, e sim deve transformar estes dados em informação, interpretando-os, sistematizando-os e valorando-os. Porque não existe o terreno neutro e pacífico do dado, salvo que se confunda o método empírico com o empirismo crasso ou que se invoque aquele como base de decisões ideológicas já adotadas. O "conhecimento" científico da realidade, por outro lado, é sempre parcial, fragmentado, provisório, fluido e os campos próprios das diversas disciplinas que versam sobre o homem e a sociedade, estreitamente relacionados entre si, se ampliam e se modificam sem cessar. De sorte que o saber empírico, outrora paradigma de exatidão, tornou-se cada vez mais relativo e inseguro: é um saber provisório, aberto. Já não visa descobrir as férreas leis universais que regem o mundo natural e social (relações de causa e efeito), senão que parece conformar-se com conseguir uma informação válida, confiável, não refutada, sobre a realidade. Não busca exatidão, senão probabilidade, não fala de "causa" e "causalidade", senão de outros tipos de conexões menos exigentes (fatores, variáveis, correlações etc.).[6] Em parte isso se deve à evidência de que o homem transcende à "causalidade", à "reatividade" e à "força", porque é sujeito e não objeto do acontecer e da história.[7] E seu comportamento, sempre enigmático, corresponde a razões muito complexas e incertas. Porém a citada crise do "paradigma causal-explicativo" e das limitações do método em¬pírico pode ser observada, também, não só no campo das ciências sociais e das da conduta, senão no das denominadas - em outra época - ciências "exatas". A moderna teoria da ciência e o crescente auge dos métodos estatísticos e quantitativos demonstram o triunfo avassalador de um novo modelo de saber científico, mais relativo, provisório, aberto e inacabado. 
Em conseqüência, a cientificidade da Criminologia só significa que esta disciplina, pelo método que utiliza, está em condições de oferecer uma informação válida e confiável - não refutada - sobre o complexo problema do crime, inserindo os numerosos e fragmentados dados obtidos sobre ele em um marco teórico definido. A correção do método criminológico garante o rigor da análise de seu objeto, porém não pode eliminar a problematicidade do conhecimento científico nem a necessidade de interpretar os dados e formular as correspondentes teorias. 
A EVOLUÇÃO DA CRIMINOLOGIA
POSIÇÃO DAS ESCOLAS CLÁSSICA E POSITIVA SOBRE CRIMINOLOGIA
Ferri (1999), no século XIX, faz uma associação entre a fase pré-científica e a fase científica, onde o crime era visto como fato individual e também como uma abstração normativa (ele não era visto do ponto de vista social). O que levaria o indivíduo ao cometimento do deliro?. O crime era um comportamento humano que se enquadrava no comportamento penal, sendo apurado através de um método formal, abstrato e dedutivo. No final dessa fase, começaram a surgir alguns pesquisadores nas áreas da psiquiatria, que associaram o crime a uma cautelosa observação. Foi feito um estudo profundo acerca do delinqüente, de forma fracionaria, isolada. 
No final do século XIX intensificou-se o estudo das ciências, surgindo à fase científica. Os pensadores formaram o movimento do positivismo, começando a propor o estudo da criminologia através de um método causal explicativo. Os principais pensadores dessa época foram: César Lombroso, Henrico Ferri, Rafael Garófolo. Eles buscaram estudar através de um método causal-explicativo. A criminologia vai se preocupar agora com a causa, com o comportamento. Os fundamentos da pena são sobre a personalidade do criminoso, sua periculosidade, sua capacidade de adaptação e não sobre sua natureza. O crime não é só um comportamento individual, mas também é um fato humano e social. A criminologia desloca o centro da norma para a realidade. Nesta fase predominou o pensamento da escola positiva (nova maneira de ver o direito penal).
Com base na concepção de Conceyção Penteado (2000), César Lombroso, médico psiquiatra italiano, dedicou seusestudos às características físicas do criminoso. Para ele, o infrator já nascia com traços físicos que poderiam identificá-lo como tal. Tais estigmas físicos do criminoso nato, segundo Lombroso, constavam de particularidades: a forma da calota craniana e da face, bem como detalhes quanto o maxilar inferior, fartas sobrancelhas, molares proeminentes, orelhas grandes e deformada dessimetria corporal, grande envergadura de braços, mãos e pés. Hoje em dia, sabemos que essa teoria está superada, mas, em alguns casos, ainda há persistência; certas pessoas em razão de elementos biológicos herdados apresentam uma maior predisposição ao cometimento de crimes. 
Henrico Ferri (1999) vai dar continuidade aos estudos de César Lombroso, chegando à conclusão de que não bastava a pessoa ser um delinqüente nato, era preciso que houvesse certas condições sociais que determinassem a potencialidade do criminoso.
Em 1824 Rafael Garófolo escreve um livro chamado de "Criminologia", passando, com isso, a batizar a ciência. Neste livro, Garófolo amplia o estudo da criminologia, sugerindo para esta um estudo jurídico; ele estudou o crime, o criminoso e a pena. Ademais, propôs que dentro da criminologia existiria o conceito do crime, que seria: "fenômeno natural de ofensa aos sentimentos de piedade e probidade de um grupo social".
A criminologia ganha, a partir dessa fase, autonomia e status de ciência. A escola positiva generaliza o emprego do método empírico, no qual a análise, a observação, e a indução substituem a especulação e o silogismo, superando o método abstrato formal e dedutivo do mundo clássico.
De fato, como advertiu Ferri (1995), a luta de escolas (positivismo versus classicismo) não foi senão, um enfrentamento entre partidários do método abstrato, formal e dedutivo (os clássicos) e os que propugnavam pelo método empírico e indutivo (os positivistas).
"Falamos de duas linguagens diferentes. Para nós, o método experimental (indutivo) é a chave de todo conhecimento: para eles, tudo deriva de deduções lógicas e da opinião tradicional. Para eles, o fato deve ceder lugar ao silogismo; para nós, a ciência requer um gasto de muito tempo, examinando os fatos um a um, avaliando-os, reduzindo-os a um denominador comum e extraindo deles a idéia nuclear". 
POSIÇÕES CRÍTICAS SOBRE A CRIMINOLOGIA
Alessandro Baratta, (1999) em seu clássico do direito contemporâneo "Criminologia", oferece ao leitor uma breve amostra de sua riqueza científica, filosófica e política, apresentando uma teoria criminológica de maneira sistemática e original. O autor analisa as aquisições das teorias sociológicas sobre crime e controle social com os princípios da ideologia da defesa social, colocando em pauta uma política criminal alternativa.
Essa temática trazida por Baratta, nasceu contemporaneamente à revolução burguesa, e, enquanto a ciência e a codificação penal se impunham como base primordial para o sistema jurídico burguês, a ideologia da defesa social assume o predomínio ideológico dentro do específico setor penal. O autor reconstrói o conceito dessa ideologia, com base nos seguintes princípios. Dentre eles: princípio de legitimidade, princípio do bem e do mal, princípio de culpabilidade, princípio da finalidade ou da prevenção, princípio de igualdade, princípio do interesse social e do delito natural.
"O conceito de defesa social é o ponto de chegada de uma longa evolução do pensamento penal e penitenciário, e como tal representa realmente um progresso no interior deste. E todavia, do ponto de vista da crítica da ideologia e da capacidade de analisar realisticamente, e portanto também de projetar racionalmente as instituições penais e penitenciárias, a ciência do direito penal apresenta um notável atraso com relação à interpretação quedesta mesma matéria se faz hoje no âmbito das ciências sociais (sociologia criminal, sociologia jurídico-penal)."
Alessandro Baratta (1999), ainda fazia referência ao desvio secundário das "carreiras" criminosas, que põem em dúvida o princípio do fim ou da prevenção e, em particular, a concepção reeducativa da pena. Na verdade, esses resultados mostram que a intervenção do sistema penal, especialmente as penas detentivas, antes de terem um efeito reeducativo sobre o delinqüente, determinam na maioria dos casos, uma consolidação da identidade desviante do condenado e o seu ingresso em uma verdadeira e própria carreira criminosa.
Percebemos, infelizmente, que boa parte da população excluída da relação de consumo (imposta por uma sociedade capitalista extremamente injusta e desigual), sem nenhum bem-estar e desprovida de qualquer esperança de sucesso econômico tende a buscar a alcançar as metas socialmente fomentadas através de um "Estado Paralelo" que, de alguma maneira, oferece a esses excluídos meios (trazendo a idéia de inferioridade do texto de José Silva, para este, existente na América Latina), ainda que ilícitos, para obtenção dessas metas e para suas satisfações.
Molina (2000) apresenta fundamentais características da criminologia, dentre elas, o seu método (empirismo e interdisciplinariedade), antecipando o objetivo (análise do delito, delinqüente, da vítima, e do controle social) e suas funções (explicar, prevenir o crime, intervir na pessoa do infrator e avaliar os diferentes modelos de resposta ao crime). O autor faz uma abordagem moderna acerca da matéria, em plena sintonia com os conhecimentos atuais do saber empírico. Mas pretende respeitar, ao mesmo tempo, as origens desta disciplina e a experiência acumulada por ela depois de um século.
"A criminologia pertence ao âmbito das ciências empíricas significando, que seu objetivo (delito, delinqüente, vítima e controle social) se insere no mundo real, do verificável, do mensurável, e não dos valores. Que conta com um sólido substrato ontológico, apresentando-se ao investigador como um fato a mais, como um fenômeno da realidade."
CONCLUSÃO
Dessa forma, podemos concluir que não existe uma causa da criminalidade, o crime não decorre por um determinado segmento. É complexo, pois é o produto de determinados fatores.
O desenvolvimento de uma visão criminológica crítica no Brasil tem sido lento. As razões para este comportamento dos estudiosos brasileiros devem ser analisadas desde a opção ideológica bastante definida da criminologia crítica até as dificuldades políticas internas enfrentadas, que ocasionaram certo isolamento cultural, do único país de língua portuguesa da América latina, passando pela formação eclética dos percussores do estudo criminológico brasileiro.
Para finalizar este estudo, chega-se à conclusão de que, atualmente, o crime e o criminoso têm que ser estudados tanto em relação normativa quanto empírica. O crime tem que ser um disciplinado objeto de estudo de previsão e prevenção do direito penal. Criminologia e direito penal têm que atuar em conjunto para que permita ao Estado uma política criminal que consiga, efetivamente, prevenir e controlar a criminalidade.
Escola de Chicago
A Escola de Chicago surgiu nos Estados Unidos, na década de 1910, por iniciativa de sociólogos americanos, professores do Departamento de Sociologia da Universidade de Chicago e teve um papel relevante na história da criminologia, ao trazer a questão da desorganização social, e da ecologia criminal (arquitetura criminal). Essa escola foi responsável por um estudo mais detalhado a respeito de fenômenos sociais que ocorriam na parte urbana das metrópoles, devido ao aumento na imigração para o Centro e Sul dos Estados Unidos. Houve um aumento populacional na cidade de Chicago de forma repentina, porém a cidade não estava preparada para receber todas essas pessoas, ou seja, não havia estrutura para manter o mesmo padrão de vida existente na cidade.
Devido a isso, a cidade de Chicago começou a enfrentar uma seqüência de problemas sociais urbanos, como por exemplo, crescimento da criminalidade, aumento da delinqüência juvenil, aparecimento de gangues de marginais, bolsões de pobreza e desemprego, e a formação de comunidades segregadas.
Todos essesproblemas passaram a ser objeto de estudo de vários sociólogos, que pretendiam, a partir desse acontecimento, elaborar novas teorias e conceitos a respeito dos fenômenos sociais. Além disso, buscavam elaborar métodos para solução e controle desses problemas.
A expressão Escola de Chicago refere-se a escolas e correntes do pensamento de diferentes áreas e épocas que ficaram conhecidas por serem discutidas e desenvolvidas na cidade norte-americana de Chicago.
Essa escola prega que há que se ter um profundo interesse pelo problema social que é o delito, e que para se estudar o delinqüente deve se levar em consideração seu contexto histórico, já que na vida em sociedade sempre haverá o crime. O conceito de ecologia humana (que pressupõe a concepção integrada do homem com o meio ambiente) e a concepção ecológica da sociedade foram muito influenciados pelas abordagens teóricas do "evolucionismo social" - marcante na sociologia em seu estágio inicial de desenvolvimento -, ao sustentarem uma analogia entre os mundos vegetal e animal, de um lado, e o meio social integrado pelos seres humanos, neste caso, a cidade, de outro.
Os sociólogos, ao considerarem a cidade como amplo e complexo “laboratório social”, utilizavam o método empírico para coleta de dados e informações sobre a forma de vida em ambientes urbanos.
Na sociologia, a Escola de Chicago representa um conjuto de teorias cujo principal tema eram os grandes centros urbanos, pela primeira vez estudados etnograficamente.
Na arquitetura e no urbanismo, a Escola de Chicago representa um conjunto de ideais e pensamentos sobre o futuro das cidades e do planejamento urbano americanos, desenvolvidos no início do século XX.
Na economia, a Escola de Chicago representa uma corrente que defende o livre-mercado. Seu mais conhecido representante é Milton Friedman, ganhador do Prêmio Nobel de Economia em 1976.
Na comunicação, a Escola de Chicago representa um conjunto de estudos referentes a comunicação social, afirmando que a sociedade é um produto da comunicação, que torna possível o consenso entre as pessoas. Também expressa que a comunicação serve, promove ou reprime o conhecimento.
Informação dada pelo Relatório Global sobre Assentamentos Humanos, do Programa das Nações Unidas para Assentamentos Humanos, revela que o aumento da criminalidade no estado de São Paulo está ligado a crescimento urbano, e que crimes violentos, em particular, estão aumentando em todo o pais. No Rio de Janeiro, por exemplo, a taxa de mortes por armas é maior que o dobro da média nacional.
Se for considerado o fato de que na maioria das grandes cidades brasileiras não há planejamento urbano, pode-se dizer que esse seja o real motivo do aumento da criminalidade. Um resultado visível dessa falta de planejamento são as favelas, alternativas encontradas pela parcela excluída da população e do acesso ao poder econômico para continuar a sobreviver nas cidades. Até mesmo Brasília, que foi uma cidade construída partir de um planejamento, cresceu de forma desordenada e além do que foi previsto.
A criminalidade hoje, no Brasil, é atribuída aos problemas socio-econômicos, no entanto, o crescimento desordenado e a falta de estrutura para atender à demanda existente nas grandes cidades, demonstram que a falta de planejamento urbano gera conflitos sociais que talvez sejam a fonte da criminalidade.
Teoria da Associação Diferencial.
O crime não é anormal, mas resultado do aprendizado adquirido a partir de situações reais enfrentadas pelo agente;
“O crime se aprende”;
Pesquisas com a “criminalidade de colarinho branco” fizeram-no concluir pela ausência de anormalidade do delinqüente;
A sociedade é plural e conflitiva, sendo por isso existentes grupos que atuam com delitos, grupos neutros e grupos que combatem delitos, reforçando valores majoritários;
O crime é resultado da “associação diferencial” com esses grupos criminosos, mediante um processo de comunicação que resulta em aprendizado;
A pessoa torna-se delinqüente quando a maioria das suas interações é favorável ao delito, aprendeu mais com delinqüentes que com obedientes à lei;
Dos Delitos E Das Penas
(CESARE BECCARIA)
DOS DELITOS E DAS PENASSOBRE O AUTOR: CESARE BONESANA, era Marques DE Brecaria, nasceu em Milão em 1738, foi educado em Paris pelos jesuítas, influenciou muito na formação de seu espírito a leitura das LETTRES PERSANES de Montesquieu e de L? Sprit de Helvetius. Foi ele um dos fundadores da sociedade literária que se formou em Milão.O tratado DOS DELITOS E DAS PENAS, é a Filosofia Francesa aplicada a Legislação Penal: contra a tradição jurídica, invoca a razão e o sentimento; faz porta-voz dos protestos da consciência pública contra OS julgamentos secretos, o julgamento imposto aos acusados, a tortura, o confisco, as penas infamantes, a desigualdade ante o castigo, a atrocidade dos suplícios; estabelece limites entre a justiça divina e a justiça humana, entre os pecados e os delitos; condena o direito de vingança e toma por base o direito de punir, como utilidade social;declara a pena de morte inútil e reclama a proporcionalidade das penas aos delitos, assim como a separação do Poder Judiciário do Poder Legislativo.Nenhuma obra fora tão oportuna e o seu sucesso foi verdadeiramente extraordinário, sobretudo entre os filósofos francesas. O abade Morellet traduziu-o, Diderot anotou-o, Voltaire comentou-o, D?Alembert, Buffon, Hume, Helvetius, o Barão de d? Holbach, em resumo todos os grandes homens da época manifestaram sua admiração e seu entusiasmo pelos conceitos emitidos por Breccaria.A primeira conseqüência desses princípios é que só as leis podem fixar as penas de cada delito e que o direito de fazer as leis penais só pode residir na pessoa do legislador, que representa toda uma sociedade unida por um contrato social, que o magistrado que também é membro dessa sociedade não pode com justiça infligir a outro membro da sociedade uma pena que não seja estatuída por lei; e, a, partir do momento que o juiz é mais severo que a lei, ele é injusto.Breccaria dizia que se a interpretação arbitraria das leis é um mal, também o é a sua obscuridade, pois precisam ser interpretadas. Esse inconveniente é maior ainda quando as leis não são escritas em línguas vulgares, uma espécie de catecismo que todo o povo tenha conhecimento e saiba interpretá-la.Foi considerada uma obra tão fabulosa, que houve elogios de Morellet a Beccaria, por tão importante obra, através de carta, que aqui descrevo um pequeno texto de ambos, por ser muito significativa para a historia da humanidade:De Morellet a Beccaria.Senhor: Sem ter a honra de conhecer-vos, julgo-me no direito de endereçar-vos um exemplar da tradução que fiz de vossa obra Dei Delitti e Delle Pene. Os homens de letras são cosmopolitas e de todas as nações; estão ligados por laços mais estreitos do que os que unem os cidadãos de um mesmo país, os habitantes de uma mesma cidade e os membros de uma mesma família. Morellet queira dizer com isso, que se sentia honrado em poder compartilhar das mesmas ideias e sentimentos com Beccaria, e queria conhecê-lo pessoalmente para poder dar-lhe os parabéns por tão excelente trabalho, e também comunicar a tradução de sua obra.De Beccaria a Morellet.Permita-me senhor agradecer tamanho elogio a minha obra, exprimo aqui a mais profunda estima, o maior reconhecimento, e a mais terna amizade, são os sentimentos que fez nascer em mim à carta encantadora que vos dignastes escrever-me. Não saberia exprimir-vos quanto me honra ver minha obra traduzida na linguagem de uma nação que esclarece e instrui a Europa.Com este pensamento, Beccaria queria uma aplicação de Leis mais justas, que fossem aplicadas conforme os delitos praticados, sem abusos,que a sociedade se sentisse amparada , que se pudesse investigar livremente a verdade, e não cometer erros ao condenar os infratores dos delitos. 
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