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Argumentare - A crise penitenciária e a Cultura do Encaceramento

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A crise penitenciária e a 
CULTURA DO 
ENCARCERAMENTO 
Das Prisões 
• Dados do Levantamento Nacional de Informações 
Penitenciárias (Infopen), produzido pelo Departamento 
Penitenciário Nacional (Depen), revelam que o número de 
presos no Brasil aumentou 168% de 2000 a 2014. O grande 
número de detentos – em dezembro de 2014, eram 622 mil 
– não foi suportado pelas prisões brasileiras, que, apesar de 
ter recebido mais vagas (triplicou no período 2000-2014, 
segundo a Rede Justiça Criminal), passou a operar em 
permanente superlotação. Hoje, o país teria capacidade de 
encarcerar apenas 371 mil pessoas – ou seja, havia um 
déficit de 250 mil vagas. O Brasil também está no sentido 
contrário de países como os Estados Unidos, em que o 
encarceramento tem caído. 
• O total de pessoas encarceradas no Brasil chegou a 726.712 em 
junho de 2016, quase o dobro do número de vagas (368.049 no 
mesmo período). Em dezembro de 2014, eram 622.202 presos, o 
que representa crescimento de mais de 104 mil pessoas em 18 
meses — mais de 5,7 mil por mês, em média. 
• Cerca de 40% dos presos hoje são provisórios, ou seja, ainda não 
têm condenação judicial. Mais da metade dessa população é de 
jovens de 18 a 29 anos e 64% são negros. Os dados são 
do Levantamento Nacional de Informações 
Penitenciárias divulgado nesta sexta-feira (8/12), em Brasília, pelo 
Departamento Penitenciário Nacional, do Ministério da Justiça. 
• O Brasil é terceiro país com maior número de pessoas presas, 
atrás dos Estados Unidos e da China, sendo seguido na quarta 
colocação pela Rússia. A taxa de presos para cada 100 mil 
habitantes subiu para 352,6 indivíduos em junho de 2016. Em 
2014, era de 306,22 pessoas presas para cada 100 mil habitantes. 
https://www.conjur.com.br/dl/infopen-levantamento.pdf
https://www.conjur.com.br/dl/infopen-levantamento.pdf
https://www.conjur.com.br/dl/infopen-levantamento.pdf
https://www.conjur.com.br/dl/infopen-levantamento.pdf
https://www.conjur.com.br/dl/infopen-levantamento.pdf
https://www.conjur.com.br/dl/infopen-levantamento.pdf
https://www.conjur.com.br/dl/infopen-levantamento.pdf
https://www.conjur.com.br/dl/infopen-levantamento.pdf
https://www.conjur.com.br/dl/infopen-levantamento.pdf
• O número de vagas no sistema prisional brasileiro está 
estabilizado nos últimos anos. “Temos dois presos para cada 
vaga no sistema prisional”, disse o diretor-geral do Depen, 
Jefferson de Almeida. “Houve um pequeno acréscimo nas 
unidades prisionais, muito embora não seja suficiente para 
abrigar a massa carcerária que vem aumentando no Brasil”, 
afirmou nesta sexta. 
• De acordo com o relatório, 89% da população prisional está 
em unidades superlotadas: 78% dos estabelecimentos 
penais têm mais presos que o número de vagas. 
Comparando-se os dados de dezembro de 2014 com os de 
junho de 2016, o déficit de vagas passou de 250.318 para 
358.663. A taxa de ocupação nacional é de 197,4%. Já a 
maior taxa de ocupação é registrada no Amazonas: 484%. 
 
• A meta do governo federal era diminuir a população 
carcerária em 15%. Com a oferta de alternativas penais 
e monitoramento eletrônico, segundo Almeida, evitou-
se que outras 140 mil pessoas ingressassem no sistema 
prisional. 
• “Quase todos os estados estão com um trabalho forte 
junto aos tribunais de Justiça para implementar as 
audiências de custódia [iniciativa que garante ao preso 
em flagrante o direito de ser ouvido por um juiz], para 
que as pessoas não sejam recolhidas [imediatamente] 
como presos provisórios”, disse o diretor do Depen 
Jefferson de Almeida. Além disso, o governo prevê 65 
mil novas vagas para este ano. 
 
O EXCESSO DE PRISÕES 
PROVISÓRIAS 
• Dos mais de 600 mil presos no Brasil hoje, cerca de 
250 mil, ou 40% do total, são presos provisórios. A 
maior parte dessas prisões surge depois de uma 
prisão em flagrante. Prisões em flagrante levam a 
prisões provisórias em 94,8% dos casos, segundo o 
Conselho Nacional de Justiça (CNJ). O Infopen 
revela que 26% desses presos ficam detidos por 
mais de três meses. Há relatos de pessoas que 
viram o juiz pela primeira vez depois de passar mais 
de dois meses no cárcere. 
 
 
• Esses números demonstram que a prisão provisória tem sido 
usada mais como regra do que exceção – e que ela se tornou 
uma forma de antecipar a execução da pena. Tomar medidas 
para alterar esse quadro pode melhorar a situação do sistema, 
pois uma parte desses presos poderiam ser liberados. Uma 
forma de atenuar o problema é a audiência de custódia, em que 
o preso em flagrante tem acesso a um juiz em até 24 horas após 
a prisão. Esse juiz avalia o caso e decide se a continuidade da 
prisão é necessária. A adoção de audiências de custódia 
diminuiu o nível de prisões provisórias após flagrante para 53% 
na cidade de São Paulo, de acordo com o CNJ. 
 
• Vale notar que o número de presos provisórios brasileiros é 
semelhante ao déficit de vagas. Evidentemente, não é possível 
dar liberdade a todos os detentos nessa condição, mas a revisão 
desses casos poderia significar um alívio no problema. 
 
EFEITOS DA LEI ANTIDROGAS 
• Antes da sanção da nova Lei de Drogas, o país tinha 
47 mil presos por tráfico de entorpecentes. Hoje, a 
cifra chegou a 138 mil – ou um a cada quatro 
presos. No caso das mulheres presas, a situação é 
ainda pior: 64% delas estão ligadas ao tráfico. O 
crescimento de detentos nesse período teria 
relação com a nova legislação. 
• Basicamente, a lei anterior previa pena por trafico 
de 3 a 15 anos e a nova lei prevê pena de 5 a 15 
anos 
 
•Do universo total de presos no 
Brasil, 55% têm entre 18 e 29 
anos. Observando-se o critério 
por estado, as maiores taxas de 
presos jovens, com menos de 
25 anos, são registradas no Acre 
(45%), Amazonas (40%) e 
Tocantins (39%). 
• Levando em conta a cor da pele, o 
levantamento mostra que 64% da população 
prisional é formada por pessoas negras. O 
maior percentual de negros entre a 
população presa é verificado no Acre (95%), 
no Amapá (91%) e na Bahia (89%). Quanto à 
escolaridade, 75% da população prisional 
brasileira não chegou ao ensino médio. 
Menos de 1% dos presos tem graduação. 
Das Mulheres 
•No total, há 45.989 mulheres presas no 
Brasil — Um pouco mais de 5% do total, 
de acordo com o Infopen. Dessas 
prisões, 62% estão relacionadas ao 
tráfico de drogas. Quando levados em 
consideração somente os homens 
presos, o percentual é de 30%. 
A Crise penitenciária de 2017 
• Três episódios que aconteceram em 2017 denotam a crise 
nos presídios brasileiros. No dia 1º de janeiro, pelo menos 
60 presos que cumpriam em Manaus (AM) foram mortos 
durante a rebelião que durou 17 horas. Na mesma semana, 
houve um tumulto em uma penitenciária em Roraima, onde 
33 presos foram mortos. No dia 14, Rio Grande do Norte, 
pelo menos 26 presos foram mortos em rebelião na 
Penitenciária Estadual de Alcaçuz. 
 
• Após o ocorrido, cerca de 220 presos foram transferidos 
para outras penitenciárias. Estados como Minas Gerais, 
Santa Catarina e Paraná também enfrentaram esse tipo de 
problema. No dia 24 de janeiro, mais de 200 detentos 
fugiram do Instituto Penal Agrícola em Bauru (SP). 
 
PRISÕES NÃO CUMPREM PAPEL DE 
RESSOCIALIZAÇÃO E FORTALECEM O CRIME 
• Com cadeias precárias e superlotadas, é praticamente 
impossível pensar em políticas de ressocialização de presos 
no Brasil. Nesses ambientes insalubres, o crime organizado 
encontra espaço para se fortalecer e desenvolver suas 
atividades. É das cadeias que facções têm planejado e 
executado a venda e distribuição de drogas. As prisões 
também são oportunidades de aliciamento de novos 
traficantes. Para garantir sua própria sobrevivência, outros 
presos, menos perigosos, acabam se submetendo à 
hierarquia das gangues presentes nos presídios. Quando tais 
pessoas deixam o cárcere, voltam ainda piores para o 
convívio social. Esse diagnóstico é trazido por diferentes 
especialistas. 
 
• Finalmente, é preciso destacar que o Estado 
também falha em fornecerestrutura 
adequada nas penitenciárias, de forma que 
em muitos casos não ocorre separação 
adequada dos presidiários, nem atividades 
que visem à ressocialização do preso, como 
educação e cursos profissionalizantes.

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