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ASCENSÃO E QUEDA DA LAQUEADURA TUBÁRIA NO 
BRASIL? UMA AVALIAÇÃO DAS PESQUISAS DE 
DEMOGRAFIA E SAÚDE DE 1986, 1996 E 2006 
 
 
 
 
André Junqueira Caetano 
 
 
 
 
 
 
RESUMO: Em 1986, 28,2% das mulheres brasileiras unidas, entre 15 e 44 anos de 
idade estavam esterilizadas. Em 1996, esse percentual era de 40,1%. Em 2006 ele 
retorna ao nível de 1996, 29%. Este artigo analisa a influência nas informações de idade, 
período e coorte sobre a probabilidade de esterilização durante o período de ascensão e 
queda do emprego desse método contraceptivo, isto é, dos anos 1980 até 2006. Os 
resultados deste trabalho indicam que as chances de laqueadura tubária para as mulheres 
de 15 a 44, unidas e com pelo menos dois filhos nascidos vivos são significativamente 
superiores em 2006. De fato, a maioria opta e realiza a laqueadura após o segundo filho. 
Boa parte das mulheres entrevistadas em 2006 ainda não entraram nas idades de maior 
probabilidade de ter o segundo filho ou já passaram por esses eventos antes das 
mudanças introduzidas pela Lei 9263, do planejamento familiar, de 1997. Por esse 
motivo, é arriscado, no mínimo, pensar a prevalência de laqueadura tubária, a partir dos 
resultados da PNDS 2006, como um indicador de mudança estrutural. 
 
 
Palavras-chave: Planejamento familiar; Contracepção; Laqueadura tubária; 
Brasil 
 
 Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais-PUC Minas e Cedeplar-Universidade 
Federal de Minas Gerais 
 2 
ASCENSÃO E QUEDA DA LAQUEADURA TUBÁRIA NO 
BRASIL? UMA AVALIAÇÃO DAS PESQUISAS DE 
DEMOGRAFIA E SAÚDE DE 1986, 1996 E 2006 
 
 
André Junqueira Caetano 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
Neste artigo examina-se a chance laqueadura tubária no Brasil e os 
determinantes associados a ela. A análise utiliza as informações das mulheres de 15 a 44 
anos entrevistadas pelas Pesquisas Nacionais de Demografia e Saúde (PNDS) de 1986, 
1996 e 2006. As informações referem-se, portanto, a mulheres nascidas entre 1942 e 
1991, ou seja, que transitaram para o período reprodutivo convencionado entre 1957 e 
2006. Em 1996 o percentual de mulheres entre 15 e 49 anos, unidas, que estavam 
laqueadas era de 40.1%. Em 2006 esse percentual foi de 29.1%. O objetivo do trabalho 
é avaliar em que medida, na medida do possível, a queda na proporção de mulheres 
unidas cirurgicamente esterilizadas entre 1996 e 2006 corresponde a uma mudança no 
padrão de uso desse método contraceptivo. Tal mudança poderia advir de uma série de 
fatores, mas duas hipóteses em especial merecem atenção. A primeira está relacionada 
com a possibilidade de que a Lei 9263, aprovada em 1996 e sancionada em agosto 1997, 
assim como as portarias posteriores que a regularam, tenha criado obstáculos adicionais 
ao acesso, no Sistema Único de Saúde (SUS), a esse procedimento. A segunda hipótese 
refere-se a uma mudança, por uma série de fatores e circunstâncias, do método de 
preferência entre a população usuária de contracepção, mulheres e homens. 
Com as informações das mulheres de 15-44, unidas, de parturição de ordem dois 
ou superior
1
, das três PNDS empilhadas e compatibilizadas, são ajustados três modelos 
logísticos binomiais para estimar a chance de esterilização feminina controlando-se pelo 
ano da pesquisa, idade e coorte de nascimento. Para testar a significância da diferença 
entre a prevalência da laqueadura tubária de 1996 e 2006, o terceiro modelo incorpora 
variáveis de interação entre ano da entrevista e situação de domicílio. Um modelo 
adicional, com as mesmas variáveis do terceiro modelo, é ajustado utilizando-se apenas 
as mulheres que tiveram filho há até cinco anos do momento da pesquisa. 
Os resultados indicam que as chances de laqueadura tubária para as mulheres 
com essas características são significativamente superiores em 2006. De fato, a vasta 
maioria opta e realiza a laqueadura após o segundo filho. Por esse motivo, é arriscado, 
no mínimo, pensar a prevalência de laqueadura tubária, a partir dos resultados da PNDS 
2006, como um indicador de uma mudança estrutural. 
 
 
 
 
 
 PPGCS-PUC Minas e Cedeplar-UFMG 
1
 Dentre as mulheres laqueadas, 97,8% eram parturição dois ou superior. Dessas, 33,7% eram parturição 
dois e 34,4% eram parturição três. 
 3 
1. LAQUEADURA TUBÁRIA NO BRASIL 
 
1.1. O contexto histórico 
A Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento (CIPD), 
realizada no Cairo, em 1994, marca na mudança de paradigma na abordagem da 
contracepção na medida em que o conhecimento e o acesso às alternativas 
contraceptivas e sua utilização segura significam o direito de decidir e a oportunidade 
de implementar, com a orientação e acompanhamento apropriados, decisões sobre se, 
quando e quantos filhos ter (UN MILLENNIUM PROJECT 2006). Nesse âmbito, 
comportamento e saúde reprodutiva se justapõem uma vez que o primeiro é delineado 
pela possibilidade e qualidade da segunda. 
A difusão da laqueadura tubária no Brasil foi abordada desse ponto de vista na 
medida em que a ausência de políticas que permitissem o acesso aos métodos 
contraceptivos, em geral, colocou a farmácia, isto é, o mercado, como principal fonte de 
oferta (FARIAS 1989). O efeito perverso apontado por Farias em seu artigo seminal diz 
respeito à falta de alternativas para as camadas de baixa renda, ou melhor, ao leque de 
alternativas pouco indicadas, seja à saúde, seja ao bolso – o aborto, a laqueadura, a 
farmácia, as gravidezes não desejadas. 
Grosso modo, até a CIPD de 1994, no Cairo, o controle populacional via 
contracepção moderna era visto, na perspectiva da narrativa clássica da transição 
demográfica, como uma possibilidade de rebaixamento das condições necessárias para o 
início do processo de declínio da fecundidade (CALDWELL e CALDWELL 1986). Em 
um Terceiro Mundo com taxas de crescimento populacional consideradas explosivas e 
diante de parcas chances de que os países desse mundo viessem, tão cedo, a passar pelas 
transformações sociais que deflagrariam a queda da fecundidade, como havia sido 
observado nas sociedades industriais (CALDWELL e CALDWELL 1986), o 
planejamento familiar tinha conotação bastante diversa do sentido de direito, ainda que 
pudesse vir de encontro a uma potencial demanda de mulheres e casais. Nesse aspecto, é 
importante compreender os primórdios do que viria a ser, principalmente a partir dos 
anos 1950, as linhas mestras em termos de pesquisas e políticas. 
De acordo com Caldwell e Caldwell (1986), a missão de estudiosos da área 
populacional (Frank Notestein, Marshall Balfour, Roger Evans e Irene Taeuber), com o 
apoio financeiro da Fundação Rockefeller, a países da Ásia, em 1948, foi definidora das 
prioridades de investimento na área populacional em todo o mundo até o final da década 
de 1980. As conclusões dessa missão podem ser resumidas, segundo o casal Caldwell, 
nos seguintes pontos: 
 
I. A principal contribuição do Ocidente industrializado, e das Fundações, deveria 
ser o incentivo à pesquisa sobre transformações culturais, especialmente sobre 
as razões da demanda por filhos e os motivos para reduzir fecundidade. 
Estudar em vez de remediar, o que significava pesquisa demográfica dentro de 
cada contexto social em questão. 
II. Era necessário criar corpos nativos de acadêmicos e especialistas em estudos 
populacionais. 
III. Seria necessário um método anticoncepcional barato, simples, seguro e efetivo, 
o que não existia e não estava no horizonte; isso indicava a premência de se 
investir em pesquisa biomédica aplicada à contracepção. 
 
 4 
 Ao final dos anos 50, já havia se tornado um paradigma orientador de programas 
e políticas que o rápido crescimento populacional retardava o desenvolvimento 
econômico. Segundo Caldwell e Caldwell (1986), Richard Nelson, em 1956, Harvey 
Liebenstein, em 1957, Ansley Coale e Edgar Hoover, em 1958, abordame desenvolvem 
essa relação. Tal preocupação acaba resultando em uma série de iniciativas de 
fundações dos Estados Unidos e de alguns governos, direcionadas pelas recomendações 
da missão asiática de 1948. Em 1951, as associações de planejamento familiar de 
diversos países fundam a International Planned Parenthood Federation, em um encontro 
em Bombaim. Em 1952, John D. Rockefeller III cria o Population Council, com o 
objetivo de melhor entender os problemas relacionados com população (CALDWELL e 
CALDWELL 1986). Também em 1952, a Fundação Ford entra na área populacional e 
em 1954 passa a financiar o Population Council. O principal objetivo da Fundação Ford 
era desenvolver grandes programas de população, primordialmente no Terceiro Mundo. 
Seu propósito era participar no esforço para diminuir o crescimento da população 
mundial (CALDWELL e CALDWELL 1986). 
Essas motivações estiveram por trás dos grandes investimentos feitos em 
pesquisas do tipo Knowledge-Attitude-Practice (KAP) gap nos anos 1960, e, nos anos 
1970, nos World Fertility Surveys (WFS). Os KAP-gap surveys acabaram por assumir a 
função de comprovar a existência de uma demanda frustrada por contracepção e de 
convencimento da necessidade de políticas de planejamento familiar nos países onde 
foram realizados (WARWICK 1983). Esse aspecto, na verdade, resultou em um viés na 
concepção, elaboração e implementação dessas pesquisas, agravado pelo falta de rigor 
científico e metodológico (WARWICK 1983). Os Demographic and Health Surveys 
(DHS), denominados Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde no Brasil, representam 
uma terceira onda desse tipo de pesquisa. Eles tiveram início em 1984, planejado para 
ser realizado de cinco em cinco anos com o intuito de coletar, analisar e disseminar o 
conhecimento sobre demografia e planejamento familiar iniciado pelo WFS, incluindo a 
nova metodologia de então que permitia estudar o determinantes próximos da 
fecundidade (FISHER e WAY 1988).
2
 
A primeira rodada da DHS no Brasil, denominada Pesquisa Nacional sobre 
Saúde Materno-Infantil e Planejamento Familiar (PNSMiPF), foi realizada em 1986. 
Em 1991 a pesquisa foi levada a cabo somente no Nordeste. Em 1996, ela volta a ter 
representatividade nacional. Por fim, em 2006 é realizada uma nova PNDS, da criança e 
da mulher, financiada pelo Ministério da Saúde e coordenada pelo Centro Brasileiro de 
Análise e Planejamento (CEBRAP)
3
. As análises feitas a partir das informações dessas 
pesquisas vão permitir o acompanhamento da evolução do mix contraceptivo nacional e 
o que se observa entre 1986 e 1996 é um aumento substancial da laqueadura tubária, 
que passa de 28% para 40% das mulheres entre 15 e 49 anos unidas
4
. 
A laqueadura tubária não era custeada pelo sistema público nem pelos planos 
privados de saúde, o mecanismo para cobrir os custos ou acobertar a intervenção era 
acoplá-la a uma cesariana ou registrar a realização de outro procedimento, tal como a 
colpoperineoplastia, pago pelo SUS (MERRICK e BERQUÓ 1983, CAETANO e 
POTTER 2004). De fato, a partir do exame dos dados dos surveys de 1986 e 1996, fica 
claro que as laqueaduras eram feitas principalmente no sistema público de saúde, 
gratuitamente ou pagas, acopladas a uma cesariana ou sem associação com o parto. A 
combinação dessas características variava conforme o nível de renda e peso do setor 
privado na assistência médica, ou seja, conforme a região. No Nordeste, por exemplo, a 
 
2
 http://www.measuredhs.com/aboutdhs/, acesso em 21 de março de 2009. 
3
 http://bvsms.saude.gov.br/bvs/pnds/index.php, acesso em 22 de abril de 2009. 
4
 A rodada de 1986 entrevistou mulheres de 15 a 44 anos de idade. 
http://www.measuredhs.com/aboutdhs/
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/pnds/index.php
 5 
proporção de laqueaduras de intervalo obtidas gratuitamente tinha um peso muito maior 
do que nas regiões Sul e Sudeste (CAETANO e POTTER 2004). 
Esse intenso aumento na prática da esterilização cirúrgica feminina acabou por 
dar grande peso a esse procedimento como tópico de análise e pautou, em boa medida, 
os estudos na área de fecundidade e comportamento reprodutivo a partir de 1996. Como 
a pesquisa de 1991 foi realizada apenas na região Nordeste, ficamos no escuro, em 
termos nacionais, de 1986 a 1996, e dez anos mais até que a PNDS 2006 fosse lançada e 
seus dados prontamente disponibilizados em 2008. 
De saída, esse capítulo estabelece o que já foi dito anteriormente, isto é, como 
outras instituições, como em outros países, a Fundação Ford no Brasil seguiu as 
recomendações da missão asiática de 1948. Investiu, com sucesso, na formação de um 
corpo acadêmico altamente especializado em demografia, culminando na formação da 
ABEP ao fim dos anos 1970. Investiu em pesquisa biomédica aplicada à reprodução 
humana, principalmente no grupo do Dr. Elsimar Coutinho, na Universidade Federal da 
Bahia, e em programas de planejamento familiar, principalmente na BEMFAM 
(Sociedade Civil para o Bem-estar da Família no Brasil). Menos badalado, mas não 
menos importante que essas iniciativas, segundo Souza, foi o investimento feito, 
durante a década de 1970, no Programa Reprodução, Nutrição e Saúde Materno-infantil 
(RENUMI), baseado em maternidades nas quais eram treinados e formados médicos, 
enfermeiros e pessoal técnico nas áreas de pré-natal, parto e puerpério, da UNICAMP, 
Universidade Federal do Ceará, Escola Paulista de Medicina, Universidade Estadual do 
Rio de Janeiro, e Fundação de Educação Superior, em Recife, Pernambuco. Além de 
serviços de saúde materno-infantil, esse programa oferecia planejamento familiar para 
mulheres de baixa renda. 
Souza (2002) esclarece que um dos objetivos centrais do RENUMI – 
inicialmente denominado Planejamento Familiar, Nutrição e Saúde Materno-infantil – 
foi testar o Índice de Perkin (PERKIN, 1968). Gordon Perkin, médico, foi assessor da 
Fundação Ford no Brasil entre 1973 e 1975. O Índice de Perkin procurava mensurar a 
“probabilidade de gravidez” (SOUZA 2002, p. 364) e, dependendo do escore obtido, 
recomendava-se iniciativas de aconselhamento e anticoncepção. Como o Índice de 
Perkin incorporava fatores socioeconômicos, a sua utilização, na perspectiva do 
paradigma do Cairo, segundo Souza, seria uma “grave violação dos direitos 
reprodutivos” (p. 364) na medida em que medicalizava a pobreza e classificava como 
incapazes de reproduzir as pobres com determinadas características reprodutivas e 
história médica. De fato, Souza afirma que a Fundação Ford utilizou esse programa 
como uma operação “cavalo de Tróia” (p. 365). 
O objetivo do índice não visava exatamente identificar risco de gravidez 
adicional, mas o risco de uma gravidez adicional resultar em morte ou afecção para a 
mãe ou para a criança. Mulheres que obtivessem um escore superior a quarto pontos 
deveriam ser “informed individually of the increased risk of a further pregnancy and 
encouraged to adopt a reliable method of family planning” (PERKIN 1968, p. 714). 
Corroborando a interpretação de Souza (2002), Perkin e Saunders (1979) afirmam que o 
foco na saúde materno-infantil a partir da perspectiva da gravidez de alto risco era parte 
de um conceito mais amplo de planejamento familiar cujo objetivo último era fazer 
avançar a aceitação e provisão de métodos contraceptivos modernos. 
É bastante provável, como assevera Souza (2002), que o RENUMI e as 
iniciativas associadas a ele tenham se configurado como sementes, do lado da oferta, da 
cultura da esterilização (BERQUÓ 1995) que veio a florescer posteriormente e que se 
refletiu no aumento da proporção de laqueadas, em relação a 1986, observado na PNDS 
1996. Frente a uma procura crescente e em face da ausência de serviços que dessem 
 6 
conta da demanda pelo controle da fecundidade, em face da medicalização intensa da 
sociedade e da “hospitalização/cirurgicalização” da prática médicae dentro de um 
sistema público de atendimento hospitalar manipulável, a grande disseminação da 
laqueadura é compreensível. 
 
1.2. O período 1970-1996 
 A evolução do uso de métodos contraceptivos no Brasil esteve associada a 
substanciais transformações econômicas, sociais e culturais ocorridas a partir de 1960. 
Nesse período o país deixou de ser majoritariamente rural para ter a maioria de sua 
população vivendo em áreas urbanas, mormente em cidades metropolitanas e médias, 
período em que sua economia rompeu definitivamente com formas de trabalho não-
capitalistas e, logo, não-monetárias, ao extinguir o colonato (PAIVA 1984), em que o 
acesso à educação se expandiu rapidamente e a entrada da mulher no mercado de 
trabalho mudou de forma definitiva a composição por sexo do mesmo (RAMOS e 
SOARES 1994), em que as telecomunicações integraram o país (FARIA e POTTER, 
1990) e em que a medicalização da sociedade brasileira fez com que o médico 
substituísse os poderes paternos, marital e religiosos – masculinos – vigentes (FARIA 
1989). 
Segundo Faria, a medicalização se origina da iniciativa de reestruturação do 
sistema nacional de saúde nos anos 1960 e 1970 baseado na ênfase sobre a medicina 
curativa, em detrimento da medicina preventiva, na qual a rede privada de hospitais 
passa a ser a espinha dorsal do sistema público e de sua expansão. O aumento dessa 
cobertura vai expor parcelas crescentes da população à cultura médica, ou seja, coloca 
aspectos da vida privada sob a influência médica, legitimando a interferência em 
processos biológicos e avalizando a sua eficácia (VIERIA, 2003). O aumento da 
demanda por regulação da fecundidade via uso de métodos contraceptivos modernos 
configura-se, assim, como uma das mudanças dentro do quadro geral de transformação, 
no sentido modernizante, da sociedade brasileira. 
 A demanda crescente por regulação da fecundidade se dará principalmente pelo 
aumento da utilização da laqueadura tubária a partir de 1980. Esse aumento foi devido, 
em larga medida, à disseminação da laqueadura tubária, principalmente nas áreas mais 
pobres do país e nos estratos de baixa renda (WONG et al. 1998). A pílula e a 
laqueadura tubária somavam 54,7% do total de mulheres unidas em idade reprodutiva 
em 1986 e 60,8% em 1996, indicando o aumento do uso e a tendência à concentração de 
métodos no período. Se em 1986 havia 1,1 mulher laqueada para cada mulher usando a 
pílula, em 1996 essa razão havia subido 1,9. Segundo Vieira (2003), essa concentração 
e o peso da laqueadura tubária refletem a medicalização do planejamento familiar, que é, 
em verdade, reflexo da medicalização da vida reprodutiva da mulher. 
A difusão da laqueadura tubária no Brasil, desse ponto de vista, ocorreu na 
ausência de políticas que permitissem o acesso aos métodos contraceptivos, em geral. 
Esse fato fez do mercado a principal fonte de oferta (FARIA 1989). O “efeito perverso”, 
cunhado por Faria, refere-se exatamente à falta de alternativas para as camadas de baixa 
renda, ou melhor, às alternativas nefandas restantes – a esterilização cirúrgica, a 
farmácia, o aborto inseguro, a gravidez não desejada. 
O aumento da prevalência da esterilização cirúrgica feminina intensificou a 
preocupação com as ações controlistas no Brasil, isto é, a suspeita de que clínicas de 
planejamento familiar financiadas por instituições internacionais ofereciam laqueaduras 
gratuitas ou a preços módicos sob indicação médica ou social (SOF 1994). Berquó 
(1993) afirma que o fato de que cerca de 150 clínicas e hospitais brasileiros serem, à 
 7 
época, afiliados à Associação Brasileira de Entidades de Planejamento Familiar 
(ABEPF) ajudaria a solucionar o aparente enigma do crescente número de laqueaduras 
gratuitas entre mulheres de baixa renda. Havia também a suspeita de que esse fenômeno 
era o resultado de uma política de controle populacional, por meio da esterilização 
cirúrgica feminina em massa, direcionada especificamente para os pobres em geral e 
para os negros, em particular (GELEDÉS 1991, RIO DE JANEIRO 1991). 
Diante das evidências existentes então, Congresso Nacional instalou, em 1992, 
uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar o fenômeno da esterilização em 
massa de mulheres no Brasil. A comissão estabeleceu nove itens nos quais focalizou a 
investigação, dentre os quais sobressaíam motivações racistas, participação de interesses 
internacionais, a real disponibilidade de métodos contraceptivos para a população de 
baixa renda, o estágio de implementação do PAISM e o uso eleitoral de laqueaduras 
tubárias. O relatório final, publicado em 1993, concluiu que o PAISM estava muito 
longe de ser efetivo e serviços de planejamento familiar inexistiam ou eram inacessíveis 
para a maior parte da população (BRASIL 1993). 
De acordo com o relatório final da CPI, a ausência de políticas públicas voltadas 
para a oferta de meios de regulação da fecundidade e para a saúde reprodutiva, assim 
como a falta de fiscalização das clínicas de planejamento familiar, permitia que atores 
privados pudessem operar livremente no país. Esses serviços, no entanto, estavam longe 
de atender a demanda por contracepção. Para remediar a situação, a CPI recomendou, 
entre outras medidas, a efetiva implementação do PAISM e a realização de auditoria no 
SUS de forma a controlar a prática da laqueadura tubária e o seu uso eleitoral (BRASIL 
1993). 
A despeito da preocupação de que forças coercitivas estavam impelindo 
mulheres pobres a se esterilizarem cirurgicamente, o crescente uso da laqueadura 
tubária tinha raízes firmes na prática médica e na exploração venal, por parte de 
médicos, da alta demanda por contracepção em um contexto de ausência de serviços de 
planejamento familiar que atendessem as mulheres de baixa renda. Nesse aspecto, em 
consonância com Vieira (2003), a disseminação da laqueadura reflete a “hospitalização” 
da saúde, ou seja, é uma manifestação específica, no campo reprodutivo, do processo de 
medicalização (BARROSO 1984). Barroso adiantava, já em 1984, a possibilidade de 
que o grosso das laqueaduras ocorridas a partir de 1970 tivesse sido ativamente 
solicitado, sem nenhuma forma direta de coerção. Ela advertia, entretanto, que 
determinantes específicos tais como a estrutura do atendimento hospitalar e a ausência 
de políticas públicas que fizessem face à crescente demanda por contracepção moderna 
levava as mulheres a elegerem a laqueadura tubária como método de preferência. 
De fato, dado que a laqueadura tubária não era custeada pelo sistema público 
nem pelos planos privados de saúde, o mecanismo para cobrir os custos ou acobertar a 
intervenção cirúrgica era acoplá-la a uma cesariana ou registrar a realização de outro 
procedimento, a colpoperineoplastia, por exemplo, pago pelo SUS (MERRICK e 
BERQUÓ 1983, CAETANO e POTTER 2004). De fato, a partir do exame dos dados 
das PNDS 1986 e da PNDS 1996, é evidente que as laqueaduras eram realizadas 
principalmente no sistema público de saúde, pagas ou gratuitamente, ligadas a uma 
cesariana, ou a outro tipo de procedimento cirúrgico (CAETANO e POTTER 2004). 
A realização da PNDS 1996 e outros estudos realizados a partir de então 
permitiram que o entendimento da contracepção e da prática da laqueadura tubária no 
Brasil fosse ampliado. Análises que enfatizavam determinantes específicos deram lugar 
a perspectivas mais complexas nas quais se conectavam as deficiências do sistema de 
saúde, o comportamento dos médicos e profissionais de saúde, a posição recalcitrante 
por parte dos parceiros e maridos em relação à contracepção, desinformação sobre o 
 8 
próprio corpo e sobre a atuação dos métodos contraceptivos, falta de acesso ao leque de 
métodos reversíveis e pobreza (BERQUÓ 1995, DINIZ et al 1998). Permeando todos 
esses aspectos estava o reconhecimento de que havia uma grande demanda e escassas 
alternativas contraceptivas. A esse respeito,Berquó (1993) argumenta que a 
cumplicidade entre mulheres, médicos e outros profissionais da saúde em um cenário de 
opções contraceptivas escassas engendraram uma „cultura da esterilização‟, ou seja, que 
a laqueadura tubária tinha se constituído em um ponto final da vida reprodutiva das 
mulheres tão natural quanto a menopausa. É esse conjunto de elementos e 
acontecimentos que propiciaram a criação, em 1996, da lei 9.263. 
 
1.3. O período pós 1996 
Após a sanção da Lei 9.263 e da edição das portarias que a regulamentaram, 
uma série de pesquisas e estudos foi realizada com o objetivo de investigar e avaliar o 
acesso à esterilização cirúrgica, com ênfase no papel dos médicos, na perspectiva de 
gestores e na avaliação de usuários do sistema público de saúde que requereram a 
laqueadura tubária ou a vasectomia. Uma pesquisa pioneira foi realizada em 1999 para 
avaliar os efeitos da Lei 9.263 na Região Metropolitana de São Paulo. Entre julho e 
dezembro daquele ano foram entrevistados os responsáveis por 23 serviços de saúde que 
ofereciam laqueadura tubária e vasectomia. 
A principal conclusão desse estudo foi de que a lei não tinha tido efeito 
significativo na prática de esterilização cirúrgica feminina, tendo produzido, em verdade, 
um resultado não esperado (LUIZ e CITELI 1999). Segundo os entrevistados, a 
demanda por laqueadura tubária havia crescido após a lei e a provisão dessa demanda 
competia com os casos em que a esterilização era indicação médica. Segundo os autores, 
os entrevistados reportaram que os serviços não tinham capacidade de suprir a demanda 
total, situação que piorou com a proibição da esterilização pós-parto em fevereiro de 
1999 (LUIZ e CITELI op. cit.). Além disso, o estudo sugere que os médicos eram muito 
pouco aderentes aos critérios definidos pela lei, isto é, criavam seus próprios critérios 
caso a caso. As autoras concluem ser necessário levar à população o conhecimento de 
seus direitos e aprimorar os mecanismos de fiscalização de médicos e hospitais de 
forma a garantir o cumprimento da lei. 
Berquó e Cavenaghi 2003 analisaram a implementação da nova legislação de 
planejamento familiar, especialmente da esterilização cirúrgica voluntária, com vistas a 
verificar se os diretos reprodutivos de mulheres e homens estavam sendo atendidos. As 
autoras realizaram uma pesquisa longitudinal com uma amostra de 159 indivíduos em 
Palmas, Recife, Belo Horizonte, São Paulo, Curitiba e Cuiabá. Foram realizadas, 
também, entrevistas com profissionais e gestores de saúde. Após seis meses de 
acompanhamento dos requerentes, 25,8% das mulheres e 31% dos homens obtiveram o 
procedimento. Boa parcela dos indivíduos que não obteve a cirurgia mencionou a 
burocracia e o desrespeito à lei por parte dos serviços como razões para o insucesso. Por 
outro lado, 73% das mulheres e 70,4% dos que requisitaram a esterilização responderam 
ter passado pelo processo de aconselhamento. Segundo as autoras, os resultados 
indicavam que a prática usual da esterilização pouco havia mudado após as portarias 
que regulam a Lei 9.263. 
Outro achado importante de Berquó e Cavenaghi (op. cit.) foi o grau elevado de 
desconhecimento, por parte dos gestores públicos e diretores de serviços de saúde, do 
corpo legal e normativo que regula a estruturação dos serviços de planejamento familiar 
e realização de esterilização cirúrgica, além da ausência de atuação efetiva dos 
conselhos estaduais e municipais de saúde nesse âmbito. É importante ressaltar, porém, 
 9 
a nota final das autoras do estudo, que asseveram “[...] que a porta de entrada no sistema 
de saúde mostrou-se elemento importante na implementação das cirurgias. Os 
ambulatórios de hospitais, especialmente no caso das mulheres, reduzem as dificuldades 
burocráticas e agilizam o acesso às ligaduras tubárias” (p. S452). 
POTTER e colegas (2003) realizaram pesquisa longitudinal nas Regiões 
Metropolitanas de Porto Alegre, Belo Horizonte e Natal, e no município de São Paulo. 
Foram entrevistadas 1.612 mulheres grávidas com idade entre 18 e 40 anos. A amostra 
foi estratificada segundo a natureza do serviço, se público ou privado, na proporção de 
dois para um. As entrevistas foram realizadas no momento do recrutamento, um mês 
antes da data marcada para o parto e um mês após essa data. Mulheres que informaram, 
em uma das duas primeiras entrevistas, que não queriam mais filhos foram perguntadas 
sobre como preveniriam futuras gravidezes. Aquelas que relataram querer a 
esterilização foram perguntadas se planejavam obtê-la imediatamente após o parto ou 
mais tarde. Na entrevista após o parto, essas mulheres foram perguntadas se elas haviam 
sido laqueadas e, em caso negativo, se gostariam de obter a cirurgia futuramente. 
Foi encontrada uma proporção substancial de mulheres que desejavam a 
esterilização pós-parto entre aquelas que não queriam mais filhos. Entretanto, pacientes 
de hospitais públicos apresentaram uma chance significativamente maior de 
esterilização se comparadas às pacientes de hospitais privados. Os autores argumentam 
que a nova lei não deve ter reduzido as desigualdades de acesso à laqueadura tubária e, 
de forma não antecipada, pode estar incentivando a realização de cesarianas 
desnecessárias. Potter e colegas afirmam que permitir a laqueadura tubária após o parto 
vaginal removeria esse incentivo e atenderia a uma demanda das mulheres. 
Em Ribeirão Preto (SP), a esterilização cirúrgica é oferecida no SUS desde 1999 
(VIEIRA e SOUZA 2009). Em estudo realizada por Vieira e Ford, em 2004, verificou-
se que parte dos solicitantes da esterilização cirúrgica pelo SUS em Ribeirão Preto não 
obtinha o procedimento. O insucesso, segundo os autores, poderia ser devido à 
desistência ou adiamento em decorrência do aconselhamento ou devido a obstáculos 
originados no sistema de saúde. Vieira e Souza (2009) analisaram essas hipóteses 
entrevistando, em 2004, 230 indivíduos que demandaram e não obtiveram cirurgia de 
esterilização no período de 1999 a 2004. Esses indivíduos foram comparados com 297 
indivíduos esterilizados. Dentre os que não conseguiram a cirurgia, 10% ainda tinham 
expectativa de obtê-la. Dos 207 restantes, 71% decidiram adiar e 29% encontraram 
obstáculos – período longo de espera parece ter sido o principal deles. Em comparação 
com o grupo dos que obtiveram o procedimento, maior renda e maior escolaridade 
favoreceram o acesso. Os autores afirmam, porém, que menos de 15% dos candidatos 
não obtiveram a cirurgia no período estudado e que adiamento e desistência podem ser 
consequência do processo de aconselhamento. 
Certamente, o acesso à esterilização cirúrgica é regulado por lei que estipula os 
direitos dos cidadãos e as obrigações por parte do sistema público de saúde no 
provimento desse serviço. Os estudos realizados indicam que um problema enfrentado 
em alguns contextos é o desconhecimento ou a não observância, sem sanções, dos 
critérios estipulados pela lei e suas portarias. Em outros contextos, o problema é a 
inexistência de hospitais do SUS licenciados para prover a laqueadura tubária, o que 
provavelmente faz com que ela siga sendo um serviço de troca clientelística. No 
Amazonas, por exemplo, em apenas um município foram realizadas esterilizações 
cirúrgicas pelo SUS em 2007. Assim, uma grande proporção da população não tem 
acesso a esse serviço. Além disso, a necessidade de apresentar autorização do cônjuge e 
a proibição da laqueadura pós-parto pode estar alimentando uma demanda frustrada, ao 
mesmo tempo em que estimula a realização de cesarianas desnecessárias ou outros 
 10 
procedimentos que possam acobertar e cobrir os custos da esterilização. Por outro lado, 
a legislação é um estímulo para a organização de serviços hospitalares autorizados, o 
que, por sua vez, é uma forma de disseminar o conhecimento e promover o acesso a 
métodos reversíveis. A PNDS 2006 nos permite conhecer a situaçãomais recente. 
No que se refere à laqueadura tubária, de acordo com a PNDS 2006, do total 
mulheres unidas, entre 15 e 49 anos de idade, esterilizadas cirurgicamente, 51,3% o 
foram até 1997, ano ao final do qual a lei e suas regulamentações passaram a viger. 
Portanto, 48,3% das mulheres unidas de 15 a 49 anos que estavam esterilizadas em 
2006 poderiam ter obtido a laqueadura dentro dos critérios da lei. Entre as que foram 
esterilizadas depois de 1997, 11% o foram em 1998 e 1999, esse último sendo o ano no 
qual entrou em vigor a portaria que proibiu a laqueadura pós-parto. 
A Tabela 1 apresenta a distribuição percentual das mulheres que estavam 
laqueadas em 1996 e as mulheres que foram laqueadas entre 1998 e 2000, segundo a 
natureza do serviço médico onde foi realizado o procedimento cirúrgico. Percebe-se que 
houve um aumento da participação do setor privado na provisão da laqueadura. Essa 
mudança é válida para todas as regiões, com exceção da região Nordeste, onde 
aumentou a participação do setor público de saúde no provimento da esterilização 
cirúrgica feminina. Em relação a esse dado, é importante ter em mente que do número 
total de laqueaduras realizadas no SUS entre 1998 e 2006, 21,2% ocorreram no 
Nordeste, praticamente o mesmo percentual da região Sul (21,5%). Do total, 47,1% das 
laqueaduras tubárias realizadas no SUS nesse período ocorreu na região Sudeste. 
 
TABELA 1 
Distribuição percentual das mulheres de 15 a 49 anos unidas laqueadas, segundo o local 
de obtenção do método, por ano da pesquisa – Brasil 
Ano 
Local de Obtenção 
Total (n)* Serviço 
Público 
Serviço Privado Outro 
1996 71,4 27,6 1,0 100 3.012 
2006 63,5 36,4 0,1 100 1.405 
Fonte dos dados: PNDS 1996, PNDS 2006. 
 
 A Tabela 2 indica uma mudança importante na relação da laqueadura tubária 
com o parto. No período 1998-1999 observa-se o padrão clássico que o caracterizou, a 
esterilização cirúrgica acoplada a um parto cesáreo. No período mais recente, o 
percentual de esterilizações de intervalo, sem relação com o parto, cresce, quase 
equiparando-se ao percentual de laqueaduras durante uma cesariana. 
 
TABELA 2 
Distribuição percentual das mulheres esterilizadas cirurgicamente a partir de 1998, 
segundo a relação do procedimento com o parto, por período – Brasil 
Relação da laqueadura com o 
parto 
Período 
Total (n)* 
1998-1999 2000-2006 
Durante cesariana 65,4 47,1 51,2 847 
Pós-parto 5,0 11,2 6,3 104 
Intervalo 29,6 41,2 38,6 638 
Sem resposta 0,0 0,5 3,9 65 
Total 100 95 100 1.655 
Fonte dos dados: PNDS 1996, PNDS 2006. 
 
 
 11 
2. METODOLOGIA 
As Pesquisas Nacionais de Demografia e Saúde são parte de uma iniciativa de 
realização inquéritos sobre fecundidade, planejamento da fecundidade, comportamento 
e saúde reprodutiva denominada Demographic and Health Surveys (DHS). Essas 
pesquisas foram iniciadas em 1984 e planejadas para serem realizadas de cinco em 
cinco anos, em vários países, com o intuito de coletar, analisar e disseminar o 
conhecimento sobre demografia e planejamento familiar iniciado pelo WFS, incluindo 
uma nova metodologia que incluía os determinantes próximos da fecundidade (FISHER 
e WAY 1988). Sua implementação e continuidade foi uma iniciativa da USAID. 
Posteriormente, o programa passou a ser realizado pela Macro International Inc. 
Demographic e denominado MEASURE DHS Project. Além de coletar dados que 
permitem estimar níveis de fecundidade, a DHS levanta informações sobre 
planejamento familiar, saúde materna e infantil, HIV/AIDS/ISTs (infecções 
sexualmente transmissíveis) e saúde reprodutiva
5
. 
A primeira rodada da DHS no Brasil, denominada Pesquisa Nacional sobre 
Saúde Materno-Infantil e Planejamento Familiar, é realizada em 1986. Em 1991 a 
pesquisa é levada a cabo somente no Nordeste. Em 1996, ela volta a ter 
representatividade nacional, sendo denominada Pesquisa Nacional de Demografia e 
Saúde (PNDS). Por fim, em 2006 é realizada uma nova PNDS, da criança e da mulher, 
financiada pelo Ministério da Saúde e coordenada pelo Centro Brasileiro de Análise e 
Planejamento (CEBRAP)
6
. As análises feitas a partir das informações dessas pesquisas 
vão permitir o acompanhamento da evolução do mix contraceptivo nacional e o que se 
observa entre 1986 e 1996 é um aumento perturbador da laqueadura tubária, que passa 
de 28% para 40% das mulheres entre 15 e 49 anos unidas. 
O empilhamento das três PNDS com representatividade nacional implicou na 
impossibilidade de se incorporar algumas variáveis importantes na análise. Esse foi o 
caso, por exemplo, das macrorregiões do país e da inclusão do grupo etário 45-49 anos. 
A divisão regional utilizada em 1986, ano em que esse grupo etário não foi pesquisado, 
impede a compatibilização com os demais anos. Cor da pele também não foi pesquisada 
em 1986. 
Foram ajustados três modelos logísticos binomiais que estimam a chance de 
laqueadura tubária entre mulheres de 15 a 44 anos de idade, unidas, com pelo menos 
dois filhos nascidos vivos. Formalmente, o modelo logístico para k variáveis 
independentes é dado por 
 
ikkii
ij
ij
xxx
p
p
 

...)
1
log( 2211 
 
onde pi é a probabilidade de yi = 1 (Alisson 1999). A equação logística pode ser 
solucionada para pi de forma que 
 
)...exp(1
1
2211 ikkii
i
xxx
p
 
 
 
No caso deste estudo, yi = 1 indica mulher esterilizada cirurgicamente. As variáveis 
independentes utilizadas são 
 
5
 http://www.measuredhs.com/aboutdhs/, acesso em 21 de março de 2009. 
6
 http://bvsms.saude.gov.br/bvs/pnds/index.php, acesso em 22 de abril de 2009. 
http://www.measuredhs.com/aboutdhs/
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/pnds/index.php
 12 
 
 Idade, 
 Escolaridade, 
 Parturição, 
 Situação de residência (rural como referência), 
 Ano da pesquisa (2006 como referência), 
 Coorte decenal de nascimento (1972-1981 como referência), 
 Interação entre ano da pesquisa e situação de residência. 
 
 A Tabela 3 apresenta a prevalência da laqueadura entre as mulheres unidas em 
três situações distintas. Na primeira parte da tabela, foram incluídas todas as mulheres 
unidas de 15 a 49 anos. Observa-se que o ano de 1996 apresenta o maior percentual de 
mulheres unidas laqueadas, ao passo que o peso do tamanho da amostra de 2006 se 
mostra na linha de total. Na segunda parte da tabela foram excluídas as mulheres unidas, 
de 45 a 49 anos de idade dos anos de 1996 e 2006, de forma a se compatibilizar as três 
pesquisas utilizadas neste estudo. Observe-se os padrões frisados para a primeira parte 
da tabela se mantêm. Finalmente, na terceira parte da Tabela 3, são excluídas as 
mulheres de parturição um ou sem filho. Novamente, o padrão já observado se mantém, 
mas a amostra de 1996 passa a ter maior peso. 
 
 
Unidas, 15-49 anos
Laqueadura tubária 1986* 1996 2006 Total n
Sim 13,2 46,1 40,7 100 7.126
Não 17,6 34,7 47,7 100 14.817
Total 16,2 38,4 45,4 100 21.943
Unidas, 15-44 anos
Laqueadura tubária 1986* 1996 2006 Total n
Sim 15,8 46,4 37,8 100 5.958
Não 19,1 33,9 47,1 100 13.664
Total 18,1 37,7 44,2 100 19.622
Unidas, 15-44 anos, parturição 2 ou superior
Laqueadura tubária 1986* 1996 2006 Total n
Sim 15,9 46,4 37,7 100 5.829
Não 24,3 36,5 39,2 100 6.669
Total 20,4 41,1 38,5 100 12.498
Fonte dos dados: Pesquisas Nacionais de Demografia e Saúde, 1986, 1996, 2006.
*A PNSMiPF 1986 não pesquisou mulheres de 45 a 49 anos.
TABELA 3
Prevalência da laqueadura tubária - Brasil, 1986-1996-2006
 
 
 A Tabela 4 e a Tabela 5 apresentam a prevalência da laqueadura tubária entre as 
mulheres unidas, de 15 a 44 anos, com pelo menos dois filhos nascidos vivos. Na 
Tabela 4, observa-se que a prevalência aumenta com a idade, atingindo níveis similares 
nos dois últimos grupos etários. Os quase nove anos decorridos entre o início da 
vigência da legislação sobre planejamento familiar, de 1998 em diante, e o momento daPNDS, em 2006, constituem um período curto para a transição para a maternidade, 
parturições de ordem dois ou superiores e laqueadura. Parte das mulheres entrevistadas 
em 2006, as mais jovens, teve filho depois de 2005 e outra proporção importante, a mais 
 13 
velhas, teve filho antes de 1998. Do ponto de vista de coorte, portanto, é possível que o 
quadro não tenha se alterado ou que a chance de esterilização tenha aumentado. 
Essa classificação inclui coortes de nascimento diferentes. A Tabela 5 indica que a 
maior prevalência de laqueadura tubária ocorre na coorte de nascimento de 1962 a 1971, 
ou seja, as mulheres que tinham entre 15 e 24 anos em 1986, 25 a 34 anos em 1996 e 35 
a 44 anos em 2006. As entrevistadas em 1996 têm, portanto, o maior peso nessa coorte. 
É essa composição entre idade e coorte que deve ser levada em conta no exame desses 
dados. 
 
 
Laqueadura tubária 15-19 20-24 25-29 30-34 35-39 40-44 Total n
Sim 0,1 3,3 13,6 25,2 29,9 27,8 100 5.828
Não 2,0 13,0 21,4 24,0 20,2 19,3 100 6.669
Total 1,1 8,5 17,8 24,6 24,8 23,3 100 12.497
Fonte dos dados: Pesquisas Nacionais de Demografia e Saúde, 1986, 1996, 2006.
TABELA 4
Prevalência da laqueadura tubária por grupo etário- Brasil, 1986-1996-2006
 
 
Laqueadura tubária 1982-91 1972-81 1962-71 1952-61 1942-51 Total n
Sim 1,0 15,1 42,6 33,1 8,2 100 5.829
Não 5,9 21,9 37,7 25,5 9,0 100 6.667
Total 3,6 18,7 40,0 29,1 8,6 100 12.496
Fonte dos dados: Pesquisas Nacionais de Demografia e Saúde, 1986, 1996, 2006.
Prevalência da laqueadura tubária por coorte decenal de nascimento Brasil, 
1986-1996-2006
TABELA 5
 
 
 
3. RESULTADOS 
 
 O Quadro 1 apresenta os resultados da modelagem logística binomial. O Modelo 
1, básico, indica que a chance de esterilização aumenta com a idade, com a escolaridade 
e com a parturição. Esses efeitos, estatisticamente significantes, só se alteram no 
Modelo 4, que inclui apenas as mulheres que tiveram filho período de cinco anos 
anteriores à pesquisa. Na verdade, apenas o efeito da variável parturição é que se torna 
estatisticamente não-significante. 
 A chance de esterilização é 22% superior para as residentes em áreas urbanas em 
relação à residência em áreas rurais. Esse efeito é o mesmo no Modelo 2. Nos Modelos 
3 e 4, o coeficiente exponenciado dessa variável muda de sentido devido à introdução 
do termo de interação. 
 Com relação aos períodos, no Modelo 1 a chance de esterilização em 1986 é 
27% inferior à chance em 2006 e a chance de esterilização em 1996 é 39% superior à de 
2006. Entretanto, ao se incluir as variáveis de coorte decenal de nascimento o efeito do 
ano de 1996 torna-se estatisticamente não-significante, ao passo que quanto mais antiga 
a coorte, maior a chance de esterilização. 
 Para testar o efeito dos anos em que as mulheres foram entrevistadas na presença 
das variáveis de coorte foi introduzida interação entre situação de residência e ano. A 
presença dos termos de interação altera o significado dos coeficientes das variáveis que 
compõem a interação. No caso da situação de residência urbana, o coeficiente 
 14 
exponenciado expressa a razão de chance de laqueadura tubária entre mulheres de 
residência urbana e mulheres de residência rural em 2006. Com relação às variáveis de 
período, o coeficiente exponenciado da variável 1986 corresponde à razão de chance de 
laqueadura tubária entre mulheres rurais pesquisadas em 1986 e mulheres pesquisadas 
em 2006. Finalmente, com relação às variáveis de período, o coeficiente exponenciado 
da variável 1996 corresponde à razão de chance de laqueadura tubária entre mulheres 
rurais pesquisadas em 1996 e mulheres pesquisadas em 2006. O inverso dele indica a 
razão de chance de laqueadura tubária entre mulheres urbanas pesquisadas em 1986 e 
1996, respectivametne, e mulheres pesquisadas em 2006, isto é, 5,55 maior em 1986 e 
1,47 maior em 1996. 
Os coeficientes dos termos de interação, que indicam razão entre as razões de 
chance de laqueadura tubária entre mulheres de residência urbana e mulheres de 
residência rural das mulheres pesquisadas em 1986 e 1996, respectivamente, em às 
mulheres pesquisadas em 2006. Esse efeito denota a diferença entre as razões de chance 
dos períodos, controlando-se pelas demais variáveis incluídas no modelo. No caso de 
1986, a diferença é maior que duas vezes e no caso de 1996 a diferença é quase uma vez 
e meia. O valor-p desse coeficiente indica se essa diferença é estatisticamente 
significante ou não. 
 
Exp(B) Sig. Exp(B) Sig. Exp(B) Sig. Exp(B) Sig.
Idade 1,07 0,00 1,04 0,00 1,04 0,00 1,04 0,00
Parturição 1,05 0,00 1,06 0,00 1,07 0,00 1,03 0,15
Escolaridade 1,02 0,01 1,02 0,01 1,02 0,00 1,04 0,00
Urbano (Ref.: rural) 1,22 0,00 1,22 0,00 0,78 0,00 0,83 0,13
1986 (Ref.: 2006) 0,73 0,00 0,44 0,00 0,18 0,00 0,45 0,00
1996 1,39 0,00 0,98 0,83 0,68 0,00 0,85 0,33
1972-81 (Ref.: 1982-91) - - 3,23 0,00 3,28 0,00 2,60 0,00
1962-71 - - 4,35 0,00 4,41 0,00 3,36 0,00
1952-61 - - 5,70 0,00 5,69 0,00 3,77 0,00
1942-51 - - 5,91 0,00 5,87 0,00 5,54 0,00
Interação: Urbano*1986 - - - - 3,29 0,00 2,01 0,00
Interação: Urbano*1996 - - - - 1,60 0,00 1,47 0,01
Constante 0,05 0,00 0,04 0,00 0,05 0,00 0,05 0,00
Fonte dos dados: Pesquisas Nacionais de Demografia e Saúde, 1986, 1996, 2006.
*O modelo 4 não inclui as mulhres que não tiveram filho nos cinco anos anteriores à pesquisa.
QUADRO 1
Modelos logísticos binários e razão de chance de laqueadura tubária: mulheres unidas de 15 a 44 
anos de parturição 2 ou superior- Brasil, 1986-1996-2006
Variáveis
Modelo 1 Modelo 2 Modelo 3 Modelo 4*
 
 
 
Modelo
Chi-
square
df Sig.
-2 Log 
likelihoo
d
1 882,5 6 0,00 16.386
2 961,1 10 0,00 16.307
3 1.053,7 12 0,00 16.215
4 312,8 12 0,00 6.986
QUADRO 2
Teste global e Goodness of fit
 
 
 15 
 
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
 Houve uma descontração do mix contraceptivo brasileiro, com diminuição 
importante do papel da laqueadura tubária e aumento da participação masculina. Por 
outro lado, o SUS continua sendo o maior provedor de laqueadura tubária. Em 1986, 
28,2% das mulheres brasileiras unidas, entre 15 e 44 anos de idade estavam esterilizadas. 
Em 1996, esse percentual era de 40,1%. Em 2006 ele retorna ao nível de 1996, 29%. Os 
resultados deste trabalho indicam que as chances de laqueadura tubária para as mulheres 
de 15 a 44, unidas e com pelo menos dois filhos nascidos vivos são significativamente 
superiores em 2006. 
De fato, a maioria opta e realiza a laqueadura após o segundo filho. Boa parte 
das mulheres entrevistadas em 2006 ou ainda não entraram nas idades de maior 
probabilidade de ter o segundo filho ou já passaram por esses eventos antes das 
mudanças introduzidas pela Lei 9263, do planejamento familiar, de 1997. Por esse 
motivo, não é recomendável tomar uma medida de período – a prevalência da 
laqueadura tubária em um dado momento– como o resultado de um processo estrutural 
que ocorre ao longo do tempo. Assim, é arriscado, no mínimo, pensar a prevalência de 
laqueadura tubária, a partir dos resultados da PNDS 2006, como um indicador de uma 
mudança de fundo. Há que se levar em conta a composição etária e a estrutura de 
coortes, além de se estabelecer a população de maior exposição ao evento de interesse. 
 16 
 
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