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Centro Universitário de Tecnologia e Ciências Cursos de Engenharia Elétrica: Automação, Mecatônica e Telecomunicações Conversão Eletromecânica de Energia Elementos Básicos com Máquinas Elétricas Preliminar Prof. Luiz Bizerra de Aguiar Março 2020 1 APRESENTAÇÃO Este texto apresenta os elementos básicos sobre Conversão Eletromecânica de Energia, com estudos preliminares sobre as máquinas elétricas, necessários aos Cursos de Engenharia Elétrica de Automação, Mecatônica e Telecomunicações. Eles ampliam os conhecimentos já adquiridos em outras disciplinas, principalmente da Física, dos Circuitos Elétricos e do Eletromagnetismo. São apresentados os conhecimentos essenciais à análise dos circuitos magnéticos, transformadores e conversores eletromecânicos de energia, assim como são apresentados os princípios básicos sobre as máquinas elétricas rotativas e algumas aplicações. Dessa forma, são abordados os elementos que tratam da conversão eletromecânica de energia e introdução à máquinas elétricas rotativas, que servem como preparação às aplicações e estudos mais avançados relacionados com as máquinas elétricas, com os acionamentos eletromecânicos e com diversas aplicações em componentes e dispositivos dos sistemas elétricos. Trata-se, portanto, de um texto básico orientativo para os alunos da disciplina Conversão Eletromecânica de Energia, em carater introdutório, que deve ser complementado com resoluções de exercícios, discussões em sala de aula e consultas às referências indicadas. Prof. Luiz Bizerra de Aguiar Março 2020 2 INDICE 1. INTRODUÇÃO À CONVERSÃO DE ENERGIA....................................3 2. CIRCUITOS E MATERIAIS MAGNÉTICOS..........................................7 3. INTRODUÇÃO AOS TRANSFORMADORES.....................................28 4. ESTUDO DOS TRANSFORMADORES...............................................46 5. PRINCÍPIOS DE CONVERSÃO ELETROMECÂNICA........................64 6. CONCEITOS BÁSICOS SOBRE AS MÁQUINAS ROTATIVAS.........82 7. CARACTERÍSTICAS DAS MÁQUINAS ELÉTRICAS.......................109 REFERÊNCIAS........................................................................................147 3 1 – INTRODUÇÃO À CONVERSÃO DE ENERGIA Esta introdução apresenta as ideias gerais e preliminares sobre a conversão eletromecânica de energia e os dispositivos e equipamentos eletromecânicos e eletromagnéticos, necessárias aos estudos subsequentes, com vista na sua utilização nos estudos das máquinas elétricas e em suas aplicações e acionamentos. 1.1 - INTRODUÇÃO GERAL A energia apresenta-se sob diversas formas e para sua utilização normalmente torna-se necessária a conversão de um tipo para outro, ou de uma forma de energia para outra. Em particular, o uso das energias elétrica e mecânica envolve a conversão da energia mecânica em energia elétrica, como também a conversão da energia elétrica em energia mecânica. É a conversão eletromecânica de energia. A conversão entre as formas de energia elétrica e mecânica não é obtida diretamente, mas conta com a participação de estruturas magnéticas. Assim, tem- se as sequências de conversão: energia mecânica - energia magnética - energia elétrica e energia elétrica - energia magnética - energia mecânica. As formas de energias são estudadas através de suas variáveis básicas e algumas váriáveis derivadas. As variáveis básicas podem ser dos tipos: entre e através. Nos sistemas elétricos a variável entre é a tensão e a variável através é a corrente. Nos sistemas mecânicos translacionais a variável entre é a velocidade e a variável através é a força. As variáveis derivadas principais são a potência e a energia. Em geral, em determinado sistema o produto da variável entre pela variável através resulta na potência. O produto desta pelo tempo resulta na energia que está associada diretamente na realização de trabalho. A conversão dentro de um mesmo sistema, em que são alterados os níveis das variáveis entre e através e mantendo os valores da potência e da energia, é chamada de transformação. O estudo das conversões eletromecânicas de energia parte basicamente dos conceitos estudados sobre circuitos elétricos, materiais magnéticos, 4 eletromagnetismo e mecânica. Em seguida são estudados os circuitos e materiais magnéticos, os transformadores, os princípios da conversão eletromecânica e os conceitos básicos sobre as máquinas rotativas. 1.2 – DISPOSITIVOS E EQUIPAMENTOS DE CONVERSÃO Máquinas elétricas são dispositivos ou equipamentos que transformam ou convertem energia proveniente de uma fonte primária em energia elétrica, como também os que transformam ou convertem a energia elétrica em outra forma de energia, particularmente energia mecânica. Em geral, a energia proveniente das fontes primárias é convertida em energia mecânica, que é convertida em energia elétrica pela máquina ou, por outro lado, a energia elétrica é convertida em energia mecânica. São processos de conversão eletromecânica de energia. O estudo das máquinas elétricas envolve tanto os geradores elétricos como os motores elétricos. A classificação mais básica das máquinas elétricas é em geradores e motores. Os geradores elétricos convertem energia mecânica em energia elétrica, ou seja, produzem energia elétrica, e os motores elétricos convertem energia elétrica em energia mecânica. Tanto os motores quanto os geradores caracterizam-se pelo ocorrência de movimento em seu funcionamento, que pode ser rotativo, em geral, mas pode haver esquemas de conversão com outro tipos de movimento, como o linear. Os transformadores elétricos, apesar de não terem o seu funcionamento caracterizado pela ocorrência de movimento, também são considerados como máquinas elétricas, por dependerem do fenômeno físico da indução eletromagnética. Esse fenômeno é comum a todas as máquinas elétricas e seu conhecimento sobre os transformadores é básico para o entendimento das demais máquinas. As máquinas elétricas, podem ser, portanto, máquinas estacionárias, como os transformadores, e máquinas rotativas, como os geradores e os motores elétricos, podendo ser máquinas de corrente contínua e máquinas de corrente alternada. Todas as máquinas elétricas, incluindo os transformadores, usam material http://pt.wikipedia.org/wiki/Electricidade http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Estudo_acad%C3%AAmico&action=edit&redlink=1 http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Geradores_el%C3%A9tricos&action=edit&redlink=1 http://pt.wikipedia.org/wiki/Motores_el%C3%A9tricos http://pt.wikipedia.org/wiki/Energia_mec%C3%A2nica http://pt.wikipedia.org/wiki/Energia_el%C3%A9trica http://pt.wikipedia.org/wiki/Movimento http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Transformadores_el%C3%A9tricos&action=edit&redlink=1 http://pt.wikipedia.org/wiki/Fen%C3%B4meno http://pt.wikipedia.org/wiki/Indu%C3%A7%C3%A3o_eletromagn%C3%A9tica http://pt.wikipedia.org/wiki/Indu%C3%A7%C3%A3o_eletromagn%C3%A9tica http://pt.wikipedia.org/wiki/Transformadores http://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A1quinas_de_corrente_cont%C3%ADnua http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=M%C3%A1quinas_de_corrente_alternada&action=edit&redlink=1 http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=M%C3%A1quinas_de_corrente_alternada&action=edit&redlink=1 5 ferromagnético para moldar e dirigir os campos magnéticos que atuam como o meio para a transferência e conversão de energia. Sem os materiais ferromagnéticos as implementações práticas dos dispositivos de conversão eletromecânica de energia não seriam possíveis. Aguns dos materiais magnéticos são de imã permanente, criando seu próprio campo magnético, sem depender de corrente elétrica, e são também amplamente utilizados. No entanto, o foco principal aqui considerado é para os campos produzidos pelas correntes elétricas. 1.3- FENÔMENOS FÍSICOS ASSOCIADOS A análise das conversões de energia e o funcionamento de todas as máquinas elétricas estão baseadas na lei de Ampére, de produção de campo magnético a partir da corrente elétrica, e na lei da indução de Faraday, de produção de força eletromotriz, ou seja, tensão elétrica, a partir de um campo magnético variável. Os fenômenos elétricos e magnéticos estabelecem relações diretas entre corrente elétrica e campo magnético e entre tensão e fluxo magnético, como também estão associados a fenômenos mecânicos. Tendo-se condutores em movimento dentro de campos magnéticos, as relações envolvem em conjunto corrente elétrica, indução magnética, fluxo magnético, tensão, velocidade, força e torque. Pode-se, portanto, estabelecer correspondências entre os fenômenos físicos elétricos e magnéticos, como também fenômenos mecânicos, assim associados: • Corrente elétrica → Campo magnético • Variação de fluxo magnético → Tensão elétrica • Corrente e campo magnético → Força, torque (conjugado) • Movimento, velocidade → Corrente, tensão induzida • Potência elétrica → Potência magnética → potência mecânica • Energia elétrica → Energia magnética → Energia mecânica. Uma correspondência importante pode ser estabelecida ainda entre as grandezas elétricas e magnéticas, seus parâmetros e variáveis, de forma a se http://pt.wikipedia.org/wiki/Lei_da_indu%C3%A7%C3%A3o_de_Faraday http://pt.wikipedia.org/wiki/Tens%C3%A3o_el%C3%A9trica 6 analisar circuitos magnéticos de maneira semelhante aos circuitos elétricos, destacamdo-se: • Relutância → Resistência elétrica • Fluxo magnético → Corrente elétrica • Força magnetomotriz → Tensão elétrica. No texto que segue são apresentados os conceitos básicos necessários à análise dos sistemas com campos magnéticos, considerando as associações ou correspondências entre os sistemas físicos envolvidos, assim como entre seus parâmetros e variáveis. São abordados inicialmente os circuitos elétricos e magnéticos, com alguns aspectos sobre os materiais magnéticos e os não magnéticos, as propriedades magnéticas da matéria e os campos magnéticos e elétricos envolvidos, assim como as grandezas elétricas e magnéticas associadas. A apresentação relativa aos circuitos elétricos e magnéticos constitue-se em importante base de conhecimento para o entendimento sobre a transformação e conversão de energia, os transformadores, os reguladores e reatores, para as máquinas rotativas, sejam motores ou geradores, assim como para outros dispositivos utilizados em medição, proteção e controle. Em continuidade é feita uma introdução aos transformadores e desenvolvido um estudo dos aspectos básicos mais importantes sobre esses equipamentos. Em seguida, são apresentados os processos de conversão eletromecânica de energia e os princípios básicos sobre as máquinas rotativas, necessários aos estudos posteriores de cada tipo de máquina e suas aplicações. * * * * * 7 2. CIRCUITOS E MATERIAIS MAGNÉTICOS Os circuitos e materiais magnéticos são vistos através da apresentação dos materiais magnéticos e suas propriedades, dos circuitos elétricos e magnéticos, das estruturas eletromagnéticas, dos fenômenos físicos associados, da analogia ou equivalência entre os circuitos e de alguns aspectos complementares. 2.1 - MATERIAIS MAGNÉTICOS E SUAS PROPRIEDADES Propriedades Magnéticas Magnetismo é a propriedade física que certos materiais apresentam em atrair pedaços de ferro. Desde a Antiguidade que este fenômeno é conhecido, admitindo-se que tenha sido descoberto na cidade de Magnésia, na Ásia Menor, daí o nome magnetismo. Alguns materiais encontrados livres na natureza, como por exemplo, o minério de ferro magnetita possui essa propriedade, constituindo-se nos denominados ímãs naturais ou permanentes. Como experiência, aproximando um ímã sob a forma de barra a pedaços de ferro, pode-se observar que o ferro adere ao ímã, principalmente nas duas extremidades, que são chamadas de polos. Verifica-se experimentalmente que, embora ambos atraiam o ferro, esses polos possuem propriedades magnéticas opostas, sendo um lado denominado de polo Norte, ou polo positivo (+), e o outro de polo sul, ou polo negativo (-). Aproximando duas barras imantadas, ambas suspensas por um fio, verifica-se que elas giram até que os polos de naturezas contrárias se aproximem e os de natureza contrária se repelem. Desta forma, tem-se como propriedade básica que: “Polos de nomes contrários se atraem e polos de mesmo nome se repelem”. De outra forma, colocando-se limalhas de ferro em urna folha de papel, em posição horizontal, e aproximando um ímã do outro lado, verifica-se que as limalhas ficam distribuídas de uma forma tal, de modo a indicar as linhas de força 8 do campo magnético criado pelo ímã, como mostra a Figura 2.1. Figura 2.1 - Experiência com limalha de ferro Colocando-se, tambem, uma agulha imantada sob a ação do campo magnético de um ímã permanente, ela se orienta segundo a direção tangente a uma linha de força do campo. A Figura 2.2 mostra o campo magnético de um imã e sua influência nas limalhas, assim como um esquema com as linhas do campo. Figura 2.2 - Campo magnético de um ímã permanente Os campos magnéticos utilizados nos equipamentos e máquinas utilizam, em geral, campos produzidos por correntes elétricas em vez de campos produzidos por imãs naturais, sendo denominados de eletroimãs. Há, portanto, materiais que apresentam propriedades magnéticas e materiais que não apresentam essa propriedade, ou apresentam muito pouco, dependendo de uma característica do material chamada de permeabilidade magnética. Dessa forma, há materiais magnéticos e materiais não magnéticos. Classificação dos Materiais Magnéticos Sob o ponto de vista magnético os materiais têm como propriedade básica a sua permeabilidade magnética μ, expressa em Weber/ampère.metro (Wb/A.m). 9 A permeabilidade de referência é a do vácuo μ0, que apresenta o seguinte valor: μ0=4π x 10-7 Wb/A.m A permeabilidade relativa μr de cada material é definida como a relação entre permeabilidade do material μ e a permeabilidade do vácuo μo, isto é: 𝜇𝑟 = 𝜇 𝜇𝑜 Os materiais podem ser classificados, portanto, em quatro grupos, como materiais ferromagnéticos, paramagnéticos, diamagnéticos e não magnéticos, dependendo de sua npermeabilidade, conforme segue: • Ferromagnéticos: μr > 130 a 1000000 (em geral), tendo como exemplos: ferro, níquel, cobalto, ferro-silício; • Paramagnéticos: μr > 1,0 a 1,0008 (em geral), sendo exemplos: ar, alumínio, paládio, magnésio, sulfato de cobre (ar: μr = 1,0000004 ≈ μ0); • Diamagnéticos: μr < 1,0 a 0,999083 (em geral), como exemplos: prata, chumbo, cobre, bismuto, água; • Não magnéticos: μr = 1,0 (vácuo). Os materiais magnéticos utilizados normalmente apresentam μr entre 2000 e 80000. Valores típicos de μr para as máquinas elétricas estão entre 2000 e 6000. Os materiais ferromagnéticos, paramagnéticos e diamagnéticos encontrados na natureza podem se tornar um ímã na presença de um campo magnético, sendo ele fraco ou não, mas apresentam comportamento de maneiras distintas. Os ferromagnéticos ficam imantados fortemente se colocados na presença de um campo magnético. É possível verificar, experimentalmente, que a presença de um material ferromagnético altera fortemente o valor da intensidade do campo magnético. Dos materiais ferromagnéticos o ferro é considerado o mais importante, e é usado largamente nas máquinas elétricas. Os paramagnéticos possuem elétrons desemparelhados e, quando na presença de um campo magnético, ficam alinhados fazendo surgir um ímã que tem a capacidade de provocar um leve aumento na intensidade do valor do http://www.brasilescola.com/fisica/materiais-paramagneticos-diamagneticos-ferromagneticos.htm10 campo magnético em um ponto qualquer. Esses materiais são fracamente atraídos pelos ímãs. Os diamagnéticos, quando colocados na presença de um campo magnético, têm seus ímãs elementares orientados no sentido contrário ao sentido do campo magnético aplicado. Assim, fica estabelecido um campo magnético no material que possui sentido contrário ao campo aplicado. Os materiais ferromagnéticos apresentam características bem diferentes dos materiais paramagnéticos e diamagnéticos. Eles são fortemente atraídos pelos ímãs ou podem formar campos magnéticos, enquanto os paramagnéticos e diamagnéticos não apresentam essa propriedade ou apresentam muito pouco, pois seus efeitos são muito pequenos sobre a influência de um campo magnético, sendo até considerados como não magnéticos. 2.2 - CIRCUITOS ELÉTRICOS E MAGNÉTICOS Campos Magnéticos Os materiais magnéticos criam em torno de si campos magnéticos. O campo magnético é o resultado das modificações das propriedades do espaço ao redor do ímã onde se verificam os fenômenos de atração e repulsão, com relação aos materiais magnéticos colocados próximos.. Na maioria das situações práticas, de interesse de engenharia, os campos magnéticos podem ser estudados utilizando-se de determinadas equações, derivadas das equações de Maxwell, juntamente com relações constitutivas que descrevem as propriedades do material. No entanto, na prática as soluções exatas para os problemas envolvidos são inatingíveis, e várias hipóteses simplificadoras permitem o obtenção de soluções úteis. Para os sistemas tratados normalmente, as freqüências e tamanhos envolvidos são tais que as equações podem ser simplificadas. Os campos magnéticos que estão sendo produzidos no espaço variando no tempo criam também campos elétricos, que estão associados com às tensões envolvidas e a radiação eletromagnética. Nos estudos das máquinas elétricas esses campos, normalmente, são desprezados e, portanto, não são considerados. O campo magnético pode ser caracterizado pela sua intensidade 11 magnética H (A.e/m), que depende da densidade de corrente J (A/m2), ou pela sua indução magnética B (Wb/m2) , dependente de H e também do meio, que indica que a densidade de fluxo magnético Ф (Wb) é conservada. Isto significa que o fluxo magnético líquido em uma superfície fechada é nulo, ou seja o fluxo que entra nessa superfície é igual ao que sai. As quantidades relativas aos campos magnéticos podem ser determinadas, então, a partir dos valores das correntes de origem, e as variações do campo magnético determinam diretamente as tensões elétricas das fontes no tempo. Uma suposição simplificadora envolve o conceito do circuito magnético. A solução geral para a intensidade do campo magnético H e a densidade do fluxo magnético B numa estrutura de geometria complexa é extremamente difícil. No entanto, um problema tridimensional pode, muitas vezes, ser reduzido para o que é, essencialmente, um circuito equivalente unidimensional, em cujas soluções a precisão é aceitável. Grandezas Elétricas e Magnéticas O estudo das máquinas elétricas envolve basicamente grandezas elétricas e magnéticas, cujos parâmetros e variáveis, com suas unidades básicas, estão resumidamente relacionados a seguir: Parâmetros elétricos: • Resistência R, Ohm (Ω) • Indutância L, Henry, (H). Variáveis elétricas: • Corrente I, Ampère (A) • Tensão V, Volt (V) • Densidade de corrente J, Ampére por metro quadrado (A/m2). Parâmetros magnéticos: • Permeabilidade magnética μ, Weber/Ampère.metro (Wb/A.m) • Permeância P, (Wb/A) e Relutância R, (A/Wb). Variáveis magnéticas: • Intensidade de campo magnético H, Ampère/m (A/m) 12 • Indução magnética B, Weber/m2 (Wb/m2) ou Tesla (T) • Fluxo magnético Ф, Weber (Wb) • Densidade de fluxo magnético B = Ф/m2, (Wb/m2) • Força magnetomotriz F = NI, Ampère-espira (A-e). Circuitos Magnéticos O conceito de circuito magnético é muito util na análise das grandezas magnéticas em associaçãos com as grandezas elétricas. Um circuito magnético é constituído por uma estrutura composta na maior parte com material magnético de alta permeabilidade, no qual há um campo magnético produzido por uma corrente num circuito elétrico. A Figura 2.3 mostra um circuito magnético simples, constituído de uma estrutura ferromagnética, um circuito elétrico para produção do campo magnético e as variáveis envolvidas. Figura 2.3 - Circuito magnético simples A elevada permeabilidade do material magnético facilita a circulação do fluxo magnético produzido pelo campo magnético a ser confinado aos caminhos definidos pela estrutura, como as correntes são limitados aos condutores de um circuito elétrico. Intensidade do Campo Magnético A intensidade do campo magnético em um ponto qualquer do espaço é representada por H e pode ser definida como uma espécie de força que esse campo exerce sobre um polo magnético colocado nesse ponto. Campos magnéticos podem ser produzidos em torno dos condutores, resultantes da passagem das correntes elétricas. Se uma corrente elétrica i circula em um condutor verifica-se que ela pode 13 produzir um campo magnético ao seu redor, observando-se que o sentido do campo pode ser identificado com o uso da mão direita, conforme a seguinte regra: “Num condutor em que circula uma corrente elétrica, se com a mão direita o dedo polegar apontar para o sentido da corrente, os demais dedos indicam o sentido do campo em volta do condutor”. A Figura 2.4 mostra a aplicação dessa regra. A fim de melhor compreender o sentido do campo magnético, convencionou-se que se a corrente elétrica for representada por uma flecha e estiver entrando perpendicularmente ao plano desta página, a cauda da flecha será indicada por um (x), e se estiver saindo da página, a ponta da flecha será representada por um ponto (.), conforme indicado na figura. Figura 2.4 – Regra da mão direita a campo magnético de dois condutores Pode-se observar também nessa figura o resultado do campo com as correntes em dois condutores paralelos. Colocando-se dois condutores elétricos próximos um do outro, ambos transportando correntes em sentidos contrários, verifica-se que seus campos magnéticos são somados, e se no mesmo sentido os campos são subtraidos. O vetor H representa a resultante das linhas de força dos campos dos dois condutores. Campo Magnético de um Solenoide Um solenoide é uma bobina de fios condutores e isolados, geralmente em tomo de um núcleo de ferro laminado, constituído de N espiras por onde circula uma corrente elétrica i. Nos dispositivos e equipamentos, como as máquinas elétricas, são utilizados os solenoides, que são os enrolamentos; os campos dos diversos condutores somam-se e o conjunto se comporta como um ímã, conforme mostra a Figura 2.5. 14 Figura 2.5 - Campo magnético de um solenoide Lei de Ampére e Equações Derivadas Sendo i a corrente (A) e A a área da seção transversal (m2) em um enrolamento contendo N espiras (e), em um circuito magnético de comprimento (contorno) lc (m), a relação entre a densidade de corrente elétrica J = i / A (A/m2), a intensidade do campo magnético H (A.e/m ou A/m) é representada pela lei de Ampére: “A intensidade de campo magnético ao longo de um contorno fechado é igual à corrente elétrica que passa pela superfície delimitada por esse contorno” A lei de Ampére estabelece, portanto, que: ∮ 𝑯. 𝒅𝒍 = ∫ 𝑱. 𝑨 Isto significa que a integral de linha de H ao longo do contorno de uma superfície aberta, através da qual passa a densidade de corrente J, é igual à corrente total envolvida. Aplicando essa lei a circuitos magnéticos simples, como o apresentado, resulta que: 𝑯. 𝑙𝑐 = 𝑱. 𝐴 = 𝑁. 𝒊 A intensidade do campo magnético H pode ser determinada, então, a partir da corrente elétrica i, do número de espirasN e do comprimento do contorno lc , isto é: 𝑯 = 𝑁. 𝒊 𝒍𝒄 15 Por exemplo, sendo J = 1000 A/m2 e A = 100 cm2 = 0,01 m2, lc = 1 m e N= 100, tem-se que i = 10 A e H =1000 Ae/m. A força magnetomotriz (fmm) F é a grandeza eletromagnética que resulta da passagem da corrente elétrica pelo condutor, sendo expressa pelo produto do número de espiras do enrolamento N e o valor da corrente i, isto é, em (A.e): 𝑭 = 𝑁. 𝒊 No exemplo em que i = 10 A e N= 100 espiras, tem-se F=1000 Ae. A indução magnética B é a grandeza magnética que resulta da intensidade do campo magnético H e depende da permeabilidade magnética μ, sendo expressa em Weber/m2 (Wb/m2) ou Tesla (T), sob a forma: 𝑩 = 𝜇. 𝑯 Sendo, por exemplo, H =1000 Ae/m e μr=5000, tem-se μ=2πx10-3 Wb/A.m e B=6,28 Wb/m2. O fluxo magnético Ф é a grandeza magnética que resulta do campo em uma estrutura magnética tal que atravessando uma superfície é igual ao produto da indução magnética B pela área da superfície A, sendo expresso em Weber (Wb), isto é: 𝛷 = ∫ 𝑩. 𝒅𝒂 Com a aplicação na estrutura magnética considerada, obtem-se: 𝛷 = 𝐵. 𝐴 No caso, por exemplo, em que B=6,28 Wb/m2 e A = 0,01 m2, tem-se que Ф=0,0628 Wb. O fluxo concatenado λ resulta da passagem do fluxo pelas espiras, sendo dado pelo produto do fluxo magnético ф pelo número de espiras N e expresso em (Wb.e): 𝜆 = 𝑁. 𝛷 No exemplo em que N = 100 espiras e Ф = 0,0628 Wb, tem-se λ = 6,28 Wb.e. 16 A relutância R é a relação entre a força magnetomotriz F e o fluxo magnético Ф, isto é, em A.e/Wb: 𝑅 = 𝐹 Ф A permeância P é o inverso da relutância, ou seja, é a relação entre o fluxo magnético Ф e a força magnetomotriz F, isto é, em Wb/A.e: 𝑃 = 1 𝑅 = Ф 𝐹 Para o caso em que F = 1000 A.e e Ф = 0,0628 Wb, tem-se R = 15923 A.e/Wb e P = 6,28x105 Wb/A.e. A relutância pode ser expressa também em função de lc, A e μ, sendo: 𝑅 = 𝐹 Ф = 𝑁𝑖 𝐵𝐴𝑐 = 𝐻𝑙𝑐 𝐵𝐴𝑐 𝑅 = 𝑙𝑐 𝜇𝐴𝑐 No exemplo em que Ac = 0,01 m2, lc = 1 m e μ = 2πx10-3 Wb/A.m, tem-se R=15923 A.e/Wb. A indutância L é a relação entre o fluxo concatenado λ e a corrente elétrica i, expresso em Henry (H), isto é: 𝐿 = 𝜆 𝑖 A indutância pode ser expressa também em Wb.e/A, ou simplesmente Wb/A. Por unidade de comprimento a indutância apresenta a mesma unidade da permeabilidade magnética, e esta pode ser expressa também por H/m. O valor da indutância pode ser expresso a partir do número de espiras N e da relutância R, conforme segue: 𝐿 = 𝜆 𝑖 = 𝑁𝛷 𝐻𝑙𝑐 𝑁 = 𝑁2𝐵𝐴𝑐 𝐻𝑙𝑐 = 𝑁2𝐴𝑐 𝜇𝑙𝑐 Donde resulta que a indutância varia com o quadrado do número de 17 espiras e inversamente com a relutância, isto é: 𝐿 = 𝑁2 𝑅 Por exemplo, considerando N = 100 espiras e R = 15923 A.e/Wb, tem-se L= 0,628 H. Em geral, a indutância é variável, mas na maioria das situações pode ser considerada constante, resultando na proporcionalidade entre os fluxos concatenados e as correntes elétricas. 2.3 - ESTRUTURAS ELETROMAGNÉTICAS As estruturas magnéticas normalmente são dotadas de enrolamentos, que são circuitos sob a forma de solenoide, constituindo-se em conjunto um circuito magnético. As estruturas são de diversos tipos assumindo, particularmente, formas retangulares e circulares. A Figura 2.6 mostra, como exemplo, uma estrutura magnética excitada por um campo manético, produzido pela corrente de um circuito elétrico, constituimdo- se no circuito magnético correspondente, com indicações das dimensões e grandezas envolvidas. Os valores de H e B são praticamente constantes em toda a estrutura por onde circula o fluxo Φ, sendo constante a área da seção transversal Ac . Figura 2.6 - Estrutura e circuito magnético As estruturas magnéticas podem ser constituídas de circuitos magnéticos inteiramente de material magnético, mas podem ter também espaços vazios em determinadas partes, que são os entreferros. Todas as máquinas rotativas contem 18 entreferros entre as partas fixas e as partes móveis. A Figura 2.7 mostra uma estrutura e circuito magnético com entreferro, com indicações das dimensões e grandezas envolvidas. Os valores de H são diferentes no ferro e no entreferro, devido às diferentes permeabilidades, e B é praticamente constante em toda a estrutura por onde circula o fluxo Φ, sendo constante a área da seção transversal no ferro Ac e no entre ferro Ag . Figura 2.7 - Estrutura e circuito magnético com entreferro As relações entre as grandezas envolvidas no circuito magnético com entreferro podem ser também determinadas. De forma resumida, para o circuito magnético da figura apresentada, as equações correspondentes tomam as formas conforme segue. Força magnetomotriz F: 𝐹 = 𝑁𝑖 = 𝐻𝑐𝐼𝑐 + 𝐻𝑔𝐼𝑔 𝐹 = 𝐵𝑐 𝜇 𝐼𝑐 + 𝐵𝑔 𝜇𝑜 𝐼𝑔 Indução magnética B: 𝐵𝑐 = 𝛷 𝐴𝑐 𝐵𝑐 = 𝛷 𝐴𝑔 Observando-se que Ac = Ag e Bc = Bg, tem-se para relutância e fluxo: Relutâncias R: 𝑅𝑐 = 𝐼𝑐 𝜇𝐴𝑐 𝑅𝑔 = 𝐼𝑔 𝜇𝑜𝐴𝑔 Fluxo magnético Φ: 𝛷 = 𝐹 𝑅𝑡 = 𝐹 𝑅𝑐 + 𝑅𝑔 19 Nas máquinas elétricas as estruturas são, em geral, com entreferro no qual uma peça pode se movimentar pela ação do campo magnético, ou haver produção de tensões a partir do movimento. A Figura 2.8 mostra um exemplo correspondente a uma estrutura magnética de uma máquina elétrica simples. Figura 2.8 - Estrutura magnética de uma máquina elétrica simples 2.4 - ANALOGIA OU EQUIVALÊNCIA ENTRE OS CIRCUITOS Uma analogia entre os circuitos magnéticos e os circuitos elétricos pode ser estabelecida, através das leis das malhas e lei dos nós, conforme as expressões seguintes: Assim, pode-se estudar os circuitos magnéticos de forma semelhante aos circuitos elétricos, considerando as correspondências entre os parâmetros e as variáveis de ambos os circuitos. Pose-se dizer também que esses circuitos são equivalentes No circuito elétrico tem-se uma fonte de tensão, uma resistência e uma corrente resultante. No circuito magnético tem-se uma força magnetomotriz como fonte, uma relutância como resistência e um fluxo magnético resultante como uma corrente elétrica. A Figura 2.9 mostra a analogia entre o circuito magnético com entreferro e 20 um circuito elétrico. Figura 2.9 – Analogia entre os circuitos A Figura 2.10 mostra o exemplo de outra estrutura magnética, com dois entreferros, e a analogia entre os circuitos magnético e elétrico, com as expressões do fluxo magnético, das relutâncias e da indutância. Figura 2.10 – Exemplo de analogia entre os circuitos 2.5 - TENSÃO INDUZIDA, POTÊNCIA E ENERGIA A lei de Faraday estabelece que a tensão induzida e no circuito elétrico resulta da variação do fluxo magnético concatenado λ, ou seja: 𝑒 = 𝑑𝜆 𝑑𝑡 = 𝑑𝑁𝛷 𝑑𝑡 = 𝑁 𝑑𝛷 𝑑𝑡 A partir da expressão do fluxo concatenado, tem-se: 𝑒 = 𝑑𝜆 𝑑𝑡 = 𝑑𝐿𝑖 𝑑𝑡 = 𝑖 𝑑𝐿 𝑑𝑡 + 𝐿 𝑑𝑖 𝑑𝑡 21 Considerando a indutância constante, resulta: 𝑒 = 𝐿 𝑑𝑖 𝑑𝑡 As expressões relativas à potência p e energia W, associadas aos circuitos elétricos e magnéticos, podem ser determinadas conforme segue: 𝑝 = 𝑒𝑖 = 𝑖 𝑑𝜆 𝑑𝑡 ∆𝑊 = ∫ 𝑝𝑑𝑡 = ∫ 𝑖𝑑𝜆 𝜆2 𝜆1 𝑡2 𝑡1 Obtem-se, então, como resultados: ∆𝑊 = 1 2𝐿 (𝜆2 2 − 𝜆1 2) ∆𝑊 = 𝐿 2 (𝑖2 2 − 𝜆𝑖1 2) Considerando as condições iniciais nulas, isto é, partindo-se da condição em que λ1 = 0 ou i1 = 0, tem-se a energia W em função de λ ou i, conforme as expressões: 𝑊 = 1 2𝐿 𝜆2 𝑊 = 𝐿 2 𝑖2 Por exemplo, para L = 10 H e i = 10 A, tem-se λ = 100 Wb.e e W=500 J Tensão em Corrente Alternada Com a utilização de uma fonte em corrente alternada i(t) o fluxo magnético φ(t) varia também de forma alternada; tem-se, consequentemente, uma tensão induzida alternada e(t).Admitindo-se que o fluxo magnético seja dado pela seguinte expressão: 𝜑(𝑡) = 𝛷𝑀𝑠𝑒𝑛𝜔𝑡 = 𝐴𝑐𝐵𝑀𝑠𝑒𝑛𝜔𝑡 Tem-se para a tensão induzida: 𝑒(𝑡) = 𝑑𝑁𝜑(𝑡) 𝑑𝑥 = 𝑁𝜔𝛷𝑀𝑐𝑜𝑠𝜔𝑡 = 𝐸𝑀𝑐𝑜𝑠𝜔𝑡 𝐸𝑀 = 𝑁𝜔𝛷𝑀 = 2𝜋𝑓𝑁𝐴𝑐𝐵𝑀 Daí resultam as expressões com as relações entre tensões e densidade de 22 fluxo, em termos de valores máximos (EM e BM ) ou eficazes (E e B): 𝐸 = 2𝜋 √2 𝑓𝑁𝐴𝑐𝐵𝑀 = √2𝜋𝑓𝑁𝐴𝑐𝐵𝑀 𝐸 = 4,44𝑓𝑁𝐴𝑐𝐵𝑀 Usa-se frequentemente as indicações de EM = V e BM = B. Tem-se, então: 𝑉 = 4,44𝑓𝑁𝐴𝑐𝐵 𝐵 = 𝑉 4,44𝑓𝑁𝐴𝑐 Por exemplo, para f = 60 Hz, N = 100, Ac = 0,01 m2 e V= 220 V tem-se como resultado B = 0,826 Wb/m2. 2.6 – EXCITAÇÃO E MAGNETIZAÇÃO Magnetização e Histerese A magnetização de um material magnético obedece à relação entre a intensidade do campo magnético H e a densidade de fluxo magnético B, de acordo com a relação B = μ.H, já apresentada anteriormente, que é uma relação não linear. O processo de desmagnetização não segue o inverso da magnetização, isto é, para um valor de H na magnetização corresponde um valor de B, mas na desmagnetização para o mesmo valor de H o valor de B é diferente do anterior. Esse fenômeno é chamado de histerese, que representa perdas, aquecimento e distorções para os equipamentos e máquinas elétricas. A Figura 2.11 mostra a representação gráfica da curva de magnetização. Figura 2.11 – Curva de magnetização e histerese 23 Pode-se observar que a partir de certo ponto há saturação no material magnético, diante da variação da permeabilidade. Mostra também o gráfico resultante da histerese em, com as variações alternadas dos fluxos magnéticos, formam-se os laços ou ciclos de histerese. A energia magnética correspondente ao laço de histerese representa as perdas devido à histerese. A variação de energia entre dois instantes pode ser determinada através da seguinte expressão: ∆𝑊 = ∫ 𝑝𝑑𝑡 = 𝑡2 𝑡1 ∫ 𝑖𝑑𝜆 𝜆2 𝜆1 A energia num ciclo de histerese pode, então, ser determinada através das expressões: 𝑊 = ∮ 𝑖𝜑𝑑𝜆 = ∮( 𝐻𝑐𝑙𝑐 𝐻 )𝐴𝑐𝑁𝑑𝐵𝑐 Donde resulta que: 𝑊 = 𝐴𝑐𝑙𝑐 ∮ 𝐻𝑐𝑑𝐵𝑐 Isto significa que a energia é, portanto, igual ao produto do volume do núcleo Ac.lc pela área do ciclo de histerese definida pela integral de Hc. dB. A Figura 2.12 mostra uma representação gráfica de curvas relativas à densidade do fluxo magnético B em função da intensidade de campo magnético H, considerando diferentes curvas de histerese. A Figura 2.12 - Representação gráfica de curvas de histerese 24 Pode-se observar ainda que nas estruturas magnéticas circulam correntes parasitas decorrentes do alinhamento dos campos magnéticos internos, denominadas de correntes de Foucault. São correntes induzidas no ferro devido ao campo magnético. As correntes de Foucault representam também perdas e aquecimento para os equipamentos e máquinas elétricas. O uso de material magnético nessas máquinas sob a forma de chapas magnéticas, em vez de peça maciça, objetiva a redução das perdas, além de ser facilitar a montagem da peça. Fenômeno de Excitação No processo de excitação do circuito magnético a corrente resultante apresenta-se distorcida. A Figura 2.13 mostra como obter a corrente de excitação a partir das tensões e fluxos magnéticos utilizando-se dos laços ou ciclos de histerese. Figura 2.13 - Corrente de excitação a partir das tensões e fluxos e laços de histerese. A corrente não é, portanto, senoidal. Apresenta uma deformação em relação à forma da tensão, podendo-se comprovar que ela é uma composição da componente fundamental com as componentes harmônicas, com a predominância do 30 harmônico (frequência de 180 Hz). Utilizando valores eficazes, a partir da corrente de excitação Iφ e da intensidade do campo magnético Hc pode-se obter uma potência de excitação por unidade de massa Pa do material magnético, conforme segue. Corrente de excitação: 𝐼𝜑 = 𝑙𝑐𝐻𝑐 𝑁 25 Potência de excitação: 𝑃𝑎 = 𝐸. 𝐼𝜑 = √2𝜋𝑓𝑁𝐴𝑐𝐵𝑀 𝑙𝑐𝐻𝑐 𝑁 = √2𝜋𝑓𝐵𝑀𝐻𝑐(𝐴𝑐𝑙𝑐) 𝑃𝑎 = 𝐸. 𝐼𝜑 = √2𝜋𝑓𝑁𝐴𝑐𝐵𝑀 𝑙𝑐𝐻𝑐 𝑁 A potência por unidade de massa m, com densidade do ferro ρc, resulta em: 𝑃𝑎 = 𝐸. 𝐼𝜑 𝑚 = √2𝜋𝑓 𝜌𝑐 𝐵𝑀𝐻𝑐 Dispersão de Campo Magnético O campo magnético concentra-se em sua maior parte na estrutura magnética. No entanto, na parte externa da estrutura, no ar, verifica-se a presença de campo magnético, porem de baixa intensidade em relação ao da estrutura. O fluxo magnético resultante concentra-se na estrutura, mas parte dele distribui-se pelo espaço, pelo ar, sendo denominado de fluxo disperso. A Figura 2.14 mostra o fluxo principal e o fluxo disperso numa estrutura magnética, semelhante às usadas em reatores. Em muitas situações consideram- se desprezíveis os fluxos dispersos, mas ele é importante no cálculo da reatância. Figura 2.14 – Dispersão do campo magnético Num entreferro a dispersão, também chamada de espraiamento, provoca um pequeno aumento da área na parte do ar do entreferro por onde passa o fluxo (cerca de 2 % a 3%), em relação à área da parte do ferro, mas normalmente essas áreas são consideradas iguais. 26 A Figura 2.15 mostra o fluxo disperso no entreferro de um trecho de uma estrutura magnética, observando-se o espraiamento nas partes mais externas. Figura 2.15 – Dispersão do fluxo magnético no entreferro Indutância e Permeabilidade A indutância de um circuito pode ser constante ou variar com a permeabilidade magnética do material ou circuito magnético, que pode apresentar saturação magnética. A Figura 2.16 mostra a representação gráfica da curva para um caso em que indutância varia com a permeabilidade. Pode-se observar que indutância varia rapidamente para os valores baixos da permeabilidade e, a partir de certo ponto, devido à saturação no material magnético, a indutância é praticamente constante para valores elevados da permeabilidade. Figura 2.16 - Representação gráfica da indutância em função da permeabilidade 27 Perdas por Histerese A potência por unidade de massa representa um indicador das perdas por histerese no núcleo. Figura 2.17 mostra uma curva representativa das perdas por histerese em relação à densidade do fluxo magnético B. Figura 2.17 - Perdas por histerese em relação à densidade do fluxo magnético B * * * * * 28 3 – INTRODUÇÃO AOS TRANSFORMADORES Os transformadores são máquinas elétricas estáticas que funcionam à base do fenômeno da indução. Este item apresenta uma introdução aos transformadores, sendo analisados inicialmente os acoplamentos magnéticos e o transformador ideal, seguindo-se com a análise do transformador real, dos circuitos equivalentes e dos tipos de tranformadores. 3.1 - ACOPLAMENTOS MAGNÉTICOS Numa estrutura magnética com dois circuitos, ou enrolamentos, aplicando-se uma tensão ou corrente elétrica em um dos circuitos, cria-se um fluxo magnético que se transfere para o outro circuito, resultando no aparecimento de tensão ou corrente nesse circuito. Há, dessa forma, um acoplamento magnético entre os circuitos. Na análise dos acoplamentos magnéticos são utilizados os conceitos já vistos, sobretudo de campo magnético, intensidade do campo magnético, indução magnética, fluxo magnético e fluxo concatenado. Conceitos adicionais são necessários, como os relativos à indução eletromagnética, tensão elétrica induzida, Lei de Faraday – Lenz e indutâncias própria e mútua. Indução Eletromagnética A indução eletromagnética é o fenômeno que origina a produção de uma força eletromotriz (f.e.m.), diferença de potencial ou tensão elétrica, num meio ou corpo exposto a um campo magnético variável, ou num meio móvel exposto a um campo magnético estático. Este fenômeno é expresso pela Lei de Faraday, que indica: “A magnitudeda tensão induzida é proporcional à variação do fluxo magnético e ao número de espiras”. A geração da força eletromotriz (fem), ou tensão induzida e(t), é expressa em função do fluxo concatenado λ ou Nφ, dada pela relação seguinte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Lei_de_Faraday-Neumann-Lenz 29 𝑒(𝑡) = − 𝑑𝜆 𝑑𝑡 = −𝑁 𝑑𝜑 𝑑𝑡 O sinal negativo (-) indica que é uma tensão de reação, conforme a lei de Lenz que estabelece: “A corrente devida à f.e.m. induzida se opõe à mudança de fluxo magnético, de forma tal que a corrente tende a manter o fluxo”. A indução electromagnética é o princípio fundamental sobre o qual operam transformadores, geradores, motores elétricos e a maioria das demais máquinas elétricas. Os transformadores são equipamentos ou dispositivos que alteram níveis de tensão e de corrente através de estruturas magnéticas com enrolamentos, através de indução eletromagnética. Há, portanto, transformações dos níveis das variáveis envolvidas, tensão e corrente. A indução magnética de um campo magnético em um ponto qualquer é medida, portanto, pela capacidade em induzir força eletromotriz em um condutor que se desloque no campo. Por exemplo, se um condutor tem comprimento igual 1 m, a velocidade de deslocamento de 1m/seg e a f.e.m. induzida de 1 V, a indução magnética é de 1 Wb/m2. A indutância é o parâmetro que estabelece a relação entre o fluxo concatenado num circuito e a corrente elétrica que passa nesse circuito, expressa em Henry (H), isto é: 𝐿 = 𝜆 𝑖 Esta é uma indutância própria do circuito. A indutância mútua é a relação entre o fluxo concatenado num circuito e a corrente que passa no outro circuito, através do acoplamento magnético. Indutâncias Próprias e Mútuas A Figura 3.1 mostra uma forma de acoplamento magnético entre circuitos, sem e com entreferro, com indicações dos parâmetros e variáveis envolvidos. http://pt.wikipedia.org/wiki/Heinrich_Lenz http://pt.wikipedia.org/wiki/Heinrich_Lenz http://pt.wikipedia.org/wiki/Transformador http://pt.wikipedia.org/wiki/Gerador http://pt.wikipedia.org/wiki/Motor_el%C3%A9ctrico http://pt.wikipedia.org/wiki/Transformador 30 Figura 3.1 - Acoplamento magnético entre circuitos Considerando dois circuitos elétricos num circuito magnético oberva-se que a indutância de um circuito que estalece a relação entre o fluxo concatenado e a corrente no circuito é a indutância própria. A relação entre o fluxo concatenado num circuito e a corrente em outro circuito define a indutância mútua. A Figura 3.2 mostra um circuito magnético com dois enrolamentos para ilustrar os cálculos dessas indutâncias. Neste caso a relutância do ferro está sendo desprezada em relação à do ar no entreferro. Figura 3.2 – Circuito magnético com dois enrolamentos Os dois circuitos apresentam as correntes i1 e i2 e os correspondentes fluxos concatenados λ1 e λ2, respectivamente, tem-se para as relações entre essas variáveis, e as expressões para as indutâncias próprias L11 e L22 as indutâncias mútuas L12 e L21: Os fluxos magnéticos e os fluxos concatenados λ1 e λ2 são expressos por: 𝜑 = (𝑁1𝐼1 + 𝑁2𝐼2) 𝜇𝐴0 𝑔 31 𝜆1 = 𝐿11𝑖1+𝐿12𝑖1 𝜆2 = 𝐿21𝑖1+𝐿22𝑖1 Tem-se para as Indutâncias próprias L11 e L22: 𝐿11 = 𝑁1 2 𝜇0𝐴𝑔 𝑔 𝐿22 = 𝑁2 2 𝜇0𝐴𝑔 𝑔 As Indutâncias mútuas L12 e L21 apresentam os seguintes resultados: 𝐿12 = 𝑁1𝑁2 𝜇0𝐴𝑔 𝑔 𝐿21 = 𝑁2𝑁1 𝜇0𝐴𝑔 𝑔 Tem-se, portanto, que essas Indutâncias mútuas L12 e L21 são iguais, isto é: 𝐿12 = 𝐿21 Indica-se também como L12 = M12 e L21 = M21, tendo-se, então: M12 = M21= M. A força magnetomotriz total é: 𝐹 = 𝑁1𝐼1 + 𝑁2𝐼2 No caso sem entreferro o fluxo resultante no circuito magnético e os fluxos concatenados são: 𝜑 = (𝑁1𝐼1 + 𝑁2𝐼2) 𝜇𝐴𝑐 𝑙𝑐 𝜆1 = 𝑁1 2 𝜇𝐴𝑐 𝑙𝑐 𝑖1+𝑁1𝑁2 𝜇𝐴𝑐 𝑙𝑐 𝑖1 𝜆2 = 𝑁2𝑁1 𝜇𝐴𝑐 𝑙𝑐 𝑖1+𝑁2 2 𝜇𝐴𝑐 𝑙𝑐 𝑖1 Nesse caso, as Indutâncias são: 𝐿11 = 𝑁1 2 𝜇𝐴𝑐 𝑙𝑐 𝐿22 = 𝑁2 2 𝜇𝐴𝑐 𝑙𝑐 𝐿12 = 𝐿21 = 𝑁1𝑁2 𝜇𝐴𝑐 𝑙𝑐 Por exemplo, sendo dados Ac = Ag = 1 m2 , lc = 1 m, g= 0,01 m, N1 = 100, N2 = 10, μr=10000, tem-se: 32 Sem entreferro: L12 = 12,6x10-3 H, L21=12, 6x10-5 H e L12= L21=12,6x10-4 H Com entreferro: L12 = 12,6x103 H, L21=12, 6x10 H e L12= L21=12,6 x102 H. Tensão Induzida, Potência e Energia Os geradores ou transformadores geram tensões nas fases; são as tensões induzidas. As tensões e correntes são representadas por fasores que traduzem as suas variações ao longo do tempo. Um gerador monofásico possui apenas um enrolamento que, submetido à ação de um campo magnético, produz tensão em apenas uma fase, tendo o retorna pelo neutro. Um gerador trifásico possui três enrolamentos, como três circuitos monofásicos defasados mecanicamente de 1200 Nos circuitos de força, para motores ou outras máquinas, como na Figura 3.3, usam-se as três fases, havendo acoplamentos entre os circuitos nas partes fixas e partes móveis. Figura 3.3 - Acoplamentos em geradores e motores Os grandes geradores e transformadores são quase sempre trifásicos. As três fases são geradas pelos enrolamentos do gerador e atingem os máximos e mínimos em tempos diferentes, com defasamentos de 120°. A representação dessas tensões geradas pode ser indicada em um gráfico, sob a forma três ondas nos circuitos constituídos das três fases, ou sob a forma de três fasores equilibrados, defasados de 120° e cuja soma é zero, conforme mostra a Figura 3.4. 33 Figura 3.4 – Tensões produzidas em geradores A potência elétrica p produzida é o produto da tensão induzida e pela corrente elétrica i no circuito, tanto nos geradores como nos transformadores. A energia elétrica W resulta do produto da potência pelo tempo, mas pode ser expressa em função do fluxo concatenado ou da corrente. Têm-se, então, as seguintes expressões: 𝑒 = 𝑑𝐿𝑖 𝑑𝑡 = 𝐿 𝑑𝑖 𝑑𝑡 𝑝 = 𝑒𝑖 = 𝑖 𝑑𝜆 𝑑𝑡 𝑊 = 1 2𝐿 𝜆2 = 𝐿 2 𝑖2 Em corrente alternada, a partir das expressões do fluxo e da tensão em função do tempo, pode-se determinar a relação entre a indução máxima B e a tensão eficaz V, conforme resumido no que segue: 𝑒(𝑡) = 𝑑𝑁𝜑(𝑡) 𝑑𝑥 = 𝑁𝜔𝛷𝑀𝑐𝑜𝑠𝜔𝑡 = 𝐸𝑀𝑐𝑜𝑠𝜔𝑡 𝐸𝑀 = 𝑁𝜔𝛷𝑀 = 2𝜋𝑓𝑁𝐴𝑐𝐵𝑀 Em termos de valores máximos (EM e BM ) ou eficazes (E e B), tem-se: 𝐸 = 2𝜋 √2 𝑓𝑁𝐴𝑐𝐵𝑀 = √2𝜋𝑓𝑁𝐴𝑐𝐵𝑀 Como é usual fazer EM=V e BM=B, tem-se: 𝑉 = 4,44𝑓𝑁𝐴𝑐𝐵 𝐵 = 𝑉 4,44𝑓𝑁𝐴𝑐 34 3.2 - TRANSFORMADOR IDEAL Os transformadores são equipamentos eletromagnéticos que apresentam rendimento elevado, principalmente aqueles de grande porte utilizados em sistemas de potência. Em geral, os transformadores reais podem ser considerados como ideais admitindo-se certos pressupostos simplificadores, visando facilitar a análise de seu comportamento. No transformador ideal considera-se que o acoplamento entre suas bobinas é perfeito, ou seja, todas as bobinas concatenam, ou abraçam, o mesmo fluxo, o que vale dizer que não há dispersão de fluxo. Isso implica assumir a hipótese de que a permeabilidade magnética do núcleo ferromagnético é muito alta ou, no caso ideal, infinita, e o circuito magnético é totalmente fechado. Admite-se também que o transformador ideal não possui perdas de qualquer natureza, seja nos enrolamentos através da corrente elétrica, seja no núcleo através das correntes de Foucault e da histerese. Dessa forma, para muitas análises pode-se admitir que esses transformadores sejam não ideais, o que implica, portanto, em algumas simplificações no modelo, quais sejam: • Não há fluxo de dispersão: o fluxo está todo contido no núcleo e se concatena totalmente com as espiras do primário e do secundário; • As resistências elétricas e reatâncias dos enrolamentos não são consideradas; • As perdas no ferro (núcleo) são ignoradas;• A permeabilidade do núcleo é considerada muito elevada. A Figura 3.5 mostra representações usuais de um transformador ideal. Figura 3.5 - Representações de um transformador ideal Para os transformadores reais consideram-se incluídas nas análises a permeabilidade magnética variável, a resistência e reatância dos enrolamentos, a 35 histerese, as correntes de Focault e, portanto, as perdas nos condutores e no material magnético. Transformador Ideal em Vazio Considerando um transformador ideal em vazio, isto é sem carga, o fluxo total Ф é o mesmo em ambas as bobinas, já que os fluxos dispersos são desprezados e o núcleo tem permeabilidade infinita, as tensões e1 e e2, induzidas nessas bobinas, podem ser expressas como os produtos dos números de espiras pelas variações do fluxo magnético, isto é: 𝑣1 = 𝑒1 = 𝑁1 𝑑Ф 𝑑𝑡 𝑣2 = 𝑒2 = 𝑁2 𝑑Ф 𝑑𝑡 Dividindo-se uma expressão pela outra chega-se à relação entre as tensões do primário e do secundário: 𝑣1 𝑣2 = 𝑒1 𝑒2 = 𝑁1 𝑁2 = 𝑎 O valor de a é chamado de relação de espiras ou relação de transformação. Esta propriedade do transformador indica que a tensão é transferida ou refletida de um lado para outro segundo uma constante a. Quer dizer também que: “No transformador as tensões são diretamente proporcionais aos números de espiras” Em valores eficazes, tem-se que: 𝑉1 𝑉2 = 𝑁1 𝑁2 Por exemplo: Para um transformador ideal com N1=100 espiras no primário e N2 = 10 espiras no secundário, se a tensão do primário for V1 = 200 V, tem-se, então, uma tensão no secundário V2 = 20 V. O transformador ideal em vazio apresenta uma tensão aplicada no primário e uma tensão resultante no secundário, guardando a relação de proporcionalidade com os correspondentes números de espiras (Figura 3.5). 36 Figura 3.5 - Transformador ideal em vazio A potência devido à magnetização no transformador em vazio Pc é dada pelo produto da tensão aplicada Ea e pela corrente de magnetização Iφ, isto é: 𝑃𝑐 = 𝐸𝑎𝐼𝜑 Transformador Ideal com Carga No transformador ideal com carga aparecem as correntes no secundário que se refletem no primário. Como as potências no primário e no secundário são iguais, isto é, V1.I1 = V2.I2, como também são iguais as forças magnetomotriz, isto é, N1.I1 = N2.I2, resultando em: 𝑉1 𝑉2 = 𝐼2 𝐼1 O que quer dizer que: “No transformador as tensões são inversamente proporcionais às correntes” Tem-se também que: 𝐼1 𝐼2 = 𝑁2 𝑁1 Quer dizer ainda que: “No transformador as correntes são inversamente proporcionais aos números de espiras correspondentes” A Figura 3.6 mostra um transformador ideal com carga. 37 Figura 3.6 - Transformador ideal com carga Fluxos Concatenados e Mútuos Os fluxos concatenados produzidos pelos enrolamentos circulam pelo circuito magnético, apresentando fluxos próprios, que passam por cada bobina resultante de sua própria corrente, e os fluxos mútuos, que passam por cada bobina, mas que são resultantes da corrente elétrica que circula no outro enrolamento. A Figura 3.7 mostra um esquema de um transformador com indicação dos fluxos que circulam na estrutura magnética, fluxos concatenados e mútuos no primário e no secundário. Figura 3.7 - Transformador com indicação dos fluxos concatenados e mútuos. Os núcleos dos transformadores podem ser dos tipos envolvido ou envolvente, conforme mostra a Figura 3.8. 38 Figura 3.8 – Tipos de núcleos de transformadores Esses dois componentes do transformador, núcleo e enrolamento, formam a parte ativa e os demais componentes, como o tanque e os acessórios, fazem parte dos complementos do transformador. Para se reduzir as perdas o núcleo de muitos transformadores são laminados para reduzir a indução de correntes parasitas ou de Foucault, no próprio núcleo. Em geral, utiliza-se aço-silício com o intuito de se aumentar a resistividade e diminuir ainda mais essas correntes parasitas. Há ainda os transformadores de núcleo de ar, que possui seus enrolamentos em contato com a atmosfera. Representação dos Transformadores Os transformadores podem ser estudados utilizando-se de representações adequadas através de circuitos elétricos. A Figura 3.8 mostra a representação de um transformador ideal com uma carga de impedância Z2 no secundário. Figura 3.8 - Transformador ideal com carga As tensões e correntes apresentam as seguintes relações: http://pt.wikipedia.org/wiki/Corrente_de_Foucault 39 𝑉1 = 𝑁1 𝑁2 𝑉2 𝐼1 = 𝑁2 𝑁1 𝐼2 𝑉2 = 𝑁2 𝑁1 𝑉1 𝐼2 = 𝑁1 𝑁2 𝐼1 Tem-se para as impedâncias: 𝑍1 = 𝑉1 𝐼1 𝑍2 = 𝑉2 𝐼2 Resulta que: 𝑍1 = ( 𝑁1 𝑁2 ) 2 𝑍2 Pode-se observar que a carga no secundário é refletida no primário através da multiplicação da sua impedância pelo quadrado da relação de espiras. O circuito equivalente visto do primário está mostrado na Figura 3.9. Figura 3.9- Circuitos equivalentes para um transformador ideal com carga. De forma semelhante, as impedâncias do primário podem ser refletidas no secundário com a multiplicação pelo quadrado da relação inversa dos números de espiras. 3.3 - TRANSFORMADOR REAL No transformador real são considerados os parâmetros associados às resistências, indutâncias, histerese, correntes de Foucault e portanto, as quedas de tensão e as perdas. Verifica-se para as forças magnetomotriz que: 𝑁1𝑖1 − 𝑁1𝑖1 ≠ 0 𝑁1𝑖1 ≠ 𝑁1𝑖1 40 A Figura 3.10 mostra um esquema de um transformador real. Figura 3.10 – Representação de um transformador real Pode-se observar que a resistência e a indutância do secundário, assim como a impedância da carga, são refletidas no primário através da multiplicação de cada impedância pelo quadrado da relação de espiras. Esses valores são somados às correnpondentes impedâncias do primário. Igualmente as impedâncias do primário podem ser refletidas para o secundário com a multiplicação pelo quadrado da relação inversa dos números de espiras. No caso do transformador real em vazio a energização é feita através de uma pequema corrente de excitação Iφ. A potência devido à excitação do transformador em vazio Pc é dada pelo produto da tensão aplicada e pela corrente de excitação Iφ, isto é: 𝑃𝑐 = 𝐸𝑎𝐼𝜑 A corrente se excitação Iφ apresenta duas componentes, uma correspondente à magnetização IM, na direção do fluxo magnético, e a outra devido às perdas pelas correntes de foucaut Ic, defasadas de 900, na direção da tensão, conforme mostra a Figura 3.11. Figura 2.11 – Representação fasorial da corrente de excitação 41 3.4 - CIRCUITOS EQUIVALENTES Os transformadores podem ser representados por circuitos equivalentes através de diversas formas, dependendo do tipo de estudo a ser realizado e dos detalhes a serem considerados. A Figura 3.12 mostra circuitos equivalentes para um transformador com carga, com as impedâncias, na representação do primário, sem e com magnetização. Figura 3.12 - Circuitos equivalentes para um transformador A Figura 3.13 mostra circuitos equivalentes aproximados para um transformador com carga, sendo a representação da direita a mais frequentemente utilizada, isto é, apenas com a reatância equivalente do transformador Xeq, designada normalmente apenas por X, que é a reatância de dispersão. Figura 3.13 - Circuitos equivalentes aproximados As Figuras 3.14 e 3.15 mostram as representações do circuito de um transformador real com as impedâncias e com a indicação da magnetização no primário, assim como o circuito equivalente correspondente visto do primário, respectivamente. 42 Figuras 3.14 – Representação do circuito de um transformador real Figura 3.15 - Circuitos equivalentes de um transformador real A Figura 3.16 mostra a representaçãoaproximada de alguns circuitos equivalentes de um transformador real. Figura 3.16 - Circuitos equivalentes aproximados Diagrama Fasorial A análise das tensões e correntes nos transformadores, assim como das quedas de tensões, pode ser feita utilizando-se de diagramas fasoriais. 43 A Figura 3.17 mostra um circuito equivalente de um transformador e o correspondente diagrama fasorial. Figura 3.17 – Transformador e diagrama fasorial A Figura 3.18 mostra a representação simplificada de um transformador com alimentador da rede elétrica e o diagrama fasorial correspondente. Figura 3.18 - Transformador com alimentador e diagrama fasorial 3.5 - TIPOS DE TRANSFORMADORES Normalmente os transformadores podem ser monofásicos, bifásicos e trifásicos. A grande maioria dos transformadores nos sistemas de energia são trifásicos. Os transformadores trifásicos podem ser vistos como um grupo de três transformadores monofásicos devidamente conectados. Os enrolamentos são 44 feitos basicamente em três pernas da estrutura magnética, uma fase para cada perna, com as bobinas do primário e do secundário uma encaixada sobre a outra. Um transformador é formado basicamente de enrolamentos e núcleo, dentro de um tanque com óleo isolante. Os enrolamentos de um transformador são formados de várias bobinas que, em geral, são feitas de cobre eletrolítico que recebem uma camada de verniz sintético como isolante. Eles constituem os enrolamentos do primário e do secundário. Em geral o núcleo é feito de um material ferromagnético, sendo o responsável por transferir a tensão no enrolamento primário para o enrolamento secundário, como tensão induzaida, assim como transferir as correntes de carga no secundário para o primário. A Figura 3.19 mostra um transformador trifásico, indicando o núcleo com as bobinas. Figura 3.19 – Núcleo de um transformador Os transformadores são classificados de acordo com vários critérios. As classificações de acordo com finalidade, número de enroalmentos, material do núcleo, o número de fases e função são algumas das mais importantes. Quanto à finalidade: • Transformadores de força • Transformadores de distribuição • Transformadores de corrente http://pt.wikipedia.org/wiki/Cobre http://pt.wikipedia.org/wiki/Eletr%C3%B3lise http://pt.wikipedia.org/wiki/Ferro http://pt.wikipedia.org/wiki/Magnetismo 45 • Transformadores de potencial Quanto aos enrolamentos: • Dois ou mais enrolamentos • Autotransformador Quanto ao material do núcleo: • Ferromagnético • Núcleo de ar Quanto ao número de fases: • Monofásico • Polifásico: Bifásicos, trifásicos, hexafásicos Quanto à função: • Elevador • Abaixador Exemplos de Transformadores A Figura 3.20 mostra exemplos tansformadores, sendo um monofásico de distribuição, outro trifásico para transmissão e ainda de distribuição em poste. Figura 3.20 - Exemplos de transformadores * * * * * 46 4 – ESTUDO DOS TRANSFORMADORES O estudo dos tranformadores envolve a análise do seu comportamento em vazio e em carga, as condições de regulação, perdas e rendimento e os estudos sobre os transformadores trifásicos, autotransformadores e transformadores especiais, conforme segue. 4.1 - ESTUDO EM VAZIO E EM CARGA A Figura 4.1 mostra esquemas básicos de transformadores monofásicos utilizados nos estudos do seu comportamento considerando as condições em vazio, em curto circuito e operação em carga. Figura 4.1 - Esquemas de transformadores para estudos em vazio e em carga A análise dos transformadores pode ser complementada com experiências práticas em laboratório que comprovam os resultados teóricos obtidos. São realizados, portanto, ensaios de curto circuito, ensaios em circuito aberto e análise em diversas condições de carga, particularmente em carga nominal. Ensaio de Curto Circuito O ensaio de curto circuito consiste em ligar o secundário do transformador em curto circuito e aplicar no primário uma tensão Vcc, chamada de tensão de curto circuito, para se obter no secundário uma corrente de curto circuito Icc igual à sua corrente nominal In. A Figura 4.2 mostra um esquema de transformador para ensaios de curto circuito, sendo à esquerda a representação completa e à direita a representação em L com a excitação no secundário. 47 Figura 4.2 - Esquema de transformador para ensaios de curto circuito Na condição de curto circuito a impedância de curto circuito Zcc pode ser obtida a partir as resistências R1 e R2, das reatâncias de dispersão Xl1 e Xl2 e da impedância de excitação Zφ, através da expressão aproximada: 𝑍𝑐𝑐 ≈ 𝑅1 + 𝑗𝑋𝑙1 + 𝑍𝜑(𝑅2 + 𝑗𝑋𝑙2) 𝑍𝜑 + 𝑅2 + 𝑗𝑋𝑙2) A impedância de curto circuito Zcc resulta numa impedância equivalente Zeq, e considerando que a impedância de excitação Zφ é muito maior que a de dispersão, tem-se: 𝑍𝑐𝑐 ≈ 𝑅1 + 𝑗𝑋𝑙1 + 𝑅2 + 𝑗𝑋𝑙2 = 𝑅𝑒𝑞 + 𝑗𝑋𝑒𝑞 = 𝑍𝑒𝑞 Tem-se ainda que: 𝑍𝑐𝑐 = 𝑍𝑒𝑞 = 𝑉𝑐𝑐 𝐼𝑐𝑐 𝑅𝑐𝑐 = 𝑅𝑒𝑞 = 𝑃𝑐𝑐 𝐼𝑐𝑐 2 𝑋𝑐𝑐 = 𝑋𝑒𝑞 = √𝑍𝑐𝑐 2 − 𝑅𝑐𝑐 2 Desprezando as resistências, tem-se que a impedância de curto circuito é igual à reatância de curto circuito sendo, portanto, igual à soma das reatâncias de dispersão do primário e secundário, que resulta na reatância X do transformador. Em termos de pu, tendo como base a tensão nominal do primário Vn e corrente nominal do secundário In, tem-se com Icc=1 pu o seguinte valor para a reatância X: 𝑋 = 𝑉𝑐𝑐 𝑝𝑢 Isto é: a reatância X do transformador em pu é igual à tensão de curto circuito em pu. Da mesma forma: a reatância X do transformador em % é igual à tensão de curto circuito Vcc em %. 48 Por exemplo, se um transformador apresenta uma corrente nominal do secundário de In = 100 A, uma tensão nominal do primário de Vn=1000 V e uma tensão de curto circuito Vcc=100 V, tem-se que a reatância desse transformador é X=0,1 pu, isto é, X=10 %. Inversamente, se X=10 %, tem-se Vcc=100 V. Ensaio de Circuito Aberto O ensaio de circuito aberto consiste em deixar o secundário do transformador em aberto e aplicar no primário a tensão nominal Vn, sendo uma tensão de circuito aberto, para se determinar no primário a corrente, que é a corrente de excitação Iφ. A Figura 4.3 mostra esquema de transformador para ensaios de circuito aberto. Figura 4.3 - Eesquema de transformador para ensaios de circuito aberto Na condição de circuito aberto, ou em vazio, a impedância de circuito aberto Zca pode ser obtida a partir as resistências R1 e R2, das reatâncias de dispersão Xl1 e Xl2 e da impedância de excitação Zφ, através da seguinte expressão aproximada: 𝒁𝒄𝒂 = 𝑅1 + 𝑗𝑋𝑙1 + 𝒁𝝋 = 𝑅1 + 𝑗𝑋𝑙1 + 𝑅𝑐(𝑗𝑋𝑚) 𝑅𝑐 + 𝑗𝑋𝑚) Desprezando as resistências de dispersão, e considerando que a impedância de excitação Zφ é muito maior que a de dispersão, resulta que: a impedância de circuito aberto é aproximadamente igual à impedância de excitação, isto é: 𝒁𝒄𝒂 ≈ 𝒁𝝋 = 𝑅𝑐(𝑗𝑋𝑚) 𝑅𝑐 + 𝑗𝑋𝑚) Tem-se ainda que: 𝑍𝑐𝑎 = 𝑉𝑐𝑎 𝐼𝑐𝑎 𝑅𝑐 = 𝑉𝑐𝑎 2 𝑃𝑐𝑎 𝑋𝑚 = 1 √( 1 𝑍𝜑 )2−( 1 𝑅𝑐 )2 49 Considerando ainda que a resistência do ramo de magnetização Rc é muito maior que a reatância de magnetização Xm, tem-se que a reatância de magnetização do transformador é igual à impedância de excitação. Em termos de pu, tendo como base a tensão nominal Vn=1 pu e corrente nominal In=1 pu do primário, resulta na seguinte relação entre a corrente de magnetização Im e a reatância de magnetização do transformador Xm: 𝑋𝑚 = 1 𝐼𝑚 𝑝𝑢 Isto é, a reatância de magnetização Xm do transformador em pu é igual ao inverso da corrente de magnetização em pu. Da mesma forma, esses valores podem ser expresssos em %. Por exemplo, se um transformador apresenta uma correntede magnetização Im = 2 %, portanto, Im = 0,02 pu, resulta uma reatância de magnetização Xm = 50 pu, ou seja, Xm = 5000 %. Inversamente, se Xm = 5000 %, tem-se Im = 2 %. 4.2 - REGULAÇÃO, PERDAS E RENDIMENTO A regulação de tensão nos tranformadores pode ser vista como a variação de tensão na carga, no secundário, tomando como referência a condição inicial em vazio. Preferencialmente essa análise pode ser feita com valores de im pedâncias, tensões e correntes em pu. A Figura 4.4 mostra um esquema de transformador, com diagrama fasorial e equações para estudos de regulação. Figura 4.4 – Regulação em transformadores Tem-se a seguinte expressão com as tensões: 𝑽𝟏 = 𝑽𝟐 + (𝑹 + 𝒋𝑿)𝑰 50 Aproximadamente, tem-se: 𝑽𝟏 = 𝑽𝟐 + 𝑹𝑰𝒄𝒐𝒔𝜽 + 𝑿𝑰𝒔𝒆𝒏𝜽 A queda de tensão ∆V = V1 – V2 determina a regulação ρ, expressas por: 𝜌 = 𝑉1−𝑉2 𝑽𝟐 = ∆𝑉 𝑽𝟐 𝜌 = ∆𝑉 𝑉2 𝑥100 % .As perdas nos transformadores devido às correntes de Foucault, à histerese e às correntes de carga, assim como o rendimento, são determinadas conforme segue. As perdas devido às correntes de Foucault Pf dependem da densidade do campo máxima BM,, da frequência da tensão f, da espessura das chapas δ e de uma constante de proporcionalidade Kf , que depende do material, de acordo com a expressão: 𝑃𝑓 = 𝐾𝑓(𝐵𝑀𝑓𝛿) 2 As perdas devido à histerese Ph dependem da densidade do campo máxima BM,, da frequência da tensão f, de uma constante de proporcionalidade Kh, que depende do material e de um expoente n, com valor entre 1,5 e 2,5, de acordo com a expressão: 𝑃ℎ = 𝐾ℎ𝑓𝐵𝑀 𝑛 As perdas devido à corrente de carga Pc dependem da resistência do condutor R e da corrente I, de acordo com a expressão: 𝑃𝑐 = 𝑅𝐼 2 O rendimento do transformador r é dado pela relação entre a potência de saida Ps e a potência de entrada Pe, de acordo com a expressão: 𝑟 = 𝑃𝑠 𝑃𝑒 = 1 − 𝑝𝑒𝑟𝑑𝑎𝑠 𝑃𝑒 Geralmente as perdas dos transformadores são muito baixas e seu rendimento muito elevado, na faixa de 95 a 100 %, dependendo do transformador. 4.3 - TRANSFORMADORES TRIFÁSICOS Em sistemas de potência os transformadores são, em geral, trifásicos. 51 Os transformadores de potência são destinados a abaixar ou elevar a tensão e consequentemente elevar ou reduzir a corrente de um circuito, de modo que não se altere a potência do circuito. Esses transformadores podem ser divididos em dois grupos: Transformador de força - São utilizados na geração, transmissão e distribuição de energia, em subestações das concessionárias e grandes consumidores industriais. Em geral possuem potência da ordem de alguns MVA até algumas centenas de MVA e operam em tensões entre 13,8 kV e 750 kV. A Figura 4.5 mostra um transformador de força da ordem de 20 MVA instalado em uma subestação de 69 – 13,8 kV. Figura 4.5 - Transformdor de potência em subestação Transformador de distribuição - São utilizados para abaixar a tensão para ser entregue aos clientes finais das empresas de distribuição de energia. São normalmente instalados em postes ou em câmaras abrigadas ou subterrâneas. Geralmente apresentam potência da ordem de 30 a 300 kVA, sendo a tensão primária em 13,8 ou 34,5 kV e tensão secundária, ou baixa tensão, em 380/220 ou 220/127 V. A Figura 4.6 mostra um transformador do tipo utilizado normalmente nas redes de distribuição de energia, com potência da ordem de 112,5 kVA, instalado em um poste da rede elétrica de 13,8 kV, baixando para as tensões de utilização de 220/127 V. 52 Figura 4.6 - Transformador de distribuição Transformadores em Sistemas Trifásicos Nos circuitos trifásicos é possível se ter duas formas de estabelecer as coneções dos transformadores trifásicos instalados na rede: através de uma única unidade trifásica ou através de três unidades monofásicas. O transformador trifásico formado de uma única unidade contem três enrolamentos no primário e três enrolamentos no secundário, ligados através de determinadas configurações, em estrela ou triângulo, com quatro possíveis combinações básicas. A Figura 4.7 mostra um esquema básico de um transformador trifásico, em que é feita no primário uma conexão estrela, ou delta, e no secundário conexão estrela, ou Y. Figura 4.7 – Conexão triângulo - estrela O banco de transformadores monofásicos é composto por três transformadores monofásicos idênticos, convenientemente ligados para permitir a transformação trifásica. As três unidades são ligadas numa das quatro combinações. 53 As ligações, ou conexões, tanto dos enrolamentos do primário como dos enrolamentos do secundário de um transformador trifásico, ou de um banco trifásico formado de transformadores monofásicos, podem ser, portanto, em estrela ou em triângulo. Assim, pode-se ter na prática quatro tipos de ligações, dependendo da sua aplicação: • Triângulo / Estrela (D/y) • Estrela / Triângulo (Y/d) • Triângulo / Triângulo (D/d) • Estrela / Estrela (Y/y) A Figura 4.8 mostra um esquema básico de um transformador trifásico, em que é feita no primário uma conexão triângulo, ou delta, e no secundário uma conexão estrela, ou Y, com indicação das tensões e correntes. Figura 4.8 - Conexão triângulo – estrela A Figura 4.9 mostra uma conexão estrela – triângulo, com indicação das tensões e correntes. Figura 4.9 - Conexão estrela - triângulo A Figura 4.10 mostra uma conexão triângulo – triângulo, com indicação das tensões e correntes. 54 Figura 4.10 - Conexão triângulo – triângulo A Figura 4.11 mostra uma conexão estrela – estrela, com indicação das tensões e correntes.. Figura 4.11 - Conexão estrela – estrela Resumindo, as conexões dos transformadores trifásicos mostradas nas Figuras 4.8 a 4.11 podem ser apresentadas conforme mostra a Figura 4.12. Figura 4.12 - Conexões dos transformadores 55 3.4 - AUTOTRANSFORMADORES DE POTÊNCIA Nos autotransformadores de potência os enrolamentos primário e secundário estão em contato entre si. Eles são constituídos de um só enrolamento, podendo ter uma ou mais entradas no primário ou saídas no secundário, onde as conexões elétricas são realizadas. Um autotransformador normalmente é de menor porte, mais leve e mais barato do que um transformador equivqlente com dois enrolamentos separados. Observa-se. no entanto, que os autotransformadores não fornecem isolamento elétrico entre o pimário e o secundário. Autotransformadores são muitas vezes utilizados como elevadores ou abaixadores entre as tensões na faixa 110-117-120 volts e tensões na faixa 220- 230-240 volts, como por exemplo, a saída de 110 ou 120V de uma entrada de 230V, permitindo que equipamentos a partir de 100 ou 120V possam ser usados em uma região de 230V. Um autotransformador variável é feito expondo-se partes das bobinas do enrolamento e fazendo a conexão secundária através do deslizamento de um conector, resultando em variação na relação das espiras. Esse dispositivo é normalmente denominado de Variac. Há também autotransformadores de potência, utilizados em subtransmissão, particularmente em tensões na faixa de 34,5 a 138 kV. Os autotransformadores apresentam apenas um enrolamento, sendo as tensões aplicadas ou obtidas em determinadas posições desse enrolamento, obtendo-se daí as correntes do primário e do secundário. Um esquema básico de um autotransformador é mostrado na Figura 4.13. Figura 4.13 - Esquema básico de um autotransformador http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Autotransformador&action=edit&redlink=1 http://pt.wikipedia.org/wiki/Isolamento_el%C3%A9trico http://pt.wikipedia.org/wiki/Isolamento_el%C3%A9trico http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Variac&action=edit&redlink=1 56 As Figuras 4.14 e 4.15 mostram exemplos de representações de autotransformadores abaixadores e elevadores, com indicação dastensões, das correntes e dos números de espiras correspondentes ao primário e ao secundário. Figura 4.14 - Representações de autotransformadores abaixadores Figura 4.15 - Representações de autotransformadores elevadores A Figura 4.16 mostra um exemplo de um autotransformador de 50 kVA, 2400 - 240 V, com indicações dos valores das tensões e das distribuição das correntes. Figura 4.16 - Exemplo com autotransformador 3.5 - TRANSFORMADORES ESPECIAIS Como tranformadores especiais são vistos a seguir os reatores, os reguladores de tensão, os transformadores de três enrolamentos, os 57 transformadores de aterramento e os transformadores para instrumentos, como transformadores de potencial e de corrente. Reatores Um reator é um equipamente semelhante ao transformador, porem com um só enrolamento. É constituído de determinado número de espinas de um condutor, arranjadas de modo a produzir fluxo magnético quando conduzindo corrente elétrica. Sua resistência é muito pequena, sendo normalmente desprezada. O reator é feito para funcionar como uma indutância de valor elevado, comparada com a do transformador normal correspondente. Nos sistemas de potência sua indutãncia é muito elevada muito, apresentando um comportamento como uma carga reativa, expressa em VA, kVAr ou MVAr, dependendo do porte ou tipo de aplicação. A Figura 4.17 mostra um esquema básico de um reator, com sua estrutura e indicação dos fluxos produzidos pela corrente. O núcleo é normalmente de ferro, mas há também os reatores de núcleo de ar ou de outros materiais não magnéticos. Figura 4.17- Esquema de um reator Há várias formas de configurações para os reatores. A Figura 4.18 mostra algumas imagens de reatores de baixa tensão, usados em eletrônica e instalações elétricas. Figura 4.18 - Imagens de reatores de baixa tensão 58 A Figura 4.19 mostra um reator de sistemas de potência, semelhante aos utilizados na classe de tensão de 230 kV, com potência reativa da ordem de 20 MVAr ou mais. Figura 4.19 – Imagem de reator de alta tensão Os sistemas de geração de energia elétrica, distantes dos centros consumidores, requerem a construção de linhas de transmissão de alta tensão longas. Elas introduzem alta capacitância nos sistemas, resultando em potência capacitiva. Pode haver também variações de tensão no sistema, seja por chaveamentos ou em momentos de baixa demanda. A compensação desses reativos e reduções de sobretensões podem ser obtidas através da instalação de reatores em derivação (shunt). Os reatores podem ter também certas aplicações, inseridos nos circuitos em série, para limitar a corrente de curto circuito. Outras aplicações dos reatores são, por exemplo, em filtros para harmônicos e utilização em compensadores estáticos. Reguladores de Tensão Os reguladores de tensão são equipamentos destinados a manter determinado nível de tensão em um sistema elétrico quando submetido a variações de tensão fora de limites especificados. Eles estabelecem um controle ou regulação da tensão do sistema, e podem atuar de forma manual ou, como é mais frequente, automaticamente. São tipos de autotransformadores dotados de certo número de derivações no enrolamento série, que podem mudar de posições dependendo do nível de tensão, de forma automática ou não. A Figura 4.20 mostra um banco de reguladores de tensão instalados numa estrutura de postes. http://www.energy.siemens.com/br/pool/hq/power-transmission/Transformers/Reactors/drosselspule400.jpg 59 . Figura 4.20 - Banco de reguladores de tensão Transformador de Três Enrolamentos A Figura 4.21 mostra esquemas de transformadores multi-enrolamentos. Figura 4.21 – Esquema de transformadores multi-enrolamentos É muito usual o emprego de transformadores com três enrolamentos contendo, portanto, três níveis de tensão. A Figura 4.22 mostra uma representação de um tranformador de 3 enrolamentos, com os diagramas de reatâncias equivalentes, sob a forma delta ou triângulo e estrela ou Y. Figura 4.22 - Representação de um tranformador de 3 enrolamentos 60 Os transformadores de 3 enrolamentos apresentam valores para as reatâncias entre os níveis de tensões do primáro e secundário, do primáro e terciário e secudário e terciário e as reatâncias correspondentes ao primáriom secundário e terciário, conforme as seguintes relações: 𝑋𝑃𝑆 = 𝑋𝑃 + 𝑋𝑆 𝑋𝑃𝑇 = 𝑋𝑃 + 𝑋𝑇 𝑋𝑆𝑇 = 𝑋𝑆 + 𝑋𝑇 A partir dessas expressões obtem-se os seguintes resultados, sendo todas as reatâncias expressas na mesma base: 𝑋𝑃 = 1 2 (𝑋𝑃𝑆 + 𝑋𝑃𝑇 − 𝑋𝑆𝑇) 𝑋𝑆 = 1 2 (𝑋𝑃𝑆 + 𝑋𝑆𝑇 − 𝑋𝑃𝑇) 𝑋𝑇 = 1 2 (𝑋𝑃𝑇 + 𝑋𝑆𝑇 − 𝑋𝑃𝑆) Por exemplo, dados XPS=12 %, XPT=10 % e XST=8 %, numa mesma base, obtem-se XP=7 %, XS=5 % e XT=3 %. Transformador de Aterramento O transformador de aterramento é um tipo especial de transformador que torna acessível um neutro para possibilitar o aterramento do sistema elétrico de potência, possibilitando a atuação de alguns tipos de proteção. É constituído de 2 enrolamentos por perna, conectando-se o final do enrolamento de uma perna com o início do enrolamento de outra perna. Tem aplicações em problemas que envolvem sobretensões do tipo tensão fase-terra, sobretensões transitórias e, isolamento exigido, na proteção contra sobretensões devido a curtos circuitos e na proteção contra as correntes de curto circuito. A Figura 4.23 mostra um esquema de um transformador de aterramento, em conexão zig-zag. 61 Figura 4.23 – Esquema de um transformador de aterramento conexão zig-zag Transformadores para Instrumentos Constituem os instrumentos destinados a medir grandezas como corrente, tensão, frequência, potência ativa e potência reativa etc. Podem ser destacados os transformadores de corrente (TC) e os transformadores de tensão ou de potencial (TP), utilizados para os instrumentos de medição e de proteção. Transformador de Corrente O transformador de corrente (TC) é um transformador para instrumento cujo enrolamento primário é ligado em série a um circuito elétrico e cujo enrolamento secundário se destina a alimentar bobinas de correntes de instrumentos elétricos de medição e proteção ou controle. O enrolamento primário dos TC’s é, normalmente, constituído de poucas espiras (2 ou 3 espiras, por exemplo) feitas de condutores de cobre de grande seção. A Figura 4.24 mostra esquemas básicos de transformadores de corrente. Figura 4.24 – Esquemas básicos de um TC Por exemplo: Um TC a ser utilizado para medição de uma corrente de 100 62 A pode ter 1 espiras no primário (N1=1) e 20 espiras no secundário (N2=20), apresentando uma relação de espiras 1/20, isto é, n=0,05. A corrente de 100 A no primário é vista no secundário (proporcionalidade inversa) como 100/20, ou seja, 5 A, valor compatível para utilização em medições e proteções. A Figura 4.25 mostra tipos de transformadores de corrente. Figura 4.25 - Tipos de transformadores de corrente. Transformador de Potencial O transformador de potencial (TP) é um transformador para instrumento cujo enrolamento primário é ligado em derivação a um circuito elétrico e cujo enrolamento secundário se destina a alimentar bobinas de potencial de instrumentos elétricos de medição e proteção ou controle. Em geral, o primário é constituído de um número elevado de espiras e o secundário um número baixo. A Figura 3.26 mostra desenhos esquemáticos de transformadores de potencial. Figura 4.26 - Desenho esquemático de um TP Por exemplo, um TP a ser utilizado para medição de tensão de 13,8 kV 63 pode ter 200 espiras no primário (N1=200) e 2 espiras no secundário, apresentando uma relação de espiras 200/2, isto é, n=100. A tensão de 13,8 kV no primário é vista no secundário (proporcionalidade direta) como 13800/100, ou seja, 138 V, valor compatível para
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