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Justiça e diálogo sociaL O Sistema de Justiça Gustavo Raposo Pereira Feitosa ESTA PUBLICAÇÃONÃO PODE SER COMERCIALIZADA GRATUITA 7 Sumário 1. O Sistema de Justiça.............................................................................................99 2. Polícias ....................................................................................................................99 3. Ministério Público ................................................................................................ 103 4. Advocacia ............................................................................................................. 106 5. Advocacia Pública ............................................................................................... 108 6. Defensoria Pública ............................................................................................... 109 Conclusão .............................................................................................................. 110 Referências ............................................................................................................. 111 1. O Sistema de Justiça A ideia de Justiça encontra-se marcada pela associação com tribunais, magis- trados e salas julgamento. Poucas pes- soas compreendem que o trabalho de garantir justiça ou assegurar a chamada prestação jurisdicional implicam num conjunto amplo e articulado de ativida- des desenvolvidas por múltiplas insti- tuições. Como julgar e condenar uma pessoa acusada de um crime sem o tra- balho de investigação da Polícia Civil ou de segurança ostensiva feito pela Polícia Militar? Como imaginar um processo ju- dicial sem alguém para oferecer uma de- núncia e sustentar a acusação perante o Judiciário? Ao mesmo tempo, como se poderia realizar verdadeira justiça sem o acesso a um advogado ou a um defensor público apto a defender os direitos do réu e garantir um processo justo? A esse conjunto de atores institu- cionais integrados chamamos de Sis- tema de Justiça. Até o final dos anos de 1990, a maior parte das discussões sobre os problemas judiciais brasileiros girava em torno do papel do Judiciário. Nos anos 2000, em particular após a Reforma do Judiciário de 2004 1, intro- duzida pela Emenda Constitucional n. 45, consagrou-se a compreensão de que a evolução e o aprimoramento do funcio- namento de nossas instituições depen- deriam da adoção de um novo modelo. Passou-se, assim, a usar o conceito de Sistema de Justiça, como expressão de um conjunto articulado de organizações dedicadas à complexa tarefa de assegu- rar justiça e a proteção dos direitos do cidadão em múltiplas dimensões. Um conceito que parece tão singelo e óbvio, na realidade, acarreta uma gran- de revolução sobre a forma de gestão de questões importantes para a vida de todas as pessoas. Combate ao crime, acesso à saúde, vagas na escola pública, oferta de tratamentos, proteção ao con- sumidor, defesa judicial dos mais pobres, garantia de um processo judicial justo, rejeição à tortura e outras formas de vio- lência, dentre diversas questões, passa- ram a ser vistas como problemas que en- volvem o Judiciário e seus magistrados, mas também promotores, procuradores, advogados, defensores e policiais. Para compreender melhor esse sistema, va- mos estudar cada alguns destes agentes públicos e suas instituições. 2. Polícias As primeiras instituições policiais brasi- leiras nasceram com a chegada da Cor- te Portuguesa ao Brasil em 1808. Neste momento, o Rei de Portugal e milhares de autoridades e nobres precisaram fugir da Europa em razão do avanço das tropas de Napoleão sobre a Península Ibérica. Com esse deslocamento rápido e forçado, a cidade do Rio de Janeiro, então capital deste domínio colonial chamado Brasil, precisou adaptar-se para o recebimento da elite imperial. Nobres e autoridades ci- vis deveriam se instalar numa cidade com precária infraestrutura urbana, com uma população majoritariamente formada por africanos escravizados e estrangeiros. 1 A Reforma do Judiciário, aprovada por meio da Emenda Constitucional nº. 45 de 2004, teve como pontos centrais a criação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). Os dois Conselhos têm como principais atribuições o controle disciplinar dos membros do Judiciário e do Ministério Público e a criação, implantação e acompanhamento de políticas públicas para o Sistema de Justiça. JUSTIÇA E DIÁLOGO SOCIAL 99 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE100 Criou-se, então a Guarda Real de Polícia, vinculada à Intendência Geral da Cidade do Rio de Janeiro, que seguia o modelo já adotado em Lisboa. A Inten- dência funcionava como uma espécie de prefeitura ampliada, com enormes poderes para gerenciar a cidade em to- dos os seus aspectos, como limpeza, construção, abastecimento e seguran- ça. As principais funções desta guar- da consistiam em manter a ordem na cidade e cumprir as determinações do intendente. Os guardas deveriam pos- suir a força física necessária para usar a violência quando necessário, contudo não recebiam qualquer forma de trei- namento ou formação específica. Não existia o conceito de polícia profissional ou técnica. Os salários destes guardas eram muito pequenos e ainda gozavam de baixo status social. Os registros do século XIX revelam muitos relatos de uso excessivo de for- ça, especialmente sobre a população pobre e negra. Esse padrão não é de se estranhar, tendo em vista a função da instituição numa sociedade estrutura- da em torno da escravidão. A rotina de manutenção da ordem na cidade envol- via a vigilância constante da circulação de pessoas nas ruas, a punição rápida e severa de qualquer comportamento considerado desviante e uma grande concentração da repressão em delitos como “capoeira”, “comportamento es- candaloso”, brigas etc. A opção pelo modelo militarizado e fardado des- ta guarda decorria da necessidade de manter a disciplina interna da própria tropa. Por se tratar de um conjunto de homens livres e podres, com baixa re- muneração e sem treinamento especial, utilizava-se a rígida hierarquia militar para tentar evitar que os guardas fugis- sem ao controle das autoridades. A opção por polícias militarizadas expandiu-se posteriormente para as províncias do Império brasileiro após a independência. Em grande medida, a criação destas polícias provinciais ocor- reu no Período Regencial (1831-1840), quando as incertezas, instabilidades e lutas regionais demandavam a presença de uma força armada local. Um exemplo desta fase é a Polícia Militar do Ceará, criada em 1835, no contexto de descen- tralização política da Regência. A estru- tura militar fortalecia o controle sobre os praças e ainda se mostrava útil em situações de conflito armado aberto ou guerra. As polícias militares das provín- cias atuavam na segurança das cidades, mas com frequência eram emprega- das como um exército. Esse tipo de uso continuou a acontecer ao longo de boa parte da história brasileiro, contudo foi se reduzindo durante o século XX. Não obstante, a Constituição Federal de 1988 trata ainda as polícias militares como forças auxiliares e reserva do Exército (Constituição Federal, art. 144, parágrafo 6º) e preservou o modelo militarizado de policiamento ostensivo. No mesmo cenário de transforma- ções ocorridas em razão da chegada da Corte Portuguesa ao Rio de Janeiro, surgiu o embrião das atuais polícias ci- vis. Dentro do largo espectro de ativida- des da Intendência, também se inseriam atividades judiciais. Para os pequenos delitos cotidianos, não havia clara sepa- ração entre polícia e justiça. A prisão po- JUSTIÇA E DIÁLOGO SOCIAL 101 deria ser seguida de uma determinação sumária de pena, com punições curtas e violentas. Não havia a pretensão de fixa- ção de penas longas de prisão. O objeti- vo era preservar a ordem na cidade, com a devolução das pessoasescravizadas aos seus senhores, a permanência breve em prisões terríveis, os trabalhos força- dos em obras públicas ou a imposição de incorporação no Exército. Não existia o conceito hoje presen- te de polícia investigativa e não se pre- tendia coletar provas para instruir um processo judicial. Os juízes eram regu- larmente designados como chefes de polícia. Ao longo do século XIX, não era incomum que o exercício da função de delegado precedesse uma designação para um cargo de juiz. Não se pode afir- mar, contudo, que havia uma polícia civil durante o Império. O mais próximo que havia desta ideia eram as Guardas Civis, criadas para realizar ou aprimorar o poli- ciamento urbano. Por vezes, sua criação ocorria em razão da crítica ao funciona- mento das guardas ou polícias militares. Em 1871 ocorreu no país uma grande Reforma do Judiciário destinada a se- parar as atividades judiciais da atuação policial, fortalecendo o desenvolvimento de um modelo de justiça independente. Como parte desse processo, criou-se o desenho institucional que originou a for- ma atual das polícias civis. Criaram-se os cargos de delegados e subdelegados, com a competência para coletar provas, investigar crimes, colher depoimentos, ouvir testemunhas, entre outras funções mantidas até os dias atuais. Nasceu tam- bém o inquérito policial, instrumento jurí- dico utilizado pelos delegados de polícia para sistematiza e documentar as provas coletadas ao longo da sua investigação e remeter o Judiciário. Com base nos elementos criados em 1871, desenvolveu-se a ideia de que cabe aos policiais oferecer os elemen- tos iniciais necessários ao Ministério Público e ao Judiciário para a realiza- ção de um processo judicial que, por fim, poderá implicar na condenação ou absolvição de um criminoso. Nas dé- cadas seguintes, especialmente após a Proclamação da República, as policiais civis assistiram a uma gradual trajetória de profissionalização, com a criação de carreiras e o início das primeiras tentati- vas de formação técnica específica. Do aprofundamento desta divisão básica entre polícia militar e polícia civil nasceu o modelo organizacional dos órgãos de segurança pública do Brasil. O modelo policial brasileiro estrutu- ra-se, assim, a partir da divisão em duas funções básicas: policiamento ostensivo e polícia judiciária. O chamado policia- mento ostensivo fica sob a responsa- bilidade principal das polícias militares estaduais. A palavra “ostensivo” indica um tipo de atuação visível, explícita e observada pela população. Não por aca- so, esse policiamento ocorre por meio da presença física de policiais fardados nas ruas das cidades. De outro modo, atuam as polícias civis como polícia ju- diciária, investigando e coletando provas necessárias à elucidação dos crimes e à eventual condenação dos criminosos. A denominação polícia judiciária decorre exatamente desta relação com os pro- cedimentos judiciários. No âmbito federal, também existe FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE102 a Polícia Federal, que atua como polícia judiciária, de maneira geral, em crimes cuja competência é atribuída à Justiça Federal. Enquanto a competência geral para a grande maioria dos crimes en- contra-se sob a responsabilidade da Polícia Civil, cabe à Polícia Federal atuar apenas em casos específicos previstos na Constituição Federal de 1988 e na le- gislação. Nem sempre é simples definir as fronteiras de atuação de cada uma destas polícias. Em situações em que o crime acontece contra o patrimônio da União, como nos casos de corrupção envolvendo verbas públicas federais, cabe à Polícia Federal atuar. Nos demais casos, em que os recursos públicos pertencem ao estado ou aos municí- pios, cabe a polícia civil estadual. Saiba mais A estrutura básica da distribuição de responsabilidades entre os órgãos de segurança pública no Brasil está prevista no artigo 144 da Constituição Federal de 1988. No cotidiano do cidadão, a Polícia Militar responde aos chamados imedia- tos em qualquer situação na qual um crime está em curso. Na ocorrência de furtos, roubos e homicídios, ou ainda em situações mais corriqueiras como uma briga de vizinhos e tumultos de rua, cabe à Polícia Militar atuar. Esta polícia pode (e deve) também agir de maneira preventiva. A mais moderna orientação para atuação na segurança pública con- siste em coletar a maior quantidade de informações criminais possíveis, a fim de intervir antes que os crimes aconteçam, impedindo sua realização ou prendendo os criminosos de maneira mais eficaz. Outras instituições também preci- sam ser lembradas dentro deste sistema. No âmbito federal, existe a polícia rodo- viária federal, com competência para atuar nas áreas das rodovias federais. Trata-se de uma polícia com atuação predominantemente ostensiva, preve- nindo ilícitos de trânsito na área das ro- dovias, mas também reprimindo crimes diversos que ocorrem nestes espaços, como o transporte de entorpecentes. Na esfera municipal, podem existir as guardas civis metropolitanas, vin- culadas às prefeituras municipais. Sua atuação decorre das competências mu- nicipais específicas, como a fiscalização sobre o comércio ambulante, a preser- vação do patrimônio público municipal e a guarda de prédios governamentais. JUSTIÇA E DIÁLOGO SOCIAL 103 Não se trata propriamente de uma po- lícia, em sentido estrito, mas atua de forma ostensiva na repressão de certas atividades ilegais relacionadas à admi- nistração da cidade. Por fim, cabe lembrar do Corpo de Bombeiros, instituição essencial para a preservação de vidas em situações de emergência como incêndios, cala- midades públicas, desabamentos en- tre outras situações. Compete também ao corpo de bombeiros algumas ações preventivas, como fiscalizar o respeito à legislação de prevenção e combate ao incêndio em empreendimentos residen- ciais, comerciais e industriais, dentre ou- tras atribuições. 3. Ministério Público A representação social mais conhecida da atuação da justiça consiste no julga- mento em um Tribunal do Júri. Um gran- de número de séries televisivas, novelas, filmes e livros apresenta o Júri Popular como a síntese do que seria o verdadeiro julgamento. E nesses casos, uma figura que ganha grande destaque é o promo- tor de justiça. A acusação num Júri é fei- ta por este membro do Ministério Público que representa a sociedade na busca da condenação de alguém acusado de um crime. Essa posição de acusador ajuda a entender melhor o significado do papel do Ministério Público no Sistema de Jus- tiça brasileiro. Ao longo da maior parte da história brasileira, cabia aos promo- tores o papel de acusador nos casos de processamento dos crimes. Saiba mais O Ministério Público brasileiro pode ser dividido em Ministério Público dos Estados e Ministério Público da União. O Ministério Pú- blico dos Estados é composto por Promotores de Justiça e Procura- dores de Justiça. A carreira nos estados começa como promotor, normalmente numa cidade pe- quena do interior, e segue, com sucessivas transferências, para cidades maiores e com organi- zação judiciária mais complexas. O ponto culminante da carrei- ra ocorre com a promoção para Procurador de Justiça. O chefe do Ministério Público nos estados é o Procurador Geral de Justiça. No âmbito da União, a carreira se inicia no cargo de Procurador da República e avança para o car- go de Procurador Regional, até chegar no posto mais alto, como Sub-Procurador Geral. O chefe da Ministério Público Federal é o Procurador Geral da República. O Ministério Público da União con- ta também com os seguintes ra- mos: Ministério Público do Traba- lho (com atuação junto à Justiça do Trabalho), Ministério Público Militar (com atuação junto à Jus- tiça Militar da União) e Ministério Público do Distrito Federal e Ter- ritórios (com atuação na Justiça do Distrito Federal). Estas três di- visões têm importantes funções, contudo possuemuma menor dimensão dentro da estrutura maior do MP. FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE104 O sistema brasileiro adotou um mo- delo em que as provas coletadas pela polícia seguiam para o Judiciário, que as encaminhava para o Ministério Pú- blico para oferta de uma denúncia, ou seja, para a formalização de uma acu- sação perante um juiz. Com algumas alterações, manteve-se esse sistema que atribui aos promotores e procurado- res o poder de pleitear a condenação de uma pessoa (ou grupos de pessoas) em razão de algum delito cometido. Assim, se a polícia prende alguém por cometer um crime de estelionato, deverá haver a sistematização e documentação das provas coletadas na forma de um inqué- rito policial. De maneira simplificada, é possível dizer que esse material servirá de base para o MP denunciar o acusado no Judiciário e submetê-lo a um proces- so em que deve ser assegurado o direito ao contraditório, à ampla defesa e todas as demais garantias constitucionais. Ao término deste processo, o réu poderá ser condenado ou absolvido. No caso de crimes dolosos contra a vida, como é o caso do homicídio, esse julgamento ocorrerá perante um júri de pessoas do povo, que terão a palavra final sobre a conduta do réu. Curiosidade O Ministério Público ou MP cos- tuma ser chamado de “Parquet”. Essa palavra de origem francesa também serve para designar piso ou assoalho. Parece estranho, mas essa associação possui ori- gens históricas. Na França, os membros do MP ficavam de pé perante o juiz, numa área reser- vada ou no piso. Promotores e juí- zes na França e em outros países europeus são considerados igual- mente como magistrados. Assim, criou-se uma tradição de chamar o promotor de “magistrado de pé” ou aquele que fica no “par- quet”. Até hoje se utiliza na rotina forense a expressão “Membro do Parquet” para designar promoto- res e procuradores da República ou ainda “Parquet” como sinôni- mo de Ministério Público. Não obstante essa marcante atua- ção do MP como responsável pela acu- sação, o Ministério Público possui uma ampla gama de competências de grande relevância. Uma das mais marcantes con- siste na atribuição de agir como fiscal da lei ou “custos legis”. Em todos os proces- sos judiciais em curso no país, pode ha- ver a necessidade de se assegurar o fiel cumprimento da lei e a proteção de pes- soas vulneráveis. Quando estas situações acontecem, o juiz remete o processo ao promotor ou procurador para que ele ve- rifique se há realmente interesse público ou se deve haver uma intervenção para garantir o cumprimento das normas. A situação mais comum para esses casos ocorre em processos que lidam com di- reitos de menores. Para evitar que os in- teresses desses menores sejam prejudi- cados numa disputa em que somente os adultos se expressam, o membro do MP intervém como “custos legis”. Outras funções de destaque do Mi- nistério Público decorrem das transfor- mações trazidas pela redemocratização do país e pela Constituição Federal de 1988. Até os anos de 1980, o Ministério Público possuía uma feição comple- tamente diferente da atual e mantinha uma atuação muito limitada. Ocorria com frequência uma confusão entre as JUSTIÇA E DIÁLOGO SOCIAL 105 funções de proteção dos interesses da sociedade e a defesa do Estado e dos gestores públicos. Ao mesmo tempo, surgiam novos direitos que exigiam um outro tipo de atuação para sua prote- ção, como é o caso do direito ambiental e do direito do consumidor. Imaginem como seria difícil para um cidadão comum ingressar em juízo para tentar fazer valer a lei ambiental ou exigir a reparação de um dano que na realidade afeta toda a coletividade. Como seria possível exigir uma indeni- zação em razão do despejo de produtos químicos perigosos na natureza, mas que só vão levar a efeitos visíveis nos indivíduos após vários anos? Qual a jus- tificativa para processar uma empresa que cobra indevidamente alguns cen- tavos de cada consumidor, mas que na soma geral pode levar a danos de mui- tos milhões? Nestes exemplos, podem ser vistas situações novas que estavam surgindo e que não encontravam ins- trumentos adequados de defesa dentro das nossas instituições. O fim da ditadura militar de 1964, o debate da redemocratização, os novos direitos e a perspectiva de uma nova constituinte levaram a uma ampla dis- cussão sobre a importância de fortalecer instituições que assegurassem a pro- teção dos direitos dos cidadãos. Várias ideias e propostas surgiram ao longo dos anos de 1980, mas prevaleceu na constituinte a proposta de fortalecer o Ministério Público e consagrá-lo como instituição permanente responsável pela: “[...] defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis.” (Constituição Federal de 1988, art. 127) O resultado desta opção pode ser observado na grande quantidade de ações protagonizadas por promotores e procuradores na defesa do direito à educação, como no caso da exigência de vagas em escolas públicas para as crianças, na garantia do direito à saúde, em situações de falta de medicamen- tos, tratamentos e leitos hospitalares nos hospitais públicos, na repressão aos crimes ambientais que afetam toda a coletividade, dentre outros múltiplos exemplos. Somem-se a isso, as inicia- tivas de grande destaque destinadas a proteger o patrimônio público e a mo- ralidade administrativa. FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE106 4. Advocacia A construção das instituições brasileiras após a independência contou com ativa participação dos bacharéis em Direito. Como parte do legado colonial, o Brasil manteve a tradição de utilizar o curso de Direito como um espaço de formação dos quadros da elite nacional. Os prin- cipais postos em todas as esferas do Estado eram ocupados por um grande número de bacharéis. Ao longo da do- minação portuguesa, todos os jovens que pretendessem seguir uma carreira de status e prestígio dentro da Adminis- tração precisavam seguir para Portugal e estudar na Universidade de Coimbra. Ao tornar-se independente, o Brasil precisava desenvolver sua própria es- trutura de formação dos jovens neces- sários à administração do Império. Op- tou-se pela criação de duas faculdades de Direito, estabelecidas em 1827 nas cidades de São Paulo e Olinda. A posi- ção estratégica dos dois cursos distri- buía a formação em dois espaços desti- nados aos jovens do norte e do sul (não se falava ainda em Nordeste e Sudeste no século XIX). Dos bancos destas ins- tituições saiu a maior parte das pessoas responsáveis pela condução do Brasil ao longo do seu período monárquico. Na primeira metade do século XIX, boa par- te destes jovens bacharéis seguia para funções dentro do Judiciário e transita- va em outros cargos de relevo. Mesmo sendo juízes, esses bacharéis também participavam da política e constituíam um bloco dominante dentro do parla- mento brasileiro no Império. Aos poucos, a presença dos magis- trados na política foi diminuindo, contudo os bacharéis continuaram participando em todas as esferas de poder e nos mo- mentos históricos mais importantes. No século XIX, ser bacharel representava fazer parte de um grupo muito restrito de pessoas com acesso ao curso superior no Brasil. E por ser um grupo pequeno que ocupava postos de destaque, não havia grande presença dos bacharéis na advocacia. Pode parecer estranho, mas não era necessário ser formado em Direi- to para exercitar a advocacia. Na falta de advogados, as pessoas recorriam aos rá- bulas 2, profissionais com conhecimentos práticos da vida forense e da legislação e que conseguiam traduzir as demandas dos indivíduos em linguagem jurídica. A defesa de direitos em juízo exi- ge um conjunto complexo de conheci- mentos e o domínio de uma linguagem própria pouco acessível à maioria das pessoas. Ter acesso a um profissional do Direito constituía um privilégio para poucos e a carência de profissionaisou de recursos financeiros criava um espa- ço de ação propício para os rábulas. Mas isso gerava também muitas críticas, como à falta de conhecimento jurídico destes profissionais e o desprestígio da advocacia. Ao mesmo tempo, eles po- deriam ser vistos como ocupantes de um mercado de trabalho que pertence- ria aos bacharéis. 2 Luiz Gama e a luta abolicionista O ingresso na Faculdade de Direito não se mostrava uma opção viável para a maioria dos jovens brasileiros, mesmo para quem possuía grande talento e capacitação compatível. Um exemplo inspirador pode ser visto na história de Luiz Gama. Nascido em 1830, filho de um fidalgo branco e de uma mulher negra livre, Luiz Gama acabou sendo vendido como escravo pelo próprio pai. Contra todas as probabilidades, aprendeu a ler e escrever, lutou para provar sua condição de homem livre e tentou cursar Direito em São Paulo. Foi hostilizado, atacado e maltratado por professores e alunos. Mesmo sem cursar formalmente uma faculdade, destacou-se por seu profundo conhecimento jurídico, por sua argumentação poderosa e pela militân- cia na causa abolicionista. Advogava como rábula para negros escravizados e pleiteava, pelos mais diversos meios jurídicos, o reconhecimento judicial da liberdade de quem o procurava. JUSTIÇA E DIÁLOGO SOCIAL 107 Curiosidade Algumas das mais importantes figuras da vida política, cultural e artística do país cursaram Direito. Rui Barbosa e Clóvis Beviláqua são exemplos importantes de juristas que deixaram sua marca na história do país. Não obstan- te, existem muitos bacharéis que ficaram conhecidos em áreas muito distantes do Direito, como o escritor Jorge Amado, os poe- tas Vinicius de Moraes e Castro Alves, o ator Mário Lago, dentre outros. A frequência com que isso acontecia decorria das pou- cas opções de formação dispo- níveis ou “aceitáveis” para os jo- vens brasileiros da classe média ou de famílias ricas. Para quem tivesse maior afinidade com a li- teratura ou com as artes, o curso de Direito seria praticamente o único caminho. As outras opções de formação com prestígio e sta- tus social eram os cursos de me- dicina e engenharia. Na prática, o curso de Direito pouco servia para estes jovens, que acabaram utilizando seu talento e arte em outras áreas. O empenho dos bacharéis em criar alguma forma de regulamentação da profissão de advogado e a inspiração de experiências estrangeiras impulsionou a criação em 1843 do Instituto dos Advo- gados Brasileiros (IAB). Por muitas déca- das, o IAB lutou pela elaboração de uma lei que instituísse um estatuto profissio- nal próprio para a advocacia. Somente em 1930, durante o Governo Provisório instaurado por Getúlio Vargas publicou- -se o Decreto n. 19.408 , que instituiu a Ordem dos Advogados Brasil (OAB), e em 1933 realizou-se a primeira sessão do Conselho Federal da OAB. O acolhimento pelo governo Vargas de uma demanda histórica da advoca- cia, como é caso da criação da OAB, não implica dizer que a relação entre o novo regime e os advogados foi tranquila. Com a expansão da repressão política, espe- cialmente após o estabelecimento da di- tadura do Estado Novo em 1937, cresceu o número de prisões arbitrárias, persegui- ções e torturas, em meio a um ambiente conturbado por guerras externas, temor do nazismo e do comunismo e instabili- dades internas. As prisões políticas foram continuamente combatidas por meios le- gais e processuais pelos advogados, que usavam os tribunais para tentar livrar seus clientes do cárcere e da tortura. Essa atuação dos advogados na de- fesa dos perseguidos políticos do Estado Novo tem seu exemplo mais famoso na argumentação desenvolvida por Sobral Pinto. Católico fervoroso e notório crí- tico do comunismo, assumiu a defesa de Harry Berger e Luiz Carlos Prestes, dois comunistas. Em petição dirigida ao Tribunal de Segurança Nacional (TSN), criado especificamente para combater o que seriam as ameaças à segurança do país, Sobral Pinto exigiu a aplicação a “Lei de Proteção aos Animais” para o seu cliente, Harry Berger. O pedido aparente- mente absurdo, punha em evidência as condições brutais da prisão e da tortura à qual foi submetido o preso. Por ser cató- lico e conservador, Sobral Pinto chegou a apoiar o Golpe Militar de 1964, mas não tardou a rejeitar as práticas do novo re- gime e assumiu novamente a defesa dos perseguidos. Manteve-se firme como símbolo da advocacia na defesa dos di- reitos humanos. Esse tipo de postura não foi inco- mum nos momentos mais autoritários do país. Ao longo da Ditadura Militar de 1964, muitos advogados mantiveram postura firme na defesa das vítimas da perseguição política e da repressão. Al- guns chegaram a ser presos. Em 1980, nos anos finais da Ditadura, a OAB so- freu com um atentado a bomba, atribuí- do aos órgãos de repressão, que vitimou a secretária da instituição, Lyda Monteiro da Silva, num contexto em que a Ordem buscava identificar os autores de um ata- que ao jurista Dalmo Dallari. A marcante atuação da OAB e dos advogados no processo de redemocratização, na defe- sa dos Direitos Humanos e na Campanha pelas Diretas serviram de referência para a consolidação da instituição como um espaço de expressão das demandas da sociedade brasileiro. Não se tratava mais apenas de defender a classe dos advo- FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE gados ou seus interesses profissionais e corporativos, porém de contribuir com a consolidação das instituições democrá- ticas do país. Com esse espírito, a Constituição Federal de 1988 reconheceu em seu ar- tigo 133 que: “O advogado é indispen- sável à administração da justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei.” E no mesmo sentido, o Estatuto da Advocacia (Lei n. 8.906/1994) estabe- lece no artigo 2º que “[...] o advogado presta serviço público e exerce função social.” Para alguns, a advocacia pode parecer apenas mais um serviço profis- sional, todavia sua existência lança raízes muito mais profundas no funcionamento da Justiça. O advogado em seu trabalho oferece uma porta de entrada ao Siste- ma de Justiça, abre um via para a ga- rantia dos diretos do cidadão, auxilia na correção de erros e abusos do Estado e pode colaborar diretamente no bom fun- cionamento do Judiciário. Saiba mais A Ordem dos Advogados do Bra- sil atua como um conselho pro- fissional, contudo ao longo da história atribuiu-se à OAB a res- ponsabilidade de contribuir com a qualidade e continuidade das instituições democráticas e da ordem constitucional do país. O artigo 44 do Estatuto da Advoca- cia (Lei n. 8.906/1994) deixa bem clara essa atribuição: Art. 44. A Ordem dos Advoga- dos do Brasil (OAB), serviço pú- blico, dotada de personalidade jurídica e forma federativa, tem por finalidade: I - defender a Constituição, a ordem jurídica do Estado demo- crático de direito, os direitos hu- manos, a justiça social, e pugnar pela boa aplicação das leis, pela rápida administração da justiça e pelo aperfeiçoamento da cultura e das instituições jurídicas; II - promover, com exclusivida- de, a representação, a defesa, a seleção e a disciplina dos advo- gados em toda a República Fe- derativa do Brasil. 5. Advocacia Pública O fortalecimento do Ministério Público e a reorganização administrativa trazida pela Constituição Federal de 1988 levou à necessidade de criação de órgãos espe- cializados na defesa e representação dos interesses da Administração Pública na esfera judicial e extrajudicial. No âmbito da União, essa modalidade de advocacia pública se realiza por meios das carrei- ras de Procurador Federal, Advogado da União, Procurador do Banco Central e Procurador da Fazenda Nacional. Os cargos destas carreiras são ocupados por bacharéis em direito concursados que atuam no âmbito judicial e adminis- trativo em ações que tenham a União como parte ou interessada, bem como em situações que exijamuma avaliação sobre a regularidade de atos administra- tivos diversos, dentre outras circunstân- cias. Também cabe a tais profissionais a execução judicial das dívidas tributárias. Vale ressaltar que, apesar da semelhan- ça nas designações, estes procuradores não integram o Ministério Público e não devem ser confundidos com os procura- dores da República Os estados mantêm procuradorias estaduais responsáveis pelas mesmas funções realizadas pelo conjunto das carreiras da advocacia pública da União. Os procuradores estaduais defendem judicial e extrajudicialmente os interes- ses da Administração Pública nos esta- dos, atuam como consultores jurídicos, além de lidar com a execução das dívi- das tributárias. 108 JUSTIÇA E DIÁLOGO SOCIAL 109 Na esfera municipal, não há uniformi- dade quanto às estruturas da advocacia pública. Munícipios maiores e melhor es- truturados possuem, via de regra, carrei- ras próprias de procuradores municipais concursados com atividades equivalentes aos procuradores estaduais. Não obstan- te, há muitos municípios que não criaram cargos permanentes de procurador e se utilizam de contratos com escritórios par- ticulares de advocacia ou nomeiam advo- gados para cargos de caráter temporário. Vale salientar que a advocacia públi- ca não se confunde com a defesa do inte- resse do gestor em exercício do mandato. Sua atuação pode acontecer nos três po- deres, especialmente quanto à atividade consultiva. Na sua atuação deve preva- lecer sempre o interesse público como princípio vetor da administração. A advocacia pública exerce função central dentro do Sistema de Justiça, especialmente pelo grande volume de ações que tem como autor ou réu algum ente público. Ilegalidades, irregularida- des administrativas ou uma tendência ao excesso de litigiosidade podem aca- bar gerando uma avalanche de ações na Justiça, diminuindo a eficiência de todo o sistema e negando ao cidadão o exercí- cio dos seus direitos. Iniciativas pioneiras dos procura- dores, junto com outras instituições de dentro e de fora do Sistema de Justiça, têm visado racionalizar o uso das ações contra a Administração. Um exemplo importante é a chamada judicialização da saúde, que tem sido evitada com um melhor diálogo entre Procuradoria, MP, Defensoria, Judiciário e o cidadão. Outro exemplo importante é a criação de câma- ras de mediação e conciliação para solu- ção de conflitos com a Administração. 6. Defensoria Pública As Revoluções Liberais trouxeram em seu cerne a afirmação do princípio da separação de poderes e uma ampla lis- ta de direitos considerados essenciais. Um dos direitos mais importantes para construção desse novo Estado após o século XVIII consiste exatamente no di- reito a um processo justo. Como pensar a sujeição a um processo judicial em que se pode perder a liberdade, os bens ou mesmo a vida sem contar com uma de- fesa técnica? Ao mesmo tempo, como se pode afirmar que o cidadão possui direitos sem que ele tenha a possibilida- de de exigir sua aplicação por meio de um juiz imparcial? Essa problemática produz uma constante tensão com os elementos fundamentais de um Estado que se pre- tenda republicano, democrático e ga- rantidor de direitos. Sobressaem destas questões a percepção que não existem direitos se as pessoas não são dotadas de meios para acessar a Justiça em busca da sua proteção. Os países en- frentaram o problema do acesso à jus- tiça com soluções diferentes, de acordo com o contexto e as características de cada lugar. Para alguns, a solução en- volveu o pagamento pelo Estado de ad- vogados particulares para a defesa dos mais pobres. Em outros lugares, optou- -se pelo suporte a organizações da so- ciedade civil, como ONGs. No Brasil, ao longo da maior parte da nossa história, negou-se a maioria da população o acesso à justiça em todas as suas dimensões. O Judiciário somen- te recebia os mais pobres como réus em casos criminais e em situações extremas envolvendo família ou patrimônio. Não ha- via advogado pago pelo Estado e mesmo em casos criminais a negação do direito à defesa técnica era a regra. Optou-se, en- tão pela criação de uma instituição pública permanente para realizar essa “advocacia dos necessitados”. Ao longo do século XX, os Estado foram criando instituições dedicadas à garantia do acesso à justiça. Na maior parte dos casos, contavam com estrutura precária, remuneração reduzida e muitas limitações quanto ao escopo da assistência. Prevalecia a ideia de assistên- cia judicial aos pobres, especialmente nos casos criminais. A Constituição Federal de 1988, to- davia, mudou completamente o cenário das defensorias. Na esteira do debate sobre quem deveria defender os inte- resses da sociedade, prevaleceu a atri- buição desta competência para o MP. Não obstante, o constituinte previu a criação de defensorias públicas em to- dos os estados e o direito fundamental à assistência jurídica integral e gratuita. Como resultado, inseriu-se a Defensoria em um novo patamar. FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE110 Por meio de mobilizações dos de- fensores e de diversos setores da so- ciedade civil caminhou-se lentamente para a estruturação de uma instituição permanente, profissional e com compe- tências muito mais amplas. O paradig- ma da defesa judicial dos necessitados foi superado e um modelo de assesoria integral, judicial e extrajudicial, orienta- do para a defesa dos direitos individuais e coletivos emergiu. A Defensoria Pú- blica age como instrumento de forta- lecimento da democracia, lutando por grupos vulneráveis, repelindo abusos da própria Administração e contribuin- do diretamente para a concretização dos direitos previstos na Constituição. Suas funções dialogam e complemen- tam com parte das competências do MP, apesar de, em muitos momentos, situarem-se em polos opostos, como nos processos criminais. A Defensoria integra-se, assim, neste grande Sistema de Justiça do país, como uma parte fundamental para a transformação da realidade e constru- ção de uma Justiça célere e eficaz. Saiba mais Constitução Federal De 1988 ART. 5º. LXXIV. O Estado prestará assistência jurídica integral e gra- tuita aos que comprovarem insu- ficiência de recursos; Art. 134. A Defensoria Pública é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe, como expres- são e instrumento do regime de- mocrático, fundamentalmente, a orientação jurídica, a promoção dos direitos humanos e a defe- sa, em todos os graus, judicial e extrajudicial, dos direitos indivi- duais e coletivos, de forma inte- gral e gratuita, aos necessitados, na forma do inciso LXXIV do art. 5º desta Constituição Federal . Conclusão A consolidação da democracia e a bus- ca pelo aprimoramento do Judiciário levou à transformação da forma como se organiza e realiza a Justiça no país. Supera-se um conceito de instituições isoladas e separadas, para criar um novo modelo de Sistema de Justiça. Com esse novo olhar, passa-se a pensar de forma mais profunda o papel do Ministério Pú- blico, da polícia, da Advocacia (pública e privada) e da Defensoria. Cada uma destas instituições desenvolve um papel que repercute nas demais e leva a novas demandas para o próprio Judiciário. A gestão eficaz desse sistema e o traba- lho para soluções inovadoras e criativas permitirá fortalecer as proteções aos ci- dadãos e contribuir para a consolidação da democracia. JUSTIÇA E DIÁLOGO SOCIAL 111 Referências BRESSER, Pereira Luiz Carlos. Da admi- nistração pública burocrática à geren- cial. Revista do Serviço Público, São Paulo, v.47, jan.-abr. 1996. 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Apoio Realização GUSTAVO RAPOSO PEREIRA FEITOSA (Autor) Graduado em Direito e mestre em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Doutor em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). É professor Titular do Programa de Pós-Graduação (mestrado e doutorado) em Direito Constitucional e do Centro de Ciências Jurídicas da Universidade de Fortaleza (Unifor). É professor adjunto de Direito Processual Civil na UFC. Coordena o mestrado profissional em Direito e Gestão de Conflitos na Unifor. Atuou como Professeur Invité na Université du Havre – França. É editor do periódico Pensar: revista de Ciências Jurídicas e lidera o grupo de Pesquisa “JET: Justiça em Transformação ”. Atua desde 2004 como mediador profissional e como instrutor e formador de novos mediadores. KARLSON GRACIE (Ilustrador) Nasceu em Paulista, Pernambuco. Desenha desde criança. A arte e a leitura estiveram sempre presentes em sua vida. Filmes, desenhos animados, histórias em quadrinhos e videogames eram inspirações para desenhar. Integra o Núcleo de Design (NDE) da Fundação Demócrito Rocha, onde faz o que mais gosta: imaginar, criar e ilustrar. FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA (FDR) Presidência: João Dummar Neto Direção Administrativo-Financeira: André Avelino de Azevedo Gerência Geral: Marcos Tardin Gerência Editorial e de Projetos: Raymundo Netto Análise de Projetos: Emanuela Fernandes e Fabrícia Góis | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE (UANE) Gerência Pedagógica: Viviane Pereira Coordenação de Cursos: Marisa Ferreira Design Educacional: Joel Bruno Secretaria Escolar: Thifane Braga | CURSO JUSTIÇA E DIÁLOGO SOCIAL Concepção e Coordenação Geral: Cliff Villar Coordenação Executiva: Ana Cristina Barros Coordenação Adjunta: Patrícia Alencar Coordenação de Conteúdo: Gustavo Brígido Editorial e Revisão: Verônica Alves Edição de Design: Amaurício Cortez Projeto Gráfico e Diagramação: Welton Travassos Ilustração: Karlson Gracie Coordenação de Produção: Gilvana Marques Produção: Juliana Guedes Análise de Projeto: Narcez Bessa Marketing e Estratégia: Andrea Araújo, Kamilla Damasceno e Wanessa Góes Performance Digital: Alice Falcão | TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO CEARÁ Presidente do Tribunal de Justiça do Ceará: Desembargador Washington Luís Bezerra de Araújo Vice-Presidente do Tribunal de Justiça do Ceará: Desembargadora Maria Nailde Pinheiro Nogueira Corregedor-Geral do Tribunal de Justiça do Ceará: Desembargador Teodoro Silva Santos | ISBN 978-65-86094-02-2 Todos os direitos desta edição reservados à: Fundação Demócrito Rocha Av. 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